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colégio 2020/2021
são teotónio 9º ano
I
TEXTO A
Lê o texto. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado.
Naufrágio dos diamantes
A história raramente se desenrola como uma fábula. Mas pense nisto: um navio mercante
português do século XVI, carregando uma fortuna em ouro e marfim a caminho de um famoso porto
de especiarias na costa da Índia, é desviado para longe da sua rota por uma terrível tempestade ao
tentar contornar a extremidade austral de África. Dias mais tarde, castigado e quebrado, o navio
5 afunda-se numa misteriosa costa envolta em nevoeiro, salpicada com mais de cem milhões de quilates
em diamantes, uma ironia cruel para os sonhos de riqueza dos marinheiros. Nenhum dos náufragos
regressou a casa.
Este conto improvável ter-se-ia perdido para sempre sem a descoberta dos destroços de um
navio numa praia a sul de Sperrgebiet em abril de 2008. Trata-se da rica mina de diamantes, famosa
10 pela sua inacessibilidade, explorada pela empresa NAMDEB, um consórcio do Estado e da empresa,
De Beers, junto à foz do rio Orange, na costa meridional da Namíbia. Um geólogo trabalhava na área
de mineração U-60 quando encontrou aquilo que, à primeira vista, pensou ser metade de uma esfera
de rocha perfeitamente redonda. Curioso, pegou-lhe e percebeu de imediato tratar-se de um lingote
de cobre. Uma estranha marca em forma de tridente gravada sobre a superfície desgastada foi
15 reconhecida mais tarde como a marca de Anton Fugger, um dos homens de finanças mais ricos da
Europa renascentista. O lingote era do tipo utilizado para comprar especiarias na Índia durante a
primeira metade do século XVI.
Mais tarde, os arqueólogos descobririam 22 toneladas destes lingotes sob a areia, bem como
canhões e espadas, marfim e astrolábios, mosquetes e cotas de malha. E ouro, evidentemente. Mãos-
20 cheias de ouro: nas escavações, encontraram-se mais de duas mil belas e pesadas moedas, sobretudo
excelentes1 espanhóis, com as efígies de Fernando e Isabel, mas também requintados portugueses
com as armas de Dom João III, algumas moedas venezianas, islâmicas, florentinas e de outras
nacionalidades.
São de longe os mais antigos e os mais ricos destroços de um navio naufragado descoberto na
25 costa da África subsariana. Nenhum dos tesouros inflamou tanto a imaginação dos arqueólogos como
o próprio naufrágio: um navio português da armada das Índias da década de 1530, o pico dos
Descobrimentos, com a sua carga de tesouros e bens comerciais intactos, jazendo, insuspeito, nestas
areias durante quase 500 anos.
“É uma oportunidade única”, diz Francisco Alves, veterano arqueólogo subaquático
30 português, chefe da Divisão de Arqueologia Náutica e Subaquática do Instituto de Gestão do
Património Arquitetónico e Arqueológico do Ministério da Cultura e consultor da edição portuguesa
da National Geographic. “Sabemos tão pouco sobre estes navios antigos. Esta é apenas a segunda
nau escavada por arqueólogos. Todas as outras foram pilhadas por caçadores de tesouros.”
Neste caso, os caçadores de tesouros nunca serão um problema – não aqui, no coração de
35 uma das minas de diamantes mais bem guardadas do mundo, numa costa cujo próprio nome,
Sperrgebiet, significa “zona proibida” em alemão. Os funcionários do consórcio suspenderam as
operações em redor do local do naufrágio, contrataram uma equipa de arqueólogos e, durante
algumas semanas de esplêndida distração, escavaram história em vez de diamantes.
Roff Smith, in National Geographic, outubro de 2009
VOCABULÁRIO
1excelentes: moeda espanhola do século XVI.
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. Associa cada elemento da coluna A ao único elemento da coluna B que lhe corresponde, de acordo
com o sentido do texto.
Coluna A Coluna B
(1) zona da costa da Namíbia.
(a) portugueses (l.21)
(2) Moedas utilizada na extremidade austral de África.
(b) Sperrgebiet (l.9) (3) Homem europeu rico que viveu no Renascimento.
(c) lingotes (l.18) (4) Arqueólogo subaquático português.
(5) Moedas com as armas D. João III.
(d) Anton Fugger (l.15)
(6) Navegador que comandou uma das armadas das Índias.
(e) Francisco Alves (l.29) (7) Utilizados em trocas comerciais para adquirir especiarias.
(8) Mina de diamantes, conhecida por ser de difícil acesso.
2. Para responderes a cada item (2.1 a 2.5), seleciona a opção que permite obter uma afirmação
adequada ao sentido do texto.
2.5. A expressão «de longe» (l.24) pode ser substituída, sem alteração de sentido, por
(A) longinquamente. (C) de épocas afastadas.
(B) mais do que quaisquer outros. (D) vistos à distância.
TEXTO B
Lê atentamente o excerto de Os Lusíadas. Se necessário, consulta as notas.
119 121
Tu só, tu, puro Amor, com força crua, Do teu Príncipe ali te respondiam
Que os corações humanos tanto obriga, As lembranças que na alma lhe moravam5,
Deste causa à molesta1 morte sua, Que sempre ante seus olhos te traziam,
Como se fora pérfida inimiga. Quando dos teus fermosos se apartavam;
Se dizem, fero Amor, que a sede tua De noite, em doces sonhos que mentiam,
Nem com lágrimas tristes se mitiga, De dia, em pensamentos que voavam;
É porque queres, áspero e tirano, E quanto, enfim, cuidava e quanto via
Tuas aras2 banhar em sangue humano. Eram tudo memórias de alegria.
120
Estavas, linda Inês, posta em sossego, Notas:
De teus anos colhendo doce fruto, 1penosa, chocante
Naquele engano3 da alma, ledo e cego, 2altares
Que a Fortuna não deixa durar muito, 3êxtase, contemplação do que é maravilhoso
4. Explicita três sentimentos de D. Inês visíveis ao longo do excerto. Justifica a tua resposta com
passagens do texto.
5. Apesar de descrever a vida tranquila de D. Inês, o narrador vai introduzindo indícios de que essa
tranquilidade terá um fim cruel.
5.1. Explica de que forma os versos 3 e 4 da estância 120 e o verso 5 da estância 121
comprovam esta afirmação.
6. Explica por que razão podemos considerar este episódio de Os Lusíadas como sendo um episódio
trágico e lírico
TEXTO C
Lê a estrofe 84 do Canto IV de Os Lusíadas, a seguir transcrita.
7. Escreve um texto expositivo, com um mínimo de 70 e um máximo de 120 palavras, no qual explicites
o conteúdo da estância 84.
O teu texto deve incluir uma introdução, uma parte de desenvolvimento e uma conclusão.
Organiza a informação da forma que considerares mais pertinente, tratando os seguintes
tópicos:
- indicação do episódio a que pertence;
- identificação do narrador e dos grupos de personagens referidos como «a gente marítima e
a de Marte» (verso 7);
- referência ao momento da ação e apresentação de um elemento relativo ao espaço;
- descrição do estado de espírito das personagens.
II
1. Identifica o grupo de palavras cujo processo de formação é o mesmo.
(A) tristeza – salvação – pátria – denúncia
(B) guarda-fato – navio-escola – vaivém – sofá-cama
(C) repetir – descobrir – inventar – pré-requisito
(D) botânica – geografia – barco – zoologia
2. Indica a função sintática de cada um dos elementos sublinhados nas seguintes frases.
a. Os navegadores são, de facto, corajosos, não achas?
b. Atualmente, os navegadores solitários orientam-se por GPS.
c. São fantásticos os episódios de Os Lusíadas.
5. Classifica a forma verbal sublinhada na frase seguinte, indicando a pessoa, o número, o tempo e o
modo.
a. Se tiveres mais informações acerca de achados arqueológicos, diz-me.
7. Atenta na frase:
«Os marinheiros depararam-se com os habituais problemas da viagem.»
7.1. Reescreve-a:
a. na forma negativa.
b. com o verbo no pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo.
IV
A História de Portugal está associada ao mar. No entanto, alguns não respeitam este
património.
Redige um texto, com um mínimo de 160 e um máximo de 240 palavras, em que expresses a
tua opinião relativamente à responsabilidade de cada cidadão na preservação deste património,
apelando ao envolvimento de todos.
– FIM –