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Como lidar com a mudança?

Acontece que, muitas vezes, nossa vida muda e nosso coração não acompanha a mudança

A vida pode ser comparada a um rio, tem um destino e, portanto, não pode parar. Entre um obstáculo e outro, segue
seu curso até chegar ao oceano. Imaginemos que o rio passa por muitas paisagens e lugares diferentes, alguns mais
encantadores, outros menos; no entanto, ele não para, continua sua jornada e, por onde passa, vai partilhando riquezas
e dividindo suas águas.

Podemos ver lindos jardins e verdejantes plantações às margens de um rio. Desde criança, os rios me chamavam à
atenção. São livres, fortes, destinados, ninguém os pode segurar diante de suas metas, quando tentam os impedir de
seguir e constroem barragens; mesmo assim, eles enchem o espaço e logo começam a transbordar. Quem dera eu fosse
como um rio buscando meu destino, que é o Céu!

Bom, foi por admirá-los [rios] que encontrei inspiração para responder a um jovem que me pediu ajuda outro dia. Disse-
me que andava infeliz, porque não conseguia servir ao Senhor e me explicou a razão disso. Partilhou que sempre foi
ativo nas atividades de sua paróquia e tocar no ministério de música era sua maior alegria. Porém, com o tempo,
precisou mudar de cidade, casou-se e vieram os filhos; hoje, sente-se inútil na obra de Deus, triste e sem fé, porque não
consegue servir à Igreja.

Eu lhe disse que a vida muda com o tempo, e é preciso ter coragem para encarar as mudanças com maturidade, sem
ficar preso ao que passou. Falei sobre essa “filosofia do rio” e convidei-o para contemplar uma nova paisagem à sua
margem. O rio não para onde lhe é mais cômodo, entre um desafio e outro, segue seu destino, por isso tem a
oportunidade de estar sempre crescendo enquanto persegue a meta. Talvez você, hoje, esteja passando por situação
semelhante, e é pensando em casos assim que partilho o que penso.

Acontece que, muitas vezes, nossa vida muda e nosso coração não acompanha a mudança. É preciso rever a estrada e
perceber por onde ele ficou, talvez tenha se perdido ou esteja lá atrás, preso a algum sentimento; e precise de ajuda
para acompanhar a razão. É importante perceber que a vida nos oferece oportunidades de crescer com as mudanças,
mas não basta mudar de lugar, é preciso ter a disposição de acompanhar a mudança com a essência do que somos por
inteiro.

Gosto da comparação feita pelo diácono Nelsinho Corrêa para falar sobre mudanças na Canção Nova, que aliás são
constantes. Ele explica que vivemos o mesmo processo de uma plantinha que é trocada de terreno. Como ocorre com
elas, diante da mudança, até “murchamos” um pouco e sofremos as consequências do novo “solo”, mas precisamos
lançar as raízes na terra nova e reagir para não morrer.

Talvez, na sua vida, seja hora de lançar raízes onde Deus lhe permite estar. Penso que não existe melhor lugar para
servir ao Senhor do que onde estamos. Por mais que tenhamos a reta intenção de fazer grandes coisas em outro lugar, é
em nosso próximo que o Senhor espera ser servido. E quem é o próximo, senão aqueles que convivem conosco, em
casa, no trabalho, na escola?

Sentir saudade dos que amamos e dos momentos felizes que marcaram nossa história é uma coisa, deixar-se paralisar
pelo saudosismo e não se abrir às novidades do presente é outra. E agir assim é o mesmo que dizer: “Eu não quero
colaborar com minha própria felicidade”.
Como cristãos, precisamos ter claro em nossa mente que só existe um Senhor, e nós somos servos d’Ele. Se Deus, o
Senhor, conta conosco no exercício de um ministério ou deixa de contar, é necessário ter humildade e reconhecer que
valemos muito mais do que aquilo que fazemos. São Francisco de Assis afirmava, com razão, que somos o que somos
diante de Deus e mais nada. Acolher isso é grande sabedoria e sinal de maturidade.

O desejo desenfreado de fazer muitas coisas, mesmo que seja na obra de Deus, pode estar escondendo o grito de um
coração ferido que quer ser reconhecido e amado. Mas já está provado que não existe trabalho, nem lugar neste mundo
que possa preencher o vazio de uma alma. Só Deus pode nos curar e saciar plenamente, e as mudanças que Ele nos
permite viver, muitas vezes, são as oportunidades de restauração que Ele nos oferece. Portanto, se hoje você sofre as
consequências de alguma mudança, não pare na dor, reaja, lance raízes neste novo “solo” e procure frutificar aí mesmo.
O rio não para onde lhe parece mais florido. Ele passa e segue buscando seu destino. Façamos o mesmo!

Na prática, hoje, procure fazer algo concreto para levar o amor de Deus às pessoas, mesmo que sejam atitudes bem
simples, mas comece já. Acredito que aí está a cura para muitos males deste mundo. Mãos à obra! Talvez nem
necessitemos ir longe, existe muita gente que precisa de nós até dentro de nossas próprias casas. Amar e servir dizem
da vocação cristã. Cristo passou por este mundo nos ensinando com a vida essa lição. Se você aceita um conselho: não
pare na dor das perdas ou na saudade, experimente amar sem esperar recompensas. Você ficará surpreso com o
resultado. Estou rezando e torcendo por você!

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