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INTERGERACIONALIDADE, REDES DE APOIO E PRESTAÇÃO DE CUIDADOS AO IDOSO DO SÉC.

XXI

CUIDAR DO IDOSO COM DEMÊNCIA


MANUAL DO FORMADOR
FICHA TÉCNICA

FICHA TÉCNICA

INTERGERACIONALIDADE,
REDES DE APOIO E PRESTAÇÃO DE
CUIDADOS AO IDOSO DO SÉC. XXI

ENTIDADE PROMOTORA
Santa Casa da Misericórdia de Mértola

EQUIPA TÉCNICA
Santa Casa da Misericórdia de Mértola
IFH - Instituto de Formação para o Desenvolvimento Humano

APOIO TÉCNICO DOCUMENTAL


Associação Indiveri Colucci / Clínica Médica da Linha /
/ Casa de Repouso de Paço d’Arcos
Paradoxo Humano

AUTORIA
Cristina Coelho

GESTÃO E COORDENAÇÃO
Emília Colaço (Santa Casa da Misericórdia de Mértola)
José Silva e Sousa e Cláudia Miguel (IFH)

CONSULTORES
Cristina Coelho
Marta Simões
Ana Assunção

DESIGN, PRODUÇÃO GRÁFICA, PAGINAÇÃO


E REVISÃO
IFH / PSSdesigners

PRODUÇÃO VÍDEO
IFH - Instituto de Formação para o Desenvolvimento Humano

EDIÇÃO
IFH - Instituto de Formação para o Desenvolvimento Humano

MANUAIS TÉCNICOS
“CUIDAR DO IDOSO COM DEMÊNCIA”

CONCEPÇÃO
Cristina Coelho

REVISÃO E SUPERVISÃO DE CONTEÚDOS


Marta Simões
Santa Casa da Misericórdia de Mértola
IFH - Instituto de Formação para o Desenvolvimento Humano

DESIGN, PRODUÇÃO GRÁFICA, PAGINAÇÃO Produção apoiada pelo Programa Operacional de Emprego, Formação e
E REVISÃO Desenvolvimento Social (POEFDS)
IFH / PSSdesigners
Medida: 4.2. Desenvolvimento e Modernização das Estruturas e Serviços
de Apoio ao Emprego.

Tipologia do Projecto: 4.2.2. Desenvolvimento de Estudos e Recursos


Didácticos.

Acção Tipo:4.2.2.2. Recursos Didácticos.

Co-financiado pelo Estado Português e pela União Europeia através do


Fundo Social Europeu

2
PREFÁCIO

Nos países tidos como mais desenvolvidos assistimos, presentemente, a um fenómeno curioso: o envelhe-
cimento da população idosa.

Como consequência, o sector da prestação de cuidados a idosos sofreu um incremento de actividade, mul-
tiplicando-se os serviços disponibilizados e diversificando-se o tipo de oferta dos mesmos.

A nível nacional é importante apostar no desenvolvimento de redes sociais de apoio, eficazes e eficientes,
em contexto institucional e a nível familiar.

Para que tal se verifique, é através da formação qualificada que se poderão dotar os seus intervenientes,
profissionais ou cuidadores, das competências necessárias para lidar com as problemáticas inerentes ao
aumento da esperança média de vida e à crescente dependência dos nossos idosos, potenciando e facilitan-
do o envolvimento dos familiares na tarefa.

Neste sentido, e tendo já uma vasta experiência neste ramo de actividade, não só em termos formativos
como também na intervenção diária em estruturas de prestação de cuidados, a Santa Casa da Misericórdia
de Mértola propôs-se desenvolver o projecto “INTERGERACIONALIDADE, REDES DE APOIO E
PRESTAÇÃO DE CUIDADOS AO IDOSO DO SÉC. XXI”, constituído por manuais técnicos do formador e
do formando e vídeos sobre a mesma temática a utilizar de forma integrada.

Temas:

• A alimentação do idoso
• Cuidar do idoso com demência
• Animação intergeracional
• Construção de uma rede de cuidados: Intervenção com a família e o meio social do idoso

Pretende-se, como tal, colmatar, as dificuldades que os cuidadores, profissionais de saúde ou familiares, sen-
tem diariamente, potenciando, em última consequência, o atraso da institucionalização dos idosos e con-
tribuindo para o aumento da sua qualidade de vida.

3
ÍNDICE

ÍNDICE

OBJECTIVOS GERAIS PÁG. 5

PRÉ-REQUISITOS DO FORMANDO PÁG. 6

PERFIL DO FORMADOR PÁG. 7

PLANO GERAL DE DESENVOLVIMENTO


DE TEMAS PÁG. 8

1. SER IDOSO PÁG. 11


Planificação, Orientação metodológica e
Actividades formativas
Avaliação
Enunciados

2. A DEMÊNCIA - DEFINIÇÃO,
FUNCIONAMENTO E RISCO PÁG. 19
Planificação, Orientação metodológica e
Actividades formativas
Avaliação
Enunciados

3. RECONHECER A DEMÊNCIA PÁG. 25


Planificação, Orientação metodológica e
Actividades formativas
Avaliação
Enunciados

4. DISTÚRBIOS COMPORTAMENTAIS PÁG. 33


Planificação, Orientação metodológica e
Actividades formativas
Avaliação
Enunciados

5. A PRESTAÇÃO DE CUIDADOS AO
IDOSO COM DEMÊNCIA PÁG. 41
Planificação, Orientação metodológica e
Actividades formativas
Avaliação
Enunciados

6. A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO IDOSO PÁG. 55


COM DEMÊNCIA
Planificação, Orientação metodológica e
Actividades formativas
Avaliação
Enunciados

SOLUÇÕES DAS ACTIVIDADES PÁG. 65

ANEXO 1. TEXTOS DE
APROFUNDAMENTO TEMÁTICO PÁG. 71

ANEXO 2. DIAPOSITIVOS PÁG. 75

ANEXO 3. OUTRA INFORMAÇÃO ÚTIL PÁG. 105


Bibliografia aconselhada
Outros auxiliares didácticos complementares
Contactos úteis
Agradecimentos

4
OBJECTIVOS GERAIS
OBJECTIVOS GERAIS

Este manual deve constituir um auxiliar para o formador responsável pela informação ou formação de fami-
liares e profissionais na área da geriatria, em que seja focada especificamente a temática da demência,
esclarecendo as possíveis causas, sintomatologia e processo evolutivo, e promovendo a implementação de
comportamentos adequados à prestação de cuidados a esta população.

Para tal, pretende-se:

• Dotar o formador de uma planificação integrada nos seguintes conteúdos temáticos:

• Ser idoso
• A demência - definição, funcionamento e risco
• Reconhecer a demência
• Distúrbios comportamentais
• A prestação de cuidados ao idoso com demência
• A institucionalização do idoso com demência

• Fornecer linhas gerais de orientação metodológica na condução das sessões formativas.

• Fornecer um conjunto de actividades e exercícios de avaliação e respectivas soluções que o formador pode
usar para conferir um carácter mais prático à formação.

• Indicar bibliografia aconselhada para que o formador se possa preparar e domine uma variedade de recur-
sos possíveis a indicar aos formandos, consoante as suas necessidades de aprofundamento dos temas.

Ao estruturar este guia para o formador, tentou-se ter em consideração o ritmo ternário da formação, estando
o planeamento modular concebido de modo a sequenciar a recolha, tratamento e aplicação da informação a
abordar.

5
PRÉ-REQUISITOS
DO FORMANDO

PRÉ-REQUISITOS DO FORMANDO

Os formandos devem estar ligados à prestação de cuidados a idosos com demência, quer enquanto
cuidadores formais ou informais, quer enquanto profissionais que desenvolvam um trabalho de formação ou
informação com estes, ou com a comunidade.

Deverão ainda apresentar os seguintes pré-requisitos:

• Gosto pelos cuidados geriátricos;


• Capacidade de comunicação;
• Facilidade em estabelecer e manter relações interpessoais;
• Responsabilidade e maturidade emocional;
• Capacidade de resolver problemas e de ultrapassar situações imprevistas;
• Dinamismo e espírito de iniciativa;
• Capacidade para trabalhar em equipa, para gerir e incentivar grupos.

6
PERFIL DO FORMADOR
PERFIL DO FORMADOR

Apresentamos, em linhas gerais, um perfil para os formadores que trabalhem na área da prestação de
cuidados a idosos com demência.

Em termos pedagógicos:

• Capacidade para motivar e incentivar os formandos, para que estes invistam e trabalhem os conteúdos
propostos, facilitando a sua apreensão.
• Competência para demonstrar procedimentos, desenvolvendo e conduzindo a prática na formação através
de situações ilustrativas, dinamizando e facilitando o processo de aprendizagem.
• Domínio de estratégias pedagógicas devidamente adequadas às temáticas abordadas e à promoção do
transfer destas para a prática diária dos formandos.
• Capacidade para proceder à avaliação da formação e do formando, desenvolvendo, com estes uma rotina
de auto-avaliação às práticas em contexto real.

Em termos técnicos:

• Domínio das temáticas propostas.


• Conhecimentos e/ou experiência na área da prestação de cuidados a idosos.
• Conhecimentos e/ou experiência na área da demência.
• Curso de formação pedagógica de formadores.

7
DESENVOLVIMENTO
PLANO GERAL DE

DE TEMAS

PLANO GERAL DE DESENVOLVIMENTO DE TEMAS

TEMAS OBJECTIVOS GERAIS

1. SER IDOSO

Conceitos essenciais • Definir os conceitos relacionados com a 3ª idade,


relacionando-os correctamente;

Mudanças na vida na terceira idade • Reconhecer os principais motivos para a neces-


sidade de reformulação do estilo de vida e cogni-
ções do recém-idoso;

Limitações na terceira idade • Identificar as patologias geriátricas mais comuns,


distinguindo as dificuldades manifestadas pelo
idoso nas diferentes áreas da sua vida.

2. A DEMÊNCIA - DEFINIÇÃO,
FUNCIONAMENTO E RISCO

Definir demência • Definir "Demência" correctamente;

O cérebro: funcionamento e funções • Explicar sucintamente o funcionamento cerebral


e as alterações gerais provocadas pela demência;

Factores de risco • Indicar os principais factores de risco para o


desenvolvimento da demência.

3. RECONHECER A DEMÊNCIA

Sinais identificadores • Identificar os sintomas gerais da síndrome


demencial;

Tipos de demência • Listar as patologias demenciais mais comuns na


Quadros demenciais mais comuns 3ª idade, classificando-as segundo a causalidade
e reversibilidade;

Avaliação da demência • Explicar a importância do processo de avaliação


na demência.

4. DISTÚRBIOS COMPORTAMENTAIS

Distúrbios comportamentais - introdução • Enumerar os principais factores relacionados


com o aparecimento dos distúrbios comportamen-
tais na demência;

Apatia e depressão • Reconhecer os principais tipos de distúrbios com-


Desorientação espacial e temporal portamentais característicos do estado demencial;
Sintomas psicóticos
Distúrbios do sono • Indicar a forma de actuação do cuidador perante
Distúrbios do comportamento sexual as manifestações típicas dos distúrbios comporta-
Agitação mentais.
O cuidador e os distúrbios comportamentais

8
DESENVOLVIMENTO
PLANO GERAL DE

DE TEMAS
TEMAS OBJECTIVOS GERAIS

5. A PRESTAÇÃO DE CUIDADOS AO IDOSO


COM DEMÊNCIA

Principais dificuldades e necessidades • Enumerar as principais dificuldades e necessi-


Preparação da família - controlo emocional dades da prestação de cuidados ao idoso com
demência;

Comunicação • Reconhecer a influência do tipo de linguagem


verbal e não-verbal utilizada pelo cuidador numa
interacção com o doente;

Criação de rotinas - higiene, apresentação pes- • Explicar a importância da criação de rotinas para
soal, cuidados de eliminação e medicação a prestação de cuidados;
A alimentação
• Executar as tarefas inerentes às rotinas diárias;
A preparação do meio
• Especificar os cuidados a ter na preparação do
meio.

6. A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO IDOSO COM


DEMÊNCIA

Efeitos psico-sociais decorrentes da instituciona- • Explicar os efeitos psico-sociais decorrentes da


lização do idoso institucionalização do idoso com demência;

O envolvimento da rede social de apoio do idoso • Descrever a importância da rede social de apoio
no processo de institucionalização no processo de institucionalização do idoso com
demência;

Aspectos legais da demência • Reconhecer os cuidados para um bom acolhi-


mento institucional e integração do doente.

• Indicar aspectos legais a ter em conta no caso de


um idoso com demência.

9
Salienta-se que as planificações apresentadas de
seguida são modulares e flexíveis, pretendendo
servir como auxiliares ao formador na estruturação
das suas sessões. Este deverá ajustá-las me-
diante o objectivo da acção (informar ou formar), o
público-alvo (técnicos ou cuidadores informais) e o
tempo disponível, considerando o modelo de ritmo
ternário da formação. Os exercícios e actividades
apresentadas foram desenhados considerando
um grupo de doze formandos, devendo ser
adaptados caso este número difira.

Como tal, importa relembrar que é necessário


incluir no início de cada sessão um espaço para a
introdução ao módulo (apresentação dos objecti-
vos, recolha de expectativas e motivação dos par-
ticipantes) ou, no caso de sessões subsequentes,
para a revisão dos conteúdos desenvolvidos até
ao momento, situando a sessão no decorrer do
módulo (e, consequentemente, da acção). Deverá
também ser previsto um tempo no final de cada
sessão para a síntese dos temas trabalhados,
relacionando-os com os já abordados e os que
ainda serão desenvolvidos no módulo, guiando,
deste modo, o formando na sua aprendizagem.

Em anexo, são incluídos os diapositivos referidos


em cada planificação, estando estes numerados
sequencialmente, dentro de cada capítulo. Faz
parte deste kit a apresentação em power-point
com os mesmos.

10
SER IDOSO 1

CUIDAR DO IDOSO COM DEMÊNCIA


MANUAL DO FORMADOR

1
1. SER IDOSO

PLANIFICAÇÃO

OBJECTIVOS GERAIS OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

• Definir os conceitos relacionados com a da ter- • Explica o significado de, pelo menos, sete dos
ceira idade, relacionando-os correctamente; conceitos relacionados com a terceira idade,
segundo o manual do formando, aplicando-os em
exemplos;

• Ilustra a relação e pertinência de cada conceito


no contexto do estudo da terceira idade, indicando,
pelo menos, dois motivos;

• Reconhecer os principais motivos para a • Identifica as alterações económico-sociais


necessidade de reformulação do estilo de vida e características da entrada na terceira idade, indi-
cognições do recém-idoso; cando sete mudanças (mínimo);

• Distingue "Velhice jovem" de "Velhice idosa",


estabelecendo a relação com as alterações
económico-sociais através de exemplos;

• Identificar as patologias geriátricas mais comuns, • Enumera as dificuldades mais frequentemente


distinguindo as dificuldades manifestadas pelo associadas à 3ª idade, num mínimo de sete,
idoso nas diferentes áreas da sua vida. agrupando-as por área de vida afectada;

• Indica os sistemas afectados pelas patologias


mais frequentes na 3ª idade, sem errar, dando pelo
menos dois exemplos para cada um.

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1. SER IDOSO
ITINERÁRIO DE ACTIVIDADES MATERIAL TEMPO

Método expositivo 1 2 min.


Método interrogativo 1 6 min.

Método activo 1 Imagens variadas de idosos 35 min.


"Ser idoso em imagens" Flipchart, folhas e marcadores

Método expositivo 2 Apresentação: Diapositivos: 1.1-1.2 20 min.


Videoprojector
Computador portátil

Método interrogativo 2 15 min.


Método expositivo 3 5 min.

Método activo 2 Enunciados 35 min.


"When I'm Sixty-four" Flipchart, folhas e marcadores

Método expositivo 4 Apresentação: Diapositivos: 1.3-1.4 5 min.


Videoprojector
Computador portátil
Método activo 3 20 min
Discussão conduzida
Método expositivo 5 Apresentação: Diapositivo 1.5 5 min
Videoprojector
Computador portátil

Método interrogativo 3 Quadro branco 15 min.


Marcadores
Método expositivo 6 Apresentação: Diapositivos 1.6-1.7 5 min.
Videoprojector
Computador portátil
Método interrogativo 4 Quadro 15 min.
Marcadores
Método expositivo 7 Apresentação: Diapositivos 1.8-1.10 5 min.
Videoprojector
Computador portátil

Avaliação Ficha de avaliação 20 min.

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1. SER IDOSO

ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS E ACTIVIDADES FORMATIVAS

Método expositivo 1 Método activo 2


Para introduzir o tema, o formador refere breve- "When I'm Sixty-four"
mente as principais questões da chegada à terceira Em grupos (de 3 a 4 pessoas), pedir aos formandos
idade. para analisarem o texto e, partindo deste, identifi-
carem as principais mudanças de vida na terceira
Método interrogativo 1 idade, salientando as relacionadas com a reforma e
O formador pede aos formandos para indicarem a condição física, de um modo geral. É depois soli-
uma ou duas ideias gerais sobre a terceira idade. citado a cada grupo que indique três das con-
Esta actividade pressupõe apenas uma abordagem clusões a que chegou, construindo-se um novo
muito leve da questão, fazendo a ponte para méto- flipchart. Durante a actividade, poderá ser coloca-
do activo seguinte, pelo que o papel do formador do, como música de fundo, o tema "When I'm Sixty-
será apenas motivar à resposta, limitando a sua -four" dos The Beatles.
intervenção.
Método expositivo 4
Método activo 1 Partindo das conclusões dos trabalhos apresenta-
"Ser idoso em imagens" dos, o formador deverá sistematizar a informação,
O formador utiliza uma primeira metodologia lúdica apresentando as mudanças normalmente asso-
como introdução ao tema do capítulo e do manual. ciadas à chegada à reforma e com a saúde e
Distribuindo, pela sala, imagens variadas de idosos condição física. Recorre a dois diapositivos (1.3 e 1.4).
(em diversas situações, contextos ou culturas, com
expressões variadas, activos ou inactivos, sós ou Método activo 3
acompanhados), solicita aos formandos que esco- Discussão conduzida
lham uma que traduza "o que é para si ser idoso". No seguimento do método activo 2, o formador
deverá promover a discussão sobre as conclusões
Num segundo momento, é solicitado a cada forman- dos formandos e os conceitos de "Velhice jovem" e
do que apresente a sua imagem ao grupo e fale "Velhice idosa", facilitando a reflexão sobre as dife-
sobre os motivos da sua escolha, sendo registados renças existentes, para o idoso, a nível pessoal e
no flipchart os pontos-chave referidos e agrupados social, quando se insira num ou noutro nível, con-
segundo a sua relação com os conceitos a definir. O cretizando com exemplos.
formador assume o papel de mediador na dis-
cussão, promovendo a partilha de ideias e con- Método expositivo 5
ceitos e apontando caminhos para a reflexão. O O formador apresenta as definições dos conceitos
flipchart deverá ser fixado na sala para ser utilizado de "Velhice jovem" e "Velhice idosa", sistematizan-
pelo formador em actividades futuras. do as conclusões a que os formandos chegaram na
discussão. Diapositivo 1.5.
Método expositivo 2
A partir dos registos efectuados no flipchart, o for- Método interrogativo 3
mador define e explica os conceitos essenciais rela- O formador introduz o tema das doenças geriátri-
cionados com a terceira idade (Esperança Média de cas, questionando os formandos para obter exem-
Vida, Significado Pessoal, Geriatria, Gerontologia, plos para cada uma e registando-os no quadro.
Deficiência, Incapacidade, Desvantagem, Velhice
Óptima, Velhice Jovem, Velhice Idosa), referindo os Método expositivo 6
dados da realidade portuguesa. (Diapositivos 1.1- Através dos diapositivos 1.6 e 1.7, o formador expli-
1.2). ca o agrupamento das dificuldades apontadas
pelos formandos segundo a área de vida afectada.
Método interrogativo 2
O formador questiona os formandos sobre a aplica- Método interrogativo 4
bilidade dos conceitos definidos e a relação entre É solicitado aos formandos que forneçam exemplos
eles. de patologias geriátricas características de cada um
dos sistemas mais afectados com o envelhecimen-
Método expositivo 3 to, colocando no quadro com as suas sugestões.
Sistematizando as contribuições dos formandos, o
formador identifica a relação entre os conceitos e Método expositivo 7
demonstra a sua pertinência para o estudo da ter- O formador completa a informação, apresentando
ceira idade. os diapositivos 1.8-1.10, terminando com a referên-
cia à patologia demencial e estabelecendo, assim,
a ponte para as próximas sessões.
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1. SER IDOSO
AVALIAÇÃO
Sugere-se a avaliação através da Ficha de avalia-
ção que se apresenta de seguida.

ENUNCIADOS
Apresenta-se o enunciado da Ficha de avaliação e
do exercício "When I'm Sixty-four".

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1. SER IDOSO

FICHA DE AVALIAÇÃO

SER IDOSO
A presente Ficha de Avaliação destina-se a verificar a aprendizagem dos conteúdos abordados ao longo do
primeiro capítulo deste manual.

1. Faça corresponder as frases da direita com os conceitos da coluna da esquerda.


Frases Conceitos

a) A D. Antónia diz que o melhor que lhe aconteceu foi o marido perder o emprego e ela ter de 1) Esperança
ir trabalhar fora de casa. Conseguiram superar a crise e fez muitas amigas! média de vida

b) Os Martins parecem um casalinho de namorados. Viajam muito, são dinâmicos e 2) Significado


saudáveis, gostam de conviver e não aparentam a idade que realmente têm! pessoal

c) O Sr. Luís teve de reformar-se aos 45 anos: quando começaram os tremores das mãos 3) Geriatria
deixou de conseguir trabalhar como relojoeiro.

d) A Dona Ana fez 66 anos e reformou-se. Agora, com o que recebe da Segurança Social, já 4) Gerontologia
pode ter um pequeno negócio ao pé de casa, porque diz que "ainda tem genica!"

e) O Sr. António costuma rir-se com os amigos dizendo que "segundo os que estudam, dos 5) Deficiência
meus 88 anos já devo 16 à cova!". E quer aumentar a dívida!

f) A Sr. Amélia já quase não vê. O filho está à procura de um cuidador para ficar com a mãe 6) Incapacidade
enquanto ele trabalha.

g) A D. Ana gosta muito da menina Júlia "que está a formar-se enfermeira. Anda a estudar as 7) Desvantagem
nossas doenças para tratar dos velhinhos!"

h) Por perder a visão, a D. Amélia pensou sair do clube do bordados da sua paróquia, mas 8) Velhice óptima
ficou pela companhia.

i) Apesar de assistir aos jogos, os 85 anos do Sr. Zeferino já não o deixem treinar a sua equipa. 9) Velhice jovem
"Estes ossos!"

j) O Dr. João está a fazer um estudo sobre o impacto psicológico da reforma, nos homens, na 10) Velhice idosa
sociedade portuguesa.

2. Refira a importância do conceito de "Significado pessoal" na "Geriatria", para o estudo da terceira


idade. Indique, pelo menos, dois motivos.

3. Distinga "velhice jovem" de "velhice idosa", referindo, pelo menos, quatro diferenças a nível físico,
psíquico e emocional, através de exemplos.

4. Classifique como verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmações:


a. Na terceira idade, os sistemas mais afectados são o respiratório e o urinário. Os restantes não têm
tanta expressão. ___
b. Artroses, artrite, lenta recuperação em caso de facturas são patologias típicas do sistema locomo-
tor, na terceira idade. ___
c. Os sistemas do corpo humano afectados pelas patologias típicas da velhice são: Cardiovascular,
Respiratório, Digestivo, Urinário, Imunitário, Locomotor, Sensorial e Nervoso. ___
d. A Doença de Parkinson, a senilidade e a depressão são três manifestações distintas de patolo-
gias típicas da terceira idade. ___
e. O cancro é uma doença do sistema vascular, muito comum na velhice. ___

5. Corrija as falsas.

6. Indique sete mudanças no estilo de vida comuns à entrada na terceira idade.

7. Segundo Ruipérez e Llorente (1998), quais as áreas de vida afectadas em consequência das
doenças geriátricas? Exemplifique.
16
1. SER IDOSO
ENUNCIADOS

EXERCÍCIO: "WHEN I'M SIXTY-FOUR"

When I'm Sixty-four Quando eu tiver sessenta e quatro (tradução livre)

When I get older losing my hair many years from Quando envelhecer perdendo o meu cabelo daqui a
now muitos anos

Will you still be sending me a valentine, Ainda me mandarás um postal de namorados,


Birthday greetings, bottle of wine? Felicitações de aniversário, garrafa de vinho?
If I'd been out til quarter to three would you lock the E se eu estiver fora até ao quarto para as três tran-
door? cas a porta?
Will you still need me, will you still feed me, when Vais sentir a minha falta, vais alimentar-me, quando
I'm sixty-four? eu tiver sessenta e quatro?

Oh, you'll be older too - Ah Oh, também estarás mais velha - Ah


And if you say the word, I could stay with you E se disseres a palavra, eu poderei ficar contigo

I could be handy mending a fuse when your lights Posso ser prestável a mudar um fusível quando as
have gone tuas luzes avariarem
You can knit a sweater by the fireside, Tu podes tricotar uma camisola à lareira,
Sunday mornings, go for a ride Domingos de manhã, ir passear,
Doing the garden, digging the weeds, who could ask Jardinando, a arrancar ervas daninhas, quem pode
for more? desejar mais?
Will you still need me, will you still feed me, when Vais sentir a minha falta, vais alimentar-me, quando
I'm sixty-four? eu tiver sessenta e quatro?

Every summer we could rent a cottage in the Isle of Todos os verões podemos arrendar uma casinha
White, na Isle of White,
If it's not too dear Se não for demasiado caro
We shall skrimp and save, grandchildren at your Vamos economizar e poupar, netos sentados ao teu
knees, colo,
Vera, Chuck, and Dave Vera, Chuck, and Dave

Send me a postcard, drop me a line stating point of Envia-me um postal, escreve-me umas linhas com
view o teu ponto de vista
Indicate precisely what you mean to say, Indicando precisamente o que queres dizer,
Yours sincerely, wasting away Teu sinceramente, definhando,
Give me an answer, fill in a form, mine forevermore Dá-me uma resposta, preenche uma ficha, minha
para sempre
Will you still need me, will you still feed me, when Vais sentir a minha falta, vais alimentar-me, quando
I'm sixty-four? eu tiver sessenta e quatro?

THE BEATLES. SGT. PEPPER'S LONELY


HEARTS CLUB BAND

A partir da análise da letra de "When I'm sixty-four", um dos grandes êxitos dos The Beatles, identifique as
principais mudanças de vida na terceira idade, focando reforma e condição física, no geral.

17
18
A DEMÊNCIA - DEFINIÇÃO, FUNCIONAMENTO E RISCO 2

CUIDAR DO IDOSO COM DEMÊNCIA


MANUAL DO FORMADOR

2
2. A DEMÊNCIA - DEFINIÇÃO,
FUNCIONAMENTO
E RISCO

PLANIFICAÇÃO

OBJECTIVOS GERAIS OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

• Definir "Demência" correctamente; • Define demência utilizando os três critérios de


Nunes (2005) - funções afectadas, ausência de
alteração de consciência, intervalo temporal míni-
mo;

• Explicar sucintamente o funcionamento cerebral • Distingue o modo de funcionamento cerebral do


e as alterações gerais provocadas pela demência; dos restantes orgãos do corpo humano, referindo a
impossibilidade de atribuir uma função cognitiva
complexa a uma zona delimitada e salientando o
papel da transmissão de informação;

• Nomeia duas funções cognitivas complexas


(atenção, memória, orientação, iniciativa, lin-
guagem, cálculo, abstracção/raciocínio lógico),
indicando como serão afectadas em caso de
demência e relacionando com a deficiente trans-
missão de informação cerebral;

• Define sinal focal, usando como critérios a deli-


mitação espacial e não globalidade das conse-
quências

• Indicar os principais factores de risco para a • Define "factor de risco", correctamente, segundo
demência. o manual do formando;

• Enumera três dos principais factores de risco


associados à demência de acordo com Nunes
(2005) - idade, factores genéticos predisposi-
cionais, baixa escolarização e ocupação pro-
fissional indiferenciada - relacionando pelo menos
dois deles.

20
2. A DEMÊNCIA - DEFINIÇÃO,
FUNCIONAMENTO
E RISCO
ITINERÁRIO DE ACTIVIDADES MATERIAL TEMPO

Método activo 1 Flipchart 5 min.


Brainstorming "Demência" Marcadores
Método expositivo 1 Apresentação: Diapositivo 2.1 10 min.
Videoprojector; Computador portátil

Método interrogativo 1 Quadro 15 min.


Flipchart
Marcadores
Método expositivo 2 Apresentação: diapositivo: 2.2-2.4 10 min.
Videoprojector; Computador portátil

Método activo 2 15 min.


"Cadeia selectiva"
Método expositivo 3 Apresentação: diapositivo 2.4-2.5 20 min.
Videoprojector; Computador portátil

Método interrogativo 2 Quadro e marcadores coloridos 5 min.


Método expositivo 4 10 min.

Método expositivo 5 Apresentação: diapositivo 2.6 2 min.


Videoprojector; Computador portátil

Método interrogativo 3
Método expositivo 6 Apresentação: diapositivo: 2.7 3 min.
Videoprojector; Computador portátil 10 min.

Avaliação Ficha de avaliação 35 min.

21
2. A DEMÊNCIA - DEFINIÇÃO,
FUNCIONAMENTO
E RISCO

ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS E ACTIVIDADES FORMATIVAS

Método activo 1 Método interrogativo 2


Brainstorming "Demência" Referindo-se ao método activo anterior, é pergunta-
Salientando a disparidade de ideias existentes, e do ao grupo o que se poderia pensar se o erro na
pedindo ao grupo que não se auto-censure, o for- mensagem fosse sempre o mesmo, e se essa limi-
mador pergunta o que é a "demência", apontando tação é possível ou não em termos reais. Conduz-
as propostas no Flipchart. se de modo a que cheguem às manifestações típi-
cas do sinal focal.
Método expositivo 1
Partindo das propostas dos formandos, o formador Método expositivo 4
apresenta a definição de demência de Nunes O formador define sinal focal e expõe as diferenças
(2002), explicando os critérios utilizados pelo autor e entre do seu tipo de manifestações característico e
salientando que será utilizada como referencial ao as da demência. Utiliza o quadro e marcadores.
longo da formação. (Diapositivo 2.1).
Método expositivo 5
Método interrogativo 1 O formador define factor de risco, recorrendo a dia-
O formador questiona o grupo sobre as funções dos positivo (2.6).
vários orgãos do corpo humano, registando a infor-
mação no quadro. Num segundo momento pergun- Método interrogativo 3
ta aos formandos quais as funções do cérebro, re- O formador questiona o grupo sobre os principais
gistando também as respostas. factores de risco associados à demência.

Método expositivo 2 Método expositivo 6


O formador explica a grande distinção entre o modo O formador enumera e explica os principais fac-
de funcionamento cerebral e o dos restantes orgãos tores de risco associados à demência, de acordo
do corpo humano, focando os estudos realizados e com Nunes (2005). Recorre a diapositivo (2.7).
a importância do processo de circulação de infor-
mação no cérebro. Recorre a diapositivos (2.2-2.4).
AVALIAÇÃO
Método activo 2 Sugere-se a avaliação através da Ficha de avalia-
"Cadeia selectiva" ção que se apresenta de seguida.
Escolhem-se sete formandos que se sentam ali-
nhados lateralmente e cuja função vai ser passar
uma mensagem até ao último elemento, que a de- ENUNCIADOS
verá reproduzir em voz alta. O formador solicita ao Apresenta-se o enunciado da Ficha de avaliação.
primeiro elemento que invente uma mensagem con-
tendo um objecto, uma cor, uma função e uma loca-
lização. Este deve sussurrá-la ao colega sem que
mais alguém oiça, iniciando o processo. Quando o
último elemento reproduz a mensagem verificam-se
as falhas na cadeia.

À terceira vez, o formador começa a introduzir


restrições, pedindo aos formandos que substituam
conteúdos da mensagem pela palavra "coiso":
primeiro as localizações, seguida das cores, da
função e do objecto. Ao se analisarem as incon-
gruências da mensagem, o formador fará o transfer
para as falhas de circulação de informação típicas
do processo demencial.

Método expositivo 3
O formador nomeia as funções cognitivas com-
plexas e explica o modo como diferentes tipos de
informação activada por um estímulo circulam e se
cruzam no cérebro. Recorre a diapositivos (2.4-2.5).

22
2. A DEMÊNCIA - DEFINIÇÃO,
FUNCIONAMENTO
E RISCO
FICHA DE AVALIAÇÃO

A DEMÊNCIA- DEFINIÇÃO, FUNCIONAMENTO E RISCO

A presente Ficha de avaliação destina-se a verificar a aprendizagem dos conteúdos abordados ao longo do
segundo capítulo deste manual.

1. Quais os três critérios adoptados por Nunes (2005) para definir demência?

2. Explique de que forma se iniciaram os estudos sobre o funcionamento cerebral.

3. O que é a Área de Broca? De que forma o seu estudo contribuiu para o avanço da ciência médica?

4. Qual a característica essencial que distingue o funcionamento cerebral dos restantes orgãos do
corpo humano?

5. Quais as funções cognitivas complexas?

6. O Sr. António teve um AVC. Ainda em recuperação, a esposa mostrou-se muito preocupada porque
ele não conseguia nomear os objectos, embora os soubesse manusear correctamente. Quando questionada
pelo médico, referiu não ter encontrado mudanças em qualquer outro aspecto funcional do marido. Pode
dizer-se que esta alteração está relacionada com demência? Justifique.

7. Apesar de serem amigas e terem ambas 55 anos, a D. Ana e a D. Margarida não podiam ter estilos
de vida mais distintos. Conhecem-se desde meninas, mas enquanto a D. Ana prosseguiu os estudos, con-
cluiu o seu curso e trabalha como secretária de direcção numa grande empresa, a D. Margarida casou cedo
e dedicou a sua vida aos seis filhos, que adora, e que o emprego de cozinheira no restaurante da sua rua
permitiu acompanhar proximamente. O laço entre as duas estreitou-se quando se apoiaram mutuamente
enfrentando os casos de demência dos pais.

7.1. Defina factor de risco.


7.2. Considerando as duas amigas, qual a que apresenta maior probabilidade de desenvolver demência?
E porquê?

23
24
RECONHECER A DEMÊNCIA 3

CUIDAR DO IDOSO COM DEMÊNCIA


MANUAL DO FORMADOR

3
3. RECONHECER
A DEMÊNCIA

PLANIFICAÇÃO

OBJECTIVOS GERAIS OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

• Identificar os sintomas gerais da síndrome • Define Síndrome, de acordo com Barreto (2005);
demencial;

• Descreve os três estádios da síndrome demen-


cial, de acordo com Santana (2005) e Barreto
(2005), indicando pelo menos três sinais ou sin-
tomas de cada um deles;

• Listar as patologias demenciais mais comuns na • Define "processo demencial", segundo o manual
3ª idade, classificando-as segundo a causalidade do formando, salientando o seu cariz evolutivo;
e reversibilidade;

• Indica seis exemplos de patologias demenciais,


emparelhando-as segundo o tipo de causa e possi-
bilidade de reversão;

• Explicar a importância do processo de avaliação • Descreve como o processo de avaliação da


na demência. demência permite despistar outro tipo de patolo-
gias, situando o doente num quadro clínico através
da aplicação de instrumentos ou escalas próprios,
segundo Reisberg (1982);

• Expõe a importância da avaliação correcta da


demência, referindo os factores "prognóstico" e
"planeamento da intervenção" num exemplo

26
3. RECONHECER
A DEMÊNCIA
ITINERÁRIO DE ACTIVIDADES MATERIAL TEMPO

Método interrogativo 1 2 min.


Método expositivo 1 Apresentação: diapositivo 3.1 5 min.
Videoprojector; Computador portátil

Método interrogativo 2 Quadro marcadores 10 min.


Método expositivo 2 Apresentação: diapositivo: 3.2-3.6 20 min.
Videoprojector; Computador portátil

Método interrogativo 3 Quadro 5 min.


Marcadores
Método expositivo 3 Quadro 5 min.
Marcadores
Método interrogativo 4 Quadro 2 min.
Marcadores
Método expositivo 4 Apresentação: diapositivos: 3.7 - 3.11 20 min.
Videoprojector; Computador portátil

Método expositivo 5 10 min.


Método activo 1 Enunciados 40 min.
Médico por 40 minutos Folhas de flipchart
Marcadores coloridos

Método activo 2 30 min.


Discussão conduzida
Método Expositivo 6 Apresentação: diapositivo: 3.12 e 3.13 15 min.
Videoprojecto; Computador portátil

Avaliação Ficha de avaliação 45 min.

27
3. RECONHECER
A DEMÊNCIA

ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS E ACTIVIDADES FORMATIVAS

Método interrogativo 1 um caso e o formador orienta a discussão do


O formador pergunta ao grupo como se pode definir mesmo, solicitando as participações dos colegas e
síndrome, procurando resumir, oralmente, as pro- completando a informação quando necessário. No
postas apresentadas. final, o formador deverá salientar as dificuldades
inerentes ao posicionamento dos doentes neste tipo
Método expositivo 1 de escalas.
O formador explica o conceito de síndrome
(Barreto, 2005), referindo que será o adoptado Método activo 2
como referência. Recorre ao diapositivo 3.1. Discussão conduzida
Partindo do exercício anterior, o formador propõe
Método interrogativo 2 aos formandos que discuta a importância da avalia-
O formador questiona o grupo sobre possíveis ma- ção médica adequada nos casos de demência.
nifestações da demência, solicitando que as regis- Deverá garantir que são abordados os factores
tem no quadro e as agrupem mediante o grau de prognóstico e planeamento de intervenção, contem-
gravidade. plando esta o trabalho com a família e com o
doente, prevendo cenários com idoso jovem e
Método expositivo 2 sénior.
Através de diapositivos (3.2 - 3.6), e partindo dos
grupos registados pelos formandos na actividade Método expositivo 6
anterior, o formador identifica os três estádios de O formador resume as conclusões resultantes do
demência, caracterizando-os de acordo com as exercício anterior, salientando a importância do
suas manifestações. Conclui apresentando, em tom despiste e encaminhamento atempado para
de síntese, a classificação de demência do ICD-10. diagnóstico em situações de demência, da
abrangência da sintomatologia e da importância do
Método interrogativo 3 estabelecimento de um plano de intervenção, cuja
O formador questiona o grupo, guiando-o para que preparação e incidência recaia sobre equipa técnica
este chegue à definição de processo demencial. O e cuidadores informais. Usa os diapositivos 3.12 e
registo deve ser feito no quadro. 3.13.

Método expositivo 3
O formador define processo demencial, salientando AVALIAÇÃO
os critérios. Usa quadro e marcadores. Sugere-se a avaliação através da Ficha de avalia-
ção que se apresenta de seguida.
Método interrogativo 4
O formador pergunta ao grupo que doenças co-
nhecem que possam ser classificadas como ENUNCIADOS
demência, apontando-as no quadro. Apresenta-se o enunciado do estudo de caso
"Médico por 40 minutos" e da Ficha de avaliação.
Método expositivo 4
Partindo da informação recolhida, o formador apre-
senta e explica a classificação abreviada das
patologias demenciais segundo as suas causas e o
carácter de reversibilidade. Recorre a diapositivos
(3.7 - 3.11).

Método expositivo 5
O formador apresenta dados sobre a incidência e
prevalência das demências em Portugal.

Método activo 1
Médico por 40 minutos (estudo de caso)
Os formandos são divididos por grupos (de 3 a 4
pessoas) e é distribuído o enunciado do exercício,
feita a leitura conjunta e disponibilizado o tempo
para trabalhar (15 minutos). Cada grupo apresenta

28
3. RECONHECER
A DEMÊNCIA
FICHA DE AVALIAÇÃO

RECONHECER A DEMÊNCIA

A presente Ficha de avaliação destina-se a verificar a aprendizagem dos conteúdos abordados ao longo do
terceiro capítulo deste manual.

1. O que é o processo demencial?

2. Destinga demência primária dos outros tipos de demência

3. Segundo as causas e o carácter de reversibilidade, como se caracterizam as seguintes patologias:

a. A Doença de Alzheimer;
b. A demência associada a doença vascular;
c. A demência associada ao VIH;
d. A demência neoplásica (associada a tumores no SNC);
e. A demência associada à Sífilis;
f. A Doença de Parkinson;

4. Defina Síndrome.

5. A D. Joana, sua conhecida de longa data, encontrou-o na fila do hipermercado. Visivelmente cansada,
aproveitou para responder ao seu cumprimento com um pequeno relato dos seus problemas: a mãe, senhora
de idade avançada, viúva há três anos, começou agora a fazer muitas coisas estranhas, que a deixam
exausta. Já não dá conta da lida da casa como antigamente, engana-se frequentemente nos trocos quando
vai às compras, esquece-se das contas para pagar e, há dois dias, perdeu-se no seu bairro, onde mora
desde sempre. Quando a D. Joana a encontrou estava visivelmente perturbada e não percebeu o que lhe
tinha acontecido.

a. Você ouve o desabafo e tenta ajudar esta filha preocupada. O que faz?
b. Refira-se à importância da avaliação correcta da demência, usando o caso da mãe da D. Joana como
exemplo.

29
3. RECONHECER
A DEMÊNCIA

FICHA DE AVALIAÇÃO

6. Dos seguintes estádios demenciais: Demência Ligeira; Demência Moderada ou Demência Severa.
Escolha para cada frase, escolha para cada frase o que mais se adequa.

Frases Estádios demenciais

a) A D. Arlete deixou de ajudar o marido na loja quando começou a enganar-se


muito nos trocos.

b) O Sr. Albino adora conversar. Geralmente encadeia as suas histórias umas nas
outras, não chegando a acabar nenhuma e ficando a tarde toda a entreter os ami-
gos.

c) O Sr. Álvaro ainda se acalma com a voz da esposa, embora às vezes se mostre
desconfiado antes de a ouvir falar. A alteração mais recente na sua casa foi a reti-
rada dos espelhos e fotos, com os quais se enfurecia.

d) O Sr. Horácio já tem de parar antes de dizer os nomes dos objectos,


substituindo-os por "coiso" e "coisa".

e) A menina Violeta diz que já não tem paciência para manter o penteado. Com os
gestos lentificados, aborrece-se com os ganchos e não se aperfeiçoa no apanhado
de que se orgulhou durante anos.

f) O Ti Feliciano tem crises de insónia frequentes. Aproveita sempre para se le-


vantar e confirmar se os seus valores estão no sítio onde os guardou, enervando-
-se quando a esposa o tenta demover desta missão.

g) A D. Alda passou a cuidar permanentemente da sua mãe desde que ela deixou
de ser capaz de se alimentar, mesmo com instruções ou demonstrando os movi-
mentos.

h) A Sra. Patrocínia, nos períodos menos apáticos, diz frases desconexas e incom-
pletas. Nunca sabe onde está, desconfiando até do marido, que, de vez em quan-
do, já não reconhece.

i) A D. Áurea pareceu perder o interesse pelas suas poesias. Queixa-se que os


autores a confundem e dizem coisas sem sentido, não percebendo como nunca
tinha reparado nisso ao longo destes anos.

j) A D. Alice resolveu pedir ajuda à filha para organizar as compras e os pagamen-


tos domésticos, porque lhe parecia sempre que estava a ser enganada.

30
3. RECONHECER
A DEMÊNCIA
ENUNCIADOS

ESTUDO DE CASO: MÉDICO POR 40 MINUTOS


Tarefa 1: leia atentamente os casos propostos e identifique as manifestações de patologia demencial, lis-
tando-as. Situe cada idoso num dos sete estádios de deterioração previstos por Reisberg (no manual),
descrevendo-o.

Tarefa 2: prepare, com o seu grupo, um dos casos para a apresentação final.

Caso 1: O Sr. Andrade


Com 68 anos, o Sr. Andrade gosta de passear com a sua esposa e visita a família frequentemente. Já não
tem é muita paciência para as conversas e nem sempre se recorda de todas as novidades, aborrecendo-se
quando lhe apontam este seu desinteresse. Ficou muito triste, no outro dia, quando a esposa lhe pergun-
tou porque é que iam pela terceira vez seguida à casa do filho mais novo quando é a outra nora, de quem
nunca lembra o nome, que está grávida e a quem já não vêem há dois meses. Este episódio abalou-o tanto
que se enganou no caminho para a casa nova do filho, ficando muito irritado com a mulher por isso.

Caso 2: A D. Henriqueta
É uma Sra. de 80 anos, bem disposta, muito alegre e amiga da irmã com quem vive. Confia tanto nela que
a encarregou de fazer todas as escolhas por si: a roupa, a comida, os passeios e até o encadeamento das
actividades diárias. Acha piada aos cartões coloridos que a irmã espalhou pela casa, mas, às vezes, já não
percebe para que servem. Não dá muita confiança a estranhos, chegando mesmo a cortar conversa com
os vizinhos que conhece há anos.

Caso 3: A D. Gertrudes
Continuou com o seu negócio mesmo depois de se reformar. Senhora activa, habituada a lidar com o públi-
co, diz que não tem paciência para ficar em casa a coser meias aos 82 anos. Mesmo quando a D.
Gertrudes se esquece da sua encomenda ou se engana nos trocos (o que tem acontecido mais frequente-
mente) as clientes sorriem e gostam de a ver activa. E a idade tem destas coisas.

Caso 4: O Sr. Cipriano


Sempre desconfiado, reconhece a esposa que o zela diariamente. Ela, com infinita paciência, é que o
ajuda a vestir e a arranjar-se, o alimenta, passeia e acalma nos acessos de fúria. Tudo (dos objectos, aos
movimentos) é assustador e desconhecido.

31
32
DISTÚRBIOS COMPORTAMENTAIS 4

CUIDAR DO IDOSO COM DEMÊNCIA


MANUAL DO FORMADOR

4
COMPORTAMENTAIS
4. DISTÚRBIOS

PLANIFICAÇÃO

OBJECTIVOS GERAIS OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

• Enumerar os principais factores relacionados • Indica dez exemplos de factores desencadeantes


com o aparecimento dos distúrbios comportamen- dos distúrbios comportamentais, agrupando-os por
tais na demência; categoria (relacionados com o ambiente, cuidados
e paciente);

• Reconhece a necessidade de identificar as parti-


cularidades de cada caso como essencial para
uma actuação adequada do cuidador, dando, pelo
menos, um exemplo.

• Reconhecer os principais tipos de distúrbios • Nomeia, correctamente, os seis tipos de distúr-


comportamentais característicos do estado bios comportamentais característicos do estado
demencial; demencial, segundo Barreto (2005);

• Descreve as manifestações típicas de cada tipo


de distúrbio comportamental, dando, pelo menos,
um exemplo para cada uma delas;

• Indicar a forma de actuação do cuidador perante • Descreve o comportamento e atitudes gerais que
as manifestações típicas dos distúrbios comporta- o cuidador deverá ter perante as manifestações de
mentais. cada tipo de distúrbio comportamental, dando pelo
menos um exemplo para cada caso;

• Analisa a actuação de um cuidador perante uma


manifestação de distúrbio comportamental,
comentando-a com base no manual do formando,
referindo aspectos comportamentais e atitudinais.

34
COMPORTAMENTAIS
4. DISTÚRBIOS
ITINERÁRIO DE ACTIVIDADES MATERIAL TEMPO

Método interrogativo 1 Quadro 15 min.


Marcadores
Método expositivo 1 Flipchart 10 min.
Marcadores coloridos

Método interrogativo 2 Flipchart 10 min.


Marcadores
Método expositivo 2 Apresentação: diapositivo 4.1 15 min.
Videoprojector; Computador portátil

Método activo 1 Enunciados 40 min.


O grupo dos seis Flipchart
Marcadores

Método expositivo 3 / Método activo 2 Apresentação: diapositivo: 4.2 40 min.


Discussão conduzida Videograma
Videoprojector; Computador portátil

Método activo 3 Enunciados 35 min.


O grupo dos seis - parte II
Método expositivo 4 Videograma 15 min.
Videoprojector; Computador portátil

Método activo 4 Enunciado 25 min.


"O cuidador"
Método expositivo 5 10 min.

Avaliação Ficha de avaliação 35 min.

35
COMPORTAMENTAIS
4. DISTÚRBIOS

ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS E ACTIVIDADES FORMATIVAS

Método interrogativo 1 Para finalizar, é pedido aos formandos que


O formador questiona os formandos quanto aos comentem o videograma, salientando as im-
factores desencadeantes dos distúrbios comporta- pressões mais fortes que este lhes causou e
mentais, registando as suas opiniões no quadro. referindo-se às suas expectativas.

Método expositivo 1 Método activo 3


O formador fala brevemente sobre os factores O grupo dos seis - parte II
referidos pelos formandos, eliminando repetições e É solicitado aos formandos que releiam os seus
acrescentando aqueles que não tenham sido men- casos e atentem nos procedimentos do cuidador
cionados. perante as manifestações comportamentais, listan-
do-os e comentando-os.
Método interrogativo 2
O formador pergunta aos formandos como poderão Método expositivo 4
ser agrupados estes factores em categorias. Os O formador expõe os procedimentos gerais que o
registos deverão ser feitos em flipchart a ser manti- cuidador deve ter, salientando detalhes específicos
do presente ao longo da formação. de actuação para cada distúrbio e fornecendo pos-
sibilidades de intervenção. Utiliza o capítulo do
Método expositivo 2 videograma "O cuidador e os distúrbios comporta-
O formador explica os factores desencadeantes dos mentais", realizando pausas estratégicas para rela-
distúrbios comportamentais, esclarecendo o seu cionar as presentes imagens com as transmitidas
agrupamento. Salienta o carácter individual de cada anteriormente, completando a informação sempre
caso e a particularidade destas manifestações em que necessário e esclarecendo as dúvidas dos for-
cada doente, salientando a necessidade de o mandos.
cuidador estar atento para respeitar a pessoa e
adequar a sua actuação a ela. (diapositivo 4.1) Método activo 4
O cuidador
Método activo 1 Mantendo os grupos de trabalho, o formador dis-
O grupo dos seis tribui novo caso, solicitando que comentem a actua-
Constituindo grupos de 3-4 pessoas, o formador ção do cuidador, propondo alternativas quando
distribui os enunciados de cada caso, marcadores e acharem necessário. Partindo dos trabalhos dos
flipcharts. Solicita que preparem uma apresen- formandos, o formador deverá explorar os aspectos
tação, salientando que deverão identificar o tipo de comportamentais e atitudinais inerentes ao
distúrbio e as manifestações características. É feita cuidador do caso.
uma breve reflexão no final focando as expectativas
dos formandos e as ideias formadas até ao momen- Método expositivo 5
to sobre a experiência de conviver com esta popu- Em conclusão, deverá salientar que cada doente é
lação. um caso e que, apesar de haver um padrão geral de
comportamentos para o doente e para o cuidador,
Método expositivo 3 / Método activo 2 deverão ser tidas em consideração as característi-
Discussão conduzida cas específicas de cada caso, devendo a actuação
O formador começa a sistematizar a informação ser ajustada.
resultante dos trabalhos dos formandos apresen-
tando os seis tipos de distúrbios comportamentais
mais característicos da demência (diapositivo 4.2). AVALIAÇÃO
Seguidamente, descreve as manifestações com- Sugere-se a avaliação através da Ficha de avalia-
portamentais mais comuns em cada distúrbio. Dado ção que se apresenta de seguida.
que o videograma admite essa possibilidade a par-
tir do índice modularizado, as imagens relativas a
cada distúrbio devem ser separadas por momentos ENUNCIADOS
de reflexão sobre o mesmo, em que o formador Apresentam-se os enunciados da Ficha de avalia-
completa a informação disponibilizada e esclarece ção e dos estudos de caso "O grupo dos seis", "O
dúvidas dos formandos, conduzindo a discussão grupo dos seis - parte II" e "Os cuidadores".
para a construção de uma ideia globalizante do que
poderá ser o dia-a-dia com um idoso com demên-
cia.

36
COMPORTAMENTAIS
4. DISTÚRBIOS
FICHA DE AVALIAÇÃO

DISTÚRBIOS COMPORTAMENTAIS

A presente Ficha de avaliação destina-se a verificar a aprendizagem dos conteúdos abordados ao longo do
quarto capítulo deste manual.

1. Nomeie os factores desencadeantes dos distúrbios comportamentais, agrupando-os por categorias.

2. Que tipos de distúrbios comportamentais conhece?

3. Dê exemplos de, pelo menos, uma manifestação típica de cada distúrbio comportamental.

4. Classifique como verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmações.

a. Ao acompanhar o doente na execução das tarefas, o cuidador deve corrigi-lo sempre quando ele se
engana, voltando a ensiná-lo. ____
b. Sempre que o idoso demenciado completar com sucesso uma tarefa, o cuidador deverá elogiá-lo
claramente. ____
c. O cuidador deverá levar o idoso a passear, visitando parentes e amigos. ____
d. Deve ser permitido ao doente realizar as actividades que mais gostava, mesmo que deixe de o con-
seguir com sucesso. ____
e. É benéfico ver álbuns de fotos antigos, repetindo ao idoso demenciado o nome das pessoas e os
episódios retratados. ___
f. Não deve deixar-se o idoso enfurecer-se, sendo preferível agarrá-lo e obrigá-lo a sentar-se antes que
isso aconteça. ____

5. Corrija as falsas.

37
COMPORTAMENTAIS
4. DISTÚRBIOS

ENUNCIADOS

ESTUDO DE CASO: O GRUPO DOS SEIS


Parte I
Você está na reunião de equipa "Apoio ao Cuidador" e tem de expor aos seus colegas o caso de um dos
idosos seguintes. A partir do pequeno extracto da conversa que teve com o cuidador, em grupo, prepare
um flipchart para apresentação, identificando o tipo de distúrbio e as suas manifestações características.

Parte II
Continuando a reunião, é-lhe solicitado que fale sobre o comportamento do cuidador perante as manifes-
tações comportamentais. Utilizando a mesma metodologia, elabore, com o seu grupo, uma lista dos pro-
cedimentos do cuidador e comente-a com os seus colegas.

D. Felisberta bordadeira
"Nos seus sessenta anos de bordadeira, nunca tal lhe havia acontecido!". A filha da D. Felisberta estava
realmente preocupada e muito ansiosa aquando deste relato. Contou que a mãe se orgulhava de nunca
ter deixado mal uma cliente, de sempre ter cumprido os prazos e não ter qualquer reclamação desde que
começara a bordar aos quinze anos. Exímia na perfeição, gostava de inovar nos desenhos e nos traba-
lhos executados. "E agora isto! Arranjei-lhe a cliente, dei-lhe o desenho… primeiro foi porque não tinha li-
nhas, depois porque os óculos não estavam bons... de seguida andou o desenho desaparecido durante 1
semana até eu o ir desencantar na gaveta dos lenços e echarpes…". A filha, triste e angustiada, continuou
a queixa com a apresentação de um rol de esquecimentos e desinteresses. "Dantes não parava um mi-
nuto, sempre faladora, a brincar com todos. Agora não se pode! Arrasta-se pela casa, não cumpre com as
encomendas que lhe trago, não se interessa pelos desenhos novos que lhe arranjo… nem come, nem se
arranja, diz sempre que está cansada, não dorme durante a noite e deixa-se ficar frente à televisão a ver
novelas, que sempre detestou! Não a consigo fazer sair, seja para passear, seja para ir às compras… e
em casa também não ajuda, diz que faz e depois deixa tudo a meio. Já não sei o que lhe faça! Por favor,
dêem-lhe uns calmantes a ver se isto passa!"

O Ti Manel Sapateiro
Morador em Alfama há 74 anos "desde que estes dois viram a cara da minha mãe!" costuma dizer com um
sorriso, o Ti Manel Sapateiro, como é conhecido, percorre becos e vielas diariamente, com a descon-
tracção de quem está em casa. Ultimamente anda aborrecido com os senhores da câmara, que têm anda-
do a mudar as ruas e a fazer tantas obras que há sítios quase irreconhecíveis. Na semana passada deu
uma volta enorme para conseguir chegar a casa do amigo e, quando comentou o caso com ele, zangado,
ele não o conseguiu perceber e lembrou-o de um atalho que não lhe tinha ocorrido. "Nem parece meu! Não
há quem conheça este bairro como eu!". Já o filho do Sr. Manuel mostra-se mais preocupado. Diz que já
não é a primeira vez que vê o pai "atarantado" na rua e que já chegou a segui-lo para ver se ele chega
bem à loja. "Fica com ar de quem está num sítio novo e fartou-se dás as culpas a uma obra que foi só de
arranjar o passeio, nem mudou nada… Não sei… Desde que ele quis ir abrir o negócio ao domingo porque
insistia que era dia de trabalho…não sei, passa-se qualquer coisa, anda desorientado. Eu ofereci-lhe um
calendário para ele por lá na loja… mas é muito estranho vê-lo assim a perder-se nos dias. E já nem as
encomendas ele resolve como dantes, agora troca os dias."

Menina Isaura da Silva


A Menina Isaura vive com a mana. É uma senhora de 80 anos, muito aprumada e dona do seu nariz.
Mesmo quando começou a sentir os primeiros sintomas da doença, esteve sempre decidida a manter a
sua independência e autonomia, sem mostrar qualquer fraqueza e poupando trabalho e preocupações aos
outros. A irmã queixa-se que ela está numa fase insuportável: anda sempre a persegui-la pela casa,
desconfiada de tudo, já a acusou de lhe ter tirado uns dinheiritos da carteira e, esta semana, fez-lhe um
interrogatório completo por a ter visto a conversar com a vizinha. Acha que a querem internar, "na melhor
das hipóteses" e está constantemente a falar disso. "Gosto muito da mana Isaura, mas já não aguento ter

38
COMPORTAMENTAIS
4. DISTÚRBIOS
constantemente de lhe assegurar que não roubei nada, ou acabar por discutir com ela para lhe explicar
que os senhores que estão na televisão não são meus cúmplices em qualquer maquinação para ficar com
a casa… ando mesmo cansada! Acha sempre que está a ser perseguida! Até tive de esconder as
fotografias todas no meu quarto! Faço questão de lhe mostrar a carteira quando saio de casa para ela ver
que não levo nada de seu e de estar o tempo que for preciso para que perceba que o que diz não faz sen-
tido! Mas não é só disto… o outro dia acordou-me a meio da noite, aos gritos, porque tinha a cama cheia
de aranhas! Assim, qualquer dia, estou eu maluca!"

Sr. António
Ao Sr. António foi diagnosticada Doença de Alzheimer. A juntar às manifestações típicas do início da
doença, nas últimas semanas tem andado mais agitado, não conseguindo dormir. A esposa começou a
dar-lhe um chá de tília ao jantar o que surtiu efeito, uma vez que passou a deitar-se logo uma hora depois,
por volta das 21h. no entanto, continua a acordar de madrugada, sem conseguir adormecer, mesmo que
repita a mezinha. "O que vale é que continua a fazer umas sestitas durante o dia! Eu tento não o pertur-
bar com nada, quando o vejo a descansar!" diz a D. Maria, também ela visivelmente cansada pelas noites
não dormidas a cuidar do marido. "Ele agora anda mais esquecido, nem consegue parar um minuto a fazer
o que quer que seja, já não se concentra… ao Domingo costumamos ir à missa e aquilo faz-lhe bem, ele
depois descansa melhor à tarde. Mas eu ando… assim que o apanho a dormir depois do jantar aproveito
para fazer as coisitas de casa e acabo por não dormir muito porque ele depois acorda-me de madrugada.
Precisava de umas vitaminas, ou assim… para ver se tenho mais força, até ele voltar a dormir mais…"

Sra. D. Quitéria
"Ó Sr. Dr.! Faça lá qualquer coisa à minha senhora porque isto assim não pode ser!", é o apelo do esposo
dedicado, visivelmente embaraçado com a situação. "Então agora com setenta anos é que lhe deu para
isto? Ainda se fosse quando éramos novos…o que eu às vezes penei para ter qualquer coisinha, sabe
Deus… agora? Agora tarde piaste, como diz o povo!". No seu desabafo, o Sr. Andrade lá acaba por con-
tar que a sua esposa o tem procurado "assim, sem grandes vergonhas" e que tentou, por várias vezes
despir-se ao pé dele, "em pleno dia, Sr. Doutor! É verdade que estava quentinho na sala, porque eu sou
muito friorento e tenho sempre o aquecimento ligado, mas quando a vejo a arrancar o casaco, a camiso-
la, a blusa e a pegar na camisola interior… o que eu agradeci o nosso filho ter acabado de sair para não
ver a mãe naqueles propósitos! E à noite, no quarto? Beija-me e abraça-me e… bem, deve pensar que
somos dois gaiatos outra vez!". Continuando a conversa, o Sr. Andrade lá acaba por confessar que a sua
maior preocupação é que os episódios diurnos se repitam, uma vez que "só desde o Natal já foram sete
vezes, e duas delas com visitas em casa! Eu chamei-lhe a atenção, mas ela não descansou enquanto não
arrancou tudo de cima!". Pede uma solução para não passar vergonhas. Mas só para isso "porque, bom,
quero dizer, nós também ainda somos vivos… e sempre lembramos tempos em que tivemos das nossas
aventuras…que eu ainda gosto de dar carinho à minha senhora!".

Sr. Ludovino Gomes


Tem sessenta e oito anos cheios de energia, que descarrega a percorrer o seu quintal vezes sem conta,
diariamente. "Nã sei o que faça, Sra. Dra.! Atão na é que o mê homem agora deu em fazer tudo dúzias de
vezes seguidas? Tira o regador e leva-o para o fundo do passadiço, pega de lá e vem prantá-lo de novo
no mesmo sítio… e depois repete constantemente o mê nome! Isto quando não dá para andar atrás de
mim até eu lhe atirar um grito para ele me desaparecer! Bêm…mas disso já tenho medo, que no outro dia
ele começou com os nervos e desatou aos murros ao peito e bem se vê que queria falar e não conseguia
porque também mordeu muito os beiços, inté fazer sangue!…". A esposa do Sr. Ludovino chegou ao grupo
de apoio a pedir um calmante para o marido, dada a sua agitação constante. "Ele anda muito alterado com
esta maleita… no outro dia, só porque pus na apurei tanto o dos ovos escalfados com ervilhas, o prato
preferido dele, deitou o prato pró borralho e armou um pé de vento lá em casa! Nem parece o mê homem,
que sempre foi forte como um touro, mas manso como um cordero…". Relata ainda que a pior altura é
antes do jantar e que "já por mais de uma vez se orinou todo com os nervos!". Dá conta do seu cansaço
e pede soluções.

39
COMPORTAMENTAIS
4. DISTÚRBIOS

ENUNCIADOS

ESTUDO DE CASO: O CUIDADOR


Foi recebido um novo caso pela equipa "Apoio ao cuidador". Trabalhando em grupo, analise a actuação
do cuidador do Sr. Adalberto perante as manifestações e os factores desencadeantes dos distúrbios com-
portamentais, comentando e propondo alternativas.

Sr. Adalberto
A esposa procurou ajuda no dia seguinte a ter fechado o marido na sala para ele se acalmar. "Olhe que
partiu uma série de coisas! E eu, cá de fora a chamar: ó Adalberto! Ó Bertinho! Acalma-te, homem, que
não é caso para tanto!". Conta que lhe levou o lanche ("pão de leite com manteiga e queijo e um café de
cafeteira bem quentinho") e que o marido recomeçou com as afirmações que o queriam matar, acabou por
atirar o tabuleiro ao chão e mostrou-se tão alterado que ela, depois de o tentar abraçar e conter, saiu da
sala a correr quando ele atirou uma cadeira ao ar. "É que nunca o vi naquele estado! E agora que ele já
não me falava em traições há tanto tempo, que já se tinha convencido que não havia mais ninguém… já
não sei o que mais faça! Guardei as fotografias todas, mesmo as nossas, que ele já olhava com ar descon-
fiado para as últimas que tirou. Já não falo com ninguém na rua quando acho que ele pode estar a ver.
Tenho sempre de andar com ele para que não se perca e já quase não o deixo sair de casa por causa
disso… não tenho um minuto de descanso. Nem de noite, que ele acorda de madrugada e anda pela casa,
para a frente e para trás, e só adormece outra vez depois das 6h30, quando acabamos de comer a meren-
dita ". A sra. continua a sua queixa, com ar visivelmente abatido e cansado. "No outro dia, ficou todo ataran-
tado com a roupa: abriu a minha metade do armário e fui dar com ele irritado por não saber o que vestir e
a dizer que eu lhe tinha escondido a roupa toda para ele não poder fugir quando o viessem buscar. É que
é um desgaste! Lá lhe mostrei outra vez o armário dele e voltei a explicar onde estão as coisas. E olhe que
pus lá tudo para ele ter a certeza que não lhe estou a esconder nada. E por falar em esconder, então não
é que fui dar com ele a meter o bilhete de identidade dentro do sapato? Disse que era para não o perder…
ou para eu não lho tirar… tive de o fazer pôr tudo na gaveta dos documentos, onde ele próprio tinha
guardado os nossos papéis importantes. Isto não há quem aguente!".

40
A PRESTAÇÃO DE CUIDADOS 5
AO IDOSO COM DEMÊNCIA
CUIDAR DO IDOSO COM DEMÊNCIA
MANUAL DO FORMADOR

5
DE CUIDADOS AO IDOSO COM
5. A PRESTAÇÃO

DEMÊNCIA

PLANIFICAÇÃO

OBJECTIVOS GERAIS OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

• Enumerar as principais dificuldades e necessi- • Distingue cuidador formal de informal, utilizando


dades da prestação de cuidados ao idoso com como critérios a existência de uma relação social
demência; com o idoso, a presença de remuneração ou de
um vínculo formal;

• Identifica as quatro áreas em que poderão surgir


dificuldades pela prestação de cuidados a um
idoso demenciado, dando três exemplos para cada
uma delas;

• Descreve os tipos de necessidades inerentes ao


cuidador, segundo Sousa et al (2004);

• Indica oito sinais de alerta no comportamento do


cuidador, referindo três cuidados essenciais para
manter o seu bem-estar, relacionando-os com a
importância do controlo emocional;

• Reconhecer a influência do tipo de linguagem • Indica cinco cuidados essenciais a nível da lin-
verbal e não-verbal utilizada pelo cuidador numa guagem verbal e não-verbal, exemplificando;
interacção com o doente;

• Analisa uma interacção entre cuidador e idoso


demenciado, utilizando como critérios os cuidados
com a linguagem verbal e não-verbal, identificando
pontos críticos e propondo alternativas;

• Explicar a importância da criação de rotinas para • Reconhece a importância da criação de rotinas


a prestação de cuidados; para a prestação de cuidados ao idoso com
demência, indicando duas vantagens, de acordo
com o manual do formando;

• Executar as tarefas inerentes às rotinas diárias; • Identifica os aspectos essenciais na criação das
rotinas diárias do idoso com demência (banho,
higiene oral, barba, mãos, pés e unhas, pele, cabe-
los, vestuário, cuidados de eliminação, medicação
e alimentação), descrevendo-os;

• Actua correctamente, de acordo com o descrito


no manual do formando, em cada rotina;

• Especificar os cuidados a ter na preparação do • Reconhece a necessidade de preparar o meio


meio. ambiente para o idoso demenciado, indicando,
pelo menos, cinco cuidados gerais a ter;

• Analisa um espaço físico, mediante a perspectiva


do cuidador de um idoso demenciado, detectando
os pontos perigosos presentes neste e sugerindo
alternativas.

42
DE CUIDADOS AO IDOSO COM
5. A PRESTAÇÃO

DEMÊNCIA
ITINERÁRIO DE ACTIVIDADES MATERIAL TEMPO

Método interrogativo 1 Quadro 5 min.


Marcadores
Método expositivo 1 2 min.

Método interrogativo 2 Quadro 10 min.


Marcadores
Método expositivo 2 Apresentação: diapositivos: 5.1 - 5.2 20 min.
Videoprojector; Computador portátil

Método activo 1 Enunciado 30 min.


"Manuel, Maria, João e Celeste"
Método expositivo 3 Videograma 10 min.
Videoprojector; Computador portátil
Método interrogativo 3 Quadro 5 min.
Marcadores
Método expositivo 4 Apresentação: diapositivos: 5.3 - 5.4 15 min.
Videograma
Videoprojector; Computador portátil

Método activo 2 Enunciados 20 min.


"A tabuada da comunicação"
Método expositivo 5 Apresentação: diapositivos: 5.5 30 min.
videograma
Videoprojector; Computador portátil
Método activo 3 Enunciado 50 min.
"Espelho meu, espelho meu…"

Método interrogativo 4 Quadro 10 min.


marcadores
Método expositivo 6 Apresentação: diapositivos: 5.6 - 5.7 30 min.
Videoprojector; Computador portátil

Método activo 4 Enunciados 30 min.


"D. Dolores, Senhora Professora" Flipchart
Marcadores
Método expositivo 7 Videograma 15 min.
Videoprojector; Computador portátil

Método activo 5 Enunciado 10 h.


"Eu, cuidador…" (parte I e II) Material necessário às actividades
Método demonstrativo 1
"Eu, cuidador…" (parte III)

Método interrogativo 5 Quadro 10 min.


Marcadores
Método expositivo 8 Apresentação: diapositivos: 5.8 e 5.9 20 min.
Videoprojector; Computador portátil

Método activo 6 Imagens preparadas 25 min.


"Caça ao risco!" Enunciado
Método expositivo 9 Videograma 10 min.
Videoprojector; Computador portátil

Avaliação Ficha de Avaliação 40 min. 43


DE CUIDADOS AO IDOSO COM
5. A PRESTAÇÃO

DEMÊNCIA

ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS E ACTIVIDADES FORMATIVAS

Método interrogativo 1 Método expositivo 4


O formador questiona os formandos quanto às O formador apresenta os sinais de alerta para o
diferenças entre cuidador formal e informal, regis- cuidador e os cuidados essenciais, salientando a
tando as suas opiniões no quadro. importância da manutenção do seu bem-estar físico
e psíquico como garantia da qualidade na prestação
Método expositivo 1 de cuidados. (Diapositivos 5.3 - 5.4) e videograma,
O formador apresenta a definição de cuidador for- capítulo "Preparação da família - controlo emo-
mal e informal, falando brevemente sobre a forma cional).
como alguém se torna cuidador.
Método activo 2
Método interrogativo 2 "A tabuada da comunicação"
O formador pergunta aos formandos em que áreas O formador deverá começar por pedir alguns volun-
poderão surgir dificuldades pela prestação de tários para realizarem uma tarefa muito simples. As
cuidados a um idoso demenciado, registando as instruções fornecidas (oralmente ou através dos
suas respostas no quadro, organizadas por quatro enunciados) serão as de que terão de ensinar aos
categorias. colegas a tabuada do dois, mas utilizando diferentes
comportamentos, variando a sua postura corporal, o
Método expositivo 2 tom de voz, a expressão facial, o olhar ou a atitude
O formador atribui uma designação a cada uma das e criando, assim, diferentes personagens que trans-
categorias de dificuldades, completando a infor- mitam a mesma informação, mas uma mensagem
mação de modo a clarificar as quatro categorias diferente. São sugeridos alguns personagens típi-
propostas e os exemplos respectivos. Recorre a cos, dando-se liberdade aos "actores" para os inter-
diapositivos para sistematizar (5.1 - 5.2). pretarem.

Método activo 1 Poderá optar-se pela variante de apenas um for-


"Manuel, Maria, João e Celeste" mando desempenhar vários papéis, escolhendo-se
Dividindo os elementos por grupos (de 3 a 4 pes- temas díspares, para evitar sobrecarregar o grupo
soas), o formador entrega o enunciado do estudo com muitas repetições.
de caso, e presta os esclarecimentos necessários.
Seguidamente, orienta os formandos para a análise No final, o formador deverá orientar a discussão da
dos seus casos e pede-lhes que se preparem para actividade de modo a que sejam focados os as-
apresentá-la aos seus colegas e trocar opiniões pectos relacionados com o modo como cada perso-
sobre os casos. Poderão ser distribuídas folhas de nagem comunicou, o que é que cada pessoa sentiu,
flipchart e marcadores, se solicitados. o que fez com que a mensagem transmitida fosse
diferente. Finalmente, deverá ser promovida a
A discussão deverá ser orientada para a exploração transferência das conclusões dos formandos para a
dos tipos de necessidades mais comuns experi- prestação de cuidados ao idoso demenciado.
mentadas por cada cuidador, com o intuito de
chegar às quatro categorias definidas no manual: Método expositivo 5
materiais, emocionais, informativas e pessoais. Partindo da análise da experiência dos formandos
nos jogos pedagógicos, o formador explica as
Método expositivo 3 precauções essenciais a nível da linguagem verbal
A partir da apresentação dos trabalhos dos forman- e não-verbal a que o cuidador deve estar atento,
dos, o formador clarifica os quatro tipos de necessi- promovendo a reflexão sobre este tema. Recorre ao
dades principais com que os cuidadores se diapositivo 5.5 e utiliza o videograma para a síntese
deparam, sistematizando a informação. Recorre ao do tema (capítulo "Comunicação").
videograma (capítulo "Prestação de cuidados ao
idoso com demência"). Método activo 3
"Espelho meu, espelho meu…"
Método interrogativo 3 O formador solicita quatro voluntários para simula-
Tendo como referência os casos apresentados, o for- rem algumas situações de curta duração a partir dos
mador questiona o grupo quanto aos sinais de enunciados que lhe são entregues. Os casos
alarme que poderão detectar nos comportamentos e dramatizados são analisados, atentando-se nos
relatos dos cuidadores, indicativos do seu desgaste tipos de linguagem verbal e não verbal do cuidador,
físico e psíquico. Regista as contribuições no quadro. salientando os pontos críticos do seu comportamento

44
DE CUIDADOS AO IDOSO COM
5. A PRESTAÇÃO

DEMÊNCIA
e propondo-se alternativas. Caberá ao formador con- Método activo 5
duzir a discussão de modo a integrar os conteúdos "Eu, cuidador…" (parte I e II)
temáticos expostos e os comentários dos forman- O formador solicita às duplas formadas que pre-
dos aquando do jogo "A tabuada da comunicação", parem uma simulação relativa à rotina que abor-
realizando uma síntese final. daram no exercício anterior, contemplando os vários
cuidados abordados na sua dramatização. É pedido
O material necessário para a dramatização deve aos colegas que comentem no final, corrigindo ou
estar preparado com antecedência: alguns cestos completando alguma informação caso pensem ser
de arrumação com meias e lenços, um suporte e necessário, intervindo o formador no mesmo sentido.
cabides com dois pares de calças de elásticos na
cintura, duas camisolas e dois pullovers. Método demonstrativo 1
"Eu, cuidador…" (parte II)
Método interrogativo 4 Na continuação da dinâmica anterior, num terceiro
O formador questiona os formandos quanto ao tipo momento, será dada a oportunidade a todos de
de rotinas possíveis e a importância do seu esta- experimentarem o papel de cuidador, em cada roti-
belecimento na vida diária do idoso demenciado. Os na, pressupondo-se o idoso num estado demencial
registos são feitos no quadro. já avançado. Este deverá colaborar quando se sen-
tir seguro e à-vontade, correspondendo ao tipo de
Método expositivo 6 linguagem do cuidador de acordo com o explorado
Partindo dos contributos dos formandos, o formador em exercícios anteriores. Caso os procedimentos
desenvolve a ideia da criação de rotinas para o não tenham ainda ficado completamente clarifica-
dia-a-dia do idoso demenciado, apresenta os exem- dos, o formador deverá fazer a demonstração ini-
plos mais comuns e salienta as vantagens deste cial, explicando-os pormenorizadamente, e só
procedimento. Recorre a diapositivos (5.6 - 5.7). depois deverá permitir ao grupo que os executem, a
fim de garantir o seu ensaio correcto.
Método activo 4
"D. Dolores, Senhora Professora" É necessário preparar antecipadamente o material
Os formandos deverão trabalhar em dupla. necessário à demonstração e execução das rotinas.
Distribuídos os enunciados, são lidos em voz alta e Apresenta-se, seguidamente, uma lista com o míni-
solicita-se que analisem o caso e preparem o modo mo necessário:
de implementação de uma rotina, explicando de que 1. Banho e higiene oral - no wc, garantir a pre-
forma deveria esta ser executada. sença de champô, amaciador e gel para bebé,
de esponjas ou panos, dos chinelos e tapetes
Num segundo momento, o formador deverá integrar antiderrapantes (para dentro e fora da banheira
o resultado dos trabalhos, registando em flipchart os ou base do chuveiro), termómetro, toalhas,
procedimentos definidos de modo a construir um touca para cabelo e banco de apoio.
plano de cuidados diário para aquele idoso. No final, 2. Barba e cabelos - continuando no wc, são
será promovida a discussão de grupo, cabendo ao necessários lâminas adaptadas ou máquina de
cuidador salientar os pontos que a ajustar no plano e barbear, toalhas, pente ou escova e espelho.
guiar as intervenções dos formandos nesse sentido. 3. Pele, mãos, pés e unhas - ainda no wc, é
necessário um estojo de manicure, uma toalha e
Método expositivo 7 um creme hidratante.
Partindo das conclusões dos trabalhos dos forman- 4. Vestuário - num quarto, com o roupeiro
dos, o formador irá apresentar um resumo do que adaptado a um idoso com demência, uma muda
poderá ser cada rotina, salientando exemplos e de roupa interior, um par meias de algodão, um
pormenores de cuidados em todas. Recorre ao par de calças com elásticos, uma camisola e um
videograma (capítulo "Criação de rotinas") aprovei- pullover. (os tamanhos deverão ser suficiente-
tando a estrutura modular deste para parar a trans- mente grandes para que os formandos os con-
missão de imagens no final de cada tema, comple- sigam vestir por cima da sua própria roupa).
tando a informação, clarificando questões dos for- 5. Cuidados de eliminação e medicação - no wc,
mandos e integrando a informação. guiando o formando para despir as calças e uri-
nar e efectuando os registos num caderno de
apontamentos; na cozinha, contando com uma
bandeja preparada com jarro ou garrafa de
água, copo, prato com o comprimido (o modo
mais vulvar de apresentação dos medicamen-
tos) e guardanapo.
45
DE CUIDADOS AO IDOSO COM
5. A PRESTAÇÃO

DEMÊNCIA

ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS E ACTIVIDADES FORMATIVAS

6. Alimentação - na cozinha ou sala de AVALIAÇÃO


refeições, mesas postas com talheres, copos e Sugere-se a avaliação através da Ficha de avalia-
pratos, toalha de mesa e guardanapos, um ção que se apresenta de seguida.
prato confeccionado (adaptado ao tipo de ali-
mentação que um idoso com demência possa
fazer. Em caso de impossibilidade, é possível ENUNCIADOS
realizar a simulação com gelatina). Apresentam-se os enunciados da Ficha de avalia-
ção, dos estudos de caso "Manuel, Maria, João e
Método interrogativo 5 Celeste", "Espelho meu, espelho meu…" e "D.
O formador questiona os formados sobre a necessi- Dolores, Senhora Professora", do role play "Eu
dade de preparar o meio para o idoso demenciado, cuidador…" e dos jogos pedagógicos "A tabuada
registando no quadro os cuidados gerais que forem da comunicação", e "Caça ao risco!".
sendo enunciados por estes.

Método expositivo 8
Partindo da análise das sugestões dos formandos, o
formador apresenta os cuidados gerais a ter na
preparação do meio para o doente, recorrendo a
diapositivos (5.8 e 5.9).

Método activo 6
"Caça ao risco!"
O formador distribui os formandos por grupos (de 3
a 4 pessoas) e propõe um jogo. Atribuindo, a cada,
o mesmo conjunto de imagens variadas (que
preparou previamente, recolhendo em revistas de
decoração ou na internet), explica que a tarefa con-
siste em analisar os diferentes interiores de casas,
de acordo com o exposto sobre a adequação do
meio para o idoso demenciado, identificando os
riscos presentes e propondo alternativas. Os grupos
dispõem de quinze minutos para jogar, ou seja,
detectar as falhas de segurança. No final destes, o
porta-voz deverá indicar os riscos encontrados e as
soluções respectivas, ficando o formador respon-
sável pelo apuramento da pontuação das equipas.

Método expositivo 9
O formador sistematiza os contributos de grupo
resultantes do método activo anterior, salientando
as ideias-chave da adequação do meio para um
idoso com demência. Utiliza o videograma (capítulo
"Preparação do meio") para sistematizar a infor-
mação.

46
DE CUIDADOS AO IDOSO COM
5. A PRESTAÇÃO

DEMÊNCIA
FICHA DE AVALIAÇÃO

A PRESTAÇÃO DE CUIDADOS AO IDOSO COM DEMÊNCIA

A presente Ficha de avaliação destina-se a verificar a aprendizagem dos conteúdos abordados ao longo do
quinto capítulo deste manual.

1. O que distingue cuidador formal de informal?

2. Em que áreas poderão surgir dificuldades pela prestação de cuidados a um idoso com demência? Dê
exemplos para cada uma delas.

3. Indique três tipos de necessidades inerentes ao papel de cuidador, explicando-as.

4. Ser cuidador implica desgaste físico, psíquico e emocional.

a. Indique seis sinais de alerta no comportamento de um cuidador.


b. Refira, no mínimo, três cuidados essenciais que o cuidador deva ter para manter o seu bem-estar.
c. Explique o que entende por controlo emocional e de que forma pode estar relacionado com o
bem-estar do cuidador e a sua prestação de cuidados.

5. Indique cinco cuidados de linguagem a ter na relação com um idoso demenciado.

6. Classifique como verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmações. Corrija as falsas.

a. Definir rotinas para um idoso demenciado serve apenas para lhe transmitir segurança.
b. Por ser calmante, o banho deve ser dado sempre que o idoso se agitar.
c. Para cada rotina, o cuidador deve garantir que todos os elementos necessários estão reunidos antes
de a iniciar e de envolver o idoso.
d. Devem ser retirados ao idoso, logo que diagnosticada a demência, todos os acessórios de vestuário
e jóias, para que não se confunda com eles.
e. O momento do banho pode servir para vigiar a existência de feridas, irritações, assaduras ou outros
elementos estranhos na pele, cabelo, mãos, pés e unhas.
f. O vestuário de um idoso com demência deve obedecer a características especiais.
g. Deverá ser permitido ao idoso que coma o que quer, quando e como quer.

47
DE CUIDADOS AO IDOSO COM
5. A PRESTAÇÃO

DEMÊNCIA

ENUNCIADOS

ESTUDO DE CASO: MANUEL, MARIA, JOÃO E CELESTE


Leia atentamente o caso que foi entregue ao seu grupo. Analise a informação respeitante ao cuidador e,
partindo do texto, resuma as necessidade mais evidentes deste (tem cinco minutos). Discuta, com os seus
colegas, as várias perspectivas destes casos.

Caso 1: Manuel
O filho do Sr. Engenheiro, como era conhecido, não baixou os braços quando soube o prognóstico do pai.
Consultou os melhores especialistas, contratou um cuidador formal com formação na área e procurou na
internet tudo o que havia sobre o assunto, devorando cada palavra com determinação. "Já que é com isto
que temos de lidar, meu pai, pelo menos vamos dar-lhe luta!" costumava dizer ao senhor, apertando o
braço por cima dos seus ombros. Descobriu associações e grupos de apoio, solicitou os seus subsídios,
consultou o advogado, com o pai, para tratarem dos negócios e dos haveres da família. "A minha mãe tem
mais com que se preocupar! E assim é tudo feito como o velhote quer, mesmo que já não consiga dizer.".
Está a tentar convencer a mãe a mudar a casa: "Temos de simplificar! Há demasiadas caixas e caixinhas,
bonecos, fotografias e sei lá mais o quê espalhado pelos móveis! E como finalmente arranjei um livro que
fala disto, sei que vamos ter de mudar a arrumação do quarto e das roupas e dos objectos mais pessoais
do meu pai, enfim, de tudo! Não vai ser muito fácil convencer a minha mãe… mas estaremos cá para isso!
E muito mais!"

Caso 2: Maria
Nunca lhe tinha feito tão bem ir ao encontro da sua igreja, como naquele dia. "Entrei com o peso de quem
não sabe o que fazer da vida e no meio do serviço, vi a luz" pensou, sorrindo. "Ainda bem que falei com
aquela senhora!". Sente que, desde que o seu pai adoeceu, nunca mais teve um momento de paz. Agora,
finalmente com o diagnóstico feito e sem perspectivas de melhoras, estava a interrogar-se sobre as alter-
nativas a deixá-lo num lar. A ideia soava-lhe a abandono e achava que deveria fazer mais por ele, mas não
podendo deixar o seu emprego nem sendo viável a contratação de alguém para a função, não estava a
ver soluções. Desconhecia a associação de aquela senhora acabara de lhe falar e ficou interessada nos
apoios que lhe poderiam prestar. "Talvez as camas articuladas… ou mesmo algum acordo para subsídios
para as fraldas ou…" pensava entusiasmada com a ideia. "Mas isso será mais lá para a frente! Agora o
que vai ser óptimo é mesmo o centro de dia! E tenho de ir falar com a assistente social: deve haver algum
apoio para este tipo de situações…"

Caso 3: João
João continua apaixonado pela sua esposa passados quarenta anos de casados. Casal muito unido, mal
queriam acreditar quando o médico finalmente lhes falou da Doença de Alzheimer. "Isto agora já se sabe!"
dissera ele, convicto que explicava as dúvidas do mundo. As primeiras adaptações não foram complicadas:
muitos esquecimentos, bom-humor para não desmoralizar, precauções para cumprir horários e manter o
dia-a-dia da sua amada o mais variado possível, aproveitando cada minuto. "Mas agora… não sei o que
lhe faça! Há momentos em que já não parece ela e não suporto vê-la a ir-se assim! Os nossos filhos, coita-
dos, lá têm a vidinha deles e não podem agora estar com grandes coisas: vão vindo aos fins-de-semana
ver a mãe. Mas, de vez em quando, ela já os troca…e eles também não sabem como hão-de estar.".
Visivelmente perturbado, não perde a sua esposa de vista enquanto troca esta meia-dúzia de palavras com
o enfermeiro do Centro de Saúde. Emociona-se e acaba por concluir "enquanto eu for conseguindo, estarei
sempre à sua beira… mas às vezes já me faltam as forças. E até a coragem! E depois, a família, claro que
também não está para isto, não é?...se ao menos eu tivesse alguém que me percebesse …"

Caso 4: Celeste
O marido tem Doença de Alzheimer há 6 anos. Desde o início que Celeste foi a sua cuidadora e nunca
ninguém ouviu uma palavra de desagrado da sua boca até há seis meses atrás. "Eu dou em doida! Fui
criticada pela minha cunhada por o ter passado a levar até ao Centro de Dia!!! Se isto se admite! Fala

48
DE CUIDADOS AO IDOSO COM
5. A PRESTAÇÃO

DEMÊNCIA
quem não sabe!" é o desabafo sentido com a psicóloga que a acompanha. "Nem ela sonha o que é não
dormir descansada com medo que ele faça alguma! Eu também não imaginava que fosse assim! Bendita
a hora quem que descobri a vossa associação, porque já não aguentava mais…" continuando a consulta,
confessa que quase se sentiu culpada por "ter ido comprar umas roupitas novas, no outro dia" e que o
próprio filho a censurou: "como é que você consegue ter cabeça para isso?, disse ele… e aquilo ficou a
ecoar-me na cabeça até que a irmã, depois de descobrir, lhe deu um valente raspanete e lhe disse que ele
não sabia a sorte que o pai tinha por eu o tratar como trato! E que eu também precisava de estar bem para
conseguir aguentar tanta coisa. Moça de fibra, a minha filha! Tenho muito orgulho nela. Claro que foi ela
que vos descobriu, quando me viu a chorar pelos cantos e me convenceu que era mesmo a melhor
solução. E tem estado sempre ali! Bem diferente do resto da família, que se diziam sempre tão próximos,
tão próximos e que agora, das raras vezes em que o vêem só sabem é criticar! Só ela é que me vale!".

49
DE CUIDADOS AO IDOSO COM
5. A PRESTAÇÃO

DEMÊNCIA

ENUNCIADOS

JOGO PEDAGÓGICO: A TABUADA DA COMUNICAÇÃO

Comunicamos de forma involuntária e nem sempre transmitimos o que queríamos.

Propõe-se que cumpra uma tarefa, assumindo determinado tipo de comportamento, variando a sua postura
corporal, o tom de voz, a expressão facial, o olhar ou a atitude, criando assim diferentes personagens que
transmitam a mesma informação, mas uma mensagem diferente.

Sugere-se, como exemplo, os seguintes papéis:

• O autoritário • O tímido • O curioso


• O impaciente • O teimoso • O assustado
• O apaixonado • O distraído • O cómico
• O optimista • O zangado • O meticuloso
• O simpático • O feliz

A tarefa: ensinar a tabuada do dois aos colegas.

1x2=2
2x2=4
3x2=6
4x2=8
5 x 2 = 10
6 x 2 = 12
7 x 2 = 14
8 x 2 = 16
9 x 2 = 18
10 x 2 = 20

ROLE PLAY: "ESPELHO MEU, ESPELHO MEU…"

"… existe cuidador melhor do que eu?"


Não temos o espelho da bruxa má, mas temos um grupo de formação preparado para aprender consigo!

Pretende-se que simule algumas situações de curta duração, a partir das descrições das personagens apre-
sentadas, ilustrando os cuidados com a linguagem verbal e não-verbal. Estas serão posteriormente comen-
tadas, por si e pelos seus colegas, com o intuito de se identificarem os pontos críticos e encontrar alternati-
vas.

Lembre-se: apenas quem representa saberá o que o cuidador está a sentir naquele momento e porquê. E,
como grande actor que é, cabe-lhe transmiti-lo ao seu público!

Personagens

O Idoso
Sr. António
O Sr. António tem uma patologia demencial já avançada. São frequentes as deambulações, a repetição de
sons e acções e tem alguns episódios de perseguição. Perde-se frequentemente e não consegue realizar
sozinho as suas actividades de vida diárias, tendo de ser constantemente ajudado. A capacidade de retenção
de informação é muito reduzida, pelo que as suas conversas são fragmentadas. Continua, no entanto, a
responder claramente ao ambiente que o rodeia.

50
DE CUIDADOS AO IDOSO COM
5. A PRESTAÇÃO

DEMÊNCIA
Cuidadores
Situação 1: D. Josefa
Filha mais velha do casal, desde que o pai enviuvou que recaiu sobre si a responsabilidade de olhar por ele.
Nos estádios iniciais da doença, teve algumas dificuldades de actuação por desconhecimento e falta de infor-
mação. Actualmente, mesmo com o apoio que tem tido por parte da médica que acompanha o caso e que
muito a ensinou, continua a não estar à-vontade com o seu papel de cuidadora, principalmente nas tarefas
que impliquem maior invasão da sua privacidade. Hoje, está a tentar vestir o seu pai para sair: resolveu ir vi-
sitar o irmão, que já não vê há duas semanas.

Situação 2: Sra. Clotilde


Esposa devota e dedicada, a Sra. Clotilde é um exemplo para a família: acompanha o marido para todo o
lado, apoia-o em tudo o que precisa e mantém os parâmetros de higiene, apresentação e postura com que
sempre pautou a sua vida. Ultimamente os episódios de distúrbios comportamentais agravaram-se, tendo
descansado muito pouco no mês que passou. Hoje está a tentar vesti-lo para irem dar um passeio: a psicólo-
ga que a acompanha aconselhou a incluir na rotina do marido actividades que implicassem desgaste físico.
No entanto, tudo o que o marido faz, parece destinado a por à prova os limites da sua paciência que, desta
vez, não parecem muito distantes.

Situação 3: Menina Isaura


A Menina Isaura cuida da mãe desde que a patologia começou a tornar-se limitante nas actividades de vida
diária. Embora seja a cuidadora primária, as irmãs combinaram repartir os fins-de-semana livres entre as
quatro, para que ela também tenha tempo para si e possa descansar e retomar energias para superar a
semana. Acha justo que assim seja, uma vez que foi a única que não casou ou teve filhos, e pode agora
retribuir à mãe o apoio que esta sempre lhe deu em todas as ocasiões. Para além disto, as irmãs também se
revezam a fazer companhia à mãe nas duas horas que precisa às quartas-feiras para ir às suas danças de
salão, que muito a ajudam a descontrair e manter o bom humor nas situações mais difíceis. Hoje está a ten-
tar vesti-la para irem dar um passeio: acha que lhe fará bem, porque tem andado mais agitada ultimamente
e uns ares diferentes também podem ser calmantes.

51
DE CUIDADOS AO IDOSO COM
5. A PRESTAÇÃO

DEMÊNCIA

ENUNCIADOS

ESTUDO DE CASO: D. DOLORES, SENHORA PROFESSORA


D. Dolores, Senhora Professora
A D. Dolores continua na sua casa, porque é onde se sente bem. Por enquanto, ainda é possível manter-
-se por lá, mesmo precisando de ajuda para quase tudo. Perde-se no tempo e no espaço, esquece-se do
que acabou de se lhe dizer, percorre a casa vezes sem conta a trocar de sítio os poucos objectos que
ainda existem por cima dos móveis, expandindo a muita energia que tem. Famosa pela sua organização,
determinação e pelo primor que incutia nos seus alunos, esta professora consegue ainda executar proce-
dimentos simples, desde que bem explicados pelo cuidador, embora tenha perdido o poder deliberativo.
Quando confrontada com as suas incapacidades ou em situações em que não perceba o que se passa à
sua volta ou consigo, irrita-se e fica muito agitada, chegando mesmo a magoar-se. Apesar de tudo, man-
tém o espírito de independência e nota-se que fica feliz quando consegue executar sozinha qualquer tare-
fa, o que é encorajado pelo cuidador.

Tarefa
A partir da descrição da Dona Dolores, assuma o papel de cuidador e trabalhe com os seus parceiros para
organizar os seguintes procedimentos na vida desta professora:

7. Banho e higiene oral;


8. Barba e cabelos;
9. Pele, mãos, pés e unhas;
10. Vestuário;
11. Cuidados de eliminação e medicação;
12. Alimentação.

Explique de que forma deveriam ser implementados e saliente os cuidados essenciais a ter no processo.
Se ajudar, imagine como decorreria a situação e faça esse relato.

ESTUDO DE CASO: EU, CUIDADOR...


Tarefa 1
Continuando o exercício anterior, pede-se agora que seja feita uma pequena dramatização sobre a rotina
que descreveram. Assim, apelando-se às extraordinárias capacidades de representação de cada um, é
necessário que decidam quem assume o papel de cuidador e o de idoso demenciado e… luzes, câmara,
acção!

Lembre-se que deverão ser contemplados os vários cuidados abordados inerentes à rotina e que dispõe
de um máximo de 15 min para a representar.

Tarefa 2
Assista atentamente às representações dos seus colegas e comente, no final, completando informação,
caso seja necessário, e salientando os elementos mais positivos.

Tarefa 3
Agora é a sua vez de ser experimentar! Siga os exemplos e orientações já dadas e… seja um bom
cuidador!

O "idoso" deverá simular um estado demencial já avançado, devendo colaborar quando se sentir seguro
e à-vontade e correspondendo ao tipo de linguagem do cuidador de acordo com o explorado em exercí-
cios anteriores.

52
DE CUIDADOS AO IDOSO COM
5. A PRESTAÇÃO

DEMÊNCIA
JOGO PEDAGÓGICO: CAÇA AO RISCO!

Venha experimentar a aventura e o perigo, a emoção e o sucesso! Venha jogar connosco o…Caça ao risco!

Tarefa 1
Em grupo, analise o conjunto de imagens que lhe foi entregue pelo formador. Suponha que representam
casas de idosos demenciados e que é necessário adaptá-las ao seu habitante.

Identifique os riscos presentes e indique alternativas possíveis.

Por cada risco identificado, o grupo ganha cinco pontos.


Por cada alternativa proposta, o grupo ganha dez pontos.
Ganha o grupo que marcar mais pontos.
Tempo limite: quinze minutos.

Tarefa 2
Com o seu grupo, deverá apresentar a "sua caçada" aos colegas, explicando as opções tomadas.

Atente nos trabalhos dos restantes grupos e colabore na "Caça ao risco!".

53
54
A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO IDOSO 6
COM DEMÊNCIA
CUIDAR DO IDOSO COM DEMÊNCIA
MANUAL DO FORMADOR

6
6. A INSTITUCIONALIZAÇÃO
DO IDOSO COM DEMÊNCIA

PLANIFICAÇÃO

OBJECTIVOS GERAIS OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

• Explicar os efeitos psico-sociais decorrentes da • Indica os efeitos negativos que a institucionaliza-


institucionalização do idoso com demência; ção possa trazer para o idoso, segundo o manual
do formando;

• Nomeia as formas do idoso reagir à instituciona-


lização, segundo Ruipérez e Llorente (1988), indi-
cando duas características de cada uma delas;

• Descrever a importância da rede social de apoio • Explica os aspectos a considerar na contratação


no processo de institucionalização do idoso com de um cuidador pessoal para o idoso, exemplifi-
demência; cando quatro destes;

• Distingue o tipo de serviços disponibilizados a


nível da institucionalização, segundo as caracterís-
ticas dos cuidados prestados e o regime de per-
manência do idoso;

• Reconhecer os cuidados para um bom acolhi- • Escolhe uma instituição para a prestação de
mento institucional e integração do doente; cuidados ao idoso, identificando os elementos cor-
respondentes às necessidades inerentes à patolo-
gia demencial;

• Refere os comportamentos essenciais a serem


observados na prestação institucional de cuidados,
indicando dois exemplos para cada;

• Ilustra a importância que a rede social de apoio


do idoso tem ao longo da sua institucionalização,
dando três exemplos de acções positivas que pos-
sam ter;

• Indicar aspectos legais a ter em conta no caso de • Reconhece três consequências legais da inca-
um idoso com demência. pacidade deliberativa e de raciocínio do idoso
demenciado, exemplificando e apontando uma
alternativa;

• Explica o que é o "testamento vital", referindo


uma vantagem deste para o idoso, o médico
responsável e a família.

56
6. A INSTITUCIONALIZAÇÃO
DO IDOSO COM DEMÊNCIA
ITINERÁRIO DE ACTIVIDADES MATERIAL TEMPO

Método interrogativo 1 Quadro 10 min.


Marcadores
Método expositivo 1 Apresentação: diapositivo 6.1 15 min.
Videoprojector; Computador portátil
Método interrogativo 2 Quadro; Marcadores 5 min.
Método activo 1 Enunciado 35 min.
"Agora que aqui estou…"
Método expositivo 2 Apresentação: diapositivos: 6.2 20 min.
Videoprojector; Computador portátil

Método activo 2 Enunciado 35 min.


"Cuidador, procura-se!
Método expositivo 3 Apresentação: diapositivo 6.3 20 min.
Videoprojector; Computador portátil
Método interrogativo 3 Quadro 5 min.
Marcadores
Método expositivo 4 Apresentação: diapositivo 6.4 10 min.
Videoprojector; Computador portátil

Método activo 3 Enunciado 40 min.


"Artigo de revista"
Método expositivo 5 Apresentação: diapositivos: 6.5-6.8 15 min.
Videoprojector; Computador portátil

Método interrogativo 4 Quadro 15 min.


Marcadores
Método expositivo 6 Apresentação: diapositivos: 6.9-6.12 20 min.
Videoprojector; Computador portátil
Método interrogativo 5 Quadro 10 min.
Método activo 4 Marcadores 1h10
"Eu, o Avô António… e eles!" Enunciado 15 min.
Método expositivo 7

Método interrogativo 6 2 min.


Método expositivo 8 10 min.

Método interrogativo 7 Apresentação: diapositivo 6.13 5 min.


Método expositivo 9 Videoprojector; Computador portátil 15 min.
Método activo 5 Enunciado 40 min.
O meu testamento vital
Método expositivo 10 Videograma 10 min.
Videoprojector
Computador portátil

Avaliação Ficha de avaliação 35 min.

57
6. A INSTITUCIONALIZAÇÃO
DO IDOSO COM DEMÊNCIA

ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS E ACTIVIDADES FORMATIVAS

Método interrogativo 1 Método interrogativo 3


O formador questiona os formandos sobre os O formador questiona os formandos relativamente
efeitos negativos que a institucionalização possa ao tipo de instituições existentes e serviços para
trazer par ao idoso, anotando as opiniões destes no que estão mais vocacionadas, registando as suas
quadro. opiniões no quadro.

Método expositivo 1 Método expositivo 4


O formador sistematiza os registos efectuados, Partindo dos registos efectuados, o formador sis-
apresentando os efeitos negativos da institucionali- tematiza a informação sobre o tipo de instituições
zação para o idoso segundo Ruipérez e Llorente existentes e serviços que disponibilizam, recorrendo
(1998). Recorre ao diapositivo 6.1. ao diapositivo 6.4. Deve aproveitar para referir algu-
mas inovações a este nível, como os serviços de
Método interrogativo 2 acompanhamento para passeio ou de apoio
O formador questiona os formandos sobre os tipos nocturno, estando o doente em casa.
de reacção que os idosos possam ter relativamente
à sua institucionalização, registando no quadro as Método activo 3
suas opiniões. Artigo de revista
O formador distribui os enunciados, lendo-os com o
Método activo 1 grupo (de 3 a 4 pessoas) e esclarecendo dúvidas. É
"Agora que aqui estou" proposto aos formandos que redijam um pequeno
Dividindo os formandos em grupos (de 3 a 4 pes- artigo promocional para uma instituição especializa-
soas), o formador distribui o enunciado da Ficha de da no acolhimento a idosos com demência, saben-
trabalho "Agora que aqui estou…", lendo-o e do que têm a oportunidade de o publicar numa
esclarecendo as questões, informando que dis- revista se for o melhor dos quatro apresentados. O
põem de quinze minutos para o exercício. formador deverá orientar a discussão dos trabalhos
Posteriormente, o formador pede ao porta-voz de para a exploração dos requisitos específicos a
cada grupo que vá indicando as correspondências procurar aquando da decisão de institucionalizar um
estabelecidas, corrigindo o que for necessário. idoso, ganhando o grupo que melhor desenvolver
este tema.
Método expositivo 2
No seguimento do exercício anterior, o formador Método expositivo 5
apresenta os tipos de reacção do idoso à institu- Partindo dos trabalhos apresentados, o formador
cionalização, segundo Ruipérez e Llorent (1998), sistematiza a informação sobre os requisitos bási-
explicando-os (Diapositivos 6.2). cos a observar aquando da decisão de institu-
cionalizar o idoso. Usa diapositivos (6.5-6.8).
Método activo 2
"Cuidador, procura-se!" Método interrogativo 4
Dividindo os formandos em grupos (de 3 a 4 pes- O formador questiona os formandos sobre os com-
soas), o formador distribui o enunciado do exercí- portamentos essenciais que os cuidadores formais
cio, lê-o e esclarece as questões. São dados dez deverão ter aquando da institucionalização do
minutos para preparar os tópicos para a entrevista idoso. Ao efectuar os registos no quadro, deverá
e é escolhido o porta-voz. Esgotado o tempo, o for- fazê-lo de acordo com as categorias definidas no
mador solicita mais um voluntário de cada grupo. quadro 6.2 do manual e de modo a poder perguntar
Agrupando em pares os porta-vozes e os volun- aos formandos que nome lhe atribuiriam.
tários de grupos diferentes, são concretizadas qua-
tro simulações de entrevista. No final, discutem-se Método expositivo 6
as dramatizações, e os tópicos mais importantes a Partindo das propostas dos formandos, o formador
serem abordados neste tipo de situação. explica os cuidados essenciais na relação institu-
cional de prestação de cuidados ao idoso, segundo
Método expositivo 3 Ruipérez e Llorente (1998), utilizando os diaposi-
Partindo das conclusões dos formandos no exercí- tivos 6.9 - 6.12.
cio anterior, o formador apresenta uma lista de
aspectos básicos a considerar na contratação de Método interrogativo 5
um cuidador (Diapositivo 6.3). O formador questiona os formandos sobre a
importância que a rede social de apoio do idoso

58
6. A INSTITUCIONALIZAÇÃO
DO IDOSO COM DEMÊNCIA
pode assumir ao longo da institucionalização, regis- ou da imposição dos desejos familiares sobrepondo-
tando as palavras-chave no quadro. -se aos do doente.

Método activo 4 Método expositivo 9


Eu, o Avô António… e eles! O formador deverá fornecer aos formandos indi-
O formador entrega o enunciado aos grupos (de 3 a cação dos aspectos legais que regulamentam os
4 pessoas), lê-o e esclarece as suas dúvidas. Após aspectos jurídico-financeiros mais imediatos,
os quinze minutos para elaborarem as suas pro- esclarecendo também a entidade "Testamento
postas, o porta-voz de cada grupo apresenta-a aos Vital", como surgiu, para que serve e quem o aplica.
restantes. O formador deverá conduzir a discussão Recorre ao diapositivo 6.13.
de modo a focar as várias componentes em jogo: o
plano de actividades da instituição, a responsabili- Método activo 5
dade da família por se inteirar e participar nele, por "O meu testamento vital"
propor, junto dos técnicos competentes, as altera- Após a exposição do formador, será promovido um
ções necessárias para promover a integração do pequeno momento de reflexão, sugerindo-se aos
idoso na instituição e ainda por continuar a desen- formandos que elaborem o seu testamento vital e
volver com o idoso actividades de estimulação concedendo-lhes cerca de dez minutos para esta
cognitiva. tarefa. Este exercício tem uma tónica predominante-
mente pessoal, servindo apenas como ponto de
Método expositivo 7 partida para a discussão e balanço da formação
O formador, a partir da discussão dos trabalhos dos posteriores, e não chegando sequer a ser revelado
formandos, deverá focar a importância do envolvi- o conteúdo dos trabalhos. Neste segundo momento,
mento contínuo da família nos planos de actividades são focados os aspectos que mais marcaram os for-
das instituições, e no aproveitamento de todas as mandos ao longo desta acção e as alterações
oportunidades para introduzir detalhes do interesse detectadas em termos de postura (a nível pessoal e
particular do seu familiar. Deverá referir que desta profissional) perante a demência, os idosos que
forma se consegue motivar o idoso demenciado sofrem com este tipo de patologias e os cuidadores.
para aderir às actividades, se faz estimulação cogni-
tiva e mantém a ligação com a realidade aproveitan- A dinâmica deverá ser orientada para que des-
do os conhecimentos ou alusões a áreas de cubram de que modo este processo contribuiu para
excelência do doente. se tornarem melhores cuidadores.

Método interrogativo 6 Método expositivo 10


O formador questiona os formandos sobre as con- O formador exibe o videograma (capítulo
sequências legais da demência e sobre as medidas "Conclusão") e, aproveitando as opiniões dos for-
que podem ser tomadas para contornar as dificul- mandos manifestadas no método activo anterior,
dades futuras. realiza uma síntese breve dos temas abordados e
das principais conclusões. Pode ser aproveitado
Método expositivo 8 como meio para encerrar a acção.
O formador deverá explicar as consequências
legais de um diagnóstico de demência, focando os
aspectos jurídico-financeiros e, mais pormeno- AVALIAÇÃO
rizadamente, os aspectos médicos, relativamente à Sugere-se a avaliação através da Ficha de avalia-
escolha ou autorização para a realização de alguns ção que se apresenta de seguida.
procedimentos e aos direitos do doente em recusar
os mesmos.
ENUNCIADOS
Método interrogativo 7 Apresentam-se os enunciados da Ficha de avalia-
No seguimento da exposição anterior, o formador ção, das fichas de trabalho "Agora que aqui
pergunta quais os modos de que o doente dispõe estou…" e "O meu testamento vital", do Role play
para se assegurar que a sua vontade é respeitada "Cuidador, procura-se!", do Jogo pedagógico
quando num estádio avançado da doença. Deve "Artigo de revista" e do Estudo de caso "Eu, o
levantar a questão da ética profissional do médico Avô António… e eles!".
assistente (Juramento de Hipócrates) perante a
recusa expressa pelo idoso em tomar a medicação

59
6. A INSTITUCIONALIZAÇÃO
DO IDOSO COM DEMÊNCIA

FICHA DE AVALIAÇÃO

A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO IDOSO COM DEMÊNCIA

A presente Ficha de avaliação destina-se a verificar a aprendizagem dos conteúdos abordados ao longo do
sexto capítulo deste manual.

1. Quais os efeitos negativos que a institucionalização pode ter para o idoso?

2. Relativamente aos tipos de reacção do idoso à institucionalização definidos por Ruipérez e Llorente (1998):

a. Nomeie os sete tipos.


b. Distinga Negação e Rebeldia.
c. Qual a característica particular que distingue os idosos que reagem bem à institucionalização?

3. Distinga o tipo de serviços disponibilizados por cada organização, a nível da institucionalização, segundo
as características dos cuidados prestados e o regime de permanência do idoso.

4. De cada vez que Ana visita o pai, congratula-se por ter optado por aquela instituição. Tinha tido uma muito
má experiência com o último cuidador que passara pela sua casa: apresentara-se como tendo tido formação
na área, tinha-lhe fornecido dados falsos quanto à sua qualificação e aos trabalhos anteriores e depressa
começou a querer sondar o pai relativamente aos valores que este ainda possuía. "Escapei de um golpe bem
armado e o meu pai tem os cuidados necessários e apropriados aqui! Fiz bem em ter chegado mais cedo
aquela tarde!".

a. A história de Ana é conhecida de quem cuida de terceiros. Refira os cuidados a ter ao contratar um
cuidador.
b. Em termos institucionais, para além das competências dos técnicos, que outros requisitos deverão ser
observados quando se pretende seleccionar uma instituição?
c. Poderá o familiar contribuir para a integração do idoso no lar? Justifique.

60
6. A INSTITUCIONALIZAÇÃO
DO IDOSO COM DEMÊNCIA
ENUNCIADOS

FICHA DE TRABALHO: AGORA QUE AQUI ESTOU…

Partindo dos relatos constantes na coluna da direita, estabeleça a correspondência com os tipos de reacção
do idoso à institucionalização. Dispõe de quinze minutos para trabalhar com o seu grupo.

• Negação • Raiva e Hostilidade • Dependência e Regressão


• Colaboração • Rebeldia • Isolamento e Introversão
• Exigência e Pedido

TIPOS DE REACÇÃO DO IDOSO À INSTITUCIONALIZAÇÃO


TIPOS DE REACÇÃO DESCRIÇÃO DOS COMPORTAMENTOS

Sr. António: "Ofereço sempre um sorriso e faço questão de saudar todos diariamente. Agora
que aqui estou, só tenho o apoio estritamente necessário, cumpro as rotinas e procedimen-
tos, ajudo os outros e parece que os anos vão pesando menos."

Sr. Jacinto: "Agora que aqui estou, vou recuperar as horas de sono perdidas a criar os filhos
e trabalhar! Gosto de ficar no meu quarto, a pensar na vida, sozinho. Não tenho muito para
conversar e nem saberia o que dizer a esses outros que aí andam."

Sr. Asdrúbal: "Agora que aqui estou, sei que preciso da ajuda delas, mas não gosto dos
modos! São brutas e acham que é tudo como querem, desagradam-me e faço questão que
o saibam! Não estão habituadas a pessoas que perguntem porquê, ou que lhes saibam
dizer o que fazem mal. E não querem que me zangue, imagine-se!"

Sr. Manuel: "Os técnicos são muito bons para mim! Agora que aqui estou, para além de
nunca ter fome, andou tudo para trás: vou tendo cada vez mais acidentes e era tão raro!
Eles, coitados, dizem-me que me hei-de habituar, esforçam-se par que me sinta em casa…
e vai resultando, até mudar outra coisa qualquer!"

Sr. José: "Agora que aqui estou, eles têm é de me servir! Nem querem perder dois segun-
dos a ouvir uma pessoa até ao fim, e mostram má vontade aos pedidos."

Sr. Mário: "Agora que aqui estou, não paro, mesmo que queiram que descanse! Nem tomo
sempre os remédios, para o corpo não se habituar. E eu é que sei o que faço!"

Sr. Alberto: "Agora que aqui estou, todos falam muito comigo quando me esqueço das roti-
nas ou quando não faço as coisas que eles querem. Às vezes fico só no quarto, às escuras,
a olhar para ontem, outras ando por aí a meter-me com todos."

61
6. A INSTITUCIONALIZAÇÃO
DO IDOSO COM DEMÊNCIA

ENUNCIADOS

ROLE PLAY: CUIDADOR, PROCURA-SE!

O seu familiar tem demência, num estado já avançado.

Sendo o cuidador primário, uma vez que a sua saúde estava a debilitar-se, você decidiu contratar alguém
para repartir consigo a rotina diária, permitindo-lhe algum tempo livre e descanso, que têm sido escassos.

Colocou o anúncio, teve muitas respostas e está prestes a iniciar as entrevistas aos candidatos.

Cuidador, procura-se!

Pessoa responsável e honesta para prestar


apoio a familiar e idoso demenciado, nas
rotinas diárias.

Envie resposta para: apartado 111222 LX

Nos próximos cinco minutos prepare uma lista com os tópicos a abordar e… vamos a entrevista!

JOGO PEDAGÓGICO: ARTIGO DE REVISTA

Imagine que é co-proprietário de uma instituição destinada ao acolhimento de idosos, que só recentemente
iniciou funções.

Está reunido com os seus sócios a programar a vossa campanha publicitária. Surgiu a oportunidade de pu-
blicar um pequeno texto (também de carácter promocional) numa revista direccionada às famílias de idosos
demenciados, pretendem anunciar a vossa instituição como inovadora nesta área e completamente pensa-
da para este tipo de população.

Sabendo que estão a competir com três outros candidatos e que apenas um artigo será publicado, redija o
que achar mais apropriado para a divulgação da vossa instituição e imagine as imagens que o acompanham,
preparando uma pequena apresentação para o grupo.

Tempo para a tarefa: 15 minutos


Tempo para a apresentação: 5 minutos
Extensão máxima: meia página.

62
6. A INSTITUCIONALIZAÇÃO
DO IDOSO COM DEMÊNCIA
ESTUDO DE CASO: EU, O AVÔ ANTÓNIO… E ELES!
O avô António tem setenta anos, esposa, três filhos, quatro netos e Doença de Alzheimer em estado
avançado. Dada a frequência e grau dos distúrbios comportamentais, sobretudo a perseguição à Avó, a
cuidadora primária, com repetição constantemente do seu nome e a deambulação pela casa, saindo para
a rua sem qualquer precaução, a família optou finalmente pela institucionalização. Decisão difícil, mas
unanime, atendendo ao enfraquecimento da sua esposa e à deterioração da saúde física e mental desta.

O Avô António foi admitido no início de Junho, altura em que informaram a família que, no período de
adaptação, as visitas poderiam ser difíceis e penosas. No primeiro fim-de-semana, todos compareceram,
bem como aos festejos do S. Pedro, no final desse mês. Na comemoração do aniversário da instituição, a
meio de Agosto, já só estiveram dois filhos e um dos netos.

Em Novembro, num almoço de família, a Avó queixou-se que o marido estava "a piorar a olhos vistos", e
que não conseguiam que aderisse a qualquer actividade que fizessem, "passando cada vez mais tempo
frente à televisão", que "as visitas são cada vez piores porque ele só quer que o tiremos dali e não aceita
a despedida". Acha que é "essa a razão de não aparecer mais ninguém na visita". Disse também que,
nessa semana, tinham tido dificuldades "em tirá-lo da sala enquanto os senhores que foram arranjar os
móveis lá estiveram, porque ele só estava a pegar nas ferramentas e a trocar tudo de sítio, a querer fazer
alguma coisa, assim como cá em casa andava sempre de volta dos pequenos arranjos. Ficou muito triste
quando o repreenderam e empurraram para o pátio, onde estavam no atelier de cantares. Os senhores até
foram compreensivos, lá os do lar é que já estão cansados com o Avô…". O seu desabafo terminou com
um suspiro acompanhado de um "não sei se durará muito mais tempo", com os olhos cheios de lágrimas.

Você é um dos netos do Avô António e está a ouvir : o que faria? Que medidas poderia tomar, junto da sua
família e da instituição?

63
6. A INSTITUCIONALIZAÇÃO
DO IDOSO COM DEMÊNCIA

ENUNCIADOS

FICHA DE TRABALHO: O MEU TESTAMENTO VITAL

Certamente que o tema que temos vindo a abordar já o fez reflectir.

Considere a hipótese (que esperamos longínqua!) de algum dia poder querer expressar a sua vontade e não
conseguir.

Com este pensamento, nos próximos dez minutos, redija um esboço do seu testamento vital.

64
SOLUÇÕES
SOLUÇÕES

CUIDAR DO IDOSO COM DEMÊNCIA


MANUAL DO FORMADOR

S
SOLUÇÕES

SOLUÇÕES

CAPÍTULO 1 6. Após a entrada na terceira idade, é possível identi-


SER IDOSO ficar mudanças no estilo de vida do idoso relacionadas
com a reforma:
1. Fazer corresponder as frases e os conceitos: A) 2; B) • perder a ocupação do maior número de horas
8; C) 7; D) 9; E) 1; F) 5; G) 3; H) 6; I) 10; J) 4. diárias;
• haver uma redução a nível de rendimentos finan-
2. O conceito de significado pessoal refere-se ao sistema ceiros;
de ideias ou crenças pré-concebidas, utilizadas pelas • a alteração drástica no seu estatuto social, deixan-
pessoas para interpretar os acontecimentos de vida do de ser considerado "produtivo";
enquanto positivos ou negativos. Geriatria designa o • passar a pertencer ao grupo "dos velhos", o que
ramo da medicina que se dedica ao idoso, ocupando-se pode ser vivido com alguma ansiedade e sofrimento
não só da prevenção, do diagnóstico e do tratamento das numa sociedade em que existe o culto da juventude;
suas doenças agudas e crónicas, mas também da sua
• o surgimento de um sentimento de inutilidade se
recuperação funcional e reinserção na sociedade. Para
não são definidos novos objectivos ou projectos para
que um profissional na área da geriatria consiga enca-
ocupar o (muito) tempo livre, havendo uma redução
minhar a recuperação funcional do idoso, terá de ser
da auto-estima e auto-conceito;
capaz de compreender o modo como cada idoso encara
esse processo, que significado teve todo o acontecimen-
• uma maior tendência ao isolamento social, o seu
to para si e se existem factores de risco de desenvolvi- afastamento da rede social de apoio, com possível
mento de sentimentos negativos relativamente a este. Do solidão e desenvolvimento de depressão;
mesmo modo, sendo imprescindível assegurar a inde- • a redução da actividade física e intelectual, acom-
pendência e autonomia do idoso pelo maior tempo pos- panhada de deterioração da personalidade e desin-
sível, o profissional só poderá intervir adequadamente se serção social;
estiver atento às áreas de vida valorizadas por este, e ao Por outro lado, ao se "tornar idoso", o indivíduo começa a
tipo de rede social de apoio em que está inserido, a fim estar muito mais atento à sua saúde e condição física, e
de promover a sua reinserção na sociedade no final de ao meio envolvente, vendo-se confrontado com:
um processo de reabilitação. • a doença/ morte de familiares e amigos, sendo
estes frequentemente da mesma faixa etária que o
3. A Velhice Jovem corresponde ao período em que idoso;
existe um prolongamento das actividades de meia-idade, • o surgimento/agravamento de patologias que se
dispondo o idoso de boas condições de saúde física e tornam limitantes a médio ou curto-prazo, na origem
mental, compatíveis com eficiência, iniciativa, inde- de atitudes negativas face às capacidades perdidas;
pendência e autonomia. A velhice idosa implica uma • a possibilidade de perder a sua autonomia e
maior tomada de consciência dos limites impostos pelo dependência.
próprio corpo, que comprometem a realização prática de
actividades que requeiram maior independência e mobili- 7. São as áreas: Funcional (actividades de vida básica
dade física. Exemplificando, um idoso jovem poderá man- como locomover-se ou fazer a sua higiene); Mental
ter a sua iniciativa para viajar, passear ao ar livre ou (perda de capacidades cognitivas ou de objectivos) e
mesmo fazer exercício físico, tenderá a procurar uma Social (desinvestimento ou perda de entes queridos).
actividade de cariz profissional pela estimulação física,
mental e social e possivelmente irá aumentar os seus
contactos sociais ou investir o tempo livre com a família CAPÍTULO 2
(filhos e netos). Relativamente à velhice idosa, é vulgar A DEMÊNCIA - DEFINIÇÃO,
neste período existirem patologias que debilitem a FUNCIONAMENTO E RISCO
condição física da pessoa, limitando também a sua
disponibilidade emocional para se envolver em determi- 1. Nunes (2005) define demência como "declínio de
nadas actividades. funções cognitivas, incluindo memória, capacidade de
raciocínio e julgamento, na ausência de delírio ou obnubi-
4. a F; b V; c V; d V; e F; lação de consciência, e persistente por um período não
inferior a seis meses", ou seja, tem como critérios as
5. Corrigir as Falsas: funções afectadas, a ausência de alteração de consciên-
cia por outros factores e o intervalo temporal mínimo para
a. São comuns patologias nos sistemas Cardio- se manifestar.
-vascular, Respiratório, Digestivo, Urinário,
Imunitário, Locomotor, Sensorial e Nervoso. 2. Os estudos iniciaram-se pela inspecção post mortem
e. O cancro, sendo comum na terceira idade, designa da aparência da face externa do cérebro, associando-se
um conjunto de patologias que pode afectar vários as lesões encontradas às patologias apresentadas pelas
sistemas do corpo humano. pessoas em vida.

3. É uma zona cerebral, localizada na face externa do


hemisfério esquerdo, associada à capacidade de falar e

66
SOLUÇÕES
assim nomeada devido ao médico que a ela se dedicou 4. Segundo Barreto (2005), é um conjunto, mais ou
primeiro. Este estudo foi inovador por ser estabelecida a menos homogéneo de sintomas e sinais que pode ter
relação entre uma patologia e uma lesão cerebral loca- diversas causas e, portanto, abranger vários tipos de
lizada, replicada em outros doentes. Ou seja, abriu pers- doenças.
pectivas para estudos futuros em termos de metodologia
(a possibilidade de comparação interpessoal) e de 5.
mapeamento cerebral (a atribuição de funções a zonas a. A resposta deve ser no sentido de encaminhar a D.
cerebrais), o que possibilitou também o avanço em ter- Joana para uma consulta médica de despiste de
mos de hipóteses de intervenção médica, prevenção, demência, sem, no entanto, a afligir mais ou a fazer
reabilitação e todo o desenvolvimento de tecnologias de sentir culpada do que quer que seja. A empatia de-
estudo. verá ser valorizada.

4. O facto de as funções cerebrais complexas depen- b. Deve ser referida a questão do despiste de outras
derem do bom desempenho dos neurónios em termos da patologias, a importância da obtenção de um
transmissão de informação, sendo elas resultado da diagnóstico certo, da realização de um prognóstico e
conjunção da actividade de várias zonas - daí a dificul- de um plano de intervenção adequado, contemplan-
dade de atribuição a uma zona específica. do a doente, a equipa médica e os familiares, princi-
palmente os cuidadores.
5. Atenção, memória, orientação, iniciativa, linguagem,
cálculo, abstracção/raciocínio lógico. 6. Demência ligeira: a, d e j. Demência moderada: b, e, f
e i. Demência Severa: c, g e h.
6. Não. O Sr. António apresenta uma perturbação da lin-
guagem semelhante à do doente descrito por Broca,
aparentemente conservando todas as outras funções CAPÍTULO 4
intactas. Deste modo, tudo indica tratar-se de um sinal DISTÚRBIOS COMPORTAMENTAIS
focal, uma lesão confinada a uma zona restrita do cére-
bro, com efeitos muito pontuais. 1. Relacionados com o ambiente - níveis de temperatu-
ra, luminosidade ou barulho, a concentração de muitas
7.1 Característica cuja presença indica uma maior proba- pessoas num espaço pequeno ou os espaços vazios, as
bilidade de incidência da doença. sombras ou ruídos ambíguos.
Relacionados com os cuidados - o tom de voz, o tipo
7.2 Os factores de risco gerais identificados para a de gestos ou a expressão facial de quem rodeia o doente.
demência são: idade, factores genéticos predisposi- Relacionados com o paciente - fome, sede, frio, calor,
cionais, baixa escolarização e ocupação profissional dor, presença de fezes ou urina na roupa, cansaço por
indiferenciada. Considerando que os pais de ambas tive- estar na mesma posição ou no mesmo sítio há muito
ram a doença (predisposição genética) e têm a mesma tempo, irritações cutâneas, presença de elementos
idade, aquilo que mais as distingue é o nível de escolari- estranhos (alfinetes ou insectos) nos seus pertences.
dade e o tipo de ocupação profissional, encontrando-se
numa posição desfavorecida para o desenvolvimento da 2. Depressão e apatia; Agitação verbal e motora;
deste tipo de patologias a D. Margarida. Sintomas psicóticos; Distúrbios do comportamento se-
xual; Desorientação espacial e temporal; Distúrbios do
sono.
CAPÍTULO 3
RECONHECER A DEMÊNCIA 3. Depressão e apatia - desinteresse geral (quando um
grande jogador de sueca deixa de fazer o jogo habitual
1. Chama-se processo demencial à evolução do quadro com os parceiros de há anos);
clínico demencial, desde os estádios mais incipientes até Agitação verbal e motora - inquietação, deambulação e
ao culminar da doença. agressão;
Sintomas psicóticos - desconfiança, delírio e aluci-
2. Demência primária manifesta-se exclusiva ou preferen- nações, ideias de perseguição, de roubo, de conspiração;
cialmente como síndrome demencial, o que é típico das Distúrbios do comportamento sexual - desinibição,
doenças neurodegenerativas. As restantes representam exposição de genitais, masturbação;
menos de 10% dos casos diagnosticados, manifestando- Desorientação espacial e temporal - perder-se em sítios
-se geralmente nas fases iniciais por serem preveníveis familiares, trocar os dias da semana, a estação do ano;
ou curáveis. Distúrbios do sono - insónia, despertar mais cedo que o
habitual;
3. Não reversíveis e não preveníveis ou degenerativas -
a e f; 4. Verdadeiras: c, d e e. Falsas: a, b e f.
Não reversíveis, preveníveis - b e c;
Reversíveis - d e e;

67
SOLUÇÕES

SOLUÇÕES

5. o apoio de técnicos especializados, amigos e fami-


a. O cuidador deverá deixar o idoso completar as liares, que dividam consigo as tarefas, esclareçam
tarefas como consegue, mostrando-lhe a forma cor- dúvidas e permitam a partilha de angústia e frus-
recta mas não o censurando se já não for capaz de a tração inerente ao acompanhamento da doença;
executar. c) se o cuidador mantiver o controlo emocional irá
b. o elogio deverá ser discreto, embora presente. conseguir evitar expor o doente a elementos que lhe
f. nos episódios de agitação em que surjam reacções possam induzir stresse ou provocar alguma agitação,
catastróficas e violência, o idoso não deve ser conti- realizando as tarefas de modo calmo e tranquilo, sem
do ou as manifestações poderão ser ainda mais se exaltar. Mantendo os cuidados com o tipo de
fortes. comunicação verbal e não-verbal, a sua angústia pe-
rante a incapacidade que a doença imprime será
ocultada e o ambiente irá ser mantido calmo e tran-
CAPÍTULO 5 quilo, transmitindo ao idoso a segurança de que ele
A PRESTAÇÃO DE CUIDADOS tanto precisa.
AO IDOSO COM DEMÊNCIA
5. Falar calma e pausadamente, sem gritar e usando um
1. Usar como critérios a existência de uma relação social tom de voz mediano; fazer perguntas simples, de prefe-
com o idoso, a presença de remuneração ou de um vín- rência com resposta "sim" ou "não"; reforçar sempre o
culo formal ou institucional; que se diz, orientando ou demonstrando; manter o con-
tacto visual com o idoso e permiti que ele veja as
2. Sobrecarga - resultante da relação entre a exigência expressões faciais a que é muito sensível.
dos cuidados a prestar (gravidade, tipo de dependência e
comportamento do doente) e as consequências nas 6.
várias áreas da vida do cuidador (familiar, social, a) F. Serve também para lhe estruturar o dia e para o
económica, profissional), bem como das respostas emo- estimular cognitivamente.
cionais e suas atitudes perante o seu papel; b) F. Pode ser utilizado para acalmar o idoso, por
Saúde física e mental - cansaço, deterioração progressi- exemplo, antes de deitar, não devendo ser conside-
va do estado de saúde, enfraquecimento do sistema imu- rado como única medida calmante. Quando o idoso
nitário, sintomas de depressão e ansiedade; fica agitado, a norma será tentar orientar a sua
Actividade profissional - pelas dificuldades de conciliação atenção noutro sentido e retirá-lo do contacto com o
com as exigências da prestação de cuidados, pelos atri- estímulo desencadeante.
tos e stresse advindos do conflito de interesses (necessi- d) F. Estes elementos deverão ser retirados apenas
dades de faltar, recusa de promoções, atrasos, etc.) nos estádios mais avançados da doença, quando, de
podendo mesmo levar a uma desistência do emprego; facto, representarem, para o doente, elementos per-
Tempo livre e lazer - abdica do seu tempo livre, deixando turbadores e confusos. No entanto, esta retirada de-
de investir tanto nas relações sociais e enfraquecendo os verá ser gradual e consentida, para não desencadear
vínculos já existentes, obtendo também menos apoio. stresse no idoso.
g) F. Alguns idosos tendem a esquecer-se que já fi-
3. Materiais - recursos financeiros, ajudas técnicas e uti- zeram as suas refeições, sendo necessário lembrá-
lização de serviços; -los ou orientá-los para outras tarefas. Por vezes, no
Emocionais - suporte emocional e orientação; entanto, o cuidador terá de fazer concessões deixan-
Informativas - sobre o cuidar, adaptações necessárias no do que o idoso inverta a ordem das refeições ou dos
ambiente ou em termos arquitectónicos, direitos e alimentos na refeição, permitindo que coma em
deveres (seus e do doente); andamento ou com as mãos.
Pessoais - tempo para si, disponibilidade para outras
situações, apoio e compreensão dos familiares e amigos
mais próximos. CAPÍTULO 6
A INSTITUCIONALIZAÇÃO
4. DO IDOSO COM DEMÊNCIA
a) Negação da patologia do idoso, suas manifes-
tações ou sintomas. 1. Deverá ser referido:
Cólera, com o doente ou com quem o rodeia (senti- • o desconforto de se encontrar num meio estranho e
mento de impotência perante a doença). desconhecido e ser privado dos seus objectos pessoais,
Isolamento social e afastamento de amigos e activi- conduzindo ao fenómeno do desenraizamento (falta de
dades preferidas. identificação com o meio envolvente e consequente
Ansiedade relativamente às suas capacidades ou desinteresse e desinvestimento);
desempenho. • a perda da sua individualidade por ter de seguir os
Depressão e desinvestimento em si. horários e rotinas pré-estabelecidos (de visitas, de trata-
Cansaço físico, psíquico e emocional. mentos, de alimentação) e universalizados;
Insónia, irritabilidade, falta de concentração. • a invasão da sua intimidade ao ser sujeito a determina-
b) Ser proactivo; cuidar a sua alimentação; procurar dos exames ou tratamentos, ou à insensibilidade de

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SOLUÇÕES
alguns técnicos aquando da prestação de cuidados de emergência) ou se possibilita a regularidade das vi-
higiene; sitas. A taxa de ocupação dos cuidadores também é
• o sofrimento causado pela identificação com as pro- importante, bem como a sua formação específica. No
blemáticas de outros utentes, e a procura do isolamento regulamento e contrato da instituição estarão discrim-
para evitar este confronto com a sua própria realidade; inados os serviços disponibilizados e condições de
• a crença de que a institucionalização representa o aban- acesso.
dono da família e amigos, o desinteresse destes ou c. Sim. Poderá, para além de continuar as visitas,
mesmo uma traição a si por ser "velho"; inteirar-se do Plano de actividades da instituição e
• o aumento do medo da dependência, da solidão, da dor procurar maneiras de salientar as capacidades espe-
e da morte. ciais ou gostos particulares do seu familiar, propondo,
aos técnicos, que incluam determinados detalhes
2. Deverá ser referido: que os privilegiem nas suas programações.
a. Colaboração; Negação; Raiva e Hostilidade;
Rebeldia; Exigência e Pedido; Isolamento e
Introversão; Dependência e R egressão.
b. A primeira é usual como primeira etapa de adapta-
ção, evidenciando-se pela despreocupação do idoso
perante os sintomas ou avisos dos cuidadores,
menosprezando as informações ou conselhos
destes. Existe uma alegria injustificada, desinteresse
ou isolamento perante os pares. A segunda é a ten-
tativa de o idoso dominar alguns aspectos da sua
vida, como o tempo de repouso e a toma de me-
dicação. Enquanto que a rebeldia é uma forma cons-
ciente de actuar, a negação é uma fuga perante pro-
blemas reais, numa tentativa de não ter de se con-
frontar com eles.
c. Um idoso que tenha uma reacção de colaboração
é, essencialmente, um idoso que se diz feliz, que
aceita esta alteração da sua vida e que a entende
como natural.

3. Internamento definitivo - clínicas, lares, casas de


repouso, hospitais.
Internamento pontual por dias ou semanas - hospitais,
clínicas, casas de repouso, lares.
Frequência diurna, indo o idoso dormir a casa à noite -
centros de dia.
Frequência diurna, por um período do dia (manhã ou
tarde) - centros de dia.

4.
a. Verificar o tipo de experiência deste; o conheci-
mento específico sobre a patologia do idoso; as refe-
rências apresentadas (confirmando colocações
profissionais anteriores). Deverá também ser tido em
atenção se existe empatia entre o idoso e o candida-
to e se este demonstra disponibilidade e flexibilidade.
Finalmente colocam-se questões inerentes às
condições de contratação oferecidas.
b. Qualquer instituição deverá estar legalizada e
cumprir os requisitos do Ministério da Solidariedade
Social. Ao analisar as instalações deverão observar-
-se as condições de segurança (escadas, iluminação,
tipos de piso e outras abordadas no capítulo 5), o tipo
de alojamento (tamanho dos quartos, número de ocu-
pantes e distribuição), os métodos de limpeza, as
condições de climatização, os espaços disponíveis
(se tem jardim, se tem áreas amplas para convívio).
A localização da instituição também deverá ser tida
em conta (se é facilmente acessível em situações de

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APROFUNDAMENTO
TEXTOS DE

TEMÁTICO
TEXTOS DE APROFUNDAMENTO TEMÁTICO

CUIDAR DO IDOSO COM DEMÊNCIA


MANUAL DO FORMADOR

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APROFUNDAMENTO
TEXTOS DE

TEMÁTICO

TEXTOS DE APROFUNDAMENTO TEMÁTICO

O texto apresentado em seguida foi retirado de: O abuso pode ser de natureza física, emocional ou
Figueiredo, D. (2004). Cuidados familiares: cuidar e financeira, podendo envolver negligência inten-
ser cuidado na família. In Sousa, L., Figueiredo, D. cional ou não intencional. Embora se possam
& Cerqueira, M. Envelhecer em família - Os cuida- destacar algumas razões responsáveis pela situa-
dos familiares na velhice (p. 77 - 79). Porto: AMBAR ção de maus tratos, tais coma a ganância e a
- Ideias no Papel, S.A. ambição, existe alguma evidência empírica que
permite estabelecer uma associação entre o peso
Relação entre cuidador e receptor de cuidados das fontes de stress a que os cuidadores estão
expostos e a violência sobre o idoso. Algumas
A relação entre o idoso e a pessoa que cuida dele é investigações têm evidenciado que o risco de
alimentada tanto pela vivência comum das duas abuso é mais elevado quando os cuidadores provi-
pessoas (infancia ou vida conjugal), coma pela denciam níveis elevados de cuidados (definidos em
história individual de cada uma. No entanto, os termos de horas de prestação de cuidados por dia
cuidados pessoais prestados ao idoso vão exigir e o numero de anos de duração dessa prestação) e
profundas reconstruções no relacionamento, já que quando as vítimas têm maiores níveis de incapaci-
a relação de dependencia implica uma nova per- dade funcional. Contudo, estes resultados têm sido
cepção de si e do outro para todos os elementos do mitigados por outros estudos que revelam que os
grupo familiar, atingindo, em particular, o cuidador e idosos, vítimas de maus tratos e abuso por parte
o idoso. dos seus cuidadores, não são nem mais incapazes
A dependência, nessa relação, assume diferentes nem requerem mais cuidados dos que os idosos
significados para ambos: para o idoso, inscreve-se que não sofrem de violência por parte dos presta-
na sua incapacidade para realizar determinadas dores de cuidados.
actividades básicas da vida diária; para o cuidador, Actualmente, considera-se que a qualidade da
radica na necessidade de realizar pelo idoso activi- relação prévia entre o cuidador e o idoso, as per-
dades até aí desempenhados pelo mesmo. Essa cepções do cuidador relativamente às dificuldades
relação de dependência é, para ambos, complexa, e as estratégias de coping por ele accionadas são
já que se alteram as relações de poder. factores que explicam a razão pela qual alguns
Na verdade, a relação de dependência vai interferir cuidadores cometem actos de violência e de abuso
numa esfera muito pessoal do idoso: a sua intimi- e outros não. Apesar do reconhecimento geral de
dade. Consequentemente, gera-se uma relação de que a prestação de cuidados a um familiar idoso
constrangimento, tanto por parte do idoso, que perde pode ser levada a cabo desprovida de qualquer
a sua privacidade, coma pelo próprio cuidador, que afeição, alguns autores salientam que a ausência
pode ter de assumir as tarefas de natureza estrita- de satisfações pode e deve ser encarada como
mente intimas com o familiar dependente. indicador de uma frágil e abusiva relação (Nolan,
Grant e Keady, 1996).
Se o cuidador for o conjúge, essa relação poderá
assumir contornos menos embaraçosos, pois será
redefinida a partir de uma relação de intimidade pre-
viamente existente. Já para os filhos, essa relação
terá de ser construída. Por exemplo, quando a
relação se processa entre pai e filha, os constrangi-
mentos poderão ser altamente complexos, pois, na
sociedade actual, a exposição do corpo é ainda alvo
de algum preconceito. Permitir tocar, principalmente
nos órgaos genitais de outro, representa algo incó-
modo numa cultura em que a sexualidade é alvo de
preconceitos e controlada por fortes princípios
morais e conservadores. Daí que, expor o corpo e
ser tocado pelo conjúge seja menos penoso do que
por filhas ou noras (Mendes, 1998).
É ainda oportuno salientar que, por vezes, ocorre
urn autêntico colapso na relação entre o cuidador e
o idoso, podendo gerar situações de abuso e maus
tratos, que vão desde a violência física e agressões
verbais ate ao uso indevido dos bens do idoso.

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APROFUNDAMENTO
TEXTOS DE

TEMÁTICO
O texto apresentado em seguida foi retirado de: Em simultâneo, os contextos da família e idoso
Sousa, L. (2004). O recurso aos apoios formais: a caracterizam-se por favorecer maior dependência
família, o idoso e os cuidado(re)s formais. In Sousa, emocional e menor dependência física, o respeito
L., Figueiredo, D. & Cerqueira, M. Envelhecer pela autonomia do idoso, ou a capacidade do idoso
em família - Os cuidados familiares na velhice afirmar a sua autodeterminação são, em geral,
(p. 88 - 90). Porto: AMBAR - Ideias no Papel, S.A. superiores; por oposição,aqueles que unem os
idosos aos profissionais, são de dependência física
A relação entre familias e profissionais e perda de autonomia, pois os técnicos tendem a
assumir uma postura "imperialista", (Jenkins, 1991)
A conjugação de diferentes factores e contextos na deduzindo a sua cultura como superior.
relacão de cada um dos dois sistemas executivos
(familiares e profissionais) corn o idoso, por quem O que foi referido não invalida que entre as função
são simultâneamente responsáveis, resulta na dis- da família e dos sistemas de apoio haja
tinção das respectivas funções (figura I). Permite, sobreposição e interpenetração, o que seria de
ao mesmo tempo, a compreensão da especificidade esperar, pois, junto do elemento comum (o idoso),
funcional (Relvas, 1996). partilham finalidades idênticas ou, pelo menos,
complementares: o bem-estar físico e emocional do
O factor tempo apresenta-se coma um dos funda-
idoso. Contudo, a análise diferencial permite perce-
mentais: a relação do idoso com os serviços e seus
ber alguns mal-entendidos que se geram nesta
profissionais é limitada ao final da vida, mas
relação.Nas circunstâncias atrás descritas, é natu-
prolonga-se, por norma, até ao momento da morte;
ral que os familiares sintam que os profissionais
a relação com a família é vitalícia e resulta da
são pouco atenciosos e carinhosos, pois repartem
gestão de relações ao longo de toda uma vida.
a sua acção por varios utentes e tratam todos de
Outra dimensão prende-se corn a exclusividade ou igual modo. É, igualmente, lógico que os profissio-
individualização da relação. Este factor pesa mais nais sintam as famílias como insistentes e demasia-
do lado da família; por muito que os profissionais do exigentes, uma vez que se centram no seu famí-
conheçam, teoricamente, os processos de desen- liar, enquanto os profissionais têm de atender um
volvimento individuais e familiares, perdem para a conjunto de outros pacientes. Apesar de parecer
família no que respeita ao conhecimento daquela contraditório, este contexto, fomenta que os pro-
pessoa. Porém, em alguns casos, os profissionais fissionais percebam as famílias, frequentemente,
podem mesmo conhecer melhor aquele sujeito, na como pouco colaborantes, pois enquanto os técni-
fase da velhice, do que os familiares (se estes se cos se centram exclusivamente ern aspectos de
afastarem). cuidados e tratamentos de saúde, a família está
preocupada corn um conjunto de outras circunstân-
Os familiares têm uma relação individual corn o seu
cias da sua vida e do idoso.
ente querido de uma vida, reconhecem as suas
expressões, identificam os seus humores, prevêm
as suas reacções... Por outro lado, esta pessoa não
e a única que os profissionais atendem; e mais uma.
Contudo, os profissionais têm tendência a assumir Familia Profissionais
que sabem mais sobre o idoso do que a família, Factores
deduzindo que os seus conhecimentos profissionais Relação vitalícia Tempo Relação limitada
ou os anos de prática lhes garantem uma percepção
Maior Exclusividade/ Menor
mais precisa dos problemas e necessidades. Individualização
Urn outro factor diz respeito ao número e variedade
Funções
de contextos em que cada uma das relações (profis- Controlo afectivo Socialização Generalização
sionais-idoso e idoso-família) têm probabilidade de
ocorrer. Obviamente, esse número é mais restrito Quase exclusiva Prestação
do lado dos serviços; aí o idoso situa-se num con- de cuidados
texto específico de apoio, cuidados e/ou tratamen- (In)depedência Depedência
Contextos
tos. Na família, os contextos são muito mais fle- Variabilidade Restrição
xíveis e menos restritos, tanto em número como nas
finalidades, mesmo quando se trata de prestar Adaptado de ReIvas, 1996: 142.
cuidados a um idoso dependente.
Figura I - A relação entre familias e profissionais

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INFORMAÇÃO ÚTIL
OUTRA INFORMAÇÃO ÚTIL

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MANUAL DO FORMADOR

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BIBLIOGRAFIA

BIBLIOGRAFIA ACONSELHADA

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Pimentel, L. (2005). O lugar do idoso na família: contex-


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Reis, M. (2005). Aspectos médico-legais. In Castro-


-Caldas, A., & Mendonça, A. A Doença de Alzheimer e
outras demências em Portugal (p. 213 - 226). Lisboa:
LIDEL- Edições Técnicas, lda.

Ruipérez, I., & Llorente, P. (1998). Geriatria (M. T. R.


Teixeira, trad.). Rio de Janeiro: McGraw-Hill
Intramericana do Brasil, Ltda. (Obra original publicada
em 1996)

Touchon, J., & Portet, F. (2002). Guia Prático da Doença


de Alzheimer. Lisboa: Climepsi Editores.

Referências de página de internet:

http://www.viver.org

http://www.projectotio.net

http://www.medicosdeportugal.iol.pt/action/2/cnt_id/838/

http://www.alzheimerportugal.org/clientSite/

http://www.parkinson.pt
106
OUTROS AUXILIARES

COMPLEMENTARES
DIDÁCTICOS
OUTROS AUXILIARES
DIDÁCTICOS COMPLEMENTARES

Videograma
Cuidar do idoso com demência

Manual do formando
Cuidar do idoso com demência

107
CONTACTOS ÚTEIS

CONTACTOS ÚTEIS

Santa Casa da Misericórdia de Mértola Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de


Achada de São Sebastião Doentes de Alzheimer
7750-295 Mértola SEDE: Av. de Ceuta Norte, Lote 1
Tel.: 286 612 121 Lojas 1 e 2 - Quinta do Loureiro
Fax: 286 612 184 1350-410 Lisboa
Tel.: 21 361 04 60 / 8
E-mail: scmertola@clix
Fax : 21 361 04 69
E-mail (Geral): alzheimer@netcabo.pt
IFH http://www.alzheimerportugal.org/clientSite/
Instituto de Formação para o Desenvolvimento E-mail (Geral): alzheimer@netcabo.pt
Humano
Av. dos Combatentes da Grande Guerra, 1C Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson
2890 - 015 Alcochete Bairro da Liberdade, Lote 13 - Loja 20
E-mail: geral@ifh.pt 1070-023 Lisboa
Tel.: 213 850 042
Associação Indiveri Colucci E-mail: apdparkinson@clix.pt
Rua Lino Assunção, 6 - Paço de Arcos www.parkinson.pt
2770-109 Paço de Arcos
Tel.: 214 468 622 APG
Associação Portuguesa de Gerontopsiquiatria
Fax: 214 410 188
Serviço de Psicologia da Fac. Med. Univ. Porto
E-mail: geral@colucci.pt Al. Prof. Hernâni Monteiro
4200-319 Porto
Casa de Repouso de Paço d’Arcos Tel: 22 502 39 63
Rua José Moreira Rato, 2 - 2A Fax (Psicologia): 22 508 80 11 (FMUP): 22 551 01 19
2770-106 Paço de Arcos E-mail: info@apgerontopsiquiatria.com
Tel.: 214 427 520 / 214 427 570 / 214 437 421 http://www.apgerontopsiquiatria.com/estatutos.php
Fax: 214 417 003
E-mail: casa.repouso@colucci.pt Centro de Neurociências
www.colucci.pt e Biologia Molecular de Coimbra
Departamento de Zoologia, Universidade de Coimbra
Clinia - Clínica Médica da Linha 3004-517 Coimbra
Tel.: 239834729 / 239822752
Rua Lino Assunção, 6, Paço de Arcos
Fax: 239826798 / 239822796
2780-637 Paço de Arcos http://www.uc.pt/cnc
Tel.: 214 468 600
Fax: 214 410 188 Sociedade Americana de Neurociências
E-mail: geral@clinia.pt http://web.sfn.org/
www.clinia.pa-net.pt
Instituto de Farmacologia e Neurociências
Instituto de Medicina Molecular - Faculdade de
Medicina de Lisboa
Av. Prof. Egas Moniz
1649-028 Lisboa
Tel.: 217985183
Fax: 217999454
http://www.neurociencias.pt/

Alzheimer Europe
http://www.alzheimer-europe.org/

SPAVC
Sociedade Portuguesa de AVC
Rua Afonso Baldaia, 57
4150-017 Porto
Tel.: 226168681/2
Telemóvel: 936168681/2
Fax: 226168683
E-mail geral: info@spavc.org
E-mail da Direcção: dir@spavc.org
E-mail do secretariado: secretariado@spavc.org
http://www.spavc.org/

Alto Comissariado da Saúde


Ministério da Saúde
Avenida João Crisóstomo, 9, 7º piso
1049-062 Lisboa
Telef. 21 330 5000 Fax 21 330 5190
E-mail: acs@acs.min-saude.pt
108 http://www.acs.min-saude.pt/ACS
AGRADECIMENTOS
AGRADECIMENTOS

Nenhum projecto é possível sem a colaboração e


a parceria dos diferentes actores sociais.

Não seria justo, portanto, não deixar, um agrade-


cimento profundo às entidades com quem esta-
belecemos parcerias estratégicas que permitiram
o desenvolvimento dos manuais técnicos e
videogramas deste projecto.

O nosso obrigado ainda aos utentes e aos profis-


sionais dessas instituições, dos mais aos menos
novos, que participaram de forma generosa nas
diversas filmagens, e que reconhecendo a
importância do nosso trabalho nos deram o alento
e a motivação necessária na prossecução dos
objectivos ambiciosos a que nos tínhamos proposto.

Destaque especial para a parceria com a


Associação Indiveri Colucci - Casa de Repouso de
Paço d'Arcos / Clínica Médica da Linha, pelo apoio
no desenvolvimento, permitindo, no local, traba-
lhar e filmar situações-chave comuns às insti-
tuições de apoio ao idoso, de uma forma positiva em
ambiente de grande qualidade, com a colaboração
activa de toda a sua prestigiada equipa técnica.

O nosso reconhecimento muito particular ainda a


todos os colaboradores e funcionários da Santa
Casa da Misericórdia de Mértola e particularmente
aos seus utentes do século XXI.

A todos, o nosso Bem Hajam.

109
ENTIDADE PROMOTORA

ENTIDADE PARCEIRA

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