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Processo Civil 3

Aula 01 – 02/04

1ª Prova: 21/05
2ª Prova: 18/07

O duplo grau de jurisdição é uma espécie de imanência, de inerência humana,


pois há demonstrações dele no Código de Hamurábi e na Bíblia em diversos pontos.
Quando você se depara com um sistema que só tem um grau, dizemos que ele é
arbitrário, totalitário. Nós precisamos saber que temos uma segunda chance.
É daí que vem a necessidade do recurso. Mas o recurso deverá ser considerado
sempre em face de um determinado ordenamento jurídico. Eu não consigo formar um
conceito de recurso em todos os ordenamentos. Para conseguir um conceito
minimamente aceito eu preciso me concentrar em um ordenamento jurídico só. Portanto
vamos tentar achar o conceito de recurso segundo o ordenamento jurídico brasileiro.
Recurso não é remédio, ele não pode ter vocação farmacológica. Temos que
tentar caracterizar o recurso com base nas categorias jurídicas que conhecemos.
Segundo Miguel Reale o ônus é uma situação jurídica ativa. Ex: ônus de
contestar. Toda vez que eu não me desincumbo do meu ônus eu só deixo de assumir
uma posição de vantagem, e não vulnero o meu adversário. O recurso entra nesse
espaço. O recurso é um ônus que a parte ou terceiro tem e do qual pode se desincumbir
ou não.
Agora, o recurso é que tipo de ônus? A ideia do recurso é fazer o mesmo
caminho para chegar a outro resultado.
Algumas pessoas dizem que o recurso é um ônus, mas com as mesmas
características da ação. E ainda fazem algumas associações. Por exemplo: pressupostos
da ação e pressupostos de admissibilidade do recurso. Isso não está errado, mas isso
tudo não é necessário para que eu tenha um conceito de recurso.
Cassar é diferente de reformar a decisão. Essa é a primeira questão a ser
resolvida. Há um juízo de cassação e um juízo de reforma, mas não é só. Se o juiz deu
uma decisão incompleta, eu vou querer que o juiz integre a minha decisão,
esclarecendo-a. O recurso ora visa a cassação da decisão, ora visa a reforma da decisão
e ora visa o esclarecimento da decisão.
Há a possibilidade de recurso por pessoa que nem era parte? Sim, o terceiro
prejudicado pode. Artigo 499 do Código de Processo Civil. “O recurso pode ser
interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público”. Mas
há uma incompletude nesse artigo. É possível recorrer mesmo sendo a parte vencedora.
Recurso é o ônus processual atribuído à parte, ao terceiro prejudicado e ao MP,
com o objetivo de anular/cassar, rever ou integrar determinada decisão judicial, na
mesma relação processual. No caso brasileiro, o recurso sempre pressupõe que ainda
não tenha coisa julgada.
Essa é a primeira ideia que temos que ter de recurso.
O reexame necessário seria um ônus? O atual artigo 475 menciona que certo tipo
de demanda está submetido ao duplo grau de jurisdição obrigatório. Isso claramente não
é recurso, porque não há recurso de ofício. Já foi dito o que não é, mas o que seria
então? O professor Nelson Nery diz que esse recurso é apenas uma condição de eficácia
da sentença. O professor Amaury diz que é uma condição de integração da decisão e
não de eficácia (algo está completo, existe no mundo jurídico, falta só o carimbo do E).
Se fosse condição de eficácia, o tribunal só poderia carimbar positivamente. E é preciso
que haja um concurso de mais de uma vontade de órgãos diferentes para ela, a decisão,
ser completa. Isso não tem a ver com eficácia, tem a ver com integração.

Princípios que regem os recursos no Direito Brasileiro.

O primeiro é o princípio do duplo grau de jurisdição. Muita gente tenta discutir


se esse princípio está ou não encartado na Constituição. Artigo 5º, LV. Mas o duplo
grau não está expressamente, mas está na Constituição Federal. E muito mais está
quando começamos a ver a estrutura do poder judiciário a partir do artigo 92, porque é
sempre verticalizado. Todo princípio, menos os proibitivos, não pode ter caráter
absoluto. Porque ainda que eu acredite que o princípio é o do duplo grau, é preciso que
saibamos que alguma vez esse princípio pode ceder.
Outro princípio importante é o princípio da taxatividade. Só é recurso aquilo que
a lei federal disser que é recurso. Não existe recurso por analogia ou aproximação.
Artigo 496 do Código de Processo Civil. “São cabíveis os seguintes recursos: I -
apelação; II - agravo; III - embargos infringentes; IV - embargos de declaração; V -
recurso ordinário; VI - recurso especial; VII - recurso extraordinário; VIII - embargos
de divergência em recurso especial e em recurso extraordinário”.
Além desses, há o princípio da singularidade. Às vezes confundem isso com o
princípio da unirrecorribilidade. O princípio da singularidade diz que cada recurso é
único em relação à circunstância que se apresenta. Cada decisão tem seu recurso
próprio. Para cada situação temos um recurso específico.

Aula 02 – 04/04

Ainda há a considerar o princípio da fungibilidade. O código de 39 trazia


expressamente, desde que não houvesse má fé ou erro grosseiro. Apesar de não estar
expresso hoje, ele ainda está aí. Ele se impôs pela necessidade, porque nem sempre está
presente na cabeça nem dos advogados, nem dos juízes, nem dos tribunais, que recurso
é cabível em cada caso.
Outro princípio é o da voluntariedade. Significa que só recorre quem quer. Todo
recurso é voluntário. Não foi voluntário, não é recurso. Você pode renunciar o direito de
recorrer. Se você já interpôs o recurso você não renuncia mais, você desiste do recurso.
Também há o princípio da dialeticidade. Esse é um pouco mais delicado, até do
ponto de vista da prática profissional. Ele implica a necessidade do recorrente indicar as
razões pelas quais recorre. O recorrente tem que atacar a decisão que considera errada.
Isso é delicado porque não são raras as vezes que o advogado reitera e reafirma o que
foi colocado na petição inicial ou na contestação. Ele tem que pegar a decisão e com
base nela dizer porque acha que ela está errada.
Princípio da complementariedade. Vamos supor que eu tenha uma sentença
contra mim. Eu acho que a sentença é omissa. Mas o meu adversário também acha que
perdeu (sucumbência recíproca) e não acha que ela é omissa. Eu ingresso com embargos
de declaração e o meu adversário ingressa com apelação. Os embargos de declaração
tem aptidão para interromper os prazos na justiça comum, e nos juizados especiais, para
suspender os prazos. No julgamento dos embargos de declaração o juiz alterou um
pouco a parte dispositiva. Se essa alteração foi em meu favor, o princípio da
complementariedade autorizaria o meu adversário a continuar o recurso dele. Isso
acontece raríssimas vezes. Isso não seria um princípio, no máximo é uma exceção.
Outro princípio é o princípio da proibição da reformatio in pejus. O sujeito
quando recorre, ele recorre para melhorar a posição. Se ele recorre ele não pode ser
prejudicado pelo fato de ter recorrido. Entretanto esse recurso possui algumas
especificidades que precisam ser lembradas. Há um conjunto de matérias que podem ser
examinadas de ofício. É possível que eu recorra e quando a matéria chega ao tribunal o
tribunal fala que eu era desde o início parte ilegítima, por exemplo. Esse princípio não
impede o tribunal de apreciar matérias cognoscíveis de ofício pelo tribunal e que podem
me prejudicar.
Lembrar que o reexame necessário não é recurso e, portanto, essa proibição da
reformatio in pejus não caberia nesses casos. Mas a prática é diferente. Súmula 45 do
STJ proíbe a reformatio in pejus.

Para continuar a analogia com o direito de ação, a doutrina tem trabalhado com a
ideia de pressupostos processuais para os recursos também. E quais são eles?
Há os pressupostos intrínsecos e os extrínsecos. Os intrínsecos são relacionados
com o poder de recorrer: a legitimidade, o interesse, o cabimento do recurso e a
inexistência de fatos impeditivos ou extintivos do direito de recorrer. E os pressupostos
extrínsecos são a tempestividade, regularidade formal e o preparo.
O Nelson Nery adota essa mesma classificação, mas ele coloca a inexistência de
fatos… nos extrínsecos.
A legitimidade traz quem é parte legítima para recorrer. Isso está no artigo 499
do Código de Processo Civil. O MP recorre tanto quanto ele é parte como quando ele é
custos legis.
Tem interesse em recorrer aquele que precisa do recurso para obter uma posição
de vantagem que ainda não tem. Casamento do binômio: necessidade/utilidade.
Normalmente é quem perde, mas não necessariamente.
O cabimento do recurso. Há certas decisões judiciais que não conseguem
desafiar nenhu8ma espécie de recurso. Ex: despachos, que são de mero impulso
processual. Eu preciso de um decisão contra mim para que haja um recurso cabível
(singularidade). Além de saber que cabe um recurso, tenho que saber qual recurso que
cabe. Existe a fungibilidade, mas desde que não seja de má fé ou erro grosseiro.
Inexistência de fatos impeditivos ou extintivos do direito de recorrer. Não existe
uniformidade com relação a o que seja isso. Cada doutrinador vai definir de um jeito.
Mas a consequência prática para eles é a mesma, seja lá o que for extintivo ou
impeditivo. Diz-se que é fato impeditivo a renúncia do cidadão ao direito de recurso.
Depois ele quer mudar de ideia, isso não pode. Ou ele desistiu do recurso e depois quer
desistir da desistência, isso seria extintivo. Também se a parte concorda com a decisão e
depois quer recorrer (ex: é condenada a pagar e paga, e depois quer recorrer).
A renúncia ao direito de recorrer há de ser expressa. Não existe a possibilidade
teórica de renúncia tácita. Justamente porque é disponibilidade de direito.
Pressupostos extrínsecos. A tempestividade. Os prazos recursais são sempre
peremptórios. E em regra os prazos processuais recursais são aqueles enunciados no
artigo 508 do Código de Processo Civil. Mas há alguns recursos que vão ter prazos
diferenciados. E também é possível, em alguma circunstância que a peremptoriedade do
prazo seja mitigada, sobretudo nas hipóteses do artigo 183 do Código de Processo Civil.
Regularidade formal. O Código de Processo Civil diz que a forma é mera
perfumaria (princípio da instrumentalidade das formas). Mas quando se trata de recurso
o código é extremamente chato, dizendo tudo para que o recurso seja regular. O recurso
tem que ser escrito, com as razões de recorrer, pedir a revisão da sentença ou
invalidação. Ex: artigo 514 (apelação), artigo 523 (agravo retido), parágrafo 3 do 523
(agravo retido em audiência), artigos 524 e 525 (agravo de instrumento), artigo 544
(agravo). A regularidade formal é o acatamento dessas exigências formuladas pelo
Código de Processo Civil.
Preparo do recurso. O que é preparo? Pagamento, mas de que? Temos que
separar bem duas parcelas relativas ao pagamento de recursos. Existe o preparo e porte
de remessa e de retorno. Artigo 511 do Código de Processo Civil. se o sujeito não
procede ao procedimento do preparo diz-se que o recurso é deserto. O preparo engloba
o tributo processual e a outra coisa é a despesa com a remessa do processo que depois
vai ser pago aos correios.
Esses pressupostos recursais tem a mesma vocação dos pressupostos
processuais. Quando examinamos os artigos 265 e o 297, o juiz fazia um juízo de
admissibilidade e extinguia-se o processo sem julgamento do mérito (exceto prescrição
e decadência). Da mesma forma será com o recurso. Há um juízo de admissibilidade,
vocacionado ao exame dos pressupostos. Se presentes os pressupostos é que se passa ao
exame do mérito.
Observação: esses são pressupostos gerais cabíveis a qualquer recurso.
Dependendo do recurso podem haver pressupostos específicos, além dos gerais. Ex:
recurso extraordinário, recurso especial, entre muitos outros. A ausência de
pressupostos específicos também conduz à inadmissibilidade do recurso.
O Código de Processo Civil não fala em cassação/invalidação da decisão. Mas a
doutrina toda tem presente que uma coisa é cassação, outra coisa é revisão/reforma e
outra coisa ainda é a integração.
O juízo de admissibilidade tanto pode ser exercido no primeiro grau tanto como
no segundo grau. E um grau não vincula o outro. Quando eu apelo, eu apelo para o juiz
que proferiu a decisão que você quer afrontar. Depois disso o juiz faz um exame de
admissibilidade. Se você passar o juiz vai ouvir a outra parte e manda para o tribunal. O
recurso vai para uma turma e o relator vai fazer novo juízo de admissibilidade e o
desembargador pode decidir de maneira diversa no juízo de admissibilidade. Ele não
está vinculado ao primeiro juízo.
O juízo de mérito do recurso às vezes coincide com o mérito da ação, mas não
necessariamente.

Aula 03 – 09/04

Efeitos dos recursos

Os mais famosos, porém não únicos, são o efeito devolutivo e o efeito


suspensivo. O efeito devolutivo baseia-se em uma ideia que historicamente faz sentido,
entretanto hoje é difícil a compreensão se partirmos do etmo da palavra devolutivo. O
efeito devolutivo leva à transmissão da matéria ao tribunal superior. Mas há recursos
horizontais. Ex: embargos de declaração. Poderia se falar em efeito devolutivo aqui?
Uma boa parcela da doutrina diz que não se trata de efeito devolutivo, trata-se de efeito
de retratação ou efeito regressivo, que é para o mesmo órgão. Mas outra parcela da
doutrina ainda chama isso de efeito devolutivo.
Em regra, todo recurso vertical tem efeito devolutivo. Artigo 515 do Código de
Processo Civil: “A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria
impugnada”. Artigo 505: “A sentença pode ser impugnada no todo ou em parte”. Só vai
ser devolvida ao tribunal a parte que eu recorri.
Efeito suspensivo. Ele não é, rigorosamente, do recurso. Ele é um efeito da
recorribilidade ou da recursividade. O recurso tem um prazo. E mesmo antes de eu
recorrer, a outra parte não pode começar a me executar. A própria possibilidade de
recorrer gera o efeito suspensivo. O recurso vai estender esse efeito durante o seu curso,
caso seja interposto. Caso não seja interposto, esse efeito se encerra ao final do prazo
para recorrer.
Efeito substitutivo. Artigo 512: “O julgamento proferido pelo tribunal substituirá
a sentença ou a decisão recorrida no que tiver sido objeto de recurso”. O julgamento do
recurso tem efeito substitutivo somente na parte da sentença que foi objeto do recurso.
Só há uma sentença.
Efeito expansivo, que pode ser subjetivo ou objetivo. O subjetivo até faz sentido.
Artigo 509: “O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se
distintos ou opostos os seus interesses”. O subjetivo é com relação a sujeitos. Mas
quando se chega ao objetivo, é um pouco mais complicado. O objetivo teria o condão de
desconstituir até a coisa julgada (caso do agravo de instrumento examinado no STF e
com a sentença já transitada em julgado no primeiro grau). Seria a aptidão do recurso
para ultrapassar os limites do próprio recurso.

Recurso adesivo

O nome é errado. O Código de Processo Civil português o chama de recurso


subordinado. Qual é a ideia que isso traz? Em alguns momentos do processo pode
acontecer sucumbência recíproca, autor e réu são perdedores em partes diferentes da
sentença. Sem sucumbência recíproca não há possibilidade de recurso adesivo.
Artigo 500: “Cada parte interporá o recurso [o MP quando opera como custos
legis não é parte para os fins do recurso adesivo, assim como o terceiro prejudicado],
independentemente, no prazo e observadas as exigências legais. Sendo, porém, vencidos
autor e réu [sucumbência recíproca], ao recurso interposto por qualquer deles poderá
aderir a outra parte [eu não adiro ao meu adversário, eu recorro de outra parte da
sentença]. O recurso adesivo fica subordinado ao recurso principal e se rege pelas
disposições seguintes: I - será interposto perante a autoridade competente para admitir o
recurso principal, no prazo de que a parte dispõe para responder; II - será admissível na
apelação, nos embargos infringentes, no recurso extraordinário e no recurso
especial; III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal [daí se
dizer que é melhor chamar de subordinado, porque aqui ele segue o mesmo destino do
principal], ou se for ele declarado inadmissível ou deserto. Parágrafo único - Ao recurso
adesivo se aplicam as mesmas regras do recurso independente, quanto às condições de
admissibilidade, preparo [algumas vezes a condição da pessoa elimina a necessidade do
preparo – artigo 511, parágrafo único] e julgamento no tribunal superior”
Recurso adesivo cruzado. Suponha que no julgamento de um recurso de
apelação houve sucumbência recíproca. Eu acho que na minha parte há inconformidade
com a Constituição Federal e o meu adversário acha que houve inconformidade com a
lei. Eu poderia propor um recurso extraordinário adesivo ao recurso especial ou vice-
versa? O professor entende que sim porque, para ele, o STJ é só uma “costela de Adão”
do STF.

Aula 04 – 11/04

O efeito translativo diz que certas matérias que podem aparecer no recurso
devem ser examinadas pelo magistrado independentemente de provocação da parte, as
matérias cognoscíveis de ofício pelo juiz.

Recursos em espécie.

O primeiro recurso por excelência é o chamado recurso de Apelação. Se


quisermos estudar historicamente esse recurso, podemos dizer que a sua origem se dá no
período da Cognitio Extra Ordine, no Direito Romano, quando surge a Apellatio.
Naquela época ninguém poderia dizer que tinha um direito subjetivo à isso. Mas, sendo
ou não, direito subjetivo, o fato é que essas coisas se institucionalizam.
Como ela era uma súplica, ela envolvia tanto a possibilidade do rejulgamento,
quanto a querela nulitatis sanabile ou a insanabile (nulidade insanável ou nulidade
sanável). Algumas dessas coisas viraram hoje a ação rescisória e outras foram
incorporadas à Apellatio.
A apelação é um recurso de fundamentação livre. Contra eles se opões os
recursos de fundamentação vinculada.
Nos recursos de fundamentação livre você pode fundamentar da maneira que lhe
praza. Você pode apresentar tanto erros de procedimento e erros de julgamento. Há erro
de procedimento toda vez que o juiz aplica erradamente uma norma da qual ele é o
destinatário. Quando o tribunal se vê perante um erro de procedimento ele vai
invalidar/cassar a decisão. Quando ele se vê perante um erro de julgamento ele
revê/reforma a decisão.
Pela ordem, a parte deve apresentar primeiro os erros de procedimento e depois
os erros de julgamento.
Artigo 249: O juiz, ao pronunciar a nulidade, declarará que atos são atingidos,
ordenando as providências necessárias, a fim de que sejam repetidos, ou retificados. § 1º
- O ato não se repetirá nem se lhe suprirá a falta quando não prejudicar a parte. § 2º -
Quando puder decidir do mérito a favor da parte a quem aproveite a declaração da
nulidade, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato, ou suprir-lhe a falta.
No recurso de apelação não se pode trazer fatos novos, à exceção do disposto no
artigo 517 do Código de Processo Civil. Caso não haja força maior, eu não posso trazer
fatos novos na apelação.
Todos os recurso atendem a um mínimo de formalidade no Código de Processo
Civil.
Artigo 513: Da sentença caberá apelação (artigos 267 e 269).
Artigo 514: A apelação, interposta por petição dirigida ao juiz, conterá: I - os
nomes e a qualificação das partes [na prática o que acontece é que isso já está no
processo, só aparece quando a apelação é de terceiro prejudicado]; II - os fundamentos
de fato e de direito; III - o pedido de nova decisão [se o recurso vai ser parcial ou total,
o que você quer, mas para isso tenho que mostrar onde o magistrado errou na sentença].
No Direito brasileiro a ideia é sempre recorrer para quem proferiu a decisão.
Mas na prática o que acontece é que a apelação é proposta com duas partes, uma
dirigida ao juiz e a outra já dirigida ao tribunal.
Artigo 515: A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria
impugnada. § 1º - Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas
as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha
julgado por inteiro. § 2º - Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o
juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos
demais. § 3º - Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267),
o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de
direito e estiver em condições de imediato julgamento. § 4º - Constatando a ocorrência
de nulidade sanável, o tribunal poderá determinar a realização ou renovação do ato
processual, intimadas as partes; cumprida a diligência, sempre que possível prosseguirá
o julgamento da apelação.
Aula 05 – 16/04

Continuação do artigo 514. Inciso III. É o pedido de nova decisão que vai
indicar se o recurso é total ou parcial. E ainda vai marcar o efeito devolutivo. O efeito
devolutivo tem duas dimensões: horizontal e vertical. A dimensão horizontal é marcada
pelo pedido que aparece no recurso. Efeito devolutivo horizontal tem a ver com o que
foi deferido ao tribunal examinar. A dimensão vertical está no artigo 515. O vertical é o
grau de profundidade, até aonde pode o magistrado ir. O que ele pode investigar e
aprofundar.
Artigo 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria
impugnada. § 1º - Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas
as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha
julgado por inteiro. § 2º - Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o
juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos
demais. § 3º - Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o
tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de
direito e estiver em condições de imediato julgamento. § 4º - Constatando a ocorrência
de nulidade sanável, o tribunal poderá determinar a realização ou renovação do ato
processual, intimadas as partes; cumprida a diligência, sempre que possível prosseguirá
o julgamento da apelação.
Parágrafo 1: o tribunal vai julgar como se a sentença de primeiro grau foi
apresentada e não examinada pelo juiz.
Parágrafo 2: isso é claro quanto à apelação, mas não quanto ao Resp, por
exemplo, porque a apelação tem efeito devolutivo amplo.
Parágrafo 3: o tribunal cassa a sentença e já passa a examinar o mérito se a causa
estiver madura (se não precisar de produção de prova). Alguns dizem que isso é
supressão de instância e isso vulneraria o duplo grau de jurisdição e seria, portanto,
inconstitucional. Mas o professor não vê inconstitucionalidade nisso. Seria
inconstitucional se ainda precisasse de produção de prova e isso fosse feito pelo próprio
tribunal. Nesse caso o tribunal deve mandar voltar para o primeiro grau.
Parágrafo 4: o tribunal não precisa matar o processo. O tribunal, sempre que
possível vai salvar o processo. Princípio da instrumentalidade das formas. Isso só vale
para a instância ordinária.
Artigo 516: Ficam também submetidas ao tribunal as questões anteriores à
sentença, ainda não decididas. Tudo que ficou pendurado (questões incidentais) que o
juiz deveria decidir, o tribunal decide, a não ser que já tenha sido impugnado por agravo
de instrumento.
Artigo 517: As questões de fato, não propostas no juízo inferior, poderão ser
suscitadas na apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força
maior. É um agente externo que impede o cidadão de agir com a sua vontade livre.
Artigo 518: Interposta a apelação, o juiz, declarando os efeitos em que a recebe,
mandará dar vista ao apelado para responder. § 1º O juiz não receberá o recurso de
apelação quando a sentença estiver em conformidade com súmula do Superior Tribunal
de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal. § 2º Apresentada a resposta, é facultado ao
juiz, em cinco dias, o reexame dos pressupostos de admissibilidade do recurso.
Parágrafo 1 do 518 e artigo 285-A. Quando a matéria controvertida for
unicamente de direito e no juízo já houver sido proferida sentença de total
improcedência em outros casos idênticos, poderá ser dispensada a citação e proferida
sentença, reproduzindo-se o teor da anteriormente prolatada. Ex: uma ação aviada para a
sexta vara da JF. O magistrado, quando recebe a petição inicial aplica o 285-A, no
mérito. Aí a parte que perdeu apela. E o juiz disse que não recebe a apelação porque a
decisão já está em conformidade com os precedentes do tribunal e súmulas. Isso pode
violar o princípio do devido processo legal. Deve ser aplicado com certa parcimônia.
Parágrafo 2 do 518. A resposta são as contrarrazões. O juiz deve examinar as
contrarrazões e reexaminar os pressupostos de admissibilidade do recurso.
O preparo há de ser feito no curso do prazo para que a gente recorra. Artigo 511.
Mas o banco fecha antes de vencer o prazo para recorrer. Teoricamente eu posso
apresentar o comprovante do preparo até o primeiro dia útil depois. Hoje em dia já está
mais ou menos sedimentado esse posicionamento. Artigo 519: Provando o apelante
justo impedimento, o juiz relevará a pena de deserção, fixando-lhe prazo para efetuar o
preparo. Parágrafo único - A decisão referida neste artigo será irrecorrível, cabendo ao
tribunal apreciar-lhe a legitimidade. Lei 9289, artigo 14: na JF pode pagar até 5 dias
depois da interposição do recurso.
Em princípio a apelação é recebida no duplo efeito (devolutivo e suspensivo).
Mas há exceções. Artigo 520: A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e
suspensivo. Será, no entanto, recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de
sentença que: I - homologar a divisão ou a demarcação; II - condenar à prestação de
alimentos; III - julgar a liquidação de sentença; IV - decidir o processo cautelar; V -
rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes; VI - julgar
procedente o pedido de instituição de arbitragem; VII - confirmar a antecipação dos
efeitos da tutela.
Artigo 521: Recebida a apelação em ambos os efeitos, o juiz não poderá inovar
no processo; recebida só no efeito devolutivo, o apelado poderá promover, desde logo, a
execução provisória da sentença, extraindo a respectiva carta. Hoje não existe mais a
carta de sentença, hoje se tira cópias do processo, porque ele vai subir, e com as cópias
se promove a execução provisória da sentença.

Agravo

Recurso que hostiliza as decisões interlocutórias. Tem origem no Direito


Português, no período das primeiras ordenações do reino. Nós herdamos isso e só havia
isso em Portugal e no Brasil. E hoje, só no Brasil. Na origem, o agravo importante era o
agravo de instrumento.

Aula 06 – 18/04

Quando veio a lume o primeiro código de processo civil, que é o de 39, ele trazia
o agravo. Mas lá ele só cabia para determinadas situações. Não era qualquer decisão
interlocutória que desafiava um agravo.
O agravo de instrumento foi concebido para ser um recurso sem o efeito
suspensivo, para permitir que o processo continuasse normalmente. Os advogados
começaram a entrar também com mandado de segurança para atribuir o efeito
suspensivo ao agravo. Como já estava se dando esse efeito ao agravo de instrumento,
mudou-se a lei para permitir o efeito suspensivo em uma mudança legislativa a partir de
1995. Depois se percebeu que nem todo agravo pode ter efeito suspensivo. Hoje, o
agravo de instrumento diminuiu o seu espectro de aplicabilidade e a lei confere ao
titular da deliberação (relator) a possibilidade de dar ou não o efeito suspensivo.
Artigo 522. Das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de 10 (dez)
dias, na forma retida (é a forma principal hoje), salvo quando se tratar de 1decisão
suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de
2
inadmissão da apelação e 3nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida,
quando será admitida a sua interposição por instrumento. Parágrafo único - O agravo
retido independe de preparo.
Como vamos saber se a hipótese é de agravo retido ou de instrumento se essa
explicação do artigo 522 não é exaustiva? O que vai dizer para nós se cabe a
modalidade retida é sempre perguntando: lá na frente, quando ele for julgado, ele ainda
será útil? Outras vezes, em algumas situações específicas, o Código de Processo Civil já
diz que é caso de agravo de instrumento. De maneira geral, nos processos de execução,
o agravo deverá ser de instrumento.
Agravo retido fica nos autos do processo e não será examinado de forma
imediata.
Artigo 523: Na modalidade de agravo retido o agravante requererá que o tribunal
dele conheça, preliminarmente (primeiramente, não é preliminar), por ocasião do
julgamento da apelação. § 1º - Não se conhecerá do agravo se a parte não requerer
expressamente, nas razões ou na resposta da apelação, sua apreciação pelo Tribunal. §
2º - Interposto o agravo, e ouvido o agravado no prazo de 10 (dez) dias, o juiz poderá
reformar sua decisão. § 3º Das decisões interlocutórias proferidas na audiência de
instrução e julgamento caberá agravo na forma retida, devendo ser interposto oral e
imediatamente, bem como constar do respectivo termo (art. 457), nele expostas
sucintamente as razões do agravante.
Agravo retido sub conditionen. Um agravo que você só vai querer só se você for
perder.

Aula 07 – 23/04

Artigo 523 (continuação). O parágrafo 2 consagra o chamado juízo de retratação.


E quando há isso, o que acontece com o efeito devolutivo do recurso? Vamos entender o
efeito devolutivo sempre no caso concreto. Se o juiz se retrata, não faz sentido o efeito
devolutivo.
§ 3º Das decisões interlocutórias proferidas na audiência de instrução e
julgamento caberá agravo na forma retida, devendo ser interposto oral e imediatamente,
bem como constar do respectivo termo (art. 457 – termo de audiência), nele expostas
sucintamente as razões do agravante.
O agravo tem muitas formalidades. O artigo 524 e o 525 trazem algumas: O
agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal competente, através de
petição com os seguintes requisitos: I - a exposição do fato e do direito; II - as razões do
pedido de reforma da decisão; III - o nome e o endereço completo dos advogados,
constantes do processo.
Artigo 525: A petição de agravo de instrumento será instruída: I -
obrigatoriamente, com cópias da decisão agravada, da certidão da respectiva intimação
e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado (são
obrigatórias); II - facultativamente, com outras peças que o agravante entender úteis
(peças que possam contribuir de alguma forma). § 1º - Acompanhará a petição o
comprovante do pagamento das respectivas custas e do porte de retorno, quando
devidos, conforme tabela que será publicada pelos tribunais. § 2º - No prazo do recurso,
a petição será protocolada no tribunal, ou postada no correio sob registro com aviso de
recebimento, ou, ainda, interposta por outra forma prevista na lei local.
Artigo 526: O agravante, no prazo de 3 (três) dias, requererá juntada, aos autos
do processo de cópia da petição do agravo de instrumento e do comprovante de sua
interposição, assim como a relação dos documentos que instruíram o recurso. Parágrafo
único. O não cumprimento do disposto neste artigo, desde que arguido e provado pelo
agravado, importa inadmissibilidade do agravo.
Esse artigo imaginou um mecanismo que fizesse com que o juiz tomasse
conhecimento que no tribunal tem um agravo de instrumento contra decisão dele, para
possibilitar o juízo de retratação, possível obviamente no agravo retido.
Artigo 527: Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído
incontinenti (agora), o relator: I - negar-lhe-á seguimento, liminarmente, nos casos do
art. 557 (poderes do relator); II - converterá o agravo de instrumento em agravo retido,
salvo quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil
reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos
em que a apelação é recebida, mandando remeter os autos ao juiz da causa; III - poderá
atribuir efeito suspensivo ao recurso (art. 558) (no sentido clássico), ou deferir, em
antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal (antecipação de tutela
dos efeitos recursais), comunicando ao juiz sua decisão; IV - poderá requisitar
informações ao juiz da causa (apenas para esclarecer as circunstâncias em que foi
pedida a proteção liminar ou deliberada a decisão interlocutória), que as prestará no
prazo de 10 (dez) dias. V - mandará intimar o agravado, na mesma oportunidade, por
ofício dirigido ao seu advogado, sob registro e com aviso de recebimento, para que
responda no prazo de 10 (dez) dias (art. 525, § 2o), facultando-lhe juntar a
documentação que entender conveniente, sendo que, nas comarcas sede de tribunal e
naquelas em que o expediente forense for divulgado no diário oficial, a intimação far-
se-á mediante publicação no órgão oficial; VI - ultimadas as providências referidas nos
incisos III a V do caput deste artigo, mandará ouvir o Ministério Público, se for o caso,
para que se pronuncie no prazo de 10 (dez) dias. Parágrafo único. A decisão liminar,
proferida nos casos dos incisos II e III do caput deste artigo, somente é passível de
reforma no momento do julgamento do agravo, salvo se o próprio relator a reconsiderar.
Artigo 528: Em prazo não superior a 30 (trinta) dias da intimação do agravado, o
relator pedirá dia para julgamento.
Artigo 529: Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator
considerará prejudicado o agravo.
Há um mau costume das partes de tentar tirar agravo de instrumento de decisão
de segundo grau. Agravo de instrumento só cabe de decisão de primeiro grau.
Agravo regimental só é um agravo concebido nos regimentos internos. Recurso
só pode defluir de lei federal. Fora o Regimento interno do STF, os outros regimentos
internos não podem criar qualquer recurso, incluído o agravo. Os defensores dos
regimentos dizem que não é um agravo, seria apenas uma técnica de procedimento
diante do agravo original. Mas não é assim que acontece na prática. É um novo recurso,
com apresentação de novas razões. Isso é uma usurpação do poder de legislar.
Só existe agravo de instrumento de decisão de primeiro grau. O agravo retido
também só é tirado no primeiro grau de jurisdição e perante o juiz.

Aula 08 – 25/04

Embargos infringentes.
“Embargo” vem de embarricare, opor barreiras, obstáculos. Daí também vem
desembargador. Você tem uma causa que está fluindo no TJ em uma turma/câmara, que
é a menor fração colegiada de um tribunal, e você perde, mas não por unanimidade, foi
por 2 a 1. Se você perdeu por 2 a 1, essa já é uma condição para os embargos
infringentes. Além disso, é preciso que o acórdão haja reformado a sentença de primeiro
grau.
Segunda hipótese para embargos infringentes. Temos uma ação rescisória, tem
por objetivo desconstituir uma sentença de mérito (desde que presentes alguma das
hipóteses do artigo 485 do Código de Processo Civil). A ação rescisória não é julgada
no menor órgão do tribunal, é sempre julgada num órgão um pouco maior (sessão, na
maioria dos TJ). Caberá embargos infringentes sempre que decisão não unânime julgar
procedente a ação rescisória.
Princípio da dupla conformidade. Se dois graus de jurisdição decidem da mesma
forma, não é possível mais falar em nenhum recurso ordinário. Se dois graus de
jurisdição decidem de forma não igual, nasce a oportunidade dos embargos infringentes.
Eles só podem ser aviados se não presente o princípio da dupla conformidade.
Artigo 530: Cabem embargos infringentes quando o acórdão não unânime
houver reformado (o recurso pode reformar ou cassar a sentença), em grau de apelação,
a sentença de mérito (e se o tribunal reforma uma sentença não de mérito [artigo 515,
parágrafo 3]? ), ou houver julgado procedente ação rescisória. Se o desacordo for
parcial, os embargos serão restritos à matéria objeto da divergência.
Se o tribunal tiver cassado a sentença, por 2 a 1, poderia caber os embargos
infringentes? A vertente que diz que não diz que o princípio que rege os recursos é de
legalidade estrita, não cabe recurso por analogia. Outros dizem que sim, para não
vulnerar a duração razoável do processo e que não fere o princípio estrito dos recursos.
o professor entende que caberia sim os embargos na cassação.
A divergência não é propriamente sobre os argumentos que um ou outro
desembargador usa. A divergência é quantitativa: o quanto do pedido se vai receber. Se
a sentença do primeiro grau tiver dado 100 e no recurso, dois desembargadores votaram
por dar 20 e outro votou por dar 60. Nesse caso, a divergência está somente no valor, se
será 20 ou 60. Só essa parte poderá ser objeto dos embargos. Não há possibilidade de
voltarem para os 100 da sentença inicial.
No caso da ação rescisória, para abrir a possibilidade de embargos infringente,
precisa que a maioria do tribunal julgue procedente a mesma causa de pedir, no caso de
haver mais de uma. E os embargos só levaram em conta esse fundamento da maioria,
que julgou procedente a ação rescisória.

Aula 09 – 30/04

Se um agravo retido versar sobre a matéria da apelação, caberia então embargos


infringentes desse agravo, desde que preenchido os outros requisitos.
Cabe embargos infringentes em agravo de instrumento? Em princípio não. Mas
julgado o agravo de instrumento, se ele tiver o condão de extinguir o processo e com a
apreciação de mérito, e for por 2 a 1, aí cabem embargos infringentes em agravo de
instrumento.
Artigo 498: Quando o dispositivo do acórdão contiver julgamento por maioria de
votos e julgamento unânime, e forem interpostos embargos infringentes, o prazo para
recurso extraordinário ou recurso especial, relativamente ao julgamento unânime, ficará
sobrestado até a intimação da decisão nos embargos. Parágrafo único. Quando não
forem interpostos embargos infringentes, o prazo relativo à parte unânime da decisão
terá como dia de início aquele em transitar em julgado a decisão por maioria de votos.
Artigo 531: Interpostos os embargos, abrir-se-á vista ao recorrido para
contrarrazões; após, o relator do acórdão embargado apreciará a admissibilidade do
recurso.
Artigo 532: Da decisão que não admitir os embargos caberá agravo, em 5
(cinco) dias, para o órgão competente para o julgamento do recurso.
Artigo 533: Admitidos os embargos, serão processados e julgados conforme
dispuser o regimento do tribunal. Parágrafo único - A escolha do relator recairá, quando
possível, em juiz que não haja participado do julgamento da apelação ou da ação
rescisória.

Aula 10 – 02/05

Embargos de declaração.
Segundo o professor pensava, embargos de declaração não era recurso, mas em
94 uma alteração no Código de Processo Civil transformou-o em recurso. Não existem
no Direito comparado. Mas já que existem, podem ser utilizados, mas devem ser
utilizados com parcimônia.
Os embargos de declaração ganharam um espaço na jurisprudência brasileira
que não era para ter. Hoje os tais embargos de declaração com efeitos modificativos são
a nova praga do Direito brasileiro. Porque o juiz, depois da sentença não pode inovar no
processo.
Além disso há o pré-questionamento. Os tribunais superiores obrigam o
advogado a entrar com embargos de declaração como se fosse um passo necessário para
o recurso. Já houve até caso de desembargador que disse que deveria haver os embargos
de declaração para poder apelar.
Observação: O REsp e o RE são recursos de fundamentação vinculada, só cabem
expressamente nas hipóteses dos artigos constitucionais que os delineiam.
Existem recursos de fundamentação livre e de fundamentação vinculada (você
tem que escolher aquilo que está na lei para fundamentar). Os embargos de declaração
são um recurso de fundamentação vinculada. Eu tenho que ter obscuridade, contradição
ou omissão na decisão judicial para poder entrar com embargos de declaração.
Qualquer decisão judicial é embargável, desde que haja esses requisitos. Até
mesmo num despacho que gera algum dano para a parte.
Obscuridade. Aquilo que mesmo com esforço para entendimento não se
conseguir entender algum pedaço da decisão.
Contradição. É a contradição interna da decisão. Não é contradição de um ato
judicial com outro ato judicial, são atos distintos e não ensejaram embargos de
declaração. Contradição aqui é quando na fundamentação o juiz segue um caminho e no
dispositivo vai para outro completamente diferente.
Omissão. É a maioria dos reais casos de embargos de declaração. É a omissão do
juiz quanto a partes do processo: tinha ação e reconvenção e ele só apreciou uma; tinha
pedidos cumulados em cumulação própria e ele não apreciou todos os pedidos.
A jurisprudência do STF inventou outra espécie de cabimento dos embargos de
declaração. Embargos de declaração com efeitos modificativos: para mudar uma
premissa de uma decisão, mas mudando a premissa, muda-se a conclusão.
Os embargos de declaração, quando nasceram, não previram nenhuma
possibilidade de contraditório. Mas quando as pessoas começaram a entrar com esses
tipos de embargos de declaração, começou-se a se ouvir a outra parte. Mas isso só nessa
situação de embargos de declaração com efeitos modificativos.
Artigo 536: Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição
dirigida ao juiz ou relator, com indicação do ponto obscuro, contraditório ou omisso
(fundamentação vinculada), não estando sujeitos a preparo.
Artigo 538: Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição
de outros recursos, por qualquer das partes. Isso quando se tratar de embargos de
declaração do Código de Processo Civil. Nos juizados especiais os embargos de
declaração apenas suspendem.
Parágrafo único - Quando manifestamente protelatórios os embargos, o juiz ou o
tribunal, declarando que o são, condenará o embargante a pagar ao embargado multa
não excedente de 1% (um por cento) sobre o valor da causa. Na reiteração de embargos
protelatórios, a multa é elevada a até 10% (dez por cento), ficando condicionada a
interposição de qualquer outro recurso ao depósito do valor respectivo.

Pré-questionamento.

Existiu no Brasil nas Constituição Federal de 34 e de 37. O STF só examinaria a


questão se já questionada nos tribunais ordinários. Mas a partir da Constituição Federal
de 46 acabou o pré-questionamento. O STF hoje continua exigindo isso mesmo não
estando mais na Constituição Federal. Hoje isso tem funcionado como jurisprudência
defensiva. Essa foi a primeira invenção de jurisprudência defensiva.

Os embargos de declaração conhecidos integram a decisão judicial ulterior. É


preciso ler essas duas peças como se fossem uma única decisão. Há um efeito
integrativo. Embargos de declaração não conhecidos não possuem efeito nenhum.

Recurso ordinário para o STF e para o STJ

Artigo 539: Serão julgados em recurso ordinário: I - pelo Supremo Tribunal


Federal, os mandados de segurança, os habeas data e os mandados de injunção
decididos em única instância pelos Tribunais superiores, quando denegatória a decisão;
II - pelo Superior Tribunal de Justiça: a) os mandados de segurança decididos em única
instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados e do
Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão; b) as causas em que forem
partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional e, do outro,
Município ou pessoa residente ou domiciliada no País. Parágrafo único - Nas causas
referidas no inciso II, alínea b, caberá agravo das decisões interlocutórias.
O STJ e o STF, nessas circunstâncias, não são instâncias de superposição, são
instâncias ordinárias. Aqui não cabe falar de recurso de fundamentação vinculada. Esse
recurso tem efeito devolutivo amplo, porque são o segundo grau de jurisdição.
É muito parecido ao recurso de apelação, mas não é igual. Não cabe recurso
adesivo no recurso ordinário. Isso traria repercussão para o 539, II, b. porque para
mandado de segurança a falta do recurso adesivo não faz diferença, mas no caso citado
pode haver sucumbência recíproca. Em tese, se fosse apelação, caberia recurso adesivo,
mas como é ordinário não cabe.

Aula 11 – 07/05

Recurso Extraordinário

Aqui ele não tem a ideia da súplica como nos EUA. Aqui é como um direito
subjetivo. Nós colamos esse modelo dos Eua, via Argentina, mas com essa diferença.
O recurso extraordinário, nada mais era como o último elo da cadeia do controle
difuso. Mas houve uma objetivação do RE, e hoje ele é uma forma de controle
concentrado e abstrato.
A partir daí tudo chegava no STF, por conta do direito subjetivo. Depois o STF
começou a restringir os casos e exigir a arguição de relevância da questão federal. Mas
isso era examinado de forma muito discricionária e de forma secreta. Quando se chega
em 88, se elimina a arguição de relevância. Aí o STF ficou atolado de recursos.
Então a EC 45 trouxe outro filtro, a repercussão geral. Depois veio a súmula
vinculante, para os casos semelhantes.
A porta do STF e a do STJ (instâncias de superposição) somente se abre depois
de esgotada as instâncias ordinárias. O STF e o STJ, porque são instâncias de
superposição, não se preocupam com matéria de fato, eles apanham a moldura jurídica
da forma que ela foi construída por incidência factual. Como houve a separação entre
RE e Resp, as coisas ganharam um tom de complicação para os advogados. Quando é
aviado um RE eu estou supondo que houve uma ofensa à Constituição Federal. O STF
diz que a lesão que autoriza o aviamento de um RE deve ser sempre direta ao texto
constitucional, proíbem que a parte lance mão de um argumento de lesão reflexa à
Constituição Federal. Se para mostrar o argumento eu lancei mão de algum argumento
legal, a lesão é reflexa e não direta à Constituição Federal.
Se um RE já foi rejeitado por não haver repercussão geral, todos os que estão
parados no STF e os futuros recursos no mesmo assunto não serão aceitos.
Súmula 126 do STJ. Caso em que se deve recorrer com Resp e RE ao mesmo
tempo e não teve RE.
Artigo 102, III. Causas decididas em única ou última instância. Primeiro precisa
ser causa (ex: pagamento de precatório é posterior à causa), causa decidida implica
exercício de jurisdição stricto sensu. O em única ou última instância quer dizer que foi
esgotada para o autor a oportunidade de recorrer.

Aula 12 – 09/05

Artigo 102, III da Constituição Federal.


Alínea a. Há contrariedade quando você não aplica um dispositivo da CF a uma
situação a qual ele deveria ser aplicado ou quando você o aplica quando ele não deveria
ser aplicado. Ou ainda quando você aplica o dispositivo a uma situação que ele deveria
incidir, só que de forma equivocada.
Ingresso com uma ação na justiça do DF contra o secretário de finanças que
expediu uma intimação para eu pagar um imposto sobre serviço de respiração e eu
julgava que esse imposto era inconstitucional. Ganhei no primeiro grau, foi declarada
inconstitucional essa norma. Aí vai para o segundo grau, por apelação do DF. A
apelação vai para turma, e a turma vê que parece inconstitucional só que ela não tem
competência para isso e remete a questão de inconstitucionalidade somente para o
plenário do tribunal. Aí o plenário diz que é inconstitucional. Lavra um acórdão e
devolve para a turma. A turma vai julgar a ação. A turma vai julgar improcedente. O DF
acha que é constitucional e tira RE. O RE é tirado do acórdão da turma, mas o acórdão
do plenário deve estar nos autos do processo.
Alínea c. Preserva a supremacia constitucional frente os governos locais. Tem a
ver com preservação do pacto federativo.
Alínea d. preserva os espaços legislativos tais como enunciados na Constituição
Federal. Nem todas as vezes isso acontece, é que algumas vezes a lei federal e a lei
estadual estão em seus espaços próprios, porém a aplicação da lei pode estar
equivocada. Quando se trata de conflito federativo a matéria deve ser competência do
RE. O que vai para o STJ é o ato de governo local.

Artigo 105, III.


Somente cabe Recurso especial de decisão de tribunal. E de decisões colegiadas.
Uma decisão de um desembargador só não vai desafiar Recurso especial. Primeiro eu
preciso provocar um órgão colegiado.
Alínea a. Tratado que tenha sido incorporado. Contraria aqui significa a mesma
coisa. O problema é o negar-lhes vigência. Os dois únicos espaços encontrados são: um
juiz diz que uma lei perpétua já deixou de vigir ou dizer que uma lei ainda está em
vacatio legis, quando não está.
E se o juiz ofende uma lei local? Cabe recurso especial? Ofensa à lei local não
vai desafiar REsp.
Alínea c. Interpretação divergente é diferente, não necessariamente antagônico.
Basta que essa diversidade me seja benéfica, me dê uma posição de vantagem no meu
recurso. Não basta o acórdão ser divergente, você tem que provar isso no recurso, é o
cotejo analítico. E isso não é comparar ementas. É esmiuçar similitudes da moldura
fática e diferenças na aplicação do direito concreto. E é necessário pré-questionamento,
e para o STJ isso significa que a matéria já foi debatida pelo Judiciário.

Artigo 541 do Código de Processo Civil. O recurso extraordinário e o recurso


especial, nos casos previstos na Constituição Federal, serão interpostos perante o
presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido, em petições distintas, que
conterão: I - a exposição do fato e do direito; Il - a demonstração do cabimento do
recurso interposto; III - as razões do pedido de reforma da decisão recorrida [mas tem
que fazer o pedido da reforma]. Parágrafo único. Quando o recurso fundar-se em
dissídio jurisprudencial, o recorrente fará a prova da divergência mediante certidão,
cópia autenticada ou pela citação do repositório de jurisprudência, oficial ou
credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que tiver sido publicada a decisão
divergente, ou ainda pela reprodução de julgado disponível na Internet, com indicação
da respectiva fonte, mencionando, em qualquer caso, as circunstâncias que identifiquem
ou assemelhem os casos confrontados.

Aula 13 – 14/05

Artigo 541. Parágrafo único. Quando o recurso fundar-se em dissídio


jurisprudencial, o recorrente fará a prova da divergência mediante certidão, cópia
autenticada ou pela citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado,
inclusive em mídia eletrônica, em que tiver sido publicada a decisão divergente, ou
ainda pela reprodução de julgado disponível na Internet, com indicação da respectiva
fonte, mencionando, em qualquer caso, as circunstâncias que identifiquem ou
assemelhem os casos confrontados. Isso é o cotejo analítico.
Hoje em dia o RE e o Resp estão extremamente simplificados, por incrível que
pareça.
Artigo 542. Recebida a petição pela secretaria do tribunal, será intimado o
recorrido, abrindo-se-lhe vista, para apresentar contrarrazões. § 1º - Findo esse prazo,
serão os autos conclusos para admissão ou não do recurso, no prazo de 15 (quinze) dias,
em decisão fundamentada. § 2º - Os recursos extraordinário e especial serão recebidos
no efeito devolutivo. § 3º - O recurso extraordinário, ou o recurso especial, quando
interpostos contra decisão interlocutória em processo de conhecimento, cautelar, ou
embargos à execução ficará retido nos autos e somente será processado se o reiterar a
parte, no prazo para a interposição do recurso contra a decisão final, ou para as
contrarrazões [mas às vezes o RE ou o REsp cuidam de objetos que precisam de certa
urgência, para isso surgiu o pedido de desretenção, aí o Presidente do tribunal de origem
vai ter que examinar os pressupostos de admissibilidade]. É uma espécie de RE e REsp
retidos. Súmula 735 do STF. Vale a súmula, que reduz o âmbito de vigência material do
parágrafo.
Artigo 543. Admitidos ambos os recursos, os autos serão remetidos ao Superior
Tribunal de Justiça. § 1º - Concluído o julgamento do recurso especial, serão os autos
remetidos ao Supremo Tribunal Federal, para apreciação do recurso extraordinário, se
este não estiver prejudicado. § 2º - Na hipótese de o relator do recurso especial
considerar que o recurso extraordinário é prejudicial àquele, em decisão irrecorrível
sobrestará o seu julgamento e remeterá os autos ao Supremo Tribunal Federal, para o
julgamento do recurso extraordinário. § 3º - No caso do parágrafo anterior, se o relator
do recurso extraordinário, em decisão irrecorrível, não o considerar prejudicial,
devolverá os autos ao Supremo Tribunal de Justiça, para o julgamento do recurso
especial.
Pela repercussão geral, pode ser que exista no mundo real, uma lesão à
Constituição Federal que não implique, necessariamente, em exame pelo STF.
Parágrafo 3 do artigo 102 da Constituição Federal. Repercussão geral das questões
constitucionais discutidas no caso.
Artigo 543-A. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não
conhecerá do recurso extraordinário, quando a questão constitucional nele versada não
oferecer repercussão geral, nos termos deste artigo. § 1º Para efeito da repercussão
geral, será considerada a existência, ou não, de questões relevantes do ponto de vista
econômico, político, social ou jurídico, que ultrapassem os interesses subjetivos da
causa [causa não tem interesse subjetivo, as partes que estão nela sim; o legislador
deixou o conceito fluido para que o próprio STF fosse dizendo na prática o que é
repercussão geral; essa é a repercussão geral subjetiva]. § 2º O recorrente deverá
demonstrar, em preliminar do recurso, para apreciação exclusiva do Supremo Tribunal
Federal, a existência da repercussão geral. § 3º Haverá repercussão geral sempre que o
recurso impugnar decisão contrária a súmula ou jurisprudência dominante do Tribunal
[repercussão geral de natureza objetiva]. § 4º Se a Turma [do STF] decidir pela
existência da repercussão geral por, no mínimo, 4 (quatro) votos, ficará dispensada a
remessa do recurso ao Plenário [mas o artigo 323 do regimento interno eliminou a
competência da Turma, com o plenário virtual, esse parágrafo não tem validez, no
sentido kelseniano]. § 5º Negada a existência da repercussão geral, a decisão valerá para
todos os recursos sobre matéria idêntica, que serão indeferidos liminarmente, salvo
revisão da tese, tudo nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. §
6º O Relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a manifestação de
terceiros, subscrita por procurador habilitado, nos termos do Regimento Interno do
Supremo Tribunal Federal [amicus curae]. § 7º A Súmula da decisão sobre a
repercussão geral constará de ata, que será publicada no Diário Oficial e valerá como
acórdão.
A repercussão geral é uma forma de seleção qualitativa de recursos no STF.
Artigo 543-B. [Esse artigo vai se importar com a quantidade dos recursos].
Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica controvérsia, a
análise da repercussão geral será processada nos termos do Regimento Interno do
Supremo Tribunal Federal, observado o disposto neste artigo. § 1º Caberá ao Tribunal
de origem selecionar um ou mais recursos representativos da controvérsia e encaminhá-
los ao Supremo Tribunal Federal, sobrestando os demais até o pronunciamento
definitivo da Corte. § 2º Negada a existência de repercussão geral, os recursos
sobrestados considerar-se-ão automaticamente não admitidos. § 3º Julgado o mérito do
recurso extraordinário, os recursos sobrestados serão apreciados pelos Tribunais,
Turmas de Uniformização ou Turmas Recursais, que poderão declará-los prejudicados
ou retratar-se. § 4º Mantida a decisão e admitido o recurso, poderá o Supremo Tribunal
Federal, nos termos do Regimento Interno, cassar ou reformar, liminarmente, o acórdão
contrário à orientação firmada. § 5º O Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal
disporá sobre as atribuições dos Ministros, das Turmas e de outros órgãos, na análise da
repercussão geral.

Aula 14 – 16/05

O princípio da irrecorribilidade em separado das interlocutórias significa dizer


que as decisões no curso do processo deveriam ser hostilizadas por recursos ordinários.
No Brasil, diz que o agravo deve ser nos próprios autos. Mas eles esgarçaram isso
dizendo quando é em separado não é outro processo seria um mero incidente processual.

Artigo 543-B. Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em


idêntica controvérsia, a análise da repercussão geral será processada nos termos do
Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, observado o disposto neste artigo. §
1º Caberá ao Tribunal de origem selecionar um ou mais recursos representativos da
controvérsia e encaminhá-los ao Supremo Tribunal Federal, sobrestando os demais até o
pronunciamento definitivo da Corte. § 2º Negada a existência de repercussão geral, os
recursos sobrestados considerar-se-ão automaticamente não admitidos. § 3º Julgado o
mérito do recurso extraordinário, os recursos sobrestados serão apreciados pelos
Tribunais, Turmas de Uniformização ou Turmas Recursais, que poderão declará-los
prejudicados ou retratar-se. § 4º Mantida a decisão e admitido o recurso, poderá o
Supremo Tribunal Federal, nos termos do Regimento Interno, cassar ou reformar,
liminarmente, o acórdão contrário à orientação firmada. § 5º O Regimento Interno do
Supremo Tribunal Federal disporá sobre as atribuições dos Ministros, das Turmas e de
outros órgãos, na análise da repercussão geral.
Além do filtro qualitativo e do quantitativo, o STf lançou mão de outra
possibilidade. A súmula vinculante. Mas o que era feito é que no primeiro julgamento
de um assunto já editava uma súmula. Depois de editar algumas súmulas os ministros
perceberam que eles tem necessidade do amadurecimento do assunto para editar uma
súmula.
Artigo 543-C. Tenta trazer para o julgamento do REsp perante o STJ a mesma
técnica ou uma técnica semelhante àquela usada pelo STF. Esse artigo está preocupado
com a dimensão quantitativa.
Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica questão
de direito, o recurso especial será processado nos termos deste artigo.
§ 1º Caberá ao presidente do tribunal de origem admitir um ou mais recursos
representativos da controvérsia, os quais serão encaminhados ao Superior Tribunal de
Justiça, ficando suspensos os demais recursos especiais até o pronunciamento definitivo
do Superior Tribunal de Justiça.
§ 2º Não adotada a providência descrita no § 1º [o ato de suspender] deste artigo,
o relator no Superior Tribunal de Justiça, ao identificar que sobre a controvérsia já
existe jurisprudência dominante ou que a matéria já está afeta ao colegiado, poderá
determinar a suspensão, nos tribunais de segunda instância, dos recursos nos quais a
controvérsia esteja estabelecida.
§ 3º O relator poderá solicitar informações, a serem prestadas no prazo de quinze
dias, aos tribunais federais ou estaduais a respeito da controvérsia.
§ 4º O relator, conforme dispuser o regimento interno do Superior Tribunal de
Justiça e considerando a relevância da matéria, poderá admitir manifestação de pessoas,
órgãos ou entidades com interesse na controvérsia. Amicus curae. O legislador
brasileiro, no STF e também aqui no STJ, está preocupado com o coeficiente de
legitimação do poder judiciário. O amigo da corte, no direito brasileiro, surgiu nos
procedimentos de controle abstrato de constitucionalidade. Com isso se percebe uma
tendência, também com relação ao REsp, de objetivação.
§ 5º Recebidas as informações e, se for o caso, após cumprido o disposto no § 4o
deste artigo, terá vista o Ministério Público pelo prazo de quinze dias.
§ 6º Transcorrido o prazo para o Ministério Público e remetida cópia do relatório
aos demais Ministros, o processo será incluído em pauta na seção ou na Corte Especial
[um recurso especial, que na origem é da competência de turma, se ele estiver no caso
do artigo 543-C, recursos repetitivos, ele não vai ser julgado na turma, vai ser na turma
ou na Corte Especial], devendo ser julgado com preferência sobre os demais feitos,
ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus. Porque isso
chegará perto de uma súmula vinculante porque o julgamento desse recurso, chegará até
todos os outros recursos que estão sobrestados no tribunal de baixo.
§ 7º Publicado o acórdão do Superior Tribunal de Justiça, os recursos especiais
sobrestados na origem: I - terão seguimento denegado na hipótese de o acórdão
recorrido coincidir com a orientação do Superior Tribunal de Justiça; ou II - serão
novamente examinados pelo tribunal de origem na hipótese de o acórdão recorrido
divergir da orientação do Superior Tribunal de Justiça.
§ 8º Na hipótese prevista no inciso II do § 7º deste artigo, mantida a decisão
divergente pelo tribunal de origem, far-se-á o exame de admissibilidade do recurso
especial.
§ 9º O Superior Tribunal de Justiça e os tribunais de segunda instância
regulamentarão, no âmbito de suas competências, os procedimentos relativos ao
processamento e julgamento do recurso especial nos casos previstos neste artigo.
Artigo 544. Não admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial, caberá
agravo nos próprios autos, no prazo de 10 (dez) dias.
§ 1º O agravante deverá interpor um agravo para cada recurso não admitido.
§ 2º - A petição de agravo será dirigida à presidência do tribunal de origem, não
dependendo do pagamento de custas e despesas postais. O agravado será intimado, de
imediato, para no prazo de 10 (dez) dias oferecer resposta, podendo instruí-la com
cópias das peças que entender conveniente. Em seguida, subirá o agravo ao tribunal
superior, onde será processado na forma regimental.
§ 3º O agravado será intimado, de imediato, para no prazo de 10 (dez) dias
oferecer resposta. Em seguida, os autos serão remetidos à superior instância,
observando-se o disposto no art. 543 deste Código e, no que couber, na Lei nº 11.672,
de 8 de maio de 2008.
§ 4º No Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça, o
julgamento do agravo obedecerá ao disposto no respectivo regimento interno, podendo
o relator: I - não conhecer do agravo manifestamente inadmissível ou que não tenha
atacado especificamente os fundamentos da decisão agravada; II - conhecer do agravo
para: a) negar-lhe provimento, se correta a decisão que não admitiu o recurso; b) negar
seguimento ao recurso manifestamente inadmissível, prejudicado ou em confronto com
súmula ou jurisprudência dominante no tribunal; c) dar provimento ao recurso, se o
acórdão recorrido estiver em confronto com súmula ou jurisprudência dominante no
tribunal.

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