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Instituto de Geociências
CAMPINAS
2016
ÉVERTON VINÍCIUS VALEZIO
CAMPINAS
2016
Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): FAPESP, 2013/24885-1
Ficha catalográfica
Universidade Estadual de Campinas
Biblioteca do Instituto de Geociências
Cássia Raquel da Silva - CRB 8/5752
EXAMINADORES:
Aos meus pais Carlos e Maria, a minhas irmãs Beatriz e Juliana e a minha esposa
Rafaela, que me deram o ensejo e as condições para que eu pudesse me dedicar integralmente
aos estudos, tanto na graduação quanto no mestrado, ao contrário de grande parte da
população brasileira, que não possui as oportunidades das quais usufruí.
Ao professor Roberto Marques Neto, pelo enriquecedor debate teórico e
metodológico na banca de qualificação, juntamente com o professor Francisco Sérgio
Bernardes Ladeira, que fez parte de toda a minha trajetória acadêmica na Unicamp, mantendo
seu rigor na arguição de qualificação e no debate desta dissertação, compondo também a
banca de defesa. Estendo o agradecimento ao professor Norberto Morales, por contribuir para
a construção deste trabalho na banca final.
Ao orientador e amigo Archimedes Perez Filho, que tem nesta dissertação a
materialização de quase um quinquênio de trabalho de formação pessoal e acadêmica.
A Tânia Maria Nicholetti, do Laboratório de Geoprocessamento do IAC, pela
imensa ajuda e pela atenção com as fotografias aéreas, parte fundamental do trabalho.
Aos laços de amizade construídos ao longo de mais de sete anos de morada em
Campinas, na graduação e na pós-graduação: Guilherme Ramos, Carolina Zechinatto,
Mariana Garcia, Luís Valle, Vitor Putti, Christian Dias, Diego Peliciari, Marcel Trindade,
Cézar Freitas, Pedro Michelutti, Luciano Duarte, Melissa Steda, Wagner Nabarro, Valderson
Salomão, Maycon Fritzen e Johann Lambert. A estes se juntam, além de amigos, pessoas
essenciais ao desenvolvimento deste trabalho: Thais Carrino, Daniel Storani, Diego do
Nascimento, Gustavo Teramatsu e Kléber Lima.
Agradeço também aos funcionários do Instituto de Geociências, que embora
ocultos, possuem vital importância para que a unidade continue em funcionamento: a
secretária de graduação, Josefina Steiner; a secretária do Departamento de Geografia, Creuza
Fujii; as secretárias de pós-graduação, Valdirene Pinotti e Maria Gorete; os ilustres Élcio
Marinho, Antônio Guerreiro e Ednalva Shultz, da seção de manutenção; e as bibliotecárias
Cássia da Silva, Claudineia Melo e Antonieta Santos.
Por fim, à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)
pela outorga e financiamento do projeto de mestrado (Processo n. 2013/24885-1), substancial
para que eu pudesse realizar a pesquisa e adquirir material basilar para o seu
desenvolvimento.
“… a tradição conservadora no Brasil sempre se tem sustentado do
sadismo do mando, disfarçado em ‘princípio de Autoridade’ ou
‘defesa da Ordem’. Entre essas duas místicas — a da Ordem e da
Liberdade, a da Autoridade e da Democracia — é que se vem
equilibrando entre nós a vida política, precocemente saída do regime
de senhores e escravos” (Gilberto Freyre, Casa Grande e Senzala)
RESUMO
Transformations in river-plain systems indicate moments of instability in its elements, facing changes
in matter and energy. As the river channel is an important receptor of such changes, this study aimed
to analyze and interpret, from an evolutionary and dynamic approach, the transformations in the
morphology of rivers Jacaré-Pepira and Jacaré-Guaçu (São Paulo - Brazil) and in their respective
floodplains. Our methodology included the analysis of their morphometric indexes — longitudinal
profile, SL Index (Stream Gradient-Length Index), the basins asymmetry factors and topographic
transverse asymmetry; the analysis and interpretation of orbital and non-orbital images; and the dating
of fluvial deposits through the use of Optically Stimulated Luminescence (OSL). Results show the
presence of three meander generations and the formation of two levels of low river terraces (T1 and
T2), established during the Late Pleistocene and the Holocene. They also show an active process of
change in meander bends in the last 50 years, with preponderant mechanisms of cutoofs, motivated by
the action of allogenic factors (tectonics and climate). Such factors shift the main channels from their
central axes in both hydrographic basins by the tilting of blocks, with considerable action for the NE
axis and predominance of low terraces in the left bank. Other factors include the formation,
sculpturing and linear dissection of river channels by different Quaternary climatic pulses, as well as
authigenic processes (self-regulation), with the systematic cutting of meander curves to reduce
sinuosity. The intense transformations recorded in the landscape in a very short time period point to
the prevailing condition of imbalance in the physical systems of the studied rivers, with striking
disruptions in geomorphological thresholds.
Figura 3.1: Reprodução do modelo teórico de underfit stream, exprimindo a relação entre os
canais fluviais e seus vales. Adaptado de Dury (1964). ........................................................... 26
Figura 4.1: Localização das bacias dos rios Jacaré-Pepira e Jacaré-Guaçu. ............................ 39
Figura 5.1: Cálculo de assimetria da bacia do rio Jacaré-Pepira pelo índice FSTT. ................ 53
Figura 5.2: Localização dos canais afluentes influenciados por fatores tectônicos. ................ 55
Figura 5.3: Mapa de lineamentos de drenagem da bacia hidrográfica do rio Jacaré-Pepira. ... 56
Figura 5.6: Perfil longitudinal, índice SL e perfil logarítmico do rio Jacaré-Pepira. ............... 59
Figura 5.7: Perfil retificado entre São Pedro e Dourado. Destaque para a área deprimida
denominada de “varjão”. Adaptado de Fulfaro et al. (1967). ................................................... 60
Figura 5.8: Início do trecho do “Varjão” pós desenclausuramento do rio Jacaré-Pepira das
cuestas. Foto: Éverton V. Valezio. ........................................................................................... 60
Figura 5.10: Setores mapeados em detalhe para análise e interpretação dos mecanismos de
alteração meândrica. ................................................................................................................. 63
Figura 5.12: Ponto de coleta para datação por LOE. Fotos: Éverton V. Valezio. .................... 66
Figura 5.15: Cálculo de assimetria da bacia do rio Jacaré-Guaçu pelo índice FSTT. .............. 72
Figura 5.19: Perfil longitudinal, índice SL e perfil logarítmico do rio Jacaré-Guaçu. ............. 77
Figura 5.20: Setores mapeados em detalhe para análise e interpretação dos mecanismos de
alteração meândrica. ................................................................................................................. 80
Figura 5.23: Ponto de coleta para datação por LOE e morfologia local. Fotos: Kléber C. Lima.
.................................................................................................................................................. 85
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 15
2. OBJETIVOS...................................................................................................................... 19
2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................ 19
2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................. 19
3. FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS ...................................................... 20
3.1 Tipologias fluviais ...................................................................................................... 20
3.2 Transformações dos canais fluviais: condicionantes climáticos e tectônicos ............ 25
3.3 Morfodinâmica fluvial recente ................................................................................... 33
4. MATERIAL E MÉTODO ................................................................................................. 39
4.1 Localização e caracterização da área de estudo ......................................................... 39
4.2 Análise e interpretação de imagens orbitais, não orbitais e base cartográfica ........... 43
4.3 Parâmetros morfométricos ......................................................................................... 49
4.4 Luminescência Opticamente Estimulada ................................................................... 51
5. RESULTADOS ................................................................................................................. 52
5.1 Rio Jacaré-Pepira ........................................................................................................ 52
5.1.1 Parâmetros morfométricos ..................................................................................... 52
5.1.2 Transformações meândricas .................................................................................. 62
5.2 Rio Jacaré-Guaçu ....................................................................................................... 71
5.2.1 Parâmetros morfométricos ..................................................................................... 71
5.2.2 Transformações meândricas .................................................................................. 79
6. DISCUSSÃO ..................................................................................................................... 88
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 96
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 97
Anexo 1 .................................................................................................................................. 109
Anexo 2 .................................................................................................................................. 110
s
15
1. INTRODUÇÃO
de não mais somente uma única e estável condição, mas também a presença e a prevalência de
condições de múltiplo equilíbrio para os diversos sistemas, considerando-os como altamente
instáveis (RENWICK, 1992; PHILLIPS, 1992a; PHILLIPS, 1992b; BRACKEN e
WAINWRIGHT, 2006; PHILLIPS, 2006a), o que inclui os próprios sistemas fluviais
(TUCKER, 2004; XU, 2004; HOOKE, 2007b).
Nessa perspectiva, os tradicionais conceitos de equilíbrio, derivados das
condições de steady state e equilíbrio dinâmico (GILBERT, 1877; HACK, 1960; 1975;
SCHUMM e LICHTY, 1965; THORNES e BRUNSDEN, 1977) se abrem a novas
considerações, levando em conta esse extremo dinamismo dos sistemas e seus limiares
geomórficos frente a mudanças de seus elementos constituintes (SCHUMM, 1977;
HOWARD, 1980).
A rígida abordagem de equilíbrio, na qual variações nos inputs de matéria e
energia alteram os outputs em mudanças imediatas e em espaço finito de tempo, conforme
aborda Howard (1988), dando a esta uma relação funcional invariante, é enfraquecida pela
tomada do equilíbrio dominantemente instável (SCHEIDEGGER, 1992; PHILLIPS,1992a).
A preocupação é transferida da detecção de uma condição única e fixa de
equilíbrio para a presença de múltiplos estágios de equilíbrio para um sistema. A não
linearidade e a ponte com o conceito de limiar geomorfológico (equilíbrio metaestável)
abordado por Schumm (1977) extrapola a condição única e típica de equilíbrio, inserindo as
formas em desequilíbrio e não equilíbrio como condições prevalecentes (RENWICK, 1992).
O desequilíbrio das formas é caracterizado apenas como tendência ao equilíbrio,
pois o tempo é sempre insuficiente para o alcance de tal condição. Mesmo com períodos mais
longos de estabilidade ambiental, eventos espasmódicos e instáveis são constantes, o que
altera a projeção natural para o equilíbrio. Em contraponto, a condição de não equilíbrio é
entendida como relação inversa às noções de equilíbrio (THORNES e WELFORD, 1994;
PHILLIPS, 2006b).
Bracken e Wainwright (2006) sugerem o uso geral do conceito de equilíbrio em
geomorfologia como pressuposto simplificado para compreender os sistemas naturais face
realidade dos sistemas complexos. A problemática posta pelos autores se dá na utilidade do
equilíbrio enquanto metáfora, justamente para a compreensão da complexidade dos sistemas
geomorfológicos, ao contrário do mito conceitual que levou ao princípio da previsibilidade e
da invariabilidade, em que a paisagem estará ou tenderá ao equilíbrio.
17
1
Neste trabalho, planícies fluviais abarcam os terraços fluviais.
2
O par designativo de origem tupi guarani “mirim x guaçu” está ligado a tamanho (importância) —
respectivamente, pequeno e grande. No caso dos rios estudados, o sufixo comparativo “guaçu” remete à
comparação entre o rio Jacaré-Pepira e o rio Jacaré-Guaçu. Segundo Almeida (1902, apud PETERLINI, 2014), o
nome Jacaré-Pepira não tem relação com o réptil jacaré, “sendo a corruptela de y-aquâá yerê-pipira e significa
‘com voltas esquinadas e apertadas’” (p. 145).
18
2. OBJETIVOS
3. FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
Wolman (1957), ainda se coloca como preponderante, embora venham sendo seccionadas e
ampliadas, cada uma a sua maneira, intercambiando as principais variáveis sistêmicas.
A princípio, conforme aborda Twidale (2004), os rios se desenvolvem de forma
isolada — em canais únicos — ou por um complexo de interligações — os multicanais. Para
Eaton et al. (2010), um limiar demarca a fronteira entre os canais únicos (meândricos e
retilíneos) e os canais múltiplos (anabranching), e outro limiar separa os canais anabranching
dos canais entrelaçados — estes, considerados fundamentalmente instáveis.
O padrão em si seria capaz de afetar diretamente a resistência do fluxo, assim
como a quantidade e a natureza dos sedimentos disponíveis pode determinar a tipologia do
canal fluvial. Devido ao seu dinamismo ao longo do tempo geológico, as alterações das
variáveis físicas rebatem diretamente na configuração das formas e, como aqui discutido, nos
padrões fluviais.
Os canais retos se caracterizam como canais únicos, dispostos de forma retilínea,
sem desvios significativos de trajetória e com sinuosidades inferiores a 1,5
(CHRISTOFOLETTI, 1981; WHOL, 2013). Os setores lineares desses canais podem estar
relacionados a juntas, falhas e lineamentos regionais (TWIDALE, 2004).
O aumento gradual de sinuosidade, descarga e carga sedimentar dos cursos retos
favorece a modificação do padrão do canal. A alteração desses fatores proporcionaria a
transição entre as tipologias. Dentre as transições mais comuns, está a passagem do curso reto
para a morfologia meandrante.
Os canais meândricos se caracterizam, segundo Hooke (2013), como canais
únicos em forma sinuosa, compreendida em uma série de curvas. Representado preteritamente
pelos estágios de mínima variância, com formas e tamanhos regulares e simples, atualmente
se concebem pela apresentação irregular, assimétrica e complexa dos meandros em uma vasta
gama de comportamentos, conforme as condições de declividade, vegetação, substrato e
resistência do material (HOOKE, 2013).
A migração do canal pelo contínuo processo de escavação de margens côncavas e
deposição nas convexas (CHRISTOFOLETTI, 1981; ZANCOPÉ et al., 2009) define a
sinuosidade dos rios meandrantes e, bem como reforçam Stark et al. (2010), rochas mais
tenras e frequências de descarga de alta intensidade facilitariam o desenvolvimento da
sinuosidade.
22
4
O termo underfit já aparece nas discussões de W. Davis (DAVIS, W. M. Meandering valleys and underfit
streams. Annals of the Association of American Geographers, vol. 3, p.3-28, 1913).
.
26
Figura 3.1: Reprodução do modelo teórico de underfit stream, exprimindo a relação entre os canais fluviais e
seus vales. Adaptado de Dury (1964).
necessário pontuar que estas podem atingir resultados imediatos, a longo prazo ou mesmo não
serem absorvidas. Segundo Blum e Törnqvist (2000), há uma sensibilidade diferencial entre
os sistemas fluviais, com limiares de modificação que são atingidos ou não com o novo
regime climático.
O condicionante climático se porta como responsável direto na redução ou no
aumento da entrada de água nos sistemas físicos, controlando as condições hidrológicas e a
morfologia dos canais fluviais. A paisagem, sob o aspecto dos limiares geomorfológicos e de
equilíbrio em sistemas físicos, tem no fator climático um considerável determinante:
“mudanças na quantidade e padrão de precipitação alteram as magnitudes e taxas de
intemperismo, erosão, transporte e deposição, mudando assim, as formas topográficas e canais
fluviais que compõem um sistema fluvial” (BULL, 1991, p. 4).
A influência do fator climático, sobretudo as modificações ocorridas durante o
Pleistoceno Superior e o Holoceno, nem sempre são evidentes, e as perturbações acarretadas
por mudanças climáticas possuem respostas diversas, a depender das associações entre os
demais elementos do sistema.
Van Der Berg (1995) relata que a simples relação entre o clima e as respostas das
formas fluviais e dos sedimentos é mais complexa e depende, fundamentalmente, da escala do
tempo. Utilizando relações determinísticas e de linearidade, o autor relaciona os efeitos das
modificações climáticas e sua repercussão nos canais fluviais. O princípio da linearidade
expõe a relação direta entre a ação de mudanças do clima e as repercussões no padrão e nos
processos fluviais. O princípio da não linearidade é exposto pela comparação entre dois rios
que passaram por condições climáticas iguais ou muito próximas ao longo do Quaternário e
que, apesar da relação entre clima e modificação fluvial, não partilharam das mesmas
alterações. Enquanto o rio Maas (Holanda) rompeu seus limiares de equilíbrio e se
estabeleceu como entrelaçado no estabelecimento de um clima frio, o rio Warta (Polônia)
manteve seu curso meândrico mesmo após a transição climática. Na visão de Van Der Berg
(idem), a diferença estabelecida pode ser atribuída a uma distância diferente do limiar inicial
para os sistemas fluviais, e quando a mudança climática é de curta duração, como no caso, as
condições locais desempenham papel crucial.
Ao reafirmar a escala temporal como preponderante para a correspondência entre
clima e a alternância de eventos no desenvolvimento fluvial, Vanderberghe e Woo (2002)
expõem o papel indireto do clima nos processos flúvio-morfológicos. A ciclicidade de
períodos glaciais e interglaciais ao longo do Quaternário marca tradicionalmente na literatura
29
Tabela 3.1: Feições indicadoras de atividade neotectônica (COOKE e DOORNKAMP, 1990, p. 353).
Indicadores diretos
Emergência de recife de corais
Linha de costa deformada
Deformação e/ou separação de terraços fluviais
Shutter ridges
Rios reversos
Segmentação e/ou deformação de leques aluviais
Arqueamento de superfícies planálticas
Escarpas de falha
Spur e facetas
Indicadores indiretos
Captura de rio
Mudanças a jusante da sinuosidade dos rios
Respostas de canais fluviais
Taxas de sedimentação
Formação de lagos
33
4. MATERIAL E MÉTODO
energia, são compostos principalmente por basalto, tendo ainda clastos de quartzo, calcedônia,
quartzito, argilito, filito, pegmatito, sílex e folhelhos, material presente nas cabeceiras de
drenagem sobrepostos aos basaltos, também servindo de fonte para os materiais transportados
e depositados pelos rios.
A associação dessas litologias com as formas presentes confluem para o
estabelecimento dos solos presentes. Destacam-se os Latossolos — Vermelho, Vermelho
Amarelo; Nitossolos, que juntamente com os Latossolos Vermelhos, decorrem da evolução da
pedogênese sobre as rochas da Formação Serra Geral; os Argissolos, presentes em
declividades mais acentuadas, quando comparadas a declividades onde os Latossolos se
desenvolvem; os Neossolos — Quartzarênicos, Flúvicos e Litólicos —, associados aos
arenitos mesozóicos e a áreas de pouca evolução pedogenética dos basaltos, e a consequente
litodependência; e os Gleissolos e Organossolos, presentes, assim como os Neossolos
Flúvicos, em zonas de planícies de inundação (OLIVEIRA e PRADO, 1984; OLIVEIRA et
al., 1999; COSTA, 2005).
5
Grande parte das imagens são datadas de 2012, embora algumas cenas não correspondam a esse período,
devido a problemas de nebulosidade.
44
A obtenção dos limites das bacias hidrográficas e curvas de nível se deu por meio
de extração automática das informações em ambiente SIG (ArcGIS 10.1), advindos das
imagens adquiridas do projeto Topodata — produtos orbitais oriundos do processamento das
imagens SRTM (http://www.dsr.inpe.br/topodata). As cenas relativas a altitude e relevo
sombreado (22S495ZN, 21S495ZN, 22S48ZN e 21S48ZN), após mosaicadas, foram
utilizadas para fins diferentes de aplicação. Enquanto as primeiras ficaram a cargo da extração
das informações topográficas e da drenagem, a segunda foi utilizada para a identificação dos
lineamentos da drenagem.
Os lineamentos, caracterizados por O'Leary (1976) como expressões lineares de
uma superfície, sendo estas simples ou compostas, mapeáveis e que refletem fenômenos
subsuperficiais, tiveram nas feições lineares da drenagem o fator guia, uma vez que estes
elementos fortemente estruturados representam a “intersecção de planos estruturais dos
corpos rochosos, de origem tectônica (foliações e fraturas) ou não (acamamentos), com a
superfície do terreno” (SANTOS et al., p. 21, 2001), dando suporte às análises morfométricas
e morfodinâmicas. Seguindo a metodologia de Soares e Fiori (1976), foram extraídos os
alinhamentos de drenagem, delimitados em escala 1:100.000 a partir das feições preferenciais
da drenagem identificáveis nas cenas Topodata em relevo sombreado. Para a identificação e o
refino dos lineamentos, utilizaram-se dois ângulos de iluminação azimutal (315º e 45º) e os
dados interpretados subsidiaram a geração das rosetas no programa ER Mapper 6.4.
A rede hidrográfica e as curvas de nível foram extraídas das cartas topográficas na
escala 1:50.000 (Tabela 4.1), servindo de material base e complementadas com as
informações extraídas automaticamente das cenas Topodata, uma vez que a sobreposição
dessas informações não foi totalmente coincidente. A junção e o refino dos dados amenizaram
as diferenças contidas em ambos os materiais.
45
Tabela 4.1: Cartas topográficas (1:50.000) que recobrem a totalidade das bacias hidrográficas estudadas e fonte
de informações para os cálculos morfométricos.
A geologia da área, representada aqui pelo esboço geológico, tem como base o
mapa geológico do estado de São Paulo em escala 1:250.000 (DAEE/Unesp), digitalizado e
vetorizado no ArcGis 10.1.
Imagens multiespectrais do sistema Rapideye foram empregadas para
interpretação dos rios Jacaré-Pepira e Jacaré-Guaçu, seus paleocanais e formas associadas. As
imagens são caracterizadas por 5 bandas espectrais adquiridas em visada nadir (Tabela 4.2),
por resolução radiométrica de 12 bits, resolução espacial de 6,5 metros e tamanho do pixel de
5 metros. Essas imagens, por sua vez, podem ser obtidas por meio de cinco satélites idênticos
atualmente em órbita (BLACKBRIDGE, 2015).
46
6
O Satélite CBERS-2B operou até o começo de 2010 (http://www.cbers.inpe.br/).
49
SL = (Δh / ΔL) x L
T = Da / Dd
7
Utilizou-se o ponto médio do segmento por ser metodologia aplicada nos artigos internacionais em revistas
com maior fator de impacto, em contraponto à utilização do ponto final do segmento, mais empregado em
bibliografia nacional.
51
Por termos uma base geológica incipiente e em escalas que não aportam com
precisão os limites e a distribuição das litologias, os índices nos surgem como ferramentas de
auxílio para interpretação da drenagem e seu ajuste a esse elemento e aos demais
componentes geossistêmicos presentes.
5. RESULTADOS
8
Adotou-se a distância de 3 km entre um ponto e outro de medição, para ambas as bacias hidrográficas.
53
Figura 5.1: Cálculo de assimetria da bacia do rio Jacaré-Pepira pelo índice FSTT.
Figura 5.2: Localização dos canais afluentes imotivados por fatores tectônicos e estruturais.
Figura 5.4: Diagrama de Rosetas – número de lineamentos e comprimento total – da bacia hidrográfica do rio
Jacaré-Pepira.
57
9
No perfil longitudinal, as caracterizações dos substratos litológicos não seguem relações de mergulho e
espessura das camadas.
60
segundo Fulfaro et al. (1967), à presença de falhas normais, individualizando tal trecho entre
domínios do canal com leito rochoso basáltico (Figura 5.7).
Figura 5.7: Perfil retificado entre São Pedro e Dourado. Destaque para a área deprimida denominada de
“Varjão”. Adaptado de Fulfaro et al. (1967).
Figura 5.8: Início do trecho do “Varjão” pós desenclausuramento do rio Jacaré-Pepira das cuestas. Foto: Éverton
V. Valezio.
61
Conforme abordam Fulfaro et al. (1967), essa área deprimida orientada para NW
“só poderia ser explicada por razões tectônicas, pois que a ausência de uma inversão local do
mergulho regional dificilmente explicaria a formação da frente do Varjão” (idem, p. 204),
cuja origem remonta ao abatimento de blocos decorrentes de esforços tectônicos e “com
rejeitos nunca inferiores a uma centena de metros” (ibidem, p. 204), conforme sondagens no
vale do rio Jacaré-Pepira.
Em limites próximos à jusante, onde a Formação Piramboia dá lugar à Formação
Serra Geral, as sondagens atingiram corpos magmáticos a profundidades bem menores
quando comparados à disposição das rochas magmáticas nos trechos iniciais dessa depressão
neotectônica, sugerindo basculamento para SE. Valores mais expressivos do índice SL nas
zonas limítrofes deste segmento (250,50 a montante e 283,14 a jusante) indicam a relação
entre a resistência erosiva diferenciada e a atividade neotectônica.
Após esse setor, o rio Jacaré-Pepira tem novamente os basaltos como leito
rochoso e retoma seu curso retilíneo e sinuoso, com bruscas mudanças de direção. Em
segmento de 17 quilômetros, reaparecem as corredeiras e rupturas em leito rochoso, que se
distribuem em uma amplitude de 120 metros. Assim como no trecho dominado pela
Formação Serra Geral, a montante, a configuração do canal fluvial e das feições anexas está
delineada diretamente pelo fator geológico, ressaltando o papel deste componente físico na
62
Figura 5.10: Setores mapeados em detalhe para análise e interpretação dos mecanismos de alteração meândrica.
O setor 1 (Figura 5.11) retrata o setor mais a montante dos três exemplificados. O
desenvolvimento da planície fluvial toma forma inicial nesse segmento, cujos
desenvolvimento e alargamento seguem até as proximidades da foz.
64
Figura 5.11: Morfodinâmica do rio Jacaré-Pepira (Seção 1) correspondente a análise e interpretação dos produtos
orbitais e não orbitais (1962-2012).
65
Figura 5.12: Ponto de coleta para datação por LOE. Fotos: Éverton V. Valezio.
Tabela 5.1: Datação absoluta por LOE no baixo terraço fluvial (T2) do rio Jacaré-Pepira.
Dose anual
Profundidade Local P (Gy) Desvio Padrão Idade (anos)
(µGy/ano)
Jacaré-Pepira
Ponto 1 1,40 metros 1150 +/-35 10,9 3,9 9.530 +/- 765
(B. Terraço – T2)
Figura 5.13: Morfodinâmica do rio Jacaré-Pepira (Seção 2) correspondente a análise e interpretação dos produtos
orbitais e não orbitais (1962-2012).
69
Figura 5.14: Morfodinâmica do rio Jacaré-Pepira (Seção 3) correspondente a análise e interpretação dos produtos
orbitais e não orbitais (1962-2012).
71
Assim como no rio Jacaré-Pepira, a migração lateral foi quantificada pelo índice
de assimetria da bacia, porém o valor 66,2 para a bacia hidrográfica indicaria basculamento
mais pronunciado para o eixo à direita (direção montante para jusante). Como abordado na
apresentação do índice para a bacia do Jacaré-Pepira, a assimetria dos valores compreendidos
para o Jacaré-Guaçu possivelmente advém da diferença de litologias presentes na bacia,
sobretudo as que sustentam a parte direita (basaltos e arenitos do Grupo Bauru) e a parte
esquerda (arenitos da Formação Botucatu). O índice mais elevado de assimetria na bacia do
Jacaré-Guaçu remete à maior ação dos fatores morfoestruturais na face direita, quando
comparados ao índice resultante do Jacaré-Pepira. Os índices de assimetria para trechos
específicos da bacia hidrográfica revelam segmentos ainda mais deslocados do eixo central.
No baixo curso os valores do índice de assimetria são mais pronunciados, com destaque para
os de 77,01 e 77,64 nos trechos do baixo curso e próximos da foz, ao longo da planície fluvial
de grande extensão, ali dispostos a menos de 40 quilômetros do exutório. O índice de 72,8 no
médio curso, no trecho com leito basáltico, também compactua com a influência lito-
estrutural como controladora da drenagem, assim como na bacia do rio Jacaré-Pepira.
72
Figura 5.15: Cálculo de assimetria da bacia do rio Jacaré-Guaçu pelo índice FSTT.
Figura 5.17: Diagrama de Rosetas – número de lineamentos e comprimento total – da bacia hidrográfica do rio
Jacaré-Guaçu.
75
A rápida inflexão no trecho inicial do canal, entre as cotas 940 e 780, além de
marcar o entalhe natural dos cursos d’água nos interflúvios, também relata a diversidade
litológica presente. A alternância entre rochas das Formações Itaqueri e Botucatu nesse trecho
inicial, que se alonga por cerca de 4 quilômetros, é fator considerável na caracterização
longitudinal do canal fluvial e nos valores elevados do índice SL (alcance máximo de 929,68).
Devido à escala do mapa geológico, assim como acontece na bacia do rio Jacaré-Pepira, é
difícil precisar o contato das distintas litologias e seu impacto imediato no perfil longitudinal.
Após acentuado desnível topográfico — de aproximadamente 120 metros —, o rio
Jacaré-Guaçu passa a se estabelecer em patamares mais sutis, sob as rochas das Formações
Botucatu e Piramboia, com breve passagem por trecho da Formação Serra Geral. Esse
segmento, com presença de breves níveis de base locais, está presente no que Pinheiro (2014)
aborda como Depressão Tectônica do Jacaré-Guaçu. Essa área contrasta com o padrão
topográfico movimentado que se estende pelo reverso de cuestas no estado de São Paulo,
caracterizado pela rápida abertura da planície fluvial após momento de pronunciada incisão
fluvial sobre seu leito. Sua origem e sua extensão podem estar associadas e pertencer ao
mesmo processo de formação do “Varjão”, em trechos iniciais do rio Jacaré-Pepira.
78
Entre 620 e 600 metros, ruptura pontuada nos depósitos aluviais marca o perfil
longitudinal de forma pronunciada, com o maior valor do índice SL (2537,11) para toda a
extensão do rio Jacaré-Guaçu. Outra ruptura logo em sequência (índice SL de 520) contrasta
significativamente com o trecho posterior, com uma mudança brusca na declividade do canal
fluvial, que passa a desenvolver extensa planície de inundação sem alterações de topografia
nos 65 quilômetros finais de domínio dos depósitos aluviais. Assumindo a prerrogativa de que
a ruptura se localiza em substrato homogêneo e possui sucessivas curvas anômalas, a deflexão
do perfil pode estar associada à atividade tectônica, uma vez que esse setor está atrelado a
uma zona de cisalhamento e que pequenos adernamentos compõem o início do trecho com
deposição aluvial, conforme aponta Bjornberg (1969).
O padrão retilíneo e sinuoso, os rápidos e corredeiras refletem o controle do
substrato basáltico no setor subsequente, que se estende por 24 quilômetros, com destaque
para o desenvolvimento acentuado de alças sinuosas, porém com pouca mobilidade lateral.
Nesse setor, valores maiores correspondentes ao índice de gradiente (2537,11 em seu início e
494,07 em seu término) se apresentam em suas bordas, demarcando-as com nitidez.
O trecho enclausurado é então abandonado, dando lugar à planície fluvial de
grande extensão transversal (de 1 a 3 quilômetros) e longitudinal (63,2 quilômetros), que se
distribui pelos depósitos retrabalhados das Formações Piramboia e Botucatu e assume
estabilidade quanto aos valores do índice SL (com valor contínuo e abaixo de 175).
A última zona de anomalias discriminada no perfil se estende por 30 quilômetros
e contrasta com os segmentos a montante e a jusante. Destaca-se novamente o substrato
basáltico, condicionando a relação do canal fluvial com sua declividade, que se acentua nesse
trecho. Em conformidade novamente estão os índices de gradiente, que passam a ascender
com a descontinuidade do perfil, assumindo valores superiores aos registrados anteriormente
(230,79; 329,07 e 328,82).
Da cota 440 à 420, o perfil longitudinal não é mais afetado por rupturas, seguindo
padrão de assíntota longa até o exutório, mesmo percorrendo novo setor basáltico no trecho
final. Apesar de não apresentar mudanças no perfil e valores baixos e decrescentes no índice
SL, o canal fluvial altera novamente sua morfologia, assim como as características da planície
fluvial são novamente alteradas, em função do estrangulamento pela retomada do controle
litológico basáltico, ficando restritas a pequenos bolsões.
79
O rio Jacaré-Guaçu mantém ao longo do seu vale aluvial diversas feições típicas
de um sistema meândrico que evoluiu ao longo do tempo da natureza e que ainda se
caracteriza pelo constante dinamismo. Assim como posto para o rio Jacaré-Pepira, a diferença
litológica que embasa o canal fluvial ao longo de seu curso propicia a caracterização de
diferentes padrões fluviais. Os setores retilinizados, com reduzida sinuosidade, curvas
angulosas e meandros encaixados, estão associados ao domínio dos basaltos da Formação
Serra Geral, condicionando a migração e o entalhe do canal fluvial, além de limitar os
processos de migração lateral.
O desenvolvimento de planícies de inundação mais proeminentes, com registros
reliquiais da dinâmica pretérita sustentados nos níveis de baixos terraços identificados (T1 e
T2), está associado à presença das formações Botucatu e Piramboia enquanto arcabouço
geológico. Nesses setores há planícies que se estendem transversalmente por mais de 3
quilômetros no baixo curso, quando assumem a sua maior amplitude, renovada pelos
depósitos de acresção lateral e vertical. Nesses setores, o canal fluvial do Jacaré-Guaçu se
comporta enquanto canal meandrante, parcialmente confinado pelos vales ou mesmo
lateralmente desconfinado, permitindo a divagação lateral.
Ao longo de todo o curso d’água, alternam-se trechos enclausurados, moldados
pela litologia do leito e das margens, e trechos desconfinados, livres para a evolução
meândrica do canal fluvial. A estrutura passa a ser elemento geossistêmico preponderante
nessa configuração.
Assim como identificado no rio Jacaré-Pepira, o rio Jacaré-Guaçu dispõe de 2
níveis de baixos terraços (T1 e T2), associados a momentos distintos da evolução fluvial
local. Essas feições se estabelecem entre 4 e 6 metros para o nível T1 e de 7 a 10 metros para
o nível T2 e têm sua máxima expressão nos últimos 60 quilômetros, antes de o rio percorrer
novamente os terrenos da Formação Serra Geral e ter sua foz conectada às águas do rio Tietê
Três setores também foram selecionados ao longo do rio Jacaré-Guaçu para
explicitar sua dinâmica evolutiva, e se juntam aos 13 setores mapeados (Figura 5.20)
explicitados no Anexo II para a interpretação dinâmica recente do rio Jacaré-Guaçu nos
momentos de 1962 e 2012.
80
Figura 5.20: Setores mapeados em detalhe para análise e interpretação dos mecanismos de alteração meândrica.
Figura 5.21: Morfodinâmica do rio Jacaré-Guaçu (Seção 1) correspondente a análise e interpretação dos produtos
orbitais e não orbitais (1962-2012).
82
Figura 5.22: Morfodinâmica do rio Jacaré-Guaçu (Seção 2) correspondente a análise e interpretação dos produtos
orbitais e não orbitais (1962-2012).
84
Figura 5.23: Ponto de coleta para datação por LOE e morfologia local. Fotos: Kléber C. Lima.
Tabela 5.2: Datação absoluta por LOE no baixo terraço fluvial (T1) do rio Jacaré-Guaçu.
Figura 5.24: Morfodinâmica do rio Jacaré-Guaçu (Seção 3) correspondente a análise e interpretação dos produtos
orbitais e não orbitais (1962-2012).
87
6. DISCUSSÃO
agricultura nos baixos terraços, que chegam a ocupar limites próximos à planície de
inundação; ou mesmo o estabelecimento diferencial dos limiares geomorfológicos acabam por
remodelar tais formas. A estrutura em degraus da planície fluvial, demarcada pelos baixos
terraços fluviais, permite inferência sobre pelos menos dois rompimentos de limiar ou dois
ciclos de incisão do talvegue, conforme o equilíbrio metaestável abordado por Schumm
(1977), ao considerarmos os terraços como formas condizentes a outro panorama físico para a
área.
Canais fluviais próximos, como o Pardo e Mogi-Guaçu, não possuem visualmente
registro de resposta análoga às modificações identificadas nos rios Jacaré-Pepira e Jacaré-
Guaçu. A presença de meandros pretéritos e atuais com diferentes dimensões indicaria ação
contrastante dos fatores físicos atuantes, como os fatores litológicos e ação (neo) tectônica,
que exerceram influência localizada nesses sistemas fluviais. Rios sob condições climáticas
parelhas, no entanto, podem não responder da mesma forma. Meandros abandonados mais
proeminentes, como registros hidrodinâmicos pretéritos de magnitude superior, podem
corresponder a limiares geomorfológicos diferenciados, como possivelmente delinearam ao
rio Jacaré-Pepira e principalmente ao rio Jacaré-Guaçu.
Tomando como base Van Der Berg (1995) e Vanderberghe e Woo (2002), é
natural que as transformações ocorridas nos últimos 50 anos não sejam vinculadas à mudança
climática, mas às adaptações dos rios a outros fatores, como mudanças de descarga e aporte
de material sedimentar. No trecho inferior do rio Jacaré-Pepira, a construção do reservatório
de Ibitinga pode ter sido fator considerável nos ajustes do canal nas ultimas décadas. A
modificação recente pode representar um pulso climático diferenciado, capaz de alterar as
descargas e a chegada de material até o canal fluvial. Na escala do tempo do homem (ou
tempo histórico), o fator climático é posto como um papel ainda não preponderante de
condicionamento das alterações visualizadas e pode corresponder a momento de desequilíbrio
ou equilíbrio dominantemente instável em ambos os rios, concepções estas ligadas a Renwick
(1992), Scheidegger (1992) e Phillips (1992a; 1992b).
Ao longo da planície fluvial, meandros abandonados se apresentam em diferentes
estágios de agradação, dos lagos em ferradura recentes, que ainda mantém suas dimensões de
abandono, assim como de meandros colmatados e em processo final de deposição de finos,
marcando diferentes temporalidades da dinâmica fluvial e pelo menos três gerações de
meandros.
90
corrobora para a explanação dos elementos geossistêmicos que acabaram por controlar os
processos e definir as formas presentes durante o Quaternário.
A presença de cascalhos por volta de 1 metro de profundidade em baixos terraços,
encontrados nos trabalhos de campo nos rios Jacaré-Pepira e Jacaré-Guaçu, e por Santos
(2011) neste último rio, pode ser explicada pela evolução e deslocamento do leito dos canais
fluviais lateral e verticalmente e, dado o calibre dos clastos, apontar para regimes hidrológicos
diferenciados, especialmente pelos constantes e diferentes pulsos climáticos ocorridos desde o
Pleistoceno Superior — conforme idades encontradas neste trabalho e por outros autores em
datações por LOE.
Chuvas concentradas e intensas e fluxos superficiais de alta energia podem ter
sido atuantes na quantidade e no tamanho dos clastos encontrados, refletindo estágios
hidrológicos distintos dos estabelecidos atualmente. A diferenciada ação dos elementos
físicos, atrelada, por exemplo, a condições outras de percolação d’água por canais fluviais
efêmeros, pode estar associada a um clima mais seco que o atual e, posteriormente, à
transição para clima quente e úmido.
Uma das questões suscitadas também é a da possível vegetação rarefeita no
período, que proporcionou fluxos de runoff e chegada de clastos de maior porte ao canal. A
agradação do vale e o calibre dos detritos inerentes a tais processos indicam a formação de um
quadro de evolução da paisagem decorrente de uma constituição física diferente da atual.
Essa constituição diferenciada retrata uma sucessão de oscilações climáticas ao
longo do Pleistoceno Superior e do Holoceno, com destaque para condições mais secas na
transição entre Pleistoceno e Holoceno (18.000-8.500 AP), com transições de clima úmido no
Holoceno Médio (6.000 a 3.500 AP), e pulso climático seco no Holoceno Superior (3.500 a
2.500 AP) quando comparados às condições atuais, além do definitivo estabelecimento de um
clima quente e úmido, em especial, a partir de 1.500 AP (STEVAUX, 1994; STEVAUX,
2000; BEHLING, 2002), que ajudou na morfogênese do vale aluvial.
Em áreas de canais meandrantes, onde se têm evidências de formas associadas a
migração e incisão do canal, muitas vezes não é possível identificar o mesmo evento
distribuído de forma constante ao longo do vale ou mesmo na bacia. A dinâmica natural do rio
pode ter apagado o registro, assim como setores específicos podem responder de maneira
diferente ao restante do curso d’água. No caso singular da datação por LOE, o ponto se
mostra válido para discussão sobre o deslocamento lateral do rio Jacaré-Pepira pela idade do
material de recobrimento da antiga cascalheira em nível atual de baixo terraço, não se
92
abrindo, por exemplo, à evolução geomorfológica do canal fluvial como um todo. A idade
encontrada para o nível T2 é condizente com datações próximas efetuadas por Celarino et al.
(2013), na bacia do rio Mogi-Guaçu, e Santos (2011), na bacia do Jacaré-Guaçu, para níveis
condizentes de entalhamento do talvegue, abandono de meandro e nível de baixo terraço.
Datações efetuadas por Morais (2015) nos baixos terraços do rio do Peixe revelam
abandono do canal no Holoceno Tardio (3500 A.P.), com idade muito próxima da encontrada
no nível T1 do rio Jacaré-Pepira. No caso do rio do Peixe, o soerguimento da margem direita
propiciou migração direcionada para a margem esquerda, tendo os terraços dessa margem
atividade erosiva reduzida quando comparados aos da margem oposta. Atividade semelhante
pode ter levado à diferença de depósitos aluviais nas margens opostas dos rios Jacaré-Pepira e
Jacaré-Guaçu. A migração preferencial pela possível ação subsuperficial condiz com os
índices morfométricos aplicados, assim como com a maior dissecação dos baixos terraços na
margem esquerda dos rios Jacaré-Pepira e Jacaré-Guaçu. Os índices morfométricos e as
imagens orbitais utilizadas apontam para a presença de blocos adernados em ambas as bacias
hidrográficas, com respostas diferenciadas. Aparentemente os trends NE limitam os blocos e
os trends NW teriam no comportamento rúptil a movimentação.
O tectonismo e o controle estrutural são fatores presentes na área, conforme
apontam Fulfaro et al. (1967), Bjornberg (1969), Paraguassu et al. (1974), Riccomini (1995;
1997), Ladeira e Santos (1996) e Santos e Ladeira (2006), repercutindo diretamente na
morfologia e na morfodinâmica dos canais analisados, se colocando também como grandes
agentes estruturadores do relevo localmente, agindo na formação do Varjão e controlando
setores do canal principal do rio Jacaré-Guaçu. Falhas e heterogeneidades litológicas marcam
a passagem de canais tortuosos e retilíneos para canais meandrantes sob leito aluvial, e
parecem ser tais fatores os principais elementos — inseridos no elemento geológico na análise
geossistêmica — a influenciar a morfodinâmica dos rios Jacaré-Pepira, Jacaré-Guaçu e seus
respectivos afluentes. Assim, a morfoestrutura e a morfotectônica se alinham na definição e
no controle local.
As falhas de direção NW-SE que se prolongam pela Bacia Sedimentar do Paraná,
decorrentes do regime tectônico derivado do deslocamento da plataforma Sul-americana, e
que segmentam a rede de drenagem consequente do estado de São Paulo, influenciam
localmente o canal principal do rio Jacaré-Pepira pelo eixo estrutural do Tietê e considerável
segmento do rio Jacaré-Guaçu, além de influenciarem também o estabelecimento dos
afluentes desses rios, sobretudo aqueles estabelecidos na margem esquerda do rio Jacaré-
93
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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22°23'0"S
22°26'0"S
Fluxo
22°24'0"S
02 01
48°12'0"W 48°11'0"W 48°10'0"W 48°9'0"W 48°8'0"W 48°7'0"W 48°7'0"W 48°6'0"W 48°5'0"W 48°4'0"W 48°3'0"W 48°2'0"W
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22°18'0"S
22°21'0"S
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04 03
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