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6º encontro de nossa disciplina. É verdade que existem leituras que precisam ser retomadas uma
duas ou mais vezes devido a densidade teórica de seus autores e outras, não menos densas e
importantes, o autor consegui expressar-se de forma mais “didática”, diria assim, e por isso
mesmo de mais fácil compreensão. Existem leituras e leituras. Aproveito esta fala para falar de
cara, do texto da Kleiman. Ela me ajuda a entender este no processo da leitura, existe uma série
de competências cognitivas que preparam o leitor para o mundo da leitura. São os aspectos
cognitivos da leitura. Quando a gente lê, não se dá conta de que todos estes aspectos
influenciam no leitor que somos e que queremos ser. A construção da leitura, ao contrário de
que tantos pensam, não é um ato que acontece num zás e pronto.
No primeiro capítulo Kleiman faz um arrazoado sobre a dinâmica de cada leitor com
um texto aponta a importância de se levar em conta neste processo, aquilo que o leitor já sabe ao
ler o texto, ou seja, “conhecimento prévio” na leitura. E diz que o leitor utiliza diversos níveis
de conhecimento o que faz da leitura, um processo interativo. Diz também que leitor pode ser
prejudicado porque desconhece elementos lingüísticos do texto que precisa ser ativado durante
a leitura, pelo conhecimento textual e pelo conhecimento de mundo.
No segundo capítulo, a autora fala dos objetivos e das expectativas da leitura e discorre
sobre a importância que além da ativação dos conhecimentos prévios na busca da coerência
textual, é necessário que se estabeleça um objetivo para leitura. Kleiman enfatiza,
demonstrando resultados experimentais de que quando se lê tendo um objetivo específico, a
compreensão flui, tornando a recuperação das informações imediata. A autora também
enfatiza a importância da formulação de hipóteses, como mais uma estratégia
metacognitiva, na qual o leitor deverá posteriormente confrontar, para validá-las ou não,
exercendo, assim um controle consciente sobre o próprio processo de compreensão. No
terceiro capítulo reflete sobre os elementos lingüísticos presentes nos textos que seriam as
propriedades internas do texto, suas marcas formais e da capacidade de conhecê-las
provocam uma leitura significativa, coesa e compreensiva, ou não! O ultimo texto fala das
marcas do escritor em cada texto, suas intencionalidades e compreendê-las é parte
importante no processo da compreensão do texto e de um posicionamento crítico do mesmo
em relação a este texto. Penso que posso me posicionar com mais firmeza diante de um
texto no qual eu conheço as intenções do autor e o lugar de onde ele fala. Kleiman, às vezes
me deu um nó na cabeça, mas ela me permite também perceber que essa relação texto e
leitor na é simplória e que envolve elementos complexos não são tão naturais assim.
Na seqüência da compreensão de que a relação entre a palavra escrita, leitores e
suas materialidades não são tão tranqüilas assim, o Gnerre (1987) veio esquentar um pouco
mais a discussão. Desvelou escancaradamente a visão ideológica de que a linguagem e a
escrita na construção da identidade dos povos foi tranqüila e sem empates políticos. Bom
pelo menos era essa visão que tínhamos. O Gnerre mostra as contradições presentes em uma
sociedade branca, europeizada e grafocêntrica. Foi na verdade foi a primeira vez que vi uma
leitura que apontava tão claramente esse poder ideológico presente entre tradições orais e
tradições de cultura escrita. Mostrou os não ditos deste processo de construção de
identidades culturais via poder ideológico das palavras. O enorme poder das palavras cuja
origem histórica conseguiu identificar e que carregam elementos ideológicos no bojo da
sociedade que as plasmaram. Dentro deste contexto, diz também que a linguagem
dependendo da forma como é utilizada, pode impedir o acesso às informações de uma
grande parcela da população. Isto me faz lembrar Foucault quando trabalha a questão do
poder nos discursos médicos, jurídicos e acadêmicos. Gnerre, utilizando dos postulados de
Bakhtin e Volóshinov também esclarece de forma muito clara elementos autoritários que
foram utilizados para manter uma posição conservadora da linguagem, principalmente seu
discurso a-histórico.