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Ano Letivo 2020/2021

Preparação Exame Biologia e Geologia


EVOLUÇÃO BIOLÓGICA
Data: ___/dezembro/2020

Segundo as teorias atuais, provavelmente a vida surgiu por volta de 3,8 biliões de anos.
Segundo a teoria científica mais aceite, processos químicos ocorridos sob determinadas condições
atmosféricas e geológicas da Terra primitiva teriam produzido as primeiras moléculas orgânicas. Parte
dessas moléculas, nos oceanos, teria formado unidades isoladas capazes de reproduzir-se e comportar-
se como entidades vivas.

Biomoléculas na “sopa” primitiva

Procarionte primitivo

A vida terá evoluído a partir de organismos simples, os procariontes, dos quais terão surgido os
eucariontes.
As hipóteses autogénica e endossimbiótica apresentam mecanismos explicativos desta evolução.

A célula procariótica terá sofrido sucessivas


invaginações da membrana plasmática, que se
isolaram e deram origem a membranas internas que
rodearam compostos e com posterior Célula eucariótica
especialização, originaram os atuais organitos.
EVIDÊNCIA ATUAL: as bactérias possuem
mesossomas (invaginações membranares que quase Procarionte ancestral da célula eucariótica
sempre apresentam acumulações de enzimas). Procarionte
De acordo com a teoria da evolução os primeiros organismos vivos na Terra seriam os mais simples, a
partir do qual teriam evoluído os organismos mais complexos.
A hipótese mais aceite sobre o modo de nutrição dos primeiros seres vivos era a hipótese heterotrófica,
pois os organismos mais simples não tinham ainda desenvolvido a capacidade de produzir as suas
substâncias orgânicas, alimentando-se de moléculas orgânicas produzidas de modo abiogénico e
acumuladas nos mares e lagos primitivos.

Estes seres primitivos deviam extrair energia das moléculas orgânicas através de processos bioquímicos
relativamente simples, como a fermentação. Seriam assim organismos heterotróficos e anaeróbios
obrigatórios, já que não existia oxigénio no ambiente.

Com o passar do tempo, a fonte de alimento terá diminuído, principalmente devido ao aumento do seu
consumo pela população crescente de organismos heterotróficos anaeróbios fermentadores, gerando-se,
entre eles, uma competitividade cada vez maior pelas substâncias orgânicas do meio. Por outro lado, a
libertação de CO2 pelos processos anaeróbios aumentou consideravelmente a quantidade disponível
deste gás.

Paralelamente as mudanças climáticas na Terra primitiva começaram a dificultar a síntese e a acumulação


de matéria orgânica, a partir do metano, da amónia e de outros gases, como até aí acontecia.
Supõe-se que, nessa época, algumas linhagens daqueles seres pioneiros já teriam evoluído ao ponto de
alguns deles possuírem pigmentos, como a clorofila, capazes de absorver a energia luminosa.
Usando esta energia, estes seres teriam conseguido aproveitar a abundância de água e CO2 do meio para
a síntese das suas substâncias orgânicas, deixando, então, de depender da matéria orgânica do meio,
disponível em menor quantidade. Assim, ter-se-iam formado os primeiros organismos fotoautotróficos.
Neste processo fotossintético libertava-se o O2, gás que ainda não existia na atmosfera terrestre.

Os estromatólitos (indicados pela seta na figura), são colónias formadas por cianobactérias, que são seres
fotossintetizantes. Fósseis de estromatólitos foram encontrados em rochas com cerca de 3 mil milhões
de anos, indicando que as formas
primitivas de vida podem ter sido
parecidas com os procariontes atuais.

Uma vez que o O2 passou a fazer parte


do ambiente primitivo, aqueles
organismos que por mutação
adquiriram capacidade de aproveitá-lo
no seu metabolismo, teriam sido
positivamente selecionados e
passaram a aumentar em número.
Assim surgiu o processo de respiração
aeróbia, nos organismos anaeróbios
facultativos e, posteriormente, os
organismos aeróbios.

A capacidade de utilizar substâncias simples e energia da luz solar permitiu que as bactérias
fotossintetizantes primitivas invadissem os mares e todos os ambientes húmidos do planeta. A
proliferação foi tanta que o O2 libertado por essas bactérias teria alterado significativamente a
composição da atmosfera terrestre. Há cerca de 2,5 biliões de anos, a concentração de O2, praticamente
inexistente até então, aumentou progressivamente até atingir a percentagem atual, ≈ 21%.

O O2 libertado na atmosfera devido à explosão populacional dos seres fotossintetizantes provavelmente


causou grande impacto ambiental. Segundo a bióloga Lynn Margulis o oxigénio, precioso nos dias atuais,
foi um terrível poluente atmosférico para a maioria dos seres que habitavam o planeta há
aproximadamente 2 biliões de anos. Os organismos anaeróbios obrigatórios, que ainda não tinham
desenvolvido processos para se proteger dos efeitos nocivos do gás oxigénio, morriam.
Atualmente, todos os seres vivos (exceto as bactérias anaeróbias obrigatórias) têm eficientes mecanismos
químicos de proteção contra os efeitos oxidantes do O2.
A oxidação controlada das substâncias orgânicas utilizadas como alimento garantiria, aos organismos que
já faziam a respiração aeróbia, uma alta eficiência na obtenção de energia.

De acordo com esta hipótese proposta pela microbiologista, Lynn Margulis, em 1981, as mitocôndrias e
os cloroplastos antes de serem organelos celulares, eram organismos procariontes aeróbios de vida livre
que, num passado distante, se associaram às primitivas células heterotróficas anaeróbias.
Esta é a ideia central da hipótese endossimbiótica, ou hipótese simbiogénica. O termo simbiose, que
compõe ambas as denominações, significa “viver juntos”.

A principal pressão seletiva ambiental que teria conduzido a estas associações surgiu com a gradual
acumulação de oxigénio na atmosfera, produzida por organismos fotossintéticos. Nestas circunstâncias,
o oxigénio seria tóxico para as células anaeróbias e, assim, estas tiveram vantagem em deixar entrar no
seu interior os procariontes aeróbios (futuras mitocôndrias) pois tinham mais probabilidade de
sobreviver, já que conseguiriam utilizar o oxigénio.

Assim os procariontes aeróbios de pequenas dimensões entraram por endocitose nas células anaeróbias
de grande tamanho, permanecendo no seu citoplasma e passando aí a replicar-se, em sincronia com as
células hospedeiras. Esta associação teria então criado células mais eficientes, capazes de gerar mais
moléculas de ATP por mol de glicose. A vantagem para a bactéria hóspede seria a proteção e a receção
de nutrientes. Com isto, estas bactérias teriam dado origem, ao longo da evolução, às atuais
mitocôndrias.

Posteriormente, um processo semelhante teria ocorrido com a ingestão de cianobactérias, capazes de


realizar a fotossíntese. A célula hospedeira teria então incorporado um precioso processo de síntese de
matéria orgânica em troca da proteção e do fornecimento de substâncias necessárias ao metabolismo
fotossintético da bactéria. Deste modo, teriam surgido os atuais cloroplastos.

RESUMINDO:
 Uma grande célula procariótica ou eucariótica ancestral (com núcleo), heterotrófica e anaeróbia
obrigatória, teria captado outras, provavelmente aeróbias e fotossintéticas, de menores dimensões
que sobreviveram e permaneceram no seu interior resistindo à digestão (células hóspedes).
 As células capturadas estabeleceram relações de simbiose com a célula hospedeira.
 A cooperação foi tão eficaz que os diferentes elementos se tornaram dependentes e passaram a
constituir organismos singulares estáveis.
 As células-hóspedes constituíram-se como organelos da célula hospedeira, formando-se uma célula
eucariótica.

Lynn Margulis considerava que o núcleo celular seria o produto da endossimbiose com uma arquea.
Entretanto, a teoria mais aceite atualmente pelos cientistas propõe que o núcleo teria sido formado por
invaginações da membrana plasmática.
https://www.youtube.com/watch?v=Maf_v-37nlM
Representação esquemática dos processos que deram origem à célula eucariótica segundo a
hipótese endossimbiótica (ou simbiogénica) (Representação sem escala, cores-fantasia):

De A a C, formação de compartimentos membranosos internos por invaginação da membrana plasmática. Em D e


E, origem das mitocôndrias por endossimbiose. Em F e G, origem dos cloroplastos por endossimbiose. A célula
representada em G seria a ancestral de todas as algas e plantas (fotoautotróficos), enquanto a representada em H
teria dado origem aos protozoários, aos fungos e aos animais (quimioheterotróficos).

EVIDÊNCIAS ATUAIS:
 Mitocôndrias e cloroplastos assemelham-se a bactérias na forma, tamanho e estrutura.
 Estes organitos produzem as suas membranas internas, dividem-se independentemente da célula e
contêm DNA em moléculas circulares não associadas a histonas (como as bactérias).
 Os seus ribossomas são idênticos aos das células procarióticas.
 Atualmente encontram-se associações simbióticas entre bactérias e alguns eucariontes.
 A síntese proteica das mitocôndrias e dos cloroplastos é inibida por substâncias inibidoras de
procariontes (estreptomicina e cloranfenicol), mas não por inibidores de eucariontes (cicloeximida).
 O aminoácido iniciador da cadeia polipeptídica de uma mitocôndria ou de um cloroplasto é a
formilmetionina, como nas bactérias, e não a metionina, como nos eucariontes (e nas
arqueobactérias).
 Existem organismos eucariontes que não possuem mitocôndrias. A formação da membrana nuclear
antecedeu a incorporação das mitocôndrias.

Este Modelo Endossimbiótico que procura explicar a


origem das células eucarióticas, considera que a
associação com as células procarióticas que estiveram na
origem das mitocôndrias foi anterior à associação com as
células que estiveram na origem dos cloroplastos,
baseando-se no facto de que todas as células eucarióticas
possuem mitocôndrias, mas só algumas células (das algas
e das plantas) possuem cloroplastos.

VANTAGENS DA CÉLULA EUCARIÓTICA PARA OS


ORGANISMOS QUE A POSSUEM:
● O número de genes aumentou, o que introduziu uma
maior variabilidade genética na célula, logo uma maior
capacidade de adaptação ao ambiente.
● Ao núcleo, como centro coordenador da célula,
permitiu-lhe um maior e melhor controlo das suas
atividades.
● O número e a variedade de células eucarióticas,
aumentou através dos mecanismos de seleção.
A MULTICELULARIDADE representa um passo evolutivo muito significativo para os seres vivos, pois a
divisão de trabalho que a acompanha permite maior especialização e consequentemente maior eficácia
no trabalho realizado.
Os ancestrais dos organismos multicelulares seriam simples agregados de seres unicelulares, que
formavam estruturas designadas colónias ou agregados coloniais.
Inicialmente todas as células da colónia desempenhavam a mesma função. Ao longo do tempo algumas
das células ter-se-ão especializado em determinadas funções.
Protista Unicelular flagelado

Agregado Colónia em Formação de tecidos por


Células
de flagelados esfera oca invaginação da esfera
reprodutoras
Ex: Volvox - Colónia esférica com especialização, (500 a
50 000) de algas verdes biflageladas unidas por
prolongamentos citoplasmáticos.
Os flagelos das células das camadas exteriores imprimem
movimento à colónia e as células de maiores dimensões
têm função reprodutora.

A diferenciação celular e consequente especialização, em


que se verifica a interdependência estrutural e funcional
das células, ter-se-á acentuado no decurso da evolução,
originando seres multicelulares diferenciados.

VANTAGENS DA MULTICELULARIDADE
A multicelularidade permitiu:
- Uma grande diversidade de formas com adaptação a diferentes ambientes.
- Um aumento do tamanho sem comprometer a eficácia das trocas com o meio externo.
- Uma maior especialização com proporcional eficácia na utilização da energia.
- Uma maior independência em relação ao meio ambiente com manutenção das condições do meio
interno.

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