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NATALIA FELICIANO
Rondonópolis
2018
JOEL MARTINS LUZ
NATALIA FELICIANO
Rondonópolis
2018
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 06
2 DOS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E ANÁLISE DOS FUNDOS 08
3 A QUESTÃO DOS FUNDOS DOCUMENTAIS EM ACERVOS HISTÓRICOS
ESCOLARES 12
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 16
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
RESUMO
Este artigo tem como objetivo geral compreender no prisma da arquivologia moderna,
como se configuram os fundos documentais em centros de memória escolar, buscando
subsidiar elementos para a organização de planos para arranjo e descrição de documentos
históricos-escolares. Para isso, apresenta uma experiência de pesquisa na identificação de
espécies e tipologias documentais, realizada no Centro de Documentação do Núcleo de
Pesquisa em Educação (Cedoc/NUPED) da Universidade Federal de Mato Grosso,
Campus Universitário de Rondonópolis, cujo acervo retrata um pequeno, mas importante
recorte da cultura escolar mato-grossense. O referencial teórico que norteia a pesquisa
está voltado para as questões de organização, tratamento e preservação dos arquivos
históricos escolares, especialmente no que tange às práticas arquivísticas que orientam a
configuração e constituição dos fundos documentais em arquivos permanentes. A
pesquisa insere-se no campo da ciência da informação, na sua perspectiva
interdisciplinar, quando transita nas áreas da educação e da arquivologia e
biblioteconomia. A metodologia se deu com o uso de listas de discussões no intuito de
dar voz às opiniões de profissionais quanto as alternativas não previstas em códigos e
regulamentos técnicos; no levantamento e confronto documental o que nos permitiu
identificar a proveniência dos documentos bem como identificar as espécies documentais
do acervo. Finalmente, a pesquisa revelou que embora códigos e regulamentos técnicos
para a organização de acervos arquivísticos definem parâmetros de organização, há
peculiaridades quando acervos diversos se confluem em lugares diferentes dos de sua
produção.
1
Este artigo é resultado do relatório final do projeto de pesquisa intitulado “Configuração de fundos
documentais: análise preliminar da identificação de tipologias documentais em arquivos de memória
escolar”, registrado na Pró-Reitoria de Pesquisa – PROPeq/UFMT – nº 080/2014, vinculado inicialmente
ao Grupo de pesquisa ALFALE: alfabetização e Letramento Escolar (Departamento de Educação da UFMT
– Rondonópolis) e posteriormente também, ao Grupo de pesquisa AVOANTES: Memória, Educação e
Acervos (Curso de Biblioteconomia da UFMT), todos, certificados pelo Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq. Uma versão preliminar, em formato de comunicação,
foi apresentada e publicada nos Anais do IV Simpósio Iberoamericano: história, educação, patrimônio
educativo, realizado na cidade de São Paulo de 01 a 04 de setembro de 2015, pelo Centro Paula Souza e
Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP.
2
Mestre em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso, onde atua também como docente no
Departamento de Biblioteconomia do Campus Universitário de Rondonópolis. É líder do Grupo de
Pesquisa AVOANTES: Memória, Educação e Acervos e membro pesquisador do Grupo de Pesquisa
ALFALE – Alfabetização e Letramento Escolar. E-mail: abjm8@hotmail.com
3 Aluna de Biblioteconomia da Universidade Federal de Mato Grosso. Membro do Grupo de Pesquisa
AVOANTES: Memória, Educação e Acervos. Voluntária de Iniciação Científica – VIC do referido projeto.
E-mail:nataliafeliciano89@gmail.com
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1 INTRODUÇÃO
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Refere-se a Lei nº 8.158 de 8 de janeiro de 1991 que dispões sobre a política nacional de arquivos públicos e privados.
5
No Estado de Mato Grosso a tabela de temporalidade para documentos escolares encontra-se no manual Organização
e Operacionalização do Trabalho da Secretaria Escolar, publicado pela Secretaria Estadual de Educação.
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máscaras, luvas, avental e outros apetrechos de proteção, tem retirado de lixeiras, caixas,
entulhos, depósitos e outros lugares insalubres da escola, papéis ricos para suas
pesquisas.
São papéis que vem sendo abandonados pelas escolas por descaso ou mesmo
desconhecimentos das suas potencialidades. Sabe-se apenas que, mesmo antes do término
do seu ciclo de vida, por falta de espaço físico para arquivar os novos papéis que são
produzidos, muitos são desprezados por um longo período embaixo de escadas,
depósitos, sótãos e tantos outros lugares insalubres do prédio escolar e que, sem uso,
resta-lhes a curto prazo, a lixeira ou a incineração (NEVES, 2005; ZAIA, 2003, 2010).
Diante destas questões, surge então para esses centros de documentação a questão
da organização dos papéis que foram recolhidos de arquivos de diversificadas escolas,
cada qual com suas peculiaridades de produção e organização. Os arquivos permanentes
(BELLOTTO, 2004), fase do qual esses arquivos se inserem, devem ser tratados e
organizados por meio dos fundos documentais, pois mesmo repatriados em custódia
diferente, precisam ser arranjados e descritos, mantendo as suas espécies e tipologias,
fieis às práticas de escrituração e arquivamento das escolas de origem. Então, o estudo
dos fundos, tipos e espécies documentais nos possibilita não somente o acesso à
informação organizada, como também, entender a dinâmica e o movimento de produção
de documentos, considerando seus conteúdos e funções no contexto escolar (BELLOTO,
2008; BERNARDES, 1998, PAES, 2007).
A proposta então deste artigo é compreender sob o prisma da arquivologia
moderna, como se configuram os fundos documentais em centros de memória escolar
presentes em universidades, buscando subsidiar elementos para a sua organização,
arranjo e descrição. A prática de organização da informação documental constitui
atividade inerente dos profissionais da informação, dentre eles, arquivistas, bibliotecários,
museólogos e documentalistas. Nesse sentido, esta pesquisa vem somar aos interesses dos
pesquisadores da educação que apontam a necessidade de um diálogo interdisciplinar de
áreas, no intuito de melhor se pensar a organização de seus acervos históricos escolares
A pesquisa foi desenvolvida no Centro de Documentação do Nuped da
Universidade Federal de Mato Grosso em Rondonópolis, criado em 2001 e que possui
uma pequena, mas importante parcela de papéis e objetos de escolas mato-grossenses6.
6
Para Cardoso (2011 p. 27-44,): “Todas as fontes documentais reunidas no NUPED são oriundas de doações feitas por
escolas da região sudeste mato-grossense, secretarias de educação e particulares (professores, alunos, colegas,
8
pessoas comuns). A maioria absoluta dessas fontes foi captada pelo Grupo de Pesquisa ALFALE em locais
denominados de arquivo morto, canto da biblioteca, depósito ou porão. A reunião dessas fontes nos coloca importantes
questões relacionadas à circulação e ao uso desses objetos. O simples fato de terem sido localizados no município de
Rondonópolis e adjacências não nos fornece garantias sobre sua circulação e, muito menos, indícios sobre seus usos na
prática pedagógica da região. É nesse sentido que qualquer estudo desse acervo será mais bem sucedido se
acompanhado de informações oriundas de outras fontes, tais como, as normatizações do ensino (leis, regulamentos,
propostas curriculares etc.) e as concretizações (diários de classe, cadernos de planejamento, cadernos de alunos, a
própria materialidade dos manuais, a história oral etc.). No entanto, não resta dúvida que tais objetos, saídos do
isolamento e da solidão dos porões, trazem marcas de uma cultura escolar brasileira”.
9
Fonte: do acervo
7
Um referência atual e importante sobre essa questão é o livro: CAMARGO, A. M. de A.; DELMAS, B.;
ARDAILLON, D. Et. all. Dar nomes aos documentos: da teoria à prática. São Paulo: Instituto Fernando Henrique
Cardoso, 2015. Disponível em: < http://fundacaofhc.org.br/files/dar_nome_aos%20documentos.pdf>. Acesso em:
01/09/2017.
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8
Embora trazemos aqui recortes de uma consulta junto à profissionais arquivistas, buscando soluções não previstas em
normas e regulamentos técnicos, estes recortes não possuem rigor metodológico, pois não se caracterizam na
metodologia prevista na pesquisa. Achamos por bem inseri-las, pois trazem opiniões importantes como soluções
práticas.
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9 A NOBRADE estabelece diretivas para a descrição no Brasil de documentos arquivísticos, compatíveis com as
normas internacionais em vigor ISAD(G) e ISAAR(CPF), e tem em vista facilitar o acesso e o intercâmbio de
informações em âmbito nacional e internacional. Embora voltada preferencialmente para a descrição de documentos
em fase permanente, pode também ser aplicada à descrição em fases corrente e intermediária. NOBRADE: Norma
Brasileira de Descrição Arquivística. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2006. 124 p.
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Exemplo 1
FUNDO: (DEM ) DOCUMENTOS ESCOLARES MATOGROSSENSES
Série 1 – Secretaria Municipal de Educação
Série 2 – Delegacia Regional de Ensino
Série 3 – Escola municipal José Aparecido da Silva
Série 4 – Escola Municipal Rural de 1º Grau Vila Paulista
Série 5 – Escola Municipal Gisélio da Nóbrega
Exemplo 1
FUNDO: (DEM) DOCUMENTOS ESCOLARES MATOGROSSENSES
Série 1 – Caderneta escolar
Subsérie 1 – Secretaria Municipal de Educação
Subsérie 2 – Delegacia Regional de Ensino
Subsérie 3 – Escola municipal José Aparecido da Silva
Subsérie 4 – Escola Municipal Rural de 1º Grau Vila Paulista
Subsérie 5 – Escola Municipal Gisélio da Nóbrega
Série 2 – Livro de posse de professores
Série 3 – Cadernos Diários de classe
Série 4 – Livro de ata Escola
Série 5 – Plano de ensino
prática, está sobretudo na interpretação das correntes teóricas que discutem o tema a
partir de vivências contrapostas aos códigos e normas de arquivo.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Arquivos são vidas, são narrativas, são fatos e instantes de anônimos e que,
reunidos, formarão a história (FARGE, 2009). Portanto, o trabalho com a organização
dos arquivos é um trabalho de fôlego! Requer uma reflexão metodológica, pois não se
trata apenas de organizar papéis aleatoriamente e desconectados da sua gênese.
Durante o andamento desta pesquisa, enfrentamos diversos problemas para a sua
execução. Primeiro, como já citado, o espaço físico que impossibilitou melhor a análise
das tipologias, com descrições mais detalhadas de conteúdos. Segundo, a transição desse
mesmo espaço para uma sala própria que, pela morosidade da instituição, despendeu
muito tempo para que voltássemos às análises iniciadas. Tudo isso seguiu com a greve
das universidades federais no ano de 2015, ocasionando à dispersão e o descompromisso
dos alunos voluntários, que inicialmente estavam envolvidos com o trabalho operacional
da pesquisa.
Posteriormente, houve ainda outra mudança: o referido acervo foi transferido para
uma sala da Biblioteca, com um pouco mais de espaço, mas que, novamente, atrasou a
finalização da pesquisa.
No contexto teórico, a compreensão dos fundos documentais foi importante
sobretudo para readequar a organização seguida pelo arquivo do NUPED, mas sem
modifica-la drasticamente, tendo em vista o embasamento teórico apontado. A
sistemática seguida por este acervo é uma metodologia criada pelos próprios
pesquisadores que formaram o acervo, portanto, atende perfeitamente as suas
necessidades.
Com a ida do acervo para o espaço da Biblioteca da UFMT, nossa pesquisa se
fortaleceu, pois, a partir de agora deverá estar disponível não somente aos pesquisadores
do Grupo ALFALE ou do Departamento de Educação, mas de todos que solicitarem.
Então, a proposta de elaborar um plano de arranjo documental, baseado nos princípios
arquivísticos é nosso compromisso, no intuito de potencializar o uso do acervo entre os
professores das universidades para que sejam desenvolvidos projetos de pesquisa em
história da alfabetização, memória e patrimônio educativo de Mato Grosso.
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REFERÊNCIAS
MENEZES, Maria Cristina; SILVA, EVA Cristina Leite da; TEIXEIRA JÚNIOR,
Oscar. O arquivo escolar: lugar de memória, lugar de história. Horizontes, v. 23, n. 1,
p. 67-76, jan./jun. 2005.
PAES, Marilena Leite. Arquivo: teoria e prática. Rio de Janeiro: UFG, 2007.
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Resumos publicados em anais de CONPEDUC 2016:
CONSIDERAÇÕES
congresso INICIAIS ACERCA DA
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CADERNOS
HISTÓRICOS
ESCOLARES.
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