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4 semanas para um coração transformado

Informações do autor: Marcos André é mestre de Teologia em Estudos


Bíblicos pelo International Biblical University e mestre em Ministério Cristão
no Seminário Bíblico Palavra da Vida. Foi missionário na Alemanha, e
atualmente pastoreia a Igreja O Brasil para Cristo em Nova Friburgo-RJ.

INFORMAÇÕES TÉCNICAS

Revisão: Juliana Gomes de Araújo


Capa: Alexandre Portela
Bíblia: Salvo indicação em contrário, todas as citações bíblicas foram
extraídas da versão Almeida Corrigida e Revisada Fiel.
INTRODUÇÃO

“Coração” é o termo mais utilizado pelos autores bíblicos para descrever as


inúmeras facetas da personalidade humana. As Escrituras dão pouca
importância ao seu aspecto físico[1], como órgão localizado na região
torácica, oco e muscular, cuja função é bombear o sangue por todo o corpo.
Não é no sentido literal que a expressão é empregada na maioria das centenas
de vezes em que aparece, mas metafórico. Trata-se do termo bíblico mais
significativo para designar a totalidade da natureza interior do homem[2].
Partindo dessa perspectiva, o presente livro é formado por 28 devocionais
que apresentam o coração como a chave para se alcançar um viver
transformado. Essas leituras diárias estão baseadas em passagens que
mencionam o coração nos mais variados contextos de vida dos personagens
bíblicos.
Entretanto, nas próximas páginas, o leitor não encontrará uma receita de
bolo; ou um produto empacotado que promete mudança de vida num passe de
mágica. No mínimo, seria leviano afirmar que, em quatro semanas de leitura,
o interior de uma pessoa poderia ser totalmente restaurado. No entanto, não
seria insensato esperar que uma verdadeira revolução se inicie e algo novo
venha a surgir, como resposta a um propósito de 28 dias de oração e
meditação numa temática tão peculiar.
Aceite esse desafio e comece agora essa jornada rumo ao seu coração,
pois dele partem “vias arteriais” capazes de trazer vitalidade a todo o seu ser.
Tenha uma excelente leitura!
PRIMEIRA SEMANA
Uma perspectiva bíblica sobre o coração será apresentada, assim como
sua capacidade de influenciar a nossa vida como um todo.

1° Dia > A chave da mudança


Sempre esperamos que as coisas mudem em nossa vida. E essa sede por
mudança tende a se intensificar em meio às adversidades. Até que chega um
ponto em que somos consumidos pelo desejo de partir em busca de novos
ares, onde novas experiências poderão ser vivenciadas. A gente se cansa da
vida de sempre e anseia ver surgindo em nosso horizonte novas
possibilidades.
Mas se aventurar alucinadamente em busca do novo pode levar a um
caminho repleto de frustrações. O que antes era desconhecido pode mostrar-
se pior que os males anteriormente rejeitados. E essa aventura pode terminar
num mar de decepções.
Nosso problema é que alimentamos a expectativa por mudanças, ficando
cegos àquilo que precisamos mudar. Por acreditarmos que o problema está
sempre nos outros e nas circunstâncias desfavoráveis, minimizamos o
impacto de nossas escolhas e decisões em nosso estado atual. Como se fosse
possível sermos meros figurantes na história de nossas vidas: Tolo é aquele
que naufragou seus navios duas vezes e continua culpando o mar[3].
Redescobrir o nosso protagonismo pode soar bem condenatório, à medida
que deixamos de atribuir responsabilidades a terceiros, para reconhecer nossa
expressiva parcela de culpa no caos vivenciado.
Contudo, esse despertar que leva ao reconhecimento não visa trazer
condenação; mas esperança. Pois, quem é parte substancial do problema,
também pode se tornar peça-chave na resolução. Quando alguém reconhece
suas falhas e se dispõe a mudar, torna-se apto para experimentar uma
verdadeira revolução em seu viver.
Essa não é uma versão gospel deste falatório sobre autoajuda tão popular
em nossos dias. Este livro parte da crença de que só Deus pode mudar a vida
de uma pessoa. Somente n’Ele o ser humano pode encontrar a saída. O fator
divino é fundamental para se encontrar a solução, qualquer que seja o
problema.
Por outro lado, a transformação genuína não acontece por um estalar de
dedos celestiais. Nós não permanecemos passivos em meio ao processo. Na
virada que Deus deseja realizar em nossas vidas, não existe ninguém mais
estratégico do que nós mesmos.
Não se limite, então, a olhar ao seu redor na expectativa de que as coisas
se alterem automaticamente. Olhe para dentro de si, e permita que o Senhor o
conduza nos passos necessários para a mudança. E, a partir do seu coração,
sua existência será profundamente impactada por Deus: Quem olha para
fora, sonha; quem olha para dentro, desperta[4].

Perguntas para reflexão: Você costuma se enxergar como uma mera


vítima em meio aos problemas? Também tem por hábito se fantasiar
deixando para trás família, igreja e amigos, para partir em busca de uma vida
diferente?

Desafio pessoal: Pare de alimentar a expectativa por mudanças, sem


dispor-se a mudar. Compreenda que é de dentro para fora que sua vida pode
ser transformada por Deus.

Oração diária: “Arranque do meu coração, Senhor, falsas ilusões e


expectativas. Não permita que eu seja iludido pelos encantos deste mundo,
mas que, a partir do meu interior, uma grande reviravolta aconteça em minha
história. Amém!”

2° Dia > O que Deus quer de mim


Deus não está interessado em nada que tenhamos a oferecer a Ele;
somente em nosso coração. E as implicações práticas dessa entrega só serão
entendidas, à medida que também compreendermos esta que é a palavra mais
importante na Bíblia para caracterizar o homem[5].
Popularmente, o coração é visto como a sede da afetividade humana[6].
Falar sobre “coisas do coração” é sinônimo de partilhar a vida amorosa.
Assim como abri-lo para alguém envolve confidenciar expectativas, medos,
alegrias, tristezas e talvez decepções.
Todavia, quando os autores bíblicos falam sobre coração, não se limitam
a tratar de sentimentos. Praticamente toda função imaterial é atribuída a ele,
referindo-se, em especial, a uma das três funções tradicionais da
personalidade humana: emoções, pensamento e vontade[7]. O coração
representa o centro da vida interior de uma pessoa[8]; a essência do que
somos; o nosso “eu” todo embrulhado em apenas uma palavra[9].
Quando, por exemplo, Deus advertiu Faraó que enviaria inúmeras pragas
sobre o seu coração, não estava se referindo a problemas cardíacos; mas
alertando que aquelas pragas o afetariam pessoalmente, a fim de que ele
reconhecesse que em toda a terra não há ninguém como o Senhor[10]. De
igual modo, a afirmação bíblica de que quem se considera religioso, mas não
refreia sua língua, engana o seu coração, faz alusão a pessoas que enganam a
si mesmas[11].
Se, no sentido metafórico, o coração representa a natureza íntima de
uma pessoa[12], o que existe nele determina quem somos e a maneira
como vivemos. Por isso, o livro de Provérbios desafia-nos a guardar o
coração, porque dele procedem às fontes da vida[13].
Mas há pessoas que acreditam não importar como alguém se veste; o
vocabulário que utiliza; ou o modo como se comporta. A única coisa
relevante seria o estado do seu coração. Quando, na verdade, nossa
vestimenta, fala e comportamento são expressões claras e cristalinas do que
reside em nosso interior: Assim como a água reflete o rosto, o coração reflete
quem somos nós[14].
Não é pouco Deus desejar “apenas” o nosso coração. O Criador sabe
muito bem que, se o entregarmos a Ele, todo o nosso ser estará rendido à Sua
perfeita vontade. Por esse motivo, o apelo divino a cada um de nós é
singelo, mas, ao mesmo tempo, pleno: Dá-me, filho meu, o teu coração[15].

Perguntas para reflexão: O que seu modo de falar, sua maneira de se


vestir e seu comportamento dizem a respeito do seu estado interior?

Desafio pessoal: Entregue o seu coração a Deus, a fim de que todas as


áreas de sua vida sejam alinhadas ao propósito divino.

Oração diária: “Pai, eu rendo a Ti o meu coração e peço que o Senhor se


apodere deste que é o centro de controle da minha vida. Amém!”

3° Dia > A voz interior


A vida é feita de escolhas. E nem sempre é fácil acertar nas decisões.
Normalmente, quando uma pessoa não sabe por qual caminho trilhar, é
aconselhada a ouvir a voz do coração. Mas seguir o coração seria sempre o
melhor a se fazer? Parece que não. E há algumas evidências bíblicas que
apontam para isso.
Primeiramente, quando as Escrituras mostram alguém dizendo algo no
seu coração, essa pessoa normalmente termina fazendo o que desagrada ao
Senhor. Na amostragem abaixo, encontram-se alguns pecados gerados no
coração de determinados personagens bíblicos:

INCREDULIDADE: Então caiu Abraão sobre o seu rosto, e riu-se, e


disse no seu coração: A um homem de cem anos há de nascer um filho? E
dará à luz Sara da idade de noventa anos?[16]

DESEJO DE VINGANÇA: Esaú odiou a Jacó por causa daquela


bênção, com que seu pai o tinha abençoado; e Esaú disse no seu coração:
Chegar-se-ão os dias de luto de meu pai; e matarei a Jacó meu irmão[17].

PRECIPITAÇÃO: Disse, porém, Davi no seu coração: Ora, algum dia


ainda perecerei pela mão de Saul; não há coisa melhor para mim do que
escapar apressadamente para a terra dos filisteus, para que Saul perca a
esperança de mim, e cesse de me buscar por todos os termos de Israel; e
assim escaparei da sua mão[18].

ARROGÂNCIA: Entrando Hamã, o rei lhe disse: Que se fará ao


homem de cuja honra o rei se agrada? Então Hamã disse no seu coração:
De quem se agradaria o rei para lhe fazer honra mais do que a mim?[19]

COBIÇA: E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das


estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me
assentarei, aos lados do norte[20].

FALTA DE VIGILÂNCIA: Se aquele servo disser em seu coração: O


meu senhor tarda em vir; e começar a espancar os criados e criadas, e a
comer, e a beber, e a embriagar-se, virá o senhor daquele servo no dia em
que o não espera, e numa hora que ele não sabe, e separá-lo-á, e lhe dará a
sua parte com os infiéis[21].
Outra evidência é a batalha travada pelos profetas do Antigo Testamento
contra a tendência israelita de guiar-se pelo coração. Isaías alertou que essa
prática resultava em rebeldia. Jeremias advertiu que a idolatria também era
consequência dessa orientação equivocada. Enquanto Ezequiel foi chamado
para falar contra pessoas que não profetizavam da parte de Deus, mas de seu
próprio coração[22].
Os livros poéticos fazem coro com essas advertências. Segundo o sábio, o
que confia no coração é insensato, mas o que anda em sabedoria, será salvo.
E o salmista estava igualmente convicto de que se ele atendesse à iniquidade
do seu coração, o Senhor não o ouviria[23].
Portanto, seja cauteloso ao tomar decisões. Ouça a voz de Deus através de
sua Palavra e busque a orientação de pessoas amadurecidas na fé. Pois se, por
um lado, o coração pode ser a pior bússola a se seguir, o Deus a quem
servimos é bom e reto, e suficientemente capaz de ensinar o caminho aos
pecadores, guiar os mansos em justiça e ensinar aos que O temem o caminho
que devem escolher[24].

Perguntas para reflexão: Você é uma pessoa impulsiva? Tem o costume


de buscar conselhos na hora de tomar decisões importantes?

Desafio pessoal: Não confie no seu coração, mas submeta seus passos ao
direcionamento divino. Busque conhecer a Bíblia, e peça a orientação de
pessoas espiritualmente maduras sobre como aplicá-la no seu cotidiano.

Oração diária: “Ajuda-me, Senhor, a tomar decisões sábias. E que, em


meio às encruzilhadas da vida, a Tua Palavra seja sempre o meu guia,
apontando o norte a seguir. Amém!”

4° Dia > O cerne do problema


A expressão “coração” pode designar a região mais interna, o lugar mais
central, ou a parte mais importante de algo; como, por exemplo, quando
alguém diz que uma casa está situada no coração da cidade[25]. Essa é a
conotação do testemunho bíblico de que Jonas foi lançado no profundo, no
coração dos mares[26].
Nesse sentido, se todos têm suas próprias lutas e dificuldades, qual seria o
coração do problema humano? Segundo a Bíblia, é o próprio coração; e
qualquer tratamento só será eficaz caso se inicie a partir dele.
Mas as pessoas sempre dão um jeito de desculpar suas falhas apontando
para aquilo que as pessoas fizeram ou deixaram de fazer por elas. Tudo
parece ser justificável, quando se tem um conjugue distante, um amigo
incompreensível, um pai rigoroso, um pastor omisso ou filhos ingratos.
Recordo-me de uma ocasião em que fui informado de um caso específico
de adultério. Por tratar-se de um casal próximo, fiquei pasmo ao saber que
aquele homem havia traído sua esposa. Mas o meu espanto só aumentou,
quando a pessoa que me relatava o fato, prontamente sentenciou que a culpa
havia sido da esposa. Sem entender muito bem o ocorrido, fiquei pensando se
aquela não seria uma versão moderna do triângulo amoroso descrito no livro
de Gênesis, em que Sarai entrega Hagar para deitar-se com seu marido que
aceita “relutantemente”. Foi quando a pessoa que me contava a história
argumentou que considerava a esposa do adúltero a grande responsável
devido a seu ciúme doentio.
Não se pode negar que a desconfiança injustificada possa criar um
ambiente propício para o adultério. Mas uma relação adúltera só pode ser
consumada se antes for gerada no coração do infiel. Pois, segundo Jesus, é do
interior do coração dos homens que saem os maus pensamentos, os
adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades,
o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Estes
males procedem de dentro[27].
Essa é a razão porque as tentações são tão difíceis. Não mudamos
radicalmente num momento de tentação. Não! As tentações revelam o que
durante muito tempo esteve oculto no nosso coração aguardando as
condições adequadas para se manifestar[28].
Por isso, é um grande erro adotar medidas paliativas na solução das
crises, à semelhança daqueles que mudam de emprego, de cônjuge, de
colegas, de amigos, mas nunca pensam em mudar a si mesmos[29].
A transformação que você anseia ver acontecendo no contexto em que
vive começa em seu interior. A região periférica dos problemas que afligem a
sua alma só será solucionada, quando o que é central - o seu coração - for
devidamente tratado.
Porque, no final das contas, o coração do problema é o coração!

Perguntas para reflexão: Você tem o hábito de culpar outras pessoas,


mas é incapaz de reconhecer sua parcela de responsabilidade em meio às
crises? Também é detalhista ao descrever as falhas alheias, mas, apesar de
reconhecer seus defeitos, não menciona nenhum deles pelo nome?

Desafio pessoal: Olhe menos para os erros dos outros, e comece a


reconhecer suas próprias imperfeições. Pare de tentar controlar aqueles que
estão ao seu redor, e saiba que a única pessoa que você tem condições de
mudar, com o auxílio do Espírito Santo, é você mesmo.

Oração diária: “Senhor, abra os meus olhos, para que eu possa


identificar toda mudança que precisa acontecer em mim. Ajude-me a
abandonar o pecado da murmuração. E que, a partir de mim, a realidade em
que estou inserido seja transformada. Amém!”.

5° Dia > O mal que habita em mim


O que há de errado em nosso coração não está relacionado aos
tradicionais problemas cardíacos. A queda do homem no Éden afetou a
própria natureza humana. Essa condição caída que herdamos de Adão é
descrita por Deus logo após o dilúvio:

O Senhor sentiu o aroma agradável e disse a si mesmo: "Nunca mais


amaldiçoarei a terra por causa do homem, pois o seu coração é inteiramente
inclinado para o mal desde a infância. E nunca mais destruirei todos os seres
vivos como fiz desta vez”[30].

O livro de Provérbios faz a mesma avaliação do estado humano ao


afirmar que a insensatez está ligada ao coração da criança[31].
Nossa luta contra o pecado começa desde quando nossos pulmões se
expandem e choramos pela primeira vez. Chegamos a um mundo marcado
pelo pecado trazendo a inclinação a ele em nosso íntimo. Uma criança não
precisa ser ensinada a mentir; a desafiar as regras; a ser egoísta; ou a
manipular pessoas. Ela já nasce com a aptidão necessária para fazer tudo isso.
O ambiente pode favorecer ou desencorajar a manifestação desses males, mas
a verdade central é que o mal não está apenas do lado de fora; e, sim, dentro
de nós.
Os textos bíblicos que associam a perversidade humana ao coração são
vastos. O livro de Provérbios, por exemplo, afirma que a perversidade
instalada no coração é abominação ao Senhor; resulta em desprezo; e nos
impede de encontrar o bem[32].
De igual modo, a profecia de Jeremias vincula a maldade ao nosso
interior. Seu livro fala sobre aqueles que andam no propósito do seu coração
malvado, e agem segundo ele; mas também menciona um tempo em que os
homens nunca mais andarão conforme os interesses de um coração
maligno[33].
É no coração que o homem amontoa maldade, e onde iniquidades são
forjadas. Também é nele que amarga inveja e sentimento faccioso se
abrigam, bem como o engano. E é ele quem maquina pensamentos perversos
e pratica a iniquidade[34].
Nosso maior inimigo não é o tentador, nem o mundo que nos oferece
uma ampla gama de possibilidades para pecar; mas o pecado que habita em
nós. Sem ele, Satanás não teria dentro de nós um ponto de apoio e as ofertas
do mundo não seriam tão atrativas e sedutoras. Da mesma forma que um
pescador experiente e uma isca saborosa não seriam suficientes para uma
pesca bem-sucedida, só mordemos a isca do pecado porque o mau desejo
reside em nós: Cada um, porém, é tentado pela própria cobiça, sendo por
esta arrastada e seduzido. Então a cobiça, tendo engravidado, dá à luz o
pecado; e o pecado, após ter-se consumado, gera a morte[35].
Nossa batalha mais ferrenha é profundamente pessoal. Ela é travada
no terreno do coração. E, sem o auxílio divino, será facilmente vencida pelo
engano. Somente uma restauração interior poderá livrar-nos das garras do
pecado: Lava o teu coração da malícia, ó Jerusalém, para que sejas salva;
até quando permanecerão no meio de ti os pensamentos da tua iniquidade?
[36]

Perguntas para reflexão: Você percebe como essa inclinação ao pecado


torna a ação do Diabo como tentador e os efeitos sedutores do mundo mais
eficazes? Também nota como seu estado interior pode determinar suas ações
e reações?

Desafio pessoal: Reconheça a batalha espiritual que ocorre dentro de


você, e clame pela intervenção divina em sua vida.

Oração diária: “Venha sobre o meu coração, Senhor, e lava-me de toda


a impureza. Que eu não seja uma presa fácil para o pecado, mas encontre
refúgio em Ti. Amém!”
6° Dia > Uma renovação interior
Com extrema precisão, o profeta Jeremias descreveu a delicada
condição humana: enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e
perverso; quem o conhecerá?[37] O homem vive sob o poder do pecado, que
fez a sua habitação em seu coração, e, desta posição favorável, escraviza-o
por inteiro[38]. Sem a assistência divina, ninguém pode escapar dessa triste
realidade.
No Antigo Testamento, a circuncisão era o sinal físico do pacto firmado
entre Deus e Abraão. Todavia, o texto bíblico também fala de uma incisão
que não era exterior, mas acontecia no coração, e representava a fidelidade
dos descendentes de Abraão à aliança feita com o Senhor. Esse foi o meio
temporário que Deus proveu, para que Seu povo estivesse em condições de
servi-Lo, enquanto ainda estava debaixo da lei[39]: E o Senhor teu Deus
circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares
ao Senhor teu Deus com todo o coração, e com toda a tua alma, para que
vivas[40].
Essa circuncisão interior não estava relacionada apenas ao auxílio divino,
mas também à disposição do povo em andar em obediência à Lei. Era
necessário que os israelitas se dispusessem a remover qualquer coisa que
impedisse sua fidelidade à aliança estabelecia com o Senhor:

Circuncidai, pois, o prepúcio do vosso coração, e não mais endureçais a


vossa cerviz. Pois o Senhor vosso Deus é o Deus dos deuses, e o Senhor dos
senhores, o Deus grande, poderoso e terrível, que não faz acepção de
pessoas, nem aceita recompensas[41].

Mas Israel se contentava com o sinal físico da aliança, e não buscava a


verdadeira circuncisão, que é a do coração[42]. Havia entre eles um zelo
excessivo por determinados ritos religiosos, mas faltava uma entrega genuína
ao Senhor. Eram como sepulcros revestidos de uma espessa camada de cal;
por fora, pareciam formosos, mas, interiormente, estavam cheios de
imundice[43].
Deus, entretanto, ainda reservava uma solução definitiva para o pecado.
Uma aliança eterna seria instituída entre Deus e o Seu povo; o que envolveria
a concessão de um novo coração. Nesse novo contexto, a lei não viria mais
em tábuas de pedra, mas seria esculpida no íntimo:
Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias,
diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no
seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo[44].

E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e


tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de
carne[45].

Essa nova aliança entrou em vigor a partir da morte de Cristo na cruz do


Calvário. E todo aquele que reconhece Jesus como Senhor e Salvador é
automaticamente “transplantado”. A fé depositada em Cristo torna o “crente”
habitação do Espírito, que o habilita a fazer a vontade de Deus. Quando esse
Espírito faz morada no coração, o homem já não é mais escravo do pecado,
mas se torna filho e, consequentemente, herdeiro de Deus[46].
Somente quando o Espírito cria em nós um coração com novos estímulos,
desejos e inclinações, torna-se possível alcançar um viver que agrade ao
nosso Criador.
Que diante desse estado humano crítico, haja um clamor em nossos
lábios por uma intervenção cirúrgica que apenas o médico dos médicos pode
realizar: Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um
espírito reto[47].

Perguntas para reflexão: Você já reconheceu Jesus como Senhor e


Salvador de sua vida? Está convicto de que “pulsa” dentro de você um novo
coração?

Desafio pessoal: Deposite inteiramente sua fé na pessoa e obra de Cristo.


Receba o Espírito Santo; e seja capacitado por Ele a fazer a vontade de Deus.

Oração diária: “Senhor, eu creio em Ti e desejo que faças morada em


meu coração. Reconheço que sou pecador, mas me arrependo; e peço que o
Teu Espírito me auxilie a vivenciar o perfeito propósito que Tu tens para
mim. Amém!”

7° Dia > A raiz e os frutos


As Escrituras Sagradas associam o interior do homem ao que é
externado por seus lábios. O livro de Provérbios, por exemplo, afirma
que a boca que promove instrução é ensinada primeiramente pelo
coração[48]. Cristo também alertou para uma conexão orgânica entre
coração e língua, de modo que nossas palavras são literalmente o nosso
interior transbordando[49]:

Nenhuma árvore boa dá fruto ruim, nenhuma árvore ruim dá fruto bom.
Toda árvore é reconhecida por seus frutos. Ninguém colhe figos de
espinheiros, nem uvas de ervas daninhas. O homem bom tira coisas boas do
bom tesouro que está em seu coração, e o homem mau tira coisas más do mal
que está em seu coração, porque a sua boca fala do que está cheio o
coração[50].

Segundo essa passagem, as palavras seriam como frutos – sempre


acessíveis aos que se aproximam. Enquanto a raiz seria o coração que,
por estar “abaixo da superfície”, costuma passar despercebido[51]. Assim
como a árvore produz este ou aquele tipo de fruto por causa das raízes
que tem; as pessoas falam desta ou daquela maneira devido à sua
condição interior[52].
Sendo assim, a verdadeira fonte dos problemas e dificuldades com a
língua brota do coração. O que os lábios expressam é fruto desse único
mentor. Combater uma linguagem inapropriada sem atentar para o que
reside dentro do homem é tratar do efeito, sem atacar a causa. Somente
no instante em que o coração for transformado, o vocabulário será
igualmente modificado por Deus.
Mas não é assim que as pessoas costumam lidar com seus destemperos.
Quando “xingam” alguém no trânsito, culpam o motorista que lhes deu uma
fechada. No momento em que ofendem seu cônjuge, justificam suas palavras
desmedidas pelas dificuldades vivenciadas no ambiente de trabalho. Mas
ainda que relacionamentos e circunstâncias possam criar uma atmosfera
extremamente favorável às explosões de ira e, consequentemente, palavras
impensadas, essas são apenas ocasiões nas quais os corações se revelam[53].
Não basta, portanto, adotar um linguajar politicamente correto. Boas
palavras que procedam de um coração maldoso são extremamente
inadequadas. O próprio Jesus questionou os fariseus por dizerem coisas boas,
sendo maus. Pois a boca fala do que está cheio o coração[54].
Se temos pecado com a língua; se o fruto de nossos lábios não tem
beneficiado àqueles que nos rodeiam, precisamos clamar para que a
misericórdia do Senhor nos alcance e Sua graça nos transforme. Pois, no
juízo, daremos conta a Deus de toda palavra inútil que tiver saído de nossa
boca[55].
Uma vez que o coração é a origem dos pecados da língua, uma mudança
real e definitiva só ocorrerá se alcançar a totalidade do nosso ser.

Perguntas para reflexão: Você costuma falar o que não deve? Também
se esforça para medir suas palavras, mas, quando se dá conta, já falou o que
não deveria?

Desafio pessoal: Pare de se preocupar apenas com o fruto dos seus lábios
e dê mais importância à raiz do problema. Busque em Deus soluções para o
mau uso da língua que atinjam em cheio o seu coração.

Oração diária: “Senhor, eu reconheço que tenho pecado com minha


língua. Peço a Ti que renoves o meu interior, a fim de que minhas palavras
concedam graça àqueles que as ouvem[56]. Amém!”
SEGUNDA SEMANA
Características de um coração que agrada ao Senhor serão destacadas.

8° Dia > Quebrantamento


O transplante que Deus deseja realizar no homem é substituir o coração
de pedra por um coração de carne[57], pois um dos maiores problemas da
natureza humana é a dureza de coração.
Esse endurecimento prejudica os relacionamentos interpessoais. As
pessoas se tornam insensíveis às necessidades alheias, e essa indiferença ao
clamor do próximo impede que suas mãos se estendam para ajudar:

Se houver algum israelita pobre em qualquer das cidades da terra que o


Senhor, o seu Deus, lhe está dando, não endureçam o coração, nem fechem a
mão para com o seu irmão pobre. Ao contrário, tenham mão aberta e
emprestem-lhe liberalmente o que ele precisar[58].

Mas, sobretudo, essa insensibilidade deteriora o relacionamento com


Deus. Os ouvidos se fecham às orientações divinas, e a devoção ao Senhor é
substituída por ídolos falsos erguidos no coração: Este povo maligno, que
recusa ouvir as minhas palavras, que caminha segundo a dureza do
seu coração, e anda após deuses alheios, para servi-los, e inclinar-se diante
deles...[59].
Os maiores desafios enfrentados por Jesus foram resultantes de Ele ter
ministrado a uma geração de coração endurecido. Nada produzia semelhante
resistência ao toque divino quanto essa insensibilidade espiritual. Até entre os
discípulos mais chegados, o endurecimento impedia a absorção de preciosas
lições partilhadas pelo Mestre[60]. Mesmo após Sua ressurreição, Jesus
precisou repreendê-los firmemente pela dureza de seus corações: Mais tarde
Jesus apareceu aos Onze enquanto eles comiam; censurou-lhes a
incredulidade e a dureza de coração, porque não acreditaram nos que o
tinham visto depois de ressurreto[61].
Em contraste com essa dura realidade, não há nada que agrade mais a
Deus do que um coração quebrantado. Segundo as Escrituras, existe algo em
nosso quebrantamento que apela à compaixão e ao poder de Deus[62]: Perto
está o Senhor dos que têm o coração quebrantado, e salva os contritos de
espírito[63].
Geralmente, quando alguma coisa está quebrada, seu valor diminui ou
desaparece totalmente. Quanto vale um prato quebrado? Uma garrafa
quebrada? Absolutamente nada! Servem apenas para serem descartados. Até
mesmo um carro amassado ou um aparelho eletrônico levemente danificado
tem seu valor de revenda reduzido.
Não é assim no reino espiritual. Deus valoriza muito as coisas quebradas
– especialmente as pessoas. Pois não é poder que Ele busca em nós, mas
fraqueza; nenhuma resistência, mas sujeição. Todo poder é d’Ele; Sua força é
aperfeiçoada em nossa fraqueza[64]: Os sacrifícios para Deus são o espírito
quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó
Deus[65].
A palavra hebraica traduzida por “quebrantado” nos remete a algo que
foi esmagado até virar pó[66]. E parte do maravilhoso propósito de Deus para
as nossas vidas é livrar-nos de um coração petrificado, pulverizando nosso
orgulho e autossuficiência em meio às provações. Pois quando Deus pega o
pó, em Sua habilidade singular, Ele sempre forma algo à Sua imagem e
semelhança: E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a
nossa semelhança [...] E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e
soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma
vivente[67].
Mesmo tendo nascido de novo e recebido um novo coração, nossa batalha
contra a insensibilidade espiritual permanece vigorosa. Que o temor ao
Senhor seja a expressão contínua de nosso quebrantamento, a fim de que não
sejamos surpreendidos pelas consequências desastrosas do endurecimento do
coração: Como é feliz o homem constante no temor do Senhor! Mas quem
endurece o coração cairá na desgraça[68].

Perguntas para reflexão: Você costuma se sensibilizar com as


necessidades alheias? Também se considera uma pessoa aberta à voz do
Espírito?

Desafio pessoal: Quebrante o seu coração continuamente na presença do


Senhor. Faça bom uso da prática do jejum e da oração como forma de
prevenção e combate ao endurecimento.
Oração diária: “Eu compreendo, Senhor, que preciso passar por algumas
adversidades para que meu coração não permaneça endurecido. Conceda-me
graça e sabedoria para que, em meio aos desertos e vales, eu não me perca,
mas me reaproxime de Ti. Amém!”

9° Dia > Humildade


A Bíblia costuma descrever a arrogância como um coração que se elevou,
exaltou-se ou se tornou altivo. Os efeitos desse pecado são devastadores.
No momento em que a altivez se abriga no coração, a tendência natural da
pessoa é esquecer-se de Deus. A ingratidão se apodera do indivíduo, que
deixa de corresponder à bondade com que o Senhor o tem tratado. O coração
se corrompe até que nada mais iniba a prática do que é reprovável diante de
Deus[69].
Diferente de outros pecados, o orgulho não apenas distancia, mas é um
ataque direto à pessoa de Deus, em sua tentativa de destroná-Lo e entronar a
si próprio[70]. Por essa razão, Deus não tolera quem tem olhar altivo e coração
soberbo. Cultivar orgulho no coração é abominação aos Seus olhos[71]. E a
extensa lista de pessoas e nações que foram abatidas pelo Senhor evidencia
que nenhum altivo permanecerá impune.
Deus castigou o fruto da arrogante grandeza do coração do rei da Assíria;
destruiu Moabe porque se engrandeceu contra o Senhor; derrubou os filhos
de Amom devido à sua arrogância; lançou por terra o príncipe de Tiro porque
se exaltou; e deu fim ao reinado de Belsazar porque este não humilhou o seu
coração[72].
Não é tarefa fácil vencer um pecado que envolve o coração como as
camadas de uma cebola – quando você puxa uma camada fora, há mais uma
debaixo daquela. Assim como é extremamente desafiador matar de fome um
mal que se alimenta de praticamente tudo; seja uma boa medida de
capacidade e sabedoria, um simples elogio, uma temporada de grande
prosperidade, um chamado para servir a Deus numa posição de prestígio, ou
até mesmo a honra de sofrer pela verdade[73].
Somos orgulhosos por natureza e modestos por necessidade[74].
Somente uma intervenção divina pode nos livrar das garras da altivez. E são
inúmeras as circunstâncias projetadas por Deus para nos manter nos trilhos da
humildade. Como bem disse Charles Spurgeon:
A pobre natureza humana não pode aguentar tensões como as que
advêm das vitórias celestiais; tem que sobrevir uma reação. O excesso de
alegria ou de emoção tem que ser pago com humilhações subsequentes [...]
Nosso vinho tem que ser misturado com água, se não, transtorna os nossos
miolos[75].

Enquanto o coração do homem se exalta antes de ser abatido, a humildade


precede a honra. Pois, o mesmo Deus que resiste ao soberbo é quem concede
graça ao humilde. Sempre que um coração se sensibiliza, e se humilha
perante o Senhor, Ele ouve a sua oração[76].
O que se requer de nós é que nos apequenemos debaixo da potente mão
de Deus, para que Ele nos exalte no tempo devido. Porque quem aprende a
ser manso e humilde de coração certamente encontrará descanso para a sua
alma[77].
Se assim o fizermos, alcançaremos um nível de satisfação em Deus
semelhante ao contentamento de uma criança recém-amamentada por
sua mãe:

Senhor, o meu coração não é orgulhoso e os meus olhos não são


arrogantes. Não me envolvo com coisas grandiosas nem maravilhosas
demais para mim. De fato, acalmei e tranquilizei a minha alma. Sou como
uma criança recém-amamentada por sua mãe; a minha alma é como essa
criança. Ponha a sua esperança no Senhor, ó Israel, desde agora e para
sempre![78]

Perguntas para reflexão: Você se considera uma pessoa orgulhosa?


Alguém já lhe disse que “engolir sapo” é dietético ao orgulho?

Desafio pessoal: Humilhe-se na presença do Senhor. Confesse sua


completa dependência d’Ele. Pare de tentar fazer as coisas do seu próprio
jeito, mas reconheça o Senhor em todos os seus caminhos, a fim de que Ele
endireite as suas veredas[79].

Oração diária: “Pai, confesso que não sei, e nem consigo viver sem o
Seu auxílio. Humilho o meu coração perante Ti, e clamo por Tua
misericórdia, a fim de que Tua graça me guie em toda a verdade. Amém!”
10° Dia > Sabedoria
Segundo as Escrituras, a sabedoria e o entendimento têm origem no
coração[80]. Tanto que Salomão pediu um coração entendido para julgar o
povo de Israel, de modo que prudentemente pudesse discernir entre o bem e o
mal. E o Senhor lhe concedeu sabedoria, e muitíssimo entendimento, e
largueza de coração[81] – expressão também traduzida como abrangência de
conhecimento[82]. De sorte que toda a terra buscava a face de Salomão, para
ouvir a sabedoria que Deus tinha posto no seu coração[83].
Semelhantemente, o salmista afirmou que correria pelo caminho dos
mandamentos divinos, quando lhe fosse dilatado o coração[84], ou, em outras
palavras, no momento em que lhe fosse dado maior entendimento[85].
A associação entre o coração e a sabedoria é tão estreita nas Escrituras
que a escassez de entendimento pode representar, na prática, a ausência do
próprio coração.
Por exemplo, o livro de Provérbios alerta que a vara é para as costas
daquele que não tem juízo [86]. No original hebraico, a expressão pode ser
traduzida literalmente por aquele que lhe falta coração[87]. E o profeta Oséias
repreendeu Israel por ter abandonado o Senhor para se entregar à
prostituição, ao vinho velho e ao novo, o que prejudica o discernimento[88];
ou, em outras versões, que tiram o coração[89].
Quando a sabedoria entra no coração de um homem, o conhecimento se
torna agradável à sua alma. Ele fica aberto aos mandamentos e passa a ser
chamado de prudente[90]. Essa sabedoria o capacita a compreender a hora e a
maneira certa de agir[91].
O coração também é responsável por agir com percepção e discernimento
das situações[92]. Tanto que ao confrontar Geazi por partir sem seu
consentimento em busca da recompensa oferecida por Naamã, Eliseu o
questionou: ... porventura não foi contigo o meu coração, quando aquele
homem voltou do seu carro a encontrar-te?[93] Apesar de seu servo ter agido
às escondidas, nada havia passado despercebido pelo coração do profeta.
Como precisamos de sabedoria no mundo em que vivemos! Diante de
tantas decisões a tomar e escolhas a fazer... Tendo que nos relacionar com
pessoas de diferentes convicções e temperamentos... Sendo diariamente
bombardeados por uma variedade infinita de informações... Só nos resta pedir
sabedoria Àquele que a todos dá liberalmente[94]: Filho meu, se o teu coração
for sábio, alegrar-se-á o meu coração, sim, o meu próprio[95].

Perguntas para reflexão: Você reconhece que precisa de mais


entendimento para enfrentar os desafios da vida? Também confessa que a
ausência de sabedoria já o colocou numa série de enrascadas?

Desafio pessoal: Reconheça sua ineficiência ao gerir sua vida, e peça ao


Senhor um coração entendido para prudentemente discernir entre o certo e
errado; entre aquilo que Deus aprova, e o que é reprovável diante d’Ele.

Oração diária: “Não permita, Senhor, que eu seja enganado pelo pecado.
Conceda-me sabedoria do alto, a fim de que eu prossiga em direção àquilo
que o Senhor projetou para mim. Amém!”

11° Dia > Retidão

Quando empregada literalmente, a palavra “retidão” tem o sentido de ir


reto pelo caminho, sem se desviar nem para a esquerda, nem para a direita;
mas também pode indicar o ato de endireitar um caminho[96].
Antigamente, havia poucas estradas pavimentadas. Quando um rei
viajava, seu trajeto precisava ser aplanado e livre de obstáculos, a fim de que
sua carruagem não atolasse na lama ou na areia[97]. Essa foi simbolicamente a
missão de João Batista ao preceder o Messias: ... Preparem o caminho para o
Senhor, façam veredas retas para ele. Todo vale será aterrado e todas as
montanhas e colinas, niveladas. As estradas tortuosas serão endireitadas e
os caminhos acidentados, aplanados[98].
No sentido ético, “retidão” é um estilo de vida; refere-se à capacidade de
alguém manter-se leal a qualquer contrato ou aliança que imponha sobre si
obrigações legais; e, no contexto religioso, remete-nos à conformidade
humana com o padrão revelado nas Sagradas Escrituras[99].
Apoiados na retidão de seus corações, os salmistas costumavam
reivindicar socorro e livramento, como, por exemplo, quando o autor do
Salmo 36 pede que a benignidade do Senhor seja estendida sobre aqueles que
O conhecem, e a Sua justiça sobre os retos de coração. Ou quando, no Salmo
101, a expectativa pela intervenção divina está respaldada na inteligência
com que o salmista havia se portado no caminho reto[100].
“Reto de coração” é uma expressão sinônima de “justo”, uma vez que
ambas têm o sentido de receber a aprovação divina mediante a obediência aos
Seus mandamentos[101]:

Alegrai-vos no Senhor, e regozijai-vos, vós os justos; e cantai


alegremente, todos vós que sois retos de coração [...] O justo se alegrará no
Senhor, e confiará nele, e todos os retos de coração se gloriarão [...] A luz
semeia-se para o justo, e a alegria para os retos de coração [102].

Mas a Bíblia também relata a trajetória de alguns personagens que,


lamentavelmente, não andaram em retidão.
Séculos antes de a monarquia ser instituída em Israel, Deus já havia
ordenado que o futuro rei não deveria multiplicar para si mulheres, para que o
seu coração não se desviasse. Apesar disso, o rei Salomão amou muitas
mulheres estrangeiras, que o corromperam, de modo que o Senhor se
indignou contra ele, por ter desviado o seu coração do propósito divino[103].
Outro caso negativo encontra-se no livro de Atos. Simão, o Mago, após
crer em Jesus e ser batizado, ofereceu dinheiro aos apóstolos para que, assim
como eles, pudesse impor as mãos sobre as pessoas, e estas recebessem o
Espírito Santo. E ele foi prontamente advertido de que, enquanto seu coração
não fosse reto aos olhos de Deus, não teria parte nem direito naquele
ministério:

Você não tem parte nem direito algum neste ministério, porque o seu
coração não é reto diante de Deus. Arrependa-se dessa maldade e ore ao
Senhor. Talvez ele lhe perdoe tal pensamento do seu coração, pois vejo que
você está cheio de amargura e preso pelo pecado[104].

Sendo falhos, carecemos da graça capacitadora de Deus, de maneira que


qualquer desvio em nossa caminhada seja corrigido, e a Palavra volte a ter
autoridade sobre nós.
Somente quando nosso interior for ajustado, conheceremos intimamente
Aquele que trata com bondade e salva os que andam em retidão[105]: O meu
escudo está nas mãos de Deus, que salva o reto de coração[106].

Perguntas para reflexão: Você percebe o quanto tem se desviado do


propósito de Deus para a sua vida? Sente-se desorientado sem saber
exatamente o que Deus requer de você?
Desafio pessoal: Busque direcionamento nas Escrituras, através da
iluminação do Espírito, de forma que você possa andar em retidão na
presença do Senhor. Quando falhar, arrependa-se, confesse seu pecado e
recomece sua busca por uma vida reta aos olhos de Deus.

Oração diária: “Peço-te perdão, Senhor, por meu descaso em andar de


um modo agradável a Ti. Solicito Tua graça capacitadora, a fim de que eu
possa vivenciar tudo o que traz consigo o selo da Tua aprovação. Amém!”

12° Dia > Inteireza


Você já sabe que Deus quer “apenas” o seu coração. O que talvez você
não saiba é que Ele o deseja por inteiro, e não parcialmente. Esse é um
assunto muito presente na transição de reinado entre Davi e Salomão.
Davi orientou seu sucessor a servir a Deus com um coração perfeito; o
que não envolvia correção moral absoluta. A palavra no original hebraico
também tem o sentido de inteiro ou completo[107]. A orientação foi que
Salomão tivesse um coração completamente rendido ao Senhor:

E tu, meu filho Salomão, conhece o Deus de teu pai, e serve-o com
um coração perfeito e com uma alma voluntária; porque esquadrinha o
Senhor todos os corações, e entende todas as imaginações dos pensamentos;
se o buscares, será achado de ti; porém, se o deixares, rejeitar-te-á para
sempre[108].

A oração intercessória de Davi em favor de seu filho seguiu essa mesma


linha de raciocínio. Sua petição era que Deus concedesse ao novo rei um
coração perfeito, a fim de que ele pudesse guardar os Seus mandamentos, os
Seus testemunhos, e fosse capaz de edificar o templo que havia sido
projetado por seu pai[109].
E logo após o templo e o palácio real terem sido construídos, Deus
apareceu uma segunda vez a Salomão, como havia acontecido em Gibeom,
reafirmando as promessas que havia feito a Davi, mas condicionando a
confirmação de seu trono à inteireza de seu coração diante d’Ele:

E se tu andares perante mim como andou Davi, teu pai, com inteireza
de coração e com sinceridade, para fazeres segundo tudo o que te mandei, e
guardares os meus estatutos e os meus juízos. Então confirmarei o trono de
teu reino sobre Israel para sempre; como falei acerca de teu pai Davi,
dizendo: Não te faltará sucessor sobre o trono de Israel[110].

Infelizmente, algumas pessoas têm um coração dividido[111]. Embora


manifestem o desejo de servir a Deus, não persistem em meio às lutas;
assumem publicamente um compromisso com o Senhor, mas são facilmente
atraídas pelas tentações; declaram amar a Jesus, contudo, a devoção aos
prazeres do mundo sufoca a sua fé.
Se o coração pode ser comparado a uma casa, Deus nunca se contentará
em ser aquele amigo íntimo que pode acessar os cômodos mais reservados. O
Senhor deseja ser o dono da casa, que não apenas tem acesso irrestrito, mas
pode livremente fazer as alterações que bem entender.
Talvez seja por isso que as Escrituras façam menção a homens que eram
retos aos olhos do Senhor, mas não com um coração inteiro. Pessoas que, em
geral, fizeram o que era direito, mas terminaram curvando-se diante de outros
deuses, revelando assim que seu interior nunca havia sido totalmente
dedicado a Deus: Era Amazias da idade de vinte e cinco anos, quando
começou a reinar, e reinou vinte e nove anos em Jerusalém [...] E fez o que
era reto aos olhos do Senhor, porém não com inteireza de coração[112].
Quando a Bíblia afirma que os olhos do Senhor passam por toda a terra,
para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é perfeito para com
ele[113], ela está retratando um Deus que tem prazer em nos abençoar, mas
que não nos quer apenas pela metade, mas por inteiro: E seja o
vosso coração inteiro para com o Senhor nosso Deus, para andardes nos
seus estatutos, e guardardes os seus mandamentos como hoje[114].

Perguntas para reflexão: Você é uma pessoa que vive em cima do


muro? Ou seu coração é completamente dedicado ao Senhor?

Desafio pessoal: Não permita que haja compartimentos vedados à


atuação divina em seu interior, mas que seu coração seja totalmente
consagrado ao Senhor, de modo que fique evidente àqueles que o rodeiam
quem é o dono da sua vida.

Oração diária: “Senhor, conceda-me um coração perfeito, a fim de que


eu possa continuamente guardar os Seus mandamentos e fazer o que é reto
aos Seus olhos. Amém!”
13° Dia > Excelência
Se a Bíblia nos desafia a render completamente o nosso coração ao
Senhor, a maior evidência de que Deus nos tem por inteiro é quando aquilo
que empreendemos no Reino é de todo o nosso coração, ou seja, com o
máximo de empenho; e com tudo o que somos.
Não deve haver espaço para a mediocridade no que diz respeito à vida
cristã. Aquele que é excelso e supremo espera de nós nada menos que
excelência.
E existe farta evidência bíblica de que tudo o que envolve o nosso
relacionamento com Deus deve ser feito de todo o coração.
Após lhe serem anunciadas as boas novas de Jesus, o eunuco, etíope,
perguntou se haveria algum impedimento para que ele fosse batizado; ao que
Felipe respondeu: Você pode, se crê de todo o coração[115].
Jeremias escreveu uma carta aos judeus que estavam na Babilônia,
afirmando que, apesar da extensa duração do cativeiro, aquele seria um
tempo de reaproximação entre Deus e o Seu povo: Então me invocareis, e
ireis, e orareis a mim, e eu vos ouvirei. E buscar-me-eis, e me achareis,
quando me buscardes com todo o vosso coração[116].
Na ocasião em que foi questionado por um mestre da lei a respeito de
qual seria o mais importante de todos os mandamentos, Jesus prontamente
respondeu: Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de
toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este
é o primeiro mandamento[117].
Depois de Israel reconhecer que havia acrescentado o mal de pedir um rei
a todos os seus pecados, Samuel encorajou o povo a prosseguir sua jornada
com fidelidade ao Senhor: Não tenham medo. De fato, vocês fizeram todo
esse mal, mas não deixem de seguir o Senhor, antes, sirvam o Senhor de todo
o coração[118].
Nos limites da terra prometida, as inúmeras instruções dadas por Moisés
exigiam daquela nova geração uma resposta rápida e positiva: O Senhor, o
seu Deus, lhes ordena hoje que sigam estes decretos e ordenanças;
obedeçam-lhes atentamente, de todo o seu coração e de toda a sua alma[119].
A vasta sabedoria de Salomão, transmitida na forma de conselhos
práticos, só poderia ser incorporada ao dia a dia se qualquer resíduo de
autossuficiência fosse renunciado: Confie no Senhor de todo o seu coração e
não se apoie em seu próprio entendimento; reconheça o Senhor em todos os
seus caminhos, e ele endireitará suas veredas[120].
Quando o profeta Joel convocou Israel ao arrependimento, esclareceu que
meras palavras não seriam suficientes para sensibilizar o coração de Deus. A
mudança precisaria partir de dentro: ... Convertei-vos a mim de todo o vosso
coração; e isso com jejuns, e com choro, e com pranto[121].
Logo após o salmista motivar o povo a louvar ao Senhor, dá a entender
que não adiantaria verbalizar publicamente as grandezas de Deus, se o que
fluísse dos lábios não brotasse do interior: Louvai ao Senhor. Louvarei ao
Senhor de todo o meu coração, na assembleia dos justos e na
congregação[122].
Deus tem investido alto em nossas vidas. Ele entregou o que tinha de
mais valioso – seu único Filho – para nos resgatar das garras do pecado.
Mas um alto investimento sempre vem acompanhado de grandes
expectativas. O desejo de Deus é que aqueles que receberam o melhor d’Ele
estejam dispostos a vivenciar a Sua vontade com todo o seu ser: Senhor,
Deus de Israel, não há Deus como tu em cima nos céus nem embaixo na
terra! Tu que guardas a tua aliança de amor com os teus servos que, de todo
o coração, andam segundo a tua vontade[123].

Perguntas para reflexão: Qual tem sido o seu nível de


comprometimento com as coisas do Senhor? Você tem se rendido a Ele por
inteiro?

Desafio pessoal: Deixe de ser um cristão mediano, e assuma o


compromisso de fazer tudo o que está relacionado à sua vida espiritual com
toda a boa vontade.

Oração diária: “Perdoe-me, Senhor, por minha negligência, e ajuda-me


a honrá-Lo oferecendo sempre o meu melhor a Ti. Amém!”

14° Dia > Sinceridade


A falsidade é um triste fato no mundo em que vivemos. A própria Bíblia
denuncia a existência de pessoas que tem lábios amistosos, mas um coração
maligno. Gente que, apesar da voz suave, abriga sete abominações no
coração, e com língua falsa provoca a ruína de muitos[124].
E mesmo numa sociedade em que os absolutos morais são “coisa do
passado”, a mentira e o engano são malvistos. As pessoas consideram errado,
por exemplo, mentir numa entrevista de emprego. Não há quem aprecie
conviver com alguém que tenha “duas caras”. E aquele que assume
compromissos que não tem interesse em honrar é invariavelmente
considerado “sem caráter”.
A realidade é que toda espécie de falsidade é intragável. Até mesmo
gestos amigáveis, como: uma ajuda nas tarefas domésticas, uma carona ou
um beijo; perdem a beleza se não forem sinceros. E um presente que teve um
alto custo, só tem real valor se for dado de coração.
Deus também tem uma profunda aversão à falsidade e odeia o coração
que maquina pensamentos perversos. De nada vale aproximar-se, e com os
lábios honrá-Lo, enquanto o coração se distancia d’Ele[125]. Habitar no Seu
tabernáculo e morar no Seu santo monte são privilégios reservados àquele
que anda sinceramente, e pratica a justiça, e fala a verdade no
seu coração[126]. O único capaz de sondar o interior dos homens se agrada da
nossa sinceridade[127].
Nas Escrituras, há uma relação estreita entre sinceridade e pureza[128]. Em
sua primeira carta a Timóteo, Paulo tratou de um coração puro dentro do
contexto de uma fé não fingida. Semelhantemente, o apóstolo Pedro traçou
um paralelo entre amar com um coração puro e o amor fraternal não
fingido[129].
Essas passagens revelam que quando a Bíblia fala sobre pureza de
coração, ela não está pensando em ausência absoluta de pecado, e, sim, num
coração que se apresente sem reservas diante de Deus[130]. Tanto que o salmo
em que Davi pediu a Deus um coração puro está relacionado ao incidente em
que o profeta Natã o confrontou por seu adultério com Bate-Seba[131]. Um
pecado que, apesar das inúmeras tentativas de encobri-lo, pareceu mal aos
olhos do Senhor[132].
Nesse sentido, “rasgar o coração” significa tornar-se totalmente
vulnerável perante Deus, em atitude de confissão, na certeza de que Ele é
misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade,
e se arrepende do mal[133].
Logo, não basta perdoar alguém só para manter as aparências. A
obediência à forma de ensino transmitida pelas Escrituras também precisa ser
sem fingimento. Bem como o cumprimento de nossas responsabilidades
sociais deve ocorrer até mesmo quando não estamos sendo vistos[134].
No momento em que nossas ações e reações forem uma expressão sincera
de nossas mais puras intenções, o Senhor poderá falar a nosso respeito o
mesmo que disse sobre Abimeleque: ... Bem sei eu que na sinceridade do teu
coração fizeste isto[135].

Perguntas para reflexão: Você tem resistência a pessoas falsas? E você


é considerado uma pessoa verdadeira por aqueles que estão ao seu redor?

Desafio pessoal: Rasgue o seu coração, confesse os seus pecados e ande


em sinceridade na presença de Deus e dos homens.

Oração diária: “Senhor, perdoe-me por muitas vezes estar mais


preocupado em aparentar espiritualidade do que em ser governado pelo Teu
Espírito. Ajude-me a ser uma pessoa sincera, um amigo confiável e um servo
fiel. Amém!”
TERCEIRA SEMANA
O coração será apresentado como a sede da vontade e das emoções, bem
como o centro da vida espiritual.

15° Dia > A sede da vontade


Vontade é a faculdade que o ser humano tem de querer, de escolher, de
livremente praticar ou deixar de praticar certos atos; é o que impulsiona o
indivíduo a atingir seus fins; é o sentimento de desejo ou aspiração. E
existem várias passagens bíblicas que apontam o coração como a sede da
vontade[136].
Quando Deus fez uma aliança com Davi, o rei reconheceu que todas
aquelas promessas haviam sido feitas e reveladas a ele, segundo o coração de
Deus[137] - uma expressão também traduzida como de acordo com a Sua
vontade[138].
Semelhantemente, após a divisão dos reinos de Israel, encontramos
aqueles que deram o seu coração a buscarem ao Senhor, e que foram a
Jerusalém, para oferecerem sacrifícios ao Deus de seus pais [139]. Já no Novo
Testamento, Paulo elogia o pai que resolveu no seu coração guardar sua filha
virgem[140].
Dentre as inúmeras expressões bíblicas que vinculam o coração ao
exercício da vontade, destaca-se “inclinar o coração”.
Josué ordenou aos israelitas que lançassem fora os deuses estranhos que
havia no meio deles, e que inclinassem o seu coração ao Senhor Deus de
Israel. O livro de Provérbios motiva o jovem a inclinar o seu coração ao
entendimento. E, após o Exílio, a obra de reconstrução dos muros de
Jerusalém só seguiu avante porque o coração do povo se inclinava a
trabalhar[141].
Apesar de Deus ter dotado o homem com a capacidade inata de tomar
decisões, a queda limitou consideravelmente o exercício correto do arbítrio
humano. Somente com o auxílio da graça de Deus o crente pode decidir
acertadamente.
Essa ação divina que não anula, mas assisti a vontade humana é
demonstrada especialmente em alguns versos do Salmo 119. Primeiramente,
o autor pede a Deus que incline o seu coração aos Seus testemunhos; e,
posteriormente, revela sua decisão de guardar os estatutos do Senhor. Nota-se
que a oração inicial manifesta uma pré-disposição em obedecer à Lei que é
consolidada no interior do salmista pela assistência divina: Inclina o meu
coração aos teus testemunhos, e não à cobiça [...] Inclinei o meu coração a
guardar os teus estatutos, para sempre, até ao fim[142].
Mas existem pessoas que não sabem o que querem; gente que possui
duplo ânimo, ou mente dividida[143]. E há poucas coisas com potencial tão
nocivo ao ser humano quanto à indecisão. Trata-se de um veneno que mina
um futuro promissor e impossibilita o desfrute das promessas de Deus. Como
bem disse o Rev. Hernandes Dias Lopes, a indecisão também é uma decisão.
A indecisão é a decisão de não decidir. E quem não toma decisão, decide
fracassar[144].
Você está realmente disposto a servir ao Senhor e levar adiante essa
decisão? Há apenas duas opções: Ou você se entrega a Deus, e manifesta essa
decisão em suas escolhas diárias, ou terá que se contentar com meras
migalhas do grande banquete que Deus reservou para você. O seu coração
hoje tem se inclinado a qual dessas alternativas?
Perguntas para reflexão: Você se considera uma pessoa decidida? Ou é
daquele tipo que, ao invés de fazer escolhas, prefere apelar para o famoso:
“se tiver que ser, será”?

Desafio pessoal: Não seja uma pessoa precipitada, mas aprenda a dar
norte à sua caminhada sob a orientação do Espírito e à luz da Palavra. Que,
em meio às inúmeras encruzilhadas da vida, fique evidente sua resolução em
servir a Deus!

Oração diária: “Inclina, Senhor, o meu coração a fazer o que Te agrada.


Não permita que eu viva paralisado pelo medo, mas ensina-me a tomar
decisões que glorifiquem a Ti. Amém!”

16° Dia > Firmeza de propósito


Propósito é uma grande vontade de realizar algo ou alcançar alguma
coisa; refere-se àquilo que se busca atingir; um objetivo estabelecido[145]. E
muitos propósitos há no coração do homem[146].
Existem propósitos bons, como, por exemplo, Davi teve em
seu coração de edificar casa ao nome do Senhor; semelhante ao que foi
plantado no coração de Neemias de reedificar os muros de Jerusalém[147]; ou
similar ao que motivou Daniel a não se contaminar com a porção das
iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia[148].
Diferentemente, há propósitos maus, igual ao que foi posto no coração de
Judas Iscariotes para trair a Jesus; ou à semelhança do que encorajou Ananias
a mentir ao Espírito Santo, e reter parte do preço da herdade[149].
Mas há pessoas que não carecem de objetivos dignos, mas de firmeza de
propósito. Gente que começa coisas que nunca termina; que assume
compromissos que não honra; que não cumpre o que promete.
Na ocasião em que Deus ouviu Israel ao pé do Sinai se comprometendo a
cumprir Seus mandamentos, aprovou as palavras de seus lábios, mas
denunciou a inconstância de seus corações: Quem dera que eles tivessem tal
coração que me temessem, e guardassem todos os meus mandamentos todos
os dias, para que bem lhes fosse a eles e a seus filhos para sempre[150].
A vida cristã não deveria ser feita de altos e baixos, promessas vazias
e desilusões. Por isso, ao chegar à Antioquia e constatar a grande obra
que Deus estava realizando entre os gentios, Barnabé exortou a todos que
permanecessem no Senhor, com propósito de coração[151].
Igualmente desejoso de que essa solidez fosse experimentada na vida
espiritual de seus filhos, Salomão os motivou a aplicarem o coração à
instrução e seus ouvidos às palavras de conhecimento; e Moisés ordenou seus
liderados a fazerem o mesmo com todas as palavras que havia testificado
entre eles[152].
Em contrapartida, Malaquias advertiu que se o povo não desse ouvidos às
advertências divinas, e não aplicasse seu coração a honrar o nome do Senhor,
suas bênçãos seriam convertidas em maldições: Se não ouvirdes e se não
propuserdes, no vosso coração, dar honra ao meu nome, diz o Senhor dos
Exércitos, enviarei a maldição contra vós, e amaldiçoarei as vossas bênçãos;
e também já as tenho amaldiçoado, porque não aplicais a isso o
coração[153].
A bela declaração feita por Davi: preparado está o meu coração[154];
também pode ser traduzida como meu coração está firme[155].
Que firmados em Deus e respaldados por Sua Palavra, prossigamos em
nossa caminhada cristã sem que nosso coração volte atrás, nem os nossos
passos se desviem das veredas do Senhor[156].
Perguntas para reflexão: Você se considera uma pessoa determinada?
Costuma concluir aquilo que iniciou?

Desafio pessoal: Não permita que a inconstância leve-o a cair em


descrédito. Possua metas biblicamente fundamentadas e persista até atingi-
las.

Oração diária: “Senhor, ajuda-me a aplicar o coração àquilo que é


aceitável aos Teus olhos, a fim que eu alcance uma vida cristã sólida e
estável. Amém!”

17° Dia > Liberalidade


Como temos visto, o coração é o trono da vontade[157]. E, curiosamente,
quando a Bíblia mostra alguém dispondo ou sendo movido pelo coração, o
que normalmente está em foco é alguma forma de contribuição à obra de
Deus.
O material necessário para a confecção do Tabernáculo e seus utensílios
foi providenciado por pessoas dispostas de coração, que ofertaram de suas
próprias posses[158]. Essas contribuições não foram exigidas, mas entregues
por gente cujo coração voluntariamente se moveu a trazer alguma coisa para
toda a obra que o Senhor ordenara que se fizesse pela mão de Moisés[159].
Além disso, o trabalho artesanal foi executado por todo aquele a quem o seu
coração moveu a se achegar à obra para fazê-la[160].
A edificação do grandioso templo de Salomão também requereu muita
força de vontade e cooperação. E na ocasião em que Davi motivou todos os
príncipes de Israel a auxiliarem Salomão na obra, falou direto ao coração
deles:

Disponde, pois, agora o vosso coração e a vossa alma para buscardes ao


Senhor vosso Deus; e levantai-vos, e edificai o santuário do Senhor Deus,
para que a arca da aliança do Senhor, e os vasos sagrados de Deus se
tragam a esta casa, que se há de edificar ao nome do Senhor[161].

A matéria-prima necessária para a construção deste Templo também foi


fruto de ofertas espontâneas; inclusive de tudo o que Davi voluntariamente
deu na sinceridade do seu coração[162].
A reforma espiritual promovida por Ezequias ficou igualmente marcada
pela disposição em ofertar. O rei desafiou o povo a trazer sacrifícios e ofertas
de louvor à casa do Senhor. A congregação, por sua vez, entregou o que o rei
havia solicitado, e todos os dispostos de coração trouxeram holocaustos[163].
Mas assim como, no Antigo Testamento, ofertava todo homem cujo
coração se movesse voluntariamente[164], na Nova Aliança, cada um deve
contribuir segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por
necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria[165].
Por esse motivo, os cristãos macedônios foram elogiados por Paulo.
Sua grande alegria e extrema pobreza transbordaram em rica generosidade,
de modo que eles ofertaram voluntariamente às igrejas necessitadas da Judéia
tudo quanto podiam, e até além do que podiam[166].
Esses exemplos bíblicos nos motivam a refletir sobre qual tem sido o
nosso nível de comprometimento com a obra de Deus. O que mais vemos são
pessoas extremamente talentosas que pouco se interessam em empregar suas
habilidades em benefício do Reino; gente que cursou sua faculdade e
desenvolveu-se profissionalmente como resposta de oração, mas agora não
encontra tempo para se dedicar ao ministério.
Há também àqueles que usufruem de toda a estrutura que suas igrejas
podem lhes proporcionar, sem cooperar financeiramente com a sua
manutenção. Eles apreciam ter um pastor sempre em prontidão para ajudar e
munido de sermões inspiradores. Não abrem mão de se assentar em cadeiras
confortáveis e de cultuar num ambiente climatizado. Orgulham-se de suas
igrejas serem referência em assistência social e investimento em missões.
Mas não disponibilizam seus recursos pessoais para a realização da Obra.
A verdade é que muitos de nós temos o péssimo hábito de pedir a
Deus que faça aquilo que poderia ser feito por nós mesmos; especialmente,
quando oramos para que Deus forneça os fundos para certos projetos que nós
poderíamos financiar sem atraso! Apesar de algumas exceções, o próprio
dinheiro do Senhor não se encontra disponível a Ele[167]:

Teus, ó Senhor, são a grandeza, o poder, a glória, a majestade e o


esplendor, pois tudo o que há nos céus e na terra é teu. Teu, ó Senhor, é o
reino; tu estás acima de tudo [...] Mas quem sou eu, e quem é o meu povo
para que pudéssemos contribuir tão generosamente como fizemos? Tudo vem
de ti, e nós apenas te demos o que vem das tuas mãos[168].
Deus não está interessado em nosso dinheiro, e, sim, em nosso coração.
Mas, se a sede da nossa vontade estiver sob o governo divino, todas as nossas
finanças estarão à Sua inteira disposição.

Perguntas para reflexão: Você tem dedicado seus dons e talentos à obra
de Deus? Também tem contribuído financeiramente para o sustento de sua
igreja?

Desafio pessoal: Aprenda a administrar com liberalidade o que pertence


a Deus segundo os interesses do próprio Deus.

Oração diária: “Ajuda-me, Senhor, a contribuir generosamente para o


avanço da Sua obra. Eu renuncio o meu amor pelos bens terrenos, a fim de
investir naquilo que tem valor eterno. Amém!”

18° Dia > O bem mais precioso


Sempre que alguém afirma que seu coração está em algo, refere-se àquilo
pelo qual tem estima, afeição ou apego. O que nunca diz respeito ao que é
feito por mera obrigação ou de modo mecânico; mas àquilo que desperta
interesse e paixão.
Esse é o sentido do provérbio: procura conhecer o estado das tuas
ovelhas; põe o teu coração sobre os teus rebanhos[169]. O zelo recomendado
nessa passagem só pode ser expresso por quem tem apreço pelo gado.
A mesma conotação se encontra na promessa feita por Deus de que o Seu
coração, à semelhança dos Seus olhos, estariam fixos todos os dias no templo
recém-construído. O que estava sendo comunicado era a importância dada ao
que havia sido idealizado com tanto carinho por Davi e executado com
extremo zelo por Salomão. E como sinal da aprovação divina àquela
grandiosa edificação, Seus olhos estariam abertos e Seus ouvidos atentos à
oração feita naquele lugar[170].
Todavia, existe um lugar onde o nosso coração nunca deve estar: nas
riquezas. O salmista foi taxativo ao alertar que o aumento de nossos recursos
financeiros não deveria nos induzir a colocar neles o coração[171].
O acúmulo de riquezas torna a vida de fé quase inviável. É praticamente
impossível ter riquezas e não confiar nelas. O homem com dinheiro não tem
noção do quanto depende dele[172]: Os bens do rico são a sua cidade forte, e
como uma muralha na sua imaginação[173].
Jesus também desencorajou a busca alucinada pelos bens materiais.
Segundo o Mestre, o lugar onde tesouros deveriam ser acumulados é no céu,
onde nem a traça nem a ferrugem consomem, onde os ladrões não arrombam
nem furtam. Pois onde estiver o nosso tesouro, também estará o nosso
coração[174].
O maior perigo do tesouro ligado às coisas terrenas é seu potencial de
rivalizar com o senhorio de Deus sobre nós: Ninguém pode servir a dois
senhores; pois odiará a um e amará o outro, ou se dedicará a um e
desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro[175].
Mas será que o texto bíblico está referindo-se apenas a bens
materiais? Não existiriam coisas em nossas vidas que perseguimos com o
mesmo afinco que aqueles à caça de um tesouro, e pelas quais estamos
dispostos a fazer toda sorte de sacrifícios?
O coração do homem inevitavelmente segue o seu tesouro; está
apaixonado pelo que crê ser o seu bem supremo[176]. Geralmente, o dinheiro
é apenas o meio pelo qual aquilo que superestimamos pode ser “comprado”,
como: status, aceitação, reconhecimento, prazer imediato, autonomia, poder,
etc. Quando colocamos nossos corações em algo que valorizamos de modo
excessivo, esses tesouros tem a capacidade de nos capturar, controlar e nos
escravizar[177].
Isso não significa que devemos nos tornar pessoas desinteressadas
pela vida. Ao contrário, somos desafiados pelas Escrituras a fazer conforme
as nossas forças tudo quanto vier às nossas mãos[178]; o que só acontece
quando a gente coloca o coração naquilo que faz.
Mas o nosso coração não deve estar em nada que ameace a primazia
do Senhor em nossas vidas. Deus precisa ser sempre o nosso maior bem, e o
acúmulo de riquezas celestiais, a nossa única ambição.

Perguntas para reflexão: Você é uma pessoa apaixonada por aquilo que
faz? Considera o dinheiro apenas como um meio de subsistência, ou tem
apego excessivo a ele?

Desafio pessoal: Identifique possíveis tesouros que tem lhe impedido de


priorizar a vontade de Deus; e peça ao Espírito Santo que o auxilie a ajustar
valores que foram invertidos em sua vida.
Oração diária: “Ajuda-me, Senhor, a acumular tesouros para a
eternidade, investindo meus recursos pessoais em tudo que tem real potencial
de saquear o inferno e povoar o Reino dos céus. Amém!”

19° Dia > Desejos escravizadores


A Bíblia afirma que o coração é a verdadeira fonte dos desejos humanos.
No Salmo 20, o autor ora para que Deus conceda o desejo do coração do rei e
leve a efeito todos os seus planos. Alguns salmos adiante, encontramos a
promessa de que o Senhor atende os anseios do coração daquele que se
deleita n’Ele. E o Saltério também menciona aspirações que, por serem más,
estão fadadas a perecer, como as que provêm do coração de quem bendiz o
avarento e renuncia ao Senhor[179].
Mas a maior ameaça a uma vida cristã íntegra não são os maus desejos -
que costumam ser prontamente rechaçados -, mas aqueles que, apesar de
serem legítimos, acabam tomando conta do nosso coração.
Por exemplo, não há nada de incorreto em desejar um tempinho para
relaxar após um cansativo dia de trabalho. Incorreto é o pai de família ser
governado por esse desejo de maneira que sua ira se acenda contra qualquer
coisa que o impeça de descansar. Também não é errado desejar a atenção do
marido. Errado é a mulher ser comandada por esse anseio de maneira que
seus dias sejam cheios de amargura pela ausência dele e suas noites cheias de
tentativas manipuladoras para conseguir essa atenção[180]. São em momentos
assim que um simples desejo é elevado à condição de ídolo, por assumir uma
posição de autoridade em nossos corações que pertence somente a Deus[181].
Essa espécie de idolatria não está associada a prática de se curvar diante
de imagens de escultura; mas inclui qualquer coisa que desejamos de modo
excessivo e pecaminoso a ponto de escravizar nossa vontade. Como disse
Calvino, o coração é uma verdadeira fábrica de ídolos[182], que nada mais são
do que os já mencionados tesouros com potencial de rivalizar com o senhorio
de Cristo sobre nós.
Uma forma simples de identificar possíveis ídolos é atentando para
aquilo que costumamos classificar como “sagrado” em nosso cotidiano. Para
muitos homens, por exemplo, o futebol é objeto de tamanha veneração que
eles se mostram dispostos a sacrificar praticamente tudo para não renunciá-lo.
Algumas mulheres também adoram assistir uma novela global, mesmo que
valores judaico-cristãos sejam claramente depreciados a cada trama. Em
geral, o “sagrado” na vida de uma pessoa refere-se àquilo que ninguém pode
tocar sob o risco de “morrer fulminado”.
Infelizmente, coisas que deveriam ser intocáveis em nosso dia a dia
raramente são tratadas assim, como: o auxílio aos necessitados, a assiduidade
na Casa de Deus, a leitura das Escrituras e a prática do jejum e da oração.
O coração humano está sempre sendo governado por alguém ou por
alguma coisa; e seja o que for que governe o coração exercerá uma influência
inevitável sobre nossa vida e conduta. Por isso, toda vez que nosso
comportamento começa a divergir daquilo que professamos crer, a pergunta
mais importante a se fazer é: O que está comandando de modo prático o meu
coração nesta situação específica?[183].
Há uma batalha sendo travada em nosso interior. Um conjunto de
motivações, desejos, vontades, propósitos, esperanças e expectativas
guerreiam pelo domínio de nossos corações.
Não é por acaso que o apóstolo do amor tenha concluído uma epístola
que, em momento algum, menciona a idolatria formal com o seguinte alerta a
seus leitores: Filhinhos, guardem-se dos ídolos[184].

Perguntas para reflexão: O que você costuma chamar de “sagrado” em


seu cotidiano? Rede social? Hobbies? Uma maratona de sua série preferida?

Desafio pessoal: Renuncie os ídolos erigidos em seu coração e só


considere sagrado aquilo que tem real valor na ótica divina, como, por
exemplo: tempo devocional, investimento em vidas e comprometimento com
as coisas de Deus.

Oração diária: “Senhor, ajuda-me a identificar e rebaixar possíveis


desejos que foram elevados à condição de ídolos em meu coração. Que o Teu
Espírito me capacite a manter sob controle minhas ações e reações. Amém!”

20° Dia > A sede das emoções


Apesar de, na Bíblia, o termo “coração” não se referir apenas a
sentimentos, todo um conjunto de sensações é atribuído a ele, como: alegria,
tristeza, comoção, ódio, desprezo, angústia, amargura, ansiedade, medo, ira,
desânimo, inveja, dentre outros[185].
Muitos de nós tem resistência ao elemento emocional em sua devoção;
possivelmente, temendo que o culto descambe para o emocionalismo.
Contudo, ainda que o exagero seja perigoso, há um ingrediente emocional
que é indispensável à nossa fé.
O arrependimento, por exemplo, embora não se limite ao aspecto
emotivo, passa inevitavelmente por ele. Na ocasião da festa de Pentecostes,
os ouvintes do sermão de Pedro compungiram-se em seu coração, e
perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos homens irmãos?
[186] No original grego, a expressão em destaque tem o sentido de ferir ou dar
uma ferroada, e era utilizada para emoções dolorosas, que penetram o
coração como um ferrão[187].
Os discípulos que estavam a caminho de Emaús também tiveram uma
reação emocional à exposição da Palavra. Após se certificarem de que Aquele
que com eles falava era Jesus, testemunharam que o coração deles ardia
enquanto, pelo caminho, o Mestre lhes falava, partilhando as Escrituras[188].
De igual forma, a confissão de pecados deve estar associada a
sentimentos apropriados. Pois aquilo que entristece o coração de Deus
também precisa nos fazer chorar:

Aproximem-se de Deus, e ele se aproximará de vocês! Pecadores, limpem


as mãos, e vocês, que têm a mente dividida, purifiquem o coração.
Entristeçam-se, lamentem e chorem. Troquem o riso por lamento e a alegria
por tristeza. Humilhem-se diante do Senhor, e ele os exaltará[189].

A voz da consciência é semelhantemente um alerta que possui um


dispositivo emocional. Davi foi repreendido por sua consciência depois que
cortou a orla do manto de Saul, e após ter feito o recenseamento de suas
forças militares. Na primeira ocasião, o texto bíblico revela que o seu coração
doeu, e que, na segunda, pesou[190].
No entanto, a nossa devoção não deve estar atrelada apenas à tristeza que
opera arrependimento para a salvação. Davi disse que aqueles que buscam ao
Senhor devem se alegrar. E ele fez essa afirmação, logo após ter entrado
pelas portas de Jerusalém com a Arca da Aliança, bailando e saltando diante
do Senhor[191].
O livro de Salmos também fala de um coração que se esquenta; que ferve;
e que salta de prazer[192]. E, na ocasião do cumprimento de seu voto, o
cântico entoado por Ana é um verdadeiro transbordar de emoções: Então Ana
orou assim: “Meu coração exulta no Senhor; no Senhor minha força é
exaltada. Minha boca se exalta sobre os meus inimigos, pois me alegro em
tua libertação”[193].
O elemento emocional nunca deveria ser retirado do nosso culto. A vida
cristã não pode ser apática e nem impassível. Amar ao Senhor, nosso Deus,
de todo o nosso coração, de toda a nossa alma e de toda a nossa força[194] não
é adorá-Lo apenas com todo o intelecto e vontade, mas também com os
sentimentos e as emoções – com todo o nosso ser[195].
Não se prive, então, de derramar o seu coração como águas diante do
Senhor, nem de exultar em Sua presença[196]. Que todo o seu ser - inclusive
sentimentos - esteja totalmente rendido a Deus!

Perguntas para reflexão: Você tem dificuldade em expressar suas


emoções diante de Deus? Há quanto tempo você não derrama lágrimas ou se
regozija na presença d’Ele?

Desafio pessoal: Pare de reprimir seus sentimentos. Descubra o valor de


derramar o coração perante o Maravilhoso Conselheiro[197], bem como
oferecer o seu melhor sorriso Àquele que tem lhe dado à alegria da salvação.
Compreenda que a emoção produzida pelo entendimento é parte essencial do
cristianismo[198].

Oração diária: “Ajuda-me, Senhor, a não pender para o emocionalismo,


mas livra-me igualmente de uma vivência cristã apática e desprovida de
emoções. Ensina-me a oferecer não apenas meu intelecto e vontade, mas a
render tudo o que sou a Ti. Amém!”

21° Dia > O centro da vida espiritual


Toda a vivência cristã acontece a partir do coração. Ele é aquilo no
homem ao qual Deus Se dirige; o lugar onde Ele se revela; o centro da vida
espiritual[199]. E há vasta evidência bíblica que aponta nessa direção.
Primeiramente, as Escrituras associam o coração à capacidade de
absorção da Palavra.
Deus abriu o coração de Lídia, vendedora de púrpura, para que ela
estivesse atenta ao que Paulo dizia; o que resultou em seu batismo e sua casa
se tornando a sede da primeira igreja cristã da Europa. Já a segunda carta aos
coríntios inicialmente faz menção ao véu que está posto sobre o coração
obstruindo o entendimento, para logo depois afirmar que é no coração que o
Senhor brilha, trazendo iluminação do conhecimento da Sua glória na face de
Cristo[200].
O coração também é a sede do ceticismo ou da fé[201]. Por isso, Jesus
censurou a incredulidade do coração dos discípulos, por não haverem crido
nos que o tinham visto já ressuscitado[202]. Assim como Paulo ensinou que a
salvação só pode ser desfrutada por quem com a boca confessa ao Senhor e
em seu coração crê que Deus o ressuscitou dentre os mortos. Pois, com o
coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a
salvação[203]. É no interior do homem que acontece a genuína conversão:
Ainda assim, agora mesmo diz o Senhor: Convertei-vos a mim de todo o
vosso coração; e isso com jejuns, e com choro, e com pranto[204].
Semelhantemente, o coração é onde Deus coloca o Seu Espírito como
garantia do que está por vir. Também é nele que este Espírito derrama o amor
do Pai e a paz de Cristo começa seu império, capacitando-nos a suportar uns
aos outros e a perdoar uns aos outros. E não é em outro lugar que somos
fortificados com a graça de Deus[205].
Observa-se, então, o protagonismo do coração desde o início da nossa
caminhada cristã. Se hoje cremos, é porque um dia Deus abriu nosso coração
para compreender o Evangelho. Mediante a fé no sacrifício de Cristo e a
sujeição a Seu senhorio, o Senhor também nos concedeu o Seu Espírito, o
qual tem derramado continuamente graça sobre graça em nosso coração.
Mas se a caminhada cristã começa pela iluminação do nosso
entendimento, a fim de que a fé proveniente da absorção da Palavra resulte
em salvação[206], no desenrolar desta jornada, não podemos duvidar nem
sermos tardios em crer; mas confiar, a fim de sermos ajudados[207]: O Senhor
é a minha força e o meu escudo; nele confiou o meu coração, e fui socorrido;
assim o meu coração salta de prazer, e com o meu canto o louvarei[208].
Dessa forma, mesmo diante de maus rumores, estaremos firmes, e o
Senhor encaminhará o nosso coração ao amor de Deus e à perseverança de
Cristo. Pois Ele é fiel para nos fortalecer e guardar do maligno. Amém![209]

Perguntas para reflexão: Você tem lutado ultimamente contra o


desânimo e a vontade de desistir? Sente que sua fé está enfraquecida?

Desafio pessoal: Não abra mão de sua confiança em Deus, mas busque
n’Ele graça para suportar as aflições, e avançar rumo ao cumprimento do
propósito divino em sua vida.

Oração diária: “Senhor, abra o meu coração para receber a Tua Palavra
e crer naquilo que Tu desejas realizar em mim e através da minha
instrumentalidade. Encha-me com Teu amor e paz, e fortifica-me com Tua
maravilhosa graça. Amém!”
QUARTA SEMANA
Será evidenciado o potencial que tanto a Palavra de Deus quanto os
relacionamentos interpessoais têm de promover o nosso bem-estar interior.

22° Dia > Monitoramento


Quando a Bíblia nos aconselha a guardar o coração[210], ela nos motiva a
estar de guarda, à semelhança daqueles que faziam a vigilância das cidades
antigas, do lado de dentro do portão, estabelecendo um posto de controle de
quem entrava e saía. Essa condição de sentinela visa preservar o coração de
qualquer coisa que ameace corrompê-lo.
Se ao invés de protegido, o nosso interior estiver vulnerável a uma série
de influências negativas, seremos facilmente induzidos a pecar.
Diante desse risco iminente de “invasão”, proteja o seu coração,
primeiramente, dos homens de palavras perversas. Afaste-se daqueles que
abandonam as veredas retas para andar por caminhos de trevas, têm prazer
em fazer o mal e exultam com a maldade dos perversos, gente que anda por
veredas tortuosas, e no caminho se extraviam[211].
Igualmente, preserve o seu coração dos encantos da mulher imoral. Não
cobice em seu coração a sua beleza nem se deixe seduzir por seus olhares,
pois o preço de uma prostituta é um pedaço de pão, mas a adúltera sai à
caça de vidas preciosas[212].
Defenda o seu coração da influência do homem mau. Evite-o, não passe
por ele; afaste-se e não se detenha. Pois eles não conseguem dormir
enquanto não fazem o mal; perdem o sono se não causarem a ruína de
alguém. Pois eles se alimentam de maldade, e se embriagam de
violência[213].
Seu coração estará bem guardado, quando você se cercar de pessoas que
lhe inspirem a ser alguém melhor: Aquele que anda com os sábios será cada
vez mais sábio, mas o companheiro dos tolos acabará mal[214].
Mas apesar da importância de sermos seletivos em nossos
relacionamentos, não existe melhor defesa para o coração do que depositar
nele a Palavra de Deus. Por isso, a ordem para guardá-lo é sabiamente
antecedida por alguns imperativos que norteiam o nosso relacionamento com
os mandamentos divinos: Filho meu, atenta para as minhas palavras; às
minhas razões inclina o teu ouvido. Não as deixes apartar-se dos teus olhos;
guarda-as no íntimo do teu coração[215].
Se a Palavra de Deus não estiver bem guardada, pisaremos em falso. Se
não a escondermos em nosso interior, estaremos em total desvantagem na
luta contra o pecado. Se não nos expusermos constantemente a ela, não a
preservaremos no íntimo do nosso ser[216].
Mas quando a Palavra está bem enraizada, o maligno não pode arrancá-la.
Estando ela devidamente acondicionada, as tribulações e perseguições não a
consomem. Havendo um lugar de honra reservada a Ela, nem as
preocupações, riquezas e prazeres da vida podem sufocá-La. Ao contrário,
essa Palavra se torna como a semente que caiu em boa terra; foi conservada
num coração honesto e bom; e frutificou com perseverança[217]. São as
Escrituras que iluminam nossos olhos e nos colocam em condições de
monitorar o coração, preservando-o de toda influência maléfica.
Todo cuidado é pouco em se tratando da sede de toda a vida mental –
inteligência, vontade e emoção[218]. Então, guarde o seu coração porque dele
depende toda a sua vida![219]

Perguntas para reflexão: Você é seletivo em seus relacionamentos


interpessoais? Lê habitualmente sua Bíblia?

Desafio pessoal: Não faça acepção de pessoas, mas seja criterioso ao


escolher as pessoas que farão parte de seu círculo íntimo de amigos. Também
invista tempo com a Palavra de Deus, a fim de que seu coração esteja
imunizado contra toda a sorte de ameaças.

Oração diária: “Ajuda-me, Senhor, a ter prazer em meditar na Tua


Palavra; e a me cercar de pessoas que tragam segurança ao meu coração.
Amém!”

23° Dia > Autoconhecimento


Dizem que coração é terra que ninguém pisa. Você pode conhecer uma
pessoa há muitos anos e conviver com ela diariamente, ainda assim
desconhecer o que se passa em seu interior.
Até que, um “belo” dia, a pessoa toma uma atitude que surpreende
inclusive os mais chegados. Todos ficam incrédulos diante do ocorrido e logo
começam a buscar explicações: Será que não se trata de algum problema de
saúde? Acaso algum tipo de pressão externa não estaria sendo sofrida?
Porventura não passaria tudo de um grande mal entendido?
Embora seja difícil aceitar, aquilo que veio à tona de modo súbito,
provavelmente, esteve oculto no coração por um longo tempo; foi
desenvolvendo-se sorrateiramente até que de repente não pode ser mais
contido, tornando-se, enfim, evidente a todos.
O coração é um labirinto que só Deus pode decifrar [220]. Nós atentamos
para a aparência; para aquilo que está ao alcance da nossa visão. Mas, o
Senhor olha para o coração. Somente Ele contempla o íntimo de todos os
homens. Não há nada que esteja oculto aos Seus olhos[221].
Contudo, a onisciência de Deus tornou-se uma arma de defesa, quando
nossas atitudes e motivações são questionadas. “Deus conhece o meu
coração!” - é o que respondemos ao sermos confrontados.
De fato, ninguém conhece o coração de ninguém. Mas ainda que alguns
de nós nos sintamos justificados por somente Deus saber o que reside em
nosso interior, a verdade é que nem nós mesmos nos conhecemos
plenamente[222].
Ciente da incapacidade de discernir a si próprio, Davi pediu que Deus
esquadrinhasse o seu coração[223]. Ele sabia que somente a voz do Senhor era
perfeitamente confiável para livrá-lo do engano do pecado, e conduzi-lo pelo
caminho eterno: Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e
conhece os meus pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mau, e
guia-me pelo caminho eterno[224].
A Palavra de Deus revela coisas a nosso respeito que jamais notaríamos
por conta própria. Pois diferentemente de um espelho que aponta
imperfeições aparentes, a Palavra expõe o nosso interior[225]. Ela é a única
capaz de ir aos lugares mais íntimos do nosso ser: Porque a palavra de Deus
é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e
penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta
para discernir os pensamentos e intenções do coração[226].
Deus conhece o seu coração; mas, através das Escrituras, você pode
enxergar áreas de sua vida que precisam ser restauradas.
Deus lhe conhece como ninguém; mas, se você não se dispuser a mudar,
essa percepção divina a seu respeito terminará em condenação eterna.
Sim! Nós já compreendemos que Deus sabe tudo sobre você. E você,
conhece o seu próprio coração?

Perguntas para reflexão: Você admite que não conhece inteiramente o


seu coração? Você tem por hábito se expor diante das Escrituras, atentando
ao que elas refletem a seu respeito?

Desafio pessoal: Não confie em sua percepção de si mesmo, mas se


submeta ao olhar minucioso da Palavra de Deus, e faça as alterações
necessárias, a partir do que for revelado sobre você.

Oração diária: “Sonda-me, Senhor, e traga à luz tudo o que estiver


oculto e carecendo de mudança em meu coração. Que Tua doce voz possa
livrar-me das ciladas do inimigo, e guiar-me em segurança pelo caminho
eterno. Amém!”

24° Dia > Assimilação


Na Bíblia, a função de pensamento costuma ser atribuída ao coração,
como o centro do conhecimento ou da razão[227]. Nesse sentido, ele está
frequentemente associado ao ouvir[228].
O livro de Provérbios coloca lado a lado dar ouvidos à sabedoria e
inclinar o coração para o discernimento. Também encontramos o vínculo
entre o coração que adquire conhecimento, e os ouvidos que saem à sua
procura. Igualmente, há o paralelo entre ouvir os ditados dos sábios e aplicar
o coração ao ensino. Além da associação entre dedicar o coração à disciplina,
e os ouvidos às palavras que dão conhecimento[229].
Mas não são apenas os livros poéticos que relacionaram o coração ao
ouvir. O profeta Ezequiel foi desafiado a receber no coração e ouvir com os
ouvidos todas as palavras que Deus lhe diria; e, posteriormente, motivado a
ver, ouvir e pôr no coração tudo quanto Deus o faria ver[230].
Essas passagens demonstram que nossa interação com a Palavra de Deus
não deve consistir apenas na obtenção de conhecimento e no armazenamento
de informação, mas, sobretudo, na absorção da Verdade. Não basta escutar
com os ouvidos. É preciso ouvir com o coração, ponderando em cada porção
da revelação escrita de Deus[231].
Esse é o motivo porque a prática da meditação é tão enfatizada nas
Escrituras. Josué foi encorajado a meditar na lei do Senhor de dia e de noite,
para que tivesse o cuidado de fazer conforme tudo quanto nela está escrito, a
fim de que seu caminho prosperasse e fosse bem sucedido[232].
Semelhantemente, Paulo instruiu Timóteo a meditar e ocupar-se em seus
ensinamentos, a fim de que o aproveitamento do jovem pastor fosse
manifesto a todos. E o salmista chamou de bem-aventurado o homem que
tem prazer na lei do Senhor, e nela medita de dia e de noite[233].
Fica evidente que, diferente de outras técnicas que propõem o
esvaziamento da mente, a meditação bíblica nos convida a enchermos o
coração com as Escrituras Sagradas. Trata-se de um processo que vai além da
aprendizagem de conteúdo bíblico, mas avança mediante uma reflexão
apurada, até que tenhamos nos apropriado da Palavra da Verdade.
Tiago tinha isso em mente ao escrever sobre a necessidade de recebermos
com mansidão a Palavra que em nós foi enxertada[234]. A expressão traduzida
por enxerto diz respeito a um implante feito mais tarde na vida, e era utilizada
metaforicamente para significar aquilo que havia sido enviado a um homem
para ser parte da sua natureza[235].
Ao meditarmos continuamente na Palavra, ela vai tornando-se parte
permanente de nós; uma presença dominadora e orientadora em nosso
ser[236].
Quando as palavras da nossa boca e a meditação do nosso coração forem
agradáveis ao Senhor[237], a história de nossas vidas nunca mais será a
mesma.

Perguntas para reflexão: Você costuma ouvir a Palavra apenas com os


ouvidos, ou também com o coração? Você tem por hábito meditar nas
Escrituras?

Desafio pessoal: Não se preocupe tanto em acumular informação de


origem bíblica; mas em se apropriar da Palavra através da meditação, de
modo a incorporá-la em seu dia a dia.

Oração diária: “Restaura em mim, Senhor, o prazer de investir tempo


refletindo nas Sagradas Escrituras. Mais do que uma mente repleta de
conhecimento, eu quero ter um coração transbordando com a Tua Revelação.
Amém!”

25° Dia > Fortalecimento


O medo é uma grande ameaça ao crescimento espiritual de qualquer
pessoa, por seu potencial de inibir o avanço do crente e, consequentemente, o
desfrute daquilo que o Senhor lhe reservou.
Ao observarmos as variadas formas como as Escrituras descrevem o
medo, percebemos que ser dominado por esse sentimento é um indicativo
claro de que algo está errado com o coração.
Quando os hebreus estavam prestes a conquistar a terra prometida, o
relato pessimista de dez espias fez com que o coração do povo se derretesse
diante dos habitantes de Canaã, o que resultou em trinta e oito anos
adicionais de peregrinação pelo deserto[238].
Na iminência de encerrar seu ciclo à frente do povo, Moisés exortou a
nova geração a não amolecer o seu coração; não temer nem tremer, nem se
aterrorizar diante dos cananeus, à semelhança do que haviam feito seus pais.
Mas, dessa vez, foram os homens de Jericó que desfaleceram, quando
chegaram notícias do que Deus havia feito em favor dos hebreus desde a sua
saída do Egito. Bem como todos os reis dos amorreus e dos cananeus
desfaleceram em seus corações, e não houve ânimo neles, por causa dos
israelitas[239].
Todavia, na ocasião em que os israelitas foram derrotados pelos homens
de Ai, em virtude do pecado de Acã, novamente o coração de Israel derreteu-
se, tornando-se como água[240].
Essa perspectiva do medo como um indício de mau “funcionamento” do
coração fica ainda mais clara, quando o texto de Gênesis revela o coração dos
irmãos de José desfalecendo, ao perceberem que o dinheiro pago pelo trigo
havia sido devolvido[241]. No hebraico, a expressão em destaque nos remete a
um coração que parte ou vai embora[242].
Semelhantemente, o salmista afirmou que diante de um estado espiritual
deplorável, desfaleceu o seu coração[243]. O sentido original é que o medo
acontece quando o coração abandona a pessoa[244].
Mas enquanto a fobia faz com que o coração se derreta como cera em
nosso íntimo[245]; a coragem é fruto de um coração que foi solidificado pelo
Senhor.
Esta é a razão porque podemos nos animar e nos esforçar: há um
fortalecimento que vem da parte de Deus sobre aqueles que n’Ele esperam;
uma graça superabundante capaz de trazer solidez aos corações[246]: Espera
no Senhor, anima-te, e ele fortalecerá o teu coração; espera, pois, no
Senhor[247].
Suscetíveis à fragilidade humana, podemos ocasionalmente desanimar.
Mas Deus é a fortaleza do nosso coração. Se o abandonarmos, certamente
pereceremos. Mas, se nos reaproximarmos e n’Ele confiarmos, estaremos em
plenas condições de anunciar todos os grandes feitos do Senhor[248]: A minha
carne e o meu coração desfalecem; mas Deus é a fortaleza do meu coração,
e a minha porção para sempre[249].
Refugie-se em Deus, e ponha sua esperança n’Ele. Pois, mesmo em meio
aos desertos mais intensos e às noites mais escuras, Ele não o deixará, nem o
abandonará[250].
Podemos dizer com confiança que o Senhor é o nosso ajudador, não
temeremos. Afinal, o que os homens podem fazer contra nós?[251]

Ainda que um exército me cercasse, o meu coração não temeria; ainda


que a guerra se levantasse contra mim, nisto confiaria. Uma coisa pedi ao
Senhor, e a buscarei: que possa morar na casa do Senhor todos os dias da
minha vida, para contemplar a formosura do Senhor, e inquirir no seu
templo. Porque no dia da adversidade me esconderá no seu pavilhão; no
oculto do seu tabernáculo me esconderá; pôr-me-á sobre uma rocha[252].

Perguntas para reflexão: Você é uma pessoa medrosa? Percebe como o


medo é capaz de inibir seu crescimento espiritual?

Desafio pessoal: Anime-se, deposite sua esperança em Deus e não desista


daquilo que Ele reservou para você!

Oração diária: “Senhor, muitas vezes, o meu coração desfalece diante


dos desafios que me cercam. Peço a Ti que fortaleças o meu interior, de
modo que eu desfrute de todas as boas promessas que um dia o Senhor me
fez. Amém!”

26° Dia > Encorajamento


A expressão “falar ao coração” tem o sentido de consolar, apoiar ou
encorajar[253]. A Bíblia está repleta de personagens que fizeram bom uso das
palavras para trazer um novo ânimo a alguém.
Na ocasião em que Jacó morreu, seus filhos ficaram amedrontados,
imaginando que seu irmão aproveitaria a ausência de seu pai, para retribuir
todo o mal que haviam lhe feito. Mas José os consolou, e falou segundo o
coração deles, garantindo que não havia nada a se temer, pois ele os
sustentaria, assim como a seus filhos[254].
Rute também foi consolada por palavras que serviram de verdadeiro
bálsamo para uma alma marcada pela dor. Quando Boaz a encorajou,
exemplificou o valor de se ter por perto pessoas que saibam falar ao coração:

Respondeu Boaz, e disse-lhe: Bem se me contou quanto fizeste à tua


sogra, depois da morte de teu marido; e deixaste a teu pai e a tua mãe, e a
terra onde nasceste, e vieste para um povo que antes não conheceste. O
Senhor retribua o teu feito; e te seja concedido pleno galardão da parte do
Senhor Deus de Israel, sob cujas asas te vieste abrigar. E disse ela: Ache eu
graça em teus olhos, senhor meu, pois me consolaste, e falaste ao coração da
tua serva, não sendo eu ainda como uma das tuas criadas[255].

Uma vez que a igreja foi projetada para ser um ambiente de


encorajamento mútuo, onde as pessoas estimulam continuamente umas às
outras ao amor e às boas obras, ninguém deveria abandonar a sua
congregação[256].
Não é por acaso que, ao longo das Escrituras, não encontramos crentes
isolados. No primeiro século, os cristãos estavam sempre unidos em corpos
locais. E as cartas que compõem o Novo Testamento foram endereçadas a
pessoas específicas que se identificavam com igrejas em lugares
específicos[257].
Isso significa que seguir a Jesus nunca consistiu numa jornada
solitária, mas sempre incluiu o comprometimento com uma igreja local,
onde nos reunimos com outros cristãos, debaixo de liderança bíblica,
para crescer à semelhança de Cristo e expressar Seu amor ao
mundo[258]:

Recomendo-lhes, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do


Espírito, que se unam a mim em minha luta, orando a Deus em meu favor.
Orem para que eu esteja livre dos descrentes da Judéia e que o meu serviço
em Jerusalém seja aceitável aos santos, de forma que, pela vontade de
Deus, eu os visite com alegria e juntamente com vocês desfrute de um
período de refrigério[259].
Já que a vida cristã precisa ser um projeto comunitário, não deixe de se
beneficiar dos ministérios criteriosos, protetores, incentivadores,
admoestadores, preventivos e restauradores do corpo de Cristo[260].
Ame sua igreja! Ore por ela! Envolva-se em suas atividades! Valorize-a!
Pois, no contexto de uma congregação local, Deus sempre levantará pessoas
para falar ao seu coração e reanimar a sua alma:

Há palavras que ferem como espada, mas a língua dos sábios traz a
cura[261].

O coração ansioso deprime o homem, mas uma palavra bondosa o


anima[262].

Um olhar animador dá alegria ao coração, e as boas notícias revigoram


os ossos[263].

As palavras agradáveis são como um favo de mel, são doces para a alma
e trazem cura para os ossos[264].

Perguntas para reflexão: Você está entre aqueles que desistiram da


igreja? Ou junto daqueles que permanecem na igreja, sem se importar com
ela?

Desafio pessoal: Diferentemente, seja um cristão que reconhece a


importância da igreja no cumprimento dos propósitos de Deus no mundo.
Critique menos sua congregação! Interceda mais por ela! Contribua para que
ela se torne a cada dia melhor!

Oração diária: “Ensina-me, Senhor, a amar a igreja, assim como Cristo a


amou, e a Si mesmo se entregou por ela[265]. Pois se a noiva de Cristo foi
digna de Seu precioso sangue, certamente é merecedora da minha mais
elevada consideração. Amém!”

27° Dia > Unidade


Nem sempre a igreja é um lugar tão edificante quanto deveria. Em alguns
casos, esse ambiente idealizado para ser de contínuo encorajamento pode se
tornar extremamente desestimulante à jornada cristã de qualquer pessoa.
A explicação para essa triste realidade se encontra na falta de unidade no
contexto eclesiástico. Poucas coisas são tão nocivas à obra de Deus quanto à
discórdia entre irmãos em Cristo. As contínuas e frequentes fragmentações da
Igreja tem sido o escândalo do século. Tem sido a estratégia maior de
Satanás. O pecado da desunião tem feito mais almas perdidas que todos os
outros pecados juntos[266].
E unidade, bem como sua ausência, é um assunto que a Bíblia
constantemente conecta ao coração. Dalila, por exemplo, questionou o amor
de Sansão, alegando que sua relutância em contar-lhe o segredo de sua força
era um claro indício de que seu coração não estava com ela[267].
A razão de Jeroboão ter estabelecido Dã e Betel como centros do culto
aos bezerros de ouro também estava relacionada ao coração. Seu receio era
de que, caso continuassem subindo para sacrificar em Jerusalém, o coração
das tribos do norte se voltasse para Roboão[268]: Assim o rei tomou conselho,
e fez dois bezerros de ouro; e lhes disse: Muito trabalho vos será o subir a
Jerusalém; vês aqui teus deuses, ó Israel, que te fizeram subir da terra do
Egito. E pôs um em Betel, e colocou o outro em Dã[269].
A relação conturbada entre Davi, Absalão e o povo de Israel também foi
retratada nas Escrituras pela ótica dos corações envolvidos.
Primeiramente, o comandante Joabe percebeu que, apesar de todos os
desgastes, o coração do rei estava inclinado para Absalão[270]; o que
possibilitou uma reaproximação entre ambos. Por sua vez, o príncipe
aproveitou a brecha para cativar o povo, de modo que furtava Absalão
o coração dos homens de Israel[271].
Até que o filho conspirou contra o pai. E quando o rei foi informado de
que o coração de cada um em Israel seguia a Absalão, percebeu que já não
havia mais o que fazer, e fugiu[272].
E mesmo após os acontecimentos que resultaram na morte de seu filho, a
restauração de Davi ao trono só ocorreu, quando suas palavras moveram o
coração de todos os homens de Judá, como o de um só homem; e eles lhe
disseram: Volta tu com todos os teus servos[273].
Muitas vezes, a igreja atual tem se tornado um ambiente onde as pessoas
se relacionam cordialmente, enquanto os corações permanecem distantes[274];
um espaço em que palavras de apreço são muito bem pronunciadas, mas
raramente traduzidas em atitudes.
Todavia, nenhum rebanho precisa ser assim. Na igreja de Jerusalém era
um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa
alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram
comuns[275].
A igreja de Filipos, por sua vez, tornou-se uma parceira de tamanha
expressão no ministério de Paulo, que este chegou a declarar que os tinha em
seu coração[276]. Certamente, o zelo dos filipenses em suprir as necessidades
paulinas evidenciava que o apóstolo também era uma figura sempre presente
no coração daquela igreja:

Como vocês sabem, filipenses, nos seus primeiros dias no evangelho,


quando parti da Macedônia, nenhuma igreja partilhou comigo no que se
refere a dar e receber, exceto vocês; pois, estando eu em Tessalônica, vocês
me mandaram ajuda, não apenas uma vez, mas duas, quando tive
necessidade[277].

Se unir o coração a alguém é um exercício de vontade, cada um de nós


deveria se responsabilizar pela preservação da unidade em sua igreja local;
esforçando-nos a fim de que o nosso coração seja reto para com as pessoas,
assim como nós esperamos que o delas seja reto para conosco[278].
Contudo, essa onda de desunião que abala a igreja contemporânea só será
devidamente contida, caso o Senhor intervenha nos dando um só coração
[279]; se a graça que faz com que os corações dos pais se voltem para seus
filhos, e os corações dos filhos para seus pais[280], também reaproxime os
corações daqueles que se dizem irmãos em Cristo.
Que cada cristão, portanto, faça sua parte em prol da unidade, sem se
abster de orar para que o cumprimento da promessa registrada por Jeremias
se estenda a sua geração: E lhes darei um mesmo coração, e um só caminho,
para que me temam todos os dias, para seu bem, e o bem de seus filhos,
depois deles[281].
Perguntas para reflexão: De que modo você tem contribuído para a
preservação da unidade em sua igreja local? Seu coração tem sido reto para
com seus irmãos em Cristo?

Desafio pessoal: Não aceite e nem colabore para que um lugar reservado
para a adoração ao único Deus se transforme num concurso de projeção
pessoal ou num campeonato de desempenhos pessoais[282].

Oração diária: “Senhor, auxilie minha igreja local a se tornar um corpo


onde cada membro coopera com o outro, visando à edificação de todos[283].
Amém!”

28° Dia > Retorno


Não existe nada mais valioso na vida do que o relacionamento com Deus.
O modo como uma pessoa interage com as coisas do alto tem profundas
implicações em todo o seu ser. Por esse motivo, quem está de bem com Deus,
sempre estará em melhores condições de enfrentar os desafios do cotidiano.
Mas a batalha contra o pecado é contínua, e alguns acabam se
distanciando do Senhor. Esse afastamento nem sempre vem acompanhado da
ruptura imediata com a igreja e o abandono radical aos valores judaico-
cristãos. Ele pode acontecer sutilmente; e a mudança passar despercebida.
Ligada no automático, a pessoa continua frequentando os mesmos lugares,
entoando os mesmos cânticos e fazendo as contribuições de sempre;
enquanto o processo de divórcio entre as crenças que ela professa e o modo
como vive vai evoluindo até chegar ao estágio final.
Tanto Isaías quanto Jesus lidaram com essa espécie de apostasia
dissimulada. Ambos ministraram para pessoas habituadas a oferecer um culto
hipócrita. Gente que se aproximava do Templo, e observava dias santos e
ritos cerimoniais; mas cujo coração se afastava do Senhor[284].
Esse tipo de desvio é o mais perigoso. Ele acontece quando estamos
rodeados por pessoas de Deus, fazendo coisas para Deus e com a ilusão da
aprovação divina. Nessas horas, o envolvimento na Obra deixa de ser uma
benção, para funcionar como um disfarce. Pois não existe lugar onde a frieza
espiritual tenha mais facilidade em se ocultar do que por detrás de uma
cortina de fumaça chamado ativismo ministerial.
No momento em que a pessoa começa a identificar os primeiros vestígios
de declínio espiritual, ela precisa rapidamente voltar à essência que se perdeu.
Converter-se a Deus com todo o coração[285]. Redirecionar a rota para se
encontrar com Ele. Fazer como o filho pródigo que, caindo em si, não se
limitou a voltar para a casa do pai. Mas levantou-se e foi para o seu pai[286].
Talvez porque já soubesse que é possível permanecer na casa do pai sem
estar conectado ao coração dele; cumprir responsabilidades como uma mera
obrigação, sem se alegrar com o que faz o pai sorrir:

O filho mais velho encheu-se de ira, e não quis entrar. Então seu pai saiu
e insistiu com ele. Mas ele respondeu ao seu pai: “Olha! todos esses anos
tenho trabalhado como um escravo ao teu serviço e nunca desobedeci às tuas
ordens. Mas tu nunca me deste nem um cabrito para eu festejar com os meus
amigos. Mas quando volta para casa esse seu filho, que esbanjou os teus
bens com as prostitutas, matas o novilho gordo para ele!”[287].

Na ocasião em que Elias orou no monte Carmelo para que descesse fogo
dos céus, o profeta não esperava apenas que os israelitas reconhecessem que
o Senhor era Deus em Israel e Elias Seu servo; mas, sobretudo, que ficasse
manifesto a todos que Deus estava fazendo o coração do povo voltar para
Si[288].
Se temos nos distanciado do Senhor, nossa visão espiritual precisa ser
restaurada; nosso temor, reacendido; a fim de que o nosso coração seja
encaminhado de volta para Deus[289]: Ensina-me, Senhor, o teu caminho, e
andarei na tua verdade; une o meu coração ao temor do teu nome[290].

Perguntas para reflexão: Como vai o seu relacionamento com o


Senhor? Você tem investido muito tempo com a obra de Deus e
negligenciado sua vida devocional?

Desafio pessoal: Se você percebe que está passando por um processo de


declínio espiritual, corra imediatamente de volta para o Pai. Busque ao
Senhor de todo o seu coração, e Ele permitirá que você O reencontre.

Oração diária: “Encaminhe, Senhor, o meu coração para ti, e ajuda-me a


permanecer continuamente em Sua santa presença. Amém!”.
CONCLUSÃO

Ao final deste livro, minha expectativa é que algo tenha mudado em seu
interior. Essas leituras diárias não foram elaboradas somente para alimentar o
intelecto, mas, especialmente, para motivar cada leitor a agir segundo o
coração de Deus[291].
O mundo em que vivemos está repleto de homens que esperam por
mudanças, mas que não se dispõem a mudar. Está cada vez mais raro
encontrar pessoas vulneráveis a um processo de transformação interior, capaz
de revolucionar todo o seu ser.
Mas, se a possibilidade de mudança em Deus seria a maior das
catástrofes, em nós, é a maior das bênçãos. Pois, enquanto Deus é
perfeito, e não poderia mudar para melhor; nós ainda somos calouros na
escola da perfeição.
Por isso, não pare nessas quatro semanas. Continue meditando e
aplicando tudo o que você aprendeu ao longo dos últimos dias; a fim de
que essa reforma espiritual continue, e Cristo faça morada permanente
em seu coração:

Por causa disto me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus
Cristo, do qual toda a família nos céus e na terra toma o nome, para que,
segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais corroborados com
poder pelo seu Espírito no homem interior; para que Cristo habite pela fé
nos vossos corações...[292].

Deus lhe abençoe!

Pr. Marcos André


[1] SMITH, Ralph L. Teologia do Antigo Testamento: História, Método e Mensagem. São
Paulo: Vida Nova, 2001. P. 259.
[2] HARRIS, R. Laird. ARCHER, Gleason L. Jr. WALTKE, Bruce K. Dicionário internacional
de teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1998. P. 765.
[3] Públio Siro, escritor latino da Roma antiga.
[4] Carl Jung, Psicanalista Suíço.
[5] LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2001. P. 442.
[6] Quando o termo é utilizado no sentido figurado.
[7] HARRIS, Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento. P. 765.
[8] RIENECKER, Fritz. ROGERS, Cleon. Chave Linguística do Novo Testamento Grego. São
Paulo: Vida Nova, 1988. P. 9.
[9] Bill Lawrence.
[10] Cf. Êxodo 9.14.
[11] Cf. Tiago 1.26.
[12] COENEN, Lothar (Editor). O novo dicionário internacional de teologia do Novo
Testamento. Volume I: A-D. São Paulo: Vida Nova, 1989. P. 505.
[13] Provérbios 4.23b.
[14] Provérbios 27.19 (NVI).
[15] Provérbios 23.26a.
[16] Gênesis 17.17 - grifo nosso.
[17] Gênesis 27.41 - grifo nosso.
[18] I Samuel 27.1 - grifo nosso.
[19] Ester 6.6 - grifo nosso.
[20] Isaías 14.13 - grifo nosso.
[21] Lucas 12.45,46 - grifo nosso.
[22] Cf. Isaías 57.17; Jeremias 9.14; Ezequiel 13.17.
[23] Cf. Provérbios 28.26; Salmos 66.18.
[24] Cf. Salmos 25.8,9,12.
[25] FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio: O dicionário da língua
portuguesa. 8. ed. Curitiba: Positivo, 2010. P. 200.
[26] Cf. Jonas 2.3.
[27] Marcos 7.21-23.
[28] TRIPP, Paul David. A idade da oportunidade: Recursos para a educação de adolescentes.
São Paulo: Batista Regular, 2008. P. 19.
[29] John Maxwell.
[30] Gênesis 8.21 (NVI).
[31] Provérbios 22.15a (NVI).
[32] Cf. Provérbios 11.20; 12.8; 17.20.
[33] Cf. Jeremias 7.24; 18.12; 3.17.
[34] Cf. Salmos 41.6; 58.2; Tiago 3.14; Provérbios 12.20; 6.18; Isaías 32.6.
[35] Tg 1.14,15 (NVI).
[36] Jeremias 4.14.
[37] Jeremias 17.9.
[38] COENEN, O novo dicionário internacional de teologia do Novo Testamento. P. 507.
[39] LUNDGAARD, Kris. O mal que habita em mim. 3ª ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2014. P.
27.
[40] Deuteronômio 30.6.
[41] Deuteronômio 10.16.
[42] Cf. Romanos 2.29.
[43] Cf. Mateus 23.27.
[44] Jeremias 31.33.
[45] Ezequiel 36.26.
[46] Cf. Gálatas 4.6,7.
[47] Salmos 51.10.
[48] Cf. Provérbios 16.23 (NVI).
[49] TRIPP, Paul David. Instrumentos nas mãos do redentor: pessoas que precisam ser
transformadas ajudando pessoas que precisam de transformação. São Paulo: NUTRA Publicações,
2009. P. 93-95.
[50] Lucas 6.43-45 (NVI).
[51] Ainda que a passagem não mencione as raízes, essa é uma abordagem válida, pois o texto
também fala sobre bons e maus tesouros que parecem estar “enterrados” no coração.
[52] TRIPP. Instrumentos nas mãos do redentor. P. 95.
[53] Idem.
[54] Mateus 12.34b (NVI).
[55] Cf. Mateus 12.36.
[56] Cf. Efésios 4.29 (NVI).
[57] Cf. Ezequiel 36.26.
[58] Deuteronômio 15.7,8 (NVI).
[59] Jeremias 13.10.
[60] Cf. Mateus 13.15; Marcos 3.5; 8.17.
[61] Marcos 16.14 (NVI).
[62] MACDONALD, William. O discípulo verdadeiro. São Paulo: Mundo Cristão, 2009. P. 135.
[63] Salmos 34.18.
[64] MACDONALD, O discípulo verdadeiro. P. 135.
[65] Salmos 51.17.
[66] HARRIS, Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento. P. 310.
[67] Genesis 1.26a; 2.7.
[68] Provérbios 28.14 (NVI).
[69] Cf. Deuteronômio 8.14; II Crônicas 32.25; 26.16.
[70] ASCOL, Thomas K (Compilado por). Amado Timóteo: Uma coletânea de cartas ao
pastor. São José dos Campos: Editora Fiel, 2005. P. 198.
[71] Cf. Salmos 101.5; Provérbios 16.5.
[72] Cf. Isaías 10.12; Jeremias 48.42; 49.16; Ezequiel 28.17; Daniel 5.22.
[73] ASCOL, Amado Timóteo. P. 198.
[74] Poeta francês Pierre Reverdy.
[75] SPURGEON, Charles H. Lições aos meus alunos: Homilética e Teologia Pastoral, Vol.2.
São Paulo: PES, 1980.
[76] Cf. Provérbios 18.12; I Pedro 5.5; II Crônicas 34.27.
[77] Cf. I Pedro 5.6; Mateus 11.29.
[78] Salmos 131.1-3 (NVI).
[79] Cf. Provérbios 3.6.
[80] HARRIS. Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento. P. 766.
[81] Cf. I Reis 3.9; 4.29.
[82] Nova versão internacional.
[83] I Reis 10.24.
[84] Cf. Salmos 119.32.
[85] Nova versão Internacional.
[86] Cf. Provérbios 10.13 (NVI).
[87] SMITH, Teologia do Antigo Testamento. P. 260.
[88] Cf. Oséias 4.11 (NVI).
[89] Almeida Corrigida e Revisada Fiel.
[90] Provérbios 2.10; 10.8; 16.21.
[91] Eclesiastes 8.5b (NVI).
[92] HARRIS, Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento. P. 766.
[93] II Reis 5.26a.
[94] Cf. Tiago 1.5.
[95] Provérbios 23.15.
[96] HARRIS, Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento. P. 684, 685.
[97] HARRISON, Everett F. (editor). Comentário Bíblico Moody: Volume 4: Os Evangelhos e
Atos . São Paulo: IBR, 2001. P. 131.
[98] Lucas 3.4,5 (NVI).
[99] HARRIS, Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento. P. 684, 1261 e
1262.
[100] Salmos 36.10; 101.2.
[101] Ibidem. P. 685.
[102] Salmos 32.11; 64.10; 97.11 – grifo nosso.
[103] Cf. Deuteronômio 17.17; I Reis 11.1,4,9.
[104] Atos 8.21-23 (NVI).
[105] Cf. I Reis 3.6; 125.4.
[106] Salmos 7.10 (NVI).
[107] HARRIS, Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento. P. 1572.
[108] I Crônicas 28.9 – grifo nosso.
[109] Cf. I Crônicas 29.19.
[110] I Reis 9.4,5 – grifo nosso.
[111] Cf. Oséias 10.2.
[112] II Crônicas 25.1,2.
[113] II Crônicas 16.9a.
[114] I Reis 8.61.
[115] Atos 8.37a (NVI) – grifo nosso.
[116] Jeremias 29.12,13 – grifo nosso.
[117] Marcos 12.30 – grifo nosso.
[118] I Samuel 12.20 (NVI) – grifo nosso.
[119] Deuteronômio 26.16 (NVI) – grifo nosso.
[120] Provérbios 3.5,6 (NVI) – grifo nosso.
[121] Joel 2.12 – grifo nosso.
[122] Salmos 111.1 – grifo nosso.
[123] I Reis 8.23 (NVI) – grifo nosso.
[124] Cf. Provérbios 26.23,25,28.
[125] Cf. Provérbios 6.18; Isaías 29.13.
[126] Salmos 15.2.
[127] Cf. I Crônicas 29.17a.
[128] Compare os Salmos 15.1,2 e 24.3,4.
[129] Cf. I Timóteo 1.5; I Pedro 1.22.
[130] COENEN, O novo dicionário internacional de teologia do Novo Testamento. P. 507.
[131] Cf. Salmos 51.10.
[132] Cf. II Samuel 11.27.
[133] Joel 2.13b.
[134] Cf. Mateus 18.35; Romanos 6.17; Efésios 6.6.
[135] Gênesis 20.6a.
[136] HARRIS, Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento. P. 766.
[137] Cf. II Samuel 7.21.
[138] Nova versão internacional.
[139] Cf. II Crônicas 11.16.
[140] Cf. I Coríntios 7.37.
[141] Cf. Josué 24.23; Provérbios 2.2; Neemias 4.6.
[142] Salmos 119.36,112.
[143] Cf. Tiago 4.8.
[144] LOPES, Hernandes Dias. Rute: Uma perfeita história de amor. São Paulo: Hagnos, 2007.
P.116.
[145] https://www.dicio.com.br/proposito/
[146] Provérbios 19.21a.
[147] Cf. I Reis 8.18; Neemias 2.12,17.
[148] Daniel 1.8a.
[149] Cf. João 13.2; Atos 5.3.
[150] Deuteronômio 5.29 – grifo nosso.
[151] Atos 11.23b.
[152] Cf. Provérbios 23.12; Deuteronômio 32.46.
[153] Malaquias 2.2 – grifo nosso.
[154] Cf. Salmos 108.1; 57.7.
[155] Nova versão internacional.
[156] Cf. Salmos 44.18.
[157] LADD, Teologia do Novo Testamento. P. 443.
[158] Cf. Êxodo 35.22.
[159] Êxodo 35.29a.
[160] Êxodo 36.2b.
[161] I Crônicas 22.19.
[162] Cf. I Crônicas 29.6,17.
[163] Cf. II Crônicas 29.31.
[164] Cf. Êxodo 25.2.
[165] II Coríntios 9.7.
[166] Cf. II Coríntios 8.3 (NVI).
[167] MACDONALD, O discípulo verdadeiro. P. 111.
[168] I Crônicas 29.11,14 (NVI).
[169] Provérbios 27.23.
[170] Cf. II Crônicas 7.15,16.
[171] Cf. Salmos 62.10.
[172] MACDONALD, O discípulo verdadeiro. P. 108.
[173] Provérbios 18.11.
[174] Cf. Mateus 6.19-21.
[175] Mateus 6.24 (NVI).
[176] TASKER, R.V.G. Mateus: Introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1980. P. 60.
[177] TRIPP, Instrumentos nas mãos do redentor. P. 110.
[178] Cf. Eclesiastes 9.10.
[179] Cf. Salmos 20.4; 37.4; 112.10; 10.3.
[180] TRIPP, Instrumentos nas mãos do redentor. P. 118.
[181] Cf. Ezequiel 14.4,7.
[182] Citado por Paul David Tripp, Instrumentos nas mãos do redentor. P. 102.
[183] TRIPP, Instrumentos nas mãos do redentor. P. 103,107.
[184] I Joao 5.21 (NVI).
[185] Salmos 4.7; Neemias 2.2; Oséias 11.8; Levítico 19.17; I Crônicas 15.29; II Coríntios 2.4;
Provérbios 14.10; 12.25; Salmos 27.3; Eclesiastes 11.10; Jeremias 8.18; Provérbios 23.17.
[186] Atos 2.37 – grifo nosso.
[187] RIENECKER, Chave Linguística. P. 197.
[188] Cf. Lucas 24.32.
[189] Tiago 4.8-10 (NVI).
[190] Cf. I Samuel 24.5; II Samuel 24.10.
[191] Cf. II Coríntios 7.10; I Crônicas 16.10; II Samuel 6.16.
[192] Cf. Salmos 39.3; 45.1; 28.7.
[193] I Samuel 2.1 (NVI).
[194] Cf. Deuteronômio 6.5; Mateus 22.37.
[195] SMITH, Teologia do Antigo Testamento. P. 260.
[196] Cf. Salmos 62.8; Lamentações 2.19; Atos 2.26.
[197] Cf. Isaías 9.6.
[198] LOPES, Hernandes Dias. Neemias: O líder que restaurou uma nação. São Paulo: Hagnos,
2006. P.140.
[199] COENEN, O novo dicionário internacional de teologia do Novo Testamento. P. 506.
[200] Cf. Atos 16.14,15,40; II Coríntios 3.15; 4.6.
[201] COENEN, O novo dicionário internacional de teologia do Novo Testamento. P. 506.
[202] Cf. Marcos 16.14.
[203] Romanos 10.10.
[204] Joel 2.12.
[205] Cf. II Coríntios 1.22; Romanos 5.5; Colossenses 3.13-15; Hebreus 13.9.
[206] Cf. Romanos 10.16,17.
[207] Cf. Marcos 11.23; Lucas 24.25.
[208] Salmos 28.7.
[209] Cf. Salmos 112.7; II Tessalonicenses 3.3,5.
[210] Cf. Provérbios 4.23.
[211] Provérbios 2.13-15 (NVI).
[212] Provérbios 6.25,26 (NVI).
[213] Provérbios 4.15-17 (NVI).
[214] Provérbios 13.20 (NVI).
[215] Provérbios 4.20,21 – grifo nosso.
[216] Cf. Salmos 37.31; Salmos 119.11; Provérbios 4.21.
[217] Cf. Lucas 8.5-15.
[218] BUCKLAND, A. R. Dicionário bíblico universal. São Paulo: Vida, 1992.
[219] Cf. Provérbios 4.23 (NVI).
[220] LUNDGAARD, O mal que habita em mim. P. 32.
[221] Cf. I Samuel 16.7; I Reis 8.39; Salmos 44.21.
[222] LUNDGAARD, O mal que habita em mim. P. 32.
[223] Cf. Salmos 26.2.
[224] Salmos 139.23,24.
[225] Cf. Tiago 1.23-25.
[226] Hebreus 4.12.
[227] HARRIS. Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento. P. 766.
[228] SMITH, Teologia do Antigo Testamento. P. 260.
[229] Cf. Provérbios 2.2; 18.15; 22.17; 23.12 (NVI).
[230] Cf. Ezequiel 3.10; 40.4.
[231] Cf. Ezequiel 44.5.
[232] Cf. Josué 1.8.
[233] Cf. I Timóteo 4.15; Salmos 1.2.
[234] Cf. Tiago 1.21.
[235] RIENECKER, Chave Linguística. P. 538.
[236] MOO, Douglas J. Tiago: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1990. P. 81.
[237] Cf. Salmos 19.14.
[238] Cf. Deuteronômio 1.28.
[239] Cf. Deuteronômio 20.3; Josué 2.10,11; 5.1.
[240] Cf. Josué 7.5.
[241] Cf. Gênesis 42.28 – grifo nosso.
[242] HARRIS, Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento. P. 766.
[243] Salmos 40.12 – grifo nosso.
[244] HARRIS, Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento. P. 766.
[245] Cf. Salmos 22.13,14.
[246] Cf. Salmos 31.24; Hebreus 13.9.
[247] Salmos 27.14.
[248] Cf. Salmos 73.27,28.
[249] Salmos 73.26.
[250] Cf. Hebreus 13.5.
[251] Cf. Hebreus 13.6.
[252] Salmos 27.3-5.
[253] HARRIS, Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento. Pág. 766.
[254] Cf. Gênesis 50.15,21.
[255] Rute 2.11-13.
[256] Cf. Hebreus 10.24,25.
[257] PLATT, David. Siga-me: o chamado de Jesus para a vida eterna. Rio de Janeiro: Thomas
Nelson Brasil, 2013. P. 146.
[258] CHAN, Francis. Multiplique: discípulos que fazem discípulos. São Paulo: Mundo Cristão,
2015. P. 47.
[259] Romanos 15.30-32 (NVI).
[260] TRIPP, Paul. Vocação perigosa: Os tremendos desafios do ministério pastoral. São
Paulo: Cultura Cristã, 2014. P. 32.
[261] Provérbios 12.18 (NVI).
[262] Provérbios 12.25 (NVI).
[263] Provérbios 15.30 (NVI).
[264] Provérbios 16.24 (NVI).
[265] Cf. Efésios 5.25.
[266] Citado por Max Lucado, Nas garras da graça: Você não pode escapar do seu amor. P.
157.
[267] Cf. Juízes 16.15.
[268] Cf. I Reis 12.27.
[269] I Reis 12.28,29.
[270] II Samuel 14.1.
[271] II Samuel 15.6.
[272] Cf. II Samuel 15.13.
[273] II Samuel 19.14.
[274] Cf. Provérbios 23.7.
[275] Atos 4.32.
[276] Cf. Filipenses 1.7 (NVI).
[277] Filipenses 4.15,16 (NVI).
[278] Cf. Efésios 4.2,3; I Crônicas 12.17; II Reis 10.15.
[279] Cf. II Crônicas 30.12.
[280] Malaquias 4.6 (NVI).
[281] Jeremias 32.39.
[282] LOPES, Hernandes Dias. Filipenses: a alegria no meio das provas. São Paulo: Hagnos,
2017. P. 113.
[283] Idem.
[284] Cf. Isaías 29.13; Mateus 15.7,8.
[285] Cf. II Crônicas 6.38.
[286] Cf. Lucas 15.20.
[287] Lucas 15.28-30.
[288] Cf. I Reis 18.36-38 (NVI).
[289] Cf. I Crônicas 29.18.
[290] Salmos 86.11.
[291] Cf. I Samuel 2.35.
[292] Efésios 3.14-17.

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