Você está na página 1de 26

Alexandre França

Grimorium
1

Mãe –
Pai, estou sozinho e sozinho quero morrer, sem que ninguém me ache, sem que ninguém
tenha sentimentos por mim, pois não encontro mais sentido em existir, o Senhor consegue
me entender? Quando foi que o Senhor criou este sentimento, este sentimento de não
existir? Por que me criar para que eu sentisse agora este sentimento? Não há mais nada a
ser feito

Deus, ajude a encontrar meu filho. Deus, me ajude

Onde estão os meus? Perdi minha família


Nunca fui nada. Não descobri minha vocação para a vida. Isto tudo é culpa sua, Pai.

Um segundo para respirar e entender por que ela não me ama, Deus.

Então é isto: um grande deserto de angústia e desespero.

MATE ELE, DEUS! MATE ENQUANTO É TEMPO!


E se conseguíssemos lembrar do tempo em que éramos felizes?

A felicidade não existe.


O Senhor não criou a felicidade.
A felicidade é para idiotas.
E se o Senhor me ajudasse a comprar um carro zero?

Onde encontramos
O desespero que irá
Nos redimir.
Para onde ir depois de se matar um homem.
Não haverá salvação, Pai.
Me dê dinheiro.
A única coisa que vale a pena neste mundo
Ela havia matado aquele cachorro, não eu. Não coloquei agulhas nos olhos daquele animal,
ela deve sofrer a mesma coisa, pois já sofri o suficiente ao ver aquele animal agonizar.
ONDE ESCONDEU MINHA ARMA!?

Sempre guardamos dinheiro para estes dias difíceis, e agradecemos a Deus por tudo o que
tem feito por/
PÁRA DE CHORAR!
Você escolhe: quer que eu comece chupando?
Não há dívida maior do que a dívida divina!
Ouça o barulho da chuva: é Deus lamentando a existência.
SEU RETARDADO! DEUS TEM VERGONHA DE VOCÊ, SABIA?

Tenho fome, Pai!


Me dê dinheiro para comprar comida!
Você só liga para o dinheiro! Eu não me importo com nada disso, só Deus sabe o quanto eu
não me importo com toda esta merda!

Não perca o seu tempo rezando.


Quero as duas. Uma de cada lado
Obrigado, Deus!
O sexo leva ao caminho dos céus.
E se a gente comesse a carne destas crianças?
Pare com estas brincadeiras!
Pare de blasflemar!
Sua penitência será duas aves marias/
Nunca mais coloque o dedo no nariz!
Respeite seu pai!
Ouça: o barulho do fim tem gosto de amêndoas.
Há muita coerência na existência de Deus!
Escuta o sonoro não dos céus!
Uma única vez eu te peço: pelo amor de Deus fique de quatro!
Onde encontramos o amor? Deus, onde encontramos o/
Ave maria, ela quer/
A chuva não para enquanto estivermos aqui dentro deste útero da santa mãe/
Renuncie a tudo! Por Deus!
E a vergonha: este teu corpo nojento, Deus!
Não use o nome de Deus em vão.
Lava divina derrete carne e sangue gordura humana/
Ouça a minha prece, Deus/
A luta não termina aqui: Deus não existe, o que existe somos/
Vamos mergulhar todos na piscina nova que Deus nos deu de presente!
A nossa presença já basta para o pai eterno!
A verdade não existe: é uma forma de adequação. Assim como Deus também/
Escuta aqui: onde foi que você guardou aquele nosso/
As nuvens lá no céu: não são um presente de Deus/

Ouça: o barulho do fim em nossas mãos: somos deuses/


Fica quieto: fica quieto: fica quieto ouça o som do fim

Meu filho, onde foi que eu errei, por Deus

Deus sabe o que eu passei com você


Ajude a encontrar meu filho, Deus
Senhor, ajude a encontrar

Meu filho, Jesus amado, meu filho


Meu filho
Meu filho
Meu

Deus
Sim com Deus em Deus por Deus em Deus quero e quero em nós em mim em todos cobre
agüenta dentro fala céus ele deus sobre sobre deus volta em vulva vulva vulva vulva-deus
vulva-ouro vulva-entorno lábios-deus em pele em sangra em ruge some com sem-ele nele
sobre sobre deus deus deus como como alá em volta em vão em deus naquele em sem em
vai em for em tão de deus de via láctea deus em várias deus em carmos somos vácuo deus/

(escuridão)

(um flash)

Adeus in deus com deus de Zeus em teus com deus de Zaios teus em teus famintos teus em
Tantra em colum em Hidra em fêmeas fêmeas deus deus deus finca luz cadencia libra em
luta deus via em dano em deus em tatos cubra suga soma deus em deus pontua carne em
carne em carne deus com deus em deus aqui

dentro.

AQUI
DENTRO

(escuridão)

(sons de uma criatura recém nascida chorando)


2

Homem –
Olhos azuis.
O céu o acompanha
Até a morte.

O meio-dia
revela cristalinas as idéias
No decorrer de seu percurso.

As cores da pele traço


No fogo do centro da terra

Para o rosto
a prata funda do fim.
Para as mãos
a força de um martelo
Para a mandíbula
a gravidade ao desenhar
a órbita do planeta

O que acha?

Mulher –
A mãe
Mulher impura
Jogada na vala

Esgoto a céu aberto

Olhos escuros
Trazem a certeza do espanto
E da covardia

Seu sexo
A gangrena da violência

Seu umbigo

Homem –
O umbigo dele?

Mulher –
Sim.
O umbigo deve sangrar
A cada quinze minutos.

Homem –
E seu umbigo sangrava
A cada quinze minutos.

Os braços cobras com mãos


No lugar das cabeças.

Escamas.

Mulher –
Escamas se desprendiam
De tempos em tempos

A mãe tinha dificuldade


Em amamentar o filho
Sangrava pelo umbigo
A cada quinze minutos

Homem –
veneno que as presas inoculavam.

Forjei presas no lugar dos caninos

Sua capacidade assassina


Se multiplicou com o passar dos anos.

Mulher –
E ele matou
Sua primeira vítima
Com apenas um ano de idade

Homem –
Criei esta vítima
A minha imagem e semelhança

Ele cresceu no pântano.


Os cheiros
Pútridos, úmidos, acres

A vítima não teve passado.

Mulher –
Obviamente.

Homem –
Mesmo uma vítima
Acumula passado em suas entranhas.

Mas este nasceu para não lembrar de nada

Mulher –
Assim como nós dois.

A mãe

Poderia ter um terceiro seio.

Homem –
Um homem amamentado por três seios.
Uma rocha alimentada pela areia dos ventos.

Um pênis e uma vagina.

Mulher –
Ela fez filhos em homens envaginados?

Homem –
Por que não?
Antes do nosso ser
Ela fez filhos
Nos homens que a idolatravam.

Mulher –
Ela ejacula? Produz sêmen?

Homem –
Um sêmen escuro e pegajoso
Como piche.

Já pisou alguma vez em piche?

Mulher –
Na praia
Criando um amante adolescente na areia.

Homem –
O pai
Um ciclope olho furta-cor
Com a pele de mosca varejeira.

Como a criatura que criei para lamber seu útero.

Mulher –
O pai
Se resignou à mãe.
Satisfez as suas vontades.

O pai
Deixou sua pele escorrer pelo lodo do pântano onde morava.

Homem –
O filho odiava o pai?

Mulher –
Não.
O filho não conheceu o pai.

Homem –
O filho conheceu o pai depois de adulto?

Mulher –
Não gere expectativas em si.
Não temos projeção alguma
Para idade tão avançada.

Homem –
Sabemos que o leite materno
Também escorria do pênis do pai.

Mulher –
Então...

Homem –
O pai poderia ter alimentado o seu filho com o seu leite.

Mulher –
Três seios e um pênis alimentando o nosso homem.
Um mar inteiro banhando uma humanidade.

Homem –
Comia insetos coloridos
Pela manhã
Mulher –
A mãe oferecia estes insetos.

Homem –
Não.
O pai caçava insetos coloridos no pântano de sua morada.
O pai recolhia os dejetos deixados pelo filho
Um regurgitador de asas e exoesqueletos.

Mulher –
O menino
Mastigava um dedo por dia
Durante o almoço

Homem –
E todos os dias
Este dedo crescia
E aumentava
E possuía ventosas nas pontas.

Mulher –
A mãe o ensinou.
Escalava paredes lisas
Impossíveis.

Homem –
O pai o ensinou.
A mãe definhou aos poucos
Com seu câncer
Explodindo em seus pulmões
De gesso.

Mulher –
A mãe não teve culpa
Da cegueira cinza
Tomando conta
Da criança/

Homem –
O céu não ficou cinza!

Não gosto da existência da mãe.

Criaremos uma nova mãe.

(escuridão)
3

Entidade 1

Agora-nada de nada invade-vox de cabeça-dentro de cabeça-suga.


Um átimo de sombra-sombra dentro-cave de caveira-vácuo.

Ah, eu te mostro

E arrebento a carne-cínea e arrebenta as chaves-peles dos olhos-bulbos


Cordas cordas embolando-laivo do dentro-fora do chão espesso.

Ensinei-inventei o matar
e matar-matar é a loxocele-lux do movimento-tempo.

Chama-oliveira em mão-aberta mão-fechada mão-nenhuma no soco-vento da lua minha

Paralisia-em-chamas
e cetro e mar mar mar cavalgando em braços ondas oceanos-olhos
Vila-vale-um só um infinito em infinitos ínfimos

Inventei de inventar o verbo


e movimentar-soturno das lamentações humanas

Agora mesmo mesmo antes mesmo atrás e através


Sonhos-pragas atravessam
a avenida-inferno que criei com os pés descalços

Radículas flâmulas do ouríssimo estrondo


Vidavida em via-vate de colores tombo

Ah, eu te mostro

E te coloco-loco a par do mastro-mar das origens-nunca


Oclusão de oclives leitos lábaros peitos de sado incesto.

Articulação de castas-castas entortando cascas das paragens


Incólumes

Chuva de chover buracos


Lodo de envolver enxames

Casa-vácuo de buracos-negros chama intensa da querela lacta


Deste que vos fala e cala-inflama
Gavela gauda-baticardia rastro do batizar-ventosa
Dobre redobre e mastigue
Coaxar noturno sibilar confuso do difuso músculo de gnose-riste

Cobaia clostro estólido


estofo lambédina lamba óbelo nuto quinha sêmola silvo tércia ilício frénite frínida colético

autólise ectima fleimão herbário-herbácio-placa


metágmico metábole mesórquio onóscelo retrátil samarra tarântula vulpina

Lívida lívida carrana notas

Particularidades-particulas dos dobramentos vivos das carnes-nuncas envoltas


na parca-altíssima nunca escoa do falo-falo invólucro dos invólucros.

Rasgo do rasgo do rasgo.

Lato de caçada cima do ribonbar volátil em sama-sama


cálito lontra-boca rádio vinco do estrondo lábio

As dobraduras necessárias

Os movimentos
Os encontros
E explosões necessárias

Eu ensino-apago-afago
Nas laquiaduras lúminas das plásticas fíbrias

Eu me espalho sendo

E contamino
4

(os siameses se parecem com HOMEM)

Siameses
- Deixa ver
- É importante tocar

Mulher –
Não tenho sensações
Crio
Apenas

Siameses
- Não diga “apenas”
- Vou mostrar como criar soprando ar quente no seu espírito

Mulher –
Você não pode me mostrar
Nada.
Nem espaço
Nem tempo

Espírito
Não existe

Siameses
- Posso te mostrar
- eletricidade.

Mulher –
A soma que sinto
Aqui
O estrondo que sinto
Aqui
Não pode ser
Culpa sua

Siameses
- Não?
- Quer que eu mostre a língua.

Mulher –
Ninguém possui línguas
Aqui.
A chama de espinhos definhando imagens

Siameses
- Quer a minha saliva
- Posso criar a saliva agora

- Posso criar o suor


- e os cheiros

- as bactérias
- das mucosas deles

Mulher –
Já não me interessa mais.
Nem os pelos
Nem a sujeira
Nem o pó
Do que restou
De alguém

Siameses
- Então você admite “alguém”
- Então você compara. Coloca uma coisa na frente da outra

explosão de sapos no mapa do fogo


- Você ainda pode olhar
- Você ainda é você.

- Você nega?
- Você acredita em alguma coisa?

Mulher –
Você está me confundindo
Você não está me confundindo
Siameses
- Confusão não faz parte deste mundo, lembra?
- De tanto falar você vai acabar virando carne.

Mulher –
Sangue
Um líquido vermelho cobre o ar

Siameses
- Então você sabe o que um dia escorreu
- Você pensa em dias. Você um dia passou por dias.

Mulher –
Sou a imagem
Daquilo que não existiu
Os que queimam sentem o sopro

Siameses
- Você é um espectro do que já existiu. Você nega?
- E quer criar seres por que? Arrependimento?

Ele criou a chuva para que coisas crescessem

Mulher –
Não conheço o arrependimento.
Só conheço
O que não foi pensado

Siameses
- Você conhece a mentira melhor do que qualquer um
- Eu sou uma das tuas mentiras.
Fabulação em tintas de ódio

Mulher –
Não há mentira aqui.

Siameses
- O que você se tornou?
- Nos quer agora?

- Devemos esperar o que?


- Quem?

- Queremos lhe mostrar algo.


- Admita o que você é.

- Queremos rasgar seu corpo para criar outro.


- Não é isto que você quer?

- Ou vai dizer agora que você não possui “querer”?


- Ou vai dizer agora que não pensou numa mãe?

- Você quer parasitar de novo, é isto?


- Podemos ajudar. Você lembra do que se trata esta ajuda?

- Podemos sentir você pensando.


- e nós reconhecemos esta energia.

- Nós reconhecemos o segundo do seu movimento.


- Vai me dizer agora que não se movimenta?
Quer destruir o movimento?

Cuspa o teu fogo


Cuspa a enchente

Mulher –
Energia.
Preciso criar algo parecido
Com energia.
Não existem semelhanças

O que enfia o que corta o que jorra


Um buraco

Siameses
- Hahahah
- Ela pensa em semelhanças!?

- Quer copiar o que?


- Então, além de possuir mentiras, você possui lembranças?

- Você deveria ter ultrapassado a cópia.


- Você não deve pensar por comparação

- Não deve buscar referências.


- Não deve lidar com iguais.

- Não existem pares.


- Não existem grupos.

- Não existem números.


- Quantificações.

- Isto faz parte deles.


- Isto faz parte deles.

- Você não deve criar uma linguagem


- Você não deve criar nada parecido com nada
nada é parecido com nada
os gafanhotos devoram a sua plantação

os gafanhotos transformaram o mundo num grande deserto cinza

O barulho do estômago do universo


Que grita que grita que grita
E descansa

Mulher –
Criei um vírus
Apenas

Siameses
- Você nos criou
- Você é um não-você

O que queima o que queima o que queima

-Você vislumbrou nossa forma e calabre calita


- Calamidade de calázio calaza

Mulher –
Criei um vírus

Some só some

Siameses
- escriba de falésia polpa
- de escória escora mascavo-mata

- De mandíbulas-víboras e foda-lava
- Reino molíbdico pseláfida prurido-lánguido

Mulher –
Não te reconheço.

Siameses
- Ruídos radículos de quebrantar rechã
- Invólucro intrário da cova-cova da colecistite Hera

Mulher –
E não quero
Te reconhecer.

Siameses
- parole-parole
- ludicum criare
5

(a mulher de três cabeças se parece com MULHER)

Mulher de três cabeças


- soubemos que criar
- há criadores muito não há mais
- regras contra?

- regras?
- Em há todo regras em mundo mundo.
- estamos nós não num mundo.

- não vocês sabiam os são únicos?


- estamos desenvolvendo dedos, dedos especiais.
- não como eles.

- o que querem saber de criamos?


- idéia uma de temos tempo.
- uma mas não idéia temos espaço deste.

Homem –
Desprezo

Mulher de três cabeças


- Desprezo?
- desprezo o quem criou?
- O pai deste que nos fala?

Homem –
Como conseguiu me alcançar?

Mulher de três cabeças


- meio de processo um.
- um criar novo espaço
- nos outros de aproxima espaços.

Homem –
Não temos espaço próprio.

Mulher de três cabeças


- Seu criador.

Homem –
Não fomos criados.
Mulher de três cabeças
- nisto acredita?
- crédulo Ele:
- e estúpido.

Homem –
Pare de/

Mulher de três cabeças


- De esconder apresentar de tanto entendo
- Em lugar algum de faço faço
- E agora fim enquanto tempo-teimo

Homem –
Há passagens.
Lugares não criados.
O tempo é inabalável.

Mulher de três cabeças


- Não pensar de pensar nenhum
- Aquilo move
- E o que nos alimenta?

Facas cortes pincéis línguas lâminas serras

Homem –
Se não criamos
Adormecemos.

Mulher de três cabeças


- O que você é?
- Quer você quer?
- Quantos teus e eus nos suportam tanto aqui?

Homem –
A continuação nos alimenta.
Não vejo fluxo para um espaço outro.

Mulher de três cabeças


- Não como continuar como suma
- Do início sem início inicio e faleço
- Crie a partir da continuação nunca

Vício sempre eterno rotina de continuação a continuação


Homem –
A mãe/
Mulher de três cabeças
- Ingênuo.
- Não devemos em mãe
- Sumimos para melhor depender.

Homem –
Quem alimenta
O que acontece
Depois?

Sem fluxo
Não vejo espaço

Súmula conta luta caçada plano geometria traços

Mulher de três cabeças


- O instante deve cedro
- Em onze onze húmus
- Servir de cérebro

- Coisa de pilhar em sangue


- E dissimular o próximo e o anterior
- De quem em quem parece tudo

Homem –
Não entendo o homem
A não ser pelos seus próprios
Olhos
Ver ver ver ver ver ver

Mulher de três cabeças


- Preto em oblivium soma
- Gen em gen por gen
- Nada deverá em nada de nada deverá.

Homem –
Não entendo a célula
Sem sentir
O movimento

Cala esquece dorme some encolhe implode

Pingo a pingo do sangue


no rosto de um infinito
Homem –
Reconheço sim
O grito

Mulher de três cabeças


- Vem de unir por dentro
- Vem súmula dança
- Vem um deus sem olhos

Homem –
Posso pensar que posso morrer
Posso sonhar com o morrer?

A carne exposta desta criação que não suporta


Aparecer e ser estaticamente
Nesta sua cara

Corcéis a caça corre corre e desmata a mata de sua criação insossa

Homem –
E a quantidade de vida
Que há em cada coisa?
Como definir a quantidade
De vida
Que há
?
salamandra
Homem –
Onde posso parar
Onde é o onde?
Desde onde?
Tome o escuro sinta o escuro descendo pelo corpo
salamandra

Homem –
As coisas que me cegam
Me engolem
Um só gole de escuridão.

As instalação que não para de desenhar coagulações em nossas idéias


As violações que se acumulam aqui dentro
Aqui por aqui sempre aqui

Onde posso movimentar um universo


com toda esta eletricidade

Rejeitamos esta soma de contrastes


Homem –
E se não houvesse contrastes?
Mulher de três cabeças
- Hahahah
- Digno de sempre falos
- Quem contrastes ama?

- Escuta deles lida


- Há lava nossa em pés
- há gozo nosso em mãos

- Quem poderá saber?


- Esqueça esquecimento branco
- Caras lutas vão

- Em mata lúmen lama


- Sutura da sutura
- Fuga da fuga em fuga
Simulação instantânea

Prende a respiração dentro deste fosso de esquecimento

Simulação nos pulmões


Deles deles deles

Luta contra luta contra luta contra luta

As escavações das artérias do espaço


Lavagens de nada
Buracos negros
Todos os buracos negros
Dentro-aqui-agora

Os deuses que dançam nestas cabeças que voam

A cor que não existe


Cria

A forma que não existe


Cria

O som que não existe


Cria

O deus que não existe

Cria
Cria
Cria
A criação
6

Entidade 2
Vim de visagem invictus subliminar entreiro do cume incólume das verdagens somas
incontáveis colores ouro e brilho de caldeira máxima e lava lúmina em transe câmara.

Entendo o espero e o tempo que não-tempo dentro


do nada

Cactos espinhos sombras bruxas barulhar ondíferas lama lamaçal levedura braços fermento
lácteo carne carnivesuraria carneversaria carneourives carníssimo soma em transe câmera.

Cansaço cronos cansaço sonos.

Inventei

o entender.

Chumbo bomba bacte martelar azul martelar escuro martelar adequatio varredura areia
vidro areia olhos íris simetria rapto cópia cópia lumes ossos baixo cima espinha danças em
transe câmera.

Inventei
o sonho

Buza butirato estilóide ornitóbio rasgo orizívoro rasgo oriundo parole lívida lave silvana
soma tlípsia soma fanático soma em transe câmera.

Suguei espíritos
Vomitei movimentos.

Fantasma fantasmacópio fanta fania fantasmagoria fanfreluche luz falseta varredura de


lugar lugar.

cetrarina curare acetona cianureto álcool


mortificare automutilação matar enterrar esquecer obliterar contar contar
parole eternum em transe câmera.

Criei a criação.

Cerúmem vitae
homens homens mulheres mulheres
homensmulheres sêmen cores viscosidade cura
parasitar mundano parasitar
emsempresempre no quase lodo da dança soma em transe toque.
Sou
O que não esquece.

Aqueduto súmula conecta tumba hidra fibra de fibroso sopro sopro cinza transparência
casta transcendência vala maremoto marema maré maratro maranha marasmo
maravilhamento em transe transe.

Sou catástrofe.
insistência.

Dexiocardia dextante dextra de devorar em vora em vera


dia diabásio desvanecer
hemateína lipiria
braços pernas troncos
dedos dedos troncos raízes limo lodo lama

Quem? Quem? Quem?


Nunca antes, nunca depois, nunca agora
Um ponto. A luz. O que me vem. O segundo. O último. O primeiro. O meio, meio do meio
e meio.

Pantomima pantofobia entraves fogos cores paredes divisões panteon egregora instancias
paisagens esquadros linhas luzes linhas lábaros seções

Um gen. O meio. A ilusão.

Sou a partícula
A explosão
E o nada
Sem nome

Sou o primeiro-último
Movimento.
7

(um olho não-humano se abre lentamente ao fundo)

(escuridão)

Você também pode gostar