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Sistemas Hidráulicos

de tubulações

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Sistemas de Tubulações

SISTEMAS DE TUBULAÇÕES

Generalidades

Este capitulo é dedicado ao estudo do escoamento onde a vazão e o diâmetro


não são constantes, esses sistemas são chamados de sistemas complexos ou
sistemas de tubulações.

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Sistemas de Tubulações

Conceitos:

Nó –
Chama-se genericamente de nó , qualquer ponto que represente uma
quebra de continuidade na tubulação, podendo ser um cruzamento de mais
de um tubo, uma mudança de direção, uma mudança de diâmetro, etc.

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Sistemas de Tubulações

Conceitos:

Trecho –
Porção da tubulação entre dois nós.

Malha ou Anel –
Circuito formado por dois tubos que interligam dois nós por caminhos diferentes ou
um circuito que, saindo de um nó, retorna a esse mesmo nó. É o caso mais normal
em cidades, onde as redes de distribuição formam malhas acompanhando as
malhas das ruas, envolvendo quarteirão por quarteirão e interligando-se os
cruzamentos.

Anel –
Circuito de tubulações que envolve determinada região onde existem outras
tubulações e até outras malhas.

Sistema Ramificado ou Derivações –


Composto por dois ou mais tubos que, partindo de um mesmo ponto, se ramificam,
divergindo a partir daí e não se reúnem num só ponto.
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Sistemas de Tubulações

Conceitos:

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Sistemas de Tubulações

Encanamentos equivalentes:

Pode-se levar água de um lugar para o outro, ou por um só tubo de


determinado diâmetro ou por dois ou mais tubos de diâmetro menor instalados
em paralelo, ou por dois ou mais tubos instalados em série.

Define-se que um sistema de tubulações é equivalente a outros sistema ou a


uma tubulação simples quando ele é capaz de conduzir a mesma vazão com
a mesma perda de carga total (com a mesma energia).

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Sistemas de Tubulações

Encanamentos equivalentes:

Uma tubulação simples equivalente a outra.

Considerando-se duas tubulações, a primeira de diâmetro D1, comprimento L1 e


coeficiente de rugosidade K1 e a segunda de diâmetro D2, comprimento L2 e
coeficiente de rugosidade K2, para que a segunda tubulação seja equivalente à primeira
é necessário que a perda de carga total hf seja a mesma para o mesmo valor de Q.

ou

Adotando-se a formula de Hazen-Williams, resultaria numa forma:

Admitindo-se coeficientes de rugosidade iguais, a equação toma a forma:

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Sistemas de Tubulações

Exemplo 1:

Uma tubulação de 250mm de diâmetro tem 360m. Determinar o comprimento


de uma tubulação equivalente de 200mm de diâmetro, com a mesma
rugosidade da primeira. (Usar Hazen-Williams)

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Sistemas de Tubulações

D1 = 250 mm
L1 = 360 m
Le = ?
De = 200 mm
C = constante
4 ,87 4 ,87
 D2   200 
L2 = L1.  = 360.  = 121,44m
 D1   250 

Um trecho de 121,43 m de tubulação de D=200mm tem uma perda


de carga equivalente a um trecho de 360 m de D=250mm

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Sistemas de Tubulações

Sistemas de Tubulações em Série

Na prática nem sempre as tubulações possuem diâmetros uniforme, ou seja, nem


sempre uma tubulação tem diâmetro constante.

Uma tubulação em série significa uma sequência de tubos de diferentes diâmetros


acoplados entre si.
As perdas de carga em cada trecho de tubo são diferentes, mas a perda de carga total
é igual a soma das perdas de carga de cada trecho ou tubo.

Uma tubulação com duas seções, uma com comprimento L1, diâmetro D1 e
rugosidade C1 e outra com comprimento L2, diâmetro D2 e rugosidade C2, determinar
o diâmetro único para uma canalização equivalente.

Q1 = Q2

hf = hf1 + hf2

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Sistemas de Tubulações

Sistemas de Tubulações em Série

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Sistemas de Tubulações

Sistemas de Tubulações em Série

Pela formula universal:

Chega-e a regra de Dupuit:

Aplicando-se Hazen-Williams:

Para rugosidades admitidas como iguais, a equação fica:

Pela equação de Darcy:

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Sistemas de Tubulações

Exemplo 2:

Seja uma tubulação ligando dois pontos distantes 18km, para conduzir uma
vazão de 0,5 m³/s. Tal tubulação será construída parte em tubos de concreto
de bom acabamento (C=130), D=800mm, (10km) e parte em tubos de grés
cerâmico vidrado (C=110), D=600mm (8km), uma vez que se dispõe desses
tubos no almoxarifado. Pergunta-se qual a perda de carga resultante. Para
que se possa especificar as bombas a serem instaladas.

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Sistemas de Tubulações

L = 18.000 m 1 2
Q = 0,5 m³/s Concreto Grés
J=? C1 = 130 C2 = 110
D1 = 800 mm D2 = 600 mm
L1 = 10.000 m L2 = 8.000 m

Le L1 L2
= +
De4,87 .Ce1,85 D14,87 .C11,85 D2 4,87 .C21,85

18000 10000 8000


4 ,87 1,85
= 4,87 1,85
+ 4,87
De .Ce 0,8 .130 0,6 .1101,85

18000
De 4 ,87 1,85
.Ce = = 911,67
19,74
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Sistemas de Tubulações

18000
Hazen-Williams De 4 ,87 1,85
.Ce = = 911,67
19,74
10,643.Q1,85
hf = J = 1,85 4,87
C .D

10,643.0,51,85
hf = J = = 3,23.10−3
911,67

hf .L = 3,23.10−3.18000 = 58,20m

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Sistemas de Tubulações

Sistemas de Tubulações em Paralelo:

Duas tubulações são ditas em paralelo quando ligam dois pontos conhecidos.

Duas ou mais tubulações nessas condições formam o que se convencionou chamar de


rede ou malha.

A vazão em cada um dos tubos em paralelo é função do diâmetro, do comprimento, da


rugosidade e da diferença de pressão entre as extremidades desse tubo. Observe que a
diferença de pressão entre as extremidades é igual para todos os tubos de uma sistema
em paralelo.

As perdas de carga em cada tubo são idênticas e iguais a hf ou ∆h, uma vez que cada
uma das extremidades dos trechos convergem em um mesmo ponto (um a montante e
outro a jusante), e em cada um destes pontos só pode existir uma única pressão.
Também pode-se afirmar que a soma das vazões de cada tubo é igual à vazão total
afluente.

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Sistemas de Tubulações

Sistemas de Tubulações em Paralelo:

Q = Q1 + Q2 + Q3
∆H = ∆H1= ∆H2 = ∆H3

Darcy:

Hazen –
Williams:
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Exemplo 3:

Uma canalização está constituída de três trechos, com as característica


indicadas na tabela a seguir:

Trecho Diâmetro (mm) Comprimento (m) Rugosidade


Hazen-Williams
1 100 200 110
2 150 700 120
3 200 100 100

Qual o diâmetro de uma tubulação de diâmetro único que substitui o sistema


em PARALELO (com L=1000 m) e em SÉRIE? (Ce=140)

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Sistemas de Tubulações

Arbitra-se uma rugosidade única: C = 140


L = 1.000 m

Le L1 L2
= +
De4,87 .Ce1,85 D14,87 .C11,85 D2 4,87 .C21,85

1000 200 700 100


4 ,87 1,85
= 4,87 1,85
+ 4,87 1,85
+
De .Ce 0,10 .110 0,15 .120 0,204,87.1001,85

1000
4 ,87
= 3556,35 1000 = De4,87 .33215610,17
De .9339,7

De = 0,1179 = 118mm Para uma rugosidade C = 140

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Ex: 4

Tem-se um sistema em paralelo como mostra a


figura abaixo, Determine o diâmetro, substituindo
os condutos por um único equivalente de cobre com
comprimento de 380 metros.

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Sistemas de Tubulações

Problemas com Reservatórios Interligados


Corresponde a um tipo de problema clássico de cálculo, com diversas aplicações
práticas, em que um sistema de tubulações é alimentado ou descarregado por mais de
duas extremidades.

Tomada de água entre dois reservatórios

Um tipo de sistema de abastecimento para uma rede de distribuição de água pode ser
feito através de dois reservatórios, em cotas distintas. O reservatório superior será
sempre abastecedor e o reservatório inferior, chamado reservatório de compensação,
pode funcionar como abastecedor ou não, dependendo da demanda na tomada de
água intermediária.

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Sistemas de Tubulações

Considerem-se, como na figura a seguir, dois reservatórios R1 e R2, interligados pela


tubulação ABC, em que B é a seção de tomada de água, e mantidos em níveis
constantes. O trecho AB tem comprimento L1 e diâmetro D1 e o trecho BC, comprimento
L2 e diâmetro D2. Se, em princípio, a solicitação de vazão em B for nula, a vazão que sai
de R1 chega integralmente em R2 e a linha piezométrica é dada por LB1M. Nesta
situação, os dois trechos funcionam como condutos em série sujeitos a uma perda de
carga total igual a
∆h= Z1 – Z2 .

A vazão pode ser determinada


como:

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Sistemas de Tubulações

Tomada de água entre dois reservatórios

À medida que a solicitação em B aumenta, a linha piezométrica cai pela diminuição da


cota piezométrica em B e consequente redução da vazão que chega a R2. Este
processo continua até que a cota piezométrica B3 se torne igual ao nível de água Z2.
Neste ponto, a linha piezométrica B3M é horizontal e a vazão no trecho 2 é nula. A
vazão retirada em B, neste caso, é dada por:

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Sistemas de Tubulações

Tomada de água entre dois reservatórios

Aumentando ainda mais a retirada de água na derivação B, a cota piezométrica em B


cai para B4, o reservatório R2 passa a operar também como abastecedor e a vazão
retirada é a soma das vazões nos dois trechos. Sendo B4 a cota piezométrica em B, a
vazão retirada QB é dada por:

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Sistemas de Tubulações

Tomada de água entre dois reservatórios

Exemplo 5 –

A ligação de dois reservatórios mantidos em níveis constantes é feita pelo sistema de


tubulações mostrado na figura. Adotando C constante, determine a o comprimento total
equivalente do trecho AB para um diâmetro de 8”.

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C = constante

2 , 63 2 , 63
De2, 63 .Ce D1 .C1 D2 .C2 82,63.Ce 4 2, 63.C1 6 2, 63.C2
0, 54
= 0 , 54
+ 0 , 54 0, 54
= 0 , 54
+
Le L1 L2 Le 600 7500,54

237,20 237,20...
0 , 54
= 4,33... Le 0, 54
=
Le 4,33...

Le = 0,54 54,78 = 1658,4m

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Sistemas de Tubulações

Problema dos três reservatórios

Outro problema clássico é a situação de três reservatórios mantidos em níveis


constantes e conhecidos, interligados por três tubulações de comprimentos, diâmetros
e rugosidades definidos, conforme figura abaixo.

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Sistemas de Tubulações

A questão básica é saber como as vazões são distribuídas pelos três condutos na
condição de regime permanente, isto é, estando o sistema em equilíbrio. A questão
fundamental para a determinação das vazões é conhecer o valor da cota piezométrica
no ponto de bifurcação, ponto B.
Pela própria condição topográfica do sistema, é evidente que o reservatório 1 será
sempre abastecedor, enquanto o reservatório 3 será sempre abastecido.
Seja X o valor da cota piezométrica em B. Três situações se apresentam:

Se X > Z2, a vazão descarregada do reservatório 1 será transferida parte para o reservatório
2 e parte para o 3, isto é, R1 abastece R2 e R3. Q1=Q2+Q3

Se X = Z2, a vazão no conduto 2 é nula, perda de carga nula, e a vazão que sai de R1 é
integralmente transferida para R3. Q2=0 Q1=Q2

Se X < Z2, o reservatório R2 passa a ser também abastecedor, portanto R3 é abastecido


pelos outros dois. Q1+Q2=Q3

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Sistemas de Tubulações

Obs.: usa-se este


método se não tiver
como dado nenhuma
vazão.
Se tiver uma vazão,
então usa-se a lei da
conservação de
massa.

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Exemplo 6

No sistema hidráulico da figura abaixo, determine o diâmetro do trecho DC, sabendo-se


que escoa uma vazão de 44 L/s no trecho AD. Adotar, para efeito de cálculo, C = 120
para todas as tubulações.

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Sistemas de Tubulações

Bernoulli entre A e D:

Pa Va² Pd Vd ²
Za + + = Zd + + + ∆Had
γ 2g γ 2g
1,85
Q L
∆Had = 10,643.  . 4,87
C  D
−3 1,85
 44.10  1200
30 + 0 + 0 = Hd + 0 + 0 + 10,643.  .
 120  0,34,87

30 = Hd + 1,97 Hd = 28m

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Sistemas de Tubulações

Q1 = Q 2 + Q3
Bernoulli entre D e B:

1,85
 Q2  900
28 + 0 + 0 = 24 + 0 + 0 + 10,643.  . 4,87
 120  0,2

−3
4 = Q 21,85 .3457 ,84 Q 2 = 1,15 .10 = 0 ,0255 m ³ / s = 26 l / s
1, 85

Q1 = Q 2 + Q3 Q3 = Q1 − Q 2 Q3 = 44 − 26 Q3 = 18l / s

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Bernoulli entre D e C:
1,85
 18.10−3  1500
28 + 0 + 0 = 15 + 0 + 0 + 10,643.  . 4 ,87
 120  D3

1,34 .10 −3
13 = 4 , 87
D34 ,87 = 1,03 .10 −4
D3
D3 = 0,15m = 150mm

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