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A medicina é um discurso.

Poder e impotência do discurso


Disciplina: Ciências Sociais Aplicadas à Saúde

Prof. Dra. Maria Bernadete de Carvalho

Aluno: Eduardo Eugenio Correia Muniz Barreto

Que elementos aproximam o discurso médico da racionalidade científica?

O texto traz como exemplo do discurso médico a visão de Hipócrates, médico grego, sobre a
impotência dos Citas. Nesse contexto, a primeira característica marcante do discurso médico é o descarte das
explicações sobrenaturais, que no caso dos Citas residia sobre a crença de que a impotência advinha de uma
possível punição por parte de sua divindade. Hipócrates descarta essa possibilidade ao analisar que, se fora
realmente por ofensa ao seu deus, a enfermidade deveria atingir igualmente ricos e pobres, ou ainda mais
pobres que ricos, visto que estes teriam mais condições de sacrificar ao ídolo. Ao contrário, entretanto, o que
se observava era a incidência maior entre os ricos. Com isso, o grego introduz uma outra característica desse
discurso, que se relaciona com a racionalidade científica: a observação dos fatos. A partir de então, passa a
formular hipóteses, sendo a mais importante a que correlaciona a impotência, dentre outros motivos, à
tradição de equitação entre os citas, que afetaria sua região genital. Isso explicaria ainda porque a doença
afetava mais aos ricos que aos pobres, visto que estes não teriam acesso aos cavalos do mesmo modo que
aqueles. Portanto, as hipóteses passaram a ser baseadas não mais em questões sobrenaturais, mas na lógica
oriunda da observação, como na racionalidade científica.

O autor prossegue na análise do discurso médico como um todo e, nesse sentido, argumenta que,
ainda que erre o diagnóstico, o que diferencia o médico é o fato de se manter fiel ao “discurso médico”, ou
seja, utilizar a observação e a lógica e não o misticismo em suas análises. Entretanto, a crítica realizada pelo
autor é que essa fidelidade acaba por criar um discurso totalitário, de certa forma, visto que exclui tudo que
não for o próprio discurso médico, inclusive o discurso do doente. Cria-se, então, a ideia de que “Não há fatos
senão pelo fato do discurso”.

Portanto, podemos concluir que o discurso médico de Hipócrates traz diversos elementos da
racionalidade científica. Resumidamente, temos a eliminação/falsificação do misticismo, a observação dos
fatos, a formulação de hipóteses a partir dos fatos observados e a definição de um diagnóstico baseado
unicamente na lógica, ainda que possua erros.

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