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ANEXO

FORMULÁRIO PARA APRESENTAÇÃO DE RELATÓRIO FINAL DE


PESQUISA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
FONTE PAGADORA: UFMT e CNPQ

1) GRANDE ÁREA: Exatas ( ) Humanas (X) Vida ( )

2) DADOS DO (A) ALUNO (A)


Nome: Natalia Feliciano
CPF: 383.012.728-64 RGA: 201411601015
Curso: Biblioteconomia Semestre: 8°
Email: nataliafeliciano89@gmail.com
Fone: (66) 981447759
PIBIC ( ) PIBITI( ) PIBIC-Af ( ) VIC (X) Período da Bolsa/Voluntariado (mês e ano):
PIBIC-EM ( )
2) DADOS DO (A) ORIENTADOR (A)
Nome: Joel Martins Luz
Instituto/Faculdade: ICHS Deptº: Biblioteconomia
Email: abjm8@hotmail.com
Fone:
3) DADOS DO PROJETO DE PESQUISA
Título do Projeto Registrado na PROPeq: Configuração de fundos documentais: análise
preliminar da identificação de tipologias documentais em arquivos de memória escolar.
N° de registro: 080/2014
Título do plano de trabalho do aluno: Em torno de fundos documentais em arquivos históricos
escolares.
4) APRECIAÇÃO SUCINTA DO ORIENTADOR (A):
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE RONDONÓPOLIS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
CURSO DE BIBLIOTECONOMIA

JOEL MARTINS LUZ

NATALIA FELICIANO

EM TORNO DE FUNDOS DOCUMENTAIS


EM ARQUIVOS HISTÓRICOS ESCOLARES

Rondonópolis
2018
JOEL MARTINS LUZ
NATALIA FELICIANO

EM TORNO DE FUNDOS DOCUMENTAIS


EM ARQUIVOS HISTÓRICOS ESCOLARES

Relatório final de pesquisa de iniciação cientifica


apresentado como requisito para avaliação.

Rondonópolis
2018
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 06
2 DOS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E ANÁLISE DOS FUNDOS 08
3 A QUESTÃO DOS FUNDOS DOCUMENTAIS EM ACERVOS HISTÓRICOS
ESCOLARES 12
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 16
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CEDOC - Centro de documentação

NUPED - Núcleo de pesquisa em educação


LUZ, Joel Martins 2
FELICIANO, Natalia 3

RESUMO

Este artigo tem como objetivo geral compreender no prisma da arquivologia moderna,
como se configuram os fundos documentais em centros de memória escolar, buscando
subsidiar elementos para a organização de planos para arranjo e descrição de documentos
históricos-escolares. Para isso, apresenta uma experiência de pesquisa na identificação de
espécies e tipologias documentais, realizada no Centro de Documentação do Núcleo de
Pesquisa em Educação (Cedoc/NUPED) da Universidade Federal de Mato Grosso,
Campus Universitário de Rondonópolis, cujo acervo retrata um pequeno, mas importante
recorte da cultura escolar mato-grossense. O referencial teórico que norteia a pesquisa
está voltado para as questões de organização, tratamento e preservação dos arquivos
históricos escolares, especialmente no que tange às práticas arquivísticas que orientam a
configuração e constituição dos fundos documentais em arquivos permanentes. A
pesquisa insere-se no campo da ciência da informação, na sua perspectiva
interdisciplinar, quando transita nas áreas da educação e da arquivologia e
biblioteconomia. A metodologia se deu com o uso de listas de discussões no intuito de
dar voz às opiniões de profissionais quanto as alternativas não previstas em códigos e
regulamentos técnicos; no levantamento e confronto documental o que nos permitiu
identificar a proveniência dos documentos bem como identificar as espécies documentais
do acervo. Finalmente, a pesquisa revelou que embora códigos e regulamentos técnicos
para a organização de acervos arquivísticos definem parâmetros de organização, há
peculiaridades quando acervos diversos se confluem em lugares diferentes dos de sua
produção.

Palavras-chave: Documentação escolar. Papéis escolares. Preservação. Arquivologia.

1
Este artigo é resultado do relatório final do projeto de pesquisa intitulado “Configuração de fundos
documentais: análise preliminar da identificação de tipologias documentais em arquivos de memória
escolar”, registrado na Pró-Reitoria de Pesquisa – PROPeq/UFMT – nº 080/2014, vinculado inicialmente
ao Grupo de pesquisa ALFALE: alfabetização e Letramento Escolar (Departamento de Educação da UFMT
– Rondonópolis) e posteriormente também, ao Grupo de pesquisa AVOANTES: Memória, Educação e
Acervos (Curso de Biblioteconomia da UFMT), todos, certificados pelo Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq. Uma versão preliminar, em formato de comunicação,
foi apresentada e publicada nos Anais do IV Simpósio Iberoamericano: história, educação, patrimônio
educativo, realizado na cidade de São Paulo de 01 a 04 de setembro de 2015, pelo Centro Paula Souza e
Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP.
2
Mestre em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso, onde atua também como docente no
Departamento de Biblioteconomia do Campus Universitário de Rondonópolis. É líder do Grupo de
Pesquisa AVOANTES: Memória, Educação e Acervos e membro pesquisador do Grupo de Pesquisa
ALFALE – Alfabetização e Letramento Escolar. E-mail: abjm8@hotmail.com
3 Aluna de Biblioteconomia da Universidade Federal de Mato Grosso. Membro do Grupo de Pesquisa
AVOANTES: Memória, Educação e Acervos. Voluntária de Iniciação Científica – VIC do referido projeto.
E-mail:nataliafeliciano89@gmail.com
6

1 INTRODUÇÃO

Os arquivos escolares são formados basicamente de papéis que foram produzidos


ao longo dos anos em atividades de registro e escrituração. Compõem-se de documentos
dos mais variados tipos, formatos e tamanhos, cada qual cumprindo a sua função na
gestão da informação acadêmica e pedagógica da escola. Por força de lei 4 é função ainda
desses arquivos a preservação daqueles papéis que contenham informações de interesse
permanente: são eles que darão as condições necessárias para a constituição da memória
da escola e trarão a contribuição necessária para a escrita de uma possível micro-história
da educação.
No entanto, sabe-se que com a abertura de novas possibilidades de escrita da
história provocada pela chamada nova história cultural, sobretudo a partir da década de
1990, cada vez mais têm surgido o interesse de pesquisadores por documentos, até então
negligenciados por estas políticas que prevêem que apenas os de caráter permanente
devam estar em seus arquivos. Essa concepção tem norteado ainda, as políticas
arquivísticas nos estados, que têm estabelecido critérios próprios de temporalidade
documental para as suas escolas.5
O alargamento dessas possibilidades têm provocado ainda questionamentos sobre
o que é, e o que não é permanente para esses arquivos, tendo em vista que a história da
educação tem se voltado para o uso de quaisquer registros materiais produzidos pelas
escolas. Registros que trazem os resquícios de comportamentos, costumes e práticas
escolares que se deram ao longo dos anos e que hoje foram superadas por novas
concepções e tecnologias e que buscam compreender a escola como elemento
transformador, histórico, cultural e político, sobretudo, enraizado de memória
(NOSELLA, BUFFA, 2009; LOMBARDI, 2011; BONATO, 2005, JÚLIA,
2001).
São esses investimentos que tem movimentado pesquisadores de universidades,
em seus grupos de pesquisa, para o recolhimento de resíduos de arquivos escolares,
motivando-os à criação de centros de documentação, a partir desses papéis dispersos,
fragmentados e agora, reunidos no espaço da universidade (MENEZES, SILVA,
TEIXEIRA JÚNIOR, 2005). Ou seja, o que as políticas arquivísticas têm menosprezado
como documento histórico, esses pesquisadores têm ido ao encontro deles: com uso de

4
Refere-se a Lei nº 8.158 de 8 de janeiro de 1991 que dispões sobre a política nacional de arquivos públicos e privados.
5
No Estado de Mato Grosso a tabela de temporalidade para documentos escolares encontra-se no manual Organização
e Operacionalização do Trabalho da Secretaria Escolar, publicado pela Secretaria Estadual de Educação.
7

máscaras, luvas, avental e outros apetrechos de proteção, tem retirado de lixeiras, caixas,
entulhos, depósitos e outros lugares insalubres da escola, papéis ricos para suas
pesquisas.
São papéis que vem sendo abandonados pelas escolas por descaso ou mesmo
desconhecimentos das suas potencialidades. Sabe-se apenas que, mesmo antes do término
do seu ciclo de vida, por falta de espaço físico para arquivar os novos papéis que são
produzidos, muitos são desprezados por um longo período embaixo de escadas,
depósitos, sótãos e tantos outros lugares insalubres do prédio escolar e que, sem uso,
resta-lhes a curto prazo, a lixeira ou a incineração (NEVES, 2005; ZAIA, 2003, 2010).
Diante destas questões, surge então para esses centros de documentação a questão
da organização dos papéis que foram recolhidos de arquivos de diversificadas escolas,
cada qual com suas peculiaridades de produção e organização. Os arquivos permanentes
(BELLOTTO, 2004), fase do qual esses arquivos se inserem, devem ser tratados e
organizados por meio dos fundos documentais, pois mesmo repatriados em custódia
diferente, precisam ser arranjados e descritos, mantendo as suas espécies e tipologias,
fieis às práticas de escrituração e arquivamento das escolas de origem. Então, o estudo
dos fundos, tipos e espécies documentais nos possibilita não somente o acesso à
informação organizada, como também, entender a dinâmica e o movimento de produção
de documentos, considerando seus conteúdos e funções no contexto escolar (BELLOTO,
2008; BERNARDES, 1998, PAES, 2007).
A proposta então deste artigo é compreender sob o prisma da arquivologia
moderna, como se configuram os fundos documentais em centros de memória escolar
presentes em universidades, buscando subsidiar elementos para a sua organização,
arranjo e descrição. A prática de organização da informação documental constitui
atividade inerente dos profissionais da informação, dentre eles, arquivistas, bibliotecários,
museólogos e documentalistas. Nesse sentido, esta pesquisa vem somar aos interesses dos
pesquisadores da educação que apontam a necessidade de um diálogo interdisciplinar de
áreas, no intuito de melhor se pensar a organização de seus acervos históricos escolares
A pesquisa foi desenvolvida no Centro de Documentação do Nuped da
Universidade Federal de Mato Grosso em Rondonópolis, criado em 2001 e que possui
uma pequena, mas importante parcela de papéis e objetos de escolas mato-grossenses6.

6
Para Cardoso (2011 p. 27-44,): “Todas as fontes documentais reunidas no NUPED são oriundas de doações feitas por
escolas da região sudeste mato-grossense, secretarias de educação e particulares (professores, alunos, colegas,
8

A formação deste acervo, está ligada sobretudo ao Grupo de pesquisa ALFALE-


Alfabetização e Letramento escolar, que desde o ano de 2001 vem recolhendo cartilhas,
livros didáticos, manuais de professores, materiais e objetos de alfabetização, cadernos de
planejamento de professores, cadernos de alunos, livros de escrituração, relatórios de
projetos escolares, diários de classe, periódicos, propostas curriculares, regulamentos de
ensino, fontes orais e outros documentos diversos.

2 DOS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E ANÁLISE DOS FUNDOS

A primeira atividade realizada foi a limpeza do local que se encontrava bastante


empoeirado, bem como a higienização dos papéis com o uso de trinchas e pincéis, o que
permitiu a retirada de dobraduras, sujidades, clipes, grampos e restos de fitas adesivas os
quais têm causado o amarelamento de cantoneiras e bordas dos documentos. O
desmembramento fora feito com uso de pacotilhas de papel Kraft, tendo, em cada um,
sua identificação de origem e tipologia. Com esse procedimento, nos permitiu no
segundo momento, o levantamento da documentação por meio da separação dos tipos
documentais, bem como a junção dos tipos similares. Como o acervo encontrava-se
fechado no início dos trabalhos, foi necessária a limpeza do local o qual
A inventariação foi elaborada com o uso de formulário no qual cada tipologia foi
descrita em suas características possíveis, como: condições de armazenagem, data- limite,
tipo de suporte, dimensões dos papéis, estado de conservação, sistematização atual no
arquivo, número de laudas, breve descrição física e de conteúdo e proveniência. Devido à
diversidade dos papéis e documentos, alguns campos não puderam ser preenchidos pela
imprecisão das informações.
É importante registrar, que alguns materiais tivemos mais facilidade para realizar
o levantamento, haja visto que houve tentativas anteriores de tratamento deste acervo,
como a elaboração de livros controle e até mesmo, publicação de catálogos (FIGURA 1).

pessoas comuns). A maioria absoluta dessas fontes foi captada pelo Grupo de Pesquisa ALFALE em locais
denominados de arquivo morto, canto da biblioteca, depósito ou porão. A reunião dessas fontes nos coloca importantes
questões relacionadas à circulação e ao uso desses objetos. O simples fato de terem sido localizados no município de
Rondonópolis e adjacências não nos fornece garantias sobre sua circulação e, muito menos, indícios sobre seus usos na
prática pedagógica da região. É nesse sentido que qualquer estudo desse acervo será mais bem sucedido se
acompanhado de informações oriundas de outras fontes, tais como, as normatizações do ensino (leis, regulamentos,
propostas curriculares etc.) e as concretizações (diários de classe, cadernos de planejamento, cadernos de alunos, a
própria materialidade dos manuais, a história oral etc.). No entanto, não resta dúvida que tais objetos, saídos do
isolamento e da solidão dos porões, trazem marcas de uma cultura escolar brasileira”.
9

Figura 1 – Catálogo de cartilhas do CEDOC/NUPED

Fonte: do acervo

Com o levantamento e inventário, foi possível identificar 26 possíveis fundos


documentais, cada qual com uma variedade de documentos e papéis, sendo que quase a
totalidade desses documentos data da década de 1990, com pouca incidência na década
de 1970 e 1980. A proveniência é basicamente de instituições públicas e particulares da
região Sul do Estado de Mato Grosso e órgãos de gestão do governo (QUADRO 1).
10

Quadro 1 - Fundos documentais encontrados no NUPED


PROVENIÊNC ANOS CIDADE
IA
1 Secretaria Municipal de Educação 1999 Rondonópolis, MT
2 Delegacia Regional de Ensino 1970- Rondonópolis, MT
1980-
3 Escola municipal José Aparecido da Silva 1999 Rondonópolis, MT
4 Escola Municipal Rural de 1º Grau Vila Paulista 1999 Rondonópolis, MT
5 Escola Municipal Gisélio da Nóbrega 1999 Rondonópolis, MT
6 Escola Municipal Mario de Andrade 1999 Rondonópolis, MT
7 Escola Municipal Jardim Liberdade 1999 Rondonópolis, MT
8 Escola Municipal Jardim Ipanema 1999 Rondonópolis, MT
9 Escola Municipal EPAC São José 1999 Rondonópolis, MT
10 Escola Municipal Albino Dantas 1999 Rondonópolis, MT
11 Escola Municipal Arão Gomes Bezerra 1999 Rondonópolis, MT
12 Escola Municipal Nossa Senhora Aparecida 1999 Rondonópolis, MT
13 Escola Municipal Firmício Alves Barreto 1999 Rondonópolis, MT
14 Escola Municipal Edivaldo Zulliani Belo 1999 Rondonópolis, MT
15 Escola Municipal Serra Dourada 1999 Rondonópolis, MT
16Escola Municipal Melchiades F. Miranda 1999 Rondonópolis, MT
17 Educandário Elza Teixeira Araújo 1994 Rondonópolis, MT
18 Escola de 1º grau Castelinho do Saber 1995 Rondonópolis, MT
19 Escola Park Curumins 1997 Rondonópolis, MT
20 Unidade Educacional Pitágoras 1992 Rondonópolis, MT
21 Escola Municipal Parque São Jorge 2000 Rondonópolis, MT
22 Escola Municipal Irmã Elza Geovanella 2001 Rondonópolis, MT
23 Escola Estadual Daniel Martins de Moura 200- Rondonópolis, MT
24 Escola Francisco Ferreira Mendes 200- Cuiabá, MT
25 Escola Estadual Souza Bandeira 1999 Cuiabá, MT
26 Escola Estadual Gustavo Kulmann 199- Cuiabá, MT
Fonte: Organizado pelos autores

Todos os papéis que constituem esses fundos documentais são do ensino


fundamental que tratam das práticas de aprendizagem e ensino nessas escolas. Os que
não foram produzidos pela escola, mas arquivados por elas, foram tratados como do
mesmo fundo. São exemplos os cadernos escolares que se caracterizam mais como um
tipo de arquivo pessoal do aluno, mas que por algum motivo foram deixados na escola.
No quadro 2 é possível também visualizar as tipologias mapeadas. As análises
tipológicas demandaram maior tempo, pois precisaram de confrontos com outros papéis
que, em determinadas escolas, exercem a mesma função, mas recebem denominações
diferentes. O que é comum com os documentos antigos, pois refletem o desenvolvimento
administrativo escriturário da escola. Temos, como exemplo, os diários de classe que,
com o passar dos anos, têm recebido diversas denominações: livro
11

de chamada, Chamada de alunos, Livro de presença e, até mais recentemente, os


relatórios dos Diários de Classe Eletrônicos.7

Quadro 2 – Identificação preliminar das tipologias documentais do NUPED


TIPO DOCUMENTAL DESCRIÇÃ
O
Caderneta escolar Cadernetas em branco, sem anotações
Foto Fotos de alunos e escolas
Agenda de professor Várias agendas com anotações de professores
Agenda de diretor Várias agendas com anotações de diretores
Diário oficial Calhamaços de diários oficiais de diferentes datas
Lei Calhamaços de leis encadernadas sobre ensino
primário em Mato Grosso
Livro de posse de professores Livros de posse de professores aprovados em
concursos
Plano de ensino Diversos planos de ensino de professores
Plano de aula Diversos planos de aula de professores
Cadernos Cerca de 200 cadernos escolares de alunos do
Ensino Primário
Diários de classe Cerca de 50 diários de classe de diversas escolas e
professores
Folder Material informativo de atividades escolares
Relatório Relatórios administrativos de escolas
Projeto de extensão Projetos de ações educativas e culturais
apresentados por professores
Avaliação de alunos Provas e outras avaliações de alunos
Livro de ata Registro de reuniões de escolas
Fonte: Organizado pelos autores

No trabalho seguinte fizemos a tabulação dos fundos e a sistematização das


espécies e tipos documentais. Após a inventariação, procederemos à organização dos
fundos, criando notações e descrição das tipologias, objetivando gerar um plano de
arranjo, possibilitando sua organização em caixas de arquivo e prevendo seu crescimento
futuro com o recebimento de novas doações ou aquisições.
Por meio de uma lista discussão, realizamos ainda, uma consulta junto à
profissionais arquivistas, sobre alternativas de organização em casos não previstos nos
códigos de arranjo e descrição de acervos.

7
Um referência atual e importante sobre essa questão é o livro: CAMARGO, A. M. de A.; DELMAS, B.;
ARDAILLON, D. Et. all. Dar nomes aos documentos: da teoria à prática. São Paulo: Instituto Fernando Henrique
Cardoso, 2015. Disponível em: < http://fundacaofhc.org.br/files/dar_nome_aos%20documentos.pdf>. Acesso em:
01/09/2017.
12

3 A QUESTÃO DOS FUNDOS DOCUMENTAIS EM ACERVOS HISTÓRICOS-


ESCOLARES

Os fundos documentais de acordo com o Dicionário de Terminologia Arquivística


(2005, p. 97), são entendidos como o “Conjunto de documentos de uma mesma
proveniência”, ou seja, aqueles documentos advindos de uma determinada escola que
agora fazem parte, juntos com os de outras escolas, de um novo acervo.
Ao que se sabe, na prática, a organização de arquivos históricos de um modo geral
é uma questão bastante problemática, tendo em vista a multiplicidade e a diversidade de
documentos que são produzidos pelas instituições, cada qual seguindo seus preceitos
técnicos e administrativos. Quando esses conjuntos de papéis se confluem em
organismos distintos do de sua produção, cabe-nos pensar sobre novas formas de se
compor um outro conjunto que se constitui, sem segrega-los ao propósito do acervo a que
se forma.
É sobre esse viés que alguns estudos se debruçam, em buscar compreender a
dinâmica da produção documental e assim, redefinir um conceito para fundo documental
que atenda às necessidades desses centros escolares, pois como aponta Farge (2009,
p.12), a definição científica de fundos de arquivos “felizmente não esgota nem seus
mistérios nem sua profundeza”. E continua, apresentando um conceito mais amplo para
tal discussão:
Conjunto de documentos quaisquer que sejam suas formas ou seu
suporte material, cujo crescimento se deu de maneira orgânica,
automática, no exercício das atividades de uma pessoa física ou
jurídica, privada ou pública, e cuja conservação respeita esse
crescimento sem jamais desmembrá-los”. (FARGE, 2009, p. 2).

Para Camargo e Bellotto (2008), o fundo documental é a “Unidade constituída


pelo conjunto de documentos acumulados por uma entidade que, no arquivo permanente,
passa a conviver com arquivos de outras entidades”. Ou seja, os arquivos recolhidos por
esses centros de memória são papéis permanentes descartados de instituições que, por
algum motivo, não quiseram ou não tinham condições de organizá- los. Então, formarão
um novo arquivo, em outro local, distante de onde por muito tempo estiveram
guardados, mas permanecerão unidos pelas instituições que o produziram.
13

Considerando os conceitos arquivísticos expostos, lançamos um questionamento


em uma lista de discussão de profissionais arquivistas com a seguinte questão 8: o que
fazer no caso de um centro de documentação escolar ter recebido documentos
provenientes de diversas escolas, mas que estes conjuntos, não possuem quantidade de
papéis suficientes para se constituir um fundo específico. Então, poderíamos constituir
um fundo documental contendo documentos confluindo papéis de diversificadas escolas?
As respostas foram variadas, cada uma seguindo uma linha de pensamento.
Um dos participantes da referida lista recomenda ao que determina o conceito fixo
de fundo documental:
“Eu recomendaria que cada Escola que tivesse o seu acervo recolhido
para essa entidade custodiadora em questão, recebesse a denominação
de Fundo Documental, considerando a identidade devidamente
vinculada a sua proveniência”.

Complementando a razão de manutenção do conjunto desses papéis:

“Uma Escola tem sua identidade devidamente revelada quando se


elabora sua história administrativa, as suas atividades fim pré-
determinadas pela sua gestão no decorrer dos anos de sua existência.
Por mais que tenha uma Coordenadoria de Educação Regional que
possa ter intervido na administração de cada escola, definindo regras e
exigências relatórios e outros documentos com modelos pré-definidos,
ainda são cada escola teve sua administração formada por pessoas, que
possui suas características individuais, que as diferem de outras
pessoas, o que qualifica naturalmente que a produção, o uso,
destinamento, acumulo/descarte tenha sido feito a partir de decisões
distintas.”

E complementa que, embora as normas vigentes atuem como fator normalizador e


mantenedor da identidade do conjunto de documentos:
“No campo da Arquivologia, no exercício do profissional denominado
Arquivista e nos produtos resultantes de sua prática profissional,
possivelmente identificados como Sistema de arquivos não existe
"receitas prontas", ou seja, modelos padrões, aproximando no máximo
de modelos conceituais de códigos de classificação e proposições de
Tabelas de temporalidades para atividades meio em instituições
escolares municipais, estaduais, federais ou privadas”

Outro participante levantou a questão da quantidade de documentos para se compor um


fundo documental. Justamente, um dos problemas que enfrentamos no CEDOC/NUEPD,
que possui documentos provenientes de várias escolas, mas

8
Embora trazemos aqui recortes de uma consulta junto à profissionais arquivistas, buscando soluções não previstas em
normas e regulamentos técnicos, estes recortes não possuem rigor metodológico, pois não se caracterizam na
metodologia prevista na pesquisa. Achamos por bem inseri-las, pois trazem opiniões importantes como soluções
práticas.
14

documentos dispersos, fragmentados e soltos em pequenas quantidades. O participante


então responde citando um texto clássico do Duchein (1986, p. 3): “Em seu artigo,
Duchein descreve quais critérios defini um fundo e em nenhum dos critérios elencados, o
tamanho do acervo é um critério para se definir um fundo”
Outro participante aborda a possibilidade positiva de um centro de memória como
o aqui estudado, poder criar um fundo único e criar subdvisões, sem a necessidade de
“misturar” papéis de entidade produtoras diferentes, ao que recomenda a Norma
Brasileira de Descrição Arquivística9: “A Nobrade prevê 5 níveis: acervo da entidade
custodiadora (nível 0), fundo ou coleção (nível 1), seção (nível 2), série (nível 3), dossiê
ou processo (nível 4) e item documental (nível 5). Corroborando ao que outro
participante apontou:

“Faça 4 fundos [...]: municipal, estadual, confessional e particular.


Acredito que este conjunto de documentos específico poderia ser
tratado como uma série dentro do fundo da sua instituição e dentro da
sua série poderia ser aberto subséries.
Por exemplo:
Fundo - ESCOLAS PÚBLICAS DE MATO GROSSO
série - documentos das escolas
subserie - escola a
subserie - escola b
subsérie - escola c”

E, há ainda, os participantes que relativizaram a constituição dos fundos, tendo em


vista o propósito do centro deste centro de documentação que é voltado para atender a
pesquisa especializada em um tema específico, a história da alfabetização:
Na minha concepção, como vocês são um centro de memória (o qual
possivelmente podem reunir documentos de arquivo, biblioteca e até de
museus), podem fazer os agrupamentos conforme conveniência temática,
objetivando o propósito da divulgação do acervo.
Assim, por não possuírem atribuições típicas de entidade custodiadora
oficial das escolas em questão, vocês reúnem artificialmente os
documentos (e não naturalmente, como ocorre num arquivo), constituindo
assim coleções. Portanto, não há que se falar em fundo arquivístico para
cada escola.
Mas essa é minha opinião preliminar. Pois somente aqui via e-mail pela
sua história narrada não é possível ter 100% de certeza. Pois

9 A NOBRADE estabelece diretivas para a descrição no Brasil de documentos arquivísticos, compatíveis com as
normas internacionais em vigor ISAD(G) e ISAAR(CPF), e tem em vista facilitar o acesso e o intercâmbio de
informações em âmbito nacional e internacional. Embora voltada preferencialmente para a descrição de documentos
em fase permanente, pode também ser aplicada à descrição em fases corrente e intermediária. NOBRADE: Norma
Brasileira de Descrição Arquivística. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2006. 124 p.
15

outras variáveis precisariam ser analisadas in loco, como tipos de


documentos das escolas recebidos por vocês, por que as escolas jogaram
no lixo ou doaram para vocês, valor informacional da documentação.”

Todas estas opiniões contribuíram para entendermos a organização que já existe


no CEDOC/NUEP e que embora não atenda rigorosamente alguns preceitos presentes em
normas e regulamento arquivísticos, atende perfeitamente os pesquisadores que utilizam
o acervo.
Diante do explicito, apresentamos duas propostas para a configuração dos fundos
documentais deste Centro de Documentação. A primeira, segue por fundos institucionais
de proveniência dos documentos, e a segunda, segue por tipologias, que é a metodologia
aproximada que esse acervo já utiliza:

Exemplo 1
FUNDO: (DEM ) DOCUMENTOS ESCOLARES MATOGROSSENSES
Série 1 – Secretaria Municipal de Educação
Série 2 – Delegacia Regional de Ensino
Série 3 – Escola municipal José Aparecido da Silva
Série 4 – Escola Municipal Rural de 1º Grau Vila Paulista
Série 5 – Escola Municipal Gisélio da Nóbrega

Exemplo 1
FUNDO: (DEM) DOCUMENTOS ESCOLARES MATOGROSSENSES
Série 1 – Caderneta escolar
Subsérie 1 – Secretaria Municipal de Educação
Subsérie 2 – Delegacia Regional de Ensino
Subsérie 3 – Escola municipal José Aparecido da Silva
Subsérie 4 – Escola Municipal Rural de 1º Grau Vila Paulista
Subsérie 5 – Escola Municipal Gisélio da Nóbrega
Série 2 – Livro de posse de professores
Série 3 – Cadernos Diários de classe
Série 4 – Livro de ata Escola
Série 5 – Plano de ensino

Apresentamos aqui algumas considerações sobre recomendações técnicas para


configuração de fundos documentais em centro de documentação escolar. Umas das
intenções é normalizar e melhor sistematizara organização desses acervos com vistas à
sua recuperação para pesquisa. Pela complexidade que se constitui formar fundos
documentais de acervos dispersos, entendemos que a concepção norteadora para esta
16

prática, está sobretudo na interpretação das correntes teóricas que discutem o tema a
partir de vivências contrapostas aos códigos e normas de arquivo.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Arquivos são vidas, são narrativas, são fatos e instantes de anônimos e que,
reunidos, formarão a história (FARGE, 2009). Portanto, o trabalho com a organização
dos arquivos é um trabalho de fôlego! Requer uma reflexão metodológica, pois não se
trata apenas de organizar papéis aleatoriamente e desconectados da sua gênese.
Durante o andamento desta pesquisa, enfrentamos diversos problemas para a sua
execução. Primeiro, como já citado, o espaço físico que impossibilitou melhor a análise
das tipologias, com descrições mais detalhadas de conteúdos. Segundo, a transição desse
mesmo espaço para uma sala própria que, pela morosidade da instituição, despendeu
muito tempo para que voltássemos às análises iniciadas. Tudo isso seguiu com a greve
das universidades federais no ano de 2015, ocasionando à dispersão e o descompromisso
dos alunos voluntários, que inicialmente estavam envolvidos com o trabalho operacional
da pesquisa.
Posteriormente, houve ainda outra mudança: o referido acervo foi transferido para
uma sala da Biblioteca, com um pouco mais de espaço, mas que, novamente, atrasou a
finalização da pesquisa.
No contexto teórico, a compreensão dos fundos documentais foi importante
sobretudo para readequar a organização seguida pelo arquivo do NUPED, mas sem
modifica-la drasticamente, tendo em vista o embasamento teórico apontado. A
sistemática seguida por este acervo é uma metodologia criada pelos próprios
pesquisadores que formaram o acervo, portanto, atende perfeitamente as suas
necessidades.
Com a ida do acervo para o espaço da Biblioteca da UFMT, nossa pesquisa se
fortaleceu, pois, a partir de agora deverá estar disponível não somente aos pesquisadores
do Grupo ALFALE ou do Departamento de Educação, mas de todos que solicitarem.
Então, a proposta de elaborar um plano de arranjo documental, baseado nos princípios
arquivísticos é nosso compromisso, no intuito de potencializar o uso do acervo entre os
professores das universidades para que sejam desenvolvidos projetos de pesquisa em
história da alfabetização, memória e patrimônio educativo de Mato Grosso.
17

REFERÊNCIAS

BELLOTTO, Heloísa Liberalli. Arquivos permanentes: tratamento documental. 2. ed.


Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004.

BELLOTTO, Heloísa Liberalli. Diplomática e tipologia documental em arquivos. 2.


ed. Brasília: Briquet de Lemos, 2008.

BERNARDES, Ieda Pimenta. Como avaliar documentos de arquivo. São Paulo:


Arquivo do Estado, 1998.

CARDOSO, Cancionila. J. Cartilhas escolares: a constituição de acervos para o estudo


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PRODUTOS REALIZADOS COM A PARTICIPAÇÃO DO ALUNO

Produções Número
Artigos completos 0
Resumos publicados em anais de CONPEDUC 2016:
CONSIDERAÇÕES
congresso INICIAIS ACERCA DA
PRESERVAÇÃO DE
CADERNOS
HISTÓRICOS
ESCOLARES.
Livros e capítulos 0
Textos em jornais e revistas- 0
Apresentação de trabalhos 0
Outros 0

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