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Segundo as teorias atuais, provavelmente a vida surgiu por volta de 3,8 biliões de anos.
Segundo a teoria científica mais aceite, processos químicos ocorridos sob determinadas condições
atmosféricas e geológicas da Terra primitiva teriam produzido as primeiras moléculas orgânicas. Parte
dessas moléculas, nos oceanos, teria formado unidades isoladas capazes de reproduzir-se e comportar-
se como entidades vivas.
Procarionte primitivo
A vida terá evoluído a partir de organismos simples, os procariontes, dos quais terão surgido os
eucariontes.
As hipóteses autogénica e endossimbiótica apresentam mecanismos explicativos desta evolução.
Estes seres primitivos deviam extrair energia das moléculas orgânicas através de processos bioquímicos
relativamente simples, como a fermentação. Seriam assim organismos heterotróficos e anaeróbios
obrigatórios, já que não existia oxigénio no ambiente.
Com o passar do tempo, a fonte de alimento terá diminuído, principalmente devido ao aumento do seu
consumo pela população crescente de organismos heterotróficos anaeróbios fermentadores, gerando-se,
entre eles, uma competitividade cada vez maior pelas substâncias orgânicas do meio. Por outro lado, a
libertação de CO2 pelos processos anaeróbios aumentou consideravelmente a quantidade disponível
deste gás.
Os estromatólitos (indicados pela seta na figura), são colónias formadas por cianobactérias, que são seres
fotossintetizantes. Fósseis de estromatólitos foram encontrados em rochas com cerca de 3 mil milhões
de anos, indicando que as formas
primitivas de vida podem ter sido
parecidas com os procariontes atuais.
A capacidade de utilizar substâncias simples e energia da luz solar permitiu que as bactérias
fotossintetizantes primitivas invadissem os mares e todos os ambientes húmidos do planeta. A
proliferação foi tanta que o O2 libertado por essas bactérias teria alterado significativamente a
composição da atmosfera terrestre. Há cerca de 2,5 biliões de anos, a concentração de O2, praticamente
inexistente até então, aumentou progressivamente até atingir a percentagem atual, ≈ 21%.
De acordo com esta hipótese proposta pela microbiologista, Lynn Margulis, em 1981, as mitocôndrias e
os cloroplastos antes de serem organelos celulares, eram organismos procariontes aeróbios de vida livre
que, num passado distante, se associaram às primitivas células heterotróficas anaeróbias.
Esta é a ideia central da hipótese endossimbiótica, ou hipótese simbiogénica. O termo simbiose, que
compõe ambas as denominações, significa “viver juntos”.
A principal pressão seletiva ambiental que teria conduzido a estas associações surgiu com a gradual
acumulação de oxigénio na atmosfera, produzida por organismos fotossintéticos. Nestas circunstâncias,
o oxigénio seria tóxico para as células anaeróbias e, assim, estas tiveram vantagem em deixar entrar no
seu interior os procariontes aeróbios (futuras mitocôndrias) pois tinham mais probabilidade de
sobreviver, já que conseguiriam utilizar o oxigénio.
Assim os procariontes aeróbios de pequenas dimensões entraram por endocitose nas células anaeróbias
de grande tamanho, permanecendo no seu citoplasma e passando aí a replicar-se, em sincronia com as
células hospedeiras. Esta associação teria então criado células mais eficientes, capazes de gerar mais
moléculas de ATP por mol de glicose. A vantagem para a bactéria hóspede seria a proteção e a receção
de nutrientes. Com isto, estas bactérias teriam dado origem, ao longo da evolução, às atuais
mitocôndrias.
RESUMINDO:
Uma grande célula procariótica ou eucariótica ancestral (com núcleo), heterotrófica e anaeróbia
obrigatória, teria captado outras, provavelmente aeróbias e fotossintéticas, de menores dimensões
que sobreviveram e permaneceram no seu interior resistindo à digestão (células hóspedes).
As células capturadas estabeleceram relações de simbiose com a célula hospedeira.
A cooperação foi tão eficaz que os diferentes elementos se tornaram dependentes e passaram a
constituir organismos singulares estáveis.
As células-hóspedes constituíram-se como organelos da célula hospedeira, formando-se uma célula
eucariótica.
Lynn Margulis considerava que o núcleo celular seria o produto da endossimbiose com uma arquea.
Entretanto, a teoria mais aceite atualmente pelos cientistas propõe que o núcleo teria sido formado por
invaginações da membrana plasmática.
https://www.youtube.com/watch?v=Maf_v-37nlM
Representação esquemática dos processos que deram origem à célula eucariótica segundo a
hipótese endossimbiótica (ou simbiogénica) (Representação sem escala, cores-fantasia):
EVIDÊNCIAS ATUAIS:
Mitocôndrias e cloroplastos assemelham-se a bactérias na forma, tamanho e estrutura.
Estes organitos produzem as suas membranas internas, dividem-se independentemente da célula e
contêm DNA em moléculas circulares não associadas a histonas (como as bactérias).
Os seus ribossomas são idênticos aos das células procarióticas.
Atualmente encontram-se associações simbióticas entre bactérias e alguns eucariontes.
A síntese proteica das mitocôndrias e dos cloroplastos é inibida por substâncias inibidoras de
procariontes (estreptomicina e cloranfenicol), mas não por inibidores de eucariontes (cicloeximida).
O aminoácido iniciador da cadeia polipeptídica de uma mitocôndria ou de um cloroplasto é a
formilmetionina, como nas bactérias, e não a metionina, como nos eucariontes (e nas
arqueobactérias).
Existem organismos eucariontes que não possuem mitocôndrias. A formação da membrana nuclear
antecedeu a incorporação das mitocôndrias.
VANTAGENS DA MULTICELULARIDADE
A multicelularidade permitiu:
- Uma grande diversidade de formas com adaptação a diferentes ambientes.
- Um aumento do tamanho sem comprometer a eficácia das trocas com o meio externo.
- Uma maior especialização com proporcional eficácia na utilização da energia.
- Uma maior independência em relação ao meio ambiente com manutenção das condições do meio
interno.