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Grimorium
1
Mãe –
Pai, estou sozinho e sozinho quero morrer, sem que ninguém me ache, sem que ninguém
tenha sentimentos por mim, pois não encontro mais sentido em existir, o Senhor consegue
me entender? Quando foi que o Senhor criou este sentimento, este sentimento de não
existir? Por que me criar para que eu sentisse agora este sentimento? Não há mais nada a
ser feito
Um segundo para respirar e entender por que ela não me ama, Deus.
Onde encontramos
O desespero que irá
Nos redimir.
Para onde ir depois de se matar um homem.
Não haverá salvação, Pai.
Me dê dinheiro.
A única coisa que vale a pena neste mundo
Ela havia matado aquele cachorro, não eu. Não coloquei agulhas nos olhos daquele animal,
ela deve sofrer a mesma coisa, pois já sofri o suficiente ao ver aquele animal agonizar.
ONDE ESCONDEU MINHA ARMA!?
Sempre guardamos dinheiro para estes dias difíceis, e agradecemos a Deus por tudo o que
tem feito por/
PÁRA DE CHORAR!
Você escolhe: quer que eu comece chupando?
Não há dívida maior do que a dívida divina!
Ouça o barulho da chuva: é Deus lamentando a existência.
SEU RETARDADO! DEUS TEM VERGONHA DE VOCÊ, SABIA?
Deus
Sim com Deus em Deus por Deus em Deus quero e quero em nós em mim em todos cobre
agüenta dentro fala céus ele deus sobre sobre deus volta em vulva vulva vulva vulva-deus
vulva-ouro vulva-entorno lábios-deus em pele em sangra em ruge some com sem-ele nele
sobre sobre deus deus deus como como alá em volta em vão em deus naquele em sem em
vai em for em tão de deus de via láctea deus em várias deus em carmos somos vácuo deus/
(escuridão)
(um flash)
Adeus in deus com deus de Zeus em teus com deus de Zaios teus em teus famintos teus em
Tantra em colum em Hidra em fêmeas fêmeas deus deus deus finca luz cadencia libra em
luta deus via em dano em deus em tatos cubra suga soma deus em deus pontua carne em
carne em carne deus com deus em deus aqui
dentro.
AQUI
DENTRO
(escuridão)
Homem –
Olhos azuis.
O céu o acompanha
Até a morte.
O meio-dia
revela cristalinas as idéias
No decorrer de seu percurso.
Para o rosto
a prata funda do fim.
Para as mãos
a força de um martelo
Para a mandíbula
a gravidade ao desenhar
a órbita do planeta
O que acha?
Mulher –
A mãe
Mulher impura
Jogada na vala
Olhos escuros
Trazem a certeza do espanto
E da covardia
Seu sexo
A gangrena da violência
Seu umbigo
Homem –
O umbigo dele?
Mulher –
Sim.
O umbigo deve sangrar
A cada quinze minutos.
Homem –
E seu umbigo sangrava
A cada quinze minutos.
Escamas.
Mulher –
Escamas se desprendiam
De tempos em tempos
Homem –
veneno que as presas inoculavam.
Mulher –
E ele matou
Sua primeira vítima
Com apenas um ano de idade
Homem –
Criei esta vítima
A minha imagem e semelhança
Mulher –
Obviamente.
Homem –
Mesmo uma vítima
Acumula passado em suas entranhas.
Mulher –
Assim como nós dois.
A mãe
Homem –
Um homem amamentado por três seios.
Uma rocha alimentada pela areia dos ventos.
Mulher –
Ela fez filhos em homens envaginados?
Homem –
Por que não?
Antes do nosso ser
Ela fez filhos
Nos homens que a idolatravam.
Mulher –
Ela ejacula? Produz sêmen?
Homem –
Um sêmen escuro e pegajoso
Como piche.
Mulher –
Na praia
Criando um amante adolescente na areia.
Homem –
O pai
Um ciclope olho furta-cor
Com a pele de mosca varejeira.
Mulher –
O pai
Se resignou à mãe.
Satisfez as suas vontades.
O pai
Deixou sua pele escorrer pelo lodo do pântano onde morava.
Homem –
O filho odiava o pai?
Mulher –
Não.
O filho não conheceu o pai.
Homem –
O filho conheceu o pai depois de adulto?
Mulher –
Não gere expectativas em si.
Não temos projeção alguma
Para idade tão avançada.
Homem –
Sabemos que o leite materno
Também escorria do pênis do pai.
Mulher –
Então...
Homem –
O pai poderia ter alimentado o seu filho com o seu leite.
Mulher –
Três seios e um pênis alimentando o nosso homem.
Um mar inteiro banhando uma humanidade.
Homem –
Comia insetos coloridos
Pela manhã
Mulher –
A mãe oferecia estes insetos.
Homem –
Não.
O pai caçava insetos coloridos no pântano de sua morada.
O pai recolhia os dejetos deixados pelo filho
Um regurgitador de asas e exoesqueletos.
Mulher –
O menino
Mastigava um dedo por dia
Durante o almoço
Homem –
E todos os dias
Este dedo crescia
E aumentava
E possuía ventosas nas pontas.
Mulher –
A mãe o ensinou.
Escalava paredes lisas
Impossíveis.
Homem –
O pai o ensinou.
A mãe definhou aos poucos
Com seu câncer
Explodindo em seus pulmões
De gesso.
Mulher –
A mãe não teve culpa
Da cegueira cinza
Tomando conta
Da criança/
Homem –
O céu não ficou cinza!
(escuridão)
3
Entidade 1
Ah, eu te mostro
Ensinei-inventei o matar
e matar-matar é a loxocele-lux do movimento-tempo.
Paralisia-em-chamas
e cetro e mar mar mar cavalgando em braços ondas oceanos-olhos
Vila-vale-um só um infinito em infinitos ínfimos
Ah, eu te mostro
As dobraduras necessárias
Os movimentos
Os encontros
E explosões necessárias
Eu ensino-apago-afago
Nas laquiaduras lúminas das plásticas fíbrias
Eu me espalho sendo
E contamino
4
Siameses
- Deixa ver
- É importante tocar
Mulher –
Não tenho sensações
Crio
Apenas
Siameses
- Não diga “apenas”
- Vou mostrar como criar soprando ar quente no seu espírito
Mulher –
Você não pode me mostrar
Nada.
Nem espaço
Nem tempo
Espírito
Não existe
Siameses
- Posso te mostrar
- eletricidade.
Mulher –
A soma que sinto
Aqui
O estrondo que sinto
Aqui
Não pode ser
Culpa sua
Siameses
- Não?
- Quer que eu mostre a língua.
Mulher –
Ninguém possui línguas
Aqui.
A chama de espinhos definhando imagens
Siameses
- Quer a minha saliva
- Posso criar a saliva agora
- as bactérias
- das mucosas deles
Mulher –
Já não me interessa mais.
Nem os pelos
Nem a sujeira
Nem o pó
Do que restou
De alguém
Siameses
- Então você admite “alguém”
- Então você compara. Coloca uma coisa na frente da outra
- Você nega?
- Você acredita em alguma coisa?
Mulher –
Você está me confundindo
Você não está me confundindo
Siameses
- Confusão não faz parte deste mundo, lembra?
- De tanto falar você vai acabar virando carne.
Mulher –
Sangue
Um líquido vermelho cobre o ar
Siameses
- Então você sabe o que um dia escorreu
- Você pensa em dias. Você um dia passou por dias.
Mulher –
Sou a imagem
Daquilo que não existiu
Os que queimam sentem o sopro
Siameses
- Você é um espectro do que já existiu. Você nega?
- E quer criar seres por que? Arrependimento?
Mulher –
Não conheço o arrependimento.
Só conheço
O que não foi pensado
Siameses
- Você conhece a mentira melhor do que qualquer um
- Eu sou uma das tuas mentiras.
Fabulação em tintas de ódio
Mulher –
Não há mentira aqui.
Siameses
- O que você se tornou?
- Nos quer agora?
Mulher –
Energia.
Preciso criar algo parecido
Com energia.
Não existem semelhanças
Siameses
- Hahahah
- Ela pensa em semelhanças!?
Mulher –
Criei um vírus
Apenas
Siameses
- Você nos criou
- Você é um não-você
Mulher –
Criei um vírus
Some só some
Siameses
- escriba de falésia polpa
- de escória escora mascavo-mata
- De mandíbulas-víboras e foda-lava
- Reino molíbdico pseláfida prurido-lánguido
Mulher –
Não te reconheço.
Siameses
- Ruídos radículos de quebrantar rechã
- Invólucro intrário da cova-cova da colecistite Hera
Mulher –
E não quero
Te reconhecer.
Siameses
- parole-parole
- ludicum criare
5
- regras?
- Em há todo regras em mundo mundo.
- estamos nós não num mundo.
Homem –
Desprezo
Homem –
Como conseguiu me alcançar?
Homem –
Não temos espaço próprio.
Homem –
Não fomos criados.
Mulher de três cabeças
- nisto acredita?
- crédulo Ele:
- e estúpido.
Homem –
Pare de/
Homem –
Há passagens.
Lugares não criados.
O tempo é inabalável.
Homem –
Se não criamos
Adormecemos.
Homem –
A continuação nos alimenta.
Não vejo fluxo para um espaço outro.
Homem –
Quem alimenta
O que acontece
Depois?
Sem fluxo
Não vejo espaço
Homem –
Não entendo o homem
A não ser pelos seus próprios
Olhos
Ver ver ver ver ver ver
Homem –
Não entendo a célula
Sem sentir
O movimento
Homem –
Posso pensar que posso morrer
Posso sonhar com o morrer?
Homem –
E a quantidade de vida
Que há em cada coisa?
Como definir a quantidade
De vida
Que há
?
salamandra
Homem –
Onde posso parar
Onde é o onde?
Desde onde?
Tome o escuro sinta o escuro descendo pelo corpo
salamandra
Homem –
As coisas que me cegam
Me engolem
Um só gole de escuridão.
Cria
Cria
Cria
A criação
6
Entidade 2
Vim de visagem invictus subliminar entreiro do cume incólume das verdagens somas
incontáveis colores ouro e brilho de caldeira máxima e lava lúmina em transe câmara.
Cactos espinhos sombras bruxas barulhar ondíferas lama lamaçal levedura braços fermento
lácteo carne carnivesuraria carneversaria carneourives carníssimo soma em transe câmera.
Inventei
o entender.
Chumbo bomba bacte martelar azul martelar escuro martelar adequatio varredura areia
vidro areia olhos íris simetria rapto cópia cópia lumes ossos baixo cima espinha danças em
transe câmera.
Inventei
o sonho
Buza butirato estilóide ornitóbio rasgo orizívoro rasgo oriundo parole lívida lave silvana
soma tlípsia soma fanático soma em transe câmera.
Suguei espíritos
Vomitei movimentos.
Criei a criação.
Cerúmem vitae
homens homens mulheres mulheres
homensmulheres sêmen cores viscosidade cura
parasitar mundano parasitar
emsempresempre no quase lodo da dança soma em transe toque.
Sou
O que não esquece.
Aqueduto súmula conecta tumba hidra fibra de fibroso sopro sopro cinza transparência
casta transcendência vala maremoto marema maré maratro maranha marasmo
maravilhamento em transe transe.
Sou catástrofe.
insistência.
Pantomima pantofobia entraves fogos cores paredes divisões panteon egregora instancias
paisagens esquadros linhas luzes linhas lábaros seções
Sou a partícula
A explosão
E o nada
Sem nome
Sou o primeiro-último
Movimento.
7
(escuridão)