Você está na página 1de 105

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

AVALIAÇÃO DE DANO MECÂNICO EM GEOSSINTÉTICOS EM


OBRAS DE DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS

MARUSKA TATIANA NASCIMENTO

Orientador: ENNIO MARQUES PALMEIRA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM GEOTECNIA


PUBLICAÇÃO:G.DM-092A/02

BRASÍLIA/DF
MARÇO/02
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

AVALIAÇÃO DE DANO MECÂNICO EM GEOSSINTÉTICOS EM


OBRAS DE DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS

MARUSKA TATIANA NASCIMENTO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SUBMETIDA AO DEPARTAMENTO DE


ENGENHARIA CIVIL DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA À OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

APROVADA POR:

______________________________________________
PROF. ENNIO MARQUES PALMEIRA, Dphil (UnB)
(ORIENTADOR)

________________________________________________
PROF. JOSÉ CAMAPUM DE CARVALHO, Phd (UnB)
(EXAMINADOR INTERNO)

_______________________________________________
PROF. WILSON CONCIANI, DSc (ETFMT)
(EXAMINADOR EXTERNO)

DATA: BRASÍLIA/DF, 27 DE MARÇO DE 2002.

ii
FICHA CATALOGRÁFICA

NASCIMENTO, MARUSKA TATIANA

Avaliação de Dano Mecânico em Geossintéticos em Obras de Disposição de


Resíduos [Distrito Federal] 2002.
(xviii), 105 p., 210 x 297 mm (ENC/FT/UnB, Mestre, Geotecnia, 2002)
Dissertação de Mestrado – Universidade de Brasília, Faculdade de
Tecnologia, Departamento de Engenharia Civil.
1. Geossintético 2. Ensaio de laboratório
3. Dano mecânico 4. Compressão
I. ENC/FT/UnB II. Título (Série)

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

NASCIMENTO, M. T. (2002). Avaliação de Dano Mecânico em Geossintéticos em Obras


de Disposição de Resíduos. Tese de Mestrado, Publicação G. DM – 092A/02
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, DF
105 p.

CESSÃO DE DIREITOS

NOME DO AUTOR: Maruska Tatiana Nascimento


TÍTULO DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO: Avaliação de Dano Mecânico em
Geossintéticos em Obras de Disposição de Resíduos.
GRAU/ANO: Mestre/2002.

É concedida à Universidade de Brasília a permissão para reproduzir cópias desta


dissertação de mestrado e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósito
acadêmicos e científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte
desta dissertação de mestrado pode ser reproduzida sem a autorização por escrito do
autor.

__________________________
Maruska Tatiana Nascimento
End.: SQN 405, Bloco N, Apto 203
CEP 70 846-140 – Brasília – DF - Brasil

iii
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho inicialmente ao Senhor, sempre


fiel e misericordioso com a minha vida, e também aos
meus amores da terra: minha mãe, minha irmã e os meus
irmãos.

iv
AGRADECIMENTOS

Foi com o coração partido de saudade que consegui realizar este trabalho. Saudade da
minha família, que é o alicerce de tudo o que sou, por isso é com muita alegria e carinho que
agradeço a minha mãe Carmelita, que é uma das mulheres mais dignas e respeitáveis que
conheço, minha irmã “Dinha” que é uma verdadeira “irmãe” , sempre firme atendendo as
minha necessidades principalmente financeiras, o meu ‘Muito Obrigada!’. Agradeço aos meus
irmãos: Paulo (Paloi), o meu irmãozinho que sempre cuidou tão bem de mainha, e me deu
muita força e coragem em muitos momentos difíceis, Roberto (Betoi), que mesmo sendo
casado, nunca deixou de estar presente nesta minha caminhada, Flávio e Carlos de Porto
Velho-RO, que sempre estiveram ao meu lado, Nilbertson, que mesmo ausente, sei que
sempre esteve torcendo por mim! E também ao meu tio Severino Hilário, que eu amo muito.
Jamais poderia esquecer de agradecer as minhas amigas da Paraíba que estiveram
durante este tempo rezando por mim: Myriam, Karlete, Magna, Tatiana, Franknigt, Dayse,
Andréa, Constância, entre outros que com certeza sempre estarão não só rezando mas também
torcendo pela minha felicidade, muito obrigada! Saibam que também podem contar comigo
sempre.
Agradeço de coração a minha amiga Roberta, que esteve dividindo apartamento aqui
em Brasília comigo por um tempo e hoje é uma amiga-irmã, que amo muito.
Não posso deixar de agradecer a Comunidade Católica Ave Maria de Campina
Grande-PB, na qual por um tempo caminhei fazendo muitos amigos dentro, sei que se hoje
continuo buscando a verdadeira felicidade (Deus), foi por um impulso muito firme dado por
esta abençoada comunidade, que é presença certa em meu coração.
Quero agradecer também a Comunidade Católica Shalom, que é o meu abrigo sagrado
hoje em Brasília, onde tenho certeza, encontro também amigos sinceros que sei o quanto
posso contar. Eu os amo muito...
Como esquecer os amigos que fiz na UnB?!: Márcia Mascarenha, , Jairo, Luciana e
Susana Dellabianca, David Luz, Luiz Guilherme, entre outros que me perdoem não ter citado,
o meu agradecimento sincero pelo companheirismo constante.
Impossível esquecer as meninas que dividem apartamento comigo, que muito me
ajudaram, sendo as minhas companheiras ao longo desta caminhada: Karina, Paula, e
Luciana. Deus nos escolheu para sermos família, e com certeza daqui a alguns anos

v
lembraremos com saudade com foi bom estarmos juntas dividindo tudo, até as complicadas
escalas de faxina. Meu agradecimento todo especial para vocês.
Agradeço ao meu orientador, o professor Ennio que confiou na minha capacidade e
sempre com muito profissionalismo e amizade me mostrou os melhores caminhos para a
realização deste trabalho.
Agradeço também, aos professores da área de Geotecnia da UnB, que sempre
estiveram dispostos a contribuir para a realização dos nossos trabalhos. Aos rapazes que
trabalham no laboratório da Geotecnia: Alessandro, Ricardo e Vanilson, que sempre se
dispuseram a ajudar no que fosse preciso para a realização dos meus ensaios. Ao laboratório
de Engenharia Mecânica, e ao professor Nilson Botelho do laboratório de Microscopia Ótica
do Departamento de Geologia e também ao CNPq pelo apoio financeiro.

vi
RESUMO

AVALIAÇÃO DE DANO MECÂNICO EM GEOSSINTÉTICOS EM


OBRAS DE DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS

A presente dissertação apresenta o estudo realizado para uma avaliação de dano


mecânico em obras de disposição de resíduos, no qual foram realizados ensaios de dano
mecânico por compressão, utilizando um equipamento projetado e construído na Universidade
de Brasília. Os procedimentos adotados para o ensaio foram estabelecidos através de tentativa
e erro, já que não existe normalização disponível para ensaio de dano mecânico por
compressão, o equipamento demonstrou muita versatilidade e eficiência.
Os incrementos de tensões aplicados nos ensaios de dano mecânico foram de 300, 500
e 1000kPa, os quais simulam condições reais de carregamentos que ocorrem em obras. Os
geossintéticos utilizados foram geomembranas com espessuras de 0,5; 1,0 e 2,0mm e
geotêxtil com gramatura de 150g/cm2. Os materiais granulares utilizados foram micro-esferas
de vidro e areia grossa com granulometrias semelhantes para efeito de comparação de
resultados, além de rejeito de minério de ferro.
Os resultado obtidos demonstraram que este ensaio de dano mecânico por compressão
muito tem a contribuir na investigação dos mecanismos de deterioração de geossintéticos em
obras de disposição de resíduos. Para os materiais ensaiados e condições de ensaio
empregadas os geossintéticos se comportaram satisfatoriamente no que diz respeito à
severidade dos danos observados. Observou-se que a forma e arranjo dos grãos de solo e a
espessura da geomembrana afetam os resultados de área de contacto e de forças nos contactos
solo-geomembrana. A presença da camada de geotêxtil entre o solo e a geomembrana é uma
forma bastante eficiente de minimizar os danos mecânicos à geomembrana.

vii
ABSTRACT

EVALUATE THE MECHANICAL DAMAGE OF GEOSYNTHETICS IN


WASTE DISPOSAL

This thesis presents a study to evaluate the mechanical damage of geosynthetics in


waste disposal works by laboratory tests using an apparatus designed and built at the
University of Brasília to simulate damage mechanisms caused by compression. The testing
methodology was established by trial and error since no standardization of this type of test is
available yet. The apparatus showed good versatility and efficiency.
The tests were performed under normal stresses of 300, 500 e 1000kPa, which are
magnitudes often found in the field. Geomembranes (0.5, 1.0 and 2.0 thick) and a non woven
geotextile (150g/cm2) were used in the test programme. The granular materials used were
glass beads and coarse sand with similar grain size distribution curves to evaluate the
influence of the shape of soil particles and a iron mining waste.
The test results show that the mechanical damage by compression test can be a very
useful tool for the investigation of damage mechanisms to which geosynthetics are subjected
in waste disposal works. The geosynthetic materials tested presented satisfactory behaviour
with regard to the severity of the damages observed. Grain shapes and geomembrane
thickness have a marked effect on the contact area and on contact forces between soil particles
and the geomembrane surface. The presence of a protective geotextile layer between the soil
and the geomembrane was a very efficient way to minimise geomembranes damages.

viii
ÍNDICE
CAPÍTULO I

1-INTRODUÇÃO......................................................................................................................1

CAPÍTULO II

2-REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................................................3
2.1-INTRODUÇÃO..................................................................................................................3
2.2-EVOLUÇÃO DO GEOSSINTÉTICOS...........................................................................3
2.2.1-EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO USO DE GEOSSINTÉTICOS EM
GEOTECNIA............................................................................................................................3
2.2.2-EVOLUÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DOS GEOSSINTÉTICOS.....................6
2.3-TIPOS E FUNÇÕES DOS GEOSSINTÉTICOS............................................................8
2.3.1-PROPRIEDADES HIDRÁULICAS DOS GEOSSINTÉTICOS................................9
2.3.2-PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS GEOSSINTÉTICOS..................................10
2.3.3-PROPRIEDADES FÍSICAS DOS GEOSSINTÉTICOS...........................................12
2.4-ESPECIFICAÇÃO DOS GEOSSINTÉTICOS.............................................................13
2.5-DURABILIDADE FACE AO MEIO AMBIENTE........................................................16
2.5.1-RESISTÊNCIA CARACTERÍSTICA DOS GEOSSINTÉTICOS...........................16
2.5.1.1-TEMPO DE PROJETO.............................................................................................17
2.5.1.2-TEMPERATURA DE PROJETO.............................................................................17
2.5.1.3-FLUÊNCIA E FADIGA ESTÁTICA........................................................................18
2.5.1.4-AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA CARACTERÍSTICAS....................................19
2.6-DEGRADAÇÃO BIOLÓGICA.......................................................................................20
2.7-GEOSSINTÉTICOS COMO BARREIRAS IMPERMEABILIZANTES..................21
2.7.1-SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO................................................................23
2.7.2-RECOMENDAÇÕES INTERNACIONAIS PARA REJEITOS PERIGOSOS......24
2.8-DANO MECÂNICO.........................................................................................................25
2.8.1-CAPACIDADE DE SOBREVIVÊNCIA.....................................................................26
2.8.2-INSPEÇÃO VISUAL.....................................................................................................29
2.8.3-DEGRADAÇÃO QUÍMICA NOS GEOSSINTÉTICOS...........................................30

ix
2.9-PRINCIPAIS SOLICITAÇÕES QUE PODEM OCORRER NOS MATERIAIS
SINTÉTICOS..........................................................................................................................32
2.10-DANOS DE INSTALAÇÃO..........................................................................................34

CAPÍTULO III

3-EQUIPAMENTO, MATERIAIS E METODOLOGIA DE ENSAIO.............................35


3.1-INTRODUÇÃO.................................................................................................................35
3.2-DESCRIÇÀO DO EQUIPAMENTO DE DANO MECÂNICO...................................35
3.3-DESCRIÇÃO DO ENSAIO DE DANO MECÂNICO..................................................38
3.4-ANÁLISE MICROSCÓPICA DAS AMOSTRAS DE GEOMEMBRANAS APÓS O
ENSAIO DE DANO MECÂNICO POR COMPRESSÃO..................................................40
3.5-PROCEDIMENTOS ADOTADOS PARA OBTENÇÃO DO VALOR DAS ÁREAS
DE CONTACTO NA SUPERFÍCIE DAS GEOMEMBRANAS APÓS O ENSAIO DE
DANO MECÂNICO...............................................................................................................40
3.6-MATERIAIS UTILIZADOS NA PESQUISA................................................................41
3.6.1-GEOMEMBRANAS E GEOTÊXTIL.........................................................................41
3.6.2-MATERIAIS GRANULARES UTILIZADOS...........................................................42

CAPÍTULO IV

4-APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS...................................................46


4.1-INTRODUÇÃO................................................................................................................46
4.2-RESULTADOS DOS ENSAIOS DE DANO MECÂNICO POR COMPRESSÃO....46
4.2.1-RESULTADOS DE ENSAIOS COM AREIA.............................................................46
4.2.1.1-RESULTADOS DOS ENSAIOS COM GEOMEMBRANAS DE PVC COM
0,5mm DE ESPESSURA........................................................................................................47
4.2.1.2-RESULTADOS DOS ENSAIOS COM GEOMEMBRANAS DE PVC COM
1,0mm DE ESPESSURA........................................................................................................51
4.2.1.3-RESULTADOS DOS ENSAIOS COM GEOMEMBRANAS DE PVC COM
2,0mm DE ESPESSURA........................................................................................................55

x
4.2.1.4-RESULTADOS DOS ENSAIOS COM GEOMEMBRANAS DE PVC COM
1,0mm DE ESPESSURA EM AREIA PROTEGIDAS COM GEOTÊXTIL NÃO
TECIDO...................................................................................................................................58
4.2.2-RESULTADOS DE ENSAIOS COM MICRO-ESFERAS DE VIDRO....................60
4.2.2.1-RESULTADOS DOS ENSAIOS COM GEOMEMBRANAS DE PVC COM 0,5,
1,0 E 2,0mm DE ESPESSURA...............................................................................................60
4.2.3-RESULTADOS DE ENSAIOS COM REJEITO DE MINÉRIO DE FERRO.........70
4.3-COMPARAÇÃO ENTRE AS ÁREAS MÉDIAS DE CONTACTO NAS
GEOMEMBRANAS COM 0,5, 1,0 E 2,0mm DE ESPESSURA........................................71
4.3.1-COMPARAÇÃO ENTRE ÁREAS DE CONTACTO ENTRE GEOMEMBRANAS
COM 0,5, 1,0 E 2,0mm DE ESPESSURA E MICRO-ESFERAS DE VIDRO.................71
4.3.2-COMPARAÇÃO ENTRE ÁREAS DE CONTACTO ENTRE GEOMEMBRANAS
COM 0,5, 1,0 E 2,0mm DE ESPESSURA E AREIA...........................................................72
4.3.3-COMPARAÇÃO ENTRE ÁREAS DE CONTACTO ENTRE GEOMEMBRANAS
COM 0,5, 1,0 E 2,0mm DE ESPESSURA NOS ENSAIOS COM MICRO-ESFERAS DE
VIDRO E AREIA....................................................................................................................73
4.4-COMPARAÇÃO ENTRE OS DIÂMETROS MÉDIOS DAS ÁREAS DE
CONTACTO EM GEOMEMBRANAS COM 0,5, 1,0 E 2,0mm DE ESPESSURA.........75
4.4.1-COMPARAÇÃO ENTRE OS DIÂMETROS MÉDIOS DE ÁREAS DE
CONTACTO ENTRE GEOMEMBRANAS COM 0,5, 1,0 E 2,0mm DE ESPESSURA E
MICRO-ESFERAS DE VIDRO............................................................................................75
4.4.2-COMPARAÇÃO ENTRE OS DIÂMETROS MÉDIOS DE ÁREAS DE
CONTACTO ENTRE GEOMEMBRANAS COM 0,5, 1,0 E 2,0mm DE ESPESSURA E
AREIA......................................................................................................................................76
4.5-COMPARAÇÃO ENTRE OS DIÂMETROS MÉDIOS DAS ÁREAS DE
CONTACTO NAS GEOMEMBRANAS COM 0,5, 1,0 E 2,0mm DE ESPESSURA E O
DIÂMETRO MÉDIO DOS GRÃOS DE SOLO..................................................................77
4.6-CARGAS MÉDIAS PÔR CONTACTO NAS GEOMEMBRANAS COM 0,5, 1,0 E
2,0mm DE ESPESSURA........................................................................................................79

CAPÍTULO V

5-CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS..........82

xi
5.1-CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................................82
5.2-SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS..............................................................83

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................84

xii
LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Cronologia do aparecimento dos geossintéticos (Palmeira, 1992).........................4


Figura 2.2 – Consumo de geossintéticos na América do Norte (Koerner, 1089).......................5
Figura 2.3 – Fluxograma representativo dos ensaios para avaliação do comportamento
mecânico em geossintéticos (Vidal, 1992)................................................................................11
Figura 2.4 – Fluxograma do processo de fabricação de geomembranas (Koerner,
1994).........................................................................................................................................14
Figura 3.1 – Equipamento de dano mecânico (Palmeira, 2000)...............................................36
Figura 3.2 – Equipamento de dano mecânico desmontado.......................................................38
Figura 3.3 – Equipamento de dano mecânico montado............................................................38
Figura 3.4 – Ensaio de dano mecânico montado......................................................................39
Figura 3.5 – Fotografia transportada para o programa auto-cad, com a representação das áreas
de contacto (áreas circulares geradas pelas micro-esferas na superfície das geomembranas)..41
Figura 3.6 – Curvas granulométricas da areia grossa e das micro-esferas................................43
Figura 3.7 – Curva granulométrica do rejeito de minério de ferro...........................................44
Figura 3.8 – Fotografia microscópica do rejeito de minério e da areia grossa.........................45
Figura 4.1 – Condições de superfície da geomembrana típica antes do ensaio (escala em
milímetros)................................................................................................................................46
Figura 4.2 – Superfície da geomembrana (PVC) com 0,5mm de espessura submetida à tensão
normal de 300kPa (areia).........................................................................................................47
Figura 4.3 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 300kPa para geomembrana com 0,5mm de espessura (areia)................................48
Figura 4.4 – Superfície da geomembrana (PVC) com 0,5mm de espessura submetida à tensão
de 500kPa (areia)......................................................................................................................49
Figura 4.5 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 500kPa para geomembrana com 0,5mm de espessura (areia).................................49
Figura 4.6 – Superfície da geomembrana (PVC) com 0,5mm de espessura submetida à tensão
de 1000kPa (areia)....................................................................................................................50
Figura 4.7 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 1000kPa para geomembrana com 0,5mm de espessura (areia)...............................51
Figura 4.8 – Superfície da geomembrana (PVC) com 1,0mm de espessura submetida à tensão
normal de 300kPa (areia)..........................................................................................................52

xiii
Figura 4.9 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 300kPa para geomembrana com 1,0mm de espessura
(areia)........................................................................................................................................52
Figura 4.10 – Superfície da geomembrana (PVC) com 1,0mm de espessura submetida à
tensão normal de 500kPa (areia)...............................................................................................53
Figura 4.11 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
de 500kPa para geomembrana com 1,0mm de espessura (areia)..............................................53
Figura 4.12 – Superfície da geomembrana (PVC) com 1,0mm de espessura submetida à
tensão de 1000kPa (areia).........................................................................................................54
Figura 4.13 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 1000kPa para geomembrana com 1,0mm de espessura (areia)...............................54
Figura 4.14 – Superfície da geomembrana (PVC) com 2,0mm de espessura submetida à
tensão normal de 300kPa (areia)...............................................................................................55
Figura 4.15 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 300kPa para geomembrana com 2,0mm de espessura (areia).................................56
Figura 4.16 – Superfície da geomembrana (PVC) com 2,0mm de espessura submetida à
tensão de 500kPa (areia)...........................................................................................................56
Figura 4.17 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 500kPa para geomembrana com 2,0mm de espessura (areia).................................57
Figura 4.18 – Superfície da geomembrana (PVC) com 2,0mm de espessura submetida à
tensão de 1000kPa (areia).........................................................................................................57
Figura 4.19 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 1000kPa para geomembrana de 2,0mm de espessura (areia)...................................58
Figura 4.20 – Superfície da geomembrana (PVC) com 1,0mm de espessura submetida à
tensão de 300kPa (areia) com proteção de geotêxtil.................................................................59
Figura 4.21 – Superfície da geomembrana (PVC) com 1,0mm de espessura submetida à
tensão de 500kPa (areia)...........................................................................................................59
Figura 4.22 – Superfície da geomembrana (PVC) com 1,0mm de espessura submetida à
tensão de 1000kPa (areia).........................................................................................................59
Figura 4.23 – Superfície da geomembrana (PVC) com 0,5mm de espessura submetida à
tensão normal de 300kPa (micro-esferas de vidro)..................................................................61
Figura 4.24 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 300kPa para geomembrana de 0,5mm de espessura (micro-esferas de
vidro)........................................................................................................................................61

xiv
Figura 4.25 – Superfície da geomembrana (PVC) com 1,0mm de espessura submetida à
tensão normal de 300kPa (micro-esferas de vidro)..................................................................62
Figura 4.26 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 300kPa para geomembrana de 1,0mm de espessura (micro-esferas de
vidro).........................................................................................................................................62
Figura 4.27 – Superfície da geomembrana (PVC) com 2,0mm de espessura submetida à
tensão normal de 300kPa (micro-esferas de vidro)..................................................................63
Figura 4.28 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 300kPa para geomembrana com 2,0mm de espessura (micro-esferas de
vidro).........................................................................................................................................63
Figura 4.29 – Superfície da geomembrana (PVC) com 0,5mm de espessura submetida à
tensão normal de 500kPa (micro-esferas de vidro)..................................................................64
Figura 4.30 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 500kPa para geomembrana com 0,5mm de espessura (micro-esferas de
vidro).........................................................................................................................................65
Figura 4.31 – Superfície da geomembrana (PVC) com 1,0mm de espessura submetida à
tensão normal de 500kPa (micro-esferas de vidro)..................................................................65
Figura 4.32 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 500kPa para geomembrana com 1,0mm de espessura (micro-esferas de
vidro).........................................................................................................................................66
Figura 4.33 – Superfície da geomembrana (PVC) com 2,0mm de espessura submetida à
tensão normal de 500kPa (micro-esferas de vidro)..................................................................66
Figura 4.34 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 500kPa para geomembrana com 2,0mm de espessura (micro-esferas de
vidro).........................................................................................................................................67
Figura 4.35 – Superfície da geomembrana (PVC) com 0,5mm de espessura submetida à
tensão normal de 1000kPa (micro-esferas de vidro)................................................................68
Figura 4.36 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 1000kPa para geomembrana com 0,5mm de espessura (micro-esferas de
vidro).........................................................................................................................................68
Figura 4.37 – Superfície da geomembrana (PVC) com 1,0mm de espessura submetida à
tensão normal de 1000kPa (micro-esferas de vidro).................................................................69

xv
Figura 4.38 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 1000kPa para geomembrana com 1,0mm de espessura (micro-esferas de
vidro).........................................................................................................................................69
Figura 4.39 – Superfície da geomembrana (PVC) com 2,0mm de espessura submetida à
tensão normal de 1000kPa (micro-esferas de vidro).................................................................70
Figura 4.40 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 1000kPa para geomembrana com 2,0mm de espessura (micro-esferas de
vidro).........................................................................................................................................70
Figura 4.41 – Superfície da geomembrana (PVC) com 1,0mm de espessura submetida à
tensão normal de 1000kPa (rejeito de minério/areia grossa)....................................................71
Figura 4.42 – Gráfico relacionando área média de contacto e tensão normal para as
geomembranas com 0,5, 1,0 e 2,0mm de espessura (micro-esferas de vidro).........................72
Figura 4.43 – Gráfico relacionando área média de contacto e tensão normal para as
geomembranas com 0,5, 1,0 e 2,0mm de espessura (areia grossa)...........................................72
Figura 4.44 – Gráfico comparando área média de contacto versus tensão normal para a
geomembrana com 0,5mm de espessura (areia grossa e micro-esferas de vidro)....................73
Figura 4.45 – Gráfico comparando área média de contacto versus tensão normal para a
geomembrana com 1,0mm de espessura (areia grossa e micro-esferas de vidro)....................74
Figura 4.46 – Gráfico comparando área média de contacto versus tensão normal para a
geomembrana com 2,0mm de espessura (areia grossa e micro-esferas de vidro)....................75
Figura 4.47 – Gráfico relacionando diâmetro médio de área de contacto e tensão normal
(micro-esferas de vidro)............................................................................................................76
Figura 4.48 – Gráfico relacionando diâmetro médio de contacto e tensão normal (areia
grossa).......................................................................................................................................76
Figura 4.49 – Relação entre (diâmetro médio da área de contacto)/D50 do solo ou micro-
esferas de vidro e tensão normal para a geomembrana com 0,5mm de
espessura...................................................................................................................................77
Figura 4.50 – Relação entre (diâmetro médio da área de contacto)/D50 do solo ou micro-esfera
de vidro e tensão normal para a geomembrana com 1,0mm de
espessura...................................................................................................................................78
Figura 4.51 – Relação entre (diâmetro médio da área de contacto)/D50 do solo ou micro-
esferas de vidro e tensão normal para a geomembrana com 2,0mm de
espessura...................................................................................................................................79

xvi
Figura 4.52 – Carga média por contacto versus tensão normal para as geomembranas com
0,5mm de espessura..................................................................................................................80
Figura 4.53 – Carga média por contacto versus tensão normal para as geomembranas com
1,0mm de espessura..................................................................................................................81
Figura 4.54 – Carga média por contacto versus tensão normal para as geomembranas com
2,0mm de espessura..................................................................................................................81

xvii
LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Parâmetros e normas para propriedades hidráulicas..............................................9


Tabela 2.2 – Sugestão para fatores de redução mínimos para fluência (Azambuja, 1997).......20
Tabela 2.4 – Classificação simplificada da capacidade de sobrevivência dos geossintéticos
(Azambuja 1994, adpatado por Chistopher e Holtz, 1991).......................................................26
Tabela 2.5 – Classificação da capacidade de sobrevivência requerida (Allen, 1991)...............27
Tabela 2.6 – Intervalo de fatores de dano mecânico para geotêxteis sugeridos na literatura
(Azambuja, 1997)......................................................................................................................28
Tabela 2.7 – Tipologia e classificação das lesões em geotêxteis não tecidos (Azambuja,
1994).........................................................................................................................................30
Tabela 2.8 – Fatores de dano para geotêxteis não tecido (Azambuja, 1994)............................30
Tabela 2.9 – Fatores de redução com respeito à degradação química (Azambuja, 1994)........32
Tabela 3.1 – Principais características das geomembranas de PVC. (Catálogo Vinimanta –
Geomembranas de PVC, 2001)................................................................................................41
Tabela 3.2 – Principais características do geotêxtil OP 15. (Catálogo Bidim, 2001)...............42
Tabela 3.3 – Algumas características das areias e micro-esferas de vidro utilizadas...............43
Tabela 3.4 – Propriedades físicas e químicas de micro-esferas de vidro(Potters Industrial Ltda.
2001).........................................................................................................................................44
Tabela 3.5 – Algumas características do rejeito de minério de ferro........................................45

xviii
LISTA DE ABREVIAÇÕES, SÍMBOLOS E UNIDADES

ABNT........................................................................Associação Brasileira de Normas Técnicas


ASTM.......................................................................American Society of Testing and Materials
BS........................................................................................................................Britsh Standard
BSI........................................................................................................Britsh Standards Institute
Cd........................................................................................................temperatura dentro do solo
Ce................................................................................................................temperatura do ensaio
CEN........................................................................................Comitê Europeu de Normalização
f d...............................................................................................................fator de dano mecânico

fe................................................................................fator de redução por extrapolação de dados


ff.....................................................................................................fator de redução para fluência
fv................................................fator de segurança devido a variabilidade intrínseca do produto
GCL........................................................................................................geocompostos argilosos
GM..........................................................................................................................geomembrana
ISO......................................................................International Organization for Standardization
l................................................................................................................................comprimento
MA..................................................................................................gramatura ou massa surfácica
nGT................................................................................................................................porosidade
NR......................................................valor considerado superior a 50% de perda de resistência
PA..................................................................................................................................poliamida
PEAD...............................................................................................polietileno de alta densidade
PET..................................................................................................................................poliéster
PP.............................................................................................................................polipropileno
td...................................................................................................................tempo de solicitação
tdcorr...................................................................................................................vida útil corrigida
te........................................................................................................tempo de duração do ensaio
tGM....................................................................................................................espessura nominal
tGT .......................................................................................................espessura do geossintético
T(td,Td).........................................................resistência para um tempo e temperatura de projeto
Tr.................................................................................resistência do ensaio índice de faixa larga
Tk.................................................................................resistência característica do geossintético
Ud.................................................................................................perímetro específico das lesões

xix
.....................................................................................Coeficiente de correção de temperatura
...........................................................................................................................diâmetro médio
a................................................................................................massa específica da água à 4  C
f .....................................................................................................densidade da fibra/filamento

xx
CAPÍTULO I

1 – INTRODUÇÃO

A utilização de geossintéticos em obras de proteção ao meio ambiente é conseqüência


da necessidade de proteger o meio (solos e corpos d’água subterrâneos) onde são dispostos os
resíduos sólidos e os efluentes. Para o perfeito funcionamento deste sistema de
impermeabilização ocorra deve-se evitar, ou pelo menos minimizar, os danos mecânicos e a
deterioração das camadas de geossintéticos utilizadas em tais obras.
Os requisitos de qualidade, segurança e vida útil da engenharia moderna têm limitado
severamente a utilização de materiais naturais. Estas razões, associadas a aspectos ambientais,
melhoria da qualidade e redução dos custos, vêm provocando o grande aumento da utilização
de materiais sintéticos em geotecnia. Sob esse aspecto, a avaliação de dano mecânico em
geossintéticos em obras de disposição de resíduos é de primordial importância para a
utilização correta destes materiais.
O dano mecânico é apenas um dos fatores que possuem esta ação deletéria, uma vez
que a investigação da durabilidade destes materiais deve levar em conta a totalidade dos
fatores que podem alterar as propriedades físicas e químicas. É necessário posicionar o dano
mecânico em relação aos outros mecanismos de degradação. Assim, esta pesquisa tem o
objetivo de investigar, através de ensaios de dano mecânico por compressão, os mecanismos
de dano e a deterioração de geossintéticos em obras de proteção ambiental de forma a avaliar
as suas conseqüências, para que posteriormente os engenheiros geotécnicos possuam
subsídios concretos a respeito do comportamento destes materiais sintéticos.
O escopo desta dissertação consiste em cinco capítulos, cujos conteúdos estão
dispostos à seguir:
 Capítulo I : é mostrada uma breve apresentação da dissertação, com o objetivo
principal da pesquisa;
 Capítulo II : consiste de uma revisão bibliográfica que serviu de embasamento
teórico para o melhor direcionamento deste trabalho;
 Capítulo III : mostra o equipamento de ensaio de dano mecânico por compressão e
os procedimentos adotados neste ensaio, além de explicar como foram feitas as
análises microscópicas realizadas, bem como os ensaios de resistência à tração
unidirecional, e os materiais utilizados na pesquisa;

1
 Capítulo IV : apresenta os resultados obtidos nos ensaios de dano mecânico por
compressão, resultados de ensaios de resistência à tração simples, análises
microscópicas e interpretação geral destes resultados;
 Capítulo V : são apresentadas as considerações finais e sugestões para futuras
pesquisas sobre o assunto.

2
CAPÍTULO II

2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 - INTRODUÇÃO

Atualmente, a aceitação ou recusa de um determinado geossintético deve estar


embasada no conhecimento de suas propriedades de engenharia mediante às suas condições
de utilização. Um grande esforço vem sendo desenvolvido no sentido de estabelecerem-se
ensaios de laboratório que permitam caracterizar e controlar a qualidade dos produtos e
determinar estas propriedades.
Além do conhecimento das propriedades deste novo produto, geralmente este requer
uma nova técnica de aplicação, diferente de metodologias de construção convencionais. Os
cuidados de instalação, o controle de qualidade e o monitoramento das obras devem ser
revistos em vista dos requisitos e características destes novos materiais (Vidal,1998).

2.2 - EVOLUÇÃO DOS GEOSSINTÉTICOS

2.2.1 - EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO USO DE GEOSSINTÉTICOS EM GEOTECNIA

Internacionalmente, a utilização de geossintéticos em geotecnia antecede as duas


últimas décadas. A utilização de inclusões nos solos para melhoria de suas propriedades já era
do conhecimento de povos da antigüidade. Segundo Palmeira (1992), um exemplo disto é que
se pode observar, ainda hoje, as muralhas de Ziggurat de Agar Quf, na Mesopotâmia (1400
AC), construídas utilizando-se camadas intercaladas de solo e mantas de raízes. Partes da
muralha da China foram também construídas com inclusões de mantas de raízes. Os Incas
utilizavam lã de lhama misturadas ao solo na construção de estradas que resistem ao tempo
até os dias de hoje (por exemplo, “Templo de La Luna”, no Peru). Observa-se, também, a
aplicação de mantas de folhas e galhos sobre camadas de solos moles, antes da construção de
aterros, no interior do Brasil e em outros países.
Mantas de algodão foram utilizadas, no ano de 1926, pelo Departamento de Estradas
da Carolina do Sul (USA) como reforço de camadas asfálticas em pavimentos. Acredita-se
que esta é a aplicação pioneira que mais se assemelha a alguns geossintéticos atuais.

3
Por volta dos anos 60 a técnica de reforço de solos por inclusões se acelerou, por
intermédio do engenheiro francês Henri Vidal, com a utilização de tiras metálicas como
elementos de reforço em aterros (“Terra Armada”). A Figura 2.1 apresenta uma cronologia
aproximada do aparecimento dos geossintéticos nas últimas décadas.

Figura 2.1 – Cronologia do aparecimento dos geossintéticos (Palmeira, 1992).

Sabe-se que a utilização de materiais compostos de fibras naturais como inclusões é


limitada por razões de degrabilidade. A possibilidade de níveis de corrosão indesejados e os
tratamentos necessários para materiais metálicos, ou a utilização de metais mais nobres,
podem inviabilizar economicamente a utilização de inclusões metálicas.
Não raramente o substituto plástico, é associado a baixa qualidade, quer seja por
resistência mecânica insatisfatória, por elevada deformabilidade ou durabilidade limitada.
Com aprimoramento da qualidade destes materiais tal realidade tem mudado
consideravelmente.
Segundo Palmeira (1992), os avanços tecnológicos na utilização de plásticos na
engenharia surgiram devido às necessidades das indústrias aeronáuticas e automobilísticas.
Pode-se citar como exemplo, o Kevlar, que é capaz de apresentar resistência à tração até 5
vezes superior a do aço e com valor de módulo de deformação entre os valores apresentados

4
pelo alumínio e pelo aço. Este material tem sido muito utilizado como elemento estrutural em
aeronaves, plataformas de prospecção de petróleo “offshore”, carros de corrida, etc.
Na construção civil, os materiais sintéticos foram aceitos mais lentamente. Crê-se que
os pioneiros na utilização de geossintéticos de geração mais recente em Geotecnia foram
provavelmente os americanos e holandeses, na década de 50 (John, 1987). Indústrias têxteis e
companhias petroquímicas foram as principais responsáveis pela fabricação dos primeiros
geossintéticos. Atualmente tais indústrias ainda respondem por parte significativa dos
geossintéticos produzidos no mundo.
Koerner (1989) citado por Palmeira (1992), observou que a partir de meados da
década de 70 a utilização de geossintéticos cresceu acentuadamente em países desenvolvidos,
como pode ser visto Figura 2.2, que apresenta o consumo de diversos tipos de geossintéticos
na América do Norte nos últimos anos.

Figura 2.2 – Consumo de geossintéticos na América do Norte (Koerner, 1989).

Pode-se citar algumas razões que levaram ao crescimento de utilização de


geossintéticos:

5
 melhoria das características físicas e mecânicas dos elementos sintéticos relevantes
para obras geotécnicas;
 razões ambientais, escassez ou esgotamento de jazidas de materiais naturais;
 melhoria do conhecimento do comportamento de geossintéticos e de obras com
geossintéticos a partir de resultados de pesquisas e observações de obras reais;
 facilidade de execução da obra. Fácil instalação dos geossintéticos, sendo que na
maioria das aplicações não é requerida mão-de-obra especializada;
 menor tempo de execução da obra.
A partir do momento em que ocorre a combinação dos fatores acima, pode-se observar
um custo menor da obra com geossintético em comparação com soluções convencionais.
Observa-se que em poucas áreas da Geotecnia houve uma interação tão intensa entre
indústrias, centros de pesquisa e universidades, com o objetivo comum de pesquisar um
material. Segundo Palmeira (1992), nos países desenvolvidos é comum empresas fabricantes
de geossintéticos financiarem pesquisas sobre o assunto em universidades. Na Inglaterra, por
exemplo, na década de 80 uma empresa de geogrelha financiou atividades de pesquisa por
vários anos em 5 grandes universidades (Oxford, Leeds, Nottingham, Sheffield e Strathclyde),
visando a melhoria do conhecimento do comportamento de geogrelhas. O Geosynthetics
Research Institute, na Universidade de Drexel, USA, sob a chefia do Prof. R. Koerner, é
financiado por cerca de 20 diferentes fabricantes de geossintéticos. Universidades e institutos
de pesquisas brasileiros também têm trabalhado junto com empresas nacionais de
geossintéticos com o mesmo objetivo.

2.2.2 - EVOLUÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DOS GEOSSINTÉTICOS

Giroud (1990), citado por Palmeira (1992), dividiu a utilização de geossintéticos em


Geotecnia entre os períodos de 1960 a 1975 e de 1975 a 1990. Segundo Giroud, no primeiro
período, os engenheiros geotécnicos usaram os geossintéticos disponíveis no mercado. Já no
segundo período os fabricantes de geossintéticos procuraram desenvolver produtos para
atender às reais necessidades do engenheiro geotécnico. Observa-se que ocorreu realmente
uma melhoria na qualidade dos produtos. Atualmente, por exemplo, existe uma maior
confiabilidade nos geossintéticos em vários aspectos, devido às muitas pesquisas realizadas
com estes materiais.

6
Alguns pontos relacionados a tais materiais geralmente levantados por engenheiros
geotécnicos e a situação atual de tais produtos são:

 resistência: Muitos geossintéticos possuem resistência compatível com a maioria das


aplicações;
 rigidez à tração: Não tem sido problema para obras correntes sem restrições severas as
deformações do maciço. Atualmente sabe-se que a rigidez à tração de alguns
geossintéticos (geotextil não-tecido), obtido em isolamento no laboratório, podem
aumentar mais de 3 vezes quando os mesmos estão enterrados.
 fluência: Normalmente não é problema para certos tipos de geossintéticos em obras
usuais. Mesmo os mais susceptíveis à fluência em geral podem ser utilizados na
maioria dos casos, desde que os seus comportamentos à fluência sejam bem
conhecidos e se escolha um fator de redução para o esforço de tração mobilizada
compatível com as características da obra (Mcgown et al., 1984).
 durabilidade: Já existem observações de obras reais por longos períodos de tempo sem
terem sido observados problemas relevantes sob condições normais (Palmeira, 1991).
Segundo Palmeira (1992), é importante observar que o engenheiro geotécnico só
adquirirá confiança na utilização de um determinado produto caso dados relevantes sobre o
mesmo estejam disponíveis. Por isso, a qualidade do catálogo do referido produto assume
grande importância. Quanto maior o número de dados provinientes de testes, pesquisas e
comprovações experimentais, melhor será para o fabricante do geossintético e para o usuário.
Os catálogos devem ser, inclusive, bastante claros sobre as limitações do produto, pois não
existe nenhum material de construção perfeito em engenharia civil. Infelizmente, poucos são
os catálogos que fornecem um número razoável de informações, embora grandes progressos
venham sendo observados nos últimos anos, inclusive no Brasil.
O geossintético deve ser escolhido para uma ou mais finalidades em função de suas
características e com base em métodos de projeto sólidos existentes na literatura científica. A
utilização do mesmo sem critérios pode trazer prejuízos para o usuário e para o fabricante que
incentive tal procedimento. Alguns equívocos chegam a ser tão primários como o caso de
alguém que desejasse utilizar barras de aço em estruturas de concreto armado, sem se
preocupar com o tipo de aço a utilizar, diâmetro de barra ou mesmo em que posição colocá-la
na estrutura. Um exemplo comum é a utilização de um geotêxtil como filtro sem serem
verificados critérios de filtro, existentes na literatura técnica, em função das características

7
deste e da granulometria do solo vizinho. Assim, não parece redundante enfatizar que um
geossintético deve ser escolhido em função de critérios científicos.

2.3 - TIPOS E FUNÇÕES DOS GEOSSINTÉTICOS

No Brasil já existem normas de Terminologia e de Identificação do Produto


geossintético para fornecimento, que estão em acordo com as normas internacionais (ISO –
International Organization for Standardization e CEN – Comitê Europeu de Normalização).
A seguir encontram-se algumas definições pertinentes dos principais materiais
sintéticos segundo a norma de terminologia (Vidal, 1992):

1. Geotêxtil: Produto têxtil permeável, utilizado predominantemente na


engenharia geotécnica.
2. Geomembrana: Manta ou membrana impermeável.
3. Geogrelha: Estrutura plana, em forma de grelha, constituída por elementos
com função predominante de resistência à tração.
4. Georrede (“geonet”): Estrutura plana, constituída de forma a apresentar
grande volume de vazios, utilizada predominantemente como meio
drenante.
5. Geocomposto: Produto formado pela associação de geotêxteis e/ou
produtos correlatos.
6. Geossintético: Denominação genérica de geotêxteis e produtos sintéticos
correlatos.

A norma de terminologia define também os tipos de geotêxteis que, de acordo com seu
modo de fabricação, podem ser: não tecidos (agulhados, resinados, termoligados ou
termofixados), e tecidos.
Segundo Vidal (1992), a presença de um geossintético como inclusão em solo tem por
objetivo basicamente cumprir uma ou mais das seguintes funções:

 Drenagem: Coleta e condução de um fluido pelo corpo do geotêxtil ou produto


correlato;
 Filtração: Retenção do solo ou de outros partículas, permitindo passagem do fluido em
movimento;

8
 Proteção: Limitação ou prevenção de danos a elementos de obras geotécnicas;
 Reforço: Utilização das propriedades mecânicas dos geotêxteis ou produtos correlatos
para a melhoria do comportamento mecânico de uma estrutura geotécnica;
 Separação e Impermeabilização: Ação de impedir a mistura de dois solos e/ou
materiais adjacentes de natureza diferente.
Outras aplicações:
Proteção de taludes contra a erosão, armadura para faceamento de estruturas de
contenção em concreto projetado, obras costeiras, controle de movimentação de dunas de
areia, impermeabilização de canais, lagos e reservatórios, etc.

2.3.1 - PROPRIEDADES HIDRÁULICAS DOS GEOSSINTÉTICOS

Embora sejam observados esforços para a normalização de ensaios de laboratório


(particularmente na Europa), as propriedades hidráulicas dos geossintéticos são determinadas
à partir de normas existentes em diferentes países que, em alguns casos, podem diferir muito
entre si, em concepção e metodologia, implicando em resultados não comparáveis.
Os parâmetros normalmente solicitados pelos métodos de dimensionamento nas
aplicações de geossintéticos em função de filtração, separação ou drenagem e as normas
existentes são:

Tabela 2.1 – Parâmetros e normas para propriedades hidráulicas.

Parâmetro Normas
-1
Permissividade (s ) ASTM D 4491/89; NFG 38016; BS 6906/3,
DIN 53936/I , para ensaio sob carga normal.
Transmissividade (cm2/s) ASTM D 4716, NFG 38018, BS 6906/7.
Resistência à penetração da água (kPa) NFG 38020.
Abertura de filtração (mm) ASTM 4751, NFG 38017.

Além dos ensaios indicados acima para a determinação das propriedades do geotêxtil
isoladamente, existem ensaios para avaliar o comportamento do sistema solo/geotêxtil
procurando estudar o problema da filtração de longa duração. Os mais variados equipamentos
vêm sendo utilizados para compreender os diversos fatores intervenientes no processo,

9
buscando simular algumas das condições de emprego. Como ensaios normalizados tem-se,
por exemplo:
ASTM D 5101 – 90 – “Test method for measuring the soil-geotêxtile system clogging
by the gradient ratio”.
ASTM D 5141 – 91 – “Test method to determine filtering efficiency and flow rate of a
geotextile for silt fence application using specific soil”.
Ensaios de laboratório dificilmente reproduzirão as condições exatas de solicitação de
campo, tanto na fase de construção quanto na de vida útil da obra. As pesquisas realizadas
para compreensão dos mecanismos de comportamento são de fundamental importância na
melhoria da qualidade dos métodos de dimensionamento e na previsão de comportamento de
longa duração.

2.3.2 - PROPRIEDADES MECÂNICAS DOS GEOSSINTÉTICOS

Em obras de proteção ambiental devem ser considerados vários tipos de solicitações,


em diferentes fases: durante o transporte e armazenagem, durante a instalação, na execução de
emendas e testes de estanqueidade, durante a execução da obra (distribuição do material de
cobertura e compactação, etc) e durante a vida útil da obra (tensão devido a ancoragem,
enchimento e esvaziamento do reservatório, etc). Uma análise das características mecânicas
requeridas do geossintético na fase de execução da obra se impõe, para qualquer que seja a
função a ser desempenhada pelo geossintético.
Para facilitar a visualização, apresenta-se na Figura 2.3 os ensaios para avaliação do
comportamento mecânico em discussão no CEN. Alguns destes ensaios já estão normalizados
pela ISO, ABNT(Associação Brasileira de Normas Técnicas) e por outras instituições.

10
FASE DE VIDA ÚTIL
EXECUÇÃO
DA OBRA

ENSAIO DE TRAÇÃO

PERFURAÇÃO ENSAIO DE TRAÇÃO DE COMPORTAMENTO


DINÂMICA EMENDAS EM FLUÊNCIA:
(Cone-Droptest) SOB TRAÇÃO
PUNCIONAMENTO SOB COMPRESSÃO
SIMULAÇÃO DE ESTÁTICO (CBR)
DANOS DURANTE PROPRIEDADE DE
A INSTALAÇÃO RESISTÊNCIA À ATRITO (Cisalhamento
(Compactação) PROPAGAÇÃO DO RASGO direto e plano inclinado)

RESISTÊNCIA AO DETERMINAÇÃO DA PROPRIEDADES DE


IMPACTO RESISTÊNCIA DE JUNTAS ANCORAGEM
ESTRUTURAIS

SIMULAÇÃO DE DANOS
POR ABRASÃO

Figura 2.3 - Fluxograma representativo dos ensaios para avaliação do comportamento


mecânico em geossintéticos (Vidal, 1992).

Dependendo do tipo de aplicação, são também considerados ensaios de avaliação da


resistência à fadiga para a manutenção das propriedades de resistência à tração e de
compressibilidade ao longo do tempo. Ensaios de avaliação da resistência à tração bi e
tridimensional vem sendo realizados, ainda que não normalizados.
McGown et al. (1982) citado por Vidal (1992), diz que apesar de não constar da lista
do CEN, o ensaio para determinar a resistência à tração sob confinamento é muito importante,
sobretudo no caso dos não tecidos.
Existem várias normas específicas para determinação de propriedades mecânicas das
geomembranas. Além das características de resistência à tração, ao rasgo, à fluência e ao
puncionamento, pode-se citar a necessidade de ensaios de emendas (realizado nas indústrias
ou no campo) e outras formas de solicitação a que a geomembrana possa vir a ser submetida
(estouro, tração multidirecional, etc).

11
2.3.3 - PROPRIEDADES FÍSICAS DOS GEOSSINTÉTICOS

As propriedades físicas dos geossintéticos não fornecem diretamente parâmetros de


projeto. Estas propriedades são utilizadas para a identificação rápida do produto no campo,
sendo também de interesse em pesquisas (Vidal, 1998).

a) Propriedades físicas dos geotêxteis

Os geotêxteis apresentam como propriedades físicas importantes a gramatura, a


espessura e a porosidade;
A gramatura ou massa surfácica (MA, g/m2) é um dos parâmetros mais utilizados para
a caracterização dos geotêxteis não-tecidos, sendo definida como a massa por unidade de
área;
A espessura (tGT, mm) corresponde à distância entre duas superfícies rígidas paralelas
que comprimem a amostra do geotêxtil a níveis de carga preestabelecidos (Vidal, 1990):
 Sobrecarga de 2kPa para medida de identificação: O valor obtido é denominado
espessura nominal;
 Sobrecarga de 20kPa e/ou 200kPa na tentativa de aproximar-se mais das condições
de campo.
A porosidade (nGT, %) é determinada, geralmente, em função da gramatura (MA) e
espessura do geotêxtil (tGT), da densidade da fibra/filamento (f), e da massa específica da
água à 4  C [a] sendo dada pela expressão:

MA
nGT = 1 - (2.1)
tGT   f   a

b) Propriedades físicas das geomembranas

As geomembranas apresentam como propriedades físicas a espessura, densidade e a


massa por unidade de área.
São consideradas, para as geomembranas, dois tipos de espessura, a espessura nominal
e a espessura funcional. A espessura nominal (tGM) é definida como a espessura total da
geomembrana, obtida pela mesma metodologia indicada para geotêxteis. A espessura

12
funcional (tGM) é a espessura efetiva das geomembranas, sendo a mais importante do ponto de
vista geotécnico, pois funciona como condicionadora de processos de difusão. É de difícil
determinação, pois deve-se identificar os pontos de espessura mínima ao longo da manta
(Vidal, 1998).
A densidade da geomembrana depende do tipo de polímero que a constitui, sendo que
os valores de densidade dos polímeros mais comuns estão no intervalo de 0,85 a 1,5 g/cm3
(Koerner, 1994).

c) Propriedades físicas de outros geossintéticos

De acordo com as suas características, os demais geossintéticos (ou geocompostos)


apresentam as seguintes características/propriedades físicas (Koerner,1994):
Geocompostos argilosos (“GCL’s”) – Tipo de argila; espessura; massa por unidade de
área (geralmente da ordem de 5,0 kg/m2); tipo de adesivo utilizado para unir os grãos de argila
entre si e ao geotêxtil ou à geomembrana adjacente; propriedades dos materiais que são
associados à bentonita, tais como geotêxteis, geomembranas e teor de umidade;
Geogrelha – Tipo de estrutura, tipo de junção, tamanho de abertura, espessura, massa
por unidade de área, porcentagem de área aberta e rigidez;
Georredes – Porcentagem de área aberta, espessura, tamanho e forma das aberturas,
cor, dureza, massa por unidade de área, etc;
Geotubos – Espessura da parede, diâmetro do tubo e densidade.

2.4 - ESPECIFICAÇÃO DOS GEOSSINTÉTICOS

Segundo Vidal (1992), uma correta especificação de um geossintético deve indicar :


 As propriedades requeridas para satisfazer as funções a que o produto será
submetido e que foram consideradas no dimensionamento;
 As propriedades requeridas durante a instalação ou execução da obra;
 As propriedades requeridas para garantir a durabilidade da obra.

Giroud (1991) lembra que deve-se também incluir indicações sobre :


a – Ensaios para aceitação do produto: freqüência, tamanho e técnica de amostragem e
um programa de ensaios que solicite detalhes quando necessário (por exemplo : módulo à 2%
de deformação, transmissividade sob pressão, etc);

13
b – Critérios de aceitação e procedimentos para rejeição;
c – Fornecimentos do produto: cuidados com embalagem, identificação, transporte,
manuseio, condições e tempo de estocagem;
d – Condições de instalação: dimensões do rolo, direção de instalação, manuseio, tipo
de juntas, equipamento necessário e método de colocação dos materiais adjacentes.
Para especificar um geossintético é preciso ter-se uma normalização que garanta a
repetibilidade dos ensaios e fixe uma metodologia para determinação de algumas
propriedades requeridas. É de suma importância um sistema de controle que fiscalize as
indicações dos fabricantes e garantam sua confiabilidade, conforme os existentes para outros
produtos industriais empregados na engenharia civil.
Os geossintéticos podem ser manufaturados a partir de diferentes polímeros e por
variadas formas de fabricação. Koerner (1994) apresenta as diversas formas de fabricação de
geossintéticos, podendo-se citar, por exemplo na Figura 2.4, o processo de fabricação de
geomembranas.

Polimero + Aditivos

Tecido ou
estrutura

Extrusão Calandragem Revestimento comprido

Não-reforçado Reforçado

Fabricação

Painel

Instalação

Figura 2.4 – Fluxograma do processo de fabricação de geomembranas (Koerner, 1994).

14
As principais famílias de polímeros utilizada na confecção de geossintéticos são:
poliéster, poliamida, polipropileno e polietileno. Deve-se observar que o processo de
fabricação do geossintético pode alterar sensivelmente as propriedades dos produtos finais.
A especificação/terminologia e descrição dos geossintéticos no meio profissional é a
seguinte (Vidal, 1992) :
 Geotêxteis: Estes foram os primeiros tipos de geossintéticos empregados em
geotecnia. Dividem-se genericamente em tecidos e não tecidos em função do
arranjo estrutural das suas fibras ou filamentos. Nos geotêxteis tecidos o arranjo
estrutural dos fios é ordenado, com o lançamento dos mesmos em duas direções,
em geral ortogonais, ao longo da manta. Já nos geotêxteis do tipo não tecido o
arranjo estrutural dos fios na manta é aleatório, sem que se possam distinguir
direções preferenciais de lançamento dos mesmos.
 Geogrelhas: caracterizam-se pela combinação de membros transversais e
longitudinais, formando uma grelha, podendo interagir com o solo envolvente por
atrito e ancoragem. Um destes mecanismos pode ser predominante em função da
sua geometria. Convencionou-se chamar de membros transversais (ou de
ancoragem) àqueles responsáveis pela ancoragem da grelha ao solo envolvente.
Assim, os membros longitudinais são responsáveis pela transmissão de carga ao
longo do comprimento da grelha e por interagirem por atrito de interface com o
solo circundante.
 Geotiras: São elementos utilizados como reforço em que uma dimensão é muito
maior que as demais. Foram inicialmente desenvolvidas para substituírem tiras
metálicas em aplicações de reforço de solos.
 Geocélulas: São células confeccionadas a partir de geogrelhas ou de material
plástico. São geralmente empregadas para a estabilização de grandes aterros
construídos sobre solos moles ou para proteção de taludes contra erosão.
 Geodrenos: São tubos ou tiras plásticas ranhuradas envoltas por material drenante
(geotextil não-tecido, em geral) utilizadas como drenos verticais sob aterros ou
como elementos drenantes em taludes, no paramento interno de estruturas de
contenção, etc.
 Geomembranas: São empregadas como barreiras de baixa permeabilidade para
flúidos e gases. São geralmente utilizadas em barragens, reservatórios, canais,
depósitos de lixo de rejeitos industriais, etc.

15
 Misturas de fios sintéticos contínuos ou pedaços de geogrelhas e solo (fibra-solo)
por equipamentos mecânicos especiais: Esta é uma aplicação mais recente. A
combinação do material sintético ao solo resulta num material composto final com
melhores características mecânicas. Este tipo de reforço de solo tem sido aplicado
a aterros e pavimentos na França.
 Geocompostos: São geossintéticos resultantes da combinação de diferentes
materiais como, por exemplo: geotêxtil tecido + geotêxtil não-tecido, geotêxtil +
geogrelha, geotêxtil + geomembrana , etc.

2.5 - DURABILIDADE FACE AO MEIO AMBIENTE

O geossintético deve garantir a manutenção de suas características consideradas no


projeto, frente aos ataques provocados pelo meio ambiente. Este é um ponto fundamental em
qualquer aplicação. Os geossintéticos tradicionais não têm apresentado problemas importantes
nas obras onde o produto é aplicado imerso em solo sob condições usuais (não agressivo).
Entretanto, sua aplicação em solos agressivos e obras de proteção do meio ambiente,
sobretudo em reservatórios ou barragens de rejeitos industriais ou de mineração, podem
colocar estes produtos em situações de grande risco.
É importante estudar os diversos mecanismos de ataque a geossintéticos, para que se
possa compreender o problema e, posteriormente, dominá-lo. Atualmente, existem tentativas
de simular ataques, verificando suas influências nas propriedades mecânicas relevantes para o
projeto. Existem algumas propostas de normas para análise da resistência de geotextêis à
oxidação, enterramento, degradação química e dregradação microbiológica. O CEN propõe,
além destas, o estudo da resistência à hidrólise (Vidal, Vieira e Melo, 1991).
Sabe-se da dificuldade que existe em simular condições de campo em laboratório. Por
isso, a tendência atual é investir no conhecimento dos mecanismos de ataque. A compreensão
destes mecanismos, além da previsão de comportamento do geossintético, indicará soluções
no sentido de evitar ou minimizar o problema em obras reais.

2.5.1 - RESISTÊNCIA CARACTERÍSTICA DOS GEOSSINTÉTICOS

Os geossintéticos são manufaturados a partir de polímeros que são materiais que


apresentam comportamento visco-plástico. A resistência característica dos geossintéticos está
associada, portanto, a um tempo (td) de solicitação e a uma temperatura de projeto (Cd).

16
2.5.1.1-TEMPO DE PROJETO

O tempo de projeto é a vida útil da estrutura ou sistema. Estudos realizados pela Task
Force 27 (1989), sugerem que esta vida útil esteja vinculada à classificação da estrutura :
 Estruturas não críticas: td = 75 anos.
 Estruturas críticas : td = 100 anos.

Já o Britsh Standards Institute (BSI), requer das estruturas de contenção permanentes


(de qualquer espécie) uma expectativa de vida útil de 120 anos. A partir do momento em que
as recomendações internacionais requerem uma vida útil entre 75 e 120 anos, tornam-se
necessárias extrapolações para representar de maneira mais real o valor da resistência
característica ao final da vida útil da obra, já que ainda não existem resultados de ensaio com
tamanha duração.
A elevação da temperatura acelera o mecanismo de fluência em plásticos, de forma
que os testes acelerados são a única opção dos projetistas para obter dados sobre o
comportamento tempo-dependente dos geossintéticos. Entretanto, a aceleração de fluência por
aumento de temperatura pode alterar as características do produto, o que sugere que tal prática
possa induzir a erros de avaliação sobre a estabilidade desses materiais quando submetidos a
tensões constantes. Por essa razão, a resistência de longo prazo obtida por extrapolação
analítica ou por aceleração térmica deve ser reduzida através da aplicação de um fator de
redução (fe) devido à extrapolação de dados, conforme proposto por Ingold (1993) citado por
Azambuja (1997) e apresentado na equação 2.2:

t 
f e  ln  d  (2.2)
 te 

Onde : te = Tempo de duração do ensaio.

2.5.1.2-TEMPERATURA DE PROJETO

A temperatura dentro do solo (Cd) pode não ser a mesma do ensaio (Ce), o que obriga à
consideração deste aspecto no projeto. Os pesquisadores tem empregado correções de tempo e
temperatura baseadas na formulação de Arrehenius, conforme é apresentado na equação 2.3:

17
 C d Ce 
 
  
td corr  t d  e (2.3)

Onde : tdcorr = Vida útil corrigida;


 = Coeficiente de correção de temperatura.

O coeficiente de correção de temperatura pode ser estimado em função do polímero


predominante na estrutura do geossintético, da seguinte forma:

Poliéster  = 5,6
Polipropileno  = 7,2
Polietileno  = 4,2

2.5.1.3-FLUÊNCIA E FADIGA ESTÁTICA

A fluência é o processo pelo qual as dimensões do material modificam-se com o tempo


quando submetidos a carga constante. A magnitude das deformações por fluência dependem
da composição do polímero, do seu estados físico e da estrutura das fibras.
A fluência é usualmente apresentada através de relações tensão-deformação para
diferentes tempo de aplicação de carregamentos, ou seja, diferentes famílias de curvas tensão-
deformação. Fadiga estática é o fenômeno pelo qual um material, decorrido um determinado
intervalo de tempo, alcança a ruína com cargas menores do que a sua resistência de curto
prazo. A fadiga estática é por vezes representada pelo tempo que uma fibra leva para romper
com um determinado nível de tensão.
Segundo Azambuja (1992), a fadiga estática depende unicamente das propriedades dos
polímeros e, por isso, independe do processo de manufatura dos geossintéticos. Já a fluência
depende não só do polímero como da estrutura dos geossintéticos. Isto ocorre porque existem
deformações dos geossintéticos por reordenação de fibras e reacomodação de filamentos sob
carga constante. A Figura 2.5 ilustra esse fenômeno nos geotêxteis não tecidos, onde a
estrutura de fibras é bastante complexa e admite extensivas reorganizações, o que fica
evidente pela variação das taxas de fluência ao longo do tempo de carregamento.

18
Figura 2.5 – Fenômeno de fluência nos geotêxteis não tecidos (Azambuja, 1992).

2.5.1.4-AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA CARACTERÍSTICA

Segundo Azambuja (1997), a resistência característica de um geossintético (TK) pode


ser estimada pela seguinte equação:

T td ,Td 
TK  (2.3)
f e  f

Onde:

T(td,Td) = Resistência para um tempo e temperatura de projeto;


fe = Fator de redução por extrapolação de dados;
fv = Fator de segurança devido à variabilidade intrínseca do produto.

O fator fv deve ser fornecido pelo fabricante do produto, como resultado do seu
controle sistemático da variância da resistência de curto prazo observada em ensaios de faixa
larga. Entretanto, sabe-se que valores de fv são menores nas geogrelhas do que nos geotêxteis
e que variam tipicamente entre 1,03 e 1,10, dependendo do nível de controle do processo de
beneficiamento.
Nem todos os produtos contam com ensaios de longa duração e isócronas para seus
produtos. Portanto, estabeleceu-se um artifício para obter Tk à partir dos valores de T r
(resistência do ensaio índice de faixa larga), empregando-se a seguinte expressão:

19
Tr
TK  (2.4)
f f  fv

Onde :
ff = Fator de redução para fluência

A aplicação do fator de redução para fluência é, na verdade, um procedimento em


geral conservador diante da escassez de informações sobre o comportamento tempo-
dependente do geossintético.
Existe um nível de energia nas cadeias poliméricas, abaixo do qual não ocorre fadiga
estática. Esse nível de energia está associado a um nível de tensão que é diferente para cada
tipo de polímero. Por exemplo, o poliéster, desde que a temperaturas inferiores à sua
temperatura de transição vítrea, não apresenta fadiga estática para tensões inferiores a 52% de
Tr (Voskamp e Risseeuw, 1987). Já no polietileno de alta densidade, não orientado, esse nível
de tensão é inferior a 10% de Tr. A Tabela 2.2 apresenta uma sugestão de fatores de redução
para fluência inferidos a partir desse raciocínio, em função dos principais polímeros que
constituem reforços geossintéticos.

Tabela 2.2 – Sugestão para fatores de redução mínimos para fluência (Azambuja,1997).
Polímero Fator de fluência
Poliaramida (Kevlar) 1,1
Poliester (PET) 2,0
Polipropileno(PP) 4,0
Polietileno orientado de alta densidade 5,0
Polietileno de alta densidade 10,0
Polietileno de baixa densidade Não admitido como reforço em obras permanentes

2.6 - DEGRADAÇÃO BIOLÓGICA

Observa-se na literatura que a maioria dos polímeros empregados nos geossintéticos é


resistente à biodegradação. Segundo Azambuja (1997), não existem estudos que comprovem
uma ação deletéria de fungos e bactérias, com exceção de frações de menor peso molecular
que poderiam ser atacadas por prolongada atividade orgânica, sem contudo interferir
significativamente sobre a resistência mecânica dos geossintéticos.

20
Allen (1991) citado por Azambuja (1994), recomenda para estruturas não críticas,
mesmo sendo permanentes, um fator de degradação biológica igual a 1,0 porém os polímeros
empregados devem possuir alto peso molecular. Voskamp e Risseuw (1997) citado pelo
mesmo autor, sugere para este fator de degradação biológica um valor mínimo igual a 1,02 e
Koerner (1990), apresenta um intervalo que varia de 1,0 a 1,3 para os sistemas de contenção.

2.7 - GEOSSINTÉTICOS COMO BARREIRAS IMPERMEABILIZANTES

A necessidade de impermeabilização em obras de geotecnia é muito comum. A


aplicação de materiais sintéticos vem solucionando ou, pelo menos, minimizando problemas
associados a impermeabilização; porém esta é uma aplicação que tem sido utilizada com mais
freqüência nas duas últimas décadas. Estudos indicam que as primeiras aplicações de
geossintéticos como elemento de impermeabilização foram como barreira à passagem da água
em reservatórios, barragens e canais. Atualmente estes materiais estão sendo cada vez mais
utilizados no confinamento de rejeitos, como elemento fundamental na área de proteção
ambiental (Vidal, 1997).
Para conhecer o comportamento dos geossintéticos é necessário que os geotécnicos
tenham interesse em estudar a química e físico-química deste materiais, pois quando estes são
aplicados às obras de proteção ambiental, tal conhecimento pode ser essencial.
Segundo Vidal (1992), utilizam-se duas classes de produtos para desempenhar a
função de barreira impermeabilizante, de bloqueio ou desvio do fluxo e separação. Pode-se
citar alguns tipos de materiais:
Geomembranas (GM): São produtos de baixíssima permeabilidade, compostos
predominantemente por asfaltos, elastômeros ou platômeros, utilizados para controle de fluxo
e separação, nas condições de solicitação. Esta definição exclui as membranas fabricadas “in
loco” devido o difícil controle de qualidade.
Geocompostos argilosos para barreira impermeabilizante (GCL): São estruturas
formadas pela associação de geossintéticos a um material argiloso de baixa condutividade
hidráulica (geralmente bentonita), especialmente desenvolvido para a função de barreira
impermeabilizante.
As geomembranas poliméricas são compostas de polímeros (> 50% da massa total) e
de aditivos. A sua durabilidade, está associada à composição química, ao modo de fabricação
e ao histórico das solicitações a que este material foi submetido.

21
As geomembranas são protegidas por outros geossintéticos quando se tem a intenção
de diminuir:
 Os riscos de ruptura por impacto, puncionamento ou estouro;
 Os riscos de danos na instalação, sobretudo quando da compactação ou passagem de
equipamentos pesados sobre o sistema de impermeabilização;
 O efeito da exposição aos raios solares;
 As deformações e esforços de tração devido ao peso ou movimentação da cobertura. Neste
caso, o geossintético de proteção, geralmente um geotêxtil e/ou uma geogrelha, pode ter
duas finalidades: suportar os esforços e aumentar o ângulo de atrito da interface entre o
rejeito (ou a cobertura) e o geossintético, evitando o deslizamento.

Para contenção de rejeitos perigosos geralmente protege-se a geomembrana de


maneira que as solicitações sejam absorvidas predominantemente pela camada de proteção,
dessa forma reduzindo ao máximo o esforço na geomembrana. Alguns autores recomendam
sistemas de ancoragem independentes para o geotêxtil e a geomembrana.
Segundo Vidal (1992), as geomembranas betuminosas são geralmente constituídas de
um não-tecido, que trabalha como elemento de reforço, impregnado por asfalto. O asfalto é
constituído de cadeias de hidrocarbonetos de massas relativamente baixas. Eles são
compostos em média de 22% de asfaltenos, 32% de resinas e 46% de óleos (Pelte, 1993). O
comportamento destes materiais pode ser melhorado através da oxidação das cadeias
moleculares, ou pela adição de polímeros.
Os sistemas de impermeabilização com geossintéticos são utilizados em situações que
possam apresentar riscos ambientais, como na conteção de líquidos ou gases poluentes, ou
simplesmente para o confinamento de produtos sólidos, fluídos ou gasosos. A escolha do tipo
de geomembrana como elemento de barreira inicia-se na identificação do problema e dos
riscos da obra. A função deste material é não possibilitar o transporte de matéria através de
sua espessura e, por isso, é importante entender os fatores que geram e controlam este
processo, ou seja, o tipo e concentração das substâncias, a forma e a regularidade de chegada
destes materiais, além de se conhecer as condições ambientais sobre e sob o produto sintético.
A geomembrana deve garantir a estanqueidade da obra reduzindo, de acordo com as
necessidades do projeto, a passagem da água ou de produtos tóxicos durante toda sua vida
útil. Esta situação deve ser mantida ao longo de toda a sua área, e também garantida ao longo
de toda emenda ou junta realizada, tanto na união de painéis, como nos pontos de interligação

22
com tubos e drenos. A geomembrana deve ser quimicamente compatível com rejeitos a serem
estocados e resistente mecanicamente do ponto de vista do projeto geotécnico.
Um sistema de impermeabilização moderno baseia-se também na condução rápida dos
poluentes ao sistema de bombeamento impedindo, desta maneira, seu acúmulo e permanência
sobre o sistema de impermeabilização e minimizando os riscos de contaminação. Estudos
comprovam que as geomembranas são muito eficientes como barreiras para líquidos e gases.
Podem ser definidas duas situações básicas de utilização de geomembranas, a saber:
 Impermeabilização de barragens, diques, canais e reservatórios, onde a geomembrana
tem uma de suas interfaces diretamente em contato com o líquido a conter (mesmo que
protegida por um geotêxtil) e as condições de pressão e temperatura são facilmente
previstas e acompanhadas;
 Barreira estanque contra fluxo contínuo, ou eventual, de líquidos ou gases, podendo
confinar desde um rejeito sólido inerte (com risco mínimo de geração de líquidos ou
gases) até um aterro sanitário, onde existe formação de percolado e de gases, e que
sofre variações importantes de temperatura (Collins,1993 citado por Vidal, 1997).
No primeiro caso citado acima, a geomembrana tem a missão de conter um líquido,
inerte ou não, estático ou em movimento, impedindo-o de fluir para o meio poroso adjacente.
No segundo caso a geomembrana deverá interceptar líquidos ou gases vindos de um meio
poroso para um outro meio poroso, geralmente menos permeável, devendo-se considerar, a
existência ou não de fluxo e as reações químicas. O processo de ataque à geomembrana é
minimizado se não houver realimentação dos reagentes, ou seja, se a quantidade de fluido
contaminado diminuir com o tempo. Por isso, a escolha da geomembrana deve basear-se no
conjunto de fatores intervenientes no processo e nas suas características físicas e químicas.

2.7.1 - SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO

Os sistemas de impermeabilização com geossintéticos são chamados de sistemas


simples quando formados por apenas uma camada impermeável, sendo estes empregados
geralmente nos casos de contenção de materiais onde o risco de vazamentos eventuais não
causarão dano ao meio ambiente.
Sabe-se que não existe material totalmente impermeável e estudos demonstram que
mesmo com o melhor controle de qualidade podem-se observar imperfeições nas juntas e
emendas, além de pequenos danos de instalação, no caso das geomembranas. Nas camadas
argilosas compactadas. observam-se fissuramentos e zonas de fluxo preferencial. Devido a

23
estes aspectos, a maior parte dos países vem propondo, para a conteção de produtos tóxicos, a
superposição de camadas impermeáveis, classificadas como:
 Sistemas duplos: No caso de geomembranas espaçadas por georredes ou outro
material drenante, com o objetivo de coletar e conduzir os fluidos ou gases que
porventura ultrapassarem a camada impermeabilizante superior.
 Sistemas compostos: Quando da superposição de uma geomembrana sobre uma
camada argilosa compacta, supondo-se uma perfeita aderência entre a geomembrana e
o solo.
Quando utilizam-se sistema de impermeabilização com geossintéticos para contenção
de rejeitos sólidos que gerem percolado ou algum tipo de fluído ou gases tóxicos, deve-se
considerar que estes percolados deverão ser conduzidos ao sistema de tratamento, o mais
rápido possível, e nunca depositados diretamente no meio ambiente. Em muitos países é
obrigatória a colocação de geomembrana sob os sistemas drenantes inferiores, que possuem
como função principal garantir a condução dos percolados. Nos sistemas de
impermeabilização deve-se ter o revestimento de toda superfície da fundação e as laterais da
área de contenção, além de um sistema de cobertura, que tem o objetivo de coletar e facilitar a
condução dos gases, impedindo infiltração de água de chuva e reduzindo o volume dos
percolados que posteriormente deverão ser tratados.

2.7.2 - RECOMENDAÇÕES INTERNACIONAIS PARA REJEITOS PERIGOSOS

Sabe-se que a função primordial das geomembranas é gerar uma camada de baixíssima
permeabilidade, com o objetivo de controlar a percolação e fluxo de líquidos ou gases. O uso
destes materiais em todo o mundo tem aumentado muito nos últimos anos. Segundo Pohl
(1992) citado por Vidal (1997), este crescimento de utilização se deve a novas
regulamentações de atividades ambientais, à maior distribuição de dados e informações sobre
as propriedades e eficácia das geomembranas, assim como ao desenvolvimento de métodos de
controle de qualidade na produção e instalação das mesmas.
Na França, a camada de base do revestimento de fundo de uma área de disposição de
resíduos deve possuir, pelo menos, 5m de espessura, com permeabilidade inferior a 10–9 m/s,
sendo denominada camada de estanqueidade passiva (Militon, 1993). O sistema americano
prevê para resíduos classe II, 0,92m de argila com a mesma permeabilidade acima e, no caso
de rejeitos tipo classe I, recomenda adicionar uma camada impermeável e uma camada
drenante, ambos sintéticas. Na Alemanha, as espessuras de solo compactado são de 0,75m

24
para resíduo classe II e 1,5m para a resíduos classe I, com uma permeabilidade menor que 5 x
10 –10 m/s (Vidal, 1992).
Sabe-se que as legislações americana e alemã recomendam uma atenção especial no
contato geomembrana/argila, de maneira que reduzam-se as fugas de fluidos que podem
surgir em eventuais defeitos no material sintético. No Brasil, por enquanto, ainda não existem
recomendações nacionais, porém vários estados já recomendam utilizar uma barreira
polímerica quando da contenção de rejeitos perigosos.
O conceito de estanqueidade ativa se baseia no princípio de que a geomembrana tenha
por função principal barrar e facilitar a coleta do percolado, ajudando a sua condução ao
sistema de drenagem. Um sistema de estanqueidade de fundo é composto geralmente por:
 Um filtro em material com granulometria evoluindo da superfície até a interface com a
camada drenante, ou um filtro sintético com propriedades equivalentes;
 Uma camada drenante com elevado coeficiente de permeabilidade, que nos casos de
dupla estanqueidade é, em geral, uma georrede;
 Uma geomembrana, geralmente protegida por um geotêxtil contra danos ou tração
excessiva.
O revestimento de cobertura da área de disposição é geralmente composto de:
 Uma camada de solo vegetal permitindo a existência de uma cobertura vegetal que
evite a erosão;
 Uma camada drenante para recolher e conduzir a água que se infiltre pela camada
vegetal;
 As camadas citadas acima não devem ter inclinação superior a 5% na França, e
devem estar entre 3 e 5% nos Estados Unidos, para evitar erosão e instabilidade do
maciço.

2.8 - DANO MECÂNICO

Dano mecânico é toda transformação da estrutura do geossintético resultante de


esforços ocorridos durante seu manuseio, instalação e compactação do solo sobrejacente.
Alguns autores distinguem ainda duas fases do dano mecânico: aqueles ocorridos até a
compactação e os decorrentes das solicitações iniciais de serviço (Paulson, 1990; Bonaparte et
al., 1988). Os reforços que já estiveram em serviço podem ter suas lesões agravadas,

25
especialmente se submetidos a cargas essencialmente dinâmicas, como no caso de reforços de
pavimentos de baixo custo (Billing et al., 1990).
Pesquisas vêm sendo desenvolvidas com o objetivo de quantificar os valores
requeridos para o fator de redução contra o dano mecânico, procurando relacionar a perda de
resistência do geossintético com a agressividade do ambiente de instalação e utilizando o
conceito da capacidade de sobrevivência do material sintético. Existem outras formas de
analisar este tipo de dano, podendo-se citar ensaios de laboratório que estabeleçam critérios
de inspeção visual em amostras exumadas das estruturas, correlacionando o número de furos
ou lesões existentes com a resistência remanescente dos reforços. Para obter estes resultados
podem ser executados ensaios de tração não confinados, podendo ser de faixa larga ou
estreita, dependendo das condições e disponibilidade de amostras.

2.8.1 - CAPACIDADE DE SOBREVIVÊNCIA

Segundo Azambuja (1994), este é o termo empregado para definir a resistência que um
geossintético possui diante dos esforços induzidos pela construção e operação inicial do
sistema ao qual este material é destinado. Esta definição, inicialmente específica dos
geotêxteis, deve-se à prática americana (Chistopher e Holtz, 1994), que classificaram as
mantas em categorias de baixa, moderada e alta capacidade de sobrevivência, de acordo com
as respectativas características estruturais e de resistências mecânicas, conforme mostrado na
Tabela 2.4.

Tabela 2.4 – Classificação simplificada da capacidade de sobrevivência dos geossintéticos


(Azambuja, 1994 – adaptado de Chistopher e Holtz, 1991).

Capacidade Geotêxteis
de sobrevivência tecido não tecido
Baixa MA < 135g/m2 MA <150g/m2
Moderada 135  MA 150g/m2 150  MA 300g/m2
alta MA  150g/m2 MA > 300g/m2

Onde: MA = gramatura.
A capacidade de sobrevivência também é influenciada pelas condições de instalação
do geossintético, sendo função da espessura da camada de solo, granulometria, tipo de sub-
leito e energia transmitida pelo equipamento de compactação.

26
Allen (1990) citado por Azambuja (1994), posteriormente adaptou os critérios de
capacidade de sobrevivência para as condições de instalação de sistemas de contenção em
solo reforçado, conforme mostrado na Tabela 2.5.

Tabela 2.5 – Classificação da capacidade de sobrevivência requerida (Allen, 1991).


Espessura da camada
Tipo de equipamento Aterro
< 15cm 15 a 30cm > 30cm
Areia fina a grossa, grãos sub- Baixa Baixa Baixa
arredondados
Areia e cascalho grad., grãos sub- Moderada Baixa Baixa
Leve e rebocado
ang.,  < 75mm
Cascalho mal grad., grãos Muito alta Alta Moderada
angulosos,  > 75 mm
Areia fina a grossa, grãos sub- Moderada Baixa Baixa
arredondados
Areia e cascalho grad., grãos sub- Alta Moderada Baixa
Auto propelido
ang.,  < 75 mm
Cascalho mal grad., grãos Não Muito alta Alta
angulosos,  > 75 mm recom.

 Dados experimentais disponíveis

Diversos estudos mostram que existe uma preocupação com dano mecânico de
materiais sintéticos. Porém, observa-se que a maioria dos experimentos de campo registrados
na literatura não foram realizados com condições de instalação controladas. Nos anos 90
foram realizados alguns programas experimentais, nos quais foi possível gerenciar e registrar
as condições de instalação dos geossintéticos, tornando possível a sistematização destas
informações. Parte destes trabalhos correlacionam o dano com perda de resistência a curto
prazo, à partir de resultados obtidos em ensaios de faixa larga não confinados. Os ensaios
foram realizados em amostras exumadas de obras, de camadas experimentais ou de
dispositivos para danos construídos em laboratório, e os resultados comparados aos obtidos
em ensaios com amostras virgens (amostras de referência). Usualmente determina-se o fator
de dano mecânico (fd) através da razão entre as resistências de curto prazo da amostra virgem
e da amostra exumada.

27
Azambuja (1997), baseado em alguns trabalhos experimentais registrados na literatura,
apresenta um intervalo de fatores de segurança (Tabela 2.6), onde valores mínimos e máximos
são recomendados. Para calcular a resistência admissível do reforço, o nível de informações
sobre as condições de instalação servirá de base para o julgamento do fator de dano mais
adequado dentro desse intervalo.
Rainey e Barksdale (1993) e Koerner e Koerner (1990) citado por Azambuja (1997),
consideram inaceitável uma perda de resistência superior a 50%, Explica-se, segundo esta
colocação, que não há necessidade de expor um reforço ao dano demasiado, uma vez ser
possível gerenciar as condições de instalação pela escolha dos materiais de aterro ou pela
metodologia construtiva.

Tabela 2.6 – Intervalo de fatores de dano mecânico para geotêxteis sugeridos na literatura
(Azambuja, 1997).

Geotêxtil Capacidade de Capacidade de sobrevivência requerida


sobrevivência Baixa Moderada Alta Muito
Alta
Tecido de Baixa 1.30-1.45 1.40-2.0 NR NR
prolipropileno Moderada 1.20-1.35 1.30-1.80 NR NR
Alta 1.10-1.30 1.20-1.70 1.60-NR NR
Tecido de poliéster Alta 1.10-1.40 1.20-1.70 1.50-NR NR
Não tecido de Baixa 1.15-1.40 1.25-1.70 NR NR
poliéster Moderada 1.10-1.40 1.20-1.50 NR NR
Alta 1.05-1.20 1.10-1.40 1.35-1.85 NR

Onde: NR = Valor considerado superior a 50% de perda de resistência.

Segundo Azambuja (1994) alguns autores pesquisaram a influência do dano mecânico


sobre a rigidez não confinada dos geotêxteis (Bush, 1988; Rainey e Barksdale, 1993; Viezee
et al, 1990). A maioria desses estudos demonstra que a rigidez secante para deformações
menores do que 5%, pelo menos para amostras pouco danificadas (Troost e Ploeg, 1990), é
aumentada, possivelmente devido a um encruamento na estrutura das fibras (Biling et al,
1990).

28
2.8.2 - INSPEÇÃO VISUAL

A inspeção visual dos danos em amostras exumadas formam um critério útil para a
aceitação de uma determinada metodologia construtiva. Porém, não há referências suficientes
para adotar-se um critério de inspeção com esta finalidade.
Koerner (1990) propôs uma avaliação do dano mecânico em geotêxteis pela
frequência de furos com diâmetro superior a 6mm. Entretanto, os autores não obtiveram uma
boa correlação entre a perda de resistência e o número de furos. Segundo Azambuja (1992),
isto ocorreu provavelmente porque os mesmos agruparam diferentes tipos de geotêxteis no
mesmo experimento.
Alguns pesquisadores desenvolveram estudos visando a classificação visual dos danos
mecânicos, que são aplicáveis a geogrelhas e geotêxteis tecidos de estruturas mais simples.
Nos trabalhos que tratam desta classificação não foram apresentadas tentativas de correlação
entre freqüência das lesões e a variação de resistência destes materiais sintéticos.
Azambuja (1994), desenvolveu um programa experimental sobre danos mecânicos em
geotêxteis não tecidos de poliéster, associados com solos granulares grosseiros, nos quais
sugerem-se critérios mais pormenorizados de inspeção visual dos danos de instalação. Este
autor classificou as lesões como:
 Cortes: são admitidos com largura infinitesimal, sendo registrados os seus
comprimentos;
 Furos: são relacionados segundo os seus diâmetros;
 Contusões: são lesões que provocam fortes distorções na estrutura das fibras,
porém sem o vazamento do plano da manta.

Ao ocorrer a lesão ocorre o rompimento da continuidade dos filamentos, com isto


surge a desestruturação das fibras. O grau de dano ocorrido pode ser avaliado através do
somatório dos perímetros das lesões. Assim, pode-se quantificar o dano correlacionando o
perímetro específico das lesões (Ud) com o somatório dos perímetros de todas as lesões
observadas, e a área da amostra exumada do geotêxtil (Azambuja, 1994). A Tabela 2.7 a
seguir mostra os critérios de classificação das lesões e os seus respectivos perímetros.

29
Tabela 2.7 – Tipologia e classificação das lesões em geotêxteis não tecidos (Azambuja,1994).

Tipo Descrição Dimensões Perímetro da lesão


Contusão Forte distorção mas sem _ 9.425mm
orifícios
Corte Orifício com forma alongada c<5mm 9.000mm
5c<8mm 13.000mm
c8mm Medido
Furo Orifício com forma  < 2mm 4.712mm
aproximadamente circular 2<4mm 9.425mm
4<6mm 15.708mm
 6mm Medido

Obs.: “c” é o comprimento e “” é o diâmetro médio.

A perda de resistência das amostras pode ser relacionada com o dano causado, de
maneira que se pode adotar esta forma de análise em amostras exumadas, para aferir se os
fatores de redução contra dano considerados em projeto são compatíveis com a prática
construtiva adotada na obra. A Tabela 2.8 mostra um resumo dos dados obtido por Azambuja
(1994).

Tabela 2.8 – Fatores de dano para geotêxteis não tecidos, (Azambuja,1994).

Classe de dano Perímetro específico de dano Fatores de dano mecânico


(fd)
Leve 0-2 1,00-1,25
Moderada 2-5 1,25-1,60
Intensa 5-13 1,40-1,90
Inadmissível >13 NR

Onde : NR = Valor considerado superior a 50% de perda de resistência.

2.8.3 - DEGRADAÇÃO QUÍMICA NOS GEOSSINTÉTICOS

A degradação química compreende toda transformação dos polímeros constituintes


dos geossintéticos mediante a ação de substâncias quimicamente ativas presentes no solo.

30
Jewell e Greenwood, (1988) citado por Azambuja (1994) diz que este processo é mais
intenso em polímero de mais baixo peso molecular, baixo percentual de cristalinidade, baixa
densidade e fraca orientação. Pode-se incorporar estabilizantes e antioxidantes durante a
fabricação dos polímeros para melhorar a resistência à ação química, apesar de que alguns
aditivos, acelerarem a degradação química se forem utilizados de maneira errônea.
Sabe-se que a temperatura, a umidade do solo, a agressividade química e o nível de
tensões impostas podem acelarar ou retardar as reações geradas em materiais sintéticos.
Muitas das reações surgem de maneira superficial e observa-se que o diâmetro dos filamentos,
assim como a espessura dos materiais sintéticos, desempenham um papel importante nas
propriedades mecânicas dos reforços.
Segundo Azambuja (1994), dentre os processos de degradação química, pode-se citar:
a) Termo-oxidação: Surge em ambientes ligeiramente ácidos ou neutros e com
temperaturas mais elevadas que favorecem a remoção de átomos de hidrogênio da
cadeia polimérica. Não chega a ser significativo do ponto de vista de perda de
resistência mas é maior nas poliolefinas, em especial nos polipropilenos. Segundo
estudos realizados, o maior efeito da oxidação não é a perda de resistência, mas a
perda de ductilidade.
b) Foto-oxidação: É decorrente da ação de determinados espectros da radiação
solar que ativa reações de remoção de hidrogênio. Geralmente, os aditivos são
eficientes para exposições moderadas. Em casos especiais, em que a exposição é
muito prolongada, o controle in situ das perdas de resistências torna-se necessário.
c) Hidrólise: É a reação inversa de esterificação e pode afetar sensivelmente as
resistências das fibras de poliéster. Ambientes fortemente alcalinos ou de
concentração salina podem provocar perdas superiores a 35% da resistência de
fibras de PET, mas em ambientes neutros ou ligeiramente ácidos essa reação
dificilmente é ativada.
d) Trincamento por tensão (“Stress cracking”): É um mecanismo que costuma
ocorrer exclusivamente nas poliolefinas, em especial no polietileno. Consiste no
crescimento de lesões e trincamento que só ocorre em níveis expressivos de
tensões associadas a ambientes agressivos.

31
Na Tabela 2.9 a seguir, pode-se observar alguns fatores de redução para degradação
química (Azambuja, 1994).

Tabela 2.9 – Fatores de redução com respeito à degradação química, (Azambuja,1994).

Função Polímero Fatores de degradação química (fq)


Polipropileno 1-1,25
Temporária Polietileno 1-1,25
Poliéster 1-1,25
Polipropileno 1,25-2,0
Permanente Polietileno 1,1-1,50
Poliéster 1,25-2,00

OBS.: Os valores mais altos referem-se a ambientes muito desfavoráveis.

2.9 - PRINCIPAIS SOLICITAÇÕES QUE PODEM OCORRER NOS MATERIAIS


SINTÉTICOS

Pode-se dividir as solicitações a que os geossintéticos podem estar submetidos


segundo Vidal (1992), em:

a) Solicitações Mecânicas

 As geomembranas se dilatam com o calor;


 A perda de componentes da geomembrana no processo de envelhecimento pode
provocar contração;
 Os pontos de fixação e os ângulos existentes em ancoragens ou contorno de
estrutura em concreto provocam zonas de esforços localizados;
 Tração multiaxial pode ocorrer no caso de subsidência do solo de base, ou
formação de gases sem drenagem sob a geomembrana;
 Puncionamento por objetos flutuantes;
 Efeito das ondas e do vento sobrelevando a geomembrana.

32
b) Solicitações Físico-Químicas

 Degradação fotolítica de uma membrana não protegida;


 Perda de compostos solúveis;
 Degradação térmica;
 Oxidação do polímero.
Além das solicitações citadas, deve-se considerar também para áreas de estocagem de
rejeitos e aterros sanitários :
 Presença de rejeitos sólidos e líquidos;
 Agressividade do percolado, com risco de degradação dos geossintéticos;
 Dispositivos complexos, com superposição de camadas;
 Temperaturas podendo subir a mais de 60 C no interior de aterros sanitários
muitos altos e com sistemas drenantes mal projetados (Collins, 1993).

Segundo Vidal (1992), os fatores citados aumentam o nível das solicitações na qual o
geossintético estará sendo submetido. Logo, deve-se levar em consideração alguns cuidados
para minimizar estas solicitações.
 Acompanhamento das propriedades mecânicas do material dos taludes e do aterro,
buscando evitar grandes deformações, podendo-se reforçá-los com geotêxteis ou
geogrelhas;
 Proteção da geomembrana nos taludes, de modo a minimizar os esforços de tração ao
longo do seu comprimento e no trecho de ancoragem;
 Sistema drenante eficaz que conduza rapidamente o percolado, minimizando a pressão e
o tempo de contato (existem alguns trabalhos que vêm alertando sobre incrustações em
drenos de aterros sanitários, p. ex., Brune et al., 1991);
 Avaliação criteriosa dos parâmetros de interface e de comportamento dos elementos de
cada camada;
 Proteção da geomembrana contra puncionamento evitando, sobretudo, a colocação ou a
presença de materiais angulares diretamente sobre a mesma;
 Avaliar as características de comportamento das geomembranas levando em conta as
condições ambientais de temperatura e de agressividade química.

33
2.10 - DANOS DE INSTALAÇÃO

Os principais danos são causados na instalação, muitas vezes na compactação do solo


sobre o geossintético, descuidos desapercebidos na própria instalação, além do tráfego de
equipamentos pesados e o contato brusco com objetos pesados. Os principais fatores que
afetam a intensidade do dano são o tipo de geotêxtil ou geogrelha, e o espaçamento entre os
reforços e a granulometria do material de aterro.
Koerner (1992) apresenta alguns resultados de ensaios realizados sobre amostras
danificadas e virgens, concluindo que sempre ocorre redução na resistência devido a danos na
instalação do geossintético, sendo tal redução bastante variável. Esse autor sugere que se use
um fator de redução para o dano de instalação em geral entre 1,0 e 2,0, podendo chegar a 3,0
em alguns casos extremos.
Watts e Brady (1994) citado por Vidal (1997),reproduziram danos de instalação em
laboratório através de vibro-compactação de pedregulho calcáreo bem graduado sobre
amostras de geotêxteis (PP, PET e PET/PA), geocomposto de PET/PE e geogrelha de PET e
PEAD. Os fatores de redução obtidos a partir dos resultados de ensaios de resistência à tração
situaram-se entre 1,0 e 1,7, exceto para o geotêxtil de PET, em que os valores foram mais
elevados, variando de 1,6 a 3,8. Segundo os autores, é melhor determinar o valor do fator de
redução a partir de poucos ensaios sobre amostras de pequenas dimensões.

34
CAPÍTULO III

3 - EQUIPAMENTO, MATERIAIS E MÉTODO DE ENSAIO


3.1 - INTRODUÇÃO

Durante a instalação e posteriormente a vida útil da obra, as geomembranas estão


sujeitas a uma série de esforços, como as decorrentes de solda, esforços de tração,
puncionamento, rasgo, variações de temperatura, dentre outros, que podem vir a modificar a
estrutura deste material sintético. Face a estas informações, os ensaios de dano mecânico por
compressão, torna possível a análise do comportamento destes geossintéticos mediante
solicitações pré-determinadas em laboratório simulando condições reais de carregamentos em
obras de disposição de resíduos. Foram realizados 10 ensaios para calibração e controle do
equipamento, além de 3 repetições para cada análise de tensão associada a uma espessura de
geomembrana, resultando em aproximadamente 100 ensaios de dâno mecânico por
compressão.

3.2 - DESCRIÇÃO DO EQUIPAMENTO DE DANO MECÂNICO

O equipamento utilizado nesta pesquisa foi projetado e construído na Universidade de


Brasília (Palmeira, 2000), sendo constituído em aço inoxidável, conforme esquematizado em
planta e corte nas Figuras 3.1 (a) e (b), respectivamente. O equipamento permite a aplicação
de tensões de até 2000kPa sobre a amostra ensaiada, podendo ainda ser adaptado para
carregamentos maiores. A tensão vertical sobre as amostras de solo e do geossintético é
aplicada pela placa rígida (peça D, na Figura 3.1 b). A amostra de geossintético a ser ensaiada
pode ser colocada sobre uma base rígida ou sobre solo abaixo da placa rígida de aplicação de
tensões normais (Figura 3.1 b). As conexões superior e inferior do equipamento permitem
verificar a ocorrência de vazamentos (de ar ou água) através da geomembrana, em
decorrência de danos ocorridos durante o ensaio, através da injeção de líquido ou gás pelas
conexões no topo ou base. Nas figuras 3.2 e 3.3 pode-se observar as partes do equipamento de
dano mecânico desmontado, e o equipamento montado, respectivamente.
Nos ensaios realizados foram aplicadas tensões de 300, 500 e 1000kPa para as areias e
micro-esferas de vidro utilizados como material granular, valores estes passíveis de ocorrerem
em carregamentos reais em obras de disposição de resíduos. Sabe-se, por exemplo, que um

35
aterro sanitário com 100m de altura, pode provocar tensões de compressão iguais ou
superiores a 1000kPa sobre o sistema de impermeabilização. Neste tipo de ensaio é
importante que o conjunto solo ou micro-esfera-geomembrana permaneça com carregamento
aplicado até a estabilização das deformações por compressão. Esta estabilização foi
controlada através do uso de um deflectômetro (resolução = 0,002mm), posicionado sobre o
equipamento, ou seja quando as leituras se tornavam constantes, geralmente após sete horas, a
amostra de geossintético podia ser submetida a novo estágio de carregamento ou retirada para
análise.

PLANTA BAIXA
cada 45 o

A A

furo vazado para


15 parafuso  1/4"

furo para conexão

60

80

100

Observação: Todas as medidas estão em milímetros.

(a) – Vista superior do equipamento.

Figura 3.1 – Equipamento de dano mecânico (Palmeira, 2000).

36
Corte A-A F
12.5
Peça C furos para entrada de
Peça A ar ou líquido

Peça F
100

44

60

20

Peça B
80

100

Peça F
cada 45 o

furo vazado para


parafuso  1/4"

Peça D

descanso da esfera
B B
5
10

44
dia. = 58

cada 45 o

furos dia. = 3 mm

60

100

Corte B-B

14
15

22

Observação : Todas as medidas estão em milímetros.


(b) Corte A-A e demais componentes.
Figura 3.1 – Equipamento de dano mecânico (Palmeira, 2000) – cont.

37
Figura 3.2 – Equipamento de dano mecânico desmontado.

Figura 3.3 – Equipamento de dano mecânico montado.

3.3 - DESCRIÇÃO DO ENSAIO DE DANO MECÂNICO

Para o ensaio proposto não existe normalização disponível. Neste caso, os


procedimentos seguidos foram sendo aperfeiçoados à medida em que os ensaios foram sendo
realizados.

PROCEDIMENTO ADOTADO NA PREPARAÇÃO DO ENSAIO:

1. Preenche-se todo o volume vazado da peça B (Figura 3.1), com material granular,
podendo este ser micro-esferas de vidro ou areia. Pode-se também substituir este
material granular por uma peça maciça circular.

38
2. Posiciona-se a geomembrana sobre o solo ou peça maciça, dependendo do objetivo
do ensaio.
3. Coloca-se a segunda parte de material granular sobre a geomembrana, neste caso
preenchendo parte do volume da metade superior do equipamento (Figura 3.1).
4. Conclui-se a montagem do equipamento aparafusando o sistema, onde a peça D
(Figura 3.1), é responsável pela transmissão da tensão normal, sobre o material
granular sobrejacente à geomembrana. Manteve-se constante a densidade dos
materiais granulares e do rejeito (para as micro-esferas de vidro esferas = 1574
kg/m3 e densidade relativa = 0,35; para a areia grossa areia= 1544 kg/m3 e
densidade relativa = 0,40 e para o rejeito de minério de ferro minério = 1644 kg/m3
e densidade relativa = 0,10). O material granular era depositado no equipamento
através de chuva de areia (ou de micro-esferas), seguindo movimentos circulares
até o preenchimento necessário para a execução do ensaio.

Observa-se na Figura 3.4 o sistema completamente montado.

Figura 3.4 – Ensaio de dano mecânico montado.

39
3.4 – ANÁLISE MICROSCÓPICA DAS AMOSTRAS DE GEOMEMBRANAS APÓS O
ENSAIO DE DANO MECÂNICO POR COMPRESSÃO

As impressões de contactos solo-geomembrana foram obtidas utilizando-se


microscopia. O equipamento utilizado foi uma lupa ótica tipo Wild Heerbrugg com aumento
de 6 a 50 vezes e com câmera Wild MPS 51 acoplada.
É importante observar que após os espécimens de geomembrana serem deixados em
repouso (descarregados) após o ensaio de compressão, por algumas horas, as impressões das
formas de partículas observadas sobre a superfície da geomembrana não eram mais visíveis a
olho nu, e menos vísiveis também microscopicamente. Por isso, para a obtenção das
impressões dos contactos nas fotografias se fez necessária a colocação de um papel alumínio
sob a superfície destas geomembranas antes do início dos ensaios, após a aplicação do
carregamento este papel foi retirado para as análises na lupa ótica. Como a fotografia é
microscópica, com luz incidente, observou-se também que esta luz aquecia e danificava a
superfície da geomembrana e esta, por ser também de cor escura (preta) levava a obtenção de
resultados insatisfatórios. Porém, com o artifício de colocação do papel alumínio obtive-se
melhores resultados, é importante observar que as fotografias foram obtidas após o ensaio de
dano mecânico.

3.5 – PROCEDIMENTOS ADOTADOS PARA OBTENÇÃO DO VALOR DAS ÁREAS


DE CONTACTO NA SUPERFÍCIE DAS GEOMEMBRANAS APÓS O ENSAIO DE
DANO MECÂNICO

Utilizou-se o programa Autocad para a obtenção das áreas de contacto grãos-


geomembranas nas superfícies das geomembranas ensaiadas. Inicialmente as fotografias
obtidas através da lupa ótica com câmera acoplada foram transportadas para o programa
Autocad.
Neste programa existe a possibilidade de desenhar sobre a figura obtendo-se a área do
desenho, tendo sido este o procedimento adotado, conforme um exemplo ilustrado na Figura
3.5. Obteve-se, no caso das deformações geradas pelas micro-esferas de vidro na superfície
das geomembranas, uma série de áreas circulares, e no caso das deformações geradas pela
areia grossa, áreas disformes. Após as medidas de áreas, estas foram somadas, utilizando-se a
planilha Excel, para análises subseqüentes.

40
Figura 3.5 – Fotografia transportada para o programa auto-cad, com a representação das áreas
de contacto (áreas circulares geradas pelas micro-esferas na superfície das geomembranas).

3.6 - MATERIAIS UTILIZADOS NA PESQUISA

3.6.1 - GEOMEMBRANAS E GEOTÊXTIL

Utilizaram-se na presente pesquisa geomembranas de PVC com espessuras de 0,5; 1,0


e 2mm fabricadas pela SANSUY S.A. Indústria de Plásticos, e geotêxtil não-tecido, agulhado,
com filamentos contínuos de poliéster, OP 15, fabricado pela Bidim Indústria e Comércio
Ltda. As principais características das geomembranas de PVC e do geotêxtil são apresentadas
nas Tabelas 3.1 e 3.2.

Tabela 3.1 – Principais características das geomembranas de PVC. (Catálogo Vinimanta –


Geomembranas de PVC, 2001).

Características
Físicas Unidade Especificação
2,0
Espessura mm 0,5 1,0
longitudinal transversal
Tensão de
kPa 14000 14000 > 13000 > 12000
ruptura mínima
Resistência ao
N/m 45000 45000 > 4000 4000
rasgo mínimo
Alongamento na
% 325 325 > 32500 32500
ruptura mínimo

41
Tabela 3.2 – Principais características do geotêxtil OP 15. (Catálogo Bidim, 2001).

PROPRIEDADES MECÂNICAS
CARACTERÍSTICA NORMA UNIDADE GEOTÊXTIL OP15

Resistência à Tração
(Carga distribuída) ABNT NBR 12824 N/m 10000
(Largura do corpo de prova:
Alongamento na 500mm) % >40
ruptura

Resistência à Tração ASTM D 4595 N/m 7000


(Carga distribuída) (Largura do corpo de prova:
200mm)
Alongamento na % 45-55
ruptura
N/m 520
Resistência à Tração
(Carga concentrada) ASTM D4632

Alongamento na % >70
ruptura
Resistência ao estouro ASTM D3786 kPa 1400

3.6.2 – MATERIAIS GRANULARES UTILIZADOS

Utilizaram-se para estes ensaios uma areia grossa e micro esferas de vidro com
granulometria semelhante à da areia, pois o objetivo foi também avaliar a influência da forma
dos grãos no potencial de dano mecânico.
As curvas granulométricas da areia e das micro-esferas utilizadas nos ensaios são
apresentadas na Figuras 3.6. No caso do solo granular, trata-se de uma areia grossa,
normalmente utilizada em filtros da companhia de Água e Esgoto de Brasília (CAESB).

42
Areia Grossa Amarela e Micro-esfera de Vidro

100

material que passa (%)


90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0,01 0,1 1 10

d (mm)

Areia Grossa Amarela Micro-esfera de Vidro

Figura 3.6 – Curvas granulométricas da areia grossa e das micro-esferas.

Na Tabela 3.3 pode-se observar algumas características granulométricas retirada das


curvas granulometricas da areia e da micro-esfera mostrada acima.

Tabela 3.3 – Algumas características das areias e micro-esferas de vidro utilizadas.

CARACTERÍSTICA AREIA GROSSA MICRO-ESFERA


DE VIDRO
D10 0,65 mm 0,65 mm
D50 0,97 mm 0,95 mm
D85 1,52 mm 1,50 mm
Coeficiente de curvatura 0,82 0,87
2
( Cc = (D30) / (D10 x D 60))
Coeficiente de uniformidade 1,84 1,69
(Cu = D60/D10)

Onde: Dn = Corresponde na curva granulométrica, ao diâmetro do grão que possui dimensão


média menor que a dimensão considerada.

43
As micro-esferas de vidro foram escolhidas de modo a se obter uma curva
granulométrica semelhante à da areia grossa e foram fornecidas pela Potters Industrial Ltda.
As características das micro-esferas de vidro são apresentadas na Tabela 3.4.

Tabela 3.4 – Propriedades físicas e químicas das micro-esferas de vidro (Potters Industrial
Ltda. 2001).

Propriedades físicas
Massa Específica (g/cm3) 2,5
Resistência à compressão (kPa) 96.552 a 248.276
Propriedades químicas
Composição Vidro tipo soda-cal
Sílica livre nenhuma

Utilizou-se também um rejeito proveniente de minério de ferro, retirado da pilha de


Monjolo, de propriedade da mineradora SAMITRI S.A., Mineração da Trindade, localizada
na mina de Morro Agudo, situada a 140 Km de Belo Horizonte, MG. A composição química
média deste material é: 22% de Fe, 67% de SiO2 e 0,4% de Al2O3 (Espósito, 1995). A curva
granulométrica do rejeito de minério e algumas características relevantes sobre este material
são apresentadas na Figuras 3.6 e na Tabela 3.5, respectivamente.

Rejeito de minério de ferro

100
90
80
material que passa (%)

70
60
50
40
30
20
10
0
0,00001 0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10
d (mm)

Figura 3.7 – Curva granulométrica do rejeito de minério de ferro.

44
Tabela 3.5 – Algumas características do rejeito de minério de ferro.
CARACTERÍSTICA REJEITO
D10 0,059 mm
D50 0,195 mm
D85 0,409 mm
Coeficiente de curvatura
2 1,02
( Cc = (D30) / (D10 x D60))
Coeficiente de uniformidade
4,03
(Cu = D60/D 10)

Onde: Dn = Corresponde na curva granulométrica, ao diâmetro do grão que possui dimensão


média menor que a dimensão considerada.
Pode-se observar nas Figuras 3.7 (a e b), a diferença no diâmetro dos grãos entre a
areia grossa e o rejeito de minério e também os seus diâmetros a partir da régua posicionada
na parte superior das fotografias.

(a) Rejeito de minério de ferro

(b) Areia grossa


Figura 3.8 – Fotografia microscópica do rejeito de minério e da areia grossa.

45
CAPÍTULO IV

4 - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS


4.1 - INTRODUÇÃO

Inicialmente é interessante uma visualização das condições típicas da superfície das


geomembranas utilizadas antes dos ensaios, para efeito de comparação após estas amostras
terem sido submetidas ao ensaio de dano mecânico por compressão (Figura 4.1). As
superfícies são lisas, sem nenhum tipo de dano visivelmente detectado. A escala mostrada na
região superior da fotografia apresenta divisões em milímetros e será útil para a estimativa de
dimensões de impressões de contactos solo-geomembrana.

Figura 4.1 - Condições de superfície da geomembrana típica antes do ensaio (escala em


milímetros).

4.2 – RESULTADOS DOS ENSAIOS DE DANO MECÂNICO POR COMPRESSÃO

4.2.1 - RESULTADOS DE ENSAIOS COM AREIA

Observou-se numa primeira análise visual, que eram impressas na superfície das
geomembranas diferentes formas e dimensões de áreas de contato, dependendo do
carregamento aplicado e da proteção ou não com geotêxtil. Entretanto, com relação ao tipo de
geomembrana (PVC, de 0,5, 1,0 ou 2,0mm de espessura), as formas das áreas de contato

46
mantiveram-se similares, variando apenas em quantidade, em função do tipo de
geomembrana.
Os ensaios comentados nos próximos itens foram montados com areia grossa acima e
abaixo das geomembranas.

4.2.1.1 – RESULTADOS DOS ENSAIOS COM GEOMEMBRANAS DE PVC COM 0,5


mm DE ESPESSURA

A) Tensão normal de 300kPa

Observa-se na Figura 4.2, segundo uma inspeção microscópica, que são geradas na
superfície da geomembrana uma série de deformações, porém sem constância de forma,
podendo-se notar pontos de contato que aglomeram-se em alguns locais. Para esse
carregamento não foram observados nenhum furo ou rasgo na superfície da geomembrana.
Observa-se também que as áreas de contato são inferiores a 1mm2, comparando-as à escala da
régua com divisões milimétricas posicionada na parte superior da figura. Na realidade, a
análise visual desta geomembrana não permite identificar dano algum. A quantidade total de
área de contato em relação a área total do espécimen foi de 4,52%.
A Figura 4.3 mostra a freqüência de distribuição das áreas de contacto ao longo de
uma área de aproximadamente 150mm2. Observa-se que as áreas de contacto variaram de
0,001 a 0,300mm2, com predominância de áreas de contacto menores.

Figura 4.2 – Superfície da geomembrana (PVC) com 0,5mm de espessura submetida à tensão
normal de 300kPa (areia).

47
80

70

60
Quantidade
50

40

30

20

10

0
0,001 a 0,060 0,061 0,120 0,121 a 0,180 0,181 a 240 0,241 a 0,300
2
Área (mm )

Figura 4.3 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 300kPa para geomembrana com 0,5mm de espessura (areia).

B) Tensão normal de 500kPa

A superfície da geomembrana submetida a este carregamento apresentou também


áreas de contato com formatos irregulares (Figura 4.4), que foram geradas pela aglomeração
de pontos de deformações causados pelo material granular (areia). Neste caso, observa-se que
em alguns pontos existem áreas de contato superiores a 1mm2. Não foram observados rasgos
ou furos, mesmo com o aumento da tensão vertical aplicada. O somatório das áreas de
contacto em relação à área total do espécimen foi de 14,41%, mostrando um acréscimo de
áreas deformadas com o aumento da pressão.
A Figura 4.5 apresenta o gráfico de freqüência das áreas de contacto geradas com a
tensão de 500kPa para a geomembrana com 0,5mm de espessura. Comparando-se com os
resultados da Figura 4.3, observa-se um acréscimo na freqüência de áreas de contacto, que
aumentou para valores em torno de 70, e também nos valores destas áreas, que variaram de
0,001 a 1,200mm2. Verifica-se ainda que, é gerada uma curva decrescente com o aumento da
área, conforme resultado observado na Figura 4.3.

48
Figura 4.4 – Superfície da geomembrana (PVC) com 0,5mm de espessura submetida à tensão
de 500kPa (areia).

80

70

60
Quantidade

50

40

30

20

10

0
0,001 a 0,240 0,241 a 0,480 0,481 a 0,720 0,721 a 0,960 0,961 a 1,200
2
Área (mm )

Figura 4.5 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 500kPa para geomembrana com 0,5mm de espessura (areia).

C) Tensão normal de 1000kPa

A Figura 4.6 mostra que para carregamentos maiores surge na superfície da


geomembrana uma quantidade maior de deformações. Verifica-se também que os pontos de

49
cor avermelhada observados nesta Figura levam a concluir que possivelmente há uma maior
aderência entre o material granular e a geomembrana.
As áreas de contacto aumentam em dimensão, porém mesmo nestas condições não
foram observados rasgos ou furos na geomembrana. Neste caso 35,55% da área total do
espécimen é composta de impressões de contactos. Observa-se um aumento maior ainda da
área de contactos com o nível de tensões.
A Figura 4.7 mostra a freqüência de áreas de contacto geradas à partir da tensão
normal de 1000kPa. Observa-se que as quantidades de áreas de contacto foram mais variadas
quando comparadas aos resultados para esta mesma geomembrana submetida a um
carregamento de 500kPa. Observa-se, também, que a freqüência de áreas de contacto não foi
superior a 30, e que não há uma tendência de curva decrescente como ocorreu nos resultados
observados para esta geomembrana com 0,5mm de espessura quando submetida aos
carregamentos de 300 e 500kPa, mostrado nas Figuras 4.3 e 4.5.

Figura 4.6 – Superfície da geomembrana (PVC) com 0,5mm de espessura submetida à tensão
normal de 1000kPa (areia).

50
80
70

60
Quantidade
50

40

30

20

10
0
0,001 a 0,241 a 0,481 a 0,721 a 0,961 a 1,201 a 1,441 a 1,681 a 1,921 a 2,161 a
0,240 0,480 0,720 0,960 1,200 1,440 1,680 1,920 2,160 2,400
2
Área (mm )

Figura 4.7 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contato para tensão
normal de 1000kPa para geomembrana com 0,5mm de espessura (areia).

4.2.1.2 – RESULTADOS DOS ENSAIOS COM GEOMEMBRANAS DE PVC COM 1,0


mm DE ESPESSURA

A) Tensão normal de 300kPa

Nas amostras de geomembrana com 1mm de espessura submetidas a 300kPa,


observaram-se formatos mais definidos de áreas de contatos (Figura 4.8), diferentemente do
observado para as geomembranas com 0,5mm de espessura para tensões de 300kPa, que
apresentaram mais deformações pontuais. O caso das geomembranas com 1mm de espessura
pode-se notar também que existem áreas com dimensões superiores a 1mm2. Não foram
observados rasgos ou furos nas geomembranas para esta tensão.
É importante salientar que algumas marcas mais claras na Figura 4.8 são resultantes da
incidência da luz durante a fotografia, fator inevitável para este tipo de análise, pois se fez
necessária a riqueza de detalhes para melhor inspeção. Observou-se que a área total de
contactos foi de 25,64% em relação a área total do espécimen.

51
Figura 4.8 – Superfície da geomembrana (PVC) com 1,0mm de espessura submetida à tensão
normal de 300kPa (areia).

O gráfico de barras apresentado na Figura 4.9 permite observar a tendência de


freqüência de distribuição de áreas de contato, distribuídas ao longo de uma área total de
aproximadamente 150mm2, com predominância de áreas entre 0,241 e 0,720mm2. Observa-se
no gráfico uma tendência de curva de freqüência mais próxima à forma de distribuição
normal.

40

30
Quantidade

20

10

0
0,001 a 0,241 a 0,481 a 0,721 a 0,961 a 1,201 a 1,441 a 1,921 a 2,161 a
0,240 0,480 0,720 0,960 1,200 1,440 1,680 2,160 2,400
2
Área (mm )

Figura 4.9 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 300kPa para geomembrana com 1,0mm de espessura (areia).

52
B) Tensão normal de 500kPa
Observa-se que, com o acréscimo do carregamento, conservou-se a tendência
observada para a geomembrana com 0,5mm de espessura (Figura 4.4), ou seja, nota-se uma
maior quantidade de áreas de contato, as quais possuem forma indefinida (Figura 4.10). Estas
áreas também aumentam em valor. Neste caso, obteve-se 30,70% de áreas de contato geradas
em relação a área total do espécimen.
Na Figura 4.11 observa-se o gráfico de freqüência das áreas de contacto para as
geomembranas com 1,0mm de espessura submetidas a tensão de 500kPa, onde observa-se que
as áreas variaram de 0,001 a 1,200mm2, também com freqüência maior para menores valores
de áreas de contacto.

Figura 4.10 – Superfície da geomembrana (PVC) com 1,0mm de espessura submetida à


tensão normal de 500kPa (areia).

40

30
Quantidade

20

10

0
0,001 a 0,240 0,241 a 0,480 0,481 a 0,720 0,721 a 0,960 0,961 a 1,200
2
Área (mm )

Figura 4.11 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
de 500kPa para geomembrana com 1,0mm de espessura (areia).

53
C) Tensão normal de 1000kPa

Observa-se novamente na Figura 4.12 a tendência de aumento de área de contacto com


o acréscimo da tensão vertical. A porcentagem de área de contato em relação a área do
espécimen, neste caso, foi de 46,62%, um acréscimo de 15,92% em relação à porcentagem
observada para o carregamento de 500kPa para esta mesma geomembrana com 1,0mm de
espessura. Pode-se confirmar no gráfico de freqüência ( Figura 4.13), áreas de contato
variando entre 0,241 a 4,080mm2.

Figura 4.12 – Superfície da geomembrana (PVC) com 1,0mm de espessura submetida à


tensão de 1000kPa (areia).

40

30
Quantidade

20

10

0
0,001 0,481 0,961 1,441 1,921 2,401 2,881 3,361 3,841
a a a a a a a a a
0,240 0,720 1,200 1,680 2,160 2,640 3,120 3,600 4,080
2
Área (mm )

Figura 4.13 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 1000kPa para geomembrana com 1,0mm de espessura (areia).

54
4.2.1.3 – RESULTADOS DOS ENSAIOS COM GEOMEMBRANAS DE PVC COM 2,0
mm DE ESPESSURA

A) Tensão normal de 300kPa

Na Figura 4.14 observa-se que mesmo a geomembrana tendo uma espessura de pelo
menos o dobro das analisadas anteriormente, a princípio as áreas de contato geradas pelo
carregamento de 300kPa se assemelham àquelas encontradas para a geomembrana com
0,5mm de espessura submetidas a esta mesma tensão (Figura 4.2). Segundo uma inspeção
visual, observa-se com relação a geomembrana com 1,0mm de espessura (Figura 4.8), que as
áreas de contacto diferem em forma. A porcentagem de área de contato foi de 10,68%, valor
esse inferior ao encontrado para a geomembrana com 1,0mm de espessura para a mesma
tensão (25,64%).
Na Figura 4.15 observa-se que as áreas de contacto variaram de 0,001 a 0,720mm2 e
que houve uma predominância de áreas entre 0,061 e 0,120mm2.
Para este nível de tensão aplicada não foram observados rasgos ou furos nesta
geomembrana com 2,0mm de espessura.

Figura 4.14 – Superfície da geomembrana (PVC) com 2,0mm de espessura submetida à


tensão normal de 300kPa (areia).

55
40

Quantidade
30

20

10

0
0,001 0,061 0,121 0,181 0,241 0,301 0,361 0,421 0,481 0,541 0,601 0,661
a a a a a a a a a a a a
0,060 0,120 0,180 0,240 0,300 0,360 0,420 0,480 0,540 0,600 0,660 0,720
2
Área (mm )

Figura 4.15 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 300kPa para geomembrana com 2,0 mm de espessura (areia).

B) Tensão normal de 500kPa

A Figura 4.16 mostra a superfície da geomembrana com 2mm de espessura, após o


ensaio de dano mecânico por compressão, quando submetida a tensão de 500kPa. Observa-se
a geração de áreas de contactos mais definidas que àquelas encontradas na superfície destas
geomembranas quando submetidas a tensão de 300kPa (Figura 4.14).
A porcentagem de área de contacto em relação a uma área total de aproximadamente
150mm2 foi de 10,68%. Estas áreas de contacto variaram entre 0,001 e 0,770mm2 (Figura
4.17). Também não foram observados rasgos ou furos na superfície da geomembrana para este
nível de carregamento.

Figura 4.16 – Superfície da geomembrana (PVC) com 2,0mm de espessura submetida à


tensão normal de 500kPa (areia).
56
40

Quantidade
30

20

10

0
0,001 0,061 0,121 0,181 0,241 0,301 0,361 0,421 0,481 0,541 0,601 0,661 0,721
a a a a a a a a a a a a a
0,060 0,120 0,180 0,240 0,300 0,360 0,420 0,480 0,540 0,600 0,660 0,720 0,770
2
Área (mm )

Figura 4.17 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 500kPa para geomembrana com 2,0mm de espessura (areia).

C) Tensão normal de 1000kPa


A Figura 4.18 apresenta os resultados observados para a geomembrana com 2mm de
espessura, quando submetida ao ensaio de dano mecânico a uma tensão normal de 1000kPa.
Observa-se a formação de áreas de contacto mais definidas que àquela mostradas na Figura
4.16 para um carregamento de 500kPa, devido ao acréscimo de tensão. Na Figura 4.19
observa-se que as áreas de contacto para este caso variaram entre 0,001 e 1,440mm2.
A porcentagem de área de contacto em relação a área total foi de 36,73%, superior em
1,18% ao valor encontrado para a geomembrana com 0,5mm de espessura e inferior em
19,76% ao valor encontrado para a geomembrana com 1,0mm de espessura, para esta mesma
tensão. Também não foram observados rasgos ou furos na geomembrana neste ensaio.

Figura 4.18 – Superfície da geomembrana (PVC) com 2,0mm de espessura submetida à


tensão de 1000kPa (areia).

57
40

30

Quantidade
20

10

0
0,001 a 0,240 0,241 a 0,480 0,481 a 0,720 0,721 a 0,960 0,961 a 1,200 1,201 a 1,440
2
Área (mm )

Figura 4.19 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 1000kPa para geomembrana de 2,0mm de espessura (areia).

4.2.1.4 – RESULTADOS DOS ENSAIOS COM GEOMEMBRANAS DE PVC COM


1mm DE ESPESSURA EM AREIA PROTEGIDAS COM GEOTÊXTIL NÃO TECIDO

Em muitos casos utiliza-se geotêxtil como camada de proteção para a geomembrana,


proporcionando a separação desta do solo. Pode-se observar nas Figuras 4.20 a 4.22, que os
efeitos das forças de contacto geradas durante os ensaios de dano mecânico por compressão
praticamente desaparecem com o uso da camada de proteção em geotêxtil (150g/m2).
Utilizou-se um geotêxtil com pequena gramatura (mais econômico) exatamente para se
observar se os materiais granulares submetidos a esforços de compressão proporcionariam
áreas de contato com geomembranas semelhantes àquelas observadas para a situação sem
proteção. A inspeção microscópica permite notar que o geotêxtil realmente protege a
superfície da geomembrana. Observam-se predominantemente ranhuras no papel alumínio
colocado sobre a superfície da geomembrana antes do ensaio de dano.

58
Figura 4.20 – Superfície da geomembrana (PVC) com 1,0mm de espessura submetida à
tensão de 300kPa (areia) com proteção de geotêxtil.

Figura 4.21 – Superfície da geomembrana (PVC) com 1,0mm de espessura submetida à


tensão de 500kPa (areia) com proteção de geotêxtil.

Figura 4.22 – Superfície da geomembrana (PVC) com 1,0mm de espessura submetida à


tensão normal de 1000kPa (areia) com proteção de geotêxtil.

59
4.2.2 - RESULTADOS DE ENSAIOS COM MICRO-ESFERAS DE VIDRO

Os ensaios comentados nos próximos itens foram realizados com a utilização de


micro-esferas de vidro acima e abaixo da geomembrana.

4.2.2.1 – RESULTADOS DOS ENSAIOS COM GEOMEMBRANAS DE PVC COM 0,5,


1,0 e 2,0 mm DE ESPESSURA

A) Tensão normal de 300kPa

Comparando-se as Figuras 4.23, 4.25 e 4.27, com os resultados anteriormente


apresentados para as areias, verifica-se que a forma das áreas de contato diferenciam-se
demasiadamente dependo do material granular utilizado (areia ou micro-esfera), ou seja, grãos
de solo que possuem forma arredondadas tenderão a gerar áreas de contato com forma
definida (circular).
Os resultados das áreas de contacto para as geomembranas de PVC com 0,5, 1,0 e 2,0
mm de espessura, foram: 10,52%, 12,79% e 9,71%, respectivamente. Mesmo para
geomembranas com espessuras diferentes as porcentagens de áreas de contato em relação a
área total não diferenciaram mais que 3,5%.
A Figura 4.24 apresenta o gráfico de freqüência das áreas de contacto para a tensão
normal de 300kPa, para a geomembrana com 0,5mm de espessura (PVC), observando-se
áreas de contacto de até 0,307mm2.
Na Figura 4.26 observa-se o gráfico de freqüência de áreas de contacto para tensão
norma de 300kPa, com a geomembrana de 1,0mm de espessura. Pode-se notar uma
predominância de dois valores de áreas de contacto, 0,0707 e 0,125mm2, diferenciando-se dos
resultados apresentados para a geomembrana com 0,5mm de espessura, conforme mostrado
na Figura 4.24, onde foram geradas áreas de 0,034 a 0,307mm2.
A Figura 4.28 apresenta os resultados de freqüência das áreas de contacto para as
geomembranas com 2,0mm de espessura, observando-se que estas variaram de 0,026 a
0,279mm2. Com relação a presença de rasgos ou furos, não foram observados em nenhuma
geomembrana ensaiada, mesmo para tensão normal de 1000kPa.

60
Figura 4.23 – Superfície da geomembrana (PVC) com 0,5mm de espessura submetida à
tensão normal de 300kPa (micro-esferas de vidro).

50
45
40
35
Quantidade

30
25
20
15
10
5
0
0,034 a 0,078 a 0,107 a 0,139 a 0,162 a 0,199 a
0,074 0,106 0,137 0,160 0,189 0,307
2
Área (mm )

Figura 4.24 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 300kPa para geomembrana com 0,5mm de espessura (micro-esferas de vidro).

61
Figura 4.25 – Superfície da geomembrana (PVC) com 1,0mm de espessura submetida à
tensão normal de 300kPa (micro-esferas de vidro).

100
Quantidade

80
60
40
20
0
0,0707 0,125
2
Área (mm )

Figura 4.26 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 300kPa para geomembrana de 1,0mm de espessura (micro-esferas de vidro).

62
Figura 4.27 – Superfície da geomembrana (PVC) com 2,0mm de espessura submetida à
tensão de 300kPa (micro-esferas de vidro).

45
40
35
Quantidade

30
25
20
15
10
5
0
0,026 a 0,058 a 0,089 a 0,120 a 0,154 a 0,188 a
0,057 0,088 0,118 0,149 0,182 0,279
2
Área (mm )

Figura 4.28 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 300kPa para geomembrana com 2,0mm de espessura (micro-esferas de vidro).

B) Tensão normal de 500kPa


À partir dos resultados das Figuras 4.29, 4.31 e 4.33, observa-se que há um
crescimento na porcentagem de área de contato em relação a área total do espécimen
dependendo da espessura da geomembrana ensaiada, ou seja, para as geomembrana com 0,5,
1,0 e 2,0mm de espessura, os valores de porcentagem de áreas de contacto foram: 13,73% ,
15,86% e 19,84%, respectivamente.

63
Observa-se também nas Figuras 4.29, 4.31 e 4.33 que as áreas de contacto geradas na
superfície das geomembranas após o ensaio de dano mecânico para a tensão de 500kPa,
aumentam em diâmetro e quantidade proporcional a espessura. Já para as geomembranas com
0,5, 1,0 e 2,0mm de espessura, submetidas a esta mesma tensão e utilizando-se areia como
material granular, observa-se um comportamento diferenciado. Ou seja, verifica-se que a
geomembrana com 1,0mm de espessura apresenta valor de porcentagem de área de contacto
superior aos valores encontrados para as geomembranas com 0,5 e 2,0mm de espessura,
quando submetida à tensão de 500kPa.
Quando se utiliza um material granular com grãos não arredondados, crê-se que a
geomembrana com espessura de 0,5mm se acomoda melhor entre os grãos, a medida em que a
carga vai sendo aplicada. Já a geomembrana de 2,0mm, por possuir uma maior espessura,
resiste mais a esta acomodação. Diante disso, acredita-se que a geomembrana com 1,0mm de
espessura, por possuir espessura intermediária, apresentou comportamento diferenciado em
relação a porcentagem de área de contacto após o ensaio de dano.
As Figuras 4.30, 4.32 e 4.34 apresentam os resultados de freqüência de área de
contacto observadas para as geomembranas com 0,5, 1,0 e 2,0mm de espessura,
respectivamente. Observa-se que em nenhuma das figuras o valor das áreas de contacto
excederam 0,6mm2.

Figura 4.29 – Superfície da geomembrana (PVC) com 0,5mm de espessura submetida à


tensão de 500kPa (micro-esferas de vidro).

64
50
45
40
35
Quantidade 30
25
20
15
10
5
0
0,012 a 0,038 a 0,07 a 0,095 a 0,116 a 0,138 a 0,162 a 0,19 a 0,219 a
0,036 0,064 0,094 0,115 0,137 0,161 0,187 0,218 0,283
2
Área (mm )

Figura 4.30 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 500kPa para geomembrana com 0,5mm de espessura (micro-esferas de vidro).

Figura 4.31 – Superfície da geomembrana (PVC) com 1,0mm de espessura submetida à


tensão de 500kPa (micro-esferas de vidro).

65
100
90
80
70
Quantidade 60
50
40
30
20
10
0
0,031 a 0,071 0,126 a 0,196 0,282 a 0,384 0,490 a 0,502
2
Área (mm )

Figura 4.32 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 500kPa para geomembrana com 1,0mm de espessura (micro-esferas de vidro).

Figura 4.33 – Superfície da geomembrana (PVC) com 2,0mm de espessura submetida à


tensão de 500kPa (micro-esferas de vidro).

66
45
40
35

Quantidade
30
25
20
15
10
5
0
0,029 a 0,084 a 0,144 a 0,200 a 0,272 a 0,355 a 0,423 a
0,075 0,139 0,192 0,244 0,312 0,407 0,497
2
Área (mm )

Figura 4.34 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 500kPa para geomembrana com 2,0mm de espessura (micro-esferas de vidro).

C) Tensão normal de 1000kPa

As Figuras 4.35, 4.37 e 4.39 mostram a mesma tendência encontrada nos casos
anteriores, para as tensões de 300 e 500kPa, onde as superfícies das geomembranas
apresentam áreas de contacto em formato arredondado. Os valores encontrados para a
porcentagem de área de contato em relação a área total do espécimen foram: 27,97%, 23,70%
e 31,83% para as geomembranas de 0,5, 1,0 e 2,0 mm de espessura, respectivamente. Enfim,
nota-se que a forma dos grãos é muito importante no que diz respeito ao formato das áreas de
contato geradas nas superfícies das geomembranas mediante esforços de compressão.
Na Figura 4.36 observa-se o gráfico de freqüência das áreas de contacto para a
geomembrana com 0,5mm de espessura, cujas áreas variam entre 0,018 e 0,986mm2, havendo
uma predominância de áreas de contacto entre 0,214 e 0,356mm2.
Os resultados apresentados na Figura 4.38, mostram que para as geomembranas com
1,0mm de espessura, as áreas de contacto variam de 0,031 a 0,636mm2. A Figura 4.40
apresenta os resultados de freqüência de áreas de contacto para as geomembranas com 2,0mm
de espessura, observa-se que as áreas variaram entre 0,042 e 0,459mm2.

67
Figura 4.35 – Superfície da geomembrana (PVC) com 0,5mm de espessura submetida à
tensão de 1000kPa (micro-esferas de vidro).

50
45
40
35
Quantidade

30
25
20
15
10
5
0
0,018 a 0,158 0,214 a 0,356 0,361 a 0,530 0,531 a 0,986 0,859 a 0,986

Área (mm 2)

Figura 4.36 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 1000kPa para geomembrana com 0,5mm de espessura (micro-esferas de vidro).

68
Figura 4.37 – Superfície da geomembrana (PVC) com 1,0mm de espessura submetida à
tensão de 1000kPa (micro-esferas de vidro).

100
90
80
70
Quantidade

60
50
40
30
20
10
0
0,031 a 0,071 0,126 a 0,196 0,282 a 0,384 0,490 a 0,636

Área (mm 2)

Figura 4.38 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 1000kPa para geomembrana com 1,0mm de espessura (micro-esferas de vidro).

69
Figura 4.39 – Superfície da geomembrana (PVC) com 2,0mm de espessura submetida à
tensão de 1000kPa (micro-esferas de vidro).

45
40
35
Quantidade

30
25
20
15
10
5
0
0,042 a 0,097 a 0,143 a 0,192 a 0,243 a
0,091 0,139 0,186 0,242 0,459
2
Área (mm )

Figura 4.40 – Gráfico de barras representativo da freqüência de áreas de contacto para tensão
normal de 1000kPa para geomembrana com 2,0mm de espessura (micro-esferas de vidro).

4.2.3 - RESULTADOS DE ENSAIOS COM REJEITO DE MINÉRIO DE FERRO

Ensaios foram também realizados com rejeito de minério de ferro na parte superior da
geomembrana e areia grossa na parte inferior, sob uma tensão vertical de compressão de 1000
kPa, aplicada pelo rejeito sobre a geomembrana.
O rejeito de minério de ferro, por ser um material muito fino, não gerou nenhuma
forma de área de contacto na superfície das geomembranas após os ensaios de dano mecânico.

70
Observa-se na Figura 4.41 apenas a presença do próprio rejeito sobre o papel alumínio. Não
foram executados ensaios com os carregamentos de 300kPa e 500kPa, já que com a tensão
maior (1000kPa), não houve nenhum tipo de dano.

Figura 4.41 – Superfície da geomembrana (PVC) com 1,0mm de espessura submetida ao


carregamento de 1000kPa (rejeito de minério/areia grossa).

4.3-COMPARAÇÃO ENTRE AS ÁREAS MÉDIAS DE CONTACTO NAS


GEOMEMBRANAS COM 0,5 , 1,0 E 2,0 mm DE ESPESSURA

4.3.1- COMPARAÇÃO ENTRE ÁREAS DE CONTACTO ENTRE GEOMEMBRANAS


COM 0,5, 1,0 E 2,0mm DE ESPESSURA E MICRO-ESFERAS DE VIDRO

Na Figura 4.42 apresenta-se o gráfico que relaciona a área média de contacto e a


tensão normal para as geomembranas de 0,5, 1,0 e 2,0mm de espessura. Observa-se que as
geomembranas de 1,0 e 2,0mm possuem comportamentos semelhantes no que diz respeito as
áreas de contactos médias geradas à partir do ensaio de dano mecânico por compressão
utilizando as micro-esferas de vidro. Já a geomembrana com 0,5mm de espessura possui um
comportamento diferenciado, observando-se que para tensões superiores a 500kPa, ocorreu o
aumento da área média de contacto, oposto ao que ocorreu com as geomembranas com 1,0 e
2,0mm de espessura.

71
1,4

Área média de contato


1,2
1
0,8

(mm )
2
0,6
0,4
0,2
0
0 200 400 600 800 1000 1200
Tensão normal (kPa)

2,0 mm 1,0 mm 0,5 mm

Figura 4.42 – Gráfico relacionando área média de contacto e tensão normal para as
geomembranas com 0,5, 1,0 e 2,0mm de espessura (micro-esferas de vidro).

4.3.2 -COMPARAÇÃO ENTRE ÁREAS DE CONTACTO ENTRE GEOMEMBRANAS


COM 0,5, 1,0 E 2,0mm DE ESPESSURA E AREIA

Observa-se na Figura 4.43 que a geomembrana com espessura de 1,0mm apresenta um


comportamento bem diferenciado do apresentado pelas geomembranas de 0,5 e 2,0mm de
espessura. Observa-se no gráfico valores de áreas de contacto bem maiores para a
geomembrana com 1,0mm de espessura. Acredita-se que isto ocorra devido à forma e
dimensão dos grãos. Os resultados com as micro-esferas de vidro (Figura 4.42) não
apresentaram grandes diferenças nos valores de áreas médias de contacto, como neste caso.

1,4
1,2
Área média de contato

1
0,8
0,6
(mm )
2

0,4
0,2
0
0 200 400 600 800 1000 1200

Tensão normal (kPa)

2,0 mm 1,0 mm 0,5 mm

Figura 4.43 - Gráfico relacionando área média de contacto e tensão normal para as
geomembranas com 0,5, 1,0 e 2,0mm de espessura (areia grossa).

72
4.3.3 -COMPARAÇÃO ENTRE ÁREAS DE CONTACTO ENTRE GEOMEMBRANAS
COM 0,5, 1,0 E 2,0mm DE ESPESSURA NOS ENSAIOS COM MICRO-ESFERA DE
VIDRO E AREIA

A) Geomembrana com 0,5mm de espessura

Os ensaios realizados com areia grossa e micro-esferas de vidro utilizando-se a


geomembrana com 0,5mm de espessura mostraram que as áreas médias de contacto
aumentam proporcionalmente com o acréscimo da tensão normal (Figura 4.44). Porém,
observa-se que quando utilizaram-se micro-esferas de vidro, simulando grãos arredondados,
estas áreas de contacto foram menores que as obtidas quando da utilização de areia grossa.

1,4
1,2
1
Área média por contato

0,8
0,6
(mm )
2

0,4
0,2
0
0 200 400 600 800 1000 1200

Tensão normal (kPa)

0,5 mm (Areia) 0,5 mm (Micro-esfera)

Figura 4.44 - Gráfico comparando área média de contacto versus tensão normal para a
geomembrana com 0,5mm de espessura (areia grossa e micro-esfera de vidro).

B) Geomembrana com 1,0mm de espessura

A Figura 4.45 mostra que as geomembranas de 1,0mm, quando submetidas ao ensaio


de dano mecânico por compressão utilizando-se areia grossa, também geraram áreas de
contacto médias bastante superiores àquelas obtidas quando utilizou-se micro-esferas de
vidro.
Observou-se que, quando utilizou-se areia grossa em ensaios com geomembranas com
1,0mm de espessura, as áreas médias de contacto ultrapassaram-se 1,0mm2, e quando

73
utilizaram-se micro-esferas de vidro estas áreas não ultrapassaram 0,4mm2. Estes resultados
confirmam a importância da forma dos grãos nas áreas de contacto geradas.

1,4
1,2

Área média por contato


1
0,8
(mm ) 0,6
2

0,4
0,2
0
0 200 400 600 800 1000 1200

Tensão Normal (kPa)

1,0 mm (Areia) 1,0 mm (Micro-esfera)

Figura 4.45 - Gráfico relacionando área média de contacto e tensão normal para a
geomembrana com 1,0mm de espessura (areia grossa e micro-esfera de vidro).

C) Geomembrana de 2,0mm de espessura

A Figura 4.46 apresenta os resultados das áreas médias de contacto obtidas para as
geomembranas com 2,0mm de espessura, as quais apresentaram a mesma tendência observada
para as geomembranas com 1,0mm de espessura (Figura 4.45). Entretanto, estas
geomembranas não apresentaram valores de áreas de contacto superiores a 1,0mm2 , fato que
ocorreu com a geomembrana com 1,0mm de espessura.

74
1,4

Área média de contato


1,2
1
0,8

(mm )
2
0,6
0,4
0,2
0
0 200 400 600 800 1000 1200

Tensão normal (kPa)

2,0 mm (Areia) 2,0 mm (Micro-esfera)

Figura 4.46 - Gráfico relacionando área média de contacto e tensão normal para a
geomembrana com 2,0mm de espessura (areia grossa e micro-esfera de vidro).

4.4 – COMPARAÇÃO ENTRE OS DIÂMETROS MÉDIOS DAS ÁREAS DE


CONTACTO EM GEOMEMBRANAS COM 0,5 , 1,0 E 2,0 mm DE ESPESSURA

4.4.1 – COMPARAÇÃO ENTRE OS DIÂMETROS MÉDIOS DE ÁREAS DE


CONTACTO ENTRE GEOMEMBRANAS COM 0,5, 1,0 E 2,0mm DE ESPESSURA E
MICRO-ESFERA DE VIDRO

Os resultados apresentados na Figura 4.47 mostram a tendência gerada para os


diâmetros médios encontrados de áreas de contacto nos ensaios de dano mecânico por
compressão para as geomembranas com 0,5, 1,0 e 2,0mm de espessura quando utilizou-se
micro-esferas de vidro. Pode-se notar que para as geomembranas com 1,0 e 2,0mm de
espessura o aumento na tensão normal tendeu a diminuir o valor do diâmetro para tensões
maiores que 500kPa, enquanto que a geomembrana com 0,5mm de espessura observou-se o
contrário. Para a tensão normal de 300kPa, os três tipos de geomembranas utilizadas
apresentaram basicamente os mesmos valores para os diâmetros médios das áreas de contacto.

75
1,6
1,4
1,2

Diâmetro médio
1
0,8
0,6

(mm)
0,4
0,2
0
0 200 400 600 800 1000 1200
Tensão normal (kPa)

2,0 mm 1,0 mm 0,5 mm

Figura 4.47 Gráfico relacionando diâmetro médio de área de contacto e tensão normal (micro-
esferas de vidro).

4.4.2 – COMPARAÇÃO ENTRE OS DIÂMETROS MÉDIOS DE ÁREAS DE


CONTACTO ENTRE GEOMEMBRANAS COM 0,5, 1,0 E 2,0mm DE ESPESSURA E
AREIA

Os resultados apresentados na Figura 4.48 mostram que as geomembranas com 1,0mm


de espessura apresentam maiores diâmetros médios que as geomembranas com 0,5 e 2,0mm
de espessura. Observa-se também que para a geomembrana com 2,0mm de espessura ocorreu
o aumento proporcional entre o diâmetro médio e a tensão normal aplicada, diferente do que
aconteceu com as geomembranas com 0,5 e 1,0mm de espessura onde houve uma diminuição
no valor do diâmetro médio até a tensão normal de 500kPa.

1,6
1,4
1,2
Diâmetro médio

1
0,8
(mm)

0,6
0,4
0,2
0
0 200 400 600 800 1000 1200

Tensão normal (kPa)

2,0 mm 1,0 mm 0,5 mm

Figura 4.48 - Gráfico relacionando diâmetro médio de contacto e tensão normal (areia grossa).

76
4.5 – COMPARAÇÃO ENTRE DIÂMETROS MÉDIOS DAS ÁREAS DE CONTACTO
NAS GEOMEMBRANAS COM 0,5 , 1,0 E 2,0 mm DE ESPESSURA E O DIÂMETRO
MÉDIO DOS GRÃOS DE SOLO

As Figuras 4.49 a 4.51 apresentam os resultados obtidos para a razão entre o diâmetro
médio das áreas de contacto geradas nas superfícies das geomembranas após os ensaios de
dano mecânico por compressão e o D50 dos materiais granulares utilizados (areia e micro-
esfera de vidro).Alguns métodos de análise utilizam o D50 do solo para avaliação de dano na
geomembrana por perfuração. Os valores do D50 encontrados para a areia grossa e micro-
esferas de vidro foram 0,97 e 0,95mm, respectivamente.

A) Geomembrana com 0,5mm de espessura


Pode-se notar na Figura 4.49 que os resultados encontrados para as geomembranas
com 0,5mm de espessura, geraram duas curvas distintas porém com a mesma tendência, para
os resultados com areia e com as micro-esferas de vidro. Para os resultados com as micro-
esferas, no caso dos carregamentos de 300 e 500kPa, a razão entre o diâmetro médio da área
de contacto e o D50 das micro-esferas é aproximadamente constante, em torno de 0,45. No
caso das areias este diâmetro médio diminuiu até a tensão de 500kPa e voltou a subir com o
acréscimo de tensão.

1,6
Diâmetro médio da área de contacto

1,4
/D 50 (areia ou micro-esfera)

1,2

0,8

0,6

0,4

0,2

0
0 200 400 600 800 1000 1200

Tensão normal (kPa)

0,5 mm (Areia) 0,5 mm (Micro-esfera)

Figura 4.49 -Relação entre (diâmetro médio da área de contacto)/D50 do solo ou micro-esferas
de vidro e tensão normal aplicada para a geomembrana com 0,5mm de espessura.

77
B) Geomembrana com 1,0mm de espessura

Na Figura 4.50 observa-se a variação da razão entre o diâmetro médio da área de


contacto dividido pelo D50 do material granular com a tensão normal aplicada para
geomembrana com 1,0mm de espessura. Os resultados com areia mostram que esta razão
tendeu a diminuir até a tensão de500 kPa e em seguida cresceu com o aumento da tensão. No
caso dos resultados apresentados para as micro-esferas de vidro, esta razão tendeu a aumentar
até a tensão de 500kPa e em seguida diminui com o acréscimo de carregamento.

1,6
Diâmetro médio da área de contacto

1,4
/D 50 (areia ou micro-esfera)

1,2

0,8

0,6

0,4

0,2

0
0 200 400 600 800 1000 1200

Tensão normal (kPa)

1,0 mm (Areia) 1,0 mm (Micro-esfera)

Figura 4.50 - Relação entre (diâmetro médio da área de contacto)/D50 do solo ou micro-esfera
de vidro e tensão normal aplicada para a geomembrana com 1,0mm de espessura.

C) Geomembrana com 2,0mm de espessura

Os resultados apresentados na Figura 4.51 para as geomembranas com 2,0mm de


espessura mostram que, no caso da areia, o diâmetro médio das áreas de contacto dividido
pelo D50 do material granular (areia) aumentou com o acréscimo de tensão normal. Para as
micro-esferas de vidro a tendência desta relação é inicialmente crescer, até a tensão de 500kPa
e diminuir para tensões maiores.

78
1,6

Diâmetro médio da área de contacto


1,4

/D 50 (areia ou micro-esfera)
1,2

0,8

0,6

0,4

0,2

0
0 200 400 600 800 1000 1200

Tensão normal (kPa)

2,0 mm (Areia) 2,0 mm (Micro-esfera)

Figura 4.51 - Relação entre (diâmetro médio da área de contacto)/D50 do solo ou micro-esfera
de vidro e tensão normal aplicada para a geomembrana com 2,0mm de espessura.

4.6 – CARGAS MÉDIAS POR CONTACTO NAS GEOMEMBRANAS COM 0,5 , 1,0 E
2,0 mm DE ESPESSURA

A) Geomembrana com 0,5mm de espessura

Observa-se na Figura 4.52 que a carga média por contacto gerada pela compressão dos
grãos nos ensaios de dano mecânico, no caso das geomembranas com 0,5mm de espessura,
para ensaios com areia, apresentou valores maiores do que quando utilizaram-se micro-esferas
de vidro. Verifica-se que as duas curvas possuem uma mesma tendência, ou seja, a medida
que aumenta a tensão normal a carga média por contacto também aumenta. Para as tensões de
300 a 500kPa, estas forças médias por contacto não excederam 0,001kN, e para 1000kPa este
valor foi ultrapassado para os dois materiais granulares utilizados (areia e micro-esfera de
vidro).

79
0,003

Carga média por


contacto (kN)
0,002

0,001

0
0 200 400 600 800 1000 1200

Tensão normal (kPa)

0,5 mm (Areia) 0,5 mm ( Micro-esfera)

Figura 4.52 - Carga média por contacto versus tensão normal para as geomembranas com
0,5mm de espessura.

B) Geomembrana com 1,0mm de espessura

Na Figura 4.53 apresenta-se o gráfico que relaciona a carga média por contacto com a
tensão normal de compressão aplicada no ensaio de dano mecânico no caso das
geomembranas com 1,0mm de espessura
A carga média por contacto nos resultados apresentados para as areias neste caso
foram superiores àqueles observados para as geomembranas com 0,5mm de espessura (Figura
4.52), principalmente para a tensão de 1000kPa, onde para a geomembrana de 1,0mm a carga
superou a 0,002kN. No caso das micro-esferas de vidro, para a tensão de 500kPa, a carga
média por contacto foi de aproximadamente 0,001kN, aproximadamente o dobro do valor
encontrado com este mesmo material com a geomembrana com 0,5mm de espessura (Figura
4.52).

80
0,003

Carga média por


contacto (kN)
0,002

0,001

0
0 200 400 600 800 1000 1200

Tensão normal (kPa)

1,0 mm (Areia) 1,0 mm (Micro-esfera)

Figura 4.53 - Carga média por contacto versus tensão normal para as geomembranas com
1,0mm de espessura.

C) Geomembrana com 2,0mm de espessura


Apresenta-se, na Figura 4.54, a relação entre carga média por contacto e tensão
normal, no caso das geomembranas com 2,0mm de espessura. Observa-se que há uma
semelhança na tendência e forma das curvas geradas, tanto para as areias como para as micro-
esferas, com os resultados apresentados para as geomembranas com 0,5mm de espessura
(Figura 4.52). Houve um crescimento da carga média por contacto com o acréscimo de tensão
normal, porém o valor da carga média por contacto não excede 0,002kN.

0,003
Carga média por
contacto (kN)

0,002

0,001

0
0 200 400 600 800 1000 1200
Tensão normal (kPa)

2,0 mm (Areia) 2,0 mm (Micro-esfera)

Figura 4.54 - Carga média por contacto versus tensão normal para as geomembranas com
2,0mm de espessura.

Os resultados apresentados mostram que as formas e arranjos dos grãos afetam de


forma significativa as características geométricas e as forças nos contactos solo-geossintético.

81
CAPÍTULO V

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES PARA PESQUISAS


FUTURAS

5.1 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

As preocupações com a preservação do meio ambiente e dos recursos naturais


requererem mudanças no comportamento dos engenheiros, particularmente os civis. A
preservação ambiental, valorização de mão de obra a níveis aceitáveis no país e
competitividade na engenharia deverão condicionar as técnicas de projeto e construção.
Dentro desta nova realidade, os materiais sintéticos apresentam-se como alternativas viáveis
para o perfeito funcionamento de projetos nos quais estes materiais são requisitados, inclusive
no que diz respeito a solução de problemas de proteção ambiental. Entretanto, parece haver
um consenso mundial de que as próximas décadas deverão testemunhar um crescimento
contínuo na utilização de geossintéticos em obras geotécnicas e de proteção ambiental,
particularmente em países como o Brasil.
O presente trabalho apresentou resultados de ensaios de dano mecânico a
geomembranas por compressão, os quais mostraram claramente a importância da forma dos
grãos no que diz respeito à forma das áreas de contacto grão-geomembrana e às tensões de
contato transmitidas a estas. A porcentagem de área de geomembrana solicitada pelos grãos
também foi bastante influenciada pela forma destes bem como pela espessura da
geomembrana. Apesar da intensidade das deformações da superfície da geomembrana nos
ensaios, não foram detectados danos significativos que comprometessem a sua estanqueidade
como barreira para fluidos para os materiais granulares utilizados para o tipo e duração dos
ensaios realizados.
A presença de camada de proteção de geotêxtil de baixa gramatura sobre a
geomembrana reduziu significativamente as deformações desta nos contactos grãos-
geomembrana. Isto enfatiza a necessidade de utilização deste tipo de camada de proteção
entre solos granulares e geomembranas, particularmente quando se tem em mente a vida útil
esperada para obras de disposição de resíduos.
O equipamento de dano mecânico mostrou-se bastante útil e versátil como uma
ferramenta de laboratório para avaliar o dano mecânico a geomembranas, proporcionando a

82
simulação de dano com carregamentos que podem ocorrer em obras reais. É importante
salientar que apenas o dano mecânico foi analisado e que outros fatores de degradação
existem e devem ser analisados, para assim ter-se uma idéia real do que acontece com o
geossintético dentro do solo.

5.2 - SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS

Á partir dos resultados obtidos neste trabalho, são apresentadas as seguintes sugestões
para futuras pesquisas:

 Efetuar ensaios de dano mecânico com geomembranas de alta densidade (HDPE),


para efeito de comparações com os resultados obtidos com as de PVC.

 Aliar o dano mecânico ao dano gerado por degradação química, pois assim os
resultados representariam melhor a realidade de obra.

 Realizar os ensaios de tração simples nas geomembranas após ensaio de dano.

 Executar os ensaios de dano mecânico com materiais granulares com


granulometrias diferentes, por exemplo brita, que causariam provavelmente
maiores danos e possivelmente rasgos nas geomembranas.

 Simular a degradação química nas amostras submetidas ao ensaio de dano


mecânico no próprio ensaio, através da percolação de fluido agressivo, já que o
equipamento permite a percolação de fluido, e posteriormente analisar as perdas de
resistência.

 Verificar a estanqueidade da geomembrana durante o ensaio com a injeção de


fluido (gás e/ou líquidos) sob pressão.

 Estudar uma variedade maior de camadas de geotêxtil como proteção da


geomembrana.

83
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT (1992). Geotêxteis – Determinação da Gramatura. NBR 12568. ABNT, São Paulo, 2p.

ABNT (1992). Geotêxteis – Determinação da Espessura. NBR 12569. ABNT, São Paulo, 2p.

ALLEN, T. M. (1991). Determination of long-term tensile strength of geosynthetics: a state-


of-the-art rewiew. GEOSYNTHETICS’91 CONFERENCE. Atlanta. Proceeding. St. Paul,
IFAI, pp 351-380.

AZAMBUJA, E.(1994). Influência do Dano Mecânico em Geotêxteis Não Tecidos.


Dissertação de Mestrado. Departamento de Engenharia Civil. Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, RS, 142p.

AZAMBUJA E. (1999). A Influência do Dano Mecânico na Tensão Admissível dos


Geossintéticos em Estruturas de Solo Reforçado., 1  Simpósio Sul-Americano de
Geossintéticos, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 157-165 pp.

AZAMBUJA (1997). Determinação da Resistência Admissível dos Geossintéticos


Empregados como Reforço em Muros ou Taludes Íngremes. Curso sobre : Aplicação de
Geossintéticos em Geotecnia e Meio-ambiente, IGS-Brasil, Porto Alegre, RS, Brasil, pp E-2 –
E-19.

BIDIM, Indústria e comércio Ltda (2001). Catálogo do fabricante. São Paulo, SP, 2p.

BILLING, J. W., GREENWOOD, J. H., SMALL, G.D. (1990). Chemical and mechanical
durability of geotextiles. Fourth International Conference on Geotextiles, Geomembranes and
Related Products, The Hague, 1990. Proceedings. Rotterdam A.A. Balkema, v. 2, pp 621-626.

BONAPARTE, R., AH-LINE, C., CHARRON, R., TISINGER, L. (1988). Survivability and
durability of a nonwoven geotextile. Geotechinical Special Publication no 18. Geosynthetics
for soil improvement, ASCE, pp 68-91.

ESPÓSITO, T. (1995). Metodologia Probabilistica e Observacional Aplicada a Barragens de


Rejeito Construídas por Aterro Hidráulico, Tese de Doutorado, Publicação G. TD-004A/00,
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, DF, 362p.

JEWEEL, R.A., GREENWOOD, J.H. (1988). Long term strength and safety in steep soil
slopes reinforced by polimer materials. Geotextiles and Geomembranes, no 7, pp 81-118.

JOHN, N.W.M. (1987). Geotextiles. Blackie Edition, London, 347p.

KOERNER, R. M., KOERNER, G. R. (1990). A Quantification and Assessment of Installation


Damage to Geotextile. Fouth International Conference on Geotextiles, Geomembranes and
Related Products, The Hague, , v.2, pp 597-602.

84
KOERNER, R. M. (1994). Designing with Geosynthetics. 3rd Ed. Prentice Hall, Englewood
Cliffs, New York, 83 p.

PALMEIRA, E. M. (1992). Geossintéticos : Tipos e Evolução nos Últimos Anos. Seminário


Sobre Aplicações de Geossintéticos em Geotecnia, GEOSSINTÉTICOS’92, UnB, Brasília,
DF, pp 1-20.

PAULSON, J. N. (1990). Summary and evaluation of construction related damage to


geotextiles in reforcing applications. Fouth International Conference on Geotextile,
Geomembranes and Relateded Products, The Hague, 1990. Proceeding. Rotterdam, A.A.
Balkema, v. 2, pp 615-619.

POTTERS BRASIL, Zirtec Comércio e Representações Ltda. (2001),Catálogo do fabricante.


São Paulo – SP.

SANSUY S.A. Industria de Plásticos (2001). Catálogo do fabricante. São Paulo – SP.

TASK FORCE 27. (1989). Design guidelines for use of extensible reinforcements
(geosynthetic) for mechanically stabilized earth walls in permanent applications. In Situ Soil
Improvement Techiques. AAHTO-AGC-ARTBA Joint Committee, Subcommittee on New
Highway Materials, pp 29-38.

VIDAL, D. M. (1990). Geotêxtil: Propriedades e Ensaios. Manual Técnico Geotêxtil Bidim,


pp. 1-31.

VIDAL, D., Vieira, B. M., Melo, J.L. (1991). Metodologia para Análise da Durabilidade de
Geossintéticos Frente à Agentes Químicos. II Simpósio sobre Barragem de Rejeitos e
Disposição de Resíduos. Rio de Janeiro, pp 295-304.

VIDAL, D. (1992). Geossintéticos: Terminologia e Normalização de Geossintéticos.


Seminário Sobre Aplicações de Geossintéticos em Geotecnia, GEOSSINTÉTICOS’92, UnB,
Brasília, DF, pp 21-34.

VIDAL, D. (1997). Geomembranas – Propriedades e Especificações. Curso sobre : Aplicação


de Geossintéticos em Geotecnia e Meio-ambiente. IGS - Brasil, Porto Alegre, RS, Brasil, pp
3-34.

VOSKAMP, W., RISSEUW, P (1897). Method to Stablish the maximum allowable load
under working conditions of polyester reinforcing fabrics. Geotextiles and Geomembranes, v.
6, no 1-3, pp 173-184.

85

Você também pode gostar