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REFLEXÕES EM TEMPO DE PANDEMIA

 
Estamos vivenciando tempos estranhos. Tempos em que o medo está predominando e estamos lutando
juntos contra um inimigo comum: um vírus.
 
Um vírus que nos pediu para ficarmos em casa, cuidarmos dos nossos filhos, da nossa alimentação,
pararmos com um consumismo desmedido. Para pensarmos em uma nova forma de viver e adaptarmos
nossa vida a uma nova realidade.
 
Durante tudo isso o emocional se fragilizou e os atendimentos se voltaram para a ansiedade e depressão
deste momento. Sinto que acionamos um campo coletivo em que nos ligamos inconscientemente uns com
os outros.
 
Diante destes momentos faço as seguintes perguntas: o que este momento trouxe de reflexões para vc e o
que tem de bom no meio desta pandemia?
 
Com estas perguntas levanto reflexões que começam no individual e podem ser levadas ao coletivo e assim
começarmos juntos a pensar numa melhor qualidade de vida para o momento pós pandemia.
 
Cada um na sua perspectiva imagina um aprendizado para tudo isso. Eis aqui alguns que selecionei para
uma reflexão coletiva:
 
isso aconteceu:
– Para pensarmos no que realmente importa na vida
– Para que nossos adolescentes parassem ou diminuíssem as bebidas e drogas pois agora têm que ficar em
casa
– Para pensarmos no que realmente importa na vida percebermos que não precisamos comprar tantas
coisas e podemos consumir de forma mais consciente
– Porque estávamos destruindo nosso planeta e esgotando seus recursos naturais
– Para pensarmos no que realmente importa na vida percebermos a nossa fragilidade e que precisamos
nos ajudar
– Para pensarmos no que realmente importa na vida sermos mais solidários
– Para pensarmos no que realmente importa na vida olharmos mais para nossa família e não delegarmos o
cuidado dos nossos filhos para terceiros, seja qual for a perspectiva que olhamos para tudo isso,
percebemos prismas diferentes para a mesma situação onde está havendo uma reflexão coletiva.
 
E assim percebo várias pessoas repensando sobre temas profundos e importantes que fomos repassando
de geração em geração sem perceber. Precisávamos de uma pausa para conseguirmos transformar nossa
realidade.
 
Nosso mundo estava vivendo de uma forma tão frenética onde nossa casa virou apenas um dormitório e
não um lar, delegamos os cuidados e educação dos nossos filhos a terceiros, nos desconectamos da
natureza como se não fizéssemos mais parte dela, damos mais valor para o material que espiritual e o
celular virou um ítem de idolatria.
 
Seguimos sem questionar muitos valores que são passados e vamos nos adaptando a toda esta correria.
Somente a dor nos faz parar este ritmo e assim podermos transformar algumas atitudes.
 
O covid-19 nos trás este chamado pela dor, nos mostrando a finitude da vida. Ele ataca nossos pulmões e
perdemos algo tão essencial que não damos valor: o ar que respiramos e nos mantém vivos. Assim
passamos a valorizar o essencial e tirar o supérfluo. Pensar o quanto nossa rotina nos sufoca e o quanto
estamos sufocando o planeta com o desmatamento, as queimadas e a exploração excessiva. Pensemos
então o que realmente temos que dar valor na nossa vida e a cada pessoa que caminha junto conosco.
 
E a partir destas reflexões começamos uma transformação que passa por cada indivíduo e chega ao
coletivo, e caminha para todo o planeta. E assim coletivamente podemos construir uma nova realidade
externa a partir desta nova realidade interna. E assim podemos agir com mais consciência junto ao
próximo e ao planeta.
Trago aqui algumas perguntas para começarmos a refletir para um mundo melhor pós pandemia
– O que tenho feito pelo nosso planeta?
– Qual a minha conexão com a natureza?
– O quanto interajo e participo com quem mora comigo?
– Qual minha participação para passar valores e exemplos para meus filhos?
– Tenho tempo para olhar para os meus sentimentos?
– Tenho tempo para fazer o que realmente dá um sentido a minha vida?
– Consigo equilibrar meu tempo no celular com o convívio pessoal?
– Consigo o equilíbrio entre a responsabilidade e o êxtase pessoal
– Tenho empatia com o próximo?
 
Que este momento dolorido em que estamos passando possa ser um momento de mudança que começa
no coração de cada um. Isso tudo vai passar, como a natureza é cíclica, logo entraremos em um novo ciclo.
Vamos imaginar o futuro que queremos e isso irá nos estruturar para o primeiro passo de nossa mudança
individual para chegarmos na mudança coletiva. Imaginar um futuro é importante para sustentar o
presente e não perdermos a perspectiva de vida. Acreditarmos que tudo isso vai passar para iniciar um
novo ciclo para colocarmos em prática tudo o que foi repensado e reestruturado.
 
Quando nos conectamos com nosso mundo interno, com a natureza e com a arte, percebemos e sentimos
que fazemos parte de um todo e isso nos acalma em meio a tempestade. Isso nos trás a confiança de que
ela passa e depois virá um dia ensolarado e florido. Se conectar com este ciclo da vida e da natureza nos
ajuda na travessia da tempestade.
 
Como arte podemos nos conectar a música, a literatura, a pintura…
 
E que pensemos neste mundo pós pandemia de uma outra forma. Finalizo este texto com um trecho de
uma linda música para acalmar os corações do Milton Nascimento: “Coração Civil”
“Quero a utopia quero tudo e mais
Quero a felicidade dos olhos de um pai
Quero a alegria muita gente feliz
Quero que a justiça reine em meu país…
Assim dizendo a minha utopia eu vou levando a vida
Eu vou viver bem melhor
Doido pra ver o meu sonho teimoso um dia se realizar”
 
Tem uma frase do Cervantes que gosto muito quando pensamos como mudar e chegar no coletivo:
“ Quando se sonha sozinho é apenas um sonho. Quando se sonha juntos é o começo da realidade”.
 
Flávia Hessel de Lima
Psicoterapia de adolescente e adulto
www.essenciadamente.com.br

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