Você está na página 1de 16

09/12/2020 Roteiro de Estudos

Teoria Geral do Direito Constitucional

Roteiro de
Estudos
Autor: Ma. Juliana Fabbron Marin
Revisor: Esp. Larissa Gonçalves

Este roteiro de estudo apresentará e aprofundará alguns pontos relativos a conteúdos


fundamentais no que tange à Teoria Geral do Direito Constitucional. O objetivo da
apresentação desta matéria é expor as especi cidades de cada um dos aspectos ligados a essa
temática, ressaltando os principais pontos sobre cada um dos itens, assim como a
apresentação de indicações de leitura que contribuirão para aperfeiçoar o conhecimento
acerca dessa matéria. Propõe-se, portanto:

a apresentação do conceito, objeto e elementos da Constituição;


a compreensão acerca das classi cações das constituições;
o entendimento mais aprofundado sobre o poder constituinte e seus desdobramentos;
a apresentação da temática sobre emendas, reformas e revisão constitucional;
a exposição dos princípios constitucionais e aplicabilidade das normas.

Introdução
Quais conceitos, objetos e elementos que compõem a Constituição? Como as constituições
podem ser classi cadas? Quem possui o poder de criar uma Constituição e alterá-la? Existem
limitações previstas na própria Lei Maior? Quais os princípios que regem a Constituição e como
suas normas são aplicadas?

Tratam-se estas de algumas perguntas que serão respondidas ao longo deste roteiro de
estudo, que tem como propósito a apresentação e a compreensão mais aprofundada de temas

https://uniritter.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 1/16
09/12/2020 Roteiro de Estudos

tão essenciais ao Direito Constitucional. Cada um dos tópicos buscará responder a alguns
questionamentos e traçar indicações para que os estudos relacionados a essa matéria possam
ser aperfeiçoados.

Para o aprofundamento sobre temas essenciais ligados ao Direito Constitucional, é


fundamental a aproximação com alguns aspectos básicos acerca da Constituição Federal, como
seu conceito, objeto e elementos, suas possíveis classi cações, sua origem, as limitações para
que seja modi cada, os princípios que a regem e como suas normas são aplicadas.

Apresentação do Conceito,
Objeto e Elementos da
Constituição
A Constituição, também chamada de Lei Fundamental, Carta Magna ou Lei Maior, passou por
diversas conceituações atribuídas por diferentes autores e que se basearam em aspectos
especí cos para a criação dos respectivos conceitos. José Afonso da Silva (2019) lembra as
concepções atribuídas às constituições por Ferdinand Lassale, Carl Schmitt e Hans Kelsen. O
primeiro compreende a Constituição levando em conta o seu sentido sociológico; o segundo
atribui um olhar político; e, por m, o terceiro a compreende em seu sentido jurídico. Levando
em conta essas formas de conceituar a Constituição, para José Afonso da Silva (2019, p. 41),
“essas concepções pecam pela unilateralidade”.

Partindo dessa ideia de formulação de uma concepção que não seja unilateral, José Afonso da
Silva (2019, p. 41) argumenta:

A Constituição é algo que tem, como forma, um complexo de normas (escritas


ou costumeiras); como conteúdo, a conduta humana motivada pelas relações
sociais (econômicas, políticas, religiosas etc.); como m, a realização dos
valores que apontam para o existir da comunidade; e, nalmente, como causa
criadora e recriadora, o poder que emana do povo. Não pode ser
compreendida e interpretada, se não tiver em mente essa estrutura,
considerada como conexão de sentido, como é tudo aquilo que integra um
conjunto de valores.

Mendes e Branco (2018), diferentemente de José Afonso da Silva (2019), analisam a


conceituação de constituição dividindo-a em dois sentidos: o substancial (ou material) e seu

https://uniritter.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 2/16
09/12/2020 Roteiro de Estudos

sentido formal. No que tange ao primeiro, os autores argumentam que esse conceito

[...] segue a inteligência sobre o papel essencial do Direito e do Estado na vida


das relações em uma comunidade. A Constituição [...] abrange, hoje, na sua
acepção substancial, as normas que organizam aspectos básicos da estrutura
dos poderes públicos e do exercício do poder, normas que protegem as
liberdades em face do poder público e normas que tracejam fórmulas de
compromisso e de arranjos institucionais para a orientação das missões sociais
do Estado, bem como para a coordenação de interesses multifários,
característicos da sociedade plural (MENDES; BRANCO, 2018, p. 57).

E no que tange ao segundo sentido, o formal, Mendes e Branco (2018, p. 57) argumentam que
a Constituição “é o documento escrito e solene que positiva as normas jurídicas superiores da
comunidade do Estado, elaboradas por um processo constituinte especí co”. Continuam,
ainda, a argumentar que “participam do conceito da Constituição formal todas as normas que
forem tidas pelo poder constituinte originário ou de forma como normas constitucionais,
situadas no ápice da hierarquia das normas jurídicas” (MENDES; BRANCO, 2018, p. 57).

Passando do estudo de seu conceito para seu objeto, é importante que se leve em
consideração que as constituições podem sofrem modi cações de acordo com o contexto
histórico. Levando em conta esse aspecto, José Afonso da Silva (2019, p. 45) compreende o
objeto das constituições na atualidade da seguinte maneira:

As constituições têm por objeto estabelecer a estrutura do Estado, a


organização de seus órgãos, o modo de aquisição do poder e a forma de seu
exercício, limites de sua atuação, assegurar os direitos e garantias dos
indivíduos, xar o regime político e disciplinar os ns socioeconômicos do
Estado, bem como os fundamentos dos direitos econômicos, sociais e culturais.

Em decorrência do grande número de normas presentes nas constituições e que discorrem


sobre os mais variados aspectos, passou-se a falar em elementos das constituições. Trata-se
este, portanto, de tema importante a ser apresentado.

José Afonso da Silva (2019) discorre que há divergências na doutrina acerca tanto do número
quanto da caracterização desses elementos. Desse modo, o autor aponta que compreende
serem cinco as categorias de elementos das constituições: elementos orgânicos, elementos
limitativos, elementos socioideológicos, elementos de estabilização constitucional e elementos
formais de aplicabilidade.

A primeira categoria abarca elementos orgânicos que “contêm normas que regulam a estrutura
do Estado e do Poder” (SILVA, 2019, p. 46). Na Constituição Federal brasileira, esses elementos
podem ser encontrados nos Títulos III, IV, capítulos II e III do Título V e Título VI. A segunda

https://uniritter.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 3/16
09/12/2020 Roteiro de Estudos

categoria é a dos elementos limitativos, e são assim denominados porque “limitam a ação dos
poderes estatais e dão a tônica do Estado de Direito” (SILVA, 2019, p. 46); na Constituição
Federal esses elementos estão no Título II, com exceção do capítulo II, que se insere na
categoria dos elementos socioideológicos. Nessa última categoria mencionada, são revelados
“o caráter de compromisso das constituições modernas entre o Estado individualista e o Estado
Social intervencionista” (SILVA, 2019, p. 46); esses elementos podem ser encontrados no
Capítulo II do Título II, conforme já mencionado, e também nos Títulos VII e VIII.

A quarta categoria refere-se aos elementos de estabilização constitucional, que estão


“consagrados nas normas destinadas a assegurar solução de con itos constitucionais, a defesa
da constituição, do Estado e das instituições democráticas, premunindo os meios e técnicas
contra sua alteração e infringência” (SILVA, 2019, p. 47); esses elementos são encontrados no
art. 102, I, a, arts. 34 a 36, 59, I, e 60, 102 e 103 e Título V, Capítulo I.

Por m, ressaltam-se os elementos formais de aplicabilidade, “que se acham consubstanciados


nas normas que estatuem regras de aplicação das constituições” (SILVA, 2019, p. 47), como o
preâmbulo da Constituição, dispositivo com as cláusulas de promulgação, disposições
constitucionais transitórias, bem como §1º, do art. 5º.

LIVRO

Direito Constitucional Esquematizado - 22ª edição


Comentário: O livro, de autoria de Pedro Lenza, trará mais
informações que orientarão no entendimento acerca do
conteúdo apresentado neste tópico. Leia atentamente as
páginas 93 a 97 e 125 a 126, para ampliar o conhecimento sobre
essa temática.

Onde encontrar?
Biblioteca Virtual da Laureate.

https://uniritter.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 4/16
09/12/2020 Roteiro de Estudos

Classi cações da Constituição


José Afonso da Silva (2019) classi ca as constituições quanto ao seu conteúdo, forma, modo de
elaboração, origem e estabilidade. Quanto ao conteúdo, as constituições podem ser divididas
em materiais e formais. No caso da constituição material, conforme dispõe José Afonso da Silva
(2019), ela pode ser concebida seja em sentido amplo, seja em sentido estrito. Ainda de acordo
com o mesmo autor, no primeiro caso, há a identi cação com “a organização total do Estado,
com regime político” (SILVA, 2019, p. 42), enquanto o segundo “designa as normas
constitucionais escritas ou costumeiras, inseridas ou não num documento escrito, que regulam
a estrutura do Estado, a organização de seus órgãos e os direitos fundamentais” (SILVA, 2019,
p. 42). Ainda com base em José Afonso da Silva (2019), no que concerne à constituição formal,
esta é a maneira de existência do Estado, aplicado em sua forma escrita a um documento
construído a partir do poder constituinte e que apenas pode sofrer modi cações tendo
respeitados processos que se encontram estabelecidos na própria constituição.

Quanto à forma, as constituições podem ser escritas e não escritas. As primeiras são aquelas
que estão estabelecidas em um documento que sistematiza as normas e que passou por um
processo que estabeleceu esse documento como solene. Diferentemente, as constituições não
escritas são aquelas cujas normas não são encontradas em um documento especí co e
reconhecido. Conforme dispõe José Afonso da Silva (2019), nesses casos, a constituição é
baseada em costumes, jurisprudência, convenções e textos constitucionais esparsos. As
constituições não escritas “não são o resultado de uma deliberação sistemática intencional de
organizar o poder e limitá-lo em todos os seus variados ramos” (MENDES; BRANCO, 2018, p.
61).

Seguindo os tipos de classi cações, as constituições podem ser dogmáticas ou históricas,


quando se leva em consideração o seu modo de elaboração. A constituição dogmática, “[...]
sempre escrita, é a elaborada por um órgão constituinte, e sistematiza os dogmas ou ideias
fundamentais da teoria política e do Direito dominantes no momento” (SILVA, 2019, p. 43). De
outro lado, a constituição histórica não é escrita e tem como base, por exemplo, a formação
histórica, as tradições daquela sociedade que resultam em normas reconhecidas por aquela
sociedade em relação à organização do Estado.

Em relação à origem das constituições, elas podem ser classi cadas como populares (ou
democráticas) e outorgadas. As populares, como o próprio nome explicita, se originam a partir
de um órgão constituinte, que é formado justamente pelos representantes do povo (SILVA,
2019). Diferentemente, as outorgadas são aquelas nas quais não há participação do povo, de
maneira que o próprio governante, independentemente de qual forma de governo seja, impõe
determinada constituição. Conforme dispõe Silva (2019), são exemplos de constituições
outorgadas as Constituições brasileiras de 1824, 1937, 1967 e 1969.

https://uniritter.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 5/16
09/12/2020 Roteiro de Estudos

Por m, seguindo a classi cação apresentada por José Afonso da Silva (2019), as constituições
podem ser classi cadas de acordo com sua estabilidade, podendo ser rígidas, exíveis ou
semirrígidas. Em relação a esse tipo de classi cação, leva-se em consideração o processo a
partir do qual a constituição é alterada. Quando elas passam por um processo mais difícil do
que aqueles de criação de leis ordinárias ou complementares, portanto exigindo um processo
mais complexo e rígido para sua alteração, são conhecidas como constituições rígidas.
Diferentes destas são as constituições exíveis, que não passam por um processo complexo
para sua alteração; na realidade, podem ser alteradas de maneira simpli cada, seguindo o
mesmo processo das leis ordinárias. Assim, conforme dispõem Mendes e Branco (2018, p. 62),
“não se cobra, na Constituição exível, uma supermaioria para que o Texto seja modi cado”.
Entre esses dois tipos, estão as constituições semirrígidas, que incorporam um pouco de cada
uma das outras classi cações, possuindo, portanto, uma parte considerada rígida e outra
considerada exível.

Mendes e Branco (2018) propõem classi cações similares a José Afonso da Silva (2019), mas as
expandem, apresentando outros tipos: (i) constituição-garantia e constituição programática e
(ii) constituição normativa, constituição nominal e constituição semântica. As constituições-
garantia, conforme discorrem os autores, “tendem a concentrar a sua atenção normativa nos
aspectos de estrutura do poder, cercando as atividades políticas das condições necessárias
para o seu correto desempenho” (MENDES; BRANCO, 2018, p. 63). Já as constituições
programáticas (ou dirigentes), “também traçam metas, programas de ação e objetivos para as
atividades do Estado nos domínios social, cultural e econômico” (MENDES; BRANCO, 2018, p.
63).

Finalmente, em relação à última classi cação apresentada por Mendes e Branco (2018, p. 64),
as

constituições semânticas são as que logram ser lealmente cumpridas por todos
os interessados, limitando, efetivamente, o poder. As constituições nominais são
formalmente válidas, mas ainda não tiveram alguns de seus preceitos ‘ativados
na prática real’. [...] a Constituição semântica seria a formalização do poder de
quem o detém no momento.

Passemos agora para o próximo tópico, no qual estudaremos sobre o poder constituinte e seus
desdobramentos.

https://uniritter.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 6/16
09/12/2020 Roteiro de Estudos

LIVRO

Teoria Geral da Constituição e Direitos Fundamentais


- 16ª edição
Comentário: O livro, de autoria de Rodrigo César Pinho, trará
mais informações que orientarão no entendimento acerca das
classi cações das constituições. Sugere-se a leitura de apenas
parte do livro, mais especi camente das páginas 29 a 33.

Onde encontrar?
Biblioteca Virtual da Laureate.

Poder Constituinte e seus


Desdobramentos
O poder constituinte pode ser dividido em originário e reformador. A sua classi cação depende
do momento em que há a atuação do poder, sendo o primeiro aquele que antecede a
Constituição, aquele que lhe atribui a validade.

Conforme dispõem Mendes e Branco (2018, p. 101), “poder constituinte originário, portanto, é a
força política consciente de si que resolve disciplinar os fundamentos do modo de convivência
na comunidade política”. Ainda de acordo com os autores, trata-se de um poder ao qual podem
ser atribuídas as seguintes características: inicial, ilimitado (ou autônomo) e incondicionado.

É inicial, porque está na origem do ordenamento jurídico. É o ponto de começo


do Direito. Por isso mesmo o poder constituinte não pertence à ordem jurídica,
não está regido por ela. Decorre daí a outra característica do poder constituinte
originário - é ilimitado. Se ele não se inclui em nenhuma ordem jurídica, não
será objeto de nenhuma ordem jurídica. [...] não pode ser regido nas suas

https://uniritter.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 7/16
09/12/2020 Roteiro de Estudos

formas de expressão pelo Direito preexistente, daí se dizer incondicionado


(MENDES; BRANCO, 2018, p. 102).

Os autores acrescentam, ainda, que o caráter ilimitado concerne “à liberdade do poder


constituinte originário com relação a imposições da ordem jurídica que existia anteriormente”
(MENDES; BRANCO, 2018, p. 102), de forma que existirão limitações políticas no exercício desse
poder. Assim, o poder constituinte, para assim ser reconhecido, deverá levar em conta
aspectos como valores éticos, religiosos, culturais, de maneira a não hostilizar os valores
dominantes da população (MENDES; BRANCO, 2018).

O poder originário permanece mesmo após a criação de uma Constituição, de maneira que
pode se manifestar a qualquer tempo, sendo, portanto, um poder permanente, conforme
argumentam Mendes e Branco (2018). Mas, como dispõem os autores, esse poder acaba por
não se manifestar a todo momento. “Como o poder constituinte originário traça um novo
sentido e um novo destino para a ação do poder público, ele será mais nitidamente percebido
em momentos de viragem histórica” (MENDES; BRANCO, 2018, p. 104).

No caso brasileiro, a Constituição Federal de 1988 teve a atuação do poder constituinte


originário. Houve a instauração de um novo regime político, rompendo com a situação
anteriormente existente, sendo adotada “uma nova ideia de Direito e um novo fundamento de
validade da ordem jurídica” (MENDES; BRANCO, 2018, p. 105).

Um ponto de extrema relevância que merece ser levantado e que se relaciona com o poder
constituinte originário é a supremacia da Constituição. No que se refere ao primeiro ponto,
quando houver con itos entre leis e Constituição, é o que preconiza esta última que
prevalecerá, visto a sua supremacia em decorrência de ter sido criada justamente por esse
poder originário. A Constituição, assim, é “obra suprema, que inicia o ordenamento jurídico,
impondo-se, por isso, ao diploma inferior com ela inconciliável. De acordo com a doutrina
clássica, por isso mesmo, o ato contrário à Constituição sofre nulidade absoluta” (MENDES;
BRANCO, 2018, p. 106).

Tendo em vista que as sociedades mudam e que, por consequência, surgem demandas de
mudanças do texto constitucional, é necessário que exista um poder que tenha a competência
para efetivar essas alterações.

Aceita-se, então, que a Constituição seja alterada, justamente com a nalidade


de regenerá-la, conservá-la na sua essência, eliminando as normas que não
mais se justi cam política, social e juridicamente, aditando outras que
revitalizem o texto, para que possa cumprir mais adequadamente a função de
conformação da sociedade (MENDES; BRANCO, 2018, p. 116).

https://uniritter.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 8/16
09/12/2020 Roteiro de Estudos

Diferentemente do poder originário, o poder de reforma - como apontam Mendes e Branco


(2018), não é inicial, incondicionado ou ilimitado; e está subordinado ao primeiro. Portanto o
poder constituinte reformador é assim chamado porque a ele foi atribuído um poder que,
conforme argumenta José Afonso da Silva (2019), não lhe pertence por natureza. Trata-se de
um poder que lhe foi atribuído, mas que deriva do poder constituinte originário. Assim, de
acordo com o mesmo autor, o “próprio poder constituinte originário, ao estabelecer a
Constituição Federal, instituiu um poder constituinte reformador, ou poder de reforma
constitucional, ou poder de emenda constitucional” (SILVA, 2019, p. 67) .

Os poderes que são atribuídos a esse poder reformador, que se manifesta no caso brasileiro
pelo Congresso Nacional, serão apresentados e aprofundados no tópico subsequente.

LIVRO

Curso de Direito Constitucional - 13ª edição


Comentário: O  livro, a seguir, de autoria de Gilmar Mendes e
Paulo Gustavo Branco, trará mais informações que orientarão
no entendimento acerca do poder constituinte e seus
desdobramentos. Indica-se, para o aprofundamento sobre a
temática, a leitura das páginas 101 a 133.

Onde encontrar?
Biblioteca Virtual da Laureate.

Emendas, Reformas e Revisão


Constitucional
Acerca das emendas, reformas e revisão constitucional, José Afonso da Silva (2019)
compreende que o termo reforma é mais genérico e engloba os termos emenda e revisão.

https://uniritter.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 9/16
09/12/2020 Roteiro de Estudos

Na Constituição Federal de 1988, há menção às emendas como forma de realizar mudanças


constitucionais. A revisão constitucional também estava prevista, no Ato de Disposições
Constitucionais Transitórias, em seu art. 3º; todavia este já se realizou e se esgotou, de maneira
que inexiste a possibilidade de outra revisão com base no que dispunha esse dispositivo.
Assim, mantém-se na Constituição Federal a previsão que se relaciona às emendas
constitucionais, como dispõe o art. 60 da Lei Fundamental.

De acordo com esse artigo, a Constituição Federal poderá ser alterada via emenda, se for
apresentada proposta de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do
Senado Federal (inc. I), do Presidente da República (inc. II) e de mais da metade das
Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela
maioria relativa de seus membros (inc. III).

Tomando como base ainda esse artigo, para que a Constituição Federal seja emendada, “a
proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos,
considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos
membros” (art. 60, §2º, Constituição Federal) (BRASIL, 1988, on-line). Portanto há a exigência de
quórum quali cado para que a Lei Maior possa sofrer alterações, diferenciando-se dos quóruns
necessários para a criação de leis ordinárias e complementares (maioria simples e maioria
absoluta, respectivamente). Assim, a alteração da própria constituição necessita de um
processo mais complexo, mais rígido do que aqueles exigidos para outras matérias.

Importante salientar, também, que a Constituição Federal não poderá ser emendada na
vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio, conforme dispõe o
art. 60, §1º.

Ainda sobre esse artigo, o parágrafo 4º dispõe que não será objeto de deliberação a proposta
de emenda tendente a abolir a forma federativa de Estado (inc. I), o voto direto, secreto,
universal e periódico (inc. II), a separação dos Poderes (inc. III) e os direitos e garantias
individuais (inc. IV). Trataram-se estes casos de limitações materiais explícitas, conforme
argumenta José Afonso da Silva (2019). Nesse sentido, “o constituinte originário poderá,
expressamente, excluir determinadas matérias ou conteúdos da incidência do poder de
emenda” (SILVA, 2019, p. 68). E, para além dessas, o autor menciona as limitações materiais
implícitas, sendo exemplos desse tipo de limitação ao poder de reforma três categorias de
normas constitucionais: as concernentes ao titular do poder constituinte, as referentes ao
titular do poder reformador e as relativas ao processo da própria emenda (SILVA, 2019).

Por m, o parágrafo 5º do mesmo artigo discorre que “a matéria constante de proposta de


emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma
sessão legislativa” (BRASIL, 1988, on-line).

Levando em consideração, portanto, o art. 60 da Constituição Federal, veri ca-se que há


limitações para alterar a Constituição Federal. Nesse sentido, o Congresso Nacional, poder

https://uniritter.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 10/16
09/12/2020 Roteiro de Estudos

constituinte reformador, terá limites para sua atuação com base em restrições impostas pelo
poder constituinte originário.

LIVRO

Curso de Direito Constitucional Contemporâneo: os


Conceitos Fundamentais e a Construção do Novo
Modelo - 8ª edição
Comentário: O  livro, de autoria de Luís Roberto Barroso, trará
mais informações que orientarão no entendimento acerca das
emendas, reformas e revisão constitucional. Indica-se, para o
aprofundamento sobre o tema, a leitura das páginas 153 a 192.

Onde encontrar?
Biblioteca Virtual da Laureate.

Princípios Constitucionais e
Aplicabilidade das Normas
Abordaremos agora dois importantes temas que permeiam a Teoria Geral do Direito
Constitucional: os princípios constitucionais, que são de extrema relevância para o
ordenamento jurídico; e aplicabilidade e e cácia das normas constitucionais.

Princípios Constitucionais
Para uma compreensão mais assertiva acerca desse tema, torna-se importante a apresentação
referente à diferenciação entre regras e princípios, considerados ambos espécies das normas.
Primeiramente, salienta-se o que ambos têm em comum: a normatividade. De acordo com

https://uniritter.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 11/16
09/12/2020 Roteiro de Estudos

Mendes e Branco (2018, p. 72),  “tanto a regra como o princípio são vistos como espécies de
normas, uma vez que ambos descrevem algo que deve ser”.

Em relação à diferenciação entre regras e princípios, uma visão exposta por Mendes e Branco
(2018, p. 72) concentra-se no critério de generalidade ou da abstração, de forma que “os
princípios seriam aquelas normas com teor mais aberto do que as regras”. E, para além dessa
visão, também discorrem sobre a aplicabilidade da norma. Levando em consideração esse
ponto, dispõem que “os princípios corresponderiam às normas que carecem de mediações
concretizadoras por parte do legislador, do juiz ou da Administração. Já as regras seriam
normas suscetíveis de aplicação imediata” (MENDES; BRANCO, 2018, p. 72).

Os autores trazem, também, os pensamentos de Dworkin e Alexy. Com base em Dworkin,


Mendes e Branco (2018, p. 73) apresentam que “os princípios têm uma dimensão que as regras
não possuem: a dimensão do peso”. Em relação ao pensamento de Alexy, apresenta-se a ideia
de que toda norma é um princípio ou uma regra, e estes se diferem de maneira qualitativa.
Mendes e Branco (2018), ao disporem sobre o pensamento deste último autor, discorrem que
“enquanto os princípios concitam a que sejam aplicados e satisfeitos no mais intenso grau
possível, as regras determinam algo” (MENDES; BRANCO, 2018, p. 74). Continuam, ainda, a
argumentar que “enquanto o princípio pode ser cumprido em maior ou menor escala, as regras
somente serão cumpridas ou descumpridas” (MENDES; BRANCO, 2018, p. 74).

Um aspecto bastante interessante acerca dos princípios é exposto por Mendes e Branco (2018,
p. 72), ao argumentarem que “por serem mais abrangentes que as regras e por assinalarem os
standards de justiça relacionados com certo instituto jurídico, seriam instrumentos úteis para se
descobrir a razão de ser de uma regra ou mesmo de outro princípio menos amplo”.

Ao dispor sobre o tema em foco, José Afonso da Silva (2019) relembra Gomes Canotilho, autor
que argumenta que os princípios constitucionais são de duas categorias, sendo elas os
princípios político-constitucionais e os princípios jurídico-constitucionais. Os primeiros
“constituem-se daquelas decisões políticas fundamentais concretizadas em normas
conformadoras do sistema constitucional positivo” (SILVA, 2019, p. 95). Esses são os princípios
presentes nos artigos 1º a 4º do Título I da Constituição Federal. Já os segundos, os princípios
jurídico-constitucionais são “informadores da ordem jurídica nacional” (SILVA, 2019, p. 95) e
podem ser encontrados nos incisos XXXVIII a LX do art. 5º da Constituição.

Outro conceito atribuído aos princípios é o dos princípios fundamentais. Segundo Gomes
Canotilho, “constituem-se dos princípios de nidores da forma de Estado, dos princípios
de nidores da estrutura do Estado, dos princípios estruturantes do regime político e dos
princípios caracterizadores da forma de governo e da organização política em geral”
(CANOTILHO, 1991, p. 178 apud SILVA, 2019, p. 96). José Afonso da Silva (2019, p. 96-97) faz a
seguinte discriminação desses princípios no que tange à Constituição Federal:

https://uniritter.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 12/16
09/12/2020 Roteiro de Estudos

(a) princípios relativos à existência, forma, estrutura e tipo de Estado: [...] (art.
1º);
(b) princípios relativos à forma de governo e à organização dos poderes: [...]
(arts. 1º e 2º);
(c) princípios relativos à organização da sociedade: [...] (art. 3º, I);
(d) princípios relativos ao regime político: [...] (art. 1º, parágrafo único);
(e) princípios relativos à prestação positiva do Estado: [...] (art. 3º, II), [...]  (art.
3º, III) [...] (art. 3º, IV);
(f) princípios relativos à comunidade internacional: [...] (art. 4º).

É importante que seja mencionada e ressaltada, também, a diferença entre os princípios


fundamentais, ora mencionados, e os princípios gerais do Direito Constitucional. Com base em
José Afonso da Silva (2019), quando se fala em classi cação das constituições, princípio da
rigidez constitucional, supremacia da constituição, poder constituinte e poder de reforma,
dentre outros, estes se referem a princípios gerais. Todavia, embora existam diferenças, esse
tipo de princípio também se conecta com os princípios fundamentais “[...] na medida em que
estes possam ser positivações daqueles” (SILVA, 2019, p. 97).

LIVRO

Curso de Direito Constitucional - 13ª edição


Comentário: O  livro de autoria de Gilmar Mendes e Paulo
Gustavo Branco, trará mais informações que orientarão no
entendimento acerca dos princípios constitucionais. Indica-se,
para o aprofundamento sobre a temática, a leitura das páginas
71 a 75.

Onde encontrar?
Biblioteca Virtual da Laureate.

Aplicabilidade das Normas Constitucionais

https://uniritter.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 13/16
09/12/2020 Roteiro de Estudos

Em relação ao tema aplicabilidade das normas constitucionais, mostra-se importante salientar


que as normas possuem diferenças de abertura e de densidade que afetam o seu grau de
autoaplicabilidade. Nesse sentido, algumas normas são completas, outras precisam de
complementação e outras estão completas mas podem sofrer restrições por parte do
legislador. Conforme dispõem Mendes e Branco (2018, p. 69) “as normas de alta densidade são
completas, estão prontas para a aplicação plena, não necessitam de complementação
legislativa para produzir todos os efeitos a que estão vocacionadas”.

José Afonso da Silva (2015, p. 81) classi ca as normas constitucionais quanto à sua e cácia e
aplicabilidade, dividindo-as em três grupos: (i) normas de e cácia plena, (ii) normas de e cácia
contida e (iii) normas de e cácia limitada ou reduzida.

Conforme dispõem Mendes e Branco (2018, p. 69), “as normas de e cácia plena são as idôneas
para produzir todos os efeitos previstos, isto é, podem disciplinar de pronto as relações
jurídicas, uma vez que contêm todos os elementos necessários”. São exemplos desse grupo o
art. 12, inc. I e o art. 14, §1º, I, da Constituição Federal.

Assim como as normas de e cácia plena, as de e cácia contida também são autoexecutáveis; a
diferença em relação às primeiras se concentra no fato de que as normas do segundo grupo
podem ser restringidas pelo legislador infraconstitucional. Exemplos de normas que possuem
esse tipo de e cácia são o art. 5, inc. LXIII e o art. 170 da Constituição.  

Representando o último grupo, as normas de e cácia limitada “somente produzem os seus


efeitos essenciais após um desenvolvimento normativo, a cargo dos poderes constituídos. [...]
São normas, pois, incompletas, apresentando baixa densidade normativa” (MENDES; BRANCO,
2018, p. 70). Trata-se de exemplo desse grupo o art. 37, inc. IX da Constituição. Ainda dentro
das normas de e cácia limitada, podem ser encontradas as normas programáticas, sendo
normas que “impõem uma tarefa para os poderes públicos, dirigem-lhes uma dada atividade,
prescrevem uma função futura. [...] As normas programáticas impõem um dever político ao
órgão com competência para satisfazer o seu comando [...]” (MENDES; BRANCO, 2018, p. 70).
Mendes e Branco citam como exemplo desse tipo de norma o art. 3º, inc. I, da Constituição
Federal.

Em resumo, as normas de e cácia plena são de aplicabilidade direta, imediata e integral, e as


normas de e cácia contida são de aplicabilidade direta, imediata, mas não integral (SILVA,
2019). Ressalta-se a argumentação de José Afonso da Silva (2019) sobre as normas de e cácia
limitada. Estas “são de aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, porque somente incidem
totalmente sobre esses interesses após uma normatividade ulterior que lhes desenvolva a
e cácia [...]” (SILVA, 2019, p. 82).

https://uniritter.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 14/16
09/12/2020 Roteiro de Estudos

LIVRO

Teoria Geral da Constituição e Direitos Fundamentais


- 16ª edição
Comentário: O  livro, de autoria de Rodrigo César Pinho, trará
mais informações que orientarão no entendimento acerca da
e cácia e aplicabilidade das normas constitucionais. Indica-se a
leitura das páginas 45 a 47.

Onde encontrar?
Biblioteca Virtual da Laureate.

Conclusão
Apresentaram-se neste roteiro de estudos alguns elementos-base para o aperfeiçoamento do
aluno em matérias ligadas ao Direito Constitucional.

Compreender conceito, objeto e elementos da Constituição, suas classi cações, o poder que
lhe deu origem e o poder que viabiliza as suas alterações, assim como seus princípios e a
aplicabilidade das suas normas, é um passo fundamental que permitirá um entendimento mais
aprofundado e um caminho mais interessante para a aproximação com temáticas que
tangenciam essa e demais áreas do Direito.

Referências Bibliográ cas


BARROSO, L. R. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo: os Conceitos Fundamentais
e a Construção do Novo Modelo. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

BRASIL. [Constituição (1988)].Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.


Brasília, DF: Presidência da República, 1988. Disponível em:

https://uniritter.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 15/16
09/12/2020 Roteiro de Estudos

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em out. 2019.

LENZA, P. Direito Constitucional Esquematizado. 22. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

MENDES, G. F.; BRANCO, P. G. G. Curso de Direito Constitucional. 13. ed. rev. e atual. São
Paulo: Saraiva Educação, 2018.

PINHO, R. C. R. Teoria Geral da Constituição e Direitos Fundamentais.16. ed. São Paulo:


Saraiva, 2018.

SILVA, J. A. da. Aplicabilidade das normas constitucionais. 8.ed. São Paulo: Malheiros, 2015.

______. Curso de Direito Constitucional Positivo. 42. ed., rev. e atual. até a Emenda
Constitucional n. 99, de 14.12.2017. São Paulo: Malheiros, 2019.

https://uniritter.blackboard.com/webapps/late-Course_Landing_Page_Course_100-BBLEARN/Controller 16/16

Você também pode gostar