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Comunicação

Empresarial
Módulo 1

Comunicação e linguagem
UNIVERSIDADE POSITIVO
Superintendente – Paulo Arns da Cunha

Reitor – José Pio Martins


Pró-Reitora Acadêmica – Márcia Teixeira Sebastiani

EQUIPE TÉCNICA

Coordenadora de EAD – Manoela Pierina Tagliaferro


Professor Autor – Gustavo Rosas Augusto Laranja
Designers Instrucionais – Tássia Vidal Vieira, Roberta Galon Silva e Danieli Valle
Editora de Conteúdo – Josiane Cristina Rabac Stahl
Ilustradores – Estevan Gracia Gonçalves e Valdir de Oliveira
Diagramadores – Karin Cristine Maestrelli, Thiago Alves Faria e Valdir de Oliveira
Revisoras Ortográficas – Gislaine Stadler de Oliveira Coelho e Juliana Melendres

Copyright Universidade Positivo 2011


Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300, Campo Comprido, Curitiba-PR.
CEP 81280-330
Sumário
Apresentação |
4
Linguagem e interação |
5
5
Língua e código: definições |
7
A linguagem como ponte entre remetente e destinatário |
9
Adequação no uso da linguagem |
Oralidade e linguagem implícita |
13
13
Linguagem oral e linguagem escrita |
14
A linguagem não verbal |
14
Empatia |
17
A noção de linguagem implícita |
21
Respostas dos exercícios |
22
Referências |
22
Minicurrículo do autor |
Comunicação Empresarial
Módulo 1
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Apresentação

Caro Aluno,
O Centro de Educação à Distância (CED), visando qualificar o processo de aprendizagem das dis-
ciplinas do Núcleo de Formação Humana (NFH), elaborou este material para que você possa ter o
conteúdo on-line, bem como uma versão que possibilite a impressão.
Embora o conteúdo on-line seja similar a este, indicamos que inicialmente estude o on-line, pois
conta com recursos audiovisuais que podem facilitar o processo de aprendizagem.
Bons estudos!
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Linguagem e interação
Nosso estudo terá como base o processo
de comunicação. A correção gramatical no uso
da língua tem, evidentemente, sua relevância.
Mas ela por si só não assegura que uma troca
de mensagens será eficaz do ponto de vista da
comunicação. Conhecer as regras gramaticais é
importante, mas não resolverá todos os seus pro-
blemas. O emprego eficaz da língua depende de
vários outros fatores. Mas, afinal, o que é língua?

Língua e código: definições

CONCEITO

Língua é um código, um sistema de símbolos que, com base em convenções, serve como ferra-
menta de comunicação. O português, o inglês e todas as demais línguas nacionais são sistemas de
símbolos. Os falantes de uma língua compartilham um código que permite a troca de mensagens.

É essencial, portanto, que haja um código compartilhado para que a comunicação seja possível.
É preciso haver um consenso com relação ao significado dos elementos utilizados. Também é neces-
sário que haja um acordo que estabeleça as regras de combinação desses elementos. Sem haver
esse consenso, como o destinatário compreenderá a mensagem do remetente?
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Exercício 1
O que pode ser definido como um sistema de símbolos empregado como ferramenta de
comunicação?
a. Linguagem.
b. Oralidade.
c. Pressuposto.
d. Língua.
e. Suposição.

Há vários tipos de códigos além das línguas nacionais. Abaixo vemos um exemplo de código
Braille e do código utilizado em placas de trânsito.

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Ora, por que definir o código se nosso foco é Comunicação? Porque nos deparamos com diferen-
tes códigos em praticamente toda experiência concreta por que passamos. Aqueles que enfrentam
dificuldades para interpretar corretamente tabelas e gráficos, por exemplo, não se dão conta de que
esses elementos empregam uma conjunção de códigos diferenciados. Outros que se frustram por
não reconhecer sinais não verbais emitidos por seus interlocutores também têm de lidar com um
desafio semelhante. Nesse sentido, nossa abordagem será essencialmente distinta daquela asso-
ciada a questões puramente gramaticais. Mesmo o mais profundo conhecedor das regras sintáticas
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de nossa língua não será um comunicador eficaz se não se conscientizar de que, antes de tudo, ele
exercerá uma determinada função dentro do processo de comunicação.

A linguagem como ponte entre remetente e destinatário


A comunicação eficaz requer um código compartilhado. Nossa convi-
vência com o outro depende justamente da ponte criada pela linguagem.
Precisamos cuidar muito bem dessa ponte.
É ela que nos permitirá, juntos, dar sentido às
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coisas e compreender a realidade de modo


aprofundado.
É comum a falta de um código com-
partilhado produzir um efeito cômico. Com frequência, por exemplo,
encontramos comerciais que nos mostram as dificuldades de turistas
que visitam países em que se fala uma língua estrangeira de difícil compreensão. Códigos compar-
tilhados possibilitam a convivência. Em determinados momentos históricos, foi justamente isso que
se procurou evitar. Podemos lembrar o período da Segunda Grande Guerra. Mesmo no Brasil, signos
das culturas alemã, italiana e japonesa foram rejeitados como símbolos do inimigo militar. Clubes,
associações e empresas modificaram seus nomes para evitar perseguições. O próprio ensino das
línguas dessas nações também enfrentou obstáculos.

TEXTO COMPLEMENTAR

A Língua Portuguesa foi o código compartilhado que permitiu a construção de nossa identidade
nacional. Ela teve que se adequar e incorporar contribuições dos diversos povos e etnias que cola-
boraram para que a Ilha de Vera Cruz, descoberta por Pedro Álvares Cabral, se transformasse em
Brasil. Ela ainda cumpre uma função de integração, como você pode comprovar lendo o texto com-
plementar a seguir.
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Terra de poliglotas
Marcelo Leite

A região da Cabeça do Cachorro, no noroeste do Amazonas, fronteira com a Colômbia, é um


exemplo peculiar de território multicultural. Convivem ali, em seis terras indígenas com cerca de 110
mil km² – uma área maior do que a de Portugal –, mais de 21 mil índios de 22 etnias.
Essa parte da bacia do rio Negro é habitada há pelo menos 2.000 anos. As línguas faladas são
muitas, de três famílias – tucano oriental, aruaque e macu – distantes umas das outras e dos troncos
principais tupi e jê. Fala-se também o nheengatu, língua geral formalizada pelos jesuítas, com base
no tupi, em outras paragens do Brasil em formação.
Quem levou o nheengatu para lá foram religiosos católicos, que o espalharam pelo rio Negro.
Nos rios Uaupés, Tiquié e Papuri, vingou como língua franca o tucano, espontaneamente adotado
nos colégios internos multiétnicos da região mantidos pelos padres salesianos até os anos 1970.
O idioma tuiuca, por exemplo, pertence à família tucano oriental. A distância que o separa do
tucano falado por todos no Tiquié é similar à que existe entre o português e o francês. Como os
índios da região só se casam com mulheres de outro povo (sistema exogâmico), é comum uma
pessoa falar três línguas ou mais, incluindo o português.

Escola comunitária

Além da disciplina rígida, se preciso fosse com castigos físicos, os padres proibiam falar as línguas
de origem. Impunham o casamento, condenavam rituais indígenas e habitações coletivas (malocas).
Idiomas como o tuiuca quase desapareceram. Ficou arraigado, porém, o valor dado à alfabetização.
Os grandes colégios internos nas missões – São Gabriel da Cachoeira, Pari-Cachoeira, Taracuá,
Iauareté, Assunção do Içana – foram progressivamente substituídos por escolinhas rurais no nível
mais básico de ensino. Em geral, sob a supervisão de freiras das Filhas de Maria Auxiliadora, outra
ordem salesiana. O apoio governamental, no entanto, começou a minguar.
Em 1988, surgiu a FOIRN, Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro. Com a nova
Constituição e, depois, a Lei de Diretrizes e Bases, ganhou força o projeto de criar escolas próprias,
sob orientação da comunidade.
Em meados dos anos 1990, o movimento das escolas tuiucas, tucanas e baniuas passou a contar
com o apoio do Instituto Socioambiental (ISA), sediado em São Paulo. Havia professores indígenas,
mas que falavam português em classe. Sua reciclagem, em oficinas de matemática, política linguís-
tica e gestão escolar, contou com apoio financeiro da Fundação Rainforest, da Noruega.
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Muitas malocas foram construídas desde então. São usadas só para rituais ou festas e para as
refeições coletivas matutinas, em que cada mulher traz de sua casa o beiju de mandioca e a quinhã-
pira (caldo de peixe apimentado).

Referência

LEITE, Marcelo. Terra de Poliglotas. Folha de S.Paulo, São Paulo, 9 maio 2010. Caderno Mais!.

Exercício 2
A Língua Portuguesa:
a. não sofreu transformações desde a descoberta do Brasil.
b. é um código.
c. permaneceu imune à influência de outras línguas.
d. não é um sistema de símbolos.
e. impediu a integração de povos e etnias que moldaram a identidade nacional.

Adequação no uso da linguagem


A abordagem baseada na comunicação não se prende apenas à descrição do código comparti-
lhado pelo remetente e pelo destinatário. Não basta apenas descrever a língua. É preciso analisar
seu uso em interações concretas. Empregamos a linguagem com determinadas intenções e em con-
textos específicos. Desempenhamos vários papéis no convívio social e nossa forma de empregar a
linguagem varia conforme cada papel.

EXEMPLO

Quando se comunica com seus colegas, fora do ambiente de estudo, você utiliza um determi-
nado vocabulário. Em uma situação formal em sala de aula, você adapta seu modo de falar a esse
novo contexto: há um modo correto de abordar o professor, palavras que não devem ser utilizadas
e assuntos que não têm espaço no contexto acadêmico. Quando interage com sua família, ocorre
nova mudança.
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Veja a seguir o que pode acontecer se não atentamos para essas mudanças de papéis.

EXEMPLO

O mesmo acontece com professores. Em sala de aula, o professor reduz o ritmo de sua fala, recorre
a exemplos sempre que possível e esforça-se para que tudo o que afirma seja perfeitamente claro
para seus alunos. Em casa, se tem filhos pequenos o professor simplifica o vocabulário e as cons-
truções que emprega. Quando interage com seus colegas no trabalho utiliza um terceiro nível de
linguagem, adequado ao contexto profissional.

Nosso estudo enfocará o eixo principal da comunicação: a relação


entre remetente e destinatário. A palavra-chave será interação.
Quando escreve um texto, você não apenas combina elementos
previstos no sistema da Língua Portuguesa; você se comunica com
um determinado destinatário. Esse destinatário poderá diferir de
você em vários aspectos. O repertório de conhecimento, os objetivos
e o domínio da linguagem podem ser diferentes dos seus. Remetente
e destinatário terão de “negociar”, construindo em conjunto um
sentido para aquela determinada troca de mensagens.
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REFLEXÃO

Como concebemos a presença do outro em nosso texto? Quando nos comunicamos, levamos
em consideração os conhecimentos do outro a respeito do mundo? Estamos preparados para lidar
com a distância entre nosso mundo e aquele de quem recebe nossa mensagem?

Quando refletimos sobre o processo de


comunicação, devemos lembrar que o universo
do destinatário pode ser muito diferente daquilo
que imaginamos.
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Exercício 3
Qual é o eixo principal do processo de comunicação?
a. Remetente / destinatário.
b. Destinatário / contexto.
c. Linguagem / remetente.
d. Língua / código.
e. Código / linguagem implícita.

Exercício 4
Indique a alternativa incorreta.
a. Descrever a língua é insuficiente para assegurar uma compreensão de como construir mensa-
gens eficazes do ponto de vista da comunicação.
b. O uso que fazemos da linguagem varia conforme os papéis sociais que desempenhamos.
c. A intencionalidade do remetente é um elemento a ser considerado na leitura que fazemos de
suas mensagens.
d. O significado dos elementos da língua não se altera conforme o contexto em que são
empregados.
e. A abordagem baseada na comunicação não se limita à descrição do código compartilhado
pelo remetente e pelo destinatário.
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Oralidade e linguagem implícita


Ter clareza com relação a quem é nosso interlocutor é essencial. É preciso conhecer nosso desti-
natário de forma a criar uma mensagem que seja verdadeiramente eficaz. Só podemos conhecê-lo
se nos mantivermos atentos às suas necessidades e expectativas, empregando então as ferramen-
tas adequadas para transmitir nossa mensagem. A adequação no uso das ferramentas tem uma
consequência direta para aquilo que de fato procuramos: a eficácia na comunicação.

Linguagem oral e linguagem escrita


Essa eficácia, tanto no ambiente acadêmico como no profissional, depende de uma série de fato-
res. Um deles é a capacidade de distinguir a linguagem oral da linguagem escrita. A linguagem oral
é consideravelmente mais rica que a linguagem escrita. Podemos complementar o texto oral que
emitimos por meio do emprego de uma série de elementos. A mudança de entonação, a alteração
de nossa posição em relação ao destinatário ou o uso de gestos são algumas dessas possibilidades.
Veja um exemplo, citado em um manual de estilo, do que pode acontecer se não atentarmos
para a distinção entre linguagem oral e linguagem escrita:
“A ganância do como fazer é que torna-o irracional e insaciável, considerando que ele constrói
tudo, basta criar, mas isto tem limite, não adianta irmos a lua, construirmos túneis e degladiarmos
por poderio econômico e não esquecermos que a humanidade tem as classes menos privilegiadas
subnutridas, contudo não sabemos caminhar com a tecnologia.”
(FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristóvão. Prática de Texto para Estudantes Universitários. Petrópolis: Vozes,
2007. p. 267.)

Há vários problemas no texto. Há erros de ortografia e de colocação


pronominal, entre outros. Além disso, é difícil identificar a mensagem do
remetente. Ele parece falar do homem e seu papel no desenvolvimento
sustentável da humanidade. Veja uma possível leitura do texto anterior,
tentando preencher as lacunas que a redação original não eliminou:
A ganância de fazer as coisas é que o torna irracional e insaciável.
Considerando que ele tem de construir tudo, é preciso criar, mas há
limites para isso. Não adianta irmos à lua, construirmos túneis e nos digladiarmos por poderio eco-
nômico, mas esquecermos de que as classes menos privilegiadas da humanidade permanecem
subnutridas. Apesar de tudo, ainda não sabemos caminhar com a tecnologia.
Da próxima vez que assistir a uma aula ou a uma palestra, busque atentar para o que o texto oral
emitido pelo professor ou palestrante tem de específico. Repare que as construções muitas vezes
diferem do que seria esperado em um texto escrito ou são complementadas por algum gesto ou
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outro elemento que lhes confira sentido. Como a pessoa se movimenta enquanto fala? Qual é o
efeito dessa movimentação em você e no restante do público?

A linguagem não verbal

TEXTO COMPLEMENTAR

A linguagem não verbal pode ser crucial na interpretação de sua mensagem. Lembre-se de que
seu interlocutor “lerá” seu comportamento tanto quanto avaliará suas palavras. Veja uma implicação
concreta disso no ambiente profissional lendo este texto complementar.

Corpo que fala


Chiaki Karen Tada

Um mero erguer de sobrancelhas ou um enrugar dos lábios significam mais do que uma ação
involuntária. Podem demonstrar se o interlocutor gosta ou não do que está ouvindo – informação
útil em situações profissionais.
Mais da metade do impacto das mensagens vem dos sinais não verbais, afirma a especialista em
comportamento social e comunicação Judi James no livro Linguagem Corporal no Trabalho – Como
Usar os Sinais Não Verbais para Alavancar Sua Carreira, da editora Best Seller.
Parecer interessado na conversa e evitar gestos que indiquem desconforto, diz James, ajuda
quem quer se projetar no trabalho, pois transmite segurança e atenção [...].
Boa parte dos gestos é inconsciente – quem rói a unha de nervosismo ou tamborila os dedos
porque quer terminar a conversa faz isso sem perceber.

Empatia

De forma sutil, a linguagem do corpo ajuda a perceber se o colega está distraído. E os outros
também notam se o profissional está confiante ou se quer se esconder debaixo da mesa.
Esse tipo de conhecimento atrai quem precisa lidar com clientes e equipes internas, criando
empatia com eles para que a conversa possa fluir.
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Sérgio Ribeiro da Cruz, 32, gerente de relacionamento da Medical Systems (soluções em tecno-
logia da informação para a área de diagnósticos médicos), resolveu estudar técnicas para melhorar
a fala e a expressão depois de perceber, durante uma apresentação, que havia pessoas desatentas.
Em um curso feito no Instituto Cláudio Ayabe, aprendeu, junto com técnicas para melhorar a fala,
que era preciso olhar nos olhos dos espectadores, movimentar as mãos sem ser espalhafatoso e
andar pelo palco, “[mas] sem parecer uma bolinha de pingue-pongue”.
Ele pratica a comunicação não verbal também com colegas e superiores. “Se falo algo que merece
um sorriso como resposta, é um bom sinal.”
A empresária Marie Claire Bijoux, 32, que trabalha com produtos de inox para cozinha, foi atrás de
dicas para melhorar a comunicação nos negócios e fez um curso na SBPNL (Sociedade Brasileira de
Programação Neurolínguística).
Além de reparar no tom de voz, atenta no movimento dos olhos, na postura e nos gestos do
interlocutor, para se ajustar. “Abrir uma negociação [com o cliente] é o principal.”
Para que o profissional obtenha melhoras na sua linguagem corporal, Judi James sugere que a
pessoa retalize uma autoavaliação – desde o jeito do corpo até a expressão do rosto quando não
está fazendo nada.
A partir dessas mensagens, sugere a autora, ele pode trabalhar a imagem que quer passar.

Referência

TADA, Chiaki Karen. Corpo que Fala. Folha de S.Paulo, São Paulo, 10 maio 2009. Caderno Empregos.

Ao produzirmos um texto empregando a linguagem escrita, temos de projetar como nosso texto
será recebido pelo destinatário. Não estaremos ao seu lado para sanar dúvidas ou encaminhar a
leitura feita. Por esse motivo, não podemos escrever do mesmo modo que falamos. Temos de reco-
nhecer as limitações e as especificidades da linguagem escrita para que possamos ampliar nossa
capacidade de lidar com elas. É mais uma etapa para chegarmos ao coração e à mente de uma
figura que constantemente nos escapa: o destinatário.
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Exercício 5
Indique a alternativa incorreta.
a. A linguagem oral apresenta mais recursos que a linguagem escrita.
b. A linguagem escrita permite a incorporação de elementos gestuais.
c. A entonação pode contribuir para a definição do sentido de um enunciado.
d. Ao escrever, devemos projetar a recepção que o leitor fará de nosso texto.
e. O uso da linguagem oral permite que verifiquemos a compreensão de nossa mensagem à
medida que falamos.

Exercício 6
A linguagem oral:
a. é tão rica quanto a linguagem escrita.
b. oferece mais ferramentas que a linguagem escrita.
c. oferece as mesmas ferramentas que a linguagem escrita.
d. é mais pobre que a linguagem escrita.
e. é incapaz de representar qualquer conteúdo de modo eficaz.

Exercício 7
O texto “Corpo que fala”, citado anteriormente, aponta que:
a. sinais não verbais são relevantes na avaliação do impacto de mensagens.
b. todos os gestos que fazemos ao conversar são conscientes.
c. erguer as sobrancelhas significa apenas uma ação involuntária.
d. sinais não verbais devem ser desconsiderados na interpretação de mensagens.
e. gestos que indicam desconforto representam a segurança e a assertividade de uma pessoa.
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A noção de linguagem implícita


Vamos agora abordar o seguinte tópico: a linguagem implícita. É importante estudá-la, pois ela
costuma desempenhar um papel fundamental, em especial na interpretação de textos comple-
xos. Aquilo que é subentendido em um texto pode muitas vezes revelar as verdadeiras intenções
do remetente e uma ideologia por trás de mensagens aparentemente despretensiosas. Quando
consideramos a linguagem implícita, é essencial atentar, portanto, para o que não é dito. Os teóri-
cos costumam empregar, a esse respeito, a expressão “subtexto”. Como se costuma dizer, é preciso
saber ler nas entrelinhas.
Vejamos um exemplo em que a importância desse ponto se torna mais evidente.
A maior parte das pessoas condena atitudes abertamente preconceituosas.
Entretanto, determinadas mensagens emitidas por nós muitas vezes
sugerem, de modo implícito, posturas que rejeitamos. Quando você
interage com crianças, por exemplo, que tipo de linguagem emprega?
Você modifica o vocabulário que utiliza? Simplifica as construções gra-
maticais talvez demasiadamente? O que essa atitude revela a respeito de
seu modo de ver a criança?
Esse tipo de adaptação pode ser necessário. Mas também vale apontar que, em interações con-
cretas, muitas vezes tratamos crianças e adolescentes como incapazes de agir e pensar por conta
própria.
Mas a linguagem implícita não está relacionada unicamente a aspectos
preconceituosos do discurso. Todos já passamos pela seguinte experiên-
© privilege / Shutterstock.com

cia: somos capazes de nos comunicar com outras pessoas sem pronunciar
qualquer palavra. Como isso é possível? Nesses casos, é tão profundo o
conhecimento mútuo que a troca de mensagem entre remetente e desti-
natário ocorre mesmo sem o emprego da linguagem verbal.

TEXTO COMPLEMENTAR

  A linguagem implícita também pode ser empregada na busca de um efeito específico.


Acompanhe um texto em que o autor procura justamente explorar esse efeito.
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A vaguidão específica
Millôr Fernandes

As mulheres têm uma maneira de falar que eu chamo de vago-específica.


Richard Gehman

– Maria, ponha isso lá fora em qualquer parte.


– Junto com as outras?
– Não ponha junto com as outras, não. Senão pode vir alguém e querer fazer coisa com elas.
Ponha no lugar do outro dia.
– Sim senhora. Olha, o homem está aí.
– Aquele de quando choveu?
– Não, o que a senhora foi lá e falou com ele no domingo.
– Que é que você disse a ele?
– Eu disse pra ele continuar.
– Ele já começou?
– Acho que já. Eu disse que podia principiar por onde quisesse.
– É bom?
– Mais ou menos. O outro parece mais capaz.
– Você trouxe tudo pra cima?
– Não senhora, só trouxe as coisas. O resto não trouxe porque a senhora recomendou para deixar
até a véspera.
– Mas traga, traga. Na ocasião nós descemos tudo de novo. É melhor, senão atravanca a entrada
e ele reclama como na outra noite.
– Está bem, vou ver como.

Referência

FERNANDES, Millôr. A Vaguidão Específica. Disponível em: <www2.uol.com.br/millor/aberto/textos/005/011.


htm>. Acesso em: 8 jul. 2010.
Comunicação e linguagem 19

Exercício 8
O texto “A vaguidão específica”, de Millôr Fernandes, ilustra:
a. como lacunas percebidas em textos são intransponíveis.
b. que é preciso sermos constantemente explícitos na formulação de mensagens.
c. como o sentido implícito inviabiliza a comunicação.
d. um caso de ineficácia na comunicação.
e. como lacunas podem ser completadas pelo destinatário, gerando sentido para mensagens
aparentemente sem sentido.

Exercício 9
A linguagem implícita:
a. está presente na superfície do texto.
b. não é capaz de revelar as intenções do remetente da mensagem.
c. não deve ser levada em consideração na interpretação de textos.
d. é incapaz de representar ideologias.
e. está presente no subtexto.

O diálogo entre a patroa e a empregada é recheado de subentendidos e mensagens implícitas.


Apesar disso, pode-se dizer que a troca de mensagens entre ambas é plenamente eficaz do ponto
de vista da comunicação. Como definimos essa eficácia? A mensagem enviada foi compreendida
pelo destinatário, conforme a intenção do remetente, apesar das lacunas que precisaram ser preen-
chidas para que a troca de mensagens fizesse sentido.
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© Debbie Schiel / stock.xchng

Exercício 10
Indique a alternativa correta:
a. Não há relação entre “preencher lacunas” e interpretar um texto.
b. Nenhum texto tem lacunas a serem preenchidas.
c. Ao “preencher lacunas”, o leitor completa os “espaços” que o autor deixa em branco.
d. Um texto com lacunas é necessariamente pobre.
e. “Preencher lacunas” significa privilegiar os elementos espaciais na interpretação de um texto.

Neste módulo, abordamos as noções de língua, código, oralidade


e linguagem implícita. Reforçamos ainda a distinção entre linguagem
oral e linguagem escrita. O próximo passo será buscar entender que
há diferentes níveis de linguagem. Adequar o nível de linguagem a
cada interação é essencial para que a comunicação aconteça de modo
eficaz. 
Comunicação e linguagem 21

Respostas dos exercícios


Exercício 1
d) Língua.
Exercício 2
b) É um código.
Exercício 3
a) Remetente / destinatário.
Exercício 4
d) O significado dos elementos da língua não se altera conforme o contexto em que são
empregados.
Exercício 5
b) A linguagem escrita permite a incorporação de elementos gestuais.
Exercício 6
b) Oferece mais ferramentas que a linguagem escrita.
Exercício 7
a) Sinais não verbais são relevantes na avaliação do impacto de mensagens.
Exercício 8
e) Como lacunas podem ser completadas pelo destinatário, gerando sentido para mensagens
aparentemente sem sentido.
Exercício 9
e) Está presente no subtexto.
Exercício 10
c) Ao “preencher lacunas”, o leitor completa os “espaços” que o autor deixa em branco.
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Referências
ANDRADE, Maria Margarida de. Língua Portuguesa: noções básicas para cursos superiores. São
Paulo: Atlas, 2007.
DAVIS, Flora. A Comunicação Não Verbal. São Paulo: Summus, 1971.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix/Edusp, 1969.

Minicurrículo do autor
Gustavo Laranja
Mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-
SP) e Doutor em Estudos Literários pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Fez ainda estudos
de Literatura Comparada na Universidade do Texas em Austin, onde lecionou no departamento de
Espanhol e Português. Participou de congressos, no Brasil e no exterior, apresentando trabalhos na
área de língua e literatura. Entre seus principais interesses de pesquisa estão as áreas de Comunicação
e Literatura Comparada. Atuou por mais de 10 anos no mercado editorial, gerenciando selos de
perfis diferenciados. Foi selecionado pela Feira do Livro de Frankfurt para participar do programa
para jovens editores mantido por aquela instituição. Foi ainda membro da Comissão de Pesquisa da
Câmara Brasileira do Livro. Como produtor cultural, atuou em projetos como “Arte Faz Gente”, “Entre
as Raças” e “O Brasil de Assis Brasil” (incluído no programa Copa da Cultura do Ministério da Cultura
em 2006), ”Dramaturgia Brasileira Hoje” e “A Inglaterra no Tempo de Shakespeare”. Organizou, na
Universidade Positivo (UP), o II Encontro Paranaense de Literatura Infantojuvenil, no qual coordenou
as discussões sobre políticas públicas voltadas à literatura infantojuvenil. É professor do Núcleo de
Formação Humana da UP.

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