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INTRODUÇÃO indivíduos de mesma idade, profissão e estatus

O exame do estado mental é a parte da entrevista socioeconômico3, assim como a obtenção de


psiquiátrica que se dedica a elucidação sistemática informações com familiares a respeito de
de sinais e sintomas patológicos importantes para mudanças em relação a aparência anterior da
a formulação diagnóstica. As informações são pessoa.2
coletadas a partir da entrevista psiquiátrica,
através da observação do médico e pelo relato do
paciente, e através do relato de familiares e outros
1.2-ATIVIDADE PSICOMOTORA E
informantes. O exame do estado mental não deve
COMPORTAMENTO:
ser realizado apenas pelos psiquiatras, mas fazer
parte do exame clínico do paciente, independente
da sua morbidade. É essencial não só para o A atividade psicomotora refere-se a maneira como
diagnóstico de possíveis transtornos psiquiátricos, a atividade física se relaciona com o
como também pode oferecer indícios importantes funcionamento psicológico3, considerando os
de transtornos neurológicos, metabólicos, aspectos quantitativos e qualitativos do
intoxicações, efeitos de drogas sobre o comportamento motor do paciente.1,2 Um
funcionamento mental e o comportamento. paciente em agitação psicomotora caminha
Para fins didáticos, divide-se o funcionamento constantemente, não consegue ficar quieto e
mental em onze funções na seguinte ordem: freqüentemente apresenta pressão para falar e
Consciência, Atenção, Sensopercepção, ansiedade. Outros sintomas comuns são rabiscar,
Orientação, Memória, Inteligência, Afetividade, balançar pés ou pernas, cruzar e descruzar
Pensamento, Juízo Crítico, Conduta e Linguagem. freqüentemente as pernas, roer unhas, ficar
Além da facilidade mneumônica (CASOMI enrolando o cabelo, etc, em padrão acelerado. O
APeJuCoL), esta ordenação proporciona maior retardo psicomotor é caracterizado por uma
facilidade no diagnóstico de síndromes específicas lentificação geral dos movimentos, da fala e do
através da observação de segmentos de funções curso do pensamento, usualmente acompanhado
alteradas. A primeira parte, CASOMI, destaca as de humor deprimido. Também ocorrem: respostas
Síndromes Cerebrais Orgânicas, por exemplo, nos monossilábicas, aumento na latência das
estados de Delírium estão alteradas as primeiras respostas, manutenção da mesma posição por
quatro funções: Consciência, Atenção, longo tempo, pouca gesticulação, expressão facial
Sensopercepção e Orientação; e nos casos de triste ou inexpressiva.3 A atividade psicomotora
Demência, a Memória e a Inteligência. A segunda pode ser normal, retardada ou acelerada, assim
parte (APeJuCoL), por sua vez, altera-se nas como podem ocorrer sintomas catatônicos ou de
Síndromes Psicóticas e nos Transtornos do Humor agitação.3,4 Considera-se, ainda, outras formas de
O1. distúrbios específicos (que ocorrem em estados
Esta revisão pretende explicar de forma clara e psicóticos), como movimentos estereotipados,
sucinta cada uma das funções mentais, maneirismos, negativismo (fazer o oposto do que
conceituando-as e descrevendo a forma como está sendo requisitado), ecopraxia (imitar os
avaliá-las durante o exame e suas alterações. movimentos de outra pessoa) e flexibilidade cérea
Também serão destacadas as patologias nas quais (manter certa posição desagradável por horas
estão alteradas com mais freqüência. apesar do aparente desconforto).1,2,3 É
interessante que se descreva o tipo de atividade
que o paciente apresentou durante a entrevista ao
1 - ASPECTOS DO PACIENTE NA ENTREVISTA invés de apenas classificá-lo, por exemplo, "o
INICIAL paciente permaneceu imóvel durante toda a
Inicia-se com uma descrição sumária sobre o local sessão" informa melhor do que apenas "o paciente
onde se realiza a entrevista (hospital, posto de apresenta grave retardo psicomotor".1,2
saúde, consultório particular). Em seguida,
descreve-se o motivo pelo qual está sendo
realizada (avaliação para internação hospitalar ou 1.3-ATITUDE FRENTE AO EXAMINADOR:
tratamento ambulatorial, diagnóstico, consultoria),
seguindo-se de impressões sobre o paciente
registradas pelo entrevistador: Freqüentemente os pacientes são inicialmente
reservados, limitando-se a responder as perguntas
do examinador. Alguns são mais abertos,
fornecendo mais dados e informações ricas a partir
1.1-APARÊNCIA: de menos perguntas. Outros são reticentes,
fechados e até desconfiados, por vergonha, falta
Deve-se observar o modo do paciente de andar, de vontade ou medo de contar suas experiências
sua postura, roupas, adornos e maquiagem que pessoais. Também podem ser hostis, numa
usa, sua higiene pessoal, sinais ou deformidades tentativa de envergonhar ou humilhar o
físicas importantes, idade aparente, as expressões examinador; bajuladores, para agradar o
faciais e o contato visual.1,2,3,4 O ideal é que seja entrevistador; ou sedutores. Ainda, podem ser
feita uma descrição precisa, de maneira que o ambivalentes, ou seja, apresentarem
leitor possa visualizar a aparência física do simultaneamente emoções aparentemente
paciente no momento do exame.1,2,3 Uma incompatíveis, positivas e negativas, em relação ao
postura encurvada pode sugerir afeto triste, assim médico.3 Assim, a atitude frente ao examinador
como desleixo no modo de vestir-se. Já o uso de pode ser amigável, cooperativa, irônica, hostil,
roupas estravagantes e o excesso de adornos faz defensiva, sedutora ou ambivalente.2,3 Aqui
pensar em mania ou características histéricas de também é interessante que, além de classificar a
personalidade. Uma pessoa com uma doença atitude do paciente frente ao examinador, se
crônica ou com um grande sofrimento (por realize uma descrição sumária da parte do relato
exemplo depressão) pode aparentar uma idade do paciente que fez o médico pensar em tal atitude
maior do que a real, enquanto que pacientes (dar um exemplo).1,2
hipomaníacos, histriônicos ou hebefrênicos podem
parecer mais jovens. Pouco contato de olhar pode
indicar vergonha, ansiedade ou dificuldade de
relacionamento. É útil a comparação das
características de aparência do paciente com os
1.4-COMUNICAÇÃO COM O EXAMINADOR b. confusão: caracterizada por um
(atividade verbal): embotamento do sensório, dificuldade de
compreensão, atordoamento e
Devem ser descritas as características da fala do perplexidade, juntamente com
paciente, em termos de quantidade, velocidade e desorientação, distúrbios das funções
qualidade de produção.1,2 Dessa forma, o tipo de associativas e pobreza ideativa. O
comunicação pode ser descrito como normalmente paciente demora a responder aos
responsivo, loquaz, taciturno, prolixo, volúvel, não estímulos e tem diminuição do interesse
espontâneo.1 A verbalização pode ser rápida, no ambiente. A face de um doente
lenta, tensa, hesitante, emotiva, monótona, forte, confuso apresenta uma expressão
sussurrada, indistinta.1,2 Também podem ser ansiosa, enigmática e às vezes de
incluídos aqui defeitos da fala, como gagueira e surpresa. É um grau mais acentuado que
tiques vocais, como ecolalia.1 a obnubilação.
c. estupor: estado caracterizado
pela ausência ou profunda diminuição de
1.5-SENTIMENTOS DESPERTADOS: movimentos espontâneos, mutismo. O
paciente somente responde a estímulos
vigorosos, após os quais retorna ao
O entrevistador deve relatar a impressão estupor.
emocional geral transmitida pelo paciente, ou seja,
os sentimentos despertados em sua pessoa pelo
d. coma: há abolição completa da
paciente. Geralmente são sentimentos de tristeza, consciência; o paciente não responde
pena, irritação, desejo de ajudar. Tais dados mesmo aos estímulos externos
podem ser uma importante pista para a (dolorosos), ou internos (fome, frio,
psicopatologia subjacente. Destaca-se, ainda, que necessidades fisiológicas, outros).
este item é intimamente relacionado com a e. hiperalerta: estado no qual o
aparência do paciente.1 paciente encontra-se ansioso, com
hiperatividade autonômica e respostas
aumentadas aos estímulos. Pode ocorrer
em conseqüência ao uso de drogas
2 - FUNÇÕES MENTAIS (anfetaminas, cocaína), abstinência
(benzodiazepínicos), ou no stress pós-
traumático.

2.1-CONSCIÊNCIA

d-Transtornos mais comuns:


a-Conceito:

A obnubilação ocorre freqüentemente em


É o estado de lucidez ou de alerta em que a pessoa
pacientes que sofrem traumatismos cranianos ou
se encontra, variando da vigília até o coma.1 É o
processos infecciosos agudos. Pode, ainda, ser
reconhecimento da realidade externa ou de si
efeito colateral de álcool ou drogas. A confusão
mesmo em determinado momento, e a capacidade
ocorre na fase aguda de algumas doenças mentais,
de responder aos seus estímulos. Não se deve
nas doenças associadas a fatores tóxicos,
confundir com o sentido "moral" da palavra
infecciosos ou traumáticos, na epilepsia, e em
(superego), que envolve o julgamento de valores;
situações de grande estresse emocional. Observa-
nem com o conceito psicodinâmico (consciente e
se o estupor na esquizofrenia (catatônico), em
inconsciente); nem com o sentido de autocrítica.
intoxicações, doenças orgânicas, depressão
profunda, reações epilépticas e histéricas.

b-Avaliação:
2.2-ATENÇÃO:
Observar as reações do paciente frente aos
estímulos, se sua reação é rápida ou lenta; se
a-Conceito:
mostra-se sonolento ou não. No caso de lucidez,
percebe-se através da própria conversa com o
paciente, porém, se houver alguma alteração A atenção é uma dimensão da consciência que
deve-se utilizar estímulos verbais e/ou táteis. Na designa a capacidade para manter o foco em uma
clínica geral usa-se também a escala de Glasgow, atividade. Designa, ainda, o esforço voluntário
a qual avalia alterações no nível de consciência para selecionar certos aspectos de um fato,
usando basicamente os parâmetros de: abertura experiência do mundo interno (p.e. memórias), ou
ocular, resposta verbal e resposta motora a externo, fazendo com que a atividade mental se
estímulos. volte para eles em detrimento dos demais.1

c-Alterações: b-Avaliação:

a. obnubilação/sonolência: está f. Vigilância: designa a capacidade


alterada a capacidade de pensar de voltar o foco da atenção para os
claramente, para perceber, responder e estímulos externos. Pode estar:
recordar os estímulos comuns, com a aumentada - hipervigil - podendo haver,
rapidez habitual. O paciente tende a cair neste caso, um prejuízo da atenção para
em sono quando não estimulado. Às outros estímulos; ou diminuída - hipovigil
vezes é necessário falar alto ou tocá-lo - quando o paciente torna-se desatento
para que compreenda uma pergunta. em relação ao meio. A melhor forma de
avaliar a atenção é através da observação (delírium); por exemplo, um cinto é percebido
durante a entrevista. como uma cobra, miragens no deserto (enxerga-se
g. Tenacidade: capacidade de água nas dunas). Dismegalopsias: são ilusões nas
manutenção da atenção ou de uma tarefa quais os objetos ou pessoas tomam tamanho e/ou
específica. Deve-se observar a capacidade distâncias irreais; nas macropsias os objetos
de prestar a atenção às perguntas parecem mais próximos e maiores; nas
durante a entrevista, sem estar micropsias, parecem menores e mais distantes.
constantemente distraíndo-se. Pode-se Ocorrem em descolamento de retina, distúrbios de
pedir ao paciente para bater na mesa acomodação visual, lesão temporal posterior e
toda vez que se diga a letra A, entre uma intoxicações por drogas.
série de letras aleatórias como
K,D,A,M,X,T,A,F,O,K,L, E,N,A,... Grava-se Alucinações: ocorre a percepção sensorial na
o tempo e o número de erros.6 ausência de estímulo externo. Tipos de
h. Concentração: é a capacidade de alucinações:
manter a atenção voluntária em
processos internos do pensamento ou em
alguma atividade mental. O teste formal
k. Visuais: As alucinações visuais
são mais características de transtornos
para a avaliação da concentração é o da
mentais orgânicos, especialmente em
subtração consecutiva do número 7 a
estados de delírium e podem ser
partir do número 100. Para pacientes com
amedrontadoras. Podem também ocorrer
défcit cognitivo ou QI abaixo de 80 utiliza-
no luto normal (visão da pessoa falecida),
se uma série de 3 números a partir de 20.
em depressões psicóticas (ver-se dentro
Se o paciente já realizou o teste muitas
de um caixão). Hipnagógicas: ocorrem
vezes, altera-se os números para 101 ou
imediatamente antes de dormir e sua
21, para evitar que tenham sido
ocorrência, quando ocasional, é normal,
decorados.
porém, experiências repetidas
representam invasões do sono REM na
consciência; Hipnopômpicas: precedem o
acordar, geralmente nos estados
c-Alterações semicomatosos.
l. auditivas: (as mais comuns) são
classificadas tanto como elementares
i. Disatenção: incapacidade de (ruídos) ou complexas (vozes ou
voltar o foco para um determinado palavras). São comumente relatadas por
estímulo. pacientes psicóticos (transtorno afetivo
j. Distração: incapacidade de bipolar (TAB), esquizofrenia), mas
manter o foco da atenção em também ocorrem nas Síndromes
determinado estímulo. Cerebrais Orgânicas (SCO). Alguns
pacientes, nos estágios iniciais de surtos
psicóticos ouvem seus próprios
pensamentos falando em voz alta ("echo
de la pensée"). Mais adiante as vozes
d-Transtornos mais comuns: perdem o contato com a pessoa,
parecendo vir de fora, fazendo
A desatenção ocorre em Depressões, Demência, comentários sobre o comportamento do
Delírium, efeito adverso de medicamentos, paciente ou discutindo sobre ele na
Transtornos de Déficit de Atenção. A distração terceira pessoa. As alucinações auditivas
ocorre em Depressões, Mania, Retardo Mental, etc. podem ser congruentes com o humor
São comuns os estados: hipo ou hipervigil e hipo como por exemplo: "mate-se", para um
ou hipertenaz. paciente depressivo, ou incongruentes
com o humor (Schneiderianas).
m. táteis: são geralmente referidas
como picadas de insetos na pele
2.3-SENSOPERCEPÇÃO:
(formigamentos) e ocorrem na
intoxicação por cocaína, por anfetaminas,
a-Conceito: em psicoses e delírium tremens devido à
abstinência do álcool. Pacientes
Designa a capacidade de perceber e interpretar os esquizofrênicos podem apresentar
estímulos que se apresentam aos órgãos dos sensações estranhas: orgasmos
sentidos. Os estímulos podem ser: auditivos, produzidos por objetos ou seres invisíveis.
visuais, olfativos, táteis e gustativos.1 Devem ser distinguidas do aumento da
sensibilidade (hiperestesia) e da sua
diminuição (hipoestesia). Podem ocorrer
em doenças de nervos periféricos e na
b-Avaliação: histeria.
n. vestibulares: alucinações
A sensopercepção é investigada através da relacionadas com o equilíbrio e localização
entrevista com o paciente. do indivíduo no espaço. Ex: sensação de
estar voando, comumente vistas em
situações orgânicas, como o delirium
c-Alterações: tremens e psicoses pelo uso de
alucinógenos.
o. olfativas: exemplo: se uma
lusões: ocorrem quando os estímulos sensoriais
mulher possui baixa auto-estima, pode
reais são confundidos ou interpretados
preocupar-se com o odor vaginal e
erroneamente; geralmente ocorrem quando há
interpretar que outras pessoas estão
redução de estímulos ou do nível de consciência
percebendo seu mau cheiro. Em crises depois espaço e por último (e raramente) em
parciais complexas, de origem no lobo relação a si próprio. A recuperação se dá de
temporal, alucinações olfativas de tinta ou maneira inversa: inicialmente o paciente orienta-se
borracha podem representar auras. em relação à própria pessoa, posteriormente em
p. de presença: sensação de relação ao espaço e por fim ao tempo.
presença de outra pessoa ou ser vivo que
permanece invisível. Nas alucinaões extra Desorientação: pode ser influenciada por
campinas o indivíduo vê objetos fora do alterações na atenção e consciência.
campo sensorial (atrás de sua cabeça),
enquanto que na autoscopia, o paciente
visualiza ele próprio projetado no espaço.
q. somáticas: experiências
sensoriais irreais envolvendo o corpo do d-Transtornos mais comuns:
paciente ou seus órgãos internos (sentir o
fígado apodrecido). Síndromes Cerebrais Orgânicas, psicoses afetivas,
esquizofrenia.
Tipos específicos de alucinações: Cinestesias: Pacientes com transtornos psicóticos (por exemplo
escutar cores, cheirar músicas; Pseudoalucinações: TAB ou esquizofrenia) não são tipicamente
são reconhecidas, percebidas como irreais; desorientados, embora, pela apatia, eles possam
Despersonalização: esquisita impressão de que o ter falhas no desempenho das rotinas diárias. Já o
corpo está mudando, perda da identidade corporal, paciente que sofre de alguma doença orgânica,
com sensação de estranheza em relação a ele; caracteristicamente está desorientado. Na
Desrealização: sensação de que o ambiente está Síndrome Cerebral Orgânica os pacientes
mudando ou mudou, parece irreal, como se fosse freqüentemente mostram flutuação na orientação
um filme, é comum em esquizofrênicos. conforme a hora do dia (piora à noite), podendo
ocorrer total desorientação com o aumento da
gravidade.
Nos Transtornos Dissociativos (fuga) ocorre uma
d-Transtornos mais comuns: transtornos amnésia psicogênica, de maneira que o indivíduo
psicóticos (principalmente esquizofrenia) e não sabe o seu nome, ou outros dados de
Síndromes Cerebrais Orgânicas. identificação ou a identidade das pessoas de seu
ambiente, nem o local de onde é proveniente ou
reside.

2.4-ORIENTAÇÃO:
2.5-MEMÓRIA:
a-Conceito:
a-Conceito:
Capacidade do indivíduo de situar-se no tempo,
espaço ou situação e reconhecer sua própria É a capacidade de registrar, fixar ou reter, evocar
pessoa. e reconhecer objetos, pessoas e experiências
passadas ou estímulos sensoriais. São fixados na
memória fatos ou situações que quando ocorreram
provocaram emoções associadas: prazer, medo,
b-avaliação: etc, ou que foram significativas para a pessoa. Ao
ser evocada, a lembrança pode trazer a emoção a
 quanto ao tempo: pode-se ela associada. A memória fotográfica ou
perguntar ao paciente qual é a hora automática é a mais fiel, que reproduz exatamente
aproximada, dia da semana, do mês, o registro dos fatos, mesmo que a pessoa não os
mês, ano, estação e há quanto tempo ele tenha compreendido. A memória lógica recorda o
está no hospital. significado essencial das experiências, sem sua
 quanto ao espaço: o paciente reprodução fiel. As memórias auditiva e visual
deve ser capaz de descrever o local onde ocorrem conforme a maior facilidade em reter o
se encontra (consultório, nome do que se vê ou se ouve.
hospital), o endereço aproximado, a Funcionalmente pode-se dividir as áreas
cidade, o estado, o país, sabendo também encefálicas responsáveis pela memória em: área
quem são as pessoas à sua volta. de registro (córtex cerebral), área de consolidação
 quanto a própria pessoa: deve-se ou retenção (hipocampo), área de armazenamento
perguntar dados sobre o paciente, como (lobo temporal) e área de recuperação(dorso
nome, data de nascimento, profissão e o medial do tálamo).
que faz no hospital. Estas informações Para fins de avaliação divide-se a memória em:
devem ser conferidas através de uma sensorial, que recebe a informação dos órgãos
fonte confiável, como um familiar hígido. dos sentidos e a retém por breve período de tempo
 quanto às demais pessoas: deve (0,5 segundos); imediata, responsável pelo
ser capaz de identificar seus familiares, registro de informações ouvidas nos últimos 15 a
amigos próximos e pessoal que o atende 20 segundos; recente, que divide-se em de curto
(médicos, enfermeiras, auxiliares, etc.). prazo (5-10min) e de longo prazo (mais de 30
min); e remota, que é a responsável pela
retenção permanente de informação selecionada.
Esta seleção da memória remota é feita em função
do significado emocional e é mais facilmente
c-Alterações: evocada quando a pessoa está em situação
semelhante à ocasião inicial.
Quando um paciente fica desorientado, após um
quadro de delirium, por exemplo, a primeira noção
de orientação perdida é em relação ao tempo, b-Avaliação:
 Memória imediata: pode-se pedir -de evocação ou psicógena: por inibição
ao paciente para repetir uma seqüência emocional da evocação;
de números com 3, 4, 5, 6 e 7
algarismos, ou mencionar 3 objetos não
-conservação: por extinção definitiva das
relacionados, como "pente, rua e azul" do
lembranças antigas demais;
"Mini Mental State Examination" (MMSE),
e pedir para repetir imediatamente; pode-
se fazer o "Span de Palavras". c-paramnésias:
 Memória recente (passado
recente): a) de curto prazo: pode-se -déjà vu: sensação de familiaridade com
solicitar ao paciente que guarde três uma percepção efetivamente nova.
palavras ("pente, rua e azul" do MMSE) e
que as repita 5 minutos após; b) de longo
prazo: indaga-se ao paciente sobre o que -jamais vu: sensação de estranheza em
comeu no café da manhã ou na janta na relação a uma situação familiar.
véspera, ou o que fez no último fim-de-
semana. Pode-se usar o teste d-hipermnésia: capacidade aumentada de registrar
 Memória remota (passado e evocar os fatos.
remoto): solicita-se que o paciente fale de
eventos importantes com a respectiva
data no passado (nascimento, aniversário,
casmento, nascimento dos filhos, onde
cresceu, estudou, últimos 3 presidentes). 2.6-INTELIGÊNCIA:

a-Conceito:

c-Alterações e Transtornos mais comuns: É a capacidade de uma pessoa para: assimilar


conhecimentos factuais, compreendê-los e integrá-
los; recordar eventos recentes e mais remotos;
 amnésia: incapacidade parcial ou raciocinar logicamente, manipular conceitos
total de evocar experiências passadas. (números ou palavras), traduzir o abstrato para o
 amnésia imediata: geralmente concreto ou vice-versa; analisar e sintetizar
existe um comprometimento cerebral formas, bem como lidar significativa e
agudo. acuradamente com problemas e prioridades em
 amnésia anterógrada: o paciente um determinado ambiente.1,2,5
esquece tudo o que ocorreu após um fato Idade Mental é o nível intelectual médio de
ou acidente importante. Ex: traumatismo determinada idade. BinetM1 elaborou uma
craniano, distúrbio dissociativo (histeria). equação que permite expressar a capacidade
intelectual de um sujeito em Quoeficiente de
 amnésia retrógrada:
Inteligência (QI), através da avaliação com testes
esquecimento de situações ocorridas padronizados.
anteriormente a um trauma, doença ou Segundo a teoria das inteligências múltiplas9
fato importante. identificam-se sete tipos de inteligência:
 amnésia lacunar: esquecimento lingüística, lógico-matemática, espacial, musical,
dos fatos ocorridos entre duas datas. Por cinestésico-corporal, interpessoal e intrapessoal.
exemplo: não se lembra o que fez no ano Ainda conforme Gardner9, cada tipo de inteligência
de 1995, o ano da sua separação. é um sistema genético ativado por informação
Eventualmente, o paciente pode interna ou externa que possui uma certa
preencher estas lacunas com inverdades plasticidade, de modo que certas capacidades
ou situações não ocorridas, sem dar-se intelectuias podem ser ampliadas a partir de
conta. A isto se dá o nome de estímulos apropriados. Observam-se pessoas com
confabulação, freqüente em pacientes níveis diferentes de inteligências, por exemplo
com Demência. "inteligência abstrata" (lógico-matemática,
 amnésia remota: esquecimento espacial), em que a pessoa tem habilidade para
de fatos ocorridos no passado. Pacientes lidar com símbolos; "concreta" (cinestésico-
idosos com algum grau de demência. corporal), com objetos ou situações; "social",
habilidade com lingüística, inter e intrapessoal.

b-Avaliação:
Classificação das Amnésias:

É importante coletar informações sobre o


a-pela extensão: desenvolvimento e rendimento escolar do
paciente: idade de ingresso, se repetiu algum ano,
-parciais: esquecimento de um nome, um dificuldades em matérias específicas, dificuldade
local, uma língua; de leitura e escrita, quando parou os estudos, por
que motivo (se por dificuldade em acompanhar).
Para avaliar ("grosseiramente") o rendimento
-total: perda total das lembranças;
intelectual, pode-se questionar a capacidade do
paciente de adaptar-se ao meio e a novas
b-pelo mecanismo: situações, aprender com a experiência,
desenvolver atividades coerentes com um objetivo,
utilizar pensamento abstrato (incluindo conceitos
-de fixação: por falta de reações lógicas,
abstratos, como liberdade, amor) e resolver
referenciais cronológicos e memorização;
problemas do cotidiano.
A inteligência pode ser inferida através do
desempenho intelectual durante o exame e através
de perguntas como: o troco em dinheiro para 6,37 Humor é a tonalidade de sentimento predominante
quando se deu 10,00; distância aproximada entre e mais constante, que pode influenciar a percepção
duas capitais; nome do presidente do país; de si mesmo e do mundo ao seu redor. Afeto é a
informações sobre programas populares de experiência da emoção subjetiva e imediata, ligada
televisão ou esportes. Além disso, é possível a idéias ou representações mentais e que pode ser
avaliar os conhecimentos gerais com perguntas observada pelas suas manifestações objetivas:
sobre geografia ou fatos relevantes da história, alegre, triste, embotado, expansivo, lábil,
estando-se sempre atento ao nível cultural do inapropriado. Em outras palavras, humor se refere
paciente. Se a deficiência é grosseiramente à emoção predominante, mais constante, enquanto
aparente, informações históricas podem ser afeto é a sua expressão, o que se observa, sendo
utilizadas para verificar se ela esteve sempre mais flutuante. 1,K1 DSM
presente (deficiência mental) ou desenvolveu-se a O normal, para qualquer tipo de afeto, é que
partir de certa idade (demência). Quando houver ocorra uma variação na expressão facial, tom de
dúvida sobre o nível de inteligência do paciente, voz e gestos, denotando um espectro de
deve-se encaminhá-lo para a testagem psicológica, intensidade na emoção expressada (de superficial
onde a padronização das perguntas e respostas a profunda). Da mesma forma, é normal que
permite uma avaliação acurada do seu QI. ocorram variações no humor.
O vocabulário e o desempenho nos testes de Deve ser descrito o tom predominante durante a
abstração dependem não somente da capacidade entrevista, sendo eutímico o paciente que está
intelectual, mas também da idade, ambiente social com o afeto/humor normal.1,K1,2,3,4
e nível educacional. Por exemplo, a presença de
bom vocabulário e capacidade para abstração,
apesar de primeiro grau incompleto, indicam
b-Avaliação:
inteligência acima da média. Se o vocabulário e a
capacidade para abstração são pobres, deve-se
considerar a privação social. Na ausência deste A avaliação da afetividade e do humor é feita ao
fator, especialmente se o entrevistado tem longo da entrevista, observando-se a expressão
educação universitária, cogita-se facial do paciente, sua postura, o conteúdo afetivo
comprometimento intelectual por algum distúrbio predominante no seu relato (tristeza, euforia,
orgânico. irritabilidade, etc), o tipo de afeto que transmite e
A capacidade de abstração deve ser avaliada que desperta no entrevistador. Fala-se em afeto
através da solicitação de interpretação de achatado, aplainado ou embotado nos casos de
provérbios e metáforas ("Quem não tem cão, caça severa redução na expressão afetiva, e
com gato"; "Mais vale um pássaro na mão que dois grandiosidade ou expansão nos casos de exagero
voando"); e da comparação de objetos na valorização das próprias capacidades, posses ou
semelhantes e diferentes (maçã e laranja, criança importância. Deve ser observado se o paciente
e anão, mentira e engano).2,4,5 comenta voluntariamente ou se é necessário pedir
para que informe como se sente. É muito
importante considerar a adequação das respostas
emocionais do paciente, sempre levando em conta
c-Alterações e Transtornos mais comuns:
o contexto do conteúdo do pensamento em que se
inserem (por exemplo a raiva é adequada em um
 Deficiência mental: atraso ou delírio paranóide).
insuficiência de desenvolvimento Em casos de disparidade entre o afeto e o
intelectual (QI inferior a 70), com conteúdo do pensamento diz-se que o afeto está
interferência no desempenho social e inapropriado ou incongruente.3,4
ocupacional. É classificado como leve O entrevistador deve considerar as diferenças
(classe espacial), moderado (escola culturais na expressão afetiva, como por exemplo
especial), grave e severo.1 não considerar um inglês com afeto aplainado nem
um italiano ou grego eufórico ou colérico.2
 Demência: deterioração global e
orgânica do funcionamento intelectual
sem alteração no nível de consciência.1
Freqüentemente é acompanhada de: c-Alterações:
distraibilidade; déficit de memória;
dificuldade em cálculos; alteração no Ansiedade e sintomas autonômicos de ansiedade;
humor e afeto; prejuízo no julgamento e medo e tensão; irritabilidade, raiva, ódio,
abstração; e dificuldades com a desprezo, hostilidade; labilidade afetiva (rápidas
linguagem. alternações de afetos opostos); incontinência
 Abstração: interpretação emocional (deixar transparecer todas emoções que
concreta de provérbios, por exemplo: sente, geralmente sendo estas intensas);
"Quem tem telhado de vidro não deve indiferença afetiva ou "la belle indiference" (ocorre
atirar pedras.", resposta: "O vidro uma restrição importante na saúde ou vida do
quebrará!". paciente, como não conseguir movimentar um
membro, e a reação deste é praticamente
indiferente); afeto inapropriado ou incongruente
(em relação ao que está sendo relatado); afeto
hipomaníaco e maníaco, exaltado, expansivo:
2.7-AFETIVIDADE e HUMOR: euforia e êxtase (sendo este sentimento
desproporcional às circunstâncias); afeto
a-Conceito: deprimido: tristeza, desesperança, baixa auto-
estima e sentimentos de culpa; apatia, afeto
achatado ou embotado (resposta emocional
É a experiência imediata e subjetiva das emoções diminuída ou indiferente às alterações dos
sentidas pelo paciente em relação ao que o cerca, assuntos). 1,2,DSM,CID
abrangendo desde sentimentos em relação a
pessoas e ambientes até lembranças de fatos,
situações, ou pessoas do passado, bem como
expectativas sobre o futuro. d-Transtornos mais comuns:
Transtorno Afetivo Bipolar (tristeza e euforia pacientes em avaliação para que não se
intercaladas); Esquizofrenia (afeto embotado, identifiquem falsos sinais e sintomas.1,2,3,4
inapropriado); Transtornos de Ansiedade (medo e
ansiedade); Demência (labilidade).
c-Alterações:

2.8-PENSAMENTO:
 produção: ilógica (irreal, difícil ou
impossível de seguir a linha de raciocínio,
a-Conceito: desagregado); mágica (misticismo,
poderes, influência a distância) DSM;
É o conjunto de funções integrativas capazes de  curso: lento; acelerado; com
associar conhecimentos novos e antigos, integrar fuga de idéias (associação de palavras de
estímulos externos e internos, analisar, abstrair, maneira inapropriada, com base em seu
julgar, sintetizar e criar. significado, p.e. branco-preto-caixão);
perda de associações (o paciente se perde
O pensamento é avaliado em três aspectos: no meio do discurso, sem saber sobre o
produção (ou forma), curso e conteúdo. quê vinha falando); tangencialidade (não
ocorre aprofundamento nos assuntos, o
paciente detém-se em detalhes e tem
A produção refere-se a como o paciente dificuldade de falar sobre o ponto de
concatena as idéias, em que seqüência, se segue interesse em si); circunstancialidade
ou não as leis da sintaxe e da lógica. O normal é (conta coisas desnecessárias, detalhes, ao
que a produção do pensamento seja lógica (ou invés de chegar ao ponto em questão);
coerente), isto é, clara e fácil de seguir e entender. bloqueio do pensamento (parada súbita e
Diz-se que é ilógica quando a seqüência não segue inesperada de seus pensamentos, quando
as leis da lógica formal, ou seja, ocorrem vinham fluindo normalmente, na ausência
inferências falsas ou indevidas; e que é mágica de ansiedade; é extremamente raro);
quando não obedece as leis da realidade, tempo e perseveração (ocorre a permanência no
espaço, envolvendo sorte, misticismo, poder a mesmo assunto, mesmo que se tente
distância, força do pensamento para provocar mudar o tópico, o paciente, sem se dar
ações, etc. 1,K1,3,CID conta, retoma sempre o determinado
O curso caracteriza-se pela quantidade de idéias assunto); pobreza do pensamento;
que vêm ao pensamento, podendo ser de associação por rimas (semelhante à fuga
abundante a escassa; e pela velocidade com que de idéias, porem apenas em relação aos
as idéias passam pelo pensamento, de modo que o sons, p.e. maquinista-fascista)2, 3,
curso pode ser rápido, lentificado ou estar 4,CID;
completamente bloqueado.
O conteúdo do pensamento são as idéias
 conteúdo: delírio ou idéia
propriamente ditas, sua conexão ou não com a delirante (idéia falsa ou crença irreal com
realidade, refletindo ou não aspectos reais do impossibilidade de conteúdo, certeza
mundo externo ou interno. A principal preocupação extraordinária, não compartilhado por
é a presença de idéias que sugiram que o paciente outros com a mesma cultura, religião e na
possa apresentar um perigo para si ou para outros mesma sociedade, e impossibilidade de
(por risco de suicídio, agressão, homicídio), o que remover esta certeza pela lógica; podem
reflete prejuízo no teste de realidade e no juízo ser, p.e., de inserção, irradiação ou roubo
crítico. Por isso, em qualquer entrevista inicial do pensamento); idéias supervalorizadas
deve-se perguntar ativamente, mas de forma (crença exagerada, como desconfiança,
sensível sobre ideação suicida, homicida e de inplicância gratuita); idéias de referência
agressão. O conteúdo do pensamento expressa as (sensação inevitável de que outras
preocupações do paciente, que podem ser idéias pessoas e meios de comunicação referem-
supervalorizadas, idéias delirantes, delírios, se a si, podendo ser interpretações de
preocupações com a própria doença, problemas palavras ou ações, com crítica de que este
alheios, obsessões, fobias, etc.1,K1,3 sentimento origina-se no próprio
paciente); pobreza (pouca informação,
repetições vazias, vago); obsessões
(idéias, imagens ou impulsos repetitivos
b-Avaliação: desagradáveis que entram
involuntariamente na mente do paciente
Em uma amostra do discurso do paciente, ou seja, que não consegue livrar-se
durante a entrevista, observa-se a produção, o delas).2,3,4,CID,DSM Quanto à temática
curso e o conteúdo do seu pensamento. Na das idéias supervalorizadas ou delirantes
avaliação da produção (ou forma) do pensamento (e delírios), elas podem ser persecutórias
observa-se se o paciente tem um discurso ou paranóides (está sendo seguido,
coerente, se segue as leis da sintaxe, se a observado, procurado, vitimizado, traído),
inferência de conclusões é lógica, e se as de grandeza, desvalia, ruína, infidelidade,
associações entre as idéias fazem sentido. Deve-se erotomania, controle, etc.1 Tipos
considerar a cultura do paciente ao avaliar-se o específicos de delírios: Bizarro (crença
conteúdo de seu pensamento, uma vez que absurda, totalmente implausível, estranha
crenças compartilhadas por uma comunidade são e falsa); Niilista (o próprio paciente ou
vistas como naturais entre seus membros e não outros estão mortos, não existem ou
como um sintoma. Por exemplo, acreditar que a acabaram); Capgras (os familiares foram
sexualidade de uma pessoa foi enfeitiçada, como trocados por impostores); Cotard (as
por "voodoo", e que um homem não readquirirá pessoas são bonecos). 1
sua potência até que o feitiço seja desfeito não é
necessariamente um delírio. Desta forma é preciso
conhecer detalhadamente a cultura e religião dos
d-Transtornos mais comuns:
Esquizofrenia; mania; hipocondria (preocupação São os comportamentos observáveis do indivíduo:
exagerada com a própria saúde, interpretação comportamento motor, atitudes, atos, gestos,
exagerada de sinais e sintomas, crença irreal de tiques, impulsos, verbalizações, etc.1
que é portador de uma doença grave), TOC.

b-Avaliação:
2.9-JUÍZO CRÍTICO:
A partir da observação do paciente durante a
a-Conceito: entrevista, de perguntas objetivas ou de
entrevistas com os familiares, pesquisa-se dados
sobre os hábitos do paciente, como o que costuma
É a capacidade para perceber e avaliar
fazer todos os dias e em situações especiais
adequadamente a realidade externa e separá-la
(maneira como se diverte, trabalha, convive
dos aspectos do mundo interno ou subjetivos.
socialmente); procura-se observar a
Implica separar sentimentos, impulsos e fantasias
movimentação do paciente (lento ou agitado), a
próprios, de sentimentos e impulsos de outras
forma como se expressa atavés da anamnese; e
pessoas. Refere-se, ainda, à possibilidade de
procura-se alterações, indagando sobre o uso de
autoavaliar-se adequadamente e ter uma visão
drogas, roubos, tentativa de suicídio, hostilidade,
realista de si mesmo, suas dificuldades e suas
compulsões, impulsos, comportamentos
qualidades. A capacidade de julgamento é
agressivos, rituais, vida sexual, relacionamentos
necessária para todas as decisões diárias, para
interpessoais, etc.1,CID
estabelecer prioridades e prever conseqüências.2
Os distúrbios do julgamento podem ser circuncritos
a uma ou mais áreas, como dinheiro ou
sexualidade, mantendo as demais áreas c-Alterações:
adequadas.1,2,3 Insight é uma forma mais
complexa de juízo, que envolve um grau de
Inquietação, agitação (hiperatividade, aumento de
compreensão do paciente sobre si mesmo, seu
energia) ou retardo (hipoatividade, diminuição do
estado emocional, sua doença e as conseqüências
interesse por atividades, lentificação dos
desta sobre si, pessoas que o cercam e sua vida
movimentos e da fala) psicomotores;
em geral. O insight é reconhecido como um
agressividade, sadismo, masoquismo;
importante mecanismo de mudança psíquica nas
comportamento catatônico (ficar parado, sem
psicoterapias em geral e em especial nas
qualquer movimento durante horas, mesmo em
psicoterapias de orientação analítica.3,4 O insight
posição desagradável, podendo alternar-se com
emocional leva o paciente a uma mudança em sua
hiperatividade), bizarro (fazer coisas absurdas ou
personalidade ou padrão de comportamento, de
estranhas, como revirar lixo) ou autista
modo que este conhecimento altera suas ações e
(concentrado em si mesmo e independente do
experiências no futuro. Diferentemente, no insight
mundo ao seu redor); negativismo (fazer o
intelectual não ocorrem alterações na
contrário do que é solicitado); tiques e cacoetes;
personalidade ou comportamento, o paciente
comportamento histriônico (sentimentos expressos
continua igual, não tira proveito do novo
de forma exagerada e dramática); risos
conhecimento para uma melhora.1,2
imotivados; uso/abuso de álcool e drogas, fissura
(ou "craving", perda do controle em busca do uso
de SPA), roubo, vandalismo, exposição ao perigo;
b-Avaliação: jogo, compras/gastos, comer compulsivos ou
excessivos; mesquinhez; anorexia; tentativa de
suicídio, suicídio, homicídio; aumento ou
A partir da entrevista geralmente tem-se uma boa
diminuição da atividade sexual, parafilias;
idéia a respeito da capacidade de julgamento e
tricotilomania; impulsividade; compulsões
insight. Porém, nas ocasiões em que permanecem
(urgência irresistível de realizar um ato motor
dúvidas pode-se fazer perguntas objetivas, como o
aparentemente sem motivo, repetitivo,
que o paciente faria se encontrasse uma carta
estereotipado, reconhecido como sem significado;
endereçada e selada na rua, sendo a resposta
rituais, limpeza e ordem exagerados, evitações);
adequada a de colocar em uma caixa de
somatizações, estados dissociativos (sintomas
correio.1,2
físicos persistentes sem explicação plausível),
estados de transe; dimuição das habilidades socias
(não se dar conta que está se comportando mal
c-Alterações: em público), piora dos cuidados pessoais (higiene),
isolamento social (evitar encontros com amigos,
Falar coisas inapropriadas; ser inconveniente; familiares); aparência excêntrica (diferente do seu
gastar mais do que pode; não medir grupo sociocultural, com roupas, ornamentos,
conseqüências; não se dar conta da gravidade da postura ou trejeitos muito
doença; não reconhecer limitações. discrepantes).1,2,3,4,CID

d-Transtornos mais comuns: d-Transtornos mais comuns:

Transtornos de Personalidade; Demência; estados Transtorno de Personalidade Antissocial (conduta


psicóticos (TAB, Esquizofrenia). impulsiva, uso de SPA, RA, RH); Depressão
(retardo psicomotor, RS, TS, negativismo); Mania
(aceleração, inquietude, RA, gastos excessivos,
hiperatividade sexual); Esquizofrenia (bizarra,
2.10-CONDUTA: catatônica, risos imotivados, RA, RS, RH, piora das
habilidades sociais); "Novelty Seeker"; T
a-Conceito: Alimentar; TP Borderline, TOC, Fobias.
2.11-LINGUAGEM:

a-Conceito:

É a maneira como a pessoa se comunica, verbal ou


não verbalmente, envolvendo gestos, olhar,
expressão facial ou por escrito.

b-Avaliação:

Costuma-se dar mais ênfase à fala, avaliando-se a


quantidade (loquaz, prolixo, taciturno, não-
espontâneo ou normal), velocidade ou fluxo
(verbalização rápida, lenta, hesitante, monótona) e
qualidade (gagueira, ecolalia).1,2,5 Também é
interessante se observar o volume (alto ou baixo),
a gramática e sintaxe, e o vocabulário ou escolha
de palavras, o que possibilita a realização de
inferências sobre a organização do pensamento e
cognição.1

c-Alterações:

Podem ser encontradas na comunicação oral,


escrita e mímica, espontânea ou em resposta.4
Exemplos: disartria (dificuldade na articulação da
palavra), gagueira, bradilalia (falar muito
devagar), taquilalia (falar muito rápido), ecolalia
(repetir as últimas palavras do interlocutor), afasia
(não conseguir falar), logorréia (não parar de
falar), mutismo (ficar completamente quieto),
vulgaridade (usar vocabulário de baixo calão),
coprolalia (uso de palavras obcenas); disgrafia
(escrever palavras incorretamente); alterações da
mímica facial (ausência, exagero, tiques).
Neologismos (invenção de palavras com
significados particulares para o paciente), salada
de palavras e associação por rimas refletem um
processo de pensamento desgregado.2,3,4,CID

d-Transtornos mais comuns:

Gilles de la Tourette, Esquizofrenia, SCO e


intoxicação por drogas (afasia, disartria), Mania
(taquilalia e logorréia).

3 - FUNÇÕES PSICOFISIOLÓGICAS

3.1-SONO: Insônia inicial, terminal, ou no meio da


noite; hipersonia; sonambulismo; terror noturno;
apnéia do sono; alterações do ciclo sono-vigília
(SCO, Demência), diminuição da necessidade de
sono (Mania).1,DSM,CID

3.2-APETITE: Aumento ou diminuição, com ou


sem alteração no peso (considerar variações
maiores que 5% do peso usual). 1,DSM,CID

3.3-SEXUALIDADE: diminuição ou aumento do


desejo ou da excitação (depressão e mania);
incapacidade de atingir o orgasmo; parafilias;
ejaculação precoce, retardada, vaginismo.

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