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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL N° 291.099 - PR (2000/0128106-2)

RELATOR : MINISTRO CARLOS ALBERTO MENEZES


DIREITO
R. P/ACÓRDÃO : MINISTRO ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO
RECORRENTE : CHEMAG AKTIENGESELLSCHAFT
ADVOGADO : JAQUELINE LOBO DA ROSA FERRAZ E OUTROS
RECORRIDO : ACEPLAST INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE
PLASTICOS LTDA
ADVOGADO : ANA CRISTINA DE SOUZA DIAS FELDHAUS E
OUTROS

EMENTA

Processo Civil. Execução. Exceção de pré-executividade. Cártula em


língua estrangeira. Falta de tradução juramentada. Saneamento. Abertura de
prazo. C. P. C., art. 616.
I - Em vista da instrumentalidade das formas, cumpre ao juiz abrir
prazo para sanar a falta de tradução juramentada que deveria acompanhar o
título apresentado à execução. Ofensa ao art. 616 do C. P. C. caracterizada.
II - Recurso especial conhecido e provido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima


indicadas, acordam os Ministros da TERCEIRA TURMA do Superior Tribunal
de Justiça, prosseguindo o julgamento, após o voto-vista da Sra. Ministra
Nancy Andrighi, por maioria, vencido o Sr. Ministro Carlos Alberto Menezes
Direito, conheceu do recurso especial e deu-lhe provimento. Lavrará o acórdão
o Sr. Ministro Antônio de Pádua Ribeiro.
Votou vencido o Sr. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito.
Votaram com o Sr. Ministro Antônio de Pádua Ribeiro os Srs. Ministros
Nancy Andrighi, Castro Filho e Ari Pargendler.
Brasília, 27 de novembro de 2001 (Data do Julgamento).

Ministro Ari Pargendler


Presidente

Ministro Antônio de Pádua Ribeiro


Relator

Documento: IT26841 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 25/02/2002 Página 1 de 21
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RECURSO ESPECIAL N° 291.099 - PR (2000/0128106-2)

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO:


Chemag Aktiengesellschaft interpõe recurso especial, com fundamento
na alínea a) do permissivo constitucional, contra Acórdão da Quarta Câmara
Cível do Tribunal de Alçada do Estado do Paraná, assim ementado:
"EXECUÇÃO - CAMBIAIS - DOCUMENTOS REDIGIDOS EM LÍNGUA
ESTRANGEIRA - AUSÊNCIA DE TRADUÇÃO - ART. 157 - CPC - AGRAVO RETIDO
- INTERPOSIÇÃO APÓS CONTRA-RAZÕES - NÃO CONHECIMENTO -
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - ART. 20, § 4°, CPC - MANUTENÇÃO DA
DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU.
IMPROVIMENTO DOS RECURSOS" (FLS. 187)
Opostos embargos de declaração (fls. 200 a 203), foram rejeitados (fls.
210 a 213).
Alega a recorrente afronta aos artigos 585, inciso I, e 586 do Código de
Processo Civil, tendo em vista que a execução é fundada em letras de câmbio,
títulos executivos extrajudiciais formalmente perfeitos, hábeis para embasar a
ação.
Sustenta afronta ao artigo 157 do Código de Processo Civil, na medida
em que a juntada de documento em língua estrangeira, sem a devida tradução,
não é suficiente para ensejar a nulidade do processo executório.
Aduz que restou violado o disposto no artigo 616 do Código de
Processo Civil, haja vista que o Juiz singular, verificando a ausência de
documento essencial para o prosseguimento do feito, não poderia ter
indeferido a inicial mas, tão-somente, ter aberto prazo para o ora recorrente
sanar as irregularidades apontadas.
Conclui, destacando negativa de vigência aos artigos 791, inciso III, e
793 do Código de Processo Civil, já que a não localização de bens do devedor
passíveis de penhora conduz à suspensão do processo de execução, o qual,
nesta situação, não poderia ter sido extinto.
Contra-arrazoado (fls. 243 a 270), o recurso especial (fls. 215 a 233)
não foi admitido (fls. 280 a 286).
Provido agravo de instrumento, determinou-se sua conversão em
recurso especial (fls. 366).
Aponta dissídio jurisprudencial.
É o relatório.

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RECURSO ESPECIAL N° 291.099 - PR (2000/0128106-2)

VOTO VENCIDO

O EXMO. SR. MINISTRO CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO:


A recorrente ajuizou execução de títulos extrajudiciais (cambiais) no
valor total de US$ 1.311.380, 00. A empresa executada apresentou exceção de
pré-executividade, que foi acolhida. O Tribunal de Alçada do Paraná manteve a
sentença. Considerou o Acórdão recorrido que a inicial está instruída com
cambiais em língua estrangeira, desacompanhadas de tradução firmada por
tradutor juramentado, com violação ao art. 157 do Código de Processo Civil, "já
que a expressão monetária neles impressa (dólar) revela estipulação de
pagamento em moeda estrangeira. Portanto, a simples vinculação do
pagamento em dólar (moeda estrangeira) de obrigação exeqüível no Brasil não
só é vedada, como também, é declarada nula por lei".
O que o especial pretende é a viabilidade da execução dos títulos em
moeda estrangeira e a possibilidade de sanar eventual defeito na
documentação apresentada com a inicial.
O fundamento do Acórdão recorrido é o de que os títulos em execução,
emitidos em moeda estrangeira, estavam sem a devida tradução.
Corretamente foi manifestada pela executada a exceção de pré-executividade,
acarretando a extinção do processo, sem o julgamento do mérito porque os
títulos não estavam perfeitos para a execução.
Não creio que mereça reforma a decisão recorrida. Foram
apresentados títulos para execução em língua estrangeira, deles constando
valor em dólar, sem as devidas tradução e conversão. O momento próprio para
apresentação da tradução e da conversão era o do ajuizamento, podendo o
interessado, em tal caso, imediatamente, opor a exceção de pré-executividade
pela ausência de condições dos títulos exeqüendos, não havendo em tal
decisão qualquer violação a nenhum dispositivo de lei federal. É nessa direção
o comando do art. 157 do Código de Processo Civil. É nessa direção, também,
precedente desta Corte, Relator o Senhor Ministro Waldemar Zveiter, ao
decidir que o "Código de Processo Civil reconhece a total validade do título
executivo extrajudicial, oriundo de país estrangeiro, ao qual empresta força
executiva. Todavia há de ser o título traduzido para a língua nacional,
convertendo-se o valor da moeda estrangeira em cruzeiro, no ato da
propositura da ação, posto que é nulo de pleno direito o título que estipule o
pagamento em moeda que não a nacional" (REsp n° 4.819/RJ, DJ de
10/12/90).
Por outro lado, oposta a exceção de pré-executividade não cabe ao
Juiz determinar que a exeqüente encaminhe a documentação apropriada, mas,
sim, apreciar o pedido de imprestabilidade dos títulos para a execução
pretendida. O certo é que nestas circunstâncias, antes de traduzidos, os
documentos não poderiam ser apresentados como títulos hábeis para a
execução.
Documento: IT26841 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 25/02/2002 Página 3 de 21
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Quanto ao resto, incluída a suspensão do processo por falta de bens, o
Acórdão recorrido afirmou que não consta dos autos a mencionada suspensão,
o que é suficiente para derrubar a objeção.
O dissídio, diante do cenário descrito, não pode seguir adiante.
Eu não conheço do especial.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA

Número Registro: 2000/0128106-2 RESP 291099 / PR

PAUTA: 17/04/2001 JULGADO: 17/04/2001

Relator
Exmo. Sr. Ministro: CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO

Presidente
Exmo. Sr. Ministro: ARI PARGENDLER

Subprocurador Geral da República


Exmo. Sr. Dr.: HERINQUE FAGUNDES

Secretária
Bela: SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSO

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : CHEMAG AKTIENGESELLSCHAFT


ADVOGADO : JAQUELINE LOBO DA ROSA FERRAZ E OUTROS
RECORRIDO : ACEPLAST INDUSTRIA E COMERCIO DE PLÁSTICOS LTDA
ADVOGADO : ANA CRISTINA DE SOUZA DIAS FELDHAUS E OUTROS

SUSTENTAÇÃO ORAL

Sustentaram oralmente, o Dr. Jurandir Fernandes de Souza, pelo recorrente


e, o Dr. Romualdo Poese, pelo recorrido.

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA ao apreciar o processo em


epígrafe, em sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Após os votos dos Sr. Ministro Relator e da Sra. Ministra Nancy Andrighi, não
conhecendo do recurso especial, solicitou vista o Sr. Ministro Pádua Ribeiro, aguarda o
Sr. Ministro Ari Pargendler. "

O referido é verdade. Dou fé.

Brasília, 17 de Abril de 2001

SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSO

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RECURSO ESPECIAL N° 291099 - PR (2000/0128106-2)

EMENTA: Processo Civil. Execução. Exceção de pré-executividade. Cártula


em língua estrangeira. Falta de tradução juramentada. Saneamento. Abertura de
prazo. C.P.C., art. 616.
I - Em vista da instrumentalidade das formas, cumpre ao juiz abrir prazo
para sanar a falta de tradução juramentada que deveria acompanhar o título
apresentado à execução. Ofensa ao art. 616 do C.P.C. caracterizada.
II - Recurso especial conhecido e provido.

VOTO-VISTA

O EXMO. SR. MINISTRO ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO:


Pedi vista destes autos após o voto do ilustre Relator, no sentido de
não conhecer do recurso, no que foi acompanhado pela Ministra Nancy
Andrighi. A sua fundamentação acha-se bem resumida na ementa que o
encima:
"Execução. Títulos em língua estrangeira. Ausência de tradução. Exceção de
pré-executividade. Precedente da Corte.
1 . Os títulos em língua estrangeira e com valor em dólar, sem as devidas
tradução e conversão, não servem para instruir a execução.
2 . Apresentada a exceção de pré-executividade deve o Juiz decidi-la, não
cabendo, em tal situação, deferir prazo para o aperfeiçoamento dos títulos em
execução.
3 . Recurso especial não conhecido."
Com a devida vênia do eminente relator, penso que o recurso merece
prosperar em vista da instrumentalidade das formas. Certo é que a tradução
juramentada do documento é indispensável ao prosseguimento da execução
em tela, entretanto a sua falta não impossibilita a abertura de prazo para o
devido saneamento. Ao analisar o art. 616 do Diploma Processual Civil, o
Desembargador Araken de Assis elucida a questão:
"O art. 616 emprega duas expressões, uma em sentido amplo e outra em
sentido restrito. Desacompanhada a inicial de documentos indispensáveis (art. 293) - a
exemplo do título executivo, da prova do inadimplemento, da procuração, da prova do
oferecimento da contraprestação, e, principalmente, da planilha (art. 614, II) -, ela se
revela, à primeira vista, incompleta. Em tal contingência, caberá ao juiz, antes de
indeferi-la, abrir prazo para correções, 'em proveito da função instrumental do
processo.' " (Manual do Processo de Execução, Assis, Araken de, 6a ed., São Paulo,
Ed. Revista dos Tribunais, 2000, pág. 339).
Sendo possível a concessão de prazo para juntar o próprio título
executivo, não há como recusar a mesma providência para o caso da tradução
juramentada da cártula. Frise-se, ainda, que a extinção da execução não
enseja a supressão do direito material vinculado às letras de câmbio, sendo
facultado ao exeqüente ingressar novamente em juízo para reaver seu crédito.
Ora, isso constituiria em dupla e desnecessária oneração do aparato
jurisdicional a ferir de morte o princípio da economia processual. Princípio
valioso para uma Justiça sobrecarregada como a que presenciamos nos dias

Documento: IT26841 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 25/02/2002 Página 6 de 21
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de hoje.
No mesmo sentido, o voto do eminente Ministro Sálvio de Figueiredo
Teixeira no Resp 9.031-MG, publicado no DJ de 30.3.1992, do qual extraio o
seguinte excerto:
"A circunstância dos 'indispensáveis' não acompanharem a inicial nem por
isso importa em imediato indeferimento desta, devendo o magistrado ensejar o
suprimento através da diligência prevista no art. 284, CPC, preservando a função
instrumental do processo, em prejuízo do formalismo excessivo. Neste sentido, o Resp
5238-SP (DJ de 25.02.91), também desta Turma, julgado em 18.2.91"
Com a mesma orientação o decidido por esta Turma, ao julgar o Resp
n° 16.558, da relatoria do Ministro Nilson Naves. Eis a sua ementa:
"O simples fato da petição inicial não se fazer acompanhada dos
documentos indispensáveis à propositura da ação de execução, não implica de pronto
seu indeferimento. Neste caso, cumpre ao Juiz, verificando tal vício ou irregularidade,
determinar a diligência contemplada no art. 616 do CPC, pena de indeferimento, em
proveiro da função instrumental do processo. " (DJU de 18.05.92).
Em conclusão, pois conheço do recurso especial e dou-lhe provimento.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA

Número Registro: 2000/0128106-2 RESP 291099 / PR

PAUTA: 17/04/2001 JULGADO: 16/08/2001

Relator
Exmo. Sr. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO

Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro ARI PARGENDLER

Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. ARMANDA SOARES FIGUEIREDO

Secretária
Bela SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSO

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : CHEMAG AKTIENGESELLSCHAFT


ADVOGADO : JAQUELINE LOBO DA ROSA FERRAZ E OUTROS
RECORRIDO : ACEPLAST INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE PLASTICOS LTDA
ADVOGADO : ANA CRISTINA DE SOUZA DIAS FELDHAUS E OUTROS

ASSUNTO : TÍTULOS DE CRÉDITO - LETRA DE CÂMBIO

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA ao apreciar o processo em


epígrafe, em sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Prosseguindo o julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Antônio de
Pádua Ribeiro, conhecendo do recurso especial e negando-lhe provimento, pediu vista
o Sr. Ministro Ari Pargendler.

O referido é verdade. Dou fé.

Brasília, 16 de agosto de 2001

SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSO


Secretária

Documento: IT26841 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 25/02/2002 Página 8 de 21
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RECURSO ESPECIAL N° 291.099 - PR (2000/0128106-2)

VOTO-VISTA

EXMO. SR. MINISTRO ARI PARGENDLER:


"Chemag Aktiengesellschaft" - está dito no acórdão proferido pelo
Tribunal a quo, Relator o eminente Juiz Idevan Lopes - "propôs Execução de
Título Extrajudicial contra Aceplast Indústria e Comércio de Plásticos Ltda., que
oferece exceção de pré-executividade, sustentando, em síntese, que o
procedimento executório só pode ser provocado quando o credor já possuir
materialmente formado o título judicial ou extrajudicial" (fl. 191).
"Instruída a inicial com títulos redigidos em língua estrangeira" -
completou - "mas desacompanhados da tradução firmada por tradutor
juramentado, violado restou, efetivamente, o disposto no artigo 157 do C.P.C.,
já que a expressão monetária neles impressas (dólar) revela estipulação de
pagamento em moeda estrangeira" (fl. 192).
"É evidente que o vício praticado pela Apelante para a órbita deste
processo judicial é insanável, eis que não havia qualquer impedimento para
que ela produzisse a tradução dos documentos de fls. 08/14, antes da
propositura da ação" (fl. 195).
Nessa linha, foi mantida a decisão do MM. Juiz de Direito, que
indeferira a petição inicial.
Chemag Aktiengesellschaft interpôs recurso especial, de que o Relator,
Ministro Menezes Direito não conheceu.
"O momento próprio para apresentação da tradução e da conversão" -
disse Sua Excelência - "era o do ajuizamento, podendo o autor, em tal caso,
imediatamente, opor exceção de pré-executividade pela ausência de condições
dos títulos exeqüendos, não havendo em tal decisão qualquer violação a
nenhum dispositivo de lei federal. É nessa direção o comando do artigo 157 do
Código de Processo Civil".... "Por outro lado, oposta a exceção de
pré-executividade não cabe ao Juiz determinar que a exeqüente encaminhe a
documentação apropriada, mas, sim, apreciar o pedido de imprestabilidade dos
títulos para a execução pretendida. O certo é que nestas circunstâncias, antes
de traduzidos, os documentos não poderiam ser apresentados como títulos
hábeis para a execução".
A Ministra Nancy Andrighi seguiu essa trilha, mas o Ministro Pádua
Ribeiro divergiu, e sua posição me parece mais apropriada à espécie.
"Sendo possível a concessão de prazo para juntar o próprio título
executivo" - está dito no seu voto - "não há como recusar a mesma providência
para o caso da tradução juramentada da cártula".
Com efeito, o juiz não poderia ter autorizado a expedição da penhora,
estando incompleto o titulo executivo. Alertado do defeito, deveria ter intimado
o credor a corrigi-lo.

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Voto, por isso, no sentido de conhecer do recurso especial e de lhe dar
provimento para esse efeito.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA

Número Registro: 2000/0128106-2 RESP 291099 / PR

PAUTA: 06/11/2001 JULGADO: 18/10/2001

Relator
Exmo. Sr. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO

Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro ARI PARGENDLER

Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. ARMANDA SOARES FIGUEIREDO

Secretária
Bela SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSO

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : CHEMAG AKTIENGESELLSCHAFT


ADVOGADO : JAQUELINE LOBO DA ROSA FERRAZ E OUTROS
RECORRIDO : ACEPLAST INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE PLASTICOS LTDA
ADVOGADO : ANA CRISTINA DE SOUZA DIAS FELDHAUS E OUTROS

ASSUNTO : TÍTULOS DE CRÉDITO - LETRA DE CÂMBIO

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA ao apreciar o processo em


epígrafe, em sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Prosseguindo o julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Ari Pargendler,
conhecendo do recurso especial e dando-lhe provimento e, da retificação do voto do
Sr. Ministro Antônio de Pádua Ribeiro para conhecer do recurso especial e dar-lhe
provimento, resultou empate, devendo o julgamento ser renovado oportunamente. "
Participaram do julgamento os Srs. Ministros Nancy Andrighi, Antônio de
Pádua Ribeiro e Ari Pargendler

O referido é verdade. Dou fé.

Brasília, 18 de outubro de 2001

SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSO


Secretária

Documento: IT26841 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 25/02/2002 Página 1 1 de 21
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA

Número Registro: 2000/0128106-2 RESP 291099 / PR

NÚMERO ORIGEM: 199900653599

PAUTA: 06/11/2001 JULGADO: 06/11/2001

Relator
Exmo. Sr. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO

Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro ARI PARGENDLER

Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. HENRIQUE FAGUNDES

Secretária
Bela SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSO

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : CHEMAG AKTIENGESELLSCHAFT


ADVOGADO : JAQUELINE LOBO DA ROSA FERRAZ E OUTROS
RECORRIDO : ACEPLAST INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE PLASTICOS LTDA
ADVOGADO : ANA CRISTINA DE SOUZA DIAS FELDHAUS E OUTROS

ASSUNTO : Comercial - Títulos de Crédito - Letra de Câmbio

SUSTENTAÇÃO ORAL

Sustentaram oralmente, o Dr. Jurandir Fernandes de Souza, pela recorrente,


e o Dr. Romualdo Paese, pela recorrida.

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA ao apreciar o processo em


epígrafe, em sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Renovando o julgamento, após o voto do Sr. Ministro Carlos Alberto Menezes
Direito, não conhecendo do recurso especial, pediu vista a Sra. Ministra Nancy
Andrighi. "

Documento: IT26841 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 25/02/2002 Página 1 2 de 21
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Aguardam os Srs. Ministros Castro Filho, Antônio de Pádua Ribeiro e Ari
Pargendler.

O referido é verdade. Dou fé.

Brasília, 06 de novembro de 2001

SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSO


Secretária

Documento: IT26841 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 25/02/2002 Página 1 3 de 21
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RECURSO ESPECIAL N° 291.099 - PR (2000/0128106-2)

VOTO-VISTA
MINISTRA NANCY ANDRIGHI:

Cuida-se de Recurso Especial interposto por CHEMAG


AKTIENGESELLSCHAFT, com fundamento no art 105, III, letra "a", da
Constituição Federal, contra acórdão confirmatório da sentença que indeferiu a
petição inicial e extinguiu, sem julgamento do mérito, o processo de execução
fundada em título extrajudicial, tendo em vista que "a inicial foi instruída com
títulos redigidos em (íngua estrangeira, mas desacompanhados da tradução
firmada por tradutor juramentado, violando o disposto no artigo 157 do Código
de Processo Civil".
O acórdão recorrido está assim ementado:
"EXECUÇÃO - CAMBIAIS - DOCUMENTOS REDIGIDOS EM LÍNGUA
ESTRANGEIRA - AUSÊNCIA DE TRADUÇÃO - ART. 157 - CPC - AGRAVO RETIDO
- INTERPOSIÇÃO APÓS CONTRA-RAZÕES - NÃO CONHECIMENTO -
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - ART. 20, §4°, CPC - MANUTENÇÃO DA DECISÃO
DE PRIMEIRO GRAU.
IMPROVIMENTO DOS RECURSOS. "
Opostos Embargos de Declaração, foram estes rejeitados, nos termos
assim ementados:
"EMBARGOS DECLARATÓRIOS - OBSCURIDADE E OMISSÃO NO
ACÓRDÃO - INOCORRÊNCIA.
Não se constatando as alegadas obscuridades e omissão, nada há para ser
declarado, razão porque se impõe o não acolhimento dos embargos.
REJEIÇÃO DOS EMBARGOS. "
Sustenta o recorrente violação aos seguintes dispositivos federais: a)
arts. 585, I, e 586, ambos, do CPC - a execução se funda, no caso, "em letras
de câmbio que representam dívida líquida, certa e exigível", tendo sido
atendidos os requisitos de que o título "tenha sido emitido em acordo com a
legislação alienígena e que dele conste o Brasil como local de pagamento, e,
quanto à instrumentalização da execução nela fundada, que o credor converta,
para a moeda nacional, o seu valor, considerada a taxa de câmbio da moeda
estrangeira para a data da propositura da ação".
b) art. 157 do CPC - a ausência da tradução dos títulos de crédito não
"tem o condão de, por si, ensejar a nulidade do processo de execução (... )
porquanto não implica na ausência de documento essencial para a constituição
do direito, mas sim documentação complementar exigida para a melhor
compreensão da matéria em discussão";
c) art. 616 do CPC - ante a ausência da tradução juramentada das
letras de câmbio, não poderia o juiz indeferir a petição inicial e extinguir o
processo sem, antes, dar ao credor, ora recorrente, a oportunidade de sanar tal
irregularidade formal;
d) arts. 791, III, e 793, ambos, do CPC - o processo de execução, em
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razão da não-localização de bens penhoráveis, encontrava-se suspenso, pelo
que o juiz não poderia extinguir o processo, já que lhe era vedada "a prática de
providências outras que não as cautelares urgentes".
Houve renovação de julgamento por força do empate ocorrido na
sessão de 18/10/2001.
Em novo julgamento, o em. Min. Relator Carlos Alberto Menezes
Direito não conheceu do Recurso Especial nos seguintes termos:
"Foram apresentados títulos para execução em língua estrangeira, deles
constando o valor em dólar, sem as devidas tradução e conversão- O momento
próprio para a apresentação da tradução e da conversão era o do ajuizamento,
podendo o interessado, em tal caso, imediatamente, opor a exceção de
pré-executividade pela ausência de condições dos títulos exeqüendos, não havendo
em tal decisão qualquer violação ao nenhum dispositivo de lei federal. (... )
Por outro lado, oposta a exceção de pré-executividade não cabe ao Juiz
determinar que a exeqüente encaminhe a documentação apropriada, mas, sim,
apreciar o pedido de imprestabilidade dos títulos para a execução pretendida. O certo
é que nestas circunstâncias, antes de traduzidos, os documentos não poderiam ser
apreciados como títulos hábeis para a execução.
Quanto ao resto, incluída a suspensão do processo por falte de bens, o
acórdão recorrido afirmou que não consta a mencionada suspensão, o que é suficiente
para derrubar a objeção. "
Repisados os fatos, aprecio o Recurso Especial.
I - Arts. 157; 585, I; 586 e 616, todos, do CPC
Principia-se pelo exame da apontada contrariedade aos arts. 157; 585,
I; 586 e 616, todos, do CPC
No caso em exame, foi ajuizada execução de título extrajudicial
estrangeiro (letra de câmbio que incorpora o crédito decorrente de exportação
de mercadorias), redigido em língua estrangeira (inglês) e com estipulação de
pagamento em moeda estrangeira (dólares norte-americanos).
Impõe-se, inicialmente, ressaltar que o fato dos títulos executados
estipularem o pagamento em moeda estrangeira não acarreta a nulidade
prevista no art. 1o, do Decreto-lei n° 857/69, já que, por se referirem à
exportação de mercadorias, amoldam-se à exceção positivada no art. 2o
daquele mesmo diploma federal.
Ademais, conforme ressaltado pelo em. Min. Eduardo Ribeiro, por
ocasião do julgamento do REsp 36.120/SP, Rel. Min. Waldemar Zveiter, DJ
22/11/1993, "a nulidade só haverá de ser pronunciada quando resulte do
contrato não haver outra forma de cumprimento que o efetivo pagamento em
moeda estrangeira. Não assim quando haja menção a moeda estrangeira mas
sem prejuízo de que se proceda ao pagamento em cruzeiro, feita a
indispensável conversão. ".
A execução dos títulos estrangeiros, entretanto, não prescinde da
tradução destes para o vernáculo, nos termos do art. 157, do CPC, e da
conversão em moeda nacional dos valores deles constantes.
Oportuna se faz a referência ao escólio do doutrinador Araken de
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Assis:
"A supressão da exigência do joeiramento prévio, pelo Supremo Tribunal
Federal compele o credor a dois cuidados, além de propor a execução no foro
competente: traduzir o título da língua estrangeira (art. 157) e converter o título à
moeda nacional, segundo o câmbio oficial do dia do ajuizamento, o que não afeta a
liquidez, porque se trata de simples operação aritmética. "
(Comentários ao Código de Processo Civil, Rio de Janeiro, Revista dos
Tribunais, 2000. p. 180)
No que diz respeito ã exigência da conversão monetária, verifica-se
que esta restou atendida no caso em exame, conforme se verifica da petição
inicial, em que o credor-recorrente, pleiteou o pagamento da "importância
devida na forma do cálculo atualizado anexo", sendo que, em tal cálculo, os
valores constantes dos títulos foram convertidos "à taxa do dólar americano de
venda vigente para o dia 12.12.96".
O credor-recorrente, contudo, deixou de traduzir os títulos executados,
pelo que a sentença confirmada pelo acórdão recorrido indeferiu a petição
inicial, extinguindo o processo sem julgamento do mérito.
É certo que a ausência da tradução do título estrangeiro impossibilita a
pretendida execução, tal como a inexistência da conversão dos valores
constantes do título executivo em moeda nacional.
No entanto, necessário se faz perquirir a possibilidade de ensejar-se ao
credor-recorrente o atendimento da referida exigência formal, de maneira a
permitir a continuidade do processo de execução.
Conforme escólio de Humberto Theodoro Júnior, "na sistemática do
Código, o juiz não pode indeferir liminarmente a petição inicial, nem por defeito
de forma, nem por falta de documentos fundamentais. O legislador, por medida
de economia processual, determina que seja acolhida a petição, mesmo
deficiente, concedendo-se ao credor o prazo de dez dias para suprir a falha. Só
depois de ultrapassado esse prazo, sem as necessárias providências do
interessado, é que o juiz poderá indeferir a petição inepta (art. 616). " (Curso de
Direito Processual Civil, Vol. I, 25a Ed., Rio de Janeiro, 1998, p. 142).
Com efeito, dispõe o art. 616, do CPC, que "verificando o juiz que a
petição inicial está incompleta, ou não se acha acompanhada dos documentos
indispensáveis à propositura da execução, determinará que o credor a corrija,
no prazo de dez (10) dias, sob pena de ser indeferida. ".
Dessa forma, se na hipótese em que não se junta o próprio título
executivo - conforme exigido no art. 614, do CPC, cabe ao juiz ensejar a
emenda da petição inicial, igual medida se impõe no caso em exame,
devendo-se permitir que o credor-recorrente providencie a tradução do título
executado.
Tal entendimento prestigia os princípios da economia processual e da
instrumental idade do processo, estando em harmonia com o precedente de
seguinte ementa:
"PROCESSUAL CIVIL - EXECUÇÃO - DEMONSTRATIVO DO DÉBITO -
APLICAÇÃO DO ARTIGO 616 DO CPC - ABERTURA DE PRAZO PARA JUNTADA -
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PRECEDENTES.
I - O simples fato da petição inicial não se fazer acompanhada dos
documentos indispensáveis à propositura da ação de execução, não implica de pronto
seu indeferimento. Neste caso, cumpre ao Juiz, verificando tal vício ou irregularidade,
determinar a diligência contemplada no art. 616, do CPC, pena de indeferimento, em
decorrência da função instrumental do processo. Quando não o faz e o (ema é aferido
nos Embargos, anula-se a decisão para seu cumprimento.
II - Recurso conhecido e provido. "
(REsp 149.890/MG, Rel. Min. Waldemar Zveiter, DJ 09/04/2001)
Por fim, observe-se que a pretendida emenda da petição inicial é
possível mesmo após a citação e o oferecimento de defesa, em consonância
com o entendimento manifestado no julgamento do REsp 213.045/RJ, Rel. Min.
Felix Fischer, DJ 15/05/2000, ocasião em que se afirmou que "verificando o juiz
de primeiro grau a necessidade da juntada de determinada documentação
pelos autores, não há óbice para que seja dada oportunidade à emenda da
petição (art. 284 do CPC) após a citação da ré, de modo que o
descumprimento da diligência acarretará o indeferimento da inicial".
Destaque-se, outrossim, o precedente assim ementado:
"EXECUÇÃO FUNDADA EM TITULO EXTRAJUDICIAL. CUMPRE AO
CREDOR INSTRUIR A PETIÇÃO INICIAL COM O TITULO EXECUTIVO. MAS TAL
NÃO IMPEDE QUE O JUIZ DETERMINE SEJA JUNTADO O EXATO TITULO. APÓS
O DEVEDOR OPOR-SE A EXECUÇÃO POR MEIO DE EMBARGOS. AUSÊNCIA DE
PREJUÍZO. SEM A PROVA DE PREJUÍZO, NÃO SE DECLARA NULIDADE.
(... )"
(REsp 49.910/MS, Rel. Min. Nilson Naves, DJ 05/02/1996)
Assim sendo, a ausência da tradução dos títulos executivos não
importa em imediato indeferimento da petição inicial e extinção do processo,
devendo o juiz ensejar ao credor-recorrente a juntada de tal documento
indispensável à propositura da ação, nos termos do art. 616, do CPC.
II - Arts. 791, III, e 793, ambos, do CPC
Com relação à alegada violação aos arts. 791, III, e 793, ambos, do
CPC, o Tribunal a quo, em sede de Embargos de Declaração, afirmou, verbis:
"A questão objetada é atinente a suspensão ou não do procedimento de
Execução e não assiste razão a Embargante, porquanto, assim dispôs o acórdão as
fls. 168:
"Demais disso, não há que se falar em nulidade da sentença, em
virtude da suspensão do processo, que impediria o Juiz de praticar qualquer
ato. Não consta dos autos a mencionada suspensão por falta de bens da
devedora à penhora e sim, apenas, certidão do Sr. Oficial de Justiça que não
encontrou bens da executada sujeitos à constrição. Por óbvio, é mister que o
Magistrado analise a exceção que lhe foi submetida, para depois, se for o
caso, levar a Execução aos seus ulteriores termos. "
Por conseqüência, à óbvio que o processo não se encontrava suspenso,
pois, a respeito nada fora requerido pela parte exequente. Logo, perfeitamente cabível
a solução dada pelo d. Juízo de primeiro grau (... ). "
No caso, inexistiu pedido das partes de suspensão do processo e
tampouco foi prolatada qualquer decisão em tal sentido, de forma que o
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processo de execução não se encontrava suspenso. Assim, não há que se
falar na alegada violação aos arts. 791, III, e 793, ambos, do CPC.
Forte em tais razões, peço vênia ao em. Min. Rel. Carlos Alberto
Menezes Direito, para conhecer o Recurso Especial e dar-lhe provimento
parcial, ensejando ao ora recorrente a emenda da petição inicial, nos termos do
art. 616 do CPC.
É o voto.

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RECURSO ESPECIAL N° 291.099 - PR (2000/0128106-2)

RELATOR : MINISTRO CARLOS ALBERTO MENEZES


DIREITO
RECORRENTE : CHEMAG AKTIENGESELLSCHAFT
ADVOGADO : JAQUELINE LOBO DA ROSA FERRAZ E OUTROS
RECORRIDO : ACEPLAST INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE
PLASTICOS LTDA
ADVOGADO : ANA CRISTINA DE SOUZA DIAS FELDHAUS E
OUTROS

RENOVAÇÃO DE JULGAMENTO

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO CASTRO FILHO:


Sr. Presidente, basicamente, temos, na nossa sistemática processual
civil brasileira, três exceções: de incompetência do juízo, de impedimento do
juiz e de suspeição do juiz. Essa exceção de pré-executividade é uma inovação
criada pela doutrina, recentemente, com base, talvez, em alguma
jurisprudência.
De qualquer sorte, estou de acordo com o entendimento do Sr. Ministro
Antônio de Pádua Ribeiro. Em se tratando de questão de ordem pública, o juiz
pode e até deve tomar as providências para escoimar o processo, já no seu
nascedouro, de qualquer irregularidade. Pode até parecer mero
"processualismo" defender idéia contrária, de ser necessário o julgamento da
exceção. Entretanto, desde que entendida como procedimento incidental,
parece-me, data venia, que assiste razão ao Sr. Ministro Carlos Alberto
Menezes Direito. Há necessidade de uma decisão, que é interlocutória e
recorrível, claro, tanto que a questão está sendo submetida à apreciação.
Confesso que, pessoalmente, no momento, não sei qual seria a
melhor solução. Por se tratar de um incidente consagrado na prática forense,
quer na doutrina, quer na jurisprudência, o caso está a merecer um julgamento
ou simplesmente uma decisão integrativa do próprio feito executório, no
sentido de determinar-se a juntada aos autos principais do documento
imprescindível ao regular andamento da ação.
Peço, pois, vênia ao Sr. Ministro-Relator, para conhecer do recurso
especial e dar-lhe provimento a fim de emprestar maior agilidade à entrega da
prestação jurisdicional.

Ministro Castro Filho

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA

Número Registro: 2000/0128106-2 RESP 291099 / PR

NÚMERO ORIGEM: 199900653599

PAUTA: 06/11/2001 JULGADO: 27/11/2001

Relator
Exmo. Sr. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO

Relator para Acórdão


Exmo. Sr. Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO

Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro ARI PARGENDLER

Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. ARMANDA SOARES FIGUEIREDO

Secretária
Bela SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSO

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : CHEMAG AKTIENGESELLSCHAFT


ADVOGADO : JAQUELINE LOBO DA ROSA FERRAZ E OUTROS
RECORRIDO : ACEPLAST INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE PLASTICOS LTDA
ADVOGADO : ANA CRISTINA DE SOUZA DIAS FELDHAUS E OUTROS

ASSUNTO : Comercial - Títulos de Crédito - Letra de Câmbio

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA ao apreciar o processo em


epígrafe, em sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Prosseguindo o julgamento, após o voto-vista da Sra. Ministra Nancy
Andrighi, a Turma, por maioria, vencido o Sr. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito,
conheceu do recurso especial e deu-lhe provimento." Lavrará o acórdão o Sr. Ministro
Antônio de Pádua Ribeiro.
Votou vencido o Sr. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito.

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Votaram com o Sr. Ministro Antônio de Pádua Ribeiro os Srs. Ministros Nancy
Andrighi, Castro Filho e Ari Pargendler.

O referido é verdade. Dou fé.

Brasília, 27 de novembro de 2001

SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSO


Secretária

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