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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Instituto de Geociências

ÉVERTON VINÍCIUS VALEZIO

EQUILÍBRIO EM GEOMORFOLOGIA: GEOSSISTEMAS, PLANÍCIES DE


INUNDAÇÃO E MORFODINÂMICA DOS RIOS
JACARÉ-PEPIRA E JACARÉ-GUAÇU (SP)

CAMPINAS
2016
ÉVERTON VINÍCIUS VALEZIO

EQUILÍBRIO EM GEOMORFOLOGIA: GEOSSISTEMAS, PLANÍCIES DE


INUNDAÇÃO E MORFODINÂMICA DOS RIOS
JACARÉ-PEPIRA E JACARÉ-GUAÇU (SP)

DISSERTAÇÃO APRESENTADA AO INSTITUTO DE


GEOCIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE
CAMPINAS PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE
EM GEOGRAFIA NA ÁREA DE ANÁLISE AMBIENTAL E
DINÂMICA TERRITORIAL

ORIENTADOR: PROF. DR. ARCHIMEDES PEREZ FILHO

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL


DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO ALUNO
ÉVERTON VINÍCIUS VALEZIO E ORIENTADO PELO
PROF. DR. ARCHIMEDES PEREZ FILHO

CAMPINAS
2016
Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): FAPESP, 2013/24885-1

Ficha catalográfica
Universidade Estadual de Campinas
Biblioteca do Instituto de Geociências
Cássia Raquel da Silva - CRB 8/5752

Valezio, Éverton Vinícius, 1989-


V237e ValEquilíbrio em geomorfologia : geossistemas, planícies de inundação e
morfodinâmica dos rios Jacaré-Pepira e Jacaré-Guaçu (SP) / Éverton Vinícius
Valezio. – Campinas, SP : [s.n.], 2016.

ValOrientador: Archimedes Perez Filho.


ValDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de
Geociências.

Val1. Geomorfologia fluvial. 2. Rios aluviais. I. Perez Filho, Archimedes,1947-.


II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Geociências. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Equilibrium in geomorphology : geosystems, floodplains and


morfodynamics of the Jacaré-Pepira and Jacaré-Guaçu rivers (São Paulo, Brazil)
Palavras-chave em inglês:
Fluvial geomorphology
Alluvial rivers
Área de concentração: Análise Ambiental e Dinâmica Territorial
Titulação: Mestre em Geografia
Banca examinadora:
Archimedes Perez Filho [Orientador]
Francisco Sérgio Bernardes Ladeira
Norberto Morales
Data de defesa: 26-08-2016
Programa de Pós-Graduação: Geografia

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)


UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
ÁREA DE ANÁLISE AMBIENTAL E DINÂMICA TERRITORIAL

AUTOR: Éverton Vinícius Valezio

EQUILÍBRIO EM GEOMORFOLOGIA: GEOSSISTEMAS, PLANÍCIES DE INUNDAÇÃO


E MORFODINÂMICA DOS RIOS JACARÉ-PEPIRA E JACARÉ-GUAÇU (SP)

ORIENTADOR: Prof. Dr. Archimedes Perez Filho

Aprovado em: 26 / 08 / 2016

EXAMINADORES:

Prof. Dr. Archimedes Perez Filho – Presidente

Prof. Dr. Francisco sergio Bernardes Ladeira

Prof. Dr. Norberto Morales

A Ata de Defesa assinada pelos membros da Comissão Examinadora,


consta no processo de vida acadêmica do aluno.

Campinas, 26 de agosto de 2016.


À minha família, dedico.
AGRADECIMENTOS

Aos meus pais Carlos e Maria, a minhas irmãs Beatriz e Juliana e a minha esposa
Rafaela, que me deram o ensejo e as condições para que eu pudesse me dedicar integralmente
aos estudos, tanto na graduação quanto no mestrado, ao contrário de grande parte da
população brasileira, que não possui as oportunidades das quais usufruí.
Ao professor Roberto Marques Neto, pelo enriquecedor debate teórico e
metodológico na banca de qualificação, juntamente com o professor Francisco Sérgio
Bernardes Ladeira, que fez parte de toda a minha trajetória acadêmica na Unicamp, mantendo
seu rigor na arguição de qualificação e no debate desta dissertação, compondo também a
banca de defesa. Estendo o agradecimento ao professor Norberto Morales, por contribuir para
a construção deste trabalho na banca final.
Ao orientador e amigo Archimedes Perez Filho, que tem nesta dissertação a
materialização de quase um quinquênio de trabalho de formação pessoal e acadêmica.
A Tânia Maria Nicholetti, do Laboratório de Geoprocessamento do IAC, pela
imensa ajuda e pela atenção com as fotografias aéreas, parte fundamental do trabalho.
Aos laços de amizade construídos ao longo de mais de sete anos de morada em
Campinas, na graduação e na pós-graduação: Guilherme Ramos, Carolina Zechinatto,
Mariana Garcia, Luís Valle, Vitor Putti, Christian Dias, Diego Peliciari, Marcel Trindade,
Cézar Freitas, Pedro Michelutti, Luciano Duarte, Melissa Steda, Wagner Nabarro, Valderson
Salomão, Maycon Fritzen e Johann Lambert. A estes se juntam, além de amigos, pessoas
essenciais ao desenvolvimento deste trabalho: Thais Carrino, Daniel Storani, Diego do
Nascimento, Gustavo Teramatsu e Kléber Lima.
Agradeço também aos funcionários do Instituto de Geociências, que embora
ocultos, possuem vital importância para que a unidade continue em funcionamento: a
secretária de graduação, Josefina Steiner; a secretária do Departamento de Geografia, Creuza
Fujii; as secretárias de pós-graduação, Valdirene Pinotti e Maria Gorete; os ilustres Élcio
Marinho, Antônio Guerreiro e Ednalva Shultz, da seção de manutenção; e as bibliotecárias
Cássia da Silva, Claudineia Melo e Antonieta Santos.
Por fim, à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)
pela outorga e financiamento do projeto de mestrado (Processo n. 2013/24885-1), substancial
para que eu pudesse realizar a pesquisa e adquirir material basilar para o seu
desenvolvimento.
“… a tradição conservadora no Brasil sempre se tem sustentado do
sadismo do mando, disfarçado em ‘princípio de Autoridade’ ou
‘defesa da Ordem’. Entre essas duas místicas — a da Ordem e da
Liberdade, a da Autoridade e da Democracia — é que se vem
equilibrando entre nós a vida política, precocemente saída do regime
de senhores e escravos” (Gilberto Freyre, Casa Grande e Senzala)
RESUMO

EQUILÍBRIO EM GEOMORFOLOGIA: GEOSSISTEMAS, PLANÍCIES DE


INUNDAÇÃO E MORFODINÂMICA DOS RIOS JACARÉ-PEPIRA E JACARÉ-GUAÇU
(SP)

Transformações nos sistemas rio-planície indicam momentos de instabilidade de seus elementos


integrantes frente às modificações de matéria e energia. Sendo o canal fluvial um importante receptor
de tais alterações, este trabalho objetivou analisar e interpretar pelo enfoque dinâmico e evolutivo as
transformações na morfologia dos rios Jacaré-Pepira e Jacaré- Guaçu (SP) e em suas respectivas
planícies de inundação, mediante análise de índices morfométricos — perfil longitudinal, índice SL
(Stream Gradient-length Index), fator de assimetria da bacia e assimetria topográfica transversa;
análise e interpretação de imagens orbitais e não orbitais; e datação de depósitos fluviais por
Luminescência Opticamente Estimulada (LOE). Os resultados apontam para a presença de três
gerações meândricas e para a formação de dois níveis de baixos terraços fluviais (T1 e T2)
estabelecidos ao longo do Pleistoceno Superior e do Holoceno, e para um processo ativo de mudanças
das alças meândricas nos últimos 50 anos, com mecanismos preponderantes de cortes de pedúnculo,
motivados pela ação de fatores alogênicos (tectônica e clima), que deslocam os canais principais do
eixo central de ambas as bacias hidrográficas por basculamento de blocos, com considerável ação para
o eixo NE e predomínio dos baixos terraços na margem esquerda; pela formação, esculturação e
dissecação linear dos canais fluviais pelos diferentes pulsos climáticos quaternários; e pelos fatores
autigênicos (auto-regulação), pelo corte sistemático das curvas meândricas para redução de
sinuosidade. As intensas transformações registradas na paisagem em intervalo tão curto de tempo
apontam para a condição preponderante de desequilíbrio nos sistemas físicos dos rios estudados, com
marcantes rompimentos de limiares geomorfológicos.

Palavras-chave: Geomorfologia fluvial, Rios aluviais


ABSTRACT

EQUILIBRIUM IN GEOMORPHOLOGY: GEOSYSTEMS, FLOODPLAINS AND


MORFODYNAMICS OF THE JACARÉ-PEPIRA AND JACARÉ-GUAÇU RIVERS (SÃO
PAULO – BRAZIL)

Transformations in river-plain systems indicate moments of instability in its elements, facing changes
in matter and energy. As the river channel is an important receptor of such changes, this study aimed
to analyze and interpret, from an evolutionary and dynamic approach, the transformations in the
morphology of rivers Jacaré-Pepira and Jacaré-Guaçu (São Paulo - Brazil) and in their respective
floodplains. Our methodology included the analysis of their morphometric indexes — longitudinal
profile, SL Index (Stream Gradient-Length Index), the basins asymmetry factors and topographic
transverse asymmetry; the analysis and interpretation of orbital and non-orbital images; and the dating
of fluvial deposits through the use of Optically Stimulated Luminescence (OSL). Results show the
presence of three meander generations and the formation of two levels of low river terraces (T1 and
T2), established during the Late Pleistocene and the Holocene. They also show an active process of
change in meander bends in the last 50 years, with preponderant mechanisms of cutoofs, motivated by
the action of allogenic factors (tectonics and climate). Such factors shift the main channels from their
central axes in both hydrographic basins by the tilting of blocks, with considerable action for the NE
axis and predominance of low terraces in the left bank. Other factors include the formation,
sculpturing and linear dissection of river channels by different Quaternary climatic pulses, as well as
authigenic processes (self-regulation), with the systematic cutting of meander curves to reduce
sinuosity. The intense transformations recorded in the landscape in a very short time period point to
the prevailing condition of imbalance in the physical systems of the studied rivers, with striking
disruptions in geomorphological thresholds.

Keywords: Fluvial Geomorphology, Alluvial rivers


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 3.1: Reprodução do modelo teórico de underfit stream, exprimindo a relação entre os
canais fluviais e seus vales. Adaptado de Dury (1964). ........................................................... 26

Tabela 3.1: Feições indicadoras de atividade neotectônica (COOKE; DOORNKAMP, 1990,


p. 353). ...................................................................................................................................... 32

Figura 3.2: Mecanismos de alteração meândrica. Adaptado de Brice (1977). ......................... 35

Figura 4.1: Localização das bacias dos rios Jacaré-Pepira e Jacaré-Guaçu. ............................ 39

Figura 5.1: Cálculo de assimetria da bacia do rio Jacaré-Pepira pelo índice FSTT. ................ 53

Figura 5.2: Localização dos canais afluentes influenciados por fatores tectônicos. ................ 55

Figura 5.3: Mapa de lineamentos de drenagem da bacia hidrográfica do rio Jacaré-Pepira. ... 56

Figura 5.4: Diagrama de Rosetas – número de lineamentos e comprimento total – da bacia


hidrográfica do rio Jacaré-Pepira. ............................................................................................. 56

Figura 5.6: Perfil longitudinal, índice SL e perfil logarítmico do rio Jacaré-Pepira. ............... 59

Figura 5.7: Perfil retificado entre São Pedro e Dourado. Destaque para a área deprimida
denominada de “varjão”. Adaptado de Fulfaro et al. (1967). ................................................... 60

Figura 5.8: Início do trecho do “Varjão” pós desenclausuramento do rio Jacaré-Pepira das
cuestas. Foto: Éverton V. Valezio. ........................................................................................... 60

Figura 5.9: Trecho final do “Varjão”. Foto: Éverton V. Valezio. ............................................ 61

Figura 5.10: Setores mapeados em detalhe para análise e interpretação dos mecanismos de
alteração meândrica. ................................................................................................................. 63

Figura 5.11: Morfodinâmica do rio Jacaré-Pepira (Seção 1) correspondente a análise e


interpretação dos produtos orbitais e não orbitais (1962-2012). .............................................. 64

Figura 5.12: Ponto de coleta para datação por LOE. Fotos: Éverton V. Valezio. .................... 66

Figura 5.13: Morfodinâmica do rio Jacaré-Pepira (Seção 2) correspondente a análise e


interpretação dos produtos orbitais e não orbitais (1962-2012). .............................................. 68

Figura 5.14: Morfodinâmica do rio Jacaré-Pepira (Seção 3) correspondente a análise e


interpretação dos produtos orbitais e não orbitais (1962-2012). .............................................. 70

Figura 5.15: Cálculo de assimetria da bacia do rio Jacaré-Guaçu pelo índice FSTT. .............. 72

Figura 6.16: Mapa de lineamentos de drenagem da bacia hidrográfica do rio Jacaré-Guaçu. . 74


Figura 5.17: Diagrama de Rosetas – número de lineamentos e comprimento total – da bacia
hidrográfica do rio Jacaré-Guaçu. ............................................................................................ 74

Figura 5.18: Esboço geológico da bacia hidrográfica do rio Jacaré-Guaçu. ............................ 76

Figura 5.19: Perfil longitudinal, índice SL e perfil logarítmico do rio Jacaré-Guaçu. ............. 77

Figura 5.20: Setores mapeados em detalhe para análise e interpretação dos mecanismos de
alteração meândrica. ................................................................................................................. 80

Figura 5.21: Morfodinâmica do rio Jacaré-Guaçu (Seção 1) correspondente a análise e


interpretação dos produtos orbitais e não orbitais (1962-2012). .............................................. 81

Figura 5.22: Morfodinâmica do rio Jacaré-Guaçu (Seção 2) correspondente a análise e


interpretação dos produtos orbitais e não orbitais (1962-2012). .............................................. 83

Figura 5.23: Ponto de coleta para datação por LOE e morfologia local. Fotos: Kléber C. Lima.
.................................................................................................................................................. 85

Figura 5.24: Morfodinâmica do rio Jacaré-Guaçu (Seção 3) correspondente a análise e


interpretação dos produtos orbitais e não orbitais (1962-2012). .............................................. 86
LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1: Feições indicadoras de atividade neotectônica (COOKE; DOORNKAMP, 1990,


p. 353). ...................................................................................................................................... 34
Tabela 4.1: Cartas topográficas (1:50.000) que recobrem a totalidade das bacias hidrográficas
estudadas e fonte de informações para os cálculos morfométricos. ......................................... 45
Tabela 4.2: Dados multiespectrais nadir do sistema Rapideye (BlackBridge, 2015)............... 46
Tabela 4.3: Especificações do acervo de 23 imagens multiespectrais do sistema Rapideye
empregado na pesquisa. ............................................................................................................ 47
Tabela 4.4: Especificações do acervo de 10 imagens pancromáticas do sistema CBERS 2B
empregado na pesquisa. ............................................................................................................ 48
Tabela 5.1: Datação absoluta por LOE no baixo terraço fluvial (T2) do rio Jacaré-Pepira. .... 66
Tabela 5.2: Datação absoluta por LOE no baixo terraço fluvial (T1) do rio Jacaré-Guaçu. .... 85
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

DAEE – Departamento de Águas e Energia Elétrica


FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
IAC – Instituto Agronômico de Campinas
INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas
LOE – Luminescência Opticamente Estimulada
SAR – Single Aliquot Regeneration Method
SIG – Sistema de Informação Geográfica
SRTM – Shuttle Radar Topography Mission
UNESP – Universidade Estadual Paulista
UNICAMP – Universidade Estadual de Campina
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 15
2. OBJETIVOS...................................................................................................................... 19
2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................ 19
2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................. 19
3. FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS ...................................................... 20
3.1 Tipologias fluviais ...................................................................................................... 20
3.2 Transformações dos canais fluviais: condicionantes climáticos e tectônicos ............ 25
3.3 Morfodinâmica fluvial recente ................................................................................... 33
4. MATERIAL E MÉTODO ................................................................................................. 39
4.1 Localização e caracterização da área de estudo ......................................................... 39
4.2 Análise e interpretação de imagens orbitais, não orbitais e base cartográfica ........... 43
4.3 Parâmetros morfométricos ......................................................................................... 49
4.4 Luminescência Opticamente Estimulada ................................................................... 51
5. RESULTADOS ................................................................................................................. 52
5.1 Rio Jacaré-Pepira ........................................................................................................ 52
5.1.1 Parâmetros morfométricos ..................................................................................... 52
5.1.2 Transformações meândricas .................................................................................. 62
5.2 Rio Jacaré-Guaçu ....................................................................................................... 71
5.2.1 Parâmetros morfométricos ..................................................................................... 71
5.2.2 Transformações meândricas .................................................................................. 79
6. DISCUSSÃO ..................................................................................................................... 88
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 96
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 97
Anexo 1 .................................................................................................................................. 109
Anexo 2 .................................................................................................................................. 110
s
15

1. INTRODUÇÃO

Componentes centrais na reconfiguração das paisagens, os canais fluviais


recepcionam as diversas transformações ocorrentes em sua bacia hidrográfica, sendo a
interpretação de seu comportamento de fundamental importância para a correlação dos
diversos processos morfodinâmicos e das formas associadas. Tidos como sensíveis
indicadores das constantes transformações na paisagem, ao responder às ações dos fatores
alogênicos pela modificação de sua morfologia, seus registros evolutivos dispostos na planície
fluvial expõem a complexidade que tais sistemas assumem, pela inter-relação das diversas
variáveis físicas presentes.
A compreensão desse funcionamento do sistema fluvial perpassa a compreensão
deste enquanto um arranjo de relações não lineares e “combinações significativas de partes
que formam um todo complexo, com conexões, inter-relações e transferência de energia e
matéria” (PIÉGAY e SCHUMM, 2003, p. 105), conceituações características do pensamento
sistêmico (CHORLEY, 1962; HOWARD, 1965; CHORLEY e KENNEDY, 1971; THORNES
e BRUNSDEN, 1977).
As variáveis físicas e sua contínua interação em campo sistêmico são pautadas sob
o preceito dos sistemas dinâmicos abertos para o que Sotchava (1977) conceitua como
Geossistema. Para o autor, o Geossistema é a unidade natural capaz de inter-relacionar os
diversos elementos físicos da paisagem. Tendo como unidade cimentante o aspecto ambiental,
ele se configura pelo princípio bilateral de organização e hierarquização, no qual áreas com
homogeneidade de seus elementos se integram em áreas heterogêneas (Geômeros e Geócoros)
se manifestando em diversos níveis escalares (topológicos, regionais e planetários).
A funcionalidade do Geossistema, conferida pela integração dos componentes da
natureza — litologia, vegetação, topografia, solos — remete a ações conjuntas, uma vez que,
pela conexão e pela co-subordinação, modificações em determinado elemento refletirão em
adaptações dos demais subconjuntos, a depender dos processos impactantes e da velocidade
de transformação dos diferentes componentes (SOTCHAVA, 1977).
O caráter dinâmico dos processos, em associação direta com o relevo, é
determinante para o desenvolvimento de novas perspectivas para a tradicional visão
geomorfológica de equilíbrio, baseada em um modelo geral amplamente utilizado para
explicar padrões de evolução das formas. Conciliada a visão sistêmica, constata-se a presença
16

de não mais somente uma única e estável condição, mas também a presença e a prevalência de
condições de múltiplo equilíbrio para os diversos sistemas, considerando-os como altamente
instáveis (RENWICK, 1992; PHILLIPS, 1992a; PHILLIPS, 1992b; BRACKEN e
WAINWRIGHT, 2006; PHILLIPS, 2006a), o que inclui os próprios sistemas fluviais
(TUCKER, 2004; XU, 2004; HOOKE, 2007b).
Nessa perspectiva, os tradicionais conceitos de equilíbrio, derivados das
condições de steady state e equilíbrio dinâmico (GILBERT, 1877; HACK, 1960; 1975;
SCHUMM e LICHTY, 1965; THORNES e BRUNSDEN, 1977) se abrem a novas
considerações, levando em conta esse extremo dinamismo dos sistemas e seus limiares
geomórficos frente a mudanças de seus elementos constituintes (SCHUMM, 1977;
HOWARD, 1980).
A rígida abordagem de equilíbrio, na qual variações nos inputs de matéria e
energia alteram os outputs em mudanças imediatas e em espaço finito de tempo, conforme
aborda Howard (1988), dando a esta uma relação funcional invariante, é enfraquecida pela
tomada do equilíbrio dominantemente instável (SCHEIDEGGER, 1992; PHILLIPS,1992a).
A preocupação é transferida da detecção de uma condição única e fixa de
equilíbrio para a presença de múltiplos estágios de equilíbrio para um sistema. A não
linearidade e a ponte com o conceito de limiar geomorfológico (equilíbrio metaestável)
abordado por Schumm (1977) extrapola a condição única e típica de equilíbrio, inserindo as
formas em desequilíbrio e não equilíbrio como condições prevalecentes (RENWICK, 1992).
O desequilíbrio das formas é caracterizado apenas como tendência ao equilíbrio,
pois o tempo é sempre insuficiente para o alcance de tal condição. Mesmo com períodos mais
longos de estabilidade ambiental, eventos espasmódicos e instáveis são constantes, o que
altera a projeção natural para o equilíbrio. Em contraponto, a condição de não equilíbrio é
entendida como relação inversa às noções de equilíbrio (THORNES e WELFORD, 1994;
PHILLIPS, 2006b).
Bracken e Wainwright (2006) sugerem o uso geral do conceito de equilíbrio em
geomorfologia como pressuposto simplificado para compreender os sistemas naturais face
realidade dos sistemas complexos. A problemática posta pelos autores se dá na utilidade do
equilíbrio enquanto metáfora, justamente para a compreensão da complexidade dos sistemas
geomorfológicos, ao contrário do mito conceitual que levou ao princípio da previsibilidade e
da invariabilidade, em que a paisagem estará ou tenderá ao equilíbrio.
17

Tomando como base a planície de inundação enquanto superfície razoavelmente


suave que bordeja os canais fluviais, construída e reconstruída continuamente pelos processos
de acresção lateral e vertical e periodicamente inundada pelos fluxos de cheia provenientes do
rio (MORISAWA, 1985), e os terraços fluviais como superfícies que representam as antigas
planícies de inundação que, abandonadas pelo processo de incisão dos canais fluviais, não
recepcionam mais periodicamente fluxos do canal (CHRISTOFOLETTI, 1980), reitera-se o
enfoque evolutivo e o enfoque dinâmico dessas formas como registro da resposta do rio para
os controles alogênicos — clima, tectônica, nível do mar — e/ou autógenos —
comportamento intrínseco e resposta complexa1, tendo como base a visão de equilíbrio em
sistemas geomorfológicos (LITCHFIELD e CLARCK, 2015).
Os fatores clima e tectônica, principais responsáveis pelas modificações nos
sistemas físicos ao longo do tempo da natureza, são entendidos e abordados sob os aspectos a
seguir. O fator climático e a modificação de seus elementos — pluviosidade e temperatura —
são restritos aos processos de oscilação presentes no Quaternário, responsáveis pela
configuração atual da morfologia da paisagem e dos sistemas fluviais. Quanto à tectônica,
ressalta-se a interpretação dos processos em dois momentos distintos: os movimentos
tectônicos, pré-miocênicos, relativos a formações das bacias sedimentares e a condições
estruturais anteriores à deriva do continente sul-americano; e os movimentos neotectônicos,
manifestações tectônicas ressurgentes pós-miocênicas, ligadas ao advento do regime
intraplaca e da modificação do regime tectônico, além da reativação das estruturas tectônicas
antigas (HASUI, 1990; SAADI, 1993).
Essa sobreposição de processos é caracterizada ao longo dos capítulos, abordando
de forma indireta a correlação entre os componentes geossistêmicos que configuram os
sistemas naturais e sua influência nas transformações recorrentes.
A abordagem geossistêmica e de equilíbrio sustenta nossa discussão, objetivando
compreender as transformações dos canais fluviais do Jacaré-Pepira e do Jacaré-Guaçu2 (SP)
em caráter evolutivo e dinâmico, por meio de índices morfométricos e da interpretação da
morfodinâmica atual e pretérita destes rios, ao considerarmos que a paisagem recente mantém
em sua estrutura feições reliquiais que respondem a um “mosaico ou complexo de

1
Neste trabalho, planícies fluviais abarcam os terraços fluviais.
2
O par designativo de origem tupi guarani “mirim x guaçu” está ligado a tamanho (importância) —
respectivamente, pequeno e grande. No caso dos rios estudados, o sufixo comparativo “guaçu” remete à
comparação entre o rio Jacaré-Pepira e o rio Jacaré-Guaçu. Segundo Almeida (1902, apud PETERLINI, 2014), o
nome Jacaré-Pepira não tem relação com o réptil jacaré, “sendo a corruptela de y-aquâá yerê-pipira e significa
‘com voltas esquinadas e apertadas’” (p. 145).
18

características com diferentes graus de correspondência e que expressam condições


ambientais passadas” (RENWICK, 1992, p. 266).
Ambos os canais fluviais, por percorrerem substratos heterogêneos, acabam
proporcionando dinâmicas diferenciadas longitudinalmente e, dentro de um contexto de
escassos trabalhos nessa escala de análise no contexto regional, reiteramos a importante
articulação da teoria e da empiria em geomorfologia fluvial para a interpretação da paisagem.
No capitulo intitulado “Tipologias e estilos fluviais”, destacam-se os principais
atributos considerados na classificação e no entendimento dos padrões fluviais enquanto
sistemas abertos. No capítulo “Transformações dos canais fluviais: condicionantes climáticos
e tectônicos”, retratam-se as principais condições alogênicas modificadoras dos canais a longo
termo e sua ação na alternância de regimes hidrológicos. No capítulo “Morfodinâmica fluvial
recente”, reitera-se o papel constante de modificação dos canais, mesmo em recortes
temporais curtos, compactuando com discussões que avançam para sistemas auto-
organizados, limiares geomórficos e condições autigênicas de modificação dos rios.
19

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Analisar e interpretar a morfodinâmica das planícies de inundação dos rios Jacaré-


Guaçu e Jacaré-Pepira sob o enfoque evolutivo e dinâmico da paisagem, levando-se em
consideração os elementos que constituem o Geossistema.

2.2 Objetivos Específicos

 Estabelecer correlações entre as influências morfotectônica e morfoestrutural nos rios


Jacaré-Pepira e Jacaré-Guaçu por meio de parâmetros morfométricos;
 Correlacionar tipologia dos canais fluviais e formas de relevo às variáveis físicas, para
auxiliar na compreensão da formação das planícies;
 Buscar informações de ordem cronológica como subsídio a essas interpretações,
relacionando-as aos atuais estádios de desenvolvimento dos rios;
 A partir das diversas concepções de equilíbrio em sistemas geomorfológicos,
interpretar as relações entre planícies de inundação, formas e canais fluviais.
20

3. FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS

3.1 Tipologias fluviais

Como forma de compreensão dos processos físicos atuantes na configuração dos


canais fluviais, tem-se como recurso metodológico a análise de suas tipologias, capazes de
indicar características do arcabouço litológico; das anomalias e lineamentos influentes nas
modificações bruscas nos sentidos horizontal e/ou vertical; dos solos desenvolvidos
localmente, bem como do regime climático incidente, impactando as vazões e os
consequentes processos de deposição de material sedimentar.
Disposta largamente na literatura (LEOPOLD; e WOLMAN, 1957; LEOPOLD
et.al., 1964; DURY et. al., 1969; KELLERHAUS et. al., 1976; MIALL, 1977; SUGUIO e
BIGARELLA, 1979; CHRISTOFOLETTI, 1981; MORISAWA, 1985; GREGORY;e
SHUMM, 1987; ROSGEN, 1994; CUNHA, 1998), as diversas classificações demonstram
constante busca por categorização do continuum fluvial.
O arranjo espacial dos canais é subdividido em nomenclaturas variadas,
influenciada por diversos elementos em contnua transformação — largura, declividade e
sinuosidade, bem como a carga de sedimento e a estabilidade dos bancos —, com papel
significativo na forma estabelecida e utilizada nas diversas conceituações e classificações dos
canais fluviais.
As variáveis que compõem o sistema fluvial em escalas superiores a 103 anos,
segundo Bull (1991), podem ser listadas em independentes (clima, litologia, estruturas
geológicas e relevo total), exercendo o controle primário desses sistemas; e dependentes (área
da bacia de drenagem, morfologia das vertentes, solos, vegetação, fauna, descarga de água e
sedimento, inclinação e padrão dos canais fluviais e atividade humana), resultantes da
interação dos processos. Esse arranjo de variáveis sistêmicas dependentes e independentes é
capaz de definir o padrão dos canais, assim como a perturbação, mesmo restrita a um desses
controles, é capaz de gerar novo arranjo de formas.
A classificação tripartite em canais fluviais retilíneos, meândricos e entrelaçados,
subdividindo-se ainda em irregulares, sinuosos e não sinuosos, proposta por Leopold e
21

Wolman (1957), ainda se coloca como preponderante, embora venham sendo seccionadas e
ampliadas, cada uma a sua maneira, intercambiando as principais variáveis sistêmicas.
A princípio, conforme aborda Twidale (2004), os rios se desenvolvem de forma
isolada — em canais únicos — ou por um complexo de interligações — os multicanais. Para
Eaton et al. (2010), um limiar demarca a fronteira entre os canais únicos (meândricos e
retilíneos) e os canais múltiplos (anabranching), e outro limiar separa os canais anabranching
dos canais entrelaçados — estes, considerados fundamentalmente instáveis.
O padrão em si seria capaz de afetar diretamente a resistência do fluxo, assim
como a quantidade e a natureza dos sedimentos disponíveis pode determinar a tipologia do
canal fluvial. Devido ao seu dinamismo ao longo do tempo geológico, as alterações das
variáveis físicas rebatem diretamente na configuração das formas e, como aqui discutido, nos
padrões fluviais.
Os canais retos se caracterizam como canais únicos, dispostos de forma retilínea,
sem desvios significativos de trajetória e com sinuosidades inferiores a 1,5
(CHRISTOFOLETTI, 1981; WHOL, 2013). Os setores lineares desses canais podem estar
relacionados a juntas, falhas e lineamentos regionais (TWIDALE, 2004).
O aumento gradual de sinuosidade, descarga e carga sedimentar dos cursos retos
favorece a modificação do padrão do canal. A alteração desses fatores proporcionaria a
transição entre as tipologias. Dentre as transições mais comuns, está a passagem do curso reto
para a morfologia meandrante.
Os canais meândricos se caracterizam, segundo Hooke (2013), como canais
únicos em forma sinuosa, compreendida em uma série de curvas. Representado preteritamente
pelos estágios de mínima variância, com formas e tamanhos regulares e simples, atualmente
se concebem pela apresentação irregular, assimétrica e complexa dos meandros em uma vasta
gama de comportamentos, conforme as condições de declividade, vegetação, substrato e
resistência do material (HOOKE, 2013).
A migração do canal pelo contínuo processo de escavação de margens côncavas e
deposição nas convexas (CHRISTOFOLETTI, 1981; ZANCOPÉ et al., 2009) define a
sinuosidade dos rios meandrantes e, bem como reforçam Stark et al. (2010), rochas mais
tenras e frequências de descarga de alta intensidade facilitariam o desenvolvimento da
sinuosidade.
22

Os padrões entrelaçado e anastomosado, tidos como múltiplos, decorrem de


alterações de gradiente, sinuosidade, vazão e fornecimento de material sedimentar que
favorecem a metamorfose dos padrões estabelecidos.
Canais entrelaçados ou braided, segundo Ashmore (2013), têm como
característica os múltiplos e instáveis canais formados pelos constantes processos de migração
e avulsão decorrentes de ambientes de alta energia e limitados pelo desenvolvimento da
vegetação. A formação, a migração e a acresção de bancos aluviais são componentes centrais
na morfologia desses rios. Embora ainda comumente associado a vales intramontanos
proglaciais e a leques aluviais de climas semi-áridos, o padrão entrelaçado ocorre nos mais
variados climas e nas mais diferentes escalas de canais (ASHMORE, 2013).
Canais anabranching típicos são morfologicamente caracterizados por Maskake
(2001) e Maskake et al. (2009) como canais múltiplos (dois ou mais) interconectados e
lateralmente estáveis. Segundo Maskake (2001), os processos geomorfológicos criam o
padrão multicanal por processos de avulsão e determinam a morfologia dos cinturões de
canais individuais, com fatores externos exercendo importante influência. Conforme Maskake
(2001), o modelo genético dos canais anastomosados pode ser caracterizado como:
anamostose de curta duração em um cinturão de avulsão; anamostose de curta duração, com a
coexistência de um canal antigo e o novo canal surgido em único evento de avulsão; sistemas
anastomosados de longa duração, constantemente rejuvenescidos por avulsões autogênicas
frequentes; sistemas anastomosados semi-estáticos de longa duração, aparentemente em
equilíbrio com as condições externas.
O ajuste dos padrões em grandes sistemas fluviais dificilmente gera definições
simples do tipo meândrico ou padrões entrelaçados típicos, sendo dominado por padrões
anabranching (LATRUBESSE, 2008). Em mega-rios (descargas superiores a 17.000m3/s),
apenas os sistemas anabranching conseguem mover água e sedimentos em gradientes
excepcionalmente baixos de maneira eficiente. Dadas singulares condições dos fatores físicos,
rios dessa natureza não são capazes de gerar meandros (LATRUBESSE, 2008; 2015).
Rompimentos de limiares — extrínsecos e intrínsecos — e a evolução contínua
dos rios proporcionam a conformação dos demais padrões fluviais, porém nem sempre a
distinção e a classificação são nítidas.
23

Segundo Schumm (2005), a classificação dos rios perpassa também perspectiva


do investigador e as variáveis que este considerar como mais significativas3. Ainda segundo o
autor (idem), os rios respondem diretamente às alterações de condições incidentes, assumindo
determinado caráter por um período específico ao longo de seu contínuo ajustamento. Assim,
as variáveis influenciadoras (descarga, carga de sedimentos, nível de base, subsidência ou
ascendência) forçariam respostas dos cursos d’água pela metamorfose de seus padrões —
passagem de determinado padrão para outro — decorrentes dos processos de avulsão,
formação e mudanças de bancos aluviais e crescimento ou modificação dos meandros;
modificação nos processos de erosão (maior incisão, formação e migração dos knickpoints e
formação de bancos de erosão); e deposição (agradação, obturação do canal fluvial).
Modificações na morfologia do canal são recorrentes ao longo da escala do tempo
da natureza, assim como os rios têm comportamento diferenciado ao longo de sua extensão,
apresentando diferentes padrões a depender das influências locais, relacionadas às
características estruturais, (neo) tectônicas, ao aumento ou à diminuição de carga sedimentar
ou à vazão de canal fluvial afluente, se ajustando a buscar continuamente seu equilíbrio.
Conforme pontuam Latrubesse et al. (2005), os rios tropicais exibem diferentes formas de
canal, apresentando transições de um padrão para outro, sendo apropriada a aplicação de
terminologia de canais simples e múltiplos, ou mesmo de sistema de complexos de
anastomosamento, mesmo em segmentos regionais.
Para Silva et al. (2008, p. 168), “o padrão de canal sintetiza as características da
calha fluvial, e permite estabelecer inferências sobre a dinâmica dos processos de erosão e
sedimentação” e pode ser definido por características morfológicas (tipo de canal — único ou
multicanal; sinuosidade; tipologia das barras; características das planícies de inundação,
tamanho em relação ao canal fluvial e presença de diques marginais) e dinâmicas (velocidade
do fluxo, mobilidade do canal, carga de fundo, textura dos sedimentos e razão do transporte
de fundo com o total transportado).
A inserção de estilos fluviais (BRIERLEY et al., 2002) concebe a
individualização de setores do rio com características suficientemente uniformes para serem
individualizadas dos segmentos adjacentes. O contrastante é definido pelo conjunto de
atributos morfológicos (geometria do canal, assimetria do vale) quando comparadas com as
condições das seções a montante e a jusante. A classificação de Brierley e Fryirs (2005), é
definida essencialmente pela característica do vale: vale confinado (>90% do canal em
3
Para Schumm (2005), a classificação tripartida de Leopold e Woman (1957) teve como principais variáveis de
análise a descarga e o gradiente.
24

contato com a margem do vale, com bolsões ocasionais de planície de inundação);


parcialmente confinado (de 10 a 90% do canal em contato com a margem do vale); e
desconfinado lateralmente (menos de 10% do canal em contato com as margens do vale). Essa
abordagem, também presente em Schumm (1985), com definições de canais confinados,
semi-controlados e aluviais, aborda de maneira direta o conjunto comum de características
geomorfológicas presentes e dita uma visão de inter-relação entre os atributos físicos locais,
abarcada em uma visão geossistêmica de unidades de paisagem.
A evolução contínua do sistema fluvial e sua busca por equilíbrio se efetiva por
transformações na dinâmica interna do sistema (processos autogênicos) e na dinâmica externa
na qual esse conjunto de variáveis se insere (processos alogênicos), reafirmando a intensa
busca do canal fluvial por melhor equilíbrio, redimensionando suas formas e processos.
Segundo Rosgen (1994), as feições e a morfologia do canal são regidas por
diversas variáveis, sendo que a alternância destas pode impactar em uma série de
ajustamentos no sistema do canal fluvial e nos próprios padrões. A visualização em planta,
por meio de fotografias aéreas e cartas topográficas, revela padrões gerais, indicados também
pela sinuosidade e pelas formas associadas a sua dinâmica.
Para Rosgen (1994), as variáveis morfológicas envolvidas podem sofrer
modificações ao longo do canal, mesmo em distâncias próximas, influenciadas, por exemplo,
por canais tributários e pela geologia local.

Os rios nem sempre mudam instantaneamente, sob uma excedência geomórfica ou


“limiar”. Em vez disso, eles passam por uma série de ajustes ao longo do tempo para
acomodar mudanças nas variáveis. Suas dimensões, perfis e padrões refletem sobre
estes processos de ajustamento que são atualmente responsáveis pela forma do rio.
A velocidade e direção dos ajustes do canal é uma função da natureza e magnitude
da mudança e o tipo de fluxo envolvido. Alguns canais mudam muito rapidamente,
enquanto outros são muito lentos em suas respostas (ROSGEN, 1994, p. 181).

Mesmo rios com similaridades de padrão podem recepcionar de forma


diferenciada as alterações nos elementos geossistêmicos. Há, assim, diversas interpretações e
constatações de fenômenos responsáveis pela modificação morfológica dos canais fluviais.
Condições atuais podem não corresponder aos padrões de processos presentes na esculturação
das formas ao longo do canal fluvial e nas planícies de inundação.
25

3.2 Transformações dos canais fluviais: condicionantes climáticos e tectônicos

Canais fluviais se comportam de maneira distinta frente às alterações de suas


variáveis geossistêmicas. Modificações de temperatura e umidade são capazes de impactar a
dinâmica dos rios e, assim, reelaborar as formas e o padrão de drenagem até então
estabelecidos.
Ao representar as condições hidrológicas vigentes, assim como a paleohidrografia
corresponde às implicações hidrológicas pretéritas, canais fluviais e as formas
geomorfológicas anexas compreendem em seu registro morfológico e deposicional o registro
das contínuas alterações dos elementos que configuram a paisagem.
O dimensionamento dos canais fluviais meandrantes é utilizado por Dury (1964;
1965)4 para determinados rios para estipular a diminuição ou o aumento dos débitos fluviais
decorrentes de eventos hidrológicos e climáticos no Quaternário. Segundo Dury (1964), há
uma relação entre o comprimento de onda das curvas fluviais e a descarga destes, sendo os
fluxos subdimensionados correspondentes a canais fluviais que foram submetidos a uma
redução de descargas e serpenteariam um espaço reduzido de seu vale, revelando disparidade
entre os meandros menores para os vales que fluem. “Mas se os canais fluviais podem ser
pequenos demais para os seus vales, eles também podem ser muito grandes, por isso o termo
overfit” (idem, p. 6). Assim, fluxos sobredimensionados corresponderiam a meandros
significativamente maiores para os atuais padrões hidrológicos. Sua observação é dificultada,
pois os remanescentes da dinâmica sobreposta dificilmente permanecem por muito tempo sem
que os grandes fluxos subsequentes e sua ação erosiva apaguem tais registros. A dinâmica de
redução do calibre dos rios atuais frente aos seus antigos leitos úmidos revela processos já não
mais presentes (Figura 3.1).

4
O termo underfit já aparece nas discussões de W. Davis (DAVIS, W. M. Meandering valleys and underfit
streams. Annals of the Association of American Geographers, vol. 3, p.3-28, 1913).
.
26

Figura 3.1: Reprodução do modelo teórico de underfit stream, exprimindo a relação entre os canais fluviais e
seus vales. Adaptado de Dury (1964).

As comparações entre o estágio morfológico atual e o relictual favorecem a


interpretação de alternância de regimes hidrológicos que acabam se sobrepondo na paisagem.
Os rios inadaptados retratam o decréscimo das descargas que formam os canais fluviais,
sendo possível, inclusive, a predição de suas descargas e dimensões por meio de equações
(DURY, 1976). Demais trabalhos reportam essa relação entre a morfologia fluvio-aluvial
atual e a discrepância na relação largura-sinuosidade com os antigos canais ainda manifestos
na paisagem (ORELLANA et al, 1982; CHANG, 1984; WRAY, 2009), propiciadas pelas
transformações de temperatura e precipitação, muito recorrentes ao longo do Quaternário.
Segundo Orellana et al. (1982), fotografias áreas em falsa cor revelam importantes
elementos da morfologia fluvial, o que inclui registros pretéritos suficientes, quando
presentes, para análise paleohidrológica. A constatação metodológica dos autores citados,
utilizada para medidas de sinuosidade e comprimento de onda dos meandros e largura dos
antigos e atuais canais na província de Formosa, norte da Argentina, foi importante para a
interpretação das mudanças morfológicas nos rios locais, dentre eles “...rio meandrante que
segue um curso meandrante muito mais amplo” (idem, p. 424), cujo abandono pode ser
diretamente relacionado a efeitos climáticos de cunho regional, embora ainda tenha, segundo
os autores, valor restrito para interpretação histórico-climática da região. Imagens recentes da
província de Formosa ainda retratam esse desarranjo entre a magnitude dos antigos meandros
e os visivelmente canais delgados atuais.
Para Chang (1984), as correntes subdimensionadas desenvolvem um regime de
ajustes de inclinação em resposta a uma marcante redução de vazão, se estabelecendo,
27

principalmente, enquanto padrão meandrante. Há ainda um inevitável ajuste de variáveis


ligadas diretamente ao sistema fluvial que permite ao sistema permanecer na paisagem,
mesmo após modificações consideráveis nos atributos físicos da bacia hidrográfica,
impactando e, muitas vezes, rompendo com os limiares que mantinham o rio ajustado às
condições pretéritas.
Os eventos capazes de favorecer o processo de modificação de dimensões dos
canais fluviais também se mostram importantes para sua sinuosidade, concatenada à condição
de equilíbrio que o canal fluvial necessita para sua evolução. A concepção de metamorfose
nos canais fluviais também está intimamente ligada a tais considerações, conforme posto por
Schumm (1968), para quem a redinamização da geometria fluvial — sinuosidade, largura,
profundidade — e até mesmo os padrões de canais fluviais, são características móveis e
resposta direta às variações climáticas.
As respostas fluviais de uma modificação alogênica — como alteração climática
— podem estar presentes, conforme apontam Blum e Törnqvist (2000), na estratigrafia, nos
componentes sedimentológicos ou morfológicos. Tal consideração implica na transição de
padrões de drenagem em intervalos em que a dinâmica alogênica também fora
recondicionada, favorecendo o rompimento de limiares geomorfológicos, a metamorfose
fluvial e, consequentemente, os padrões de deposição (SCHUMM e BRACKENRIDGE,
1987; BRISTOW, 1999; BLUM e STRAFFIN, 2001; LEIGH et al., 2004; LEIGH, 2006;
LEIGH, 2008).
É perceptível que, nos diversos ambientes, alterações de cunho morfológico dos
rios tem no papel climático o potencializador do desarranjo das propriedades até então
vigentes — em especial, no Pleistoceno Superior e no Holoceno. Assim, “pela razão das
descargas serem fortemente influenciadas pelo clima, é razoável assumir que paleoclimas são
refletidos na geometria dos canais fósseis que drenavam a bacia” (ALFORD e HOLMES,
1985, p. 395).
Sinais de alterações hidrológicas (em especial, redução ou aumento da descarga)
são visualizados nas formas anexas aos canais fluviais que ainda permanecem na paisagem,
como os níveis de terraços e paleocanais. A permanência desses elementos é uma forte
evidência presuntiva da divagação horizontal e vertical do canal fluvial e de suas condições de
vazão, unindo as condições vegetacionais, climáticas e tectônicas, conectadas sistemicamente.
Ao assumirmos que tais variações de clima — assim como movimentos (neo)
tectônicos e alterações antrópicas — são capazes de alterar feições do sistema fluvial, é
28

necessário pontuar que estas podem atingir resultados imediatos, a longo prazo ou mesmo não
serem absorvidas. Segundo Blum e Törnqvist (2000), há uma sensibilidade diferencial entre
os sistemas fluviais, com limiares de modificação que são atingidos ou não com o novo
regime climático.
O condicionante climático se porta como responsável direto na redução ou no
aumento da entrada de água nos sistemas físicos, controlando as condições hidrológicas e a
morfologia dos canais fluviais. A paisagem, sob o aspecto dos limiares geomorfológicos e de
equilíbrio em sistemas físicos, tem no fator climático um considerável determinante:
“mudanças na quantidade e padrão de precipitação alteram as magnitudes e taxas de
intemperismo, erosão, transporte e deposição, mudando assim, as formas topográficas e canais
fluviais que compõem um sistema fluvial” (BULL, 1991, p. 4).
A influência do fator climático, sobretudo as modificações ocorridas durante o
Pleistoceno Superior e o Holoceno, nem sempre são evidentes, e as perturbações acarretadas
por mudanças climáticas possuem respostas diversas, a depender das associações entre os
demais elementos do sistema.
Van Der Berg (1995) relata que a simples relação entre o clima e as respostas das
formas fluviais e dos sedimentos é mais complexa e depende, fundamentalmente, da escala do
tempo. Utilizando relações determinísticas e de linearidade, o autor relaciona os efeitos das
modificações climáticas e sua repercussão nos canais fluviais. O princípio da linearidade
expõe a relação direta entre a ação de mudanças do clima e as repercussões no padrão e nos
processos fluviais. O princípio da não linearidade é exposto pela comparação entre dois rios
que passaram por condições climáticas iguais ou muito próximas ao longo do Quaternário e
que, apesar da relação entre clima e modificação fluvial, não partilharam das mesmas
alterações. Enquanto o rio Maas (Holanda) rompeu seus limiares de equilíbrio e se
estabeleceu como entrelaçado no estabelecimento de um clima frio, o rio Warta (Polônia)
manteve seu curso meândrico mesmo após a transição climática. Na visão de Van Der Berg
(idem), a diferença estabelecida pode ser atribuída a uma distância diferente do limiar inicial
para os sistemas fluviais, e quando a mudança climática é de curta duração, como no caso, as
condições locais desempenham papel crucial.
Ao reafirmar a escala temporal como preponderante para a correspondência entre
clima e a alternância de eventos no desenvolvimento fluvial, Vanderberghe e Woo (2002)
expõem o papel indireto do clima nos processos flúvio-morfológicos. A ciclicidade de
períodos glaciais e interglaciais ao longo do Quaternário marca tradicionalmente na literatura
29

a indução de fenômenos morfológicos e sedimentológicos nos canais fluviais. Thomas (2004)


relata as rápidas mudanças dos sistemas fluviais tropicais influenciadas pelas “rápidas”
alterações climáticas ao longo do Holoceno. As abruptas mudanças nos sistemas geomórficos
não seriam dependentes do tempo, mas sim do grau de sensibilidade destes às mudanças,
resultado dos arranjos internos dos sistemas (solo, litologia, vegetação, topografia).
A relação causal/linear não é tão facilmente respondida, e o princípio não-linear
de desenvolvimento fluvial e evolução climática parece mais aceitável. Segundo
Vanderberghe e Woo (2002), a ciclicidade climática nem sempre é correlativa à ciclicidade
fluvial, especialmente em flutuações curtas, que dificilmente ficam marcadas no registro
sedimentar. Assim, o retardamento do sistema fluvial às modificações climáticas, inerente a
fatores internos do sistema fluvial, não permite que os canais se modifiquem durante uma
breve oscilação climática que dure tempo menor que o processo de retardamento.
Reflexos das diversas fases climáticas sobre a evolução dos sistemas fluviais estão
presentes na paisagem e fornecem subsídios à reconstrução paleoambiental. Em escala
temporal de ação na ordem de milhares de anos, Starkel et al. (2015) reiteram o papel
climático nas principais modificações dos rios, porém expõem que não somente ele, mas
outros fatores, como a tectônica, o avanço e a retração das geleiras e o aumento do nível do
mar, corroboram para tais modificações.
Variações muito distais da relação do raio e do comprimento dos meandros
antigos e presentes não são explicadas — ou somente explicadas — por condições de
subdimensionamento inerentes ao fator climático. Sheperd et al. (2011) relatam, ao aplicarem
as relações matemáticas descritas por George H. Dury, que no caso na drenagem da província
fisiográfica dos platôs Ozark, localizados entre os estados de Arkansas e Missouri, nos
Estados Unidos, controles estruturais têm maior influência na moderna rede de drenagem
quando comparados aos controles hidrológicos.
Modificações partilhadas pela influência climática e tectônica regem diversos
sistemas fluviais. Segundo Bristow (1999), o rio Brahmaputra na Índia é um complexo de
alterações hidrológicas ocorridas cerca de 100 anos atrás — conforme base cartográfica —,
que propiciaram o deslocamento do curso do rio e a mudança de seu padrão. A avulsão seria a
principal responsável por tal modificação, promovendo mudanças no padrão de canal, tendo
este passado de sinuoso para entrelaçado. O antigo cinturão meandrante abandonado passa a
recepcionar um canal sinuoso subdimensionado. Entretanto, fatores tectônicos não podem ser
descartados como colaborativos na migração do rio para a posição atual, conforme aborda
30

Schumm (2005), relatando o papel dos terremotos na mudança de gradiente e em processos de


avulsão.
A ação conjunta dos fatores — clima e tectônica — para conformação e
modificação dos cursos d'água e formação das feições associadas se desdobra não somente na
escala do rio principal de determinada bacia hidrográfica (TIMÁR, 2003; MAGALHÃES
JUNIOR et al., 2011); ela pode desencadear respostas a todo um conjunto de canais que
extrapola tais limites (GÁBRIS e NÁDOR, 2007; GUARNIERI e PIRROTTA, 2008). Do
mesmo modo, a tectônica pode ser fator singular nas modificações de perfis e no
desenvolvimento da drenagem em área mais ampla (RIBOLINI e SPAGNOLO, 2008;
STOKES et al., 2008; MANJORO, 2015).
Processos decorrentes de tectônica ativa também são discutidos por Schumm
(2005). Para o autor, os efeitos dos movimentos crustais impactariam os rios de diferentes
maneiras e graus de influência. O desmembramento da influência se caracteriza pelas ditas
influências primárias, que estariam relacionadas a mudança do padrão do canal; por
influências secundárias, relacionadas ao processo de agradação ou degradação em resposta às
diferenças de gradiente geradas; e pelas terciárias, relativas ao decréscimo ou acréscimo no
balanço sedimentar. O impacto gerado pela combinação dos efeitos mencionados resultaria
em respostas heterogêneas, a depender das inúmeras combinações possíveis e das diferentes
nuanças nas taxas de deformação, na erodibilidade do leito em que o canal incide e até mesmo
na proximidade do padrão de canal ao seu limiar (SCHUMM, 2005).
Na escala do canal fluvial, a atividade neotectônica pode ser preponderante para
alterações do perfil longitudinal, de sinuosidade e descarga de sedimentos (ZÁMOLYI et al,
2010). Holbrook e Schumm (1999) relatam a sensibilidade dos sistemas fluviais modernos
frente a sutis efeitos de inclinação — tectônica ou atectônica —, tendo os fluxos dinamicidade
para depositar ou erodir com a mudança de gradiente. Segundo os autores, o padrão de canal
pode ser modificado direta ou indiretamente pelo aumento ou pela diminuição impostos por
uma zona de subsidência/soerguimento.
Há múltiplas respostas dos canais a deformações epirogênicas, e entender e
reconhecer padrões convergentes de determinado evento pode ser uma ferramenta útil para a
compreensão da evolução do sistema fluvial.
Ouchi (1985) demonstrou em modelos experimentais que canais aluviais
influenciados por tectônica ativa — subsidência sinclinal e soerguimento anticlinal — têm na
modificação do padrão do canal, de agradação ou degradação, o ajuste a esses novos
31

condicionantes deformacionais. O autor considera que deformações superficiais que alteram a


declividade local são suficientes para afetar também o gradiente dos canais aluviais e suas
propriedades hidráulicas. Ao simular os movimentos de ascensão e de decréscimo da porção
central em canais entrelaçados e meândricos, observou que processos foram adaptados por
mudança da inclinação inicial, de descarga e pela introdução de carga suspensa: “o principal
efeito observável de deformação superficial parece surgir pela primeira vez no padrão de
canal, a degradação e agradação como ajuste do rio à deformação da inclinação do vale
também afetam o padrão de canal” (OUCHI, 1985, p. 512).
Observações pareadas à de Ouchi (1985) foram feitas por Holbrook e Schumm
(1999), ao discutirem os padrões de deformação dos perfis dos canais fluviais ocasionados
também por eventos tectônicos. A migração lateral dos canais também pode refletir em
modificações na inclinação dos vales. Segundo Holbrook e Schumm (1999), a diferença de
gradiente ocasionada pode gerar rápidas avulsões para as porções de menor inclinação da
planície de inundação, bem como induzir a migração preferencial do canal para uma das
margens, a depender da direção do bloco basculado.
A migração lateral, pareada ao fator tectônico/estrutural (NANSON, 1990;
PEAKALL et al., 2000; CHARLTON, 2007), revela primazia por feições fluviais —
meandros abandonados, canais abandonados, lagos em ferradura — dispostas
assimetricamente ao longo da planície fluvial. Leeder e Alexander (1987) reportam os efeitos
da deformação das superfícies no desenvolvimento dos canais fluviais e dos depósitos
associados. O basculamento advindo de movimentos tectônicos gerou tanto direções
preferenciais de deslocamento do canal fluvial quanto orientação das convexidades — W e
SW — dos meandros abandonados, revelando o deslocamento do cinturão meândrico na
direção NE para E. Os autores ainda relatam a retração do tamanho das alças meândricas,
ligando-as à redução da magnitude das descargas anuais decorrente, possivelmente, da
passagem para um regime frio durante o Holoceno Médio. Condições similares são discutidas
por Burbank e Anderson (2011), ressaltando o papel de eventos da inclinação em diferentes
cenários tectônicos na modificação dos níveis de base e sua resposta no canal fluvial, e como
o padrão de canal pode representar e subsidiar inferências quanto à natureza da deformação
— tectônica ou não-tectônica.
Pequenas inclinações podem ser suficientes para afetar o padrão dos canais.
Segundo Burbank e Anderson (2011), baseados em diversas modelagens de canais fluviais
frente a modificações de gradiente, com o aumento da inclinação, a manutenção das descargas
32

e do fornecimento de sedimentos, canais retos podem se tornar sinuosos. O aumento da


sinuosidade tende a crescer até alcançar seu limiar, quando qualquer nova alteração do declive
será determinante para a passagem do até então canal sinuoso para um padrão entrelaçado.
Há, assim, um rompimento de limiar e o deslocamento da condição de equilíbrio.
O controle exercido pela tectônica se desdobra em distribuições preferenciais de
agradação e degradação, nas alterações de drenagem, do padrão dos canais, de sinuosidade, de
perturbações nos perfis longitudinais, de canais deslocados e tantos outros indicativos de
sistemas geomórficos, apontados por Keller e Pinter (2002). Alguns indicativos de atividade
neotectônica são postos também por Cooke e Doornkamp (1990). As feições morfotectônicas
geradas pela atividade subsuperficial podem ser seccionadas, segundo os autores, entre os
indicadores diretos e os indiretos (Tabela 3.1). Dentre eles, alguns são diretamente associados
aos canais fluviais e podem ser percebidos por diversas metodologias, como variação de
ângulos de inclinação, análise dos perfis longitudinais, análise dos padrões fluviais, análise da
morfologia das inclinações das escarpas, da morfologia do solo e de sua alteração mineral,
reconstrução da rede de drenagem, entre outras.

Tabela 3.1: Feições indicadoras de atividade neotectônica (COOKE e DOORNKAMP, 1990, p. 353).

Indicadores diretos
Emergência de recife de corais
Linha de costa deformada
Deformação e/ou separação de terraços fluviais
Shutter ridges
Rios reversos
Segmentação e/ou deformação de leques aluviais
Arqueamento de superfícies planálticas
Escarpas de falha
Spur e facetas
Indicadores indiretos
Captura de rio
Mudanças a jusante da sinuosidade dos rios
Respostas de canais fluviais
Taxas de sedimentação
Formação de lagos
33

Em rios aluviais, variações de morfologia e de comportamento do canal podem


mascarar a ação tectônica, já que estas podem ser atribuídas a variações de descarga,
quantidade e característica da carga sedimentar (SCHUMM, 1986). Anomalias fluviais
também se apresentam como indicadores de ação tectônica ativa:

O desenvolvimento localizado de meandros ou de padrão entrelaçado, ampliação ou


estreitamento do canal, lagoas anômolas, pântanos e lagos de preenchimento
isolados, variação na largura de diques ou diques descontínuos ou alguma curva
anômala (...). Além disso, a tectônica ativa pode produzir nickpoints, convexidades
ou concavidades no perfil longitudinal, variações na profundidade do canal, e, é
claro, agradação ou degradação (SCHUMM, 1986, p. 81).

A migração unidirecional — também indicativa de ação tectônica —, pode


ocorrer também pelo assoreamento dos antigos cursos e pela barreira de diques, que
funcionariam como obstáculo para a divagação do canal, condicionando-os a movimentos
preferenciais. A posição assimétrica de um rio em seu vale e o progressivo abandono
unidirecional dos antigos leitos pode significar as mesmas evidências de correntes
subdimensionadas em vales inclinados, conforme posto por Dury (1970, apud HOLBROOK
E SCHUMM, 1999), e conter respostas semelhantes ao impacto dos fatores tectônicos.

3.3 Morfodinâmica fluvial recente

Além das modificações de longo termo, caracterizadas anteriormente pelos


regimes tectônicos e climáticos, transformações mais recentes na morfologia dos canais
podem ser significativas dentro da perspectiva sistêmica e de equilíbrio em geomorfologia.
A morfodinâmica fluvial, enquanto conjunto de elementos e processos que
regulam e ajustam os canais fluviais às condições climato-tectônicas, configurando o quadro
ambiental vigente, é entendida por Zancopé (2008, p. 7) como “processos que organizam as
transformações ou os ajustes dos padrões de canal fluvial, entre combinações diferentes das
variáveis ao longo do tempo e do espaço (continnum)”.
A sobreposição histórica dos cursos fluviais expõe diferenças singulares em sua
morfologia, motivadas por mecanismos gerais que atuam sobre os rios. A dinâmica fluvial é
afetada por fatores climáticos, estruturais e litológicos que são capazes de alterar diversos
processos ao longo dos rios, tendo suas marcas significativas no perfil longitudinal, no padrão
34

de canal e na migração lateral destes, processo este atribuído significativamente a rios de


leitos aluviais.
A dinâmica recente de rios meandrantes e suas peculiaridades de processos são
abordadas por diversos autores (NANSON e HICKIN, 1983; GILVEAR et al., 2000;
HOOKE, 2004; 2007a; 2007b; ZANCOPÉ, 2008; ZANCOPÉ et al., 2009), sendo seus
mecanismos discutidos a partir de dados cartográficos, imagens de satélite, fotografias aéreas
e fotografias que apresentam historicamente variações no traçado e na ampliação ou redução
em planta dos rios.
A ação combinada entre as mudanças anuais produzidas pela erosão e pela
deposição ao longo de aproximadamente 20 anos e a interpretação dos processos em maior
escala temporal são descritos por Hooke (2007a) em uma sequência de 100 curvas ao longo
de 14 km do rio Dane (Inglaterra). Esse trecho sinuoso (2,05) contém curvas com distintas
morfologias, apresentando significativa mobilidade desde 1840 — como observado em
análise histórica e publicado em outros trabalhos da autora —; sua modificação planimétrica é
influenciada ou produzida pela erosão dos bancos e do leito e então depositada na forma de
barras no canal. A comparação da disposição do curso em momentos distintos aponta uma alta
mobilidade do canal fluvial, inclusive com vários padrões assumidos pelas curvas e pelos
momentos de alternância de ora maiores taxas de erosão, ora de acreção. Contudo, diversas
curvas meândricas permaneceram estáveis durante o período analisado, coincidindo com
zonas de maior estreitamento da planície de inundação. Os mecanismos locais evidenciam a
sensibilidade inerente dos sistemas dinâmicos: no caso, a ação diferenciada dos
condicionantes locais proporciona zonas de mobilidade e zonas de estabilidade, a depender do
arranjo das variáveis, o que inclui inclinação, curvatura e resistência dos bancos.
Mudanças de padrão também são destacadas mesmo em períodos recentes.
Brewer e Lewin (1998) evidenciam alternância de fases meândricas e entrelaçadas de
segmento presente no rio Severn (País de Gales) desde meados do século XIX. Os períodos de
alternânica das tipologias, segundo os autores supracitados, foram desencadeados por
controles intrínsecos (composição sedimentológica e formas da planície, evolução dos limites
das margens e do gradiente do canal) e extrínsecos (regime hidrológico) que foram capazes de
romper os limiares de equilíbrio do trecho analisado e permitiram períodos de
desestabilização dos sistemas.
35

Particularmente, onde já houve grandes mudanças extrínsecas (...), é importante


reconhecer que o que se observa em curto termo pode ser os padrões de canal
“parcialmente congelados” — o traçado dependente de grandes eventos e regimes
anteriores, mas que está sendo modificado em detalhe quando condições reguladas
permitem (BREWER e LEWIN, 1998, p. 1006).

Sequências históricas de modificações dos canais em maiores intervalos


temporais, como as efetuadas por Harmar e Clifford (2006), ampliam a perspectiva de melhor
entendimento dos controles físicos — controles geológicos, neotectônicos, descarga de
sedimentos e vazão — que influenciam na forma do canal fluvial. O período retratado (1765
a 1975) marca fase anterior às principais modificações antrópicas no baixo curso do rio
Mississipi, que se somam à dinâmica quaternária da área descrita por Saucier (1994). A
capacidade de ajustamento do canal fluvial às variações físicas se refletiu nas mudanças de
largura, comprimento e na forma do rio Mississipi, embora no período analisado a
sinuosidade, no geral, tenha mudado diminutamente.
Zancopé et al. (2009) ressaltam a variável litoestrutural como condicionante das
migrações meândricas do rio Mogi Guaçu. Os processos de mudança em alças meândricas
(Figura 3.2), como encurtamento, expansão, rotação, translação e cortes de pedúnculos
(BRICE, 1977; HOOKE, 1984; BRIDGE, 2003; HOOKE e YORKE, 2010) observados no
espaço temporal de 35 anos (1971 a 2005) retratam a morfodinâmica singular de cada trecho
do canal fluvial, o ajustamento destes às características lito-estruturais e sua distribuição ao
longo da curva logarítmica de equilíbrio.

Figura 3.2: Mecanismos de alteração meândrica. Adaptado de Brice (1977).


36

O fator litológico enquanto elemento condicionante na migração dos canais


também é explicitado por Nicoll e Hickin (2010). A geometria e a taxa de migração de
meandros confinados — cujas curvas são truncadas pelas paredes do vale e não podem
desenvolver sua geometria livremente — são diferentes das presentes em canais meandrantes
desconfinados. Algumas características, como achatamento dos meandros, curvas agudas no
ponto de contato com o vale, amplitude restringida à divagação do rio e a quase ausência de
cortes de pedúnculo, estão associadas à resistência das margens aos processos citados.
Os padrões de desenvolvimento de meandros e as modificações em planta do
canal fluvial são também condicionados pela própria resistência dos depósitos e bancos
marginais que, induzidos pela diferença sedimentológica da planície de inundação, controlam
a taxa de erosão das margens (GILVEAR et al., 2000). No rio Luangwa (Zâmbia), em espaço
temporal de 40 anos (1956 a 1997), os modelos simples de desenvolvimento de curvatura
meândrica — expansão, rotação e translação — se somaram a processos de avulsão,
anabranching e expansão e contração do canal, conforme descrevem Gilvear et al. (2000).
Paleofeições observadas nas fotografias aéreas reafirmam a intensa dinâmica do rio em
períodos anteriores ao de análise.
O mecanismo de cutoff, componente-chave de sistemas meândricos, exerce
comportamento duplo e intimamente ligado, segundo Camporeale et al. (2008): papel
geométrico e papel dinâmico. O primeiro limita a evolução espacial dos meandros e,
esporadicamente, elimina porções do canal fluvial. O segundo desencadeia ondas que se
propagam ao longo do rio, afetando a dinâmica de meandramento.
Os elementos físicos que compõem e que influenciam na evolução dos canais são
determinantes para sua morfologia. Segundo Xu et al. (2011), o desenvolvimento de rios
meândricos em condições naturais tem como características fundamentais meandros
arredondados, sinuosos e com curvatura/sinuosidade média de 3,5. Rios que possuem suas
margens restritas, como rios de montanha carcerados por rochas ou mesmo canais urbanos
com margens não erodíveis, a sinuosidade pode ser bem menor que os 3,5 dos canais livres.
Assim, “a curvatura do canal pode refletir não apenas o estado sinuoso de sua forma, mas
também o grau de liberdade dos rios” (XU et al., 2011, p. 199). Os cortes de pedúnculo,
processo de truncamento das curvas em rios meândricos, promovem a formação de lagos em
ferradura que, por evaporação e infiltração, acabam se esvaecendo, embora as cicatrizes
desses lagos marginais ainda permaneçam na paisagem. Tais informações, segundo os
autores, auxiliam na interpretação morfodinâmica dos meandros antigos, podendo indicar
37

estados paleoclimáticos e dados paleontológicos do sistema fluvial. Além disso, meandros em


rios completamente desenvolvidos possuem um comprimento de onda característico, no qual
a amplitude da onda, a curvatura do canal e a largura do cinturão meândrico tendem a se
estabilizar em um estado de quase-equilíbrio, denotando aos rios tanto uma natureza instável
— com meandros diferentes um dos outros — quanto estável – no conjunto, mantendo
estatisticamente um padrão — e que, a longo prazo, tendem à estabilidade.
Os complexos mecanismos envolvidos na dinâmica fluvial são absorvidos pelos
canais que, ao se disporem como sistemas dinâmicos e não lineares, tendem a ajustar sua
geometria a partir das modificações das variáveis envolvidas e de seus limiares intrínsecos.
Diversas interpretações da mudança de morfologia dos canais permeiam a
geomorfologia fluvial. Stolum (1998) e Hooke (2007b) destacam evidências de
comportamento não linear, de auto-organização e criticalidade auto-organizada em rios
meandrantes e sua ligação com mudanças autogênicas. As variações morfodinâmicas são
postas por Hooke (2007b) por dados de tendência e padrões de sinuosidade para análise da
criticalidade na auto-organização dos meandros, apontando que a sinuosidade aumentaria até
determinado limite, até que vários pontos de corte de pedúnculo reduziriam a sinuosidade;
pelos padrões e mudanças na morfologia do leito; pela análise de contínua evolução da forma
por autogênia; e pela sequência de cutoffs e da variabilidade de riffles, segundo o mecanismo
de auto-organização e de reajuste. Os riffles, segundo a autora citada, se desenvolvem de
forma acelerada quando as alças meândricas passam da forma simples para a composta e têm
variação de quantidade e posição, juntamente com variações de largura do canal e ocorrências
de bancos aluvionares.
Hooke (2007b) observou que os loops meândricos de vários canais não
extrapolaram o valor 3 de sinuosidade, sendo que o declínio de valores se processou por
mecanismos de corte e modificação de morfologia, principalmente nos meandros com
sinuosidade entre 2 e 2,5, aderindo às hipóteses de criticalidade de auto-organização e
processos não-lineares. Além disso, cortes de pedúnculo analisados por Gautier et al. (2007
apud HOOKE, 2007b) não coincidiram com períodos de eventos hidrológicos excepcionais,
indicando natureza autigênica para o abandono da curva. Para Hooke (2007b), a
complexidade do padrão e a própria sinuosidade do canal podem estar relacionadas ao número
de cutoffs. Assim, um canal mais sinuoso é mais propenso ao corte.
Os cutoffs também se efetivam em pequeno espaço temporal. Hooke (2004) relata
a grande quantidade de cortes no rio Bollin entre 2000 e 2001 em razão de eventos
38

hidrológicos concentrados, modificando o padrão do canal e reduzindo significativamente sua


sinuosidade. O rio, altamente móvel, possui poucas restrições para sua divagação lateral,
refletindo na grande quantidade de meandros abandonados e em outras feições ainda
presentes em sua planície de inundação. Mapeamento histórico (1840-2000), somado ao
monitoramento contínuo ao longo de 20 anos, retratam o aumento na frequência de cortes na
seção estudada, assim como a modificação de sinuosidade, que atinge seu nível máximo em
1979 (2,92) e regride a 1,4 nos anos 2000. A alternância no regime hidrológico expõe a
capacidade desses mecanismos em modificarem a morfologia dos canais, que acabam por se
adaptar às novas condições de descarga e, em escalas temporais maiores, a outras condições
externas. Entretanto, Hooke (2004) expõe que eventos menores também podem ser
determinantes para o cutoff e os processos de auto-organização também são válidos ao se
considerarem os antigos cortes de meandros sob a perspectiva de sistemas dinâmicos não-
lineares.
39

4. MATERIAL E MÉTODO

4.1 Localização e caracterização da área de estudo

Localizados em região central do estado de São Paulo, as bacias hidrográficas dos


rios Jacaré-Pepira e Jacaré-Guaçu ocupam área de drenagem de 6599,8 km² — 2573,5 km² e
4026,3 km², respectivamente —, tendo seus canais fluviais orientação predominantemente
SE-NW (Figura 4.1).

Figura 4.1: Localização das bacias dos rios Jacaré-Pepira e Jacaré-Guaçu.

O canal fluvial do rio Jacaré-Pepira transcorre longitudinalmente pouco mais de


207 quilômetros, tendo início no município de São Pedro, já em áreas de reverso da cuesta
arenito-basáltica, com foz entre os municípios de Ibitinga e Itaju, junto ao lago da represa da
usina hidrelétrica de Ibitinga. O canal fluvial do rio Jacaré-Guaçu transcorre
40

longitudinalmente 237,9 quilômetros, tendo início no município de Itirapina e foz no


município de Ibitinga. Ambos os rios têm como exutório as águas do rio Tietê.
Os canais supracitados, classificados como consequentes em sua natureza
estrutural, são típicos sistemas fluviais de regime tropical-úmido, ao percorrerem terrenos
com notável alteração físico-química, decorrente da chuvas bem marcadas nos períodos
úmidos, que vão de outubro a março. Segundo IPT (2003), as bacias possuem variações de
precipitação média, com valores muito próximos para cada porção. Para o rio Jacaré-Pepira,
temos a distribuição de 1395mm para a alta e 1290mm anuais para a média e baixa bacia
hidrográfica. Já para o rio Jacaré-Guaçu, temos a distribuição de 1402mm para a alta,
1341mm para a média e 1257mm anuais para a baixa bacia hidrográfica.
A pluviosidade e a temperatura média, superiores a 22ºC nos meses mais quentes
e pouco inferiores a 18ºC no inverno (COSTA, 2005), respaldam a vegetação natural ainda
preservada e a atividade agrícola ao longo da bacia. Toma destaque a vegetação higrófila,
com estratos arbóreos presentes em área de diques marginais; hidrófilas, vegetação arbustiva
ocupante de áreas marcadas pela influência da água em grandes períodos do ano, fixadas
principalmente na planície de inundação; Floresta Estacional Semidecidual e Floresta
Ombrófila, distribuídas principalmente nos trechos iniciais do reverso das cuestas, nas
encostas e topos dos morros testemunhos e dispersas ao longo das bacias hidrográficas
entremeadas às atividades agrícolas. A atividade agropecuária tem se intensificado em ambas
as bacias, com destaque para a ampliação da citricultura, da silvicultura e do cultivo de cana-
de-açúcar, cujos reflexos se abatem nas modificações de uso da terra e na ampliação dessas
áreas para as proximidades dos cursos fluviais.
A demarcação dos trechos sinuosos, retilíneos e meândricos dos rios Jacaré-
Guaçu e Jacaré-Pepira ressalta a heterogeneidade lito-estrutural à qual a área de abrangência
de suas bacias hidrográficas está submetida. A presença de terraços, de larga planície fluvial e
as feições fluviais típicas — bacias de inundação, diques marginais, meandros abandonados,
dentre outros — demarcam o longo período de incisão e divagação dos fluxos d’água pelos
depósitos aluviais.
Sob a perspectiva geomorfológica, as bacias hidrográficas estão dispostas em área
de transição entre as províncias geomorfológicas de Cuestas arenito-basálticas e Planalto
Ocidental Paulista. Ambas as bacias e, mais especificamente, seus canais fluviais homônimos,
refletem esse complexo arranjo lito-estrutural subjacente. As Cuestas arenito-basálticas,
presentes no alto curso de ambos os canais, são
41

mantidas pelos derrames basálticos do rético formam um grande alinhamento


irregular e descontínuo na porção centro-ocidental do Estado (...). Os fronts,
escarpados e altamente assimétricos das escarpas, estão voltados para leste e o seu
reverso inclina-se suavemente para o noroeste, acompanhando o mergulho geral das
estruturas mesozóicas para a calha do rio Paraná (AB’SABER, 1954, p. 7).

A unidade do Planalto Ocidental Paulista, na qual grande parte da área estudada se


localiza, é ocupada por relevos de colinas e morrotes, sendo pontuada localmente por platôs
residuais e planaltos interiores, sustentados por rochas areníticas das formações Botucatu e
Serra Geral (PONÇANO et al., 1981). Segundo Ponçano et al. (1981, p. 70) “o relevo desta
província mostra forte imposição estrutural, sob o controle de camadas sub-horizontais, com
leve caimento para oeste”, tendo ainda como característica de sua rede de drenagem os
rápidos, corredeiras e cachoeiras, formados a partir de soleiras das rochas efusivas da
Formação Serra Geral. No caso das bacias estudadas, essas características são bem marcantes,
sobretudo os trechos encachoeirados nas porções de domínio das rochas basálticas nos
segmentos iniciais ainda na porção das cuestas e os morros testemunhos que se sustentam
tanto pelos arenitos da Formação Botucatu, quanto pelas rochas efusivas da Formação Serra
Geral.
A ligação direta entre a morfologia da paisagem e a litologia também é observada
nas áreas de transcurso dos canais fluviais; sendo assim, estes percorrem áreas sob o domínio
das Formações Piramboia, Botucatu, Serra Geral, Adamantina e Itaqueri.
A primeira, conforme descrevem Lopes e Marconato (2006), é constituída por
arenitos médios e finos — areias quartzozas — com cores esbranquiçadas, avermelhadas e
alaranjadas, incluindo estratificações cruzadas de pequeno a médio porte. Segundo Oliveira
(1997), essa formação tem origem sedimentar sub-aquosa pertencente ao Grupo São Bento,
do Mesozóico, ocorrente na Bacia Sedimentar do Paraná. Sua origem remonta a ambientes
flúvio-lacustres, refletindo condições climáticas quentes e úmidas que evoluiriam para
condições desérticas.
A segunda, de acordo com Lopes e Salvador (2006), tem contato basal com a
Formação Piramboia, apresentando mudança na coloração e nas características dos arenitos,
sobretudo com relação à dimensão dos estratos cruzados. Assim, tal formação se
caracterizaria pela presença marcante de arenitos finos a grossos, de coloração avermelhada,
foscos, bem arredondados e com alta esfericidade, dispostos em estratificações cruzadas,
planares ou acanaladas, de médio a grande porte. Sua ocorrência remonta a depósitos
42

residuais de dunas eólicas acumuladas em sistemas quentes e secos, presentes na Bacia


Sedimentar do Paraná.
As formações Piramboia e Botucatu estão presentes enquanto arcabouço
geológico de grande parte dos rios Jacaré-Pepira e Jacaré-Guaçu, fornecendo material
sedimentar para mobilização pelos canais, erodidos pela ação supérgena dos remanescentes
rochosos ainda aflorantes, ou pelo carreamento superficial das coberturas superficiais pela
ação das chuvas. Nos setores em que há domínio dessas litologias, os canais adquirem
características meandrantes.
A Formação Serra Geral, como colocam Lopes e Salvador (idem), é resultado de
intenso magmatismo fissural, tendo seus derrames assentados sobre os arenitos da Formação
Botucatu. A ação magmática propiciou também uma extensa rede de diques e múltiplos níveis
de soleiras compostas por diabásio intrudidos nos pacotes sedimentares. A intercalação entre
as rochas máficas e os arenitos eólicos conjuga a constante ação erosiva diferencial na
província do Planalto Ocidental Paulista, se iniciando ainda na transição entre esta unidade e a
das cuestas. Segundo os autores supracitados, a formação se constitui principalmente por
rochas basálticas — basaltos tholeíticos e andesi-basaltos tholeíticos —, cujo magmatismo
durou cerca de 10 a 12 Ma e com atividade magmática extrusiva em cerca de 3 Ma, conforme
apontam Renne et al. (1992).
A Formação Adamantina, suprabasáltica, é resultante de ambiente fluvial de rios
entrelaçados (BATEZELLI, 2015). As fácies deposicionais, segundo Soares et al. (1980), têm
como característica principal a presença de bancos de arenitos de granulação fina a muito fina
com estratificação cruzada, alternados com bancos de lamitos, siltitos e arenitos lamíticos,
apresentando também variações regionais, com fácies de canal e planície de inundação, dada a
sua substancial presença areal no estado de São Paulo.
Por fim, a Formação Itaqueri “compreende depósitos rudáceos de leques aluviais
dispostos sobre as serras de Itaqueri, São Pedro, São Carlos e Cuscuzeiro. O tectonismo
deformador desta unidade é caracterizado pela presença de estruturas rúpteis, principalmente
falhas e juntas” (RICCOMINI, 1997, p. 41-43).
Riccomini (1997) pontua que a sedimentação da Formação Itaqueri ocorreu sob
condições de média e alta energia, diminuindo nos sentidos oeste e noroeste, onde as
condições energéticas mais brandas ainda permitiram a preservação de restos vegetais.
Segundo Ponçano et al. (1981), a Formação Itaqueri se constitui por intercalações de arenitos,
folhelhos e conglomerados. Os conglomerados presentes, resultantes de deposição em alta
43

energia, são compostos principalmente por basalto, tendo ainda clastos de quartzo, calcedônia,
quartzito, argilito, filito, pegmatito, sílex e folhelhos, material presente nas cabeceiras de
drenagem sobrepostos aos basaltos, também servindo de fonte para os materiais transportados
e depositados pelos rios.
A associação dessas litologias com as formas presentes confluem para o
estabelecimento dos solos presentes. Destacam-se os Latossolos — Vermelho, Vermelho
Amarelo; Nitossolos, que juntamente com os Latossolos Vermelhos, decorrem da evolução da
pedogênese sobre as rochas da Formação Serra Geral; os Argissolos, presentes em
declividades mais acentuadas, quando comparadas a declividades onde os Latossolos se
desenvolvem; os Neossolos — Quartzarênicos, Flúvicos e Litólicos —, associados aos
arenitos mesozóicos e a áreas de pouca evolução pedogenética dos basaltos, e a consequente
litodependência; e os Gleissolos e Organossolos, presentes, assim como os Neossolos
Flúvicos, em zonas de planícies de inundação (OLIVEIRA e PRADO, 1984; OLIVEIRA et
al., 1999; COSTA, 2005).

4.2 Análise e interpretação de imagens orbitais, não orbitais e base


cartográfica

A intersecção de imagens orbitais, não orbitais e materiais cartográficos permitiu


a identificação, a análise e a interpretação dos principais componentes da paisagem ligados
aos rios Jacaré-Pepira e Jacaré-Guaçu. A utilização desses recursos metodológicos permeou
as diversas etapas do trabalho, operadas e tratadas por meio de Sistemas de Informação
Geográfica (SIG), e expressos nos produtos cartográficos finais e nos índices morfométricos.
Foram selecionadas imagens correspondentes a dois períodos distintos: 1962 e
20125, a fim de compreender a morfodinâmica atual dos rios estudados frente aos processos
pretéritos que ainda marcam seus vales aluviais. A análise temporal de aproximadamente 50
anos contrasta com as sucessivas sobreposições de processos físicos que elaboraram as formas
e feições fluviais ao longo dos rios Jacaré-Pepira e Jacaré-Guaçu, servindo de parâmetro para
interpretações sobre equilíbrio em sistemas geomorfológicos, em especial os sistemas fluviais
sob o espectro dinâmico.

5
Grande parte das imagens são datadas de 2012, embora algumas cenas não correspondam a esse período,
devido a problemas de nebulosidade.
44

A obtenção dos limites das bacias hidrográficas e curvas de nível se deu por meio
de extração automática das informações em ambiente SIG (ArcGIS 10.1), advindos das
imagens adquiridas do projeto Topodata — produtos orbitais oriundos do processamento das
imagens SRTM (http://www.dsr.inpe.br/topodata). As cenas relativas a altitude e relevo
sombreado (22S495ZN, 21S495ZN, 22S48ZN e 21S48ZN), após mosaicadas, foram
utilizadas para fins diferentes de aplicação. Enquanto as primeiras ficaram a cargo da extração
das informações topográficas e da drenagem, a segunda foi utilizada para a identificação dos
lineamentos da drenagem.
Os lineamentos, caracterizados por O'Leary (1976) como expressões lineares de
uma superfície, sendo estas simples ou compostas, mapeáveis e que refletem fenômenos
subsuperficiais, tiveram nas feições lineares da drenagem o fator guia, uma vez que estes
elementos fortemente estruturados representam a “intersecção de planos estruturais dos
corpos rochosos, de origem tectônica (foliações e fraturas) ou não (acamamentos), com a
superfície do terreno” (SANTOS et al., p. 21, 2001), dando suporte às análises morfométricas
e morfodinâmicas. Seguindo a metodologia de Soares e Fiori (1976), foram extraídos os
alinhamentos de drenagem, delimitados em escala 1:100.000 a partir das feições preferenciais
da drenagem identificáveis nas cenas Topodata em relevo sombreado. Para a identificação e o
refino dos lineamentos, utilizaram-se dois ângulos de iluminação azimutal (315º e 45º) e os
dados interpretados subsidiaram a geração das rosetas no programa ER Mapper 6.4.
A rede hidrográfica e as curvas de nível foram extraídas das cartas topográficas na
escala 1:50.000 (Tabela 4.1), servindo de material base e complementadas com as
informações extraídas automaticamente das cenas Topodata, uma vez que a sobreposição
dessas informações não foi totalmente coincidente. A junção e o refino dos dados amenizaram
as diferenças contidas em ambos os materiais.
45

Tabela 4.1: Cartas topográficas (1:50.000) que recobrem a totalidade das bacias hidrográficas estudadas e fonte
de informações para os cálculos morfométricos.

Título Código Ano (Fotografias aéreas/Restituição) Fonte


Araraquara SF-22-X-D-VI-4 1965/1971 IBGE
Arealva SF-22-Z-B-II-1 1965/1971 IBGE
Bariri SF-22-Z-B-II-2 1965/1971 IBGE
Boa Esperança do Sul SF-22-X-D-VI-3 1965/1971 IBGE
Brotas SF-22-Z-B-III-4 1965/1971 IBGE
Corumbataí SF-23-Y-A-I-2 1965/1971 IBGE
Dois Córregos SF-22-Z-B-III-3 1965/1971 IBGE
Dourado SF-22-Z-B-III-1 1965/1971 IBGE
Ibaté SF-23-V-C-IV-3 1965/1971 IBGE
Ibitinga SF-22-X-D-V-3 1965/1971 IBGE
Itápolis SF-22-X-D-V-1 1965/1971 IBGE
Itirapina SF-23-Y-A-I-3 1969/1971 IBGE
Matão SF-22-X-D-VI-1 1965/1971 IBGE
Nova Europa SF-22-X-D-V-4 1965/1971 IBGE
Ribeirão Bonito SF-22-Z-B-III-2 1965/1971 IBGE
Rincão SF-22-X-D-VI-2 1965/1971 IBGE
Santa Maria da Serra SF-22-Z-B-IV-2 1965/1973 IBGE
São Carlos SF-23-Y-A-I-1 1965/1971 IBGE
São Pedro SF-23-Y-A-IV-1 1965/1969 IBGE
Tabatinga SF-22-X-D-V-2 1965/1971 IBGE

A geologia da área, representada aqui pelo esboço geológico, tem como base o
mapa geológico do estado de São Paulo em escala 1:250.000 (DAEE/Unesp), digitalizado e
vetorizado no ArcGis 10.1.
Imagens multiespectrais do sistema Rapideye foram empregadas para
interpretação dos rios Jacaré-Pepira e Jacaré-Guaçu, seus paleocanais e formas associadas. As
imagens são caracterizadas por 5 bandas espectrais adquiridas em visada nadir (Tabela 4.2),
por resolução radiométrica de 12 bits, resolução espacial de 6,5 metros e tamanho do pixel de
5 metros. Essas imagens, por sua vez, podem ser obtidas por meio de cinco satélites idênticos
atualmente em órbita (BLACKBRIDGE, 2015).
46

Tabela 4.2: Dados multiespectrais nadir do sistema Rapideye (BlackBridge, 2015).

Banda espectral Intervalo de comprimento de onda (µm)


1 (azul) 440 – 510
2 (verde) 520 – 590
3 (vermelho) 630 – 685
4 (red edge) 690 – 730
5 (infravermelho próximo) 760 – 850

Foram adquiridas as imagens em nível 3A, ou seja, produtos ortorretificados e


apresentados em área de 25 x 25 km, sendo ainda caracterizados por datum horizontal WGS-
84 e projeção Universal Transversa de Mercator (UTM) (BlackBridge, 2015). Essas imagens
foram adquiridas gratuitamente via website <http://geocatalogo.ibama.gov.br>.
O acervo utilizado conta com 23 cenas para cobrir as bacias hidrográficas em sua
totalidade e que foram obtidas em diferentes datas, a fim de privilegiar a menor nebulosidade
possível. Imagens de 2011, 2012 e 2013 foram, dessa forma, selecionadas (Tabela 4.3). A
aquisição das imagens em tempos distintos dificultou a equalização da radiometria do
mosaico, porém a integração digital dos produtos foi suficiente para destacar as feições
relativas à dinâmica fluvial e, assim, puderam ser restituídas manualmente via ArcGIS 10.1.
47

Tabela 4.3: Especificações do acervo de 23 imagens multiespectrais do sistema Rapideye empregado na


pesquisa.

ID da imagem Data do imageamento Satélite


2228726 18 de março de 2012 4
2228727 23 de novembro de 2012 1
2228825 18 de novembro de 2012 1
2228826 23 de novembro de 2012 1
2228827 23 de novembro de 2012 1
2228924 25 de dezembro de 2012 4
2228925 12 de agosto de 2011 4
2228926 18 de novembro de 2012 1
2228927 23 de novembro de 2012 1
2229023 26 de outubro de 2013 5
2229024 25 de dezembro de 2012 4
2229025 25 de dezembro de 2012 5
2229026 26 de junho de 2011 5
2229027 25 de dezembro de 2012 5
2229124 24 de dezembro de 2012 3
2229125 24 de dezembro de 2012 3
2229126 18 de junho de 2011 1
2328702 30 de novembro de 2012 3
2328802 30 de novembro de 2012 3
2328803 30 de novembro de 2012 3
2328902 23 de novembro de 2012 1
2328903 17 de dezembro de 2013 5
2329002 28 de junho de 2011 2

A combinação de bandas para melhor visualização dos objetos em superfície e,


especialmente, para segregar as formas e feições prioritárias à interpretação da dinâmica
fluvial, teve como base o comportamento espectral dos elementos físicos que compõem a
paisagem. Conforme aborda Wray (2009), a combinação de bandas revela diferenças sutis na
reflexão espectral de alvos como o solo e a vegetação, auxiliando a identificação dos
paleocanais. Sinha (1993) e Zani e Assine (2011) reiteram a utilização de imagens de satélite
e o seu processamento digital para identificação e mapeamento da geometria de paleocanais e
condições paleohidrológicas. A “utilização de comprimentos de onda não restritos à faixa
espectral do visível permitem a extração de feições que são dificilmente observadas em
campo” (ZANI e ASSINE, 2011, p. 38).
Para realçar corpos hídricos e regiões de maior umidade e contrastar com a
vegetação e os solos expostos, foi utilizada a combinação falsa cor 5 (R), 4 (G), 3 (B),
também utilizada por Morais (2015) em imagens Rapideye para fins correlatos.
48

Imagens CBERS-2B6, adquiridas via website <http://www.inpe.br/CDSR>,


também foram empregadas para a delimitação dos canais fluviais e das formas anexas. As
imagens do sensor imageador HRC de alta resolução pancromática operaram no intervalo
espectral 0,50 - 0,80 µm, cobrindo o espectro visível e parte do infravermelho próximo, com
resolução radiométrica de 8 bits, resolução espacial de 2,7 metros e tamanho do pixel de 2,5
metros (http://www.cbers.inpe.br).
O acervo utilizado conta com 10 cenas datadas dos anos de 2008 e 2009 (Tabela
4.4). Embora o conjunto de imagens obtidas junto ao INPE não tivesse total cobertura sobre a
área, serviram complementarmente as imagens Rapideye para a restituição dos canais fluviais
e das formas associadas.

Tabela 4.4: Especificações do acervo de 10 imagens pancromáticas do sistema CBERS 2B empregado na


pesquisa.

ID da imagem Data do imageamento


CB2BHRC 156-A/125-1 16 de outubro de 2008
CB2BHRC 156-A/124-5 16 de outubro de 2008
CB2BHRC 157-E/124-5 17 de setembro de 2008
CB2BHRC 156-D/125-2 29 de junho de 2009
CB2BHRC 156-C/125-1 30 de setembro de 2009
CB2BHRC 156-C/125-3 30 de julho de 2008
CB2BHRC 156-C/125-1 25 de agosto de 2008
CB2BHRC 156-C/125-2 30 de julho de 2008
CB2BHRC 156-C/125-2 21 de junho de 2009
CB2BHRC 156-D/125-3 29 de junho de 2009

Para o momento 1962, 75 aerofotografias compõem o mosaico referente ao rio


Jacaré-Pepira e outras 74 compõem o mosaico referente ao rio Jacaré-Guaçu. As imagens, em
escala aproximada de 1:25.000, foram adquiridas junto à sessão de Geoprocessamento do
Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Para a estereoscopia e posterior delimitação e
interpretação das fotografias aéreas, seguimos o método anaglifo, que consiste na
interpretação de fotografias aéreas a partir da sobreposição dos pares estereoscópicos em
técnica 3D no programa StereoPhoto Maker, conforme caracterizado por Souza e Oliveira
(2012). Segundo as autoras, o método permite a sobreposição de fotografias aéreas em cores
complementares, permitindo a percepção de profundidade e tridimensionalidade.

6
O Satélite CBERS-2B operou até o começo de 2010 (http://www.cbers.inpe.br/).
49

Após a junção dos pares estereoscópicos e seu georreferenciamento através de


pontos de controle entre estes e as imagens orbitais, os canais fluviais foram restituídos e as
formas fluviais ligadas ao Jacaré-Pepira e ao Jacaré-Guaçu foram delimitadas, dentre elas as
bacias de decantação, os meandros abandonados e o cinturão meândrico. Os momentos
distintos – 1962 e 2012 – foram justapostos para interpretação da morfodinâmica fluvial dos
rios estudados e para sua discussão enquanto sistemas não-lineares e complexos.

4.3 Parâmetros morfométricos

A aplicação de índices morfométricos e geomórficos propicia base quantitativa


para identificação de zonas anômalas geradas na rede de drenagem. No total, foram
empregados quatro parâmetros para interpretação dessas alterações, a fim de correlacioná-las
a prováveis influências lito-estruturais, a saber: perfil longitudinal, índice SL (Stream
Gradient-length Index), fator de assimetria da bacia e fator de simetria topográfica transversa
(FSTT).
O perfil longitudinal, caracterizado pelo transecto do canal fluvial ao longo de sua
bacia hidrográfica, reflete as imposições do terreno por meio de anomalias localizadas que
fogem do padrão morfométrico normal (WHIPPLE e TUCKER, 1999; PHILLIPS e LUTZ,
2008; ZANCOPÉ et al., 2009; PIKE et al, 2010), com assíntotas longas com concavidade
para cima (ETCHEBEHERE, 2004) esculpida pela morfogênese fluvial
(CHRISTOFOLETTI, 1977). Para a produção dos perfis longitudinais dos rios Jacaré-Pepira
e Jacaré-Guaçu, foram utilizadas cartas topográficas (1:50.000), que também serviram de base
para a extração das curvas de nível e da rede de drenagem para os demais parâmetros
morfométricos. Os segmentos mensurados foram plotados em gráfico (Excel), ressaltando os
segmentos anômalos por meio de curva de regressão exponencial.
Proposto por Hack (1973), o índice SL se configura pela relação entre o gradiente
e a extensão do canal. Sua aplicação favorece a correlação entre diferença/transição geológica
e seus contrastes de erodibilidade e eventos de ordem neotectônica na conformação de níveis
de base locais ao longo dos canais fluviais (AZOR et al., 2002; ECHEBEHERE et al., 2006;
FONT et al., 2010; CELARINO e LADEIRA, 2014; TROIANI et al., 2014; AHMAD et al.,
2015).
50

A fórmula assim proposta corresponde à diferença altimétrica entre dois pontos de


um segmento fluvial (Δh); à projeção horizontal da extensão do segmento (ΔL); e à distância
acumulada do interflúvio ao ponto médio do segmento a ser considerado no cálculo (L)7.

SL = (Δh / ΔL) x L

O fator de assimetria da bacia (FAB) exprime quantitativamente o deslocamento


lateral dos canais (HARE e GARDNER, 1985) causado por processos fluviais e/ou forças
crustais que destoam do padrão normal em escala de bacia (SALAMUNI et al., 2004).
Valores superiores a 50 indicam basculamento da margem direita; inferiores a 50,
basculamento da margem esquerda; e próximos a 50, revelam atividade tectônica incipiente
(KELLER e PINTER, 2002; MOLIN et al., 2004). A equação compreende a área da bacia à
margem direita (Ar) e a área total da bacia de drenagem (At).

FAB = 100 x (Ar / At)

O Fator de Simetria Topográfica Transversa (T factor) relaciona a direção


preferencial dos canais fluviais a possíveis atividades neotectônicas capazes de deslocar o
curso do canal fluvial de seu eixo normal, desenvolvendo uma direção preferencial de
assimetria (GARROTE et al., 2008; RAJ, 2012). A equação aborda a distância do canal ativo
— ou do eixo central da faixa meândrica atual — ao eixo central da bacia de drenagem (Da) e
a distância das bordas da bacia a seu eixo central (Dd), sendo o fator T a razão entre esas
variáveis.

T = Da / Dd

Segundo Cox (1994; 2001), um perfil simétrico tenderia ao valor 0 e perfis


fortemente assimétricos, em bacias estruturalmente controladas com fortes agentes atuando no
deslocamento lateral, ao valor 1.

7
Utilizou-se o ponto médio do segmento por ser metodologia aplicada nos artigos internacionais em revistas
com maior fator de impacto, em contraponto à utilização do ponto final do segmento, mais empregado em
bibliografia nacional.
51

Por termos uma base geológica incipiente e em escalas que não aportam com
precisão os limites e a distribuição das litologias, os índices nos surgem como ferramentas de
auxílio para interpretação da drenagem e seu ajuste a esse elemento e aos demais
componentes geossistêmicos presentes.

4.4 Luminescência Opticamente Estimulada

A datação por Luminescência Opticamente Estimulada (LOE) é potencialmente


uma importante ferramenta para interpretação de depósitos sedimentares, especialmente pela
utilização de minerais abundantes nestes, como o quartzo e o feldspato. A luminescência tem
como princípio o acúmulo natural e progressivo da radiação ionizante pelas imperfeições na
estrutura cristalina dos minerais, retendo elétrons nesse retículo cristalino, sendo assim
passível de determinação da dose de radiação recebida no último evento de exposição à luz
solar (HUNTLEY et al., 1985; LIRITZIS et al., 2013).
A incorporação da metodologia geocronológica para a ampliação do entendimento
da dinâmica deposicional fluvial (ROWLAND et al., 2005; RITTENOUR, 2008;
MAGALHÃES JUNIOR et al., 2011; PIERCE et al., 2011) abarca sua capacidade de
evidenciar idades absolutas para o material sedimentar quaternário, sobretudo os
compreendidos entre 1 milhão de anos A.P. (WALLINGA, 2002).
Para tal, foram coletadas 2 amostras para datação (Protocolo SAR) em tubo
escuro de PVC com 50cm de comprimento e 6cm de largura. A primeira, no nível de baixo
terraço (T1) do rio Jacaré-Guaçu, a 0,80 metros de profundidade; a segunda, no nível de baixo
terraço (T2) sobre o depósito residual de canal do rio Jacaré-Pepira, a 1,40 metros de
profundidade, ambas para indicação de deslocamento e migração dos canais fluviais.
52

5. RESULTADOS

5.1 Rio Jacaré-Pepira

5.1.1 Parâmetros morfométricos

A migração lateral e sua mensuração pelo índice de assimetria da bacia indicam


leve deslocamento do canal fluvial de seu eixo central. O valor de 47,5, segundo Hare e
Gardner (1985), indicaria leve basculamento do eixo esquerdo da bacia (face montante para
jusante) com atividade tectônica incipiente ou incapaz de modificar a simetria da bacia. A
aplicação do parâmetro para a bacia como um todo pode mascarar assimetrias locais. No caso
do Jacaré-Pepira, o setor à esquerda do canal principal comporta patamares mais elevados
quando comparados ao outro setor da bacia, sendo sustentados pelos derrames basálticos que
modelam as reentrâncias das cuestas. A aplicação do índice de Assimetria para o médio e o
baixo cursos, em locais onde visualmente o canal principal não corria no eixo médio, revelou
maiores disparidades de valores e, consequentemente, maior indicação de assimetria. Para os
trechos finais da bacia do rio Jacaré-Pepira, os valores 29,80 e 23,39 compactuam para a
possibilidade de ação lito-estrutural e tectônica, efetivando a assimetria nesse setor.
Como abordam Keller e Pinter (2002), o índice tem sua aplicabilidade
potencializada em bacias com litologia mais próxima da homogeneidade; porém, em casos em
que essa característica não se efetiva, a influência litológica passa a ter ação controladora
central na migração dos canais fluviais.
A aplicação do fator de simetria topográfica transversa (FSTT) 8 reforça a
visualização de deslocamento do canal fluvial do eixo central ideal da bacia hidrográfica. Ao
longo de todo o rio Jacaré-Pepira, há alternância de direções preferenciais de assimetria,
destacando-se valores pouco significativos de assimetria (próximos a 0) e valores mais
elevados (0,57), reafirmando o deslocamento proeminente do curso d’água (Figura 5.1).

8
Adotou-se a distância de 3 km entre um ponto e outro de medição, para ambas as bacias hidrográficas.
53

Figura 5.1: Cálculo de assimetria da bacia do rio Jacaré-Pepira pelo índice FSTT.

Na cabeceira de drenagem, no setor dominado pelas litologias cenozoicas do Itaqueri e


mesozoicas do Serra Geral, o canal demonstra deslocamento para o eixo à esquerda da bacia,
com valores mais acentuados de deslocamento (0,45 a 0,27) até chegar ao setor subsequente,
denominado de Varjão. Nesse segmento, o canal passa a se deslocar para o eixo à direita (0,21
a 0,13), sendo novamente deslocado para o sentido contrário do setor anterior, quando
novamente passa a correr sobre as rochas basálticas.
Após o setor com pouca assimetria do eixo médio, com exceção do breve
deslocamento quando a margem esquerda é fortemente influenciada pela Serra de Dourado
(0,16 e 0,11), o baixo curso assume deslocamento para a direita por quase todo o restante do
perfil. Nesse trecho, o canal atinge valores acentuados de assimetria (0,46; 0,47 e 0,57),
influenciado possivelmente por controles estruturais e tectônicos, ligados a maior densidade e
à presença de feições lineares no setor aparentemente basculado.
No rio Jacaré-Pepira, o alinhamento estrutural do Tietê (SE–NW) (RICCOMINI,
1995) exerce controle marcante em grande parte do curso, condicionando-o à mesma direção.
54

O mergulho regional das camadas segue o mesmo alinhamento, favorecendo a quantidade


significativa de feições lineares da drenagem no sentido NW. O alinhamento do Tietê, como
feição estrutural herdada do embasamento prévio ao estabelecimento da drenagem atual da
bacia do rio Jacaré-Pepira, passa a condicionar o estabelecimento do canal principal e exerce
condição estrutural primordial em sua disposição.
Conforme aborda Pinheiro (2014), apesar da substantiva extensão do alinhamento,
ele não se mostra absolutamente contínuo, sendo perturbado por estruturas locais de menor
porte que o cruzam transversalmente. Tal consideração é observada nas feições negativas dos
afluentes da margem esquerda do rio Jacaré-Pepira localizados na serra de São Pedro.
Segundo o autor, as orientações preferenciais NW-SE dos canais principais e NE-SW de seus
afluentes, além da retilinearidade dos cursos e anomalias nos perfis longitudinais, indicam
como condicionante direcional do estabelecimento dos canais fluviais o fator tectônico-
estrutural, sobretudo por eles seguirem as estruturas dominantes dos alinhamentos Tietê e
Santa Maria da Serra-Cabreúva (este, definido por Pires Neto (1996)).
Deformações no Córrego Porto de Coqueiro, com desníveis no perfil, quedas
d’água e possível ação de falha transcorrente; Ribeirão da Divisa, com parte de seu curso
condicionado ao alinhamento Santa Maria da Serra-Cabreúva, mudando abruptamente sua
direção, com inflexão e ascensão do perfil longitudinal; e Ribeirão Pinheirinhos, que também
segue o alinhamento Santa Maria da Serra-Cabreúva, assim como o Córrego Bom Sucesso,
complementam evidências da imposição estrutural da direção e anomalias nesse setor da bacia
hidrográfica são apontadas por Pinheiro (2014) (Figura 5.2).
55

Figura 5.2: Localização dos canais afluentes imotivados por fatores tectônicos e estruturais.

As orientações preferenciais dos canais fluviais coincidem com as direções


principais dos alinhamentos regionais, como indicado por Fulfaro et al. (1967), Riccomini
(1995, 1997), Ladeira e Santos (1996) e Santos e Ladeira (2006) para as Serras de Itaqueri e
São Pedro, destacando os regimes SE-NW e SW-NE, conforme o mapa de lineamentos de
drenagem e as rosetas (Figuras 5.3 e 5.4). As feições lineares reconhecidas e associadas com a
morfologia do relevo, a drenagem e depósitos correlatos apontam para alinhamentos
preferenciais e que expressam um conjunto de estruturas que abarcam feixes de lineamentos
de drenagem, que tipicamente em deformações rúpteis se propagam ao longo de uma faixa.
56

Figura 5.3: Mapa de lineamentos de drenagem da bacia hidrográfica do rio Jacaré-Pepira.

Figura 5.4: Diagrama de Rosetas – número de lineamentos e comprimento total – da bacia hidrográfica do rio
Jacaré-Pepira.
57

O diagrama de rosetas aponta para os trends SE-NW e SW-NE como os grandes


condicionantes morfoestruturais — feição controlada pela litologia, ativa ou passiva — e
morfotectônicos — movimentos ascensionais ou de abatimento — ou da bacia do Jacaré-
Pepira. A quantidade de lineamentos destaca o maior número destes para o quadrante NW,
enquanto para o comprimento total, as feições lineares NE se sobressaem. A diferença angular
entre os diagramas gerados demonstra as principais direções dos sistemas de fratura,
reafirmando o condicionamento regional.
Esses condicionantes afetam diretamente os canais fluviais afluentes,
estabelecendo o controle morfotectônico das formas localizadas na bacia hidrográfica. Falhas
normais seccionam parte do canal fluvial do Jacaré-Pepira em seu alto curso, individualizando
cachoeiras e rápidos sob os basaltos da Formação Serra Geral dos meandros divagantes do
segmento a jusante, dispostos nos arenitos Botucatu e Piramboia.
A heterogeneidade litológica marca o principal controle morfoestrutural do rio
Jacaré-Pepira, sendo visualizada de forma mais nítida no esboço geológico (5.5) e no perfil
longitudinal integrado ao índice SL.
Figura 5.5: Esboço geológico da bacia hidrográfica do rio Jacaré-Pepira. 58
59

Percorrendo pouco mais de 207 quilômetros em desnível de 540 metros, observa-


se a relação entre a configuração do perfil, o índice geomórfico e as variáveis litológicas
atuantes9 (5.6).

Figura 5.6: Perfil longitudinal, índice SL e perfil logarítmico do rio Jacaré-Pepira.

Em trecho inicial, que se estende de sua nascente à represa da usina hidrelétrica do


Jacaré, o perfil do canal fluvial demonstra dois patamares nítidos ao longo dos 16 quilômetros
iniciais. Há ruptura bem marcada entre 880 e 860 metros, precedendo a barragem que se
encontra a 820 metros de altitude, e a 660 metros, com o início do segmento denominado de
“Varjão”. Ao final do primeiro patamar, acentuada ruptura no perfil demarca trecho com
sequentes quedas e rápidos sob os basaltos da Formação Serra Geral. A presença de fraturas e
a diferente natureza e resistência entre os derrames presentes propiciam o contínuo processo
de abrasão e arranque dos blocos nessas zonas de maior fragilidade. O índice SL, nesse setor,
assume valores máximos (variando de 1186,44 a 2431,15) que se mostram correlatos à queda
pronunciada do rio Jacaré-Pepira, separando dois níveis de base locais. Tal segmento, que se
estende por 3 quilômetros e que se inicia a 820 metros de altitude, finda a 660 metros, com a
entrada do canal fluvial no domínio do “Varjão” e dos arenitos Botucatu e Piramboia.
Subsequentemente, os canais retilíneos, knickpoints e quedas d’água dão lugar ao
segmento meandrante em área com extensa planície de inundação que se alonga
longitudinalmente por cerca de 22 quilômetros, cujos início e término estão condicionados,

9
No perfil longitudinal, as caracterizações dos substratos litológicos não seguem relações de mergulho e
espessura das camadas.
60

segundo Fulfaro et al. (1967), à presença de falhas normais, individualizando tal trecho entre
domínios do canal com leito rochoso basáltico (Figura 5.7).

Figura 5.7: Perfil retificado entre São Pedro e Dourado. Destaque para a área deprimida denominada de
“Varjão”. Adaptado de Fulfaro et al. (1967).

No setor de abertura do vale, destaca-se o desenvolvimento de canais meândricos.


Esse setor, popularmente chamado de “Varjão” (Figuras 5.8 e 5.9), se caracteriza pela
desenvolvida planície fluvial frente ao reduzido calibre do rio Jacaré-Pepira. A interpretação
das feições fluviais, inclusive, foi dificultada pela densa vegetação disposta nas faixas
proximais das margens úmidas do rio e nos diques marginais. As deformações rúpteis, aliadzs
à diferença litológica, parecem influenciar significativamente o desenvolvimento desse
segmento, propiciando dinâmica fluvial intensa nesse espaço de acomodação.

Figura 5.8: Início do trecho do “Varjão” pós desenclausuramento do rio Jacaré-Pepira das cuestas. Foto: Éverton
V. Valezio.
61

Figura 5.9: Trecho final do “Varjão”. Foto: Éverton V. Valezio.

Conforme abordam Fulfaro et al. (1967), essa área deprimida orientada para NW
“só poderia ser explicada por razões tectônicas, pois que a ausência de uma inversão local do
mergulho regional dificilmente explicaria a formação da frente do Varjão” (idem, p. 204),
cuja origem remonta ao abatimento de blocos decorrentes de esforços tectônicos e “com
rejeitos nunca inferiores a uma centena de metros” (ibidem, p. 204), conforme sondagens no
vale do rio Jacaré-Pepira.
Em limites próximos à jusante, onde a Formação Piramboia dá lugar à Formação
Serra Geral, as sondagens atingiram corpos magmáticos a profundidades bem menores
quando comparados à disposição das rochas magmáticas nos trechos iniciais dessa depressão
neotectônica, sugerindo basculamento para SE. Valores mais expressivos do índice SL nas
zonas limítrofes deste segmento (250,50 a montante e 283,14 a jusante) indicam a relação
entre a resistência erosiva diferenciada e a atividade neotectônica.
Após esse setor, o rio Jacaré-Pepira tem novamente os basaltos como leito
rochoso e retoma seu curso retilíneo e sinuoso, com bruscas mudanças de direção. Em
segmento de 17 quilômetros, reaparecem as corredeiras e rupturas em leito rochoso, que se
distribuem em uma amplitude de 120 metros. Assim como no trecho dominado pela
Formação Serra Geral, a montante, a configuração do canal fluvial e das feições anexas está
delineada diretamente pelo fator geológico, ressaltando o papel deste componente físico na
62

morfogênese fluvial e, consequentemente, no perfil longitudinal e no índice de gradiente (SL),


que tem dois novos picos de ascensão (755,19 no primeiro e 494,92 no segundo).
O novo incurso sobre as rochas areníticas perdura por quase toda a extensão até a
foz, salvo trecho final, quando volta a estar associado com a Formação Serra Geral, onde o
vale é novamente estrangulado. É nítida no perfil longitudinal a subdivisão em dois
patamares, intermediados por uma assimetria localizada a pouco mais de 110 quilômetros do
exutório. Entre 480 e 440 metros de altitude, o rio Jacaré-Pepira perpassa a Serra de Dourado,
sendo esta, possivelmente, a causa do surgimento de declividade no perfil do canal fluvial e
de nova ascensão do índice SL (245,61), dada sua influência estrutural e tectônica
(ALMEIDA, 1964).
No restante do canal fluvial, onde este passa a correr sobre seus depósitos, há
abertura definitiva da planície fluvial e nenhuma assimetria verificada ao longo do perfil
longitudinal. O setor que abarca os últimos 100 quilômetros longitudinais é marcado pela
divagação do rio Jacaré-Pepira, ora deslocado na parte proximal das bordas da margem
direita, ora junto à margem esquerda.
Ao longo do canal, são nítidos quatro patamares estabelecidos sobre embasamento
de menor rigidez, caracterizando essas zonas de morfologia mais côncava.

5.1.2 Transformações meândricas

A disposição do rio Jacaré-Pepira por diferentes litologias propicia a


caracterização de diferentes padrões fluviais. Os setores dominados pelas rochas da Formação
Serra Geral condicionam a tipologia retilínea, de baixa sinuosidade e com mudanças bruscas
de direção e setores de tipologia meândrica encaixada, uma vez que o leito rochoso e o
enclausuramento das margens reduzem o espaço de divagação do canal fluvial, limitando os
processos de migração lateral e favorecendo assimetrias ao longo do rio.
De forma contrastante, temos o desenvolvimento de larga planície fluvial, com
registros dos constantes processos de migração lateral, meandros abandonados, bacias de
decantação e dois níveis de baixos terraços fluviais (denominados de T1 e T2). No “Varjão”,
como já caracterizado anteriormente, o canal fluvial do Jacaré-Pepira se comporta pela
primeira vez enquanto canal meandrante. Apesar da sua amplitude pós desconfinamento das
escarpas festonadas, não foi possível identificar pelas fotografias aéreas o desenvolvimento de
terraços nas faixas mais distais da planície de inundação desse setor.
63

Em segundo momento, já em médio curso, há o desenvolvimento pleno da


planície fluvial e o aparecimento frequente dos dois níveis de baixos terraços e meandros
abandonados, tanto nesses patamares quanto associados à dinâmica atual do rio. Ressalta-se a
preponderância de formas pretéritas ao longo da margem esquerda do rio Jacaré-Pepira, tanto
os níveis de terraços identificados quanto antigos meandros, hoje alçados nesses níveis.
Três setores selecionados ao longo do rio Jacaré-Pepira explicitam sua intensa
dinâmica evolutiva, com a presença de formas típicas de ambiente fluvial meandrante
(cinturão meândrico, baixos terraços fluviais, bacias de decantação dos terraços, meandros
abandonados), e se juntam aos 13 setores mapeados (Figura 5.10), explicitados no Anexo I,
para a interpretação da dinâmica recente do rio Jacaré-Pepira nos momentos de 1962 e 2012.

Figura 5.10: Setores mapeados em detalhe para análise e interpretação dos mecanismos de alteração meândrica.

O setor 1 (Figura 5.11) retrata o setor mais a montante dos três exemplificados. O
desenvolvimento da planície fluvial toma forma inicial nesse segmento, cujos
desenvolvimento e alargamento seguem até as proximidades da foz.
64

Figura 5.11: Morfodinâmica do rio Jacaré-Pepira (Seção 1) correspondente a análise e interpretação dos produtos
orbitais e não orbitais (1962-2012).
65

O canal fluvial se caracteriza pela angularidade de determinadas curvas e pela


restrita migração lateral, proporcionadas pela presença marcante do vale parcialmente
confinado e pelo controle estrutural preponderante SE-NW, seccionado por feições lineares
SW-NE capazes de condicionar o leito e a divagação do rio. A direção NE, inclusive, pode
estar associada a controle ativo, já que os segmentos visualizados se encontram em mesma
litologia. A limitação imposta por esses fatores não inibiu, ao longo do tempo da natureza, o
desenvolvimento de formas típicas de ambiente aluvial, como os baixos terraços e cicatrizes
de antigos meandros, hoje sustentados também nesses antigos níveis de planície de inundação.
Integrando a análise, a datação de nível de baixo terraço (T2) propicia discussões
quanto ao deslocamento vertical e lateral do rio Jacaré-Pepira nesse setor. Localizado a cerca
de 8 metros do atual nível da planície de inundação, o baixo terraço transita diretamente para
o plano dos depósitos atuais do rio, sem a presença do nível T1 de baixo terraço. No local da
coleta (22º12'08.72''S, 48º18'34.31''W), o depósito residual de canal aflorava lateralmente em
superfície (50 centímetros de espessura expostos, com continuidade lateral e em
profundidade), com material de recobrimento de espessura variável (Figura 5.12). O material
datado sobrejacente às cascalheiras (Tabela 5.1) não apresentava estrutura sedimentar nem
horizontes pedogenéticos, representando o último evento sedimentar preservado na paisagem
pós abandono de seu antigo leito e consequente migração do canal, marcado pelos clastos
imbricados de quartzo e quartzito retrabalhados pelo rio Jacaré-Pepira, com dimensões
predominantes entre 2 e 3 cm. A idade absoluta da datação indica ponto referencial da
dinâmica pretérita e atual, o que nos leva a avaliar o papel dos elementos geossistêmicos na
incisão e na migração lateral do rio.
66

Figura 5.12: Ponto de coleta para datação por LOE. Fotos: Éverton V. Valezio.

Tabela 5.1: Datação absoluta por LOE no baixo terraço fluvial (T2) do rio Jacaré-Pepira.

Dose anual
Profundidade Local P (Gy) Desvio Padrão Idade (anos)
(µGy/ano)
Jacaré-Pepira
Ponto 1 1,40 metros 1150 +/-35 10,9 3,9 9.530 +/- 765
(B. Terraço – T2)

O enfoque dinâmico no desenvolvimento do segmento expõe mecanismos de


alteração dominantes no canal fluvial. Os processos morfodinâmicos recentes privilegiaram os
mecanismos de rotação, expansão e encurtamento dos meandros e, principalmente, os cutoffs
(7 no total), conforme categorização dos tipos de migração em sistemas meândricos apontados
por Hooke (1984).
67

O setor 2 (Figura 5.13), intermediário aos analisados, segue o padrão de


alargamento da planície fluvial iniciado no segmento anterior, com destaque ao
desenvolvimento proeminente das curvas meândricas alçadas nos níveis T1 e T2 dos baixos
terraços fluviais.
68

Figura 5.13: Morfodinâmica do rio Jacaré-Pepira (Seção 2) correspondente a análise e interpretação dos produtos
orbitais e não orbitais (1962-2012).
69

O desconfinamento da faixa meândrica propicia menor angularidade das curvas


dos canais, mesmo com feições lineares direcionando em trechos no sentido NW, em
contraste com trechos dominados pela imposição litológica dos basaltos. Sob os domínios das
rochas areníticas, o rio Jacaré-Pepira não teve como fator limitante a imposição litológica para
sua divagação: pelo contrário, o desenvolvimento pretérito das alças meândricas ainda
preservadas nos níveis de baixo terraço, e a própria migração lateral, se deram muito em
função da incipiente imposição dessa variável geossistêmica no controle do canal fluvial. A
transição gradual entre os vales parcialmente confinados para esse segmento, em que
predomina o desconfinamento lateral, suportou maior desenvolvimento das feições fluviais
anexas, como visualizado na maior presença e na proeminência dos baixos terraços fluviais,
pontuando fases evolutivas da planície de inundação e seus sucessivos abandonos pelo
processo de entalhamento fluvial. Apesar de o canal ainda se manter restrito a determinada
parede do vale, com angulações pontuais em determinadas curvas, a tipologia meândrica é
predominante.
As principais modificações ocorridas nos últimos 50 anos no segmento se deram
pelos processos de rotação, translação, extensão, movimento lateral e cortes de pedúnculo.
Assim como no trecho exposto anteriormente, há sete cortes de pedúnculo presentes quando
comparamos esses dois momentos (1962-2012), expondo o processo dinâmico de redução de
sinuosidade e a possível ação autogênica de ajuste do canal fluvial.
Por fim, o setor 3 (Figura 5.14) corresponde à porção longitudinal do rio com
maior desenvolvimento das formas aluviais.
70

Figura 5.14: Morfodinâmica do rio Jacaré-Pepira (Seção 3) correspondente a análise e interpretação dos produtos
orbitais e não orbitais (1962-2012).
71

O nível de baixo terraço fluvial T2 está em grande medida fragmentado,


provavelmente pela ação posterior de migração lateral do canal fluvial e pela ação erosiva de
outros agentes supérgenos, que acabaram por dissecá-lo. Antigas feições fluviais, associadas a
esse segundo nível de terraço, ainda conservam parte das formas de seu estágio ativo, e
permanecem como espaço de acomodação de material de vertente e fluvial em eventos de
cheias espasmódicas. Ao longo do vale desconfinado, há uma prevalência da migração lateral
para a margem direita, preservando os níveis deposicionais das antigas planícies na margem
esquerda.
Os mecanismos de modificação de meandros são mais proeminentes, com
destaque para os movimentos de rotação, translação, crescimento, redução das curvas
meândricas e os próprios cutoffs. É possível observar o intenso dinamismo do canal fluvial em
período recente, firmado pela presença de diversos lagos em ferradura na planície fluvial atual
do rio Jacaré-Pepira, apontando para o contínuo reajuste do canal nesse setor.

5.2 Rio Jacaré-Guaçu

5.2.1 Parâmetros morfométricos

Assim como no rio Jacaré-Pepira, a migração lateral foi quantificada pelo índice
de assimetria da bacia, porém o valor 66,2 para a bacia hidrográfica indicaria basculamento
mais pronunciado para o eixo à direita (direção montante para jusante). Como abordado na
apresentação do índice para a bacia do Jacaré-Pepira, a assimetria dos valores compreendidos
para o Jacaré-Guaçu possivelmente advém da diferença de litologias presentes na bacia,
sobretudo as que sustentam a parte direita (basaltos e arenitos do Grupo Bauru) e a parte
esquerda (arenitos da Formação Botucatu). O índice mais elevado de assimetria na bacia do
Jacaré-Guaçu remete à maior ação dos fatores morfoestruturais na face direita, quando
comparados ao índice resultante do Jacaré-Pepira. Os índices de assimetria para trechos
específicos da bacia hidrográfica revelam segmentos ainda mais deslocados do eixo central.
No baixo curso os valores do índice de assimetria são mais pronunciados, com destaque para
os de 77,01 e 77,64 nos trechos do baixo curso e próximos da foz, ao longo da planície fluvial
de grande extensão, ali dispostos a menos de 40 quilômetros do exutório. O índice de 72,8 no
médio curso, no trecho com leito basáltico, também compactua com a influência lito-
estrutural como controladora da drenagem, assim como na bacia do rio Jacaré-Pepira.
72

A aplicação do fator de simetria topográfica transversa (FSTT) é ainda mais


marcante para evidenciar a discrepância na simetria entre o eixo ideal central do canal fluvial
e o transcurso atual do rio Jacaré-Guaçu (Figura 5.15).

Figura 5.15: Cálculo de assimetria da bacia do rio Jacaré-Guaçu pelo índice FSTT.

Como já visualizado no Fator de Assimetria da bacia, o FSTT reiterou o


deslocamento marcante do rio Jacaré-Guaçu para o setor Sul da bacia hidrográfica em quase
todo o seu curso, com exceção das áreas de cabeceira, com marcado deslocamento do eixo
central para a direita (0,78). Mesmo com a heterogeneidade litológica do restante do rio, o
basculamento da borda Norte reforça a assimetria do eixo do canal frente ao eixo médio.
Destacam-se os valores acentuados de 0,61 e 0,56 ainda nos setores de alta e média bacia,
onde flui pela formação Piramboia. Logo na sequência, o canal chega aos níveis mais
próximos do seu eixo ideal, com valores pouco significativos de deslocamento lateral (0,07;
0,02 e 0,03), sendo novamente deslocado para sua margem direita, até o seu exutório.
O afastamento da porção central pode indicar a influência mais significativa do
fator tectônico, uma vez que as falhas apontadas no esboço geológico e as feições lineares
73

interpretadas e expostas no mapa de lineamentos de drenagem apontam para tais elementos


geossistêmicos como importantes no condicionamento do rio Jacaré-Guaçu, assim como o
fator lito-estrutural, uma vez que a face direita do vale aluvial está limitada pelas rochas da
formação Serra Geral, mais resistentes ao deslocamento livre do canal fluvial. A presença de
trechos retilinizados do canal fluvial, mesmo em segmentos com desenvolvimento da planície
aluvial, estariam ligados à incisão mais pronunciada do leito até o substrato rochoso ou ainda
a controle neotectônico.
Destaca-se também a elevação mais pronunciada da margem direita quando
comparada às elevações da margem esquerda, confluindo os fatores lito-estruturais e
tectônicos na morfologia do canal.
No rio Jacaré-Guaçu, há um controle morfotectônico marcante em grande parte do
canal fluvial, com sequente orientação longitudinal do rio e quebras pontuais nos segmentos,
principalmente nos eixos NW e NE. Esse condicionamento, com destaque para o regime NW,
que orienta o mergulho regional das camadas, é visualizado em toda a bacia, conforme
apontam o mapa de lineamentos de drenagem e os diagramas de rosetas (Figuras 5.16 e 5.17).
As feições lineares da drenagem, além de serem condição herdada do embasamento prévio a
sua conformação, também se estabelecem em regimes neotectônicos. O mapa de lineamentos
mostra feixes lineares condicionando o movimento das margens do canal principal e o
direcionamento dos canais afluentes.
74

Figura 6.16: Mapa de lineamentos de drenagem da bacia hidrográfica do rio Jacaré-Guaçu.

Figura 5.17: Diagrama de Rosetas – número de lineamentos e comprimento total – da bacia hidrográfica do rio
Jacaré-Guaçu.
75

As orientações preferenciais dos canais fluviais, assim como a bacia do Jacaré-


Pepira, coincidem com as direções principais dos alinhamentos regionais indicadas pelos
autores já citados. Os trends NW e NE são bem marcados na bacia, com superior destaque ao
primeiro, conforme aponta o diagrama de número de lineamentos. Destaca-se o trend NE
quando observado pelo espectro de comprimento total, com marcada representatividade.
Apesar de reduzidas em número, as feições NE são bem marcadas em extensão.
A efetivação do controle morfoestrutural é visualizada também ao longo do
esboço geológico (Figura 5.18) e no perfil longitudinal.
Figura 5.18: Esboço geológico da bacia hidrográfica do rio
rio Jacaré-Guaçu.
Jacaré-Guaçu. 76
77

O perfil longitudinal do rio Jacaré-Guaçu, concatenado ao índice SL, relata


diversos processos de estabelecimento do canal fluvial sob os domínios do reverso das cuestas
e do Planalto Ocidental Paulista, especificamente pelo imbricamento dos fatores litológicos e
morfotectônicos (Figura 5.19).

Figura 5.19: Perfil longitudinal, índice SL e perfil logarítmico do rio Jacaré-Guaçu.

A rápida inflexão no trecho inicial do canal, entre as cotas 940 e 780, além de
marcar o entalhe natural dos cursos d’água nos interflúvios, também relata a diversidade
litológica presente. A alternância entre rochas das Formações Itaqueri e Botucatu nesse trecho
inicial, que se alonga por cerca de 4 quilômetros, é fator considerável na caracterização
longitudinal do canal fluvial e nos valores elevados do índice SL (alcance máximo de 929,68).
Devido à escala do mapa geológico, assim como acontece na bacia do rio Jacaré-Pepira, é
difícil precisar o contato das distintas litologias e seu impacto imediato no perfil longitudinal.
Após acentuado desnível topográfico — de aproximadamente 120 metros —, o rio
Jacaré-Guaçu passa a se estabelecer em patamares mais sutis, sob as rochas das Formações
Botucatu e Piramboia, com breve passagem por trecho da Formação Serra Geral. Esse
segmento, com presença de breves níveis de base locais, está presente no que Pinheiro (2014)
aborda como Depressão Tectônica do Jacaré-Guaçu. Essa área contrasta com o padrão
topográfico movimentado que se estende pelo reverso de cuestas no estado de São Paulo,
caracterizado pela rápida abertura da planície fluvial após momento de pronunciada incisão
fluvial sobre seu leito. Sua origem e sua extensão podem estar associadas e pertencer ao
mesmo processo de formação do “Varjão”, em trechos iniciais do rio Jacaré-Pepira.
78

Entre 620 e 600 metros, ruptura pontuada nos depósitos aluviais marca o perfil
longitudinal de forma pronunciada, com o maior valor do índice SL (2537,11) para toda a
extensão do rio Jacaré-Guaçu. Outra ruptura logo em sequência (índice SL de 520) contrasta
significativamente com o trecho posterior, com uma mudança brusca na declividade do canal
fluvial, que passa a desenvolver extensa planície de inundação sem alterações de topografia
nos 65 quilômetros finais de domínio dos depósitos aluviais. Assumindo a prerrogativa de que
a ruptura se localiza em substrato homogêneo e possui sucessivas curvas anômalas, a deflexão
do perfil pode estar associada à atividade tectônica, uma vez que esse setor está atrelado a
uma zona de cisalhamento e que pequenos adernamentos compõem o início do trecho com
deposição aluvial, conforme aponta Bjornberg (1969).
O padrão retilíneo e sinuoso, os rápidos e corredeiras refletem o controle do
substrato basáltico no setor subsequente, que se estende por 24 quilômetros, com destaque
para o desenvolvimento acentuado de alças sinuosas, porém com pouca mobilidade lateral.
Nesse setor, valores maiores correspondentes ao índice de gradiente (2537,11 em seu início e
494,07 em seu término) se apresentam em suas bordas, demarcando-as com nitidez.
O trecho enclausurado é então abandonado, dando lugar à planície fluvial de
grande extensão transversal (de 1 a 3 quilômetros) e longitudinal (63,2 quilômetros), que se
distribui pelos depósitos retrabalhados das Formações Piramboia e Botucatu e assume
estabilidade quanto aos valores do índice SL (com valor contínuo e abaixo de 175).
A última zona de anomalias discriminada no perfil se estende por 30 quilômetros
e contrasta com os segmentos a montante e a jusante. Destaca-se novamente o substrato
basáltico, condicionando a relação do canal fluvial com sua declividade, que se acentua nesse
trecho. Em conformidade novamente estão os índices de gradiente, que passam a ascender
com a descontinuidade do perfil, assumindo valores superiores aos registrados anteriormente
(230,79; 329,07 e 328,82).
Da cota 440 à 420, o perfil longitudinal não é mais afetado por rupturas, seguindo
padrão de assíntota longa até o exutório, mesmo percorrendo novo setor basáltico no trecho
final. Apesar de não apresentar mudanças no perfil e valores baixos e decrescentes no índice
SL, o canal fluvial altera novamente sua morfologia, assim como as características da planície
fluvial são novamente alteradas, em função do estrangulamento pela retomada do controle
litológico basáltico, ficando restritas a pequenos bolsões.
79

5.2.2 Transformações meândricas

O rio Jacaré-Guaçu mantém ao longo do seu vale aluvial diversas feições típicas
de um sistema meândrico que evoluiu ao longo do tempo da natureza e que ainda se
caracteriza pelo constante dinamismo. Assim como posto para o rio Jacaré-Pepira, a diferença
litológica que embasa o canal fluvial ao longo de seu curso propicia a caracterização de
diferentes padrões fluviais. Os setores retilinizados, com reduzida sinuosidade, curvas
angulosas e meandros encaixados, estão associados ao domínio dos basaltos da Formação
Serra Geral, condicionando a migração e o entalhe do canal fluvial, além de limitar os
processos de migração lateral.
O desenvolvimento de planícies de inundação mais proeminentes, com registros
reliquiais da dinâmica pretérita sustentados nos níveis de baixos terraços identificados (T1 e
T2), está associado à presença das formações Botucatu e Piramboia enquanto arcabouço
geológico. Nesses setores há planícies que se estendem transversalmente por mais de 3
quilômetros no baixo curso, quando assumem a sua maior amplitude, renovada pelos
depósitos de acresção lateral e vertical. Nesses setores, o canal fluvial do Jacaré-Guaçu se
comporta enquanto canal meandrante, parcialmente confinado pelos vales ou mesmo
lateralmente desconfinado, permitindo a divagação lateral.
Ao longo de todo o curso d’água, alternam-se trechos enclausurados, moldados
pela litologia do leito e das margens, e trechos desconfinados, livres para a evolução
meândrica do canal fluvial. A estrutura passa a ser elemento geossistêmico preponderante
nessa configuração.
Assim como identificado no rio Jacaré-Pepira, o rio Jacaré-Guaçu dispõe de 2
níveis de baixos terraços (T1 e T2), associados a momentos distintos da evolução fluvial
local. Essas feições se estabelecem entre 4 e 6 metros para o nível T1 e de 7 a 10 metros para
o nível T2 e têm sua máxima expressão nos últimos 60 quilômetros, antes de o rio percorrer
novamente os terrenos da Formação Serra Geral e ter sua foz conectada às águas do rio Tietê
Três setores também foram selecionados ao longo do rio Jacaré-Guaçu para
explicitar sua dinâmica evolutiva, e se juntam aos 13 setores mapeados (Figura 5.20)
explicitados no Anexo II para a interpretação dinâmica recente do rio Jacaré-Guaçu nos
momentos de 1962 e 2012.
80

Figura 5.20: Setores mapeados em detalhe para análise e interpretação dos mecanismos de alteração meândrica.

O setor 1 (Figura 5.21) retrata o segmento mais a montante dos três


exemplificados. O desenvolvimento da planície fluvial já se estabelece de forma plena, com o
desenvolvimento proeminente dos níveis de terraços marcados também por depósitos
residuais de canal.
81

Figura 5.21: Morfodinâmica do rio Jacaré-Guaçu (Seção 1) correspondente a análise e interpretação dos produtos
orbitais e não orbitais (1962-2012).
82

Esse setor se caracteriza pela marcada preponderância do desenvolvimento dos


baixos terraços fluviais na margem esquerda do canal, com expressivo desenvolvimento das
alças meândricas abandonadas, ocorrendo mais proeminentemente no nível T1 e ainda com
cicatrizes mais rarefeitas no nível T2.
Os depósitos residuais da dinâmica pretérita se fazem presentes nessas feições,
com seixos que apontam para condições hidrodinâmicas de maior energia e com clastos de
tamanho considerável frente aos depósitos de canal atual, revelando outro arranjo de
processos.
A presença de vales lateralmente desconfinados permitiu ao canal meandrante,
pela constante migração e pelo abandono de meandros, o desenvolvimento de vale aluvial
com nítidos registros de incisão e abandono do canal. A construção dessa feição em patamares
e com diferentes unidades geomórficas remete a distintos limiares geomorfológicos
influenciados por condições alogênicas. Nesse setor, onde o rio adquire características
aluviais, a planície fluvial chega a se estender por 1500 metros, contrastando com o calibre
atual do canal fluvial.
Outro fator importante na caracterização do segmento é o controle
morfotectônico, capaz de orientar os setores preferenciais de curso do rio Jacaré-Guaçu e seus
afluentes, orientados sobretudo no sentido NW e NE. Localmente, o eixo NE assume grande
importância, associado ao controle ativo e passivo do direcionamento do canal, já que as
feições se associam à transição litológica, mas também pontuam setores de litologia
homogênea. Os próprios canais afluentes nesses segmentos assumem forma retilínea.
O enfoque dinâmico das modificações recentes no segmento se deu pelos
processos de rotação, translação, extensão e cortes de pedúnculo. Os dois momentos (1962 e
2012) indicam considerável dinamicidade do rio Jacaré-Guaçu, com cortes de meandros
complexos e demais mecanismos de modificação em sistemas não lineares. Nesse setor, o
canal divaga em vale desconfinado, deslocado em grande parte para sua margem direita.
O setor 2 (Figura 5.22), intermediário aos analisados, se estabelece logo após a
faixa de arcabouço basáltico. A planície fluvial tem sua extensão transversal reduzida, quando
comparada ao setor 1 a montante; mesmo assim, apresenta os níveis T1 e T2 de baixos
terraços fluviais.
83

Figura 5.22: Morfodinâmica do rio Jacaré-Guaçu (Seção 2) correspondente a análise e interpretação dos produtos
orbitais e não orbitais (1962-2012).
84

O canal fluvial passa a apresentar meandros simples e isolados e segmentos sem


grandes inflexões. As feições geomórficas também têm alcance reduzido, uma vez que há
poucos registros de meandros abandonados e lagos em ferradura presentes nos níveis de
baixos terraços, assim como no cinturão meândrico atual.
O canal divaga momentaneamente integrado à parede do vale na margem direita,
ora integrado e restrito à margem esquerda do vale, em planície fluvial que varia entre 250 e
875 metros. A limitação imposta pelo vale parcialmente confinado reduziu de forma efetiva o
alargamento da planície nesse setor.
O condicionamento dessas características passa pelo controle estrutural e
tectônico, já que esse segmento se localiza em zona posterior aos basaltos, sendo essa
transição marcada pela presença de falhas NW, tendo inclusive mudança de características do
canal presente no próprio setor individualizado.
Integrando a análise, nesse setor houve datação de nível de baixo terraço (T1)
também para discussões quanto ao deslocamento vertical e lateral do rio Jacaré-Guaçu.
Localizado a cerca de 5 metros do atual nível da planície de inundação, o baixo terraço fluvial
apresenta morfologia típica dessa feição, embora em campo o nível T2 (conforme mapeado)
não tenha sido individualizado de forma clara.
O depósito fonte para coleta (21º52'12.42''S, 48º31'11.56''W) apresenta processos
de alteração dos sedimentos que, pela entrada constante de água no sistema, devido ao clima e
às condições topográficas, passam a integrar o processo de pedogênese (Figura 5.23). A idade
absoluta da datação (Tabela 5.2) indica ponto referencial da dinâmica pretérita e atual da
forma e do depósito datado (a 80 cm da superfície), combinando os papeis do clima, da
vegetação e da morfologia da paisagem, componentes geossitêmicos integradores da
paisagem.
85

Figura 5.23: Ponto de coleta para datação por LOE e morfologia local. Fotos: Kléber C. Lima.

Tabela 5.2: Datação absoluta por LOE no baixo terraço fluvial (T1) do rio Jacaré-Guaçu.

Dose anual Desvio


Profundidade Local P (Gy) Idade (anos)
(µGy/ano) Padrão
Jacaré-Guaçu
Ponto 2 0,80 metros 1.050 +/- 170 3,7 0,35 3.550 +/- 755
(B. Terraço – T1)

No setor, foram poucos os mecanismos de alteração do canal nos momentos


analisados, sendo somente identificados processos de rotação, extensão e encurtamento, sem
nenhum corte de pedúnculo. Essa característica local de escassa alteração pode estar
vinculada ao controle morfotectônico, já que mesmo as feições meândricas abandonadas
seguem em locais específicos, além de essas cicatrizes também serem rarefeitas na faixa
meândrica.
Por fim, o setor 3 (Figura 5.24) corresponde à porção longitudinal do rio com
maior desenvolvimento do vale aluvial, marcada pelas grandes alças meândricas sustentadas
nos níveis de baixo terraço, indicando momentos distintos das condições hidrodinâmicas.
86

Figura 5.24: Morfodinâmica do rio Jacaré-Guaçu (Seção 3) correspondente a análise e interpretação dos produtos
orbitais e não orbitais (1962-2012).
87

Com destaque para o grande desenvolvimento da planície fluvial, com níveis


extensos de baixos terraços, o segmento exemplificado evidencia o deslocamento gradual do
rio Jacaré-Guaçu para sua margem direita. O vale aluvial chega a 2.500 metros em sua maior
amplitude transversal, pouco inferior aos 3.000 metros presentes no trecho seguinte, pouco
antes de o canal ser novamente controlado pelos basaltos.
Destaca-se a proeminência das alças meândricas sustentadas, sobretudo, no nível
T1 dos terraços. O nível T2, por estar em processo de dissecação, não apresenta registros tão
claros de canal ou de meandros reliquiais. O calibre dessas feições difere substancialmente
das encontradas na faixa meândrica ativa, indicando possível condição de
subdimensionamento e diferente ação dos elementos físicos da paisagem, capazes de fornecer
matéria e energia para o sistema rio-planície.
A principal ação estrutural nesse setor foi a presença de feições lineares NW,
inclusive visualizada no setor médio para o final desse segmento, inibindo o desenvolvimento
dos meandros complexos iniciais.
Os mecanismos recentes de modificação de meandros também estão presentes,
apontando para movimentos de rotação, crescimento, redução das curvas meândricas e
cutoffs. Os meandros complexos ganham projeção e destaca-se a mobilidade de suas curvas
com sinuosidade elevada.
88

6. DISCUSSÃO

A dinâmica expressa na paisagem e analisada nos diversos segmentos mapeados,


nas formas pretéritas e atuais, revela alterações nas variáveis físicas desses sistemas fluviais
em diferentes escalas de tempo.
A dimensão das formas características da planície fluvial, pré-atuais e atuais,
demonstra novo ritmo de retrabalhamento pelo canal fluvial. Meandros abandonados em
zonas mais distais, sustentados em níveis dos baixos terraços (T1 e T2), destoam do calibre
dos meandros e cicatrizes das porções mais proximais do curso atual, sendo estas, em grande
parte, inferiores em raio e largura. Tais características são mais perceptíveis ao longo do rio
Jacaré-Guaçu, sobretudo no baixo curso, quando a planície fluvial toma grandes proporções
sobre os depósitos do substrato arenítico das Formações Botucatu e Piramboia. As planícies
fluviais presentes ao longo de ambos os rios e em diferentes segmentos foram moldadas e
ampliadas em períodos de alargamento dos loops meândricos, aproveitando-se do
embasamento mais tenro dos arenitos, em contraste com os setores enclausurados pelas rochas
da Formação Serra Geral, que acabaram por inibir os processos de migração lateral e
ampliação das curvas dos rios.
A discrepância visualizada pontualmente entre antigos, recentemente
abandonados e atuais meandros pode refletir características de subdimensionamento, como
exposto por Dury (1964; 1965) e discrepância largura-sinuosidade, discutida por Chang
(1984) e Wray (2009), embora os processos de subdimensionamento encontrados por esses
autores sejam mais evidentes e mais discrepantes do que os visualizados nos rios estudados.
Apesar dos trechos drenados artificialmente nas porções de médio e baixo curso
da planície de inundação do Jacaré-Guaçu e do Jacaré-Pepira, parte das marcas típicas da
dinâmica fluvial permanece, indicando fluxos paleohidrológicos que resistiram ao
redimensionamento da geometria fluvial. Os drenos são sobrepostos aproveitando, inclusive,
direções passadas do canal principal. Esses depósitos mal e imperfeitamente drenados, antigos
leitos e formas anexas marcados pelas novas configurações do vale mascaram as dimensões e
formas pretéritas do rio.
Em ambos os rios, meandros abandonados de tamanho superior aos postos hoje
estão presentes na paisagem fluvial, ora mais rarefeitos e pobremente preservados, ora mais
evidentes e com morfologia típica. A ação efetiva dos processos de drenagem; a expansão da
89

agricultura nos baixos terraços, que chegam a ocupar limites próximos à planície de
inundação; ou mesmo o estabelecimento diferencial dos limiares geomorfológicos acabam por
remodelar tais formas. A estrutura em degraus da planície fluvial, demarcada pelos baixos
terraços fluviais, permite inferência sobre pelos menos dois rompimentos de limiar ou dois
ciclos de incisão do talvegue, conforme o equilíbrio metaestável abordado por Schumm
(1977), ao considerarmos os terraços como formas condizentes a outro panorama físico para a
área.
Canais fluviais próximos, como o Pardo e Mogi-Guaçu, não possuem visualmente
registro de resposta análoga às modificações identificadas nos rios Jacaré-Pepira e Jacaré-
Guaçu. A presença de meandros pretéritos e atuais com diferentes dimensões indicaria ação
contrastante dos fatores físicos atuantes, como os fatores litológicos e ação (neo) tectônica,
que exerceram influência localizada nesses sistemas fluviais. Rios sob condições climáticas
parelhas, no entanto, podem não responder da mesma forma. Meandros abandonados mais
proeminentes, como registros hidrodinâmicos pretéritos de magnitude superior, podem
corresponder a limiares geomorfológicos diferenciados, como possivelmente delinearam ao
rio Jacaré-Pepira e principalmente ao rio Jacaré-Guaçu.
Tomando como base Van Der Berg (1995) e Vanderberghe e Woo (2002), é
natural que as transformações ocorridas nos últimos 50 anos não sejam vinculadas à mudança
climática, mas às adaptações dos rios a outros fatores, como mudanças de descarga e aporte
de material sedimentar. No trecho inferior do rio Jacaré-Pepira, a construção do reservatório
de Ibitinga pode ter sido fator considerável nos ajustes do canal nas ultimas décadas. A
modificação recente pode representar um pulso climático diferenciado, capaz de alterar as
descargas e a chegada de material até o canal fluvial. Na escala do tempo do homem (ou
tempo histórico), o fator climático é posto como um papel ainda não preponderante de
condicionamento das alterações visualizadas e pode corresponder a momento de desequilíbrio
ou equilíbrio dominantemente instável em ambos os rios, concepções estas ligadas a Renwick
(1992), Scheidegger (1992) e Phillips (1992a; 1992b).
Ao longo da planície fluvial, meandros abandonados se apresentam em diferentes
estágios de agradação, dos lagos em ferradura recentes, que ainda mantém suas dimensões de
abandono, assim como de meandros colmatados e em processo final de deposição de finos,
marcando diferentes temporalidades da dinâmica fluvial e pelo menos três gerações de
meandros.
90

Formas alçadas nos dois níveis de terraços e presentes atualmente na faixa


meândrica evidenciam o processo morfodinâmico do canal, revelando os processos de
morfogênese dessas unidades geomórficas e o processo de abandono e incisão do talvegue,
capaz de explicitar a planície fluvial com cinturões meândricos multigeracionais. As formas
presentes, mesmo nos níveis de terraços, apontam para a evolução de um sistema meândrico,
uma vez que as feições reliquiais apresentam morfologia típica desses padrões. A confluência
dos elementos geossistêmicos na configuração dos canais é observada na sobreposição de
temporalidades e processos capazes de formar níveis de baixos terraços e setores
estruturalmente e tectonicamente controlados.
O deslocamento dos canais fluviais da posição central da bacia, admitido pela
aplicação do índice de assimetria da bacia e do fator de simetria topográfica transversa, aponta
para direções prevalecentes de deslocamento de determinados setores do canal. O rio Jacaré-
Guaçu tem seu curso deslocado de forma mais pronunciada para sua margem direita (direção
Norte), principalmente no baixo curso, assim como o rio Jacaré-Pepira tem prevalência de
deslocamento para sua margem esquerda (direção Sul) no baixo curso. Analisando o canal
fluvial e suas temporalidades registradas sistematicamente nos níveis de baixos terraços, há
nitidamente uma preponderância dessas formas na margem esquerda e o deslocamento dos
rios para a margem direita da planície aluvial.
A distribuição assimétrica dos canais ao longo do vale reporta movimentos de
deslocamento preferencial do rio Jacaré-Guaçu ao longo do tempo da natureza, evidentes na
maior presença das feições em uma das margens, enquanto que no rio Jacaré-Pepira, apesar da
presença maior das feições em margem especifica (esquerda), mudanças bruscas de direção
do canal, meandros encaixados e isolados e angularidade da drenagem parecem confluir com
feições lineares que definem as direções e mudanças abruptas das curvas. Essa migração
lateral mais marcante para uma das margens, somada aos demais fatores, pode indicar a ação
efetiva de controles tectônicos e estruturais, conforme destacaram Peakall et al. (2000) e
Charlton (2007), condicionando blocos altos e blocos abatidos e a presença das próprias
planícies fluviais.
Há, no caso do rio Jacaré-Guaçu, sobretudo no trecho aluvial final, marcada
presença dos níveis de terraços (T1 e T2) na margem esquerda, inclusive já em processo de
dissecação, ao contrário da margem direita, que se constitui basicamente da faixa meândrica
atual. A morfogênese da planície fluvial, com seus níveis identificados de baixos terraços,
91

corrobora para a explanação dos elementos geossistêmicos que acabaram por controlar os
processos e definir as formas presentes durante o Quaternário.
A presença de cascalhos por volta de 1 metro de profundidade em baixos terraços,
encontrados nos trabalhos de campo nos rios Jacaré-Pepira e Jacaré-Guaçu, e por Santos
(2011) neste último rio, pode ser explicada pela evolução e deslocamento do leito dos canais
fluviais lateral e verticalmente e, dado o calibre dos clastos, apontar para regimes hidrológicos
diferenciados, especialmente pelos constantes e diferentes pulsos climáticos ocorridos desde o
Pleistoceno Superior — conforme idades encontradas neste trabalho e por outros autores em
datações por LOE.
Chuvas concentradas e intensas e fluxos superficiais de alta energia podem ter
sido atuantes na quantidade e no tamanho dos clastos encontrados, refletindo estágios
hidrológicos distintos dos estabelecidos atualmente. A diferenciada ação dos elementos
físicos, atrelada, por exemplo, a condições outras de percolação d’água por canais fluviais
efêmeros, pode estar associada a um clima mais seco que o atual e, posteriormente, à
transição para clima quente e úmido.
Uma das questões suscitadas também é a da possível vegetação rarefeita no
período, que proporcionou fluxos de runoff e chegada de clastos de maior porte ao canal. A
agradação do vale e o calibre dos detritos inerentes a tais processos indicam a formação de um
quadro de evolução da paisagem decorrente de uma constituição física diferente da atual.
Essa constituição diferenciada retrata uma sucessão de oscilações climáticas ao
longo do Pleistoceno Superior e do Holoceno, com destaque para condições mais secas na
transição entre Pleistoceno e Holoceno (18.000-8.500 AP), com transições de clima úmido no
Holoceno Médio (6.000 a 3.500 AP), e pulso climático seco no Holoceno Superior (3.500 a
2.500 AP) quando comparados às condições atuais, além do definitivo estabelecimento de um
clima quente e úmido, em especial, a partir de 1.500 AP (STEVAUX, 1994; STEVAUX,
2000; BEHLING, 2002), que ajudou na morfogênese do vale aluvial.
Em áreas de canais meandrantes, onde se têm evidências de formas associadas a
migração e incisão do canal, muitas vezes não é possível identificar o mesmo evento
distribuído de forma constante ao longo do vale ou mesmo na bacia. A dinâmica natural do rio
pode ter apagado o registro, assim como setores específicos podem responder de maneira
diferente ao restante do curso d’água. No caso singular da datação por LOE, o ponto se
mostra válido para discussão sobre o deslocamento lateral do rio Jacaré-Pepira pela idade do
material de recobrimento da antiga cascalheira em nível atual de baixo terraço, não se
92

abrindo, por exemplo, à evolução geomorfológica do canal fluvial como um todo. A idade
encontrada para o nível T2 é condizente com datações próximas efetuadas por Celarino et al.
(2013), na bacia do rio Mogi-Guaçu, e Santos (2011), na bacia do Jacaré-Guaçu, para níveis
condizentes de entalhamento do talvegue, abandono de meandro e nível de baixo terraço.
Datações efetuadas por Morais (2015) nos baixos terraços do rio do Peixe revelam
abandono do canal no Holoceno Tardio (3500 A.P.), com idade muito próxima da encontrada
no nível T1 do rio Jacaré-Pepira. No caso do rio do Peixe, o soerguimento da margem direita
propiciou migração direcionada para a margem esquerda, tendo os terraços dessa margem
atividade erosiva reduzida quando comparados aos da margem oposta. Atividade semelhante
pode ter levado à diferença de depósitos aluviais nas margens opostas dos rios Jacaré-Pepira e
Jacaré-Guaçu. A migração preferencial pela possível ação subsuperficial condiz com os
índices morfométricos aplicados, assim como com a maior dissecação dos baixos terraços na
margem esquerda dos rios Jacaré-Pepira e Jacaré-Guaçu. Os índices morfométricos e as
imagens orbitais utilizadas apontam para a presença de blocos adernados em ambas as bacias
hidrográficas, com respostas diferenciadas. Aparentemente os trends NE limitam os blocos e
os trends NW teriam no comportamento rúptil a movimentação.
O tectonismo e o controle estrutural são fatores presentes na área, conforme
apontam Fulfaro et al. (1967), Bjornberg (1969), Paraguassu et al. (1974), Riccomini (1995;
1997), Ladeira e Santos (1996) e Santos e Ladeira (2006), repercutindo diretamente na
morfologia e na morfodinâmica dos canais analisados, se colocando também como grandes
agentes estruturadores do relevo localmente, agindo na formação do Varjão e controlando
setores do canal principal do rio Jacaré-Guaçu. Falhas e heterogeneidades litológicas marcam
a passagem de canais tortuosos e retilíneos para canais meandrantes sob leito aluvial, e
parecem ser tais fatores os principais elementos — inseridos no elemento geológico na análise
geossistêmica — a influenciar a morfodinâmica dos rios Jacaré-Pepira, Jacaré-Guaçu e seus
respectivos afluentes. Assim, a morfoestrutura e a morfotectônica se alinham na definição e
no controle local.
As falhas de direção NW-SE que se prolongam pela Bacia Sedimentar do Paraná,
decorrentes do regime tectônico derivado do deslocamento da plataforma Sul-americana, e
que segmentam a rede de drenagem consequente do estado de São Paulo, influenciam
localmente o canal principal do rio Jacaré-Pepira pelo eixo estrutural do Tietê e considerável
segmento do rio Jacaré-Guaçu, além de influenciarem também o estabelecimento dos
afluentes desses rios, sobretudo aqueles estabelecidos na margem esquerda do rio Jacaré-
93

Pepira. A influência neotectônica também se efetiva no processo de deformação e em


distintos processos de deposição pós estabelecimento da Formação Itaqueri e da Superfície
Sul-Americana, além da deformação das crostas lateríticas e ferruginosas que capeiam boa
parte dos setores a montante de ambos os canais, seguindo a direção NW-SE e NE-SW,
mesma direção predominante das feições lineares de ambas as bacias hidrográficas. O
controle do relevo e da drenagem se alinha, assim, ao mergulho sub-horizontal das camadas
(NW), e a manifestações tectônicas e neotectônicas capazes de indicar as estruturas rúpteis,
com destaque para os regimes NW e NE.
No transcurso dos rios estudados, nitidamente há dois blocos de características
dos canais: aqueles sob influência marcante da litologia basáltica e os aluviais desconfinados
que correm retrabalhando seus depósitos. Em seções dominadas pelo substrato basáltico, os
canais se configuram como canais retos e meândricos confinados que, pela prevalência do
leito rochoso e das paredes do vale, conferem maior estabilidade das curvas e menor taxa de
migração, como caracterizado por Nicoll e Hickin (2010). A alternância litológica ao longo
dos canais propicia morfodinâmica singular a cada trecho dos rios.
Os índices morfométricos relatam o estreitamento entre as características em
planta dos canais fluviais e seus indicadores quantitativos. Estes relataram a relação entre os
fatores controladores (litologia e tectônica) na tipologia estabelecida pelos rios Jacaré-Pepira e
Jacaré-Guaçu. Particularmente em locais em que o substrato possui maior rigidez, os valores
do índice SL são mais elevados e o perfil longitudinal se apresenta com sequentes rupturas e
inflexões. As anomalias, alterações que fogem ao padrão normal do perfil longitudinal, ou
mesmo o alargamento e o estreitamento do canal localmente, visualizados ao longo perfil,
como no caso do “Varjão” e das sequências de quedas e rupturas, marcam a influência
litológica e a ação rúptil do substrato. A proximidade com o leito rochoso basáltico e seus
padrões de fratura se mostraram significativos para os desvios súbitos dos rios, sendo o perfil
longitudinal deformado por efeito da inclinação, conforme posto por Holbrook e Schumm,
1999.
Feições com diferentes graus de agradação, perceptíveis nas imagens orbitais e
não orbitais, expõem a divagação do canal muito além dos limites marginais do cinturão
meândrico posto atualmente. A ação alogênica, tomada aqui a variável climática como agente
nessa configuração das formas fluviais na planície fluvial, pode se unir à ação autogênica,
uma vez que os meandros com sinuosidade muito elevada tendem ao corte como medida
natural de ajuste, embora seja uma relação complexa e que envolve outros fatores (HOOKE,
94

2007b). Como fatores, a atuante ação agropecuária, o afogamento e o represamento da parte


final do rio Jacaré-Pepira pela construção do reservatório podem exercer ação determinante
no balanço sedimentar recente e contribuir para o recondicionamento do rio nestes últimos 50
anos.
Modificações mais ou menos proeminentes, mesmo em escala de tempo reduzida
(entre os momentos 1962 e 2012), aumentam e diminuem a retilinidade e a sinuosidade por
meio dos processos de modificação de curvas meândricas, como as descritas por Hooke
(1984; 2010) e Zancopé et al. (2009).
A sobreposição de processos na planície fluvial do rio Jacaré-Pepira pode ser
visualizada em planta nos mapas expostos no capítulo anterior. Há, assim, uma dinâmica
muito complexa a que somente o canal atual não responde, com formas herdadas e estádios
pretéritos de evolução das formas fluviais, explicados aqui pela transposição de estádios de
equilíbrio, rompendo limiar geomorfológico em que as antigas planícies passam a se dispor
em nível superior, denominadas posteriormente de baixo terraço fluvial.
O canal fluvial se modifica por distúrbios alogênicos e/ou autigênicos. A partir da
correlação metafórica com o padrão de equilíbrio, como posto por Bracken e Wainwright
(2006), alegamos a presença de múltiplos equilíbrios dados as formas e processos ainda
presentes na paisagem da área de estudo, que acabam por envolver a capacidade transitória e
instável dos sistemas naturais, diferentes da invariabilidade de tendência dos sistemas em
estarem sempre em busca do equilíbrio. A evolução dos sistemas dinâmicos é marcada pelas
diversas descontinuidades — limiares para Schumm (1977) e bifurcações para Phillips
(1992b) —, cujas respostas não levam o sistema a uma condição prévia, mas sim a um estado
de desequilíbrio constante, até o estabelecimento de novo estado.
Em rios meandrantes, como em grande parte assumida como tipologia dos rios
estudados, a dinâmica recente aponta para respostas atreladas à auto-organização, uma vez
que há redução das alças meândricas pelo mecanismo de cutoff, o mais presente na análise dos
dois momentos analisados, reduzindo sua sinuosidade. A não-linearidade e a auto-organização
são atribuídas aos sucessivos cortes de pedúnculos como resposta à sinuosidade crescente, não
estabelecendo relação espacial capaz de direcionar o canal a padrões de equilíbrio.
Aparentemente, nos momentos fixados para análise dinâmica, o aumento da complexidade
dos meandramentos refletiu em avanços na desorganização desses sistemas impostos por
fatores autogênicos, mesmo em reduzida escala temporal.
95

Credita-se importante papel da análise do equilíbrio em geomorfologia para o


reconhecimento de padrões e dos elementos que acabam por controlar os sistemas naturais,
embora a visão clássica nos pareça reduzir a complexidade dos sistemas naturais, tornando-os
mecânicos e não dinâmicos, e que tendem a fugir de um funcionamento ideal. Mesmo nos rios
estudados, com comportamento próximo de evolução, há diferenças de ajustamento dos
canais, como mecanismos variados e respostas diferenciadas.
Assim, entende-se o equilíbrio de forma metaforizada, conforme abordam
Bracken e Wainwright (2006), ou mesmo Phillips (1992b), com a tomada do equilíbrio
clássico como ponto de partida para a interpretação da dinâmica da paisagem, já que as
escalas temporais e espaciais não são estáticas e eventos espasmódicos (perturbações) não
previstos aumentam consideravelmente a complexidade da própria dinâmica fluvial. O estado
de equilíbrio, dados os limiares diferenciados dos elementos geossistêmicos, a não-linearidade
das modificações e os fatores autogênicos, é exceção na natureza, pois responde a um modelo
ideal do arranjo das formas e processos, tendo como estados mais facilmente encontrados na
natureza os de desequilíbrio e de não-equilíbrio, sendo os sistemas, na maioria das vezes,
complexos instáveis. Os elementos físicos que compõem o sistema, apesar de terem inter-
relação intrínseca, não coincidem temporalmente com os mesmos estados de equilíbrio.
Meandros abandonados, lagoas de decantação e segmentos fluviais abandonados
ainda presentes na paisagem poderiam apontar para a conectividade das formas, porém, pelo
processo natural de acresção lateral e vertical da planície de inundação e pelos processos de
dissecação e deposição, somada ainda a dificuldade de identificar feições em áreas de
vegetação mais adensada, como os estratos arbóreos nos diques marginais e outras com
marcada presença de água, não tivemos a capacidade de unir esses segmentos de forma mais
abrangente. Assim, nem todas as formas puderam ser identificadas e mapeadas como formas
típicas, porém tais erros no processo são decorrentes muito em função dos argumentos
supramencionados, mesmo com o uso de produtos orbitais e não-orbitais com considerável
resolução espacial.
96

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Levando-se em consideração o enfoque dinâmico e evolutivo para os rios Jacaré-


Pepira e Jacaré-Guaçu, é salutar entendermos que há temporalidades singulares para cada
arranjo de elementos físicos que compõe os sistemas naturais e que, dada a dinamicidade
destes, a inter-relação se dá de maneira complexa.
Ao considerarmos os canais fluviais como arranjos de relações não lineares e
instáveis, cujas alterações se processam por rupturas de limares geomorfológicos, foi possível
associar a morfodinâmica pretérita e a atual sob a perspectiva do equilíbrio geomorfológico,
com a predominância dos estádios de desequilíbrio, não equilíbrio e equilíbrio meta-estável.
É característico para os canais fluviais do Jacaré-Pepira e do Jacaré-Guaçu a
preponderância dos fatores alogênicos na elaboração da morfologia dos rios e nas formas
anexas, destacando-se os fatores lito-tectônico e climático. O primeiro, de forma ativa e
passiva, na orientação do canal, em mudanças bruscas de orientação das curvas, na abertura
do vale e na divagação lateral dos rios, fatores já considerados nos objetivos do trabalho, cuja
correspondência pôde ser melhor avaliada pelos parâmetros morfométricos. O segundo,
correspondente às alterações de pluviosidade e temperatura ao longo do Quaternário, se
mostrou suficiente para o remodelamento da planície fluvial e do estabelecimento de
cinturões meândricos multigeracionais, visualizados na diferença das formas reliquiais frente
às estabelecidas atualmente.
Mesmo em escala recente, abordada em momentos pontuais (1962 e 2012), há
nítida ação de mecanismos de modificação dos meandros, com a redução de sinuosidade pari
passu a presença ainda marcante de meandros compostos, indicando a ação de adaptações a
mudanças de descarga e de aporte de material sedimentar ou ainda à ação autogênica.
As datações absolutas por LOE, embora escassas, apontam para momentos de
rompimento de limiares em ambos os canais fluviais e para idades que apontam para dois
momentos de aprofundamento do talvegue, correspondentes aos dois níveis de terraços
fluviais. Maiores explanações sobre as idades de abandono e evolução das formas locais
poderiam subsidiar ainda mais a interpretação dos estádios de desenvolvimento de ambos os
canais fluviais, já que essa metodologia, associada às demais empregadas, se mostrou
conveniente para cumprir os objetivos iniciais, sustentar a hipótese levantada e a discussão da
evolução dos sistemas fluviais sob o enfoque dinâmico e evolutivo.
97

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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22°19'0"S

04 03

48°22'0"W 48°21'0"W 48°20'0"W 48°19'0"W 48°18'0"W 48°17'0"W 48°16'0"W 48°17'0"W 48°16'0"W 48°15'0"W 48°14'0"W 48°13'0"W 48°12'0"W

$ 22°12'0"S $ 22°15'0"S

22°13'0"S
22°16'0"S

06 05

48°28'0"W 48°27'0"W 48°26'0"W 48°25'0"W 48°24'0"W 48°23'0"W 48°25'0"W 48°24'0"W 48°23'0"W 48°22'0"W 48°21'0"W 48°20'0"W

$ 22°6'0"S
$ 22°9'0"S

22°10'0"S

22°7'0"S

08 07

48°38'0"W 48°37'0"W 48°36'0"W 48°35'0"W 48°34'0"W 48°33'0"W 48°33'0"W 48°32'0"W 48°31'0"W 48°30'0"W 22°2'0"S 48°29'0"W 48°28'0"W

$ 22°0'0"S
$ 22°3'0"S

48°28'0"W

22°4'0"S

22°1'0"S

10

48°44'0"W 48°43'0"W 48°42'0"W 48°41'0"W 48°40'0"W 48°39'0"W 48°43'0"W 48°42'0"W 48°41'0"W 48°40'0"W 48°39'0"W 48°38'0"W

$ $ 21°57'0"S

21°56'0"S

21°58'0"S

21°57'0"S

12

48°50'0"W 48°49'0"W 48°48'0"W 48°47'0"W 48°46'0"W 48°45'0"W

0 1,5 3 6 km
Legenda 1:30.000

Base: Imagens Rapideye, CBERS 2B e SRTM/Topodata


Jacaré-Pepira (2012) Fotografias aéreas (1962)
Jacaré-Pepira (1962)
Projeção Universal Transversa de Mercator
Feições fluviais (1962-2012) Coordenadas: UTM
21°54'0"S

Planícies fluvial Datum: WGS-1984

Elaboração: Éverton Vinícius Valezio, 2016


Altitude (m) Orientação: Prof. Dr. Archimedes Perez Filho
1040
Apoio: Financiamento:

400

$
21°55'0"S

13
48°3'0"W 48°2'0"W 48°1'0"W 48°0'0"W 47°59'0"W 47°58'0"W 47°58'0"W 47°57'0"W 47°56'0"W 47°55'0"W 47°54'0"W 47°53'0"W

$ 22°6'0"S
$
22°9'0"S

22°7'0"S

22°10'0"S

Fluxo

02 01

48°10'0"W 48°9'0"W 48°8'0"W 48°7'0"W 48°6'0"W 48°5'0"W 48°9'0"W 48°8'0"W 48°7'0"W 48°6'0"W 48°5'0"W 48°4'0"W

$ $ 22°3'0"S

22°2'0"S

22°4'0"S

22°3'0"S

04 03
48°10'0"W 48°9'0"W

48°16'0"W 48°15'0"W 48°14'0"W 48°13'0"W 48°12'0"W 48°11'0"W 48°12'0"W 48°11'0"W 48°10'0"W 48°9'0"W 48°8'0"W 48°7'0"W

$ $ 21°59'0"S

21°56'0"S

22°0'0"S

21°57'0"S

06 05

48°24'0"W 48°23'0"W 48°22'0"W 48°21'0"W 48°20'0"W 48°19'0"W 48°18'0"W 48°17'0"W 48°16'0"W 48°15'0"W 48°14'0"W 48°13'0"W

$ $ 21°53'0"S

21°52'0"S

21°54'0"S

21°53'0"S

08 07

48°36'0"W 48°35'0"W 48°34'0"W 48°33'0"W 48°32'0"W 48°31'0"W 48°30'0"W 48°30'0"W 48°29'0"W 48°28'0"W 48°27'0"W 48°26'0"W 48°25'0"W 48°24'0"W

$ $ 21°50'0"S

21°51'0"S

21°51'0"S

21°52'0"S

10 09 21°52'0"S

48°47'0"W 48°46'0"W 48°45'0"W 48°44'0"W 48°43'0"W 48°42'0"W 48°41'0"W 48°40'0"W 48°39'0"W 48°38'0"W 48°37'0"W 48°36'0"W

$ $ 21°50'0"S

21°50'0"S

21°51'0"S

21°51'0"S

12 11

48°53'0"W 48°52'0"W 48°51'0"W 48°50'0"W 48°49'0"W 48°48'0"W

$ Legenda
0 1,5

Base: Imagens Rapideye, CBERS 2B e SRTM/Topodata


1:30.000
3 6 km

Jacaré-Guaçu (2012) Fotografias aéreas (1962)


Jacaré-Guaçu (1962)
Projeção Universal Transversa de Mercator
Feições fluviais (1962-2012) Coordenadas: UTM
21°50'0"S

Planícies fluvial Datum: WGS-1984

Elaboração: Éverton Vinícius Valezio, 2016


Altitude (m) Orientação: Prof. Dr. Archimedes Perez Filho
1020
Apoio: Financiamento:

400
21°51'0"S

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