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Brasília, 2016
Resumo
Abstract
Unlike many sectors of the economy, more dynamic and connected, the electrical system is
technologically stagnant. Allied to this fact, the search for more efficient forms of production,
transmission and energy distribution, as well as the better integration of the consumers with
the system and the need to use renewable energy sources has brought the emergence and
research of intelligent electricity networks, also known as smart grids. This article addresses
an overview of the smart grids technology. Its concept, advantages and disadvantages, as well
as economic impacts and some cases in Brazil and in the World, trying to answer what are
intelligent electricity networks and what their advantages and disadvantages in relation to the
existing model.
Sumário
Introdução.................................................................................................................. 2
1. Smart Grids............................................................................................................ 3
1.1. O que são Smart Grids?........................................................................... 3
1.2. Vantagens e Desvantagens da Utilização de Smart Grids..................... 5
2. Impactos Econômicos da Utilização de Smart Grids............................................. 7
3. Panorama Geral de Smart Grids no Mundo............................................................ 8
4. Panorama Geral de Smart Grids no Brasil............................................................ 9
Conclusão................................................................................................................... 11
Referências Bibliográfica .......................................................................................... 12
1
Introdução
1. Smart Grids
1.1. O que são Smart Grids?
De forma geral, definir Smart Grids (ou Redes Elétricas Inteligentes) como um só
conceito, pode ser um processo bastante complexo e pouco prático para o contexto onde este
será utilizado. Isso se deve ao fato de que em geral a definição de redes inteligentes pode ser
divida em diversos grupos: focado na tecnologia, caracterizando-as através da tecnologia de
sensores e inteligência empregada; nos resultados obtidos, baseado principalmente no objetivo
geral da implantação das redes (Sioshansi, 2011); ou mesmo em perspectivas ambientais e
políticas; cabendo a cada um definir de que forma cada um destes melhor se encaixa na sua
proposta de abordagem.
Diante desse panorama, neste artigo será utilizada a definição proposta pelo Grupo de
Reguladores Europeus de Eletricidade e Gás (ERGEG), onde se têm que Smart Grid é “uma
rede elétrica que pode integrar eficientemente o comportamento e as ações de todos os
usuários conectados a ela – geradores, consumidores e aqueles que praticam ambos – no
intuito de garantir eficiência econômica e um sistema elétrico sustentável, com poucas perdas
e segurança de fornecimento e qualidade“ (ERGEG 2010, tradução do autor).
Um ponto a ser destacado é que essa abrangência do conceito pode, em determinados
casos, apresentar-se como um entrave para uma boa implantação da rede dentro da cidade e
da relação dela com os consumidores “comuns”, como a população em si. Esse exemplo é
bastante nítido na primeira cidade que utilizou um smart grid no mundo, Boulder no
Colorado, onde a empresa que o projetou, Xcel Energy’s, falhou em explicar educativamente
o conceito em si, fazendo com que parte da população não soubesse ou mesmo não usasse
algumas das aplicações disponíveis.
Na figura 1 têm-se um esquema que dá um panorama geral de como seria a integração
e funcionamento de um Smart Grid. Basicamente, ele representa a forma como cada usuário
da rede elétrica teria uma participação chave em todo o processo, gerando uma interação
contínua e integrada, que pode ser bem exemplificada como próximo ao que hoje é a internet.
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permitindo que práticas possam ser melhor empregadas de acordo com a necessidade da
demanda. Um exemplo disso, é que atualmente, é necessário que a distribuidora mantenha a
disponibilidade da carga de forma plena, independentemente do horário, fazendo com que
haja energia de sobra em momentos de pouco uso, um fator que poderia ser melhorado com o
uso da automação na rede.
Por fim, uma vantagem que é esperada, e não necessariamente se relaciona tão
diretamente como as demais se inter-relacionam, é a contribuição dos smart grids com o
desenvolvimento sustentável. Com a melhor eficiência e flexibilidades, e aliado ao fato de que
cada vez mais os métodos de obtenção de energia tendem para fontes renováveis, espera-se
que o perfil do consumidor seja alterado para produtos cada vez mais ambientalmente
“amigáveis”, como carros elétricos, em detrimentos dos movidos a combustão. Além disso, a
possibilidade de integração de pequenos produtores com fontes renováveis é bem mais
palpável nesse modelo do que no vigente.
O grupo de trabalho de smart grids elencado pelo Ministério de Minas e Energia
também possui considerações sobre as vantagens da implementação do sistema, podendo ser
citadas algumas como: redução de perdas não técnicas e técnicas na transmissão e
distribuição, geração de empregos, formação de conhecimento nacional, melhor do serviço
prestado, criação de novos mercados, redução nas emissões do efeito-estufa e aumento da
arrecadação de impostos.
No aspecto das desvantagens, a principal delas é o custo de implantação total. Como a
rede deve ser intensamente integrada para um bom funcionamento, o custo geral é elevado,
sendo comumente necessária a troca de todos os medidores mecânicos de energia, além de
investimentos em tecnologia de telecomunicações, segurança de dados, capacitação de
pessoal, novos modelos de negócio diante da nova bilateralidade da relação com o
consumidor, além de outros aspectos relacionados.
Outra desvantagem a ser considerada é relativa à necessidade de criação de protocolos
de segurança robustos para proteger toda a informação coletada, pois esses perfis de demanda
praticamente particulares obtidos são dados importantes, sendo necessário manter a
confiabilidade do sistema, principalmente considerando os tipos de protocolos utilizados em
smart grids são os mesmos ou bem semelhantes aos usados na criptografia da internet. Por
isso, é importante que o sistema esteja constantemente livre de hackers ou de outros agentes e
atividades maliciosas que possam prejudicar o consumidor.
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É difícil precisar os impactos econômicos que esse novo modelo pode causar no setor
elétrico dos países, principalmente quando se observa que existem poucos casos já existentes
no mundo para serem comparados ou mesmo servirem de exemplos unitários. Fora isso,
mesmo nos exemplos já existentes em locais brasileiros, ainda não se divulgou os resultados
financeiros dos testes inicias, sendo necessária a utilização de dados internacionais.
Baseado nessa premissa de escassez de dados, um relatório do Departamento de
Energia dos Estados Unidos, publicado em 2013, relativo aos investimentos americanos
realizados em smart grids em 2009 como parte do Ato de Recuperação e Reinvestimento
Americano (ARRA) apontaram alguns índices interessantes que indicam o impacto
econômico da utilização e desenvolvimento de redes inteligentes na economia americana
durante o período analisado.
Os pontos mais relevantes do relatório referem-se ao ganho econômico de US$ 6,8
bilhões na economia, em detrimento do investimento de “apenas” US$ 2,9 bilhões diretos, um
valor considerável, explicado principalmente pelo desenvolvimento de equipamentos de alta
tecnologia que modificaram o perfil das vagas de trabalho do setor, tornando-as mais
especializadas e consequentemente mais bem remuneradas. A figura 3 apresenta os impactos
na economia devido ao investimento em smart grids, divididos em três grupos baseados nos
efeitos do investimento, impactando de três formas: induzida, indireta ou diretamente.
Figura 3: Impactos na economia americana dos investimentos em smart grids
É nítido que os efeitos foram sentido de maneira mais intensa nas indústrias que
receberam investimentos diretos do governo americano e também para os cidadãos que foram
abarcados pelos benefícios gerados por esses investimentos, ou seja, pessoas que passaram a
ter empregos com melhor capacitação e remuneração, podendo assim participar mais
ativamente da economia do país.
inteligentes, além de já ter 17% da sua matriz energética baseada em energia renovável.
Um caso notável a ser destacado em terras europeias é o de Portugal. Desde 2011, o
país iniciou um processo de adoção de redes inteligentes em larga escala, com uma empresa
de distribuição liderando a iniciativa aliadas a diversas outras em setores determinantes para o
sucesso da implantação. O projeto teve grande foco na substituição dos medidores comuns
por medidores inteligentes, bem como a instalação de uma rede elétrica ativa e na redução de
emissões de gás carbônico (CO2), as quais Portugal se comprometeu a diminuir em 20% até
2020.
Na figura 4 são apresentados alguns dos principais motivadores para que diversas
regiões do mundo adotem a utilização de redes inteligentes em seus modelos no setor de
energia elétrica. Apesar de alguns pontos em comuns, dado o fato de que cada rede é bastante
personalizada ao local onde é instalada, cada país ou região possui uma agenda própria onde
foca o uso da tecnologia. Enquanto os EUA tendem a focar na confiabilidade do sistema e na
recuperação econômica, a Europa visa mais a integração com fontes renováveis enquanto
Japão e China voltam seus esforços para o surgimento das cidades inteligentes,
principalmente.
que este era centralizado até a década de 90, quanto após uma série de privatizações e
alterações, o setor passou a ser mais aberto, com uma competição mais ampla.
Outros fatores importantes de serem contextualizados no caso brasileiro são: a matriz
energética, constituída majoritariamente de fontes renováveis devido ao uso extenso de
hidrelétricas; o potencial de recursos ainda não explorados seja por meio de solares e eólicas
que ainda estão longe de usarem todo o potencial do território brasileiro, ou mesmo os
combustíveis fósseis com o pré-sal; as tarifas de energia elevadas que são entre as mais caras
do mundo e a qualidade do serviço não apresentando uma relação proporcional.
A implantação de redes elétricas no Brasil tem os motivos explanados através da
Figura 5 e demonstra que os principais objetivos da implantação ainda estão ligados a questão
mais básicas como a segurança do sistema e o aumento da confiança e eficiência do mesmo,
demonstrando que os smart grids seriam utilizados como uma forma de melhorar e
amadurecer o próprio sistema elétrico em si, pois este ainda não está em um nível de
qualidade interessante.
Conclusão
A utilização de smart grids de fato pode ser entendida como uma evolução
interessante do atual modelo existente no sistema de energia vigente no mundo todo. Mesmo
que possua ainda desvantagens em termos de custos, os ganhos em informação, eficiência,
confiabilidade e gestão apresentam um saldo positivo para a tecnologia, além de permitir que
o cliente e as empresas prestadores de serviços relacionados (distribuidoras, geradoras, etc.)
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possam ter uma relação mais próxima e menos uni direcionada, criando um mercado menos
engessado e mais saudável.
Outro ponto importante é salientar que as redes inteligentes se apresentam como um
meio interessante de se alinhar as demandas de energia com o desenvolvimento sustentável,
permitindo que tecnologias baseadas em fontes renováveis possam participar do processo de
uma forma muito mais direta do que participam atualmente, principalmente para pequenos
produtores ou mesmo unidades consumidoras que também produzem.
Por fim, como último ponto, fica a certeza que ainda existe muito para ser
desenvolvido e melhorado na tecnologia que já existe para uma implementação total de smart
grids em nível de cidades inteligentes, pois todo esse contexto exposto demonstra claramente
que o desenvolvimento está caminhando, mas ainda de forma embrionária.
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13
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2011.