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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

JLLC
Nº 70027032440
2008/CÍVEL

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DANO


MORAL. ROMPIMENTO DE NOIVADO
INJUSTIFICADO E PRÓXIMO A DATA DO
CASAMENTO. DANO MORAL CARACTERIZADO.
DANOS MATERIAIS.
1. Pleito indenizatório em que a parte autora busca a
reparação de danos materiais e morais suportados em virtude
do rompimento injustificado do noivado pelo nubente varão
poucos dias antes da data marcada para a celebração do
casamento.
2. Faz-se necessário esclarecer que as relações afetivas
podem ser tuteladas pelo direito quando há repercussão
econômica. No que se refere à promessa de casamento tenho
que esta deve ser analisada sob a óptica da fase preliminar
dos contratos.
3. Oportuno salientar que a possibilidade de
responsabilização civil não pode ser utilizada como
forma de coação aos nubentes. O casamento deve ser
contraído mediante a manifestação livre e espontânea
da vontade dos noivos de se unirem formalmente.
Inteligência do art. 1.514 do CC.
4. Impende destacar que a ruptura de noivado por
si só não determina a responsabilidade do desistente,
o que pode ensejar a reparação são as circunstâncias
em que a outra parte foi comunicada de seu intento.
5. A prova produzida no feito atesta que a ruptura
do noivado se deu em circunstâncias que causaram
grandes dissabores e abalos à demandante.
Inicialmente, insta destacar que os fatos se deram no
dia do “chá de panelas” da autora, o que demonstra a
surpresa que tal notícia causou à requerente, bem
como o sofrimento e a desesperança por esta
suportados.
6. Ademais, os convites para o enlace matrimonial
já haviam sido distribuídos, de sorte que a autora teve
que comunicar a todos os convidados o cancelamento
do casamento, bem como os motivos que o
determinaram.
7. Prova testemunhal que foi uníssona em afirmar
que a demandante ficou muito abalada e triste com o
fim do relacionamento.
8. Ainda, não é difícil depreender a repercussão
que tais fatos tiveram na pequena cidade de
Tapes/RS. Frise-se que os constrangimentos pelos
quais a noiva passou ultrapassam os meros
dissabores, comuns aos fatos cotidianos.
9. Aliás, mostra-se imprudente a conduta adotada
pelo réu, porquanto mesmo estando ciente de todos os
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preparativos para a festa de casamento, tais como a


locação do vestido e do local para a realização do
evento, a encomenda do bolo e da decoração,
esperou para comunicar a decisão de rompimento
poucos dias antes da data aprazada para a
celebração.
10. No que tange à prova do dano moral, por se
tratar de lesão imaterial, desnecessária a
demonstração do prejuízo, na medida em que possui
natureza compensatória, minimizando de forma
indireta as conseqüências da conduta do réu,
decorrendo aquele do próprio fato. Conduta abusiva
do demandado que faz presumir os prejuízos alegados
pela parte autora, é o denominado dano moral puro.
11. O valor a ser arbitrado a título de indenização
por dano imaterial deve levar em conta o princípio da
proporcionalidade, bem como as condições do
ofendido, a capacidade econômica do ofensor, além
da reprovabilidade da conduta ilícita praticada. Por fim,
há que se ter presente que o ressarcimento do dano
não se transforme em ganho desmesurado,
importando em enriquecimento ilícito.
12. Quanto aos danos materiais, o demandado
deverá ressarcir tão-somente os gastos efetivamente
comprovados pela autora pelos recibos das fls. 15/18
do presente feito.
13. No que concerne à quantia de R$ 400,00, que
a demandante alega ter fornecido ao autor para a
compra de materiais para a construção de uma peça
de alvenaria para a moradia do casal, não veio aos
autos qualquer prova sobre a entrega do referido
montante, ônus que se impunha à demandante e do
qual não se desincumbiu, a teor do que estabelece o
art. 333, I, do CPC.
14. Por fim, quanto ao empréstimo realizado, da
mesma forma, não há comprovação de que a
integralidade dos valores foi utilizada nos preparativos
da festa de casamento, sendo descabida a pretensão
da apelante a este respeito.
Dado parcial provimento ao apelo.

APELAÇÃO CÍVEL QUINTA CÂMARA CÍVEL

Nº 70027032440 COMARCA DE TAPES

MICHELI FERREIRA DUARTE APELANTE


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CECILIANO DE OLIVEIRA APELADO

ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos.
Acordam os Desembargadores integrantes da Quinta Câmara
Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, insira aqui a decisão.
Custas na forma da lei.
Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes
Senhores DES. SÉRGIO FERNANDO DE VASCONCELLOS CHAVES
(PRESIDENTE) E DES. ROMEU MARQUES RIBEIRO FILHO.
Porto Alegre, 21 de janeiro de 2009.

DES. JORGE LUIZ LOPES DO CANTO,


Relator.

I - RELATÓRIO
DES. JORGE LUIZ LOPES DO CANTO (RELATOR)
MICHELI FERREIRA DUARTE interpôs recurso de apelação
contra a sentença que julgou parcialmente procedente a ação de
indenização por dano material e moral movida em face de CECILIANO DE
OLIVEIRA.
Em suas razões recursais às fls. 128/129 dos autos, afirmou
que ajuizou a presente ação objetivando a reparação de prejuízos sofridos
em virtude da conduta adotada pelo apelado às vésperas da data marcada
para o casamento dos litigantes.
Sustentou que de fato o rompimento de noivado é uma
situação corriqueira, mas a forma como ocorreu não se trata de um simples
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fato da vida, uma vez que as conseqüências negativas suportadas pela


demandante.
Asseverou que o valor da indenização pelos danos materiais
concedido na sentença é inferior ao valor correspondente às despesas
contraídas para a realização do casamento. Aduziu que os danos morais são
evidentes, tendo em vista o constrangimento e a dor resultantes do ato
negligente e imprudente do apelado.
Pleiteou o provimento do recurso e a reforma da decisão
vergastada.
O demandado ofereceu contra-razões às fls. 142/148 do feito.
Registro que foi observado o disposto nos arts. 549, 551 e 552
do CPC, tendo em vista a adoção do sistema informatizado.
É o relatório.

II - VOTOS
DES. JORGE LUIZ LOPES DO CANTO (RELATOR)
Admissibilidade e objeto do recurso

Eminentes colegas, o recurso intentado objetiva a reforma da


sentença de primeiro grau que versa sobre indenização por danos morais e
materiais, em razão de rompimento unilateral e injustificado de noivado.
Os pressupostos processuais foram atendidos, utilizado o
recurso cabível, há interesse e legitimidade da parte recorrer, é tempestivo e
dispensado do preparo em razão da gratuidade judiciária concedida (fl. 21),
inexistindo fato impeditivo do direito recursal, noticiado nos autos.
Assim, verificados os pressupostos legais, conheço do recurso
intentado para a análise das questões de fundo suscitadas.
Mérito do recurso em exame

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Trata-se de ação de indenização em que a parte autora busca


a reparação de danos materiais e morais, sob o argumento de que o
rompimento, sem qualquer justificativa, do noivado às vésperas do
casamento pelo demandado maculou a honra da postulante.
A sentença foi parcialmente favorável à autora, nos autos da
ação de indenização aforada contra Ceciliano de Oliveira.
Preambularmente, faz-se necessário esclarecer que as
relações afetivas devem ser tuteladas pelo direito quando há repercussão de
ordem econômica. No que se refere à promessa de casamento tenho que
esta deve ser analisada sob a óptica da fase preliminar dos contratos.
A este respeito são os ensinamentos de José de Aguiar Dias 1:
De fato, a promessa de casamento não vale como contrato efetivamente
constituído, mas configura iniludivelmente um período pré-contratual, em
que pode bem assentar a responsabilidade do promitente que o não quis
celebrar, não a título de sucedâneo pela não realização, mas em face das
perdas porventura determinadas pelo rompimento, relativamente a
despesas feitas na convicção de que a promessa se concretizaria.

Deste modo, oportuno salientar que a possibilidade de


responsabilização civil não pode ser utilizada como forma de coação aos
nubentes. O casamento deve ser contraído mediante a manifestação livre e
espontânea da vontade dos noivos de se unirem formalmente, nos termos
do artigo 1.514, do Código Civil, in verbis:
Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a
mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo
conjugal, e o juiz os declara casados.

Sobre a promessa de casamento e seus efeitos jurídicos, as


lições de Carlos Roberto Gonçalves2:

1
DIAS, José de Aguiar. Da Responsabilidade Civil. 11ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2006,
p. 171.
2
GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 10ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007,
p. 66.
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O matrimônio é sempre precedido de uma promessa de casamento, de um


compromisso que duas pessoas de sexo diferente assumem,
reciprocamente.
(...)
O fato de nosso legislador não ter disciplinado os esponsais como instituto
autônomo demonstra, conforme assinala a doutrina, que preferiu deixar a
responsabilidade civil pelo rompimento da promessa sujeito à regra geral do
ato ilícito. Tendo em vista as futuras e próximas núpcias, os noivos realizam
despesas de diversas ordens: adquirem peças de enxoval, alugam ou
compram imóveis, adiantam pagamentos de bufês, de enfeites da igreja e
do salão de festas, pedem demissão de emprego etc. O arrependimento do
outro acarretará, então, prejuízos ao que tomou tais providências. Se não
houve justo motivo para a mudança de atitude, o prejudicado terá o direito
de obter judicialmente a reparação do dano.

E continua o saudoso doutrinador Aguiar Dias3:


Colocada sob o amplo domínio do art. 186 do Código Civil de 2002, a
questão se facilita consideravelmente. O que competirá, então, à parte que
se queixa do rompimento é caracterizar, tal como se tratasse de ato ilícito,
as circunstâncias prejudiciais, em face das providências porventura
tomadas em vista da expectativa do casamento. É preciso entender bem: a
ruptura em si não é fonte de responsabilidade. Contudo, pode revestir tais
aspectos (à parte prejudicada cumpre demonstrá-los) que acabe por
merecer essa qualificação. Nesse caso, a reparação há de ser a mais
ampla possível, matéria que se regula pelos princípios da liquidação do
dano em geral.
A apreciação dessas circunstâncias incumbe ao juiz, notando os doutores
que constituem motivos justos para o rompimento, excluindo o direito à
indenização: a moléstia grave do futuro esposo, sobre a qual não estivesse
informada anteriormente a outra parte; a gravidez da noiva, não devida ao
noivo; mau procedimento; a difamação etc.

Impende destacar que a ruptura de noivado por si só não


determina a responsabilidade do desistente, o que pode ensejar a reparação
são as circunstâncias em que a outra parte foi comunicada de seu intento.
Acerca do tema são os sempre pertinentes apontamentos de Rui Stoco 4:
Portanto, em linha de princípio, a só ruptura do noivado por qualquer dos
noivos ou o não cumprimento da promessa de casamento não enseja
reparação, posto que o espontâneo relacionamento entre duas pessoas,
livre de qualquer coação, ameaça ou engodo, visa estabelecer vínculos
afetivos mais aprofundados, de modo a conduzir à união formal pelo
casamento.

3
Ibidem, p. 172.
4
STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil. Doutrina e Jurisprudência. 7ª ed. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007, p. 899.
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Não havendo tal afinidade, nada impede e tudo se sugere que se rompa o
liame preliminar.
Evidente que o relacionamento amoroso entre homem e mulher é, como
ressuma óbvio, em face da sua natureza e circunstâncias, pleno de riscos e
susceptibilidades.
Assim, esse rompimento, quando normal e civilizado não tem o condão de
ofender a moral ou a honra da pessoa, apta a configurar ato ilícito, posto
que tal ruptura prende-se aos riscos e à fragilidade de tais relacionamentos.
(...)
Como se vê, a obrigação de compensar a ofensa ocorre não exatamente
por se tratar de rompimento de noivado, mas por força de comportamento
que atinge bens imateriais caros e importantes, como a dor, a humilhação, o
desprezo, a angústia e agressão à honra e à imagem da pessoa, casos em
que, em qualquer outra hipótese, diversa daquela aqui tratada, a reparação
se imporia.

Neste diapasão, Arnaldo Rizzardo5, com sua costumeira


clareza, afirma que:
Conquanto a resolução da promessa seja conexa à não exigibilidade, em
juízo, do seu cumprimento, emergem obrigações. Com efeito, há um
compromisso em contrair casamento, ainda que inexigível judicialmente. A
resolução implica, normalmente, em violação do dever e produz, em
decorrência, obrigação de indenizar, que mais se impõe se há suporte em
gastos ou danos em vista do casamento planejado, e, em algumas
ocasiões, no prejuízo moral resultante do descrédito social, do ridículo por
ter se prolongado durante longos anos o noivado, o que torna,
naturalmente, mais difícil de se conseguir novo casamento.

No caso dos autos, narrou a demandante que conheceu o


demandado quando os dois estudavam na mesma escola, sendo que
começaram a namorar e após um determinado período resolveram casar.
Marcaram a celebração civil para o dia 26 de maio de 2006 e a cerimônia
religiosa para o dia 27 de maio de 2006.
A autora providenciou os trâmites legais, bem como os
preparativos para a festa e para a nova vida em comum, os convites para a
comemoração foram distribuídos.
Contudo, no dia 21 de abril de 2006, um pouco mais de um
mês antes da data escolhida e no dia do “chá de panelas”, o réu telefonou

5
RIZZARDO, Arnaldo. Responsabilidade Civil. 3ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p. 688.
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para a autora informando que não queira manter a relação, cancelando o


casamento.
Diante da situação constrangedora criada pelo demandado, ou
seja, do rompimento do relacionamento poucos dias antes do casamento,
postulou indenização pelos danos materiais e morais suportados.
A prova produzida no feito atesta que a ruptura do noivado se
deu em circunstâncias que causaram grandes dissabores e abalos à
demandante. Inicialmente, insta destacar que os fatos se deram no dia do
“chá de panelas” da autora, como corroborado pela prova oral colhida
durante a instrução, o que demonstra a surpresa que tal notícia causou à
requerente, bem como o sofrimento e a desesperança por esta suportados.
Ademais, os convites para o enlace matrimonial já haviam sido
distribuídos, fato igualmente corroborado pela prova testemunhal. De sorte
que a autora teve que comunicar a todos os convidados o cancelamento do
casamento, bem como os motivos que o determinaram.
A testemunha Lianete Mechel (fls. 82v/84), em seu
depoimento, destacou o estado de ânimo em que a autora ficou após
receber o telefonema do apelado informando o fim do relacionamento,
asseverando que a recorrente ficou num choro só, num desespero, bem
abatida.
No mesmo sentido, os depoimentos de Maria Lucia Kuck
Restano (fl. 84v), Romoaldo Raimundo Borges Gama (fl. 86), Eraldo da Silva
Barcellos (fl. 87) e Fernanda Bielaski (fl. 105) foram uníssonas em afirmar
que a demandante ficou muito abalada e triste com o fim do relacionamento.
Ainda, não é difícil depreender a repercussão que tais fatos
tiveram na pequena cidade de Tapes/RS. Frise-se que os constrangimentos
pelos quais a noiva passou ultrapassam os meros dissabores, comuns aos
fatos cotidianos.

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Aliás, mostra-se imprudente a conduta adotada pelo réu,


porquanto mesmo estando ciente de todos os preparativos para a festa de
casamento, tais como a locação do vestido e do local para a realização do
evento, a encomenda do bolo e da decoração, esperou para comunicar a
decisão de rompimento poucos dias antes da data aprazada para a
celebração.
Neste sentido, os julgados do colendo Tribunal de Justiça do
Estado de São Paulo a seguir transcritos:
DANOS MATERIAIS E MORAIS – Rompimento de noivado - Ato unilateral e
infundado do noivo pretendente - Danos à auto estima e ao conceito social
da noiva configurados - Danos materiais com a preparativos para as
núpcias - Ressarcimento pela aquisição de materiais de construção
incorporados à propriedade da família do réu - C. Civil de 1916, arts. 159, C.
Civil de 2002, arts. 186 e 927 - Apelo provido em parte. (Apelação Com
Revisão 2771344200, 5ª Câmara de Direito Privado A, Tribunal de Justiça
do Estado de São Paulo, Relator: Maury Angelo Bottesini, Julgado em
27/10/2005).

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS JULGADA


IMPROCEDENTE - PRETENDIDA INVERSÃO DO JULGADO, COM
FUNDAMENTO NA COMPROVAÇÃO DO ROMPIMENTO IMOTIVADO DE
NOIVADO, DIAS ANTES DA DATA DO CASAMENTO FATO QUE
ACARRETOU INEGÁVEIS CONSTRANGIMENTOS À NOIVA E A SEUS
PAIS, PERANTE O MEIO SOCIAL EM QUE VIVEM, POIS CONVITES JÁ
HAVIAM SIDO DISTRIBUÍDOS E OS PREPARATIVOS PARA A
CERIMÔNIA ESTAVAM SENDO ULTIMADOS - AGIR DO APELADO QUE
DECORREU DE SUA IMPRUDÊNCIA EM ASSUMIR COMPROMISSO
QUE NÃO PRETENDIA HONRAR E QUE TAMBÉM DEVE SER
CONSIDERADO ABUSIVO, DADO O MODO E A DATA EM QUE
EFETUADO O ROMPIMENTO DO NOIVADO - FATOS QUE
ACARRETARAM INEGÁVEIS DANOS MORAIS AOS APELANTES -
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (Apelação Com Revisão
2339574600, 6ª Câmara de Direito Privado A, Tribunal de Justiça do Estado
de São Paulo, Relator: Márcio Antonio Boscaro, Julgado em 03/08/2005).

Responsabilidade civil Rompimento de noivado com casamento já


agendado, com aquisição de móveis, utensílios, expedição de convites,
habilitação, realização de curso de noivos, "chá de cozinha", etc. ruptura
sem motivo justificável dever de indenizar do noivo não só os danos
materiais como também os morais. (Apelação Com Revisão 902624300, 6ª
Câmara de Direito Privado de Férias, Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo, Relator: Testa Marchi, Julgado em 28/03/2000).

Destarte, a prova colhida no feito se mostrou coesa e coerente,


suficiente para a procedência do pleito indenizatório deduzido pela autora.
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Ademais, a irresignação quanto à comprovação do dano moral não merece


prosperar. Conforme entendimento assentado desta Corte o dano moral
existe in re ipsa, prescindindo de prova.
APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. PERMANÊNCIA DO
NOME DA PARTE EM ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. DÍVIDA
PAGA. DANO MORAL CONFIGURADO. Estando quitado o débito, revela-
se descabida a permanência do nome da parte nos cadastros de
inadimplentes, sendo ônus do credor proceder ao cancelamento da
inscrição. O dano moral é do tipo ¿in re ipsa¿, inerente ao próprio fato
danoso, mostrando-se desnecessária a demonstração dos prejuízos
sofridos. Apelo provido. (Apelação Cível Nº 70022277180, Quinta Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Umberto Guaspari Sudbrack,
Julgado em 19/12/2007).

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DE


INDENIZAÇÃO. DANOS MATERIAIS E MORAIS. DUPLICATA.
PROTESTO INDEVIDO. AUSÊNCIA DE NEGÓCIO JURÍDICO
SUBJACENTE. A duplicata emitida sem negócio jurídico subjacente é título
nulo, e o protesto dela decorrente é indevido. Presentes os pressupostos da
obrigação de indenizar, evidente se mostra a ocorrência de dano moral pelo
protesto de duplicata representativa de dívida inexistente. Trata-se de dano
moral in re ipsa, que dispensa a comprovação da extensão dos danos,
sendo estes evidenciados pelas circunstâncias do fato. Mantido o valor da
indenização em R$ 11.400,00 (onze mil e quatrocentos reais) pois tal
quantia mostra-se suficiente e adequada para a recomposição dos danos e
prejuízos, não caracterizando enriquecimento ilícito por parte da autora e
encontrando-se em conformidade com o entendimento desta Câmara.
Devidamente comprovadas devem ser ressarcidas as despesas com o
cancelamento do protesto. Mantidos os ônus de sucumbência. APELOS
DESPROVIDOS. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70021875372, Nona
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Iris Helena Medeiros
Nogueira, Julgado em 19/12/2007).

Indenização devida em razão dos danos de ordem moral


causados

Cumpre ressaltar que é perfeitamente passível de


ressarcimento o dano moral causado no caso em exame, decorrente da
situação constrangedora causada pelo réu, mediante o rompimento
desmotivado do noivado, poucos dias antes da data marcada para a
celebração do casamento, tal medida abusiva resulta na violação ao dever
de respeitar esta gama de direitos inerentes a personalidade de cada ser
humano.

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A esse respeito, é oportuno trazer à colação os ensinamentos


do jurista Cavalieri Filho6 ao asseverar que:
Por mais pobre e humilde que seja uma pessoa, ainda que completamente
destituída de formação cultural e bens materiais, por mais deplorável que
seja seu estado biopsicológico, ainda que destituída de consciência,
enquanto ser humano será detentora de um conjunto de bens integrantes de
sua personalidade, mas precioso que o patrimônio, que deve ser por todos
respeitada. Os bens que integram a personalidade constituem valores
distintos dos bens patrimoniais, cuja agressão resulta no que se
convencionou chamar de dano moral. Essa constatação, por si só, evidencia
que o dano moral não se confunde com o dano material; tem existência
própria e autônoma, de modo a exigir tutela jurídica independente.
Os direitos a personalidade, entretanto, englobam outros aspectos da
pessoa humana que não estão diretamente vinculados à sua dignidade.
Nessa categoria incluem-se também os chamados novos direito da
personalidade: a imagem, o bom nome, a reputação, sentimentos, relações
afetivas, aspirações, hábitos, gostos, convicções políticas, religiosas,
filosóficas, direitos autorais. Em suma, os direitos da personalidade podem
ser realizados em diferentes dimensões e também podem ser violados em
diferentes níveis. Resulta daí que o dano moral, em sentido amplo, envolve
esse diversos graus de violação dos direitos da personalidade, abrange
todas as ofensas à pessoa, considerada esta em suas dimensões individual
e social, ainda que sua dignidade não seja arranhada.

Do quantum a ser fixado para indenização por dano moral


Com relação ao valor a ser arbitrado a título de indenização por
dano moral, há que se levar em conta o princípio da proporcionalidade, bem
como, as condições da ofendida e do ofensor, in casu, balconistas,
beneficiários da gratuidade da justiça. Acresça-se a isso a reprovabilidade
da conduta ilícita praticada e, por fim, que o ressarcimento do dano não se
transforme em ganho desmesurado, deixando de corresponder à causa da
indenização.
Nesse sentido, Cavalieri Filho7 discorre sobre este tema, mais
uma vez, com rara acuidade jurídica, afirmando que:
Creio que na fixação do quantum debeatur da indenização, mormente
tratando-se de lucro cessante e dano moral, deve o juiz ter em mente o
princípio de que o dano não pode ser fonte de lucro. A indenização, não há
dúvida, deve ser suficiente para reparar o dano, o mais completamente

6
Ibidem, p. 77.
7
Ibidem, p. 90.
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possível, e nada mais. Qualquer quantia a maior importará enriquecimento


sem causa, ensejador de novo dano.
Creio, também, que este é outro ponto onde o princípio da lógica do
razoável deve ser a bússola norteadora do julgador. Razoável é aquilo que
é sensato, comedido, moderado; que guarda uma certa proporcionalidade.
A razoabilidade é o critério que permite cotejar meios e fins, causas e
conseqüências, de modo a aferir a lógica da decisão. Para que a decisão
seja razoável é necessário que a conclusão nela estabelecida seja
adequada aos motivos que a determinaram; que os meios escolhidos sejam
compatíveis com os fins visados; que a sanção seja proporcional ao dano.
Importa dizer que o juiz, ao valorar o dano moral, deve arbitrar uma quantia
que, de acordo com o seu prudente arbítrio, seja compatível com a
reprovabilidade da conduta ilícita, a intensidade e duração do sofrimento
experimentado pela vítima, a capacidade econômica do causador do dano,
as condições sociais do ofendido, e outras circunstâncias mais que se
fizerem presentes.

Portanto, a indenização deve ter um caráter preventivo, com o


fito de a conduta danosa não voltar e se repetir, assim como punitivo,
visando à reparação pelo dano sofrido. Não devendo, contudo, se
transformar em objeto de enriquecimento ilícito devido à fixação de valor
desproporcional para o caso concreto.
Dessa forma, levando em consideração as questões fáticas, a
extensão do prejuízo, bem como a quantificação da conduta ilícita e
capacidade econômica da parte ofensora, entendo que a indenização deve
ser fixada em R$ 3.000,00 (três mil reais), a fim de atender aos parâmetros
precitados.
Ainda, reputando que o quantum arbitrado corresponde à
quantia suficiente à reparação do dano sofrido, considerando a condição da
parte postulante, bem como, atendendo ao caráter reparatório e punitivo
deste tipo de indenização.
Do termo inicial dos juros e da correção monetária

Com relação à incidência de juros e correção monetária sobre


o valor da condenação, é importante assinalar que estes são corolário legal,
de sorte que é desnecessário que a sentença disponha expressamente a
esse respeito.

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Frise-se que a correção monetária não representa encargo,


uma vez que neutraliza os efeitos do tempo sobre o valor da moeda, ou seja,
é conseqüência do próprio crédito, não importando em acréscimo ao
quantum devido, mas mera manutenção do poder aquisitivo da moeda em
curso no país, de sorte que a não-satisfação desta importa em
enriquecimento sem causa por parte do apelado. Logo, deve ser ressarcido
integralmente ao credor, de acordo com o disposto no artigo 884, caput, in
fine, do atual Código Civil, bem como em função de expressa disposição da
Lei n.º 6.899/80.
De outro lado, o índice que medirá esta atualização deve ser o
IGP-M, que é o parâmetro adotado por esta Corte como fator de correção
monetária, pois é o que melhor atualiza o valor nominal da moeda em curso
no país, devendo incidir desde o arbitramento da indenização por esta
decisão.
No que tange aos juros moratórios, o entendimento deste
Colegiado é de que estes são devidos desde a data do evento danoso, de
acordo com a Súmula n. 54 do Superior Tribunal de Justiça, a base de 1%
ao mês, na forma do artigo 406, do Código Civil, em consonância com o
disposto no artigo 161, § 1º, do Código Tributário Nacional. Dispositivos
estes que autorizam a incidência imediata do percentual precitado para a
hipótese de moratórios, em especial no caso em exame, no qual a reparação
deve ser a mais ampla possível, sob pena de importar em prejuízo para a
parte autora. Nesse sentido são os arestos a seguir transcritos:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RESPONSABILIDADE CIVIL EM


ACIDENTE DE TRÂNSITO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DANO MATERIAL.
DANO MORAL. Os valores levados em consideração para a indenização
referente ao documento de fl. 93 dizem respeito à data do documento e não
a momento anterior. No entanto, os juros de mora, que não se confundem
com atualização do capital, incidem desde a data do fato, como
determinado na sentença e de acordo com a súmula 54 do STJ. No
entanto, serão contados os juros na proporção de 0,5% ao mês até a
vigência do novo Código Civil, a partir de quando serão de 1% ao mês,

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na forma como tem decidido a jurisprudência. Quanto ao valor da


pensão mensal, ficou mantido o risco de vida que era auferido pela vítima e
fazia parte de sua remuneração na ocasião do fato. A responsabilidade civil
decorrente do sinistro deve ser a mais ampla possível e substituir, tanto
quanto possível, no aspecto patrimonial, o que de fato auferia a vítima na
ocasião dos fatos, de forma a compensar seus familiares com a ausência
daquela. Embargos parcialmente acolhidos. (Embargos de Declaração Nº.
70018330431, Décima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Cláudio Baldino Maciel, Julgado em 08/03/2007).

Dos danos materiais suportados

No caso em exame, entendo que não merece guarida a


pretensão recursal da parte autora, devendo ser mantida a sentença da
Magistrada de primeiro grau, pelas razões a seguir deduzidas.
Preambularmente, cumpre ressaltar que, conforme alude o
artigo 402, do Código Civil, as perdas e danos abrangem não só o que a
parte perdeu, mas também o que deixou de lucrar, in verbis:
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e
danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o
que razoavelmente deixou de lucrar.

Ainda, releva ponderar que, quando da ocorrência de um dano


material, duas subespécies de prejuízos exsurgem desta situação, os danos
emergentes, ou seja, o dano efetivamente causado, o prejuízo, a diminuição
patrimonial sofrida pela vítima; e os lucros cessantes, o que esta deixou de
ganhar em razão do ato ilícito, ou, segundo os ensinamentos do insigne
jurista Sérgio Cavalieri8:
Consiste, portanto, o lucro cessante na perda do ganho esperável, na
frustração da expectativa de lucro, na diminuição potencial do patrimônio da
vítima. Pode decorrer não só da paralisação da atividade lucrativa ou
produtiva da vítima, como por exemplo, a cessação dos rendimentos que
alguém já vinha obtendo da sua profissão, como, também, da frustração
daquilo que era razoavelmente esperado.

Caio Mário da Silva Pereira 9, com seu costumeiro brilhantismo,


acrescenta que:
8
Ibidem, p. 91.
9
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil – Teoria Geral das Obrigações.
Vol. II. 19ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 214.
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São as perdas e danos, portanto, o equivalente do prejuízo que o credor


suportou, em razão de ter o devedor faltado, total ou parcialmente, ou de
maneira absoluta ou relativa, ao cumprimento do obrigado. Hão de
expressar-se em uma soma de dinheiro, porque este é o denominador
comum dos valores, e é nesta espécie que se estima o desequilíbrio sofrido
pelo lesado. A este prejuízo, correspondente à perda de um valor
patrimonial, pecuniariamente determinado, costuma-se designar como dano
matemático ou dano concreto.
Na sua apuração, há de levar-se em conta que o fato culposo privou o
credor de uma vantagem, deixando de lhe proporcionar um certo valor
econômico, e também o privou de haver um certo benefício que a entrega
oportuna da res debita lhe poderia granjear, e que também se inscreve na
linha do dano.

Assim sendo, não é complexa a fixação da indenização quanto


aos danos emergentes, uma vez que basta a simples verificação da perda
patrimonial sofrida pela vítima, mediante mero cálculo aritmético.

No caso em comento, o demandado deverá ressarcir tão-


somente os gastos efetivamente comprovados pela autora pelos recibos das
fls. 15/18 do presente feito.
No que concerne à quantia de R$ 400,00 (quatrocentos reais),
que a demandante alega ter fornecido ao autor para a compra de materiais
para a construção de uma peça de alvenaria para a moradia do casal, não
veio aos autos qualquer prova sobre a entrega do referido montante, ônus
que se impunha à demandante e do qual não se desincumbiu, a teor do que
estabelece o artigo 333, inciso I, do Código de Processo Civil.

Por fim, quanto ao empréstimo realizado, da mesma forma,


não há comprovação de que a integralidade dos valores foi utilizada nos
preparativos da festa de casamento, sendo descabida a pretensão da
apelante a este respeito. Aliás, como bem lançado na decisão de lavra da culta
Magistrada a quo, Dra. Luciana Beledeli (fls. 124/127), a qual é transcrita
parcialmente, a fim de evitar desnecessária tautologia, a seguir:
Todavia, com relação aos danos materiais, entendo que assiste direito
à autora em pleitear o ressarcimento pelas despesas efetivamente
comprovadas, já que incontroverso que o responsável pela ruptura do
noivado e cancelamento da cerimônia de casamento foi o demandado.
Porém, tal restituição não pode ter amplitude buscada pela autora.
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O fato de a demandante ter contraído empréstimo bancário, por si só,


não conduz à conclusão de que o réu deva-lhe ressarcir a
integralidade dos valores financiados, pois somente o montante
efetivamente gasto com os preparativos do casamento é que devem
ser devolvidos. E, quanto a estes, a demandante juntou os seguintes
recibos (fls. 15/18): R$ 150,00 (cento e cinqüenta reais) referentes ao
bolo; R$ 200,00 (duzentos reais) correspondente às primeiras parcelas
do aluguel do vestido de noiva; R$ 62,00 (sessenta e dois reais) com a
compra de papel e saches para as lembranças do casamento; R$
187,00 (cento e oitenta e sete reais) decorrente de decoração; R$ 80,00
(oitenta reais) com reserva de cantina para a cerimônia; R$ 150,00
(cento e cinqüenta reais) com convites de casamento; e R$ 67,20
(sessenta e sete reais e vinte centavos) com despesas registrais para a
celebração do casamento civil. Portanto, os gastos comprovados são
de R$ 896,20 (oitocentos e noventa e seis reais e vinte centavos),
sendo estes os valores que devem ser objeto de ressarcimento à
autora pelo réu.
(...)
Por fim, quanto à alegada entrega de R$ 400,00 (quatrocentos reais)
que a autora teria feito ao réu para compra de material de construção,
não há qualquer prova documental, razão pela qual incabível amparar
a pretensão da demandante em se ver ressarcida de tais valores.

Ressalte-se que com o parcial provimento do recurso do


demandante, mister se faz readequar o ônus atinente aos encargos
processuais, tendo em vista o resultado da demanda, devendo ser
readequado aquele encargo processual.

III - DISPOSITIVO
Ante o exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao
apelo, condenando o demandado ao pagamento de indenização a título de
danos morais no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), corrigido
monetariamente a contar desta data e acrescido de juros de mora a contar
de 21/04/2006, mantendo os demais provimentos emanados da sentença de
primeiro grau.

Diante do resultado preconizado, mister se faz o


redimensionar os ônus da sucumbência, devendo a parte autora efetuar o
pagamento das custas processuais na proporção de 50% destas e
honorários advocatícios em favor do patrono da demandada, fixados estes

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em R$ 500,00 (quinhentos reais), tendo em vista a natureza da causa e o


trabalho desenvolvido pelo procurador que atuou no feito, nos termos do art.
20, § 4º, do Código de Processo Civil, suspensa a exigibilidade em razão da
gratuidade judiciária concedida.

Por fim, o demandado deverá arcar com o pagamento dos


restantes 50% das custas processuais e honorários advocatícios, que são
fixados em 10% sobre o valor da condenação, tendo em vista o trabalho
realizado pelo procurador da parte postulante, de acordo com a norma legal
precitada, suspensa a exigibilidade em razão da gratuidade judiciária
concedida. Admitindo-se a compensação da verba honorária, em
consonância com a súmula n. 306 do STJ.

DES. ROMEU MARQUES RIBEIRO FILHO (REVISOR) - De acordo.


DES. SÉRGIO FERNANDO DE VASCONCELLOS CHAVES
(PRESIDENTE) - De acordo.

DES. SÉRGIO FERNANDO DE VASCONCELLOS CHAVES - Presidente -


Apelação Cível nº 70027032440, Comarca de Tapes: "DERAM PARCIAL
PROVIMENTO AO APELO. UNÂNIME."

Julgador(a) de 1º Grau: LUCIANA BELEDELI

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