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Introdução
Este documento é um resumo do um vídeo do BenCB sobre como jogar flushdraws. Inicialmente a
minha intenção seria realizar um estudo organizado e que eu pudesse consultar mais tarde, de forma
prática.
Posteriormente ocorreu-me que poderia haver bastante utilidade na partilha com os membros da
Reglife, tanto pela melhoria do próprio documento através das sugestões dos membros, como pelo
prazer de ajudar o próximo na melhoria dos seus skills, principalmente aos que não entendem inglês e
se vêem limitados nos conteúdos a que podem aceder.
Tudo o que irão ler são na sua grande maioria, traduções directas, dos pontos fundamentais tratados
no vídeo. Nalgumas situações, de forma a melhor expor o assunto em estudo, acrescentei algumas
considerações ou interpretações implícitas.
Sugiro que o vejam enquanto lêem o resumo como forma efectiva de trabalho. O link encontra-se no
topo desta página.
Temos que ter a capacidade para foldar mãos que são fortes mas que em determinados contextos são
fracas, é importante não ficarmos “agarrados” à ideia da sua força absoluta.
O melhor exemplo disto é AA: humanamente assimilamos a uma mão vencedora mas que poderá ser
uma mão com fraca equidade em determinados flops e run outs.
Nunca é EV- dar raise com um flushdraw mas muitas vezes coloca-nos numa situação complicada
onde começamos a cometer erros.
Contribuição do membro: Fábio Grimba
OR UTG
Damos call na BB
Claro que muitas vezes queremos jogar os nosso flushdraws de forma agressiva, se apenas dermos
call vai ficar muito fácil de jogar contra nós e seremos facilmente explorados, especialmente por ad-
versários melhores. Hoje em dia Cbeta-se muito mais e faz mais sentido jogar os draws de forma mais
agressiva.
Vamos analisar o spot em causa, para as 35bbs que estão a ser jogadas e assumindo que ele aposta
1/3 como fez.
Este valor de CBet é demasiado frequente, existem algumas combos que ele deve Cbetar tão grande
como possível já no flop, especialmente overpairs e top pairs vulneráveis pois é uma board dinâmica
que conecta bastante com o range da BB.
Então assumindo que estamos na BB e enfrentamos Cbet de 1/3 nuts flushdraws querem raisar muito
frequentemente, alguns K high flushdraws.
Se temos duas overs nunca é demasiado mau dar raise, essencialmente quando temos A high/K high
ou duas overs ou quando temos duas overs (e neste caso até temos alguns backdoors straight).
Se enfrentarmos um reraise all in vamos ter que foldar mas se for apenas uma simples 3bet podemos
decidir de shovamos ou damos call, dependendo do jogador. Penso que 3bets nestas boards serão
frequentemente mãos muitos fortes. Se jogarmos contra um desconhecido, provavelmente devemos
foldar para raise.
Tx FD basicamente nunca raisam a não ser que tenhamos fortes brackdoors straigh, como J6 ou J7.
Assim como 64s. Se tivermos gutshot e flushdraw não há muito que pensar
Contribuição do membro: Fábio Grimba
Isto pode parecer muito simples mas vejo muitos jogadores a fazer asneira.
Simplificando, raisamos Ax FD alguns Kx FD e damos apenas call com os flushdraws mais pequenos.
O EV entre raisar ou dar call é praticamente igual mas ao darmos raise com
demasiados draws fracos começamos a colocar-nos em situações em que vamos cometer erros, como
fazer “big stupid bluffs” em potes grandes que irão prejudicar a nossa win rate.
Se dermos raise com os nuts FD teremos uma decisão fácil no river pois não queremos bloquear os FD
falhados do vilão e temos algum showdown value. Se tiveres um T ou 9 high FD temos run outs onde
vamos blufar e outros onde não vamos blufar.
Se aumentarmos as stacks para 100bbs e enfrentarmos uma bet de 1/3 vamos dar raise principal-
mente com os nuts flushdraws e vamos ter ainda menos raise com pequenos flushdraws.
Contribuição do membro: Fábio Grimba
• Blufar no river draws falhados mais fracos e não os mais fortes (10 min)
Quando temos um draw falhado queremos blufar os mais fracos, não queremos blufar os mais fortes
como A high ou até alguns K high.
Imaginando que damos call à flop cbet 3/4 - (quanto maior for a cbet menos raise queremos dar).
Se ele checar turn, queremos blufar os nossos draws mais fracos e não os mais fortes, que têm SD
value e bloqueiam o range de fold do vilão.
7 high FD, Q high FD (com KQ bloqueamos duas broadways e isso é demasiado no range de fold do
vilão)
Contribuição do membro: Fábio Grimba
Podemos fazer uma value/block bet com um 8 ou 9. O T no river n nos assusta muito pois QT, JT serão
blufes naturais no range do vilão (no turn, creio), portanto só teremos receio de AT ou KT. Portanto
com K8 ou Q8, por exemplo, temos uma clara value bet.
Quando apostamos 1/3 do pot no river, por outro lado, AK, AQ e AJ de espadas representam uma
parte considerável do range do vilão, que neste turn em causa vai querer dar muito check para se
proteger de x-r, pois teremos muitos dois pares e sequências.
Contribuição do membro: Fábio Grimba
Nós, BB, poderíamos jogar em x-shove T9 ou 97 de espadas ou alguns combo draws como KT ou QT
de espadas.
Isto ajuda-nos a ser rentável e não consigo uma situação em que isto não o seja.
• Dar check back com os flushdraws mais fracos com menos de 30BB (13
min)
Quanto mais curtos ficamos mais o poker se torna um jogo de protecção, de negação de equidade.
Com pequenas strack facilmente o adversário pode shovar e é nossa responsabilidade proteger essa
equidade, especialmente com draws que são dominados por draws melhores.
Cbetamos contra a BB e o turn é um K. Se Cbetarmos turn o vilão poderá shovar os seus K, para receber
call de um A ou para proteger de flushdraws. Até poderá shovar, por exemplos, QJ de ouros, se pensar
que isso no pode foldar um A.
Contribuição do membro: Fábio Grimba
No flop podemos usar também sizes maiores mas o size mais recomendado é 1/6 do pote.
Perante uma cbet de 1BB ele terá muitos folds automáticos, como J5 de copas.
No turn surge um K e começamos a ter alguns checks, como T8, QJ, JT. É uma board em que temos
muitas outs que nos podem complicar a mão, especialmente por estar dobrada. Por exemplo: se o
vilão dá raise com K5 e no river vem 5 de ouros teremos reverse implied odds.
Contribuição do membro: Fábio Grimba
O K no
turn na verdade fortalece mais o range dele do que o nosso. De facto ele deveria ter cerca de 50% de
lead neste turn.
Então, simplificando, a forma como jogo estas situações é dando check back os meus draws mais fra-
cos e vou apostar alguns do meus draws mais fortes e assim terei sempre flushdraws no meu range
de check back. Nunca é um erro apostar qualquer flushdraw mas se enfrentarmos raises poderá correr
mal.
Também poderemos assumir outros turns, imaginemos que é o 7 de copas e que o vilão deu check.
Contribuição do membro: Fábio Grimba
Se apostamos 4bb flop em vez da 1bb das situações anteriores, com K no turn, também teremos muito
check com estas mãos.
Se apostamos 4bb flop em vez da 1bb das situações anteriores, com 4 de paus no turn, também tere-
mos muito check com estas mãos.
- apostaremos as que não nos importaremos de foldar, é uma estratégia mais polarizada. Apostaremos
22-77 para o fazer foldar um 9, alguns K e alguns floats com broadways.
• Não dar call a com flushdraw quando o size do vilão não nos dá a equi-
dade necessária (20 min)
Enfrentando uma aposta do valor do pote foldamos 100% das vezes. Dar raise é uma opção mas se
deixássemos a simulação correr mais tempo também seria um claro fold.
No turn, quando tempos um flushdraw OOP e o vilão aposta 2/3, ¾ ou 100% do pote nós temos apenas
18% de hipóteses de acertar (9 outs), logo temos que foldar flushdraws que não têm outs adicionais.
Não podemos dar call a uma aposta 100% do pote (necessitaríamos de 33% de equidade) onde temos
apenas 18% de hipóteses de acertar o flush.
Nota: para entender os cálculos anteriormente descritos é importante estudar outs, odds (equidade)
e implied odds (equidade implícita). Existe, inclusivamente, um vídeo anterior do BenCB que explica
estes conceitos.
Regra básica para dar call: quando enfrentamos uma aposta maior do que 2/3 do pote e temos um
flush draw sem over cards adicionais temos um fold fácil.
Só quando temos over cards ou gutshot é que começamos a chegar perto de um call break even.
Na prática, com high card e gutshot (OOP) e perante uma aposta de 100% do pote do vilão no turn
(necessitaríamos 33%), poderemos dar call pois teremos:
- 12 outs para flush ou sequência, que conseguiremos 24% das vezes; a sequência fica muito bem
disfarçada, o que representa ainda alguma equidade adicional;
- implied odds, ou seja, equidade extra quando tivermos a melhor mão e extrairmos fichas no river.
Também existem algum reverse implied odds, (por exemplo, qd o vilão tiver nuts flushdraw e nós K
high flushdraw) mas vai ser muito menos frequente do que as situações anteriormente descritas.
Outro cenário: mesmo spot mas lideramos turn com 1/3 do pote e enfrentamos um raise de 3x a nossa
aposta.
Regra geral: perante um raise de mais de 3x a nossa lead no turn, todas os nossos flushdraws que não
tiverem adicionalmente overcards A ou K, straightdraw ou gutshot, podemos foldar. Por vezes até
com o A ou K como high cards pode ser um call de EV negativo.Dica off topic adicional
Contribuição do membro: Fábio Grimba
Cuidado com os open raises de suited connectors em EP, quando estamos deep. Queremos joga-los
em posição e contra tight range. Deep não queremos abrir 87s UTG e levar flats de jogadores que
também estão deep com K8s, K7s, Q8s, para além dos A7s e A8s. E quando acertarmos o flush e o
pote ficar grande, muitas das vezes vamos estar dominados. Quanto mais deep estamos, menos a
nossa equity realization. Os ranges são baseados em pesquisas GTO e não são aleatórios.
Contribuição do membro: Fábio Grimba
Este trabalho exaustivo foi-me bastante útil para refletir sobre a minha forma de jogar flushdraws.
Apesar de não transformar completamente o meu jogo, irá permitir-me ajustar alguns spots específi-
cos e ter mais clarividência sobre a forma como os adversários abordam este tipo de mãos.
Este vídeo é dos melhores conteúdos pós flop gratuitos que já vi. Sinto que os vídeos do BenCB estão
a ganhar uma nova didáctica, sendo apresentado por tópicos e onde podemos ver na barra de pro-
gresso do youtube a divisão clara dos mesmo, o que permite saltos cirúrgicos durante na visualização
com vista a um estudo mais efectivo.
Mesmo depois do upload no reglife estarei aberto a alterações de forma a mantermos o melhor con-
teúdo. Estou também aberto a discutir sobre o assunto e implicações na nossa abordagem aos tipo de
cenários discutidos.
Espero que tenham gostado e vos tenha sido útil. Reglife rulez!!
Fábio Gimbra