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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Fabio Ritter Antunes

VISAGISMO NO AMBIENTE VIRTUAL: uma análise do design digital


de aplicativos de beleza e estética

Mestrado em Tecnologias da
Inteligência e Design Digital

São Paulo
2020
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Fabio Ritter Antunes

VISAGISMO NO AMBIENTE VIRTUAL: uma análise do design digital


de aplicativos de beleza e estética

Relatório apresentado à Banca Examinadora da


Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como
exigência parcial para obtenção do título de Mestre
em Tecnologias da Inteligência e Design Digital,
redigida sob a orientação do professor Dr. Claudio
Fernando André.

São Paulo
2020
Antunes, Fabio Ritter.

Visagismo no Ambiente Virtual: uma análise do design digital de


aplicativos de beleza e estética

Registro: 2020

Orientador: Claudio Fernando André.

Dissertação de Conclusão de Mestrado – Pontifícia Universidade


Católica de São Paulo
ANTUNES, Fabio Ritter. Visagismo no Ambiente Virtual:
uma análise do design digital de aplicativos de beleza e
estética
Dissertação. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Mestrado em Tecnologias da Inteligência e Design Digital,
redigida sob a orientação do professor Dr. Claudio Fernando
André.

Banca Examinadora

__________________________________________
Professor Dr. Claudio Fernando André
PUC-SP - Orientador

__________________________________________
Professora Dra. Ana Maria Di Grado Hessel
PUC-SP – Membro da Banca Examinadora - Interno

__________________________________________
Professora Dra. Albina de Fátima Silva Ramalho Garcia
Membro da Banca Examinadora - Externo
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior- Brasil (CAPES) - Código de
Financiamento 001.
This study was financed in part by the Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Finance Code 001.
Agradecimentos

Ao Prof. Dr. Claudio, pela orientação, competência, profissionalismo e


dedicação tão importantes. Tantas vezes que nos reunimos e, embora em algumas
eu chegasse desestimulado, bastavam alguns minutos de conversa e umas poucas
palavras de incentivo e lá estava eu, com o mesmo ânimo do primeiro dia de aula.
Obrigado por acreditar em mim e pelos incentivos. Tenho certeza que não chegaria
neste ponto sem o seu apoio.
Aos membros da banca examinadora, que tão gentilmente aceitaram participar
e colaborar com esta dissertação. À Edna Cossetin, agradeço ainda pelas conversas
breves, porém importantíssimas.
Agradeço também a todos que me incentivaram para que eu pudesse chegar
até aqui e por fim, a todos aqueles que contribuíram, direta ou indiretamente, para a
realização desta dissertação, o meu sincero agradecimento.
Resumo

Esta pesquisa tem como objetivo geral investigar a construção da imagem pessoal no
mundo virtual coletivo e sua evolução a partir dos recursos do visagismo facial. O que
justifica essa investigação é escassez de debate sobre o tema proposto, sob a ótica do
visagismo, ainda pouco explorado e carente de pesquisas científicas se comparadas às
outras áreas acadêmicas, especialmente no Brasil. O que motiva a realização dessa
pesquisa é a possibilidade de investigar alternativas que possam contribuir para a
adequação imagética, a partir de um projeto no ambiente virtual coletivo com base no
visagismo facial. A presente investigação busca responder a seguinte questão
problematizadora: Como os recursos do visagismo podem contribuir para a evolução do
design digital imagético coletivo? Considera-se a hipótese de que o visagismo a partir
das tecnologias digitais pode contribuir para a melhoria do projeto imagético virtual.
Optamos pela metodologia de pesquisa científica de natureza qualitativa, do tipo
descritiva, com origem de dados bibliográficos/ documentais, uma vez que enfrenta
aspectos teóricos e empíricos, com intuito de cumprir seu objetivo geral. A revisão de
estudos anteriores relacionados ao tema proposto teve foco delimitado o período
entre 2000 a 2019, contemplando livros, artigos científicos, teses e dissertações,
considerando pesquisas disponíveis nas seguintes bases online: a) Banco de Teses e
Dissertações da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), b) Banco de
Teses e Dissertações da Capes, c) Google Scholar. Assim, os instrumentos de coleta
de dados serão bibliografias e documentos. Também foram considerados para a revisão
de estudos anteriores, os artigos disponíveis na Scientific Electronic Library Online –
SciELO. Os referenciais teóricos que sustentam esta investigação são os conceitos de
visagismo (HALLAWELL, 2010), e imagem digital (MCGONIGAL, 2012; SCHELL, 2011;
SANTAELLA, 1993). O contexto desta investigação envolve espaços de pesquisa, ensino
e extensão das instituições onde pesquisadores-parceiros atuam. Os resultados
esperados com essa pesquisa são: criação de um novo aplicativo de visagismo facial
com o diferencial de inclusão do estado emocional expressado na face.

Palavras-chave: visagismo, imagem pessoal, ambiente virtual.


Abstract

This research aims to investigate the construction of personal image in the collective
virtual world and its evolution from the resources of facial visagism. What justifies this
investigation is the lack of debate on the proposed theme, from the perspective of
visagism, still little explored and lacking scientific research compared to other academic
areas, especially in Brazil. What motivates the accomplishment of this research is the
possibility of investigating alternatives that can contribute to the image adequacy, from a
project in the collective virtual environment based on the facial visagism. This research
seeks to answer the following problematic question: How can visagism resources
contribute to the evolution of collective digital imagery design? It is hypothesized that
visagism from digital technologies can contribute to the improvement of the virtual imagery
project. We opted for the descriptive qualitative scientific research methodology, with
bibliographic / documentary data origin, since it faces theoretical and empirical aspects,
in order to fulfill its general objective. The review of previous studies related to the
proposed theme focused on the period from 2000 to 2019, including books, scientific
articles, theses and dissertations, considering research available in the following online
databases: a) PUC-SP (Pontifical) Thesis and Dissertation Bank Catholic University of
São Paulo), b) Capes Thesis and Dissertation Bank, c) Google Scholar. Also considered
for the review of previous studies, the articles available in the Scientific Electronic Library
Online - SciELO. The theoretical references that support this research are the concepts
of visagism (HALLAWELL, 2010), and digital image (MCGONIGAL, 2012; SCHELL, 2011;
SANTAELLA, 1993). The context of this investigation involves spaces for research,
teaching and extension of the institutions where partner researchers work. The expected
results with this research are: creation of a new facial visagism application with the
inclusion differential of the emotional state expressed in the face.

Keywords: visagism, personal image, virtual environment.


Índice de Figuras

Figura 1 - Razão áurea na reta ................................................................................. 36


Figura 2 – Parthenon e suas medidas de ouro.......................................................... 36
Figura 3 – Homem Vitruviano .................................................................................... 37
Figura 4 – Sequência de Fibonacci ........................................................................... 39
Figura 5 – Espiral de Fibonacci ................................................................................. 40
Figura 6 – Rosto dividido nas três áreas básicas ...................................................... 43
Figura 7 – Máscara de Marquardt ............................................................................. 45
Figura 8 – Espiral aplicada ao rosto humano ............................................................ 45
Figura 9 – Desenho do rosto com as proporções...................................................... 46
Figura 10 – Máscara aplicada em atrizes de cinema ................................................ 47
Figura 11 – Formatos de rosto .................................................................................. 49
Figura 12 – Formato do nariz .................................................................................... 49
Figura 13 – Formato dos olhos.................................................................................. 50
Figura 14 – Desenho Geométrico da Boca ............................................................... 50
Figura 16 – Explicação de como é feita a análise da razão áurea ............................ 58
Figura 17 – Funções do App Golden ratio face ......................................................... 59
Figura 18 - Padrões de beleza calculados pelo Golden ratio face ............................ 60
Figura 19 – Interface do aplicativo Makeup mini ....................................................... 61
Figura 20 – Análise das proporções geometria facial................................................ 62
Figura 21 – Maquiagem para os olhos ...................................................................... 63
Figura 22 – Maquiagem para rosto e boca ................................................................ 63
Figura 23 – Efeitos do sol no rosto ............................................................................ 65
Figura 24 – Ação do Sunface com fotoenvelhecimento ............................................ 66
Figura 25 – Protótipo do aplicativo .............................................................................70
Figura 26 – Protótipo do aplicativo .............................................................................71
Figura 27 – Protótipo do aplicativo .............................................................................72
Figura 28 – Protótipo do aplicativo .............................................................................73
Figura 29 – Protótipo do aplicativo .............................................................................74
Índice de Quadros

Quadro 1 – Resumo dos estudos relacionados sem critérios de exclusão ............... 24


Fonte: Produzido pelo autor. ..................................................................................... 24
Quadro 2- Resumo dos estudos relacionados com critérios de exclusão ................. 24
Fonte: Produzido pelo autor. ..................................................................................... 24
Quadro 3 - Testes, artigo e dissertações relacionados ao tema da pesquisa ........... 25
Quadro 4 - Resumo dos estudos internacionais relacionados .................................. 29
Quadro 5 - Ficha de Anamnese de Fisiognomonia e Visagismo na Estética Facial .. 33
Quadro 6 - Ficha de Anamnese de Fisiognomonia e Visagismo na Estética Facial -
continuação ............................................................................................................... 34
Lista de Abreviaturas

BDTD Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações


CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
IBICT Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
IBM International Business Machines
MEC Ministério da Educação e Cultura
Φ Phi
PUC-SP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
SciELO Scientific Electronic Library Online
UNIVALI Universidade do Vale do Itajaí
USP Universidade de São Paulo
UTP Universidade Tuiuti do Paraná
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12
1.1 Principal questão da pesquisa............................................................................. 15
1.2 Hipótese .............................................................................................................. 15
1.3 Localização da revisão de estudos anteriores no tempo e no espaço ................ 16
1.4 Objetivos ............................................................................................................. 16
1.4.1 Objetivo geral ................................................................................................... 16
1.4.2 Objetivos específicos........................................................................................ 16
1.5 Justificativas e relevância da pesquisa ............................................................... 17
1.5.1 Justificativa e relevância científica e comercial ................................................ 17
1.5.2 Justificativa e relevância pessoal, profissional e acadêmica ............................ 17
1.6 Organização da pesquisa .................................................................................... 18

2 METODOLOGIA DA PESQUISA ........................................................................... 20

3 REVISÃO DE ESTUDOS ANTERIORES ............................................................... 23


3.1 Produção nacional ............................................................................................... 25
3.2 Produção internacional ........................................................................................ 29
3.3 Resumo do Capítulo ............................................................................................ 30

4 ABORDAGENS TEÓRICAS DO VISAGISMO ....................................................... 31


4.1 Fisiognomonia ..................................................................................................... 31
4.2 Progênie do belo matemático .............................................................................. 34
4.3 História do visagismo .......................................................................................... 40
4.4 Visagismo ............................................................................................................ 41
4.5 Máscara Phi ........................................................................................................ 44
4.5 A geometria facial ................................................................................................ 47
4.6 Morfopsicologia, história e conceito .................................................................... 51

5 RESULTADOS DA ANÁLISE DE APLICATIVOS DE ESTÉTICA, BELEZA E


VISAGISMO EM AMBIENTE VIRTUAL .................................................................... 56
5.1 Golden Ratio Face .............................................................................................. 57
5.2 Makeup mini ........................................................................................................ 61
5.3 Sunface ............................................................................................................... 64

6 PROPOSTA DE CRIAÇÃO DE UM NOVO APLICATIVO DE VISAGISMO ........... 67


6.1 Funcionalidade do Aplicativo ............................................................................... 69

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 76

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 79
12

INTRODUÇÃO

Esta pesquisa analisa a construção da imagem pessoal em ambiente virtual a


partir de uma investigação dos aplicativos que trabalham o visagismo facial.

Observa-se que, na sociedade atual, há uma busca desenfreada por transmitir


ideias e construir identidades a partir da elaboração de imagens consideradas “ideais”,
que evidenciam a harmonia da face na transmissão e expressão das ideias. Busca-
se, no mundo virtual, ir além da realidade para alcançar objetivos, utilizando-se os
aplicativos para criar ou moldar uma imagem pessoal.

Para Hallawell (2010), o Visagismo, enquanto consultoria que apresenta


formato multidisciplinar e trabalha a imagem individual como um todo, possui
ferramentas variadas de caráter imediato que podem auxiliar no suporte estético
imagético das pessoas que não se sentem confortáveis com sua imagem.

O visagismo tem origem em visage, da língua francesa face, e surgiu como


uma arte de trabalhar as proporções do rosto (face) para criar beleza e resultar em
efeitos de significado. Hallawell (2016), que consolidou o conceito no Brasil, explica
que a palavra foi desenvolvida por Fernand Aubry, em 1936, relacionando a
valorização do rosto com a criação de uma imagem pessoal específica.

O visagismo existe, enquanto conceito, há milênios, com pessoas que


apresentavam imagem personalizada que as destacavam enquanto estilo e
manifestação individual, o que envolve uso de símbolos e padrões conforme a cultura
em que se aplica.

O uso da imagem para o belo, para a simetria teve influência do arquiteto Louis
Sullivan, com sua frase ″a forma sempre segue a função″, que influenciou os artistas
que transformaram a área de artes visuais, uma vez que há intencionalidade no uso
da imagem, ou seja, o formato deve acompanhar a utilidade do uso da imagem,
todavia a adequação da forma a função não exclui a beleza imagética.
13

Assim, a finalidade da personalização da imagem pessoal, que ocorria por meio


de vestimentas, adornos, uso de cores e animais, era exatamente o destaque
oferecido a personalização, que era utilizado principalmente para designar elites que
precisavam se diferenciar para evidenciar sua importância econômica e/ ou política.

De outro lado, as elites culturais, no início do século XX, precisavam se


diferenciar das elites de poder, o que Fernand Aubry percebeu enquanto necessidade
de diferenciação a partir do estilo, o que ele passou a fazer pela criação de imagem
personalizada com enfoque estético, pela harmonização de cabelo e maquiagem aos
traços físicos dos clientes.

Hallawell (2016) assim define que o visagismo associa-se a uma criação


identitária do sujeito, na qual a harmonização do rosto deverá demonstrar a
intencionalidade imagética.

Este constitui um tema que pode ser tratado sob diversas perspectivas e gera
questões em várias esferas do ambiente profissional e social. Nas ciências sociais,
segundo Trindade et al. (2017), é possível observar a busca pela compreensão da
identidade a partir da beleza, assim, o conceito de beleza para o visagismo é uma
combinação entre a harmonia, entre o que a pessoa é e sua imagem exterior.

Também, pode-se entender que beleza é relativa, uma vez que depende do
momento vivido e ainda do conceito individual de cada um. O rosto é uma parte do
corpo que se destaca e pode influenciar as emoções, outros sentimentos e ainda
reações surpreendentes. Para Martinez (2009), pode manifestar estima ou repulsa.

De acordo com Naini e Gill (2008), inevitavelmente, a figura humana segue


essa regra. Símbolo da razão áurea, o Homem Vitruviano, estudado durante a
Renascença por Leonardo da Vinci, retrata a importância da matemática para a
composição da forma humana.

Esse aspecto vem sendo considerado na construção de aplicativos e jogos,


que adotam a simetria e harmonia dos personagens, o que tomou proporção relevante
no ambiente virtual, pois um dos artifícios em meio virtual que tem apoiado o visagismo
14

é a Máscara Marquardt, conforme Rupesh et al. (2014) analisa que onde um rosto
pode ser considerado bonito, independentemente da raça ou idade, se corresponder
às suas linhas. O que o autor propõe é que a simetria e a geometria da face
correspondem a harmonia dos traços para que haja beleza.

Todavia, é importante destacar que, em se tratando de visagismo, o interesse


acadêmico é muito recente, e veio à tona devido ao crescimento da indústria e a
consequente demanda por profissionais especializados, como ressalta Trindade et al.
(2017).

Essa demanda, não apenas colocou o visagismo em evidência para diversas


ciências como criou uma lacuna a ser preenchida academicamente. Com esta nova
experiência começamos a construir os caminhos para integrar o Visagismo como
artifício no ambiente virtual às suas necessidades imagéticas pessoais.

Nesse aspecto, é possível identificar o aumento de quantidade de aplicativos e


jogos que trabalham com a beleza e que praticam o visagismo facial sem que haja
sua identificação enquanto conceito e estrutura.

Na criação e oferta dos aplicativos relacionados a beleza e estética, há


utilização do campo da gamificação, sendo os aplicativos constituídos em estrutura
de jogos, com design digital norteado pelas regras e processos, assim como os jogos,
em que se prevê a participação individual e a personalização como características que
fomentam a estrutura cultural e social.

O fenômeno dos jogos, denominado gamificação, de acordo com McGonigal


(2012), possui raízes há muito tempo enquanto conjunto de atividades complexas que
permeiam a evolução cultural.

Dentre as teorias dos jogos, Caillois (2017) destaca que um de seus impulsos
primários é o mimicry, que designa o conjunto de representações, simulações, teatro
e o faz de conta.
15

Este impulso norteia esta pesquisa, uma vez que o visagismo facial adotará
como ferramentas, para sua composição no mundo virtual, os jogos como meio de
representação da realidade do sujeito.

Nos últimos anos, há ênfase na busca por aplicativos de beleza e estética, que
utilizam a simulação como meio para a representação, no sentido de criar ou
reformular a identidade de uma pessoa, o que constitui uma mudança cultural na
sociedade contemporânea, pois suscitam fenômenos que alteram valores e refletem
na identidade individual em ambiente virtual coletivo.

Todavia, se percebe a fragmentação do design digital quando se trata do


visagismo facial, uma vez que estão disponíveis atualmente grande diversificação de
aplicativos que trabalham a noção estética deste conceito e também a análise da
simetria do rosto, dentre outros aspectos que são observados e trabalhados enquanto
jogo para os usuários do meio virtual. Para tanto, são analisados, nesta pesquisa, os
aplicativos Make up mini, Golden Ratio Face e Sunface, os dois primeiros para
composição de cabelo e maquiagem, e o terceiro sobre fotoenvelhecimento.

1.1 Principal questão da pesquisa

O objeto do presente trabalho busca responder a seguinte questão


problematizadora: Como os recursos do visagismo podem contribuir para a evolução
do design digital imagético coletivo?

1.2 Hipótese

Duas hipóteses norteiam esta investigação:

a) Há percepção de que a construção da imagem no mundo virtual pode ser


valorizada a partir dos conceitos que envolvem o visagismo;

b) O visagismo pode contribuir para a construção de elementos


potencializadores da comunicação da imagem pessoal, por meio dos
16

recursos de design digital em meio virtual.

1.3 Localização da revisão de estudos anteriores no tempo e no espaço

A revisão de estudos anteriores e trabalhos relacionados teve foco delimitado


no período entre 2010 a 2019, contemplando livros, artigos científicos, teses e
dissertações.

A referida literatura restringiu-se às publicações nas línguas inglesa, espanhola


e portuguesa, considerando pesquisas disponíveis nas seguintes bases online:

a) Banco de Teses e Dissertações da Pontifícia Universidade Católica de São


Paulo (PUC-SP)
b) Banco de Teses e Dissertações da Universidade de São Paulo (USP)

c) Banco de Teses e Dissertações da Capes

d) Google Scholar

1.4 Objetivos

1.4.1 Objetivo geral

O objetivo desta pesquisa é investigar a personalização de imagem pessoal no


ambiente virtual coletivo e sua evolução a partir do visagismo facial.

1.4.2 Objetivos específicos

Esta pesquisa tem os seguintes objetivos específicos:

a) Investigar os fundamentos teóricos do visagismo facial na personalização


da imagem pessoal em ambiente virtual coletivo;
17

b) Analisar aplicativos de visagismo facial em ambiente digital;

c) Identificar melhorias no design digital dos aplicativos de visagismo facial


pelo uso de conceitos associados a personalidade individual.

1.5 Justificativas e relevância da pesquisa

1.5.1 Justificativa e relevância científica e comercial

Os artifícios do visagismo na imagem e a identidade visual na composição

dessa imagem nos ambientes virtuais coletivos merecem estudo mais aprofundado.

Com isso o projeto tem a proposta da aplicação desses artifícios nos ambientes

virtuais coletivos com o intuito de auxiliar a imagem do cliente e também o profissional

que executa o serviço de consultoria de imagem visagista facial.

A revisão inicial de estudos anteriores, nos termos de tempo e espaço definidos


para este estudo, permitiu a constatação de que visagismo é um tema acadêmico
recente, todavia sua relevância ramifica em várias disciplinas desde ciências sociais,
matemática, inteligência artificial.

O conceito de belo é algo relativo e mutável, porém a natureza mostra que a


matemática pode explicar o que é visualmente belo. As conchas, as novas folhas de
samambaias, a cauda do camaleão, a curvatura do marfim dos elefantes, os padrões
do crescimento das sementes de girassol, entre tantos outros exemplos, seguem uma
espiral perfeita, calculada pela razão áurea, a “Assinatura de Deus” na criação
(TRINDADE et al.,2017).

1.5.2 Justificativa e relevância pessoal, profissional e acadêmica

O visagismo enquanto conceito vem evoluindo aquém de suas técnicas, que


vem sendo utilizadas em ambiente virtual de forma ampla, porém sem o
18

reconhecimento de que existe um conjunto de conceitos e recursos utilizados pelo


visagismo para contribuir com a constituição identitária das pessoas a partir de um
projeto imagético.

As investigações das imagens não possuem suporte de pesquisa institucional


próprio o que é amparado por inúmeras disciplinas de pesquisa tais como história da
arte, as teorias antropológicas, sociológicas, psicológicas da arte, a semiótica visual.
O estudo da imagem, é assim, um empreendimento interdisciplinar (SANTAELLA,
1997, pg.12).

O trabalho com visagismo ao longo dos anos, assim como a pesquisa no tema
trouxe a necessidade de evoluir o tema enquanto um novo olhar para o design digital
dos aplicativos de estética e beleza, como também para ampliar o uso do visagismo
em ambiente virtual, pela proposta de criação de interfaces interativas que auxiliem o
usuário e os profissionais da área de visagismo a criar e/ moldar a identidade
individual.

Há relevância do visagismo facial também enquanto um elemento cultural que


trabalha a personalização da imagem para expressão em meio virtual coletivo, o que
traz a contribuição aos formatos sociais que vem sendo pouco explorados, como as
questões relacionadas a diversidade, que deve ser compreendida para que possa ser
expressa em sua totalidade.

1.6 Organização da pesquisa

A presente pesquisa está organizada em cinco capítulos, conforme exposto a


seguir:

No Capítulo 1 – Introdução – são apresentados os elementos introdutórios


dessa dissertação, estabelecendo o tema central e a questão problematizadora que
motivou este trabalho. Posteriormente, são apresentados os objetivos gerais e
específicos, e as justificativas que sustentam a pesquisa.
19

O Capítulo 2 – Metodologia da pesquisa – expõe a proposta da metodologia de


pesquisa adotada para essa investigação, diante de seus objetivos teóricos e
empíricos devidamente delineados neste trabalho, preservando-se o rigor científico e
sua relevância.

No Capítulo 3 – Revisão de estudos anteriores – apresenta os resultados do


mapeamento bibliográfico realizado durante as investigações para identificar o estado
da arte sobre o tema proposto.

O Capítulo 4 – Abordagens teóricas que fundamentam o estudo do visagismo


em ambiente virtual – traz as contribuições teóricas do visagismo e suas teorias
complementares.

No Capítulo 5 - Resultados da análise de aplicativos de estética, beleza e


visagismo em ambiente virtual – explana sobre o uso do visagismo no ambiente virtual
coletivo e enfatiza o design digital dos aplicativos.
20

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia de pesquisa científica adotada é a de natureza qualitativa, do


tipo descritiva, com origem de dados bibliográficos/ documentais, uma vez que
enfrenta aspectos teóricos e empíricos, com intuito de cumprir seu objetivo geral.

Minayo (1994) explica a pesquisa qualitativa enquanto elemento que oferece


compreensão do campo dos significados das ações e relações humanas, um aspecto
que não pode se captar ou perceber em equações, médias e estatísticas,
possibilitando ampliar as relações descobertas.

Este tipo de pesquisa realça não apenas a investigação da realidade, mas


também inclui a produção de conhecimento sobre o tema abordado. Por ser o tema
visagismo ainda carente de publicações científicas e em evolução, optou-se pela
descrição, inicialmente pela pesquisa bibliográfica e, posteriormente pela pesquisa
documental.

A pesquisa bibliográfica buscou os conceitos relacionados com o visagismo e


sua prática, desde as técnicas e teorias de visagismo, a morfopsicologia,
fisiognomonia, além de uma análise dos temperamentos humanos.

Em sequência, a revisão de estudos anteriores relacionados ao tema proposto


teve foco delimitado o período entre 2010 a 2019, contemplando livros, artigos
científicos, teses e dissertações, considerando pesquisas disponíveis nas seguintes
bases online: a) Banco de Teses e Dissertações da PUC-SP, b) Banco de Teses e
Dissertações da Capes, c) Google Scholar. Também foram considerados para a
revisão de estudos anteriores, os artigos disponíveis na Scientific Electronic Library
Online (SciELO).

Os referenciais teóricos que sustentam esta investigação são os conceitos de


visagismo e imagem digital. Foram adotados como descritores para a seleção de
publicações: a) visagismo, b) imagem digital; c) design digital; d) ambiente virtual.
Foram tentativas de correlação dos descritores na busca de publicações científicas e
21

selecionadas as pesquisas que mantinham coerência com o tema abordado neste


contexto.

Após, foi realizada a pesquisa documental em aplicativos de visagismo facial


do ambiente virtual coletivo, que são executados em smartphones, gratuitos, de uso
amplo e que abrigam características em conformidade com as teorias de visagismo
elencadas.

Gil (2008) entende que a pesquisa documental é semelhante a bibliográfica,


com a distinção das origens e da natureza das fontes da pesquisa, podendo ser
considerados documentos empresariais, filmes, fotografias, dentre outros documentos
que não passaram por processo de publicação científica, mas revelam evidências das
práticas empíricas adotadas para sua produção.

De acordo com Marconi e Lakatos (2007) a pesquisa documental apresenta


relevância em estudos em que não há amplitude de suporte teórico, oferecendo
contribuição a formação de ideias que sustentam a abordagem teórica, uma vez que
é o tipo de pesquisa que não possui tratamento científico, mas que auxilia a clarificar
a situação-problema, sendo composta por informações coletadas em empresas e
outros ambientes, tais como o virtual, que podem ajudar na elaboração de um contexto
com significado sobre a situação-problema.

Para a pesquisa documental, foram extraídas informações e imagens dos


aplicativos, explanando sobre seu funcionamento, regras, formatos que coadunam
com o visagismo e/ ou uma teoria complementar e finalidade.

Como o universo de aplicativos de visagismo facial em ambiente virtual,


relacionados com estética e beleza, constitui-se em um universo com impossibilidade
de mensuração, foi adotado o critério de amostra não probabilística por conveniência.

Foram escolhidos três aplicativos em ambiente virtual que são de uso amplo da
população no Brasil e no mundo: Modiface make up, Golden ratio face e Sunface-UV-
Selfie.
22

Pelas informações dos desenvolvedores dos aplicativos serem sigilosas e não


publicadas, a análise sobre o funcionamento limitou-se a explicar as técnicas de
visagismo facial utilizadas em cada aplicativo pela descrição dos recursos e
ferramentas.

Assim, a descrição contemplou a busca pela teoria equivalente, que embasou


o tipo de análise facial utilizado por cada aplicativo.
23

3 REVISÃO DE ESTUDOS ANTERIORES

O processo revisão de estudos anteriores foi fundamental para a descoberta e


enriquecimento das referências bibliográficas. Foi um processo no qual houve
dedicação, com o intuito de se compreender todas as camadas de abordagem e, como
consequência disso, garantir resultados apropriados para uma pesquisa.

Também como parte da pesquisa bibliográfica, foi feita a partir de pesquisa


detalhada em torno da produção de materiais didáticos digitais no qual se recortou o
período de 2010 a 2019 da literatura disponível em artigos científicos, teses,
dissertações e livros - período em que o conceito de visagismo, começou a ser
desenvolvido e utilizado com mais frequência e, por conseguinte, o reflexo disso surge
nas literaturas científicas, e definiu-se quais seriam fontes da pesquisa, o que resultou
na escolha das seguintes bases de dados: 1) PUC-SP - Biblioteca Digital Teses e
Dissertações; 2) Portal de Periódicos Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (CAPES)/ Ministério da Educação e Cultura (MEC); 3) Instituto
Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) - Biblioteca Digital Brasileira
de Teses e Dissertações (BDTD); 4) Google Scholar.

É importante ressaltar que durante a elaboração do mapeamento bibliográfico


realizado para o conhecimento das produções científicas considerando o tema,
critérios e recortes estabelecidos, pôde-se constatar certas insuficiências para a
pesquisa.

Observa-se por exemplo que, a produção científica nacional voltada para o


visagismo é escassa e a maioria das obras versam sobre o visagismo apenas
relacionado estética capilar. A produção internacional, por sua vez, totalmente
escassa. Provavelmente essa escassez ocorre porque o visagismo como tema de
pesquisas acadêmicas é relativamente recente.

A busca nas bases utilizando as palavras-chave pré-definidas, resultaram no


encontro de um total de 228 ocorrências, entre teses, artigos e dissertações. O Quadro
1 ilustra todo o acervo encontrado utilizando as palavras chaves previamente
definidas.
24

Quadro 1 – Resumo dos estudos relacionados sem critérios de exclusão


INSTITUIÇÃO 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 TOTAL
USP 1 1 2
PUC-SP 0
CAPES 1 1
Google
12 24 26 35 17 25 29 12 18 2 200
Scholar
SCIELO 0
TOTAL 13 24 26 35 17 25 29 12 20 2 203
Fonte: Produzido pelo autor.

Diante deste quadro, foi realizada uma análise do acervo bibliográfico


encontrado, no sentido de buscar informações que de alguma forma se relacionasse
com a área do tema central desta pesquisa: visagismo.

Dessa feita, o critério de exclusão se deu em razão do conteúdo. Foram


excluídos todos os trabalhos que não trouxessem informações relacionadas com as
áreas do tema da pesquisa.

Essa reanálise logrou êxito em tirar melhor aproveitamento do material


encontrado, restando 1 referências, que foram selecionadas em razão da aderência
às áreas relacionadas ao tema da pesquisa, conforme exposto no Quadro 2.

Quadro 2- Resumo dos estudos relacionados com critérios de exclusão


INSTITUIÇÃO 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 TOTAL
USP 1 1 2

PUC-SP

CAPES

Google
1 1 1 1 4
Scholar

SCIELO

TOTAL 1 1 1 1 0 0 1 0 1 0 6
Fonte: Produzido pelo autor.
25

Os trabalhos selecionados, foram arrolados no Quadro 3, abaixo, que foi


organizado prioritariamente em ordem de importância.

Quadro 3 - Testes, artigo e dissertações relacionados ao tema da pesquisa


Item Autor Título Ano Instituição Tipo

NUNES, Leandro Transfigurações da 2018 USP Tese


Anderson de Loiola imagem humana por
1 Personas: em ambiente
cultural terrestre e em
ambiente de inteligência
artificial.
ARAUJO, Amanda Fisiognomonia: um 2010 UNIVALI Artigo
Mendes estudo para melhor
2 compreensão do
visagismo, na estética
facial
BETTEGA, Rubia O uso do conceito do 2017 UTP Artigo
3 Dessire Caioa Visagismo na distorção da
imagem pessoal
JONAITIS, Silvani A importância das técnicas e 2012 UTP Artigo
4 conceitos do visagismo
aplicado na área da estética
e imagem pessoal
5 PORFIRIO, Kelly Os temperamentos humanos 2013 UTP Artigo
na área da estética

Fonte: Elaborado pelo autor.

Ante o exposto, considerando as bases pesquisadas e o recorte temporal,


percebe-se a existência de uma lacuna na literatura, no tocante ao tema proposto para
a presente investigação, o que ressalta a relevância desse estudo.

Por uma questão de organização, as produções relacionadas ao tema foram


divididas em nacionais e internacionais, para então serem analisadas.

3.1 Produção nacional

Nos termos das bases e recorte temporal apresentados na Introdução desta


pesquisa, foi realizado um levantamento da literatura utilizando as palavras chaves:

a) visagismo
26

O intuito foi mapear e discutir as pesquisas acadêmicas brasileiras, com o tema


central ligado ao visagismo. Como resultado, foram selecionadas as 6 pesquisas
conforme exposto no Quadro 3 acima:

Nunes (2018) analisa os signos a partir da semiótica e da fenomenologia como


forma de o homem se relacionar com o meio ambiente e a produção da cultura. Para
o autor, as imagens referem-se a processos comunicacionais, mas também mentais,
ou seja, podem ser construídos.

Nesse âmbito, o autor estuda as formas de transfiguração da imagem humana


a partir da criação de personagens, dentre eles as personas e os avatares, e os
analisa em ambiente de inteligência artificial. Para eles, as informações disponíveis
no ambiente possibilitam as funções biopsíquicas das pessoas, o que pode ser dado
em diferentes contextos e com intencionalidades distintas.

O uso da manipulação da imagem pelo domínio das formas de comunicação,


constituem para Nunes (2018) novos métodos de expressão e intenção. O que
permeia sua discussão é o uso da imagem humana de forma manipulada e a
capacidade humana de obtenção de informações e interpretação de fenômenos do
meio terrestre. Com esta perspectiva, sugere que a imagem humana pode ser
projetada em ambientes virtuais e digitais e isto pode ser possível pela adoção de
personas e avatares.

Leite (2006) estudou a evolução das tecnologias de uso do tempo nas


produções imagéticas para a construção da imagem virtual, com ênfase no paradoxo
“descompasso entre tempo técnico da produção imagética e o tempo social da cultura
de seu consumo”.

Esta abordagem evidencia a cultura contemporânea, em que as pessoas


desejam recursos cada vez mais precisos e detalhados para a produção imagética em
meio virtual, em menor tempo possível, uma vez que no tempo atual, o consumo é
muito veloz das imagens.
27

Posteriormente, Leite (2015) evoluiu seu estudo, abordando a fotografia e o


cinema enquanto análise cultural relacionando a beleza e a estética enquanto
expressões da comunicação. Segundo Leite (2015, p.2-3)

Em se tratando da imagem do corpo humano, para auxiliar no cinema e na


fotografia, como forma de manipular essas imagens criou-se, por exemplo, a
maquiagem do rosto como recurso possível de manipulação de cor, tom,
proporção e textura e formas 9 (...) As ressignificações que permitiram o
surgimento do Visagismo como texto da cultura também levantam questões
acerca da identidade humana via imagem do rosto e corpo.

Araujo et al. (2010) investigam a fisiognomonia a partir da proposta de


investigar maior detalhamento de aspectos que possam contribuir para o alcance de
objetivos relacionados com a imagem pessoal. As autoras argumentam que há uma
busca constante por perfeição nas imagens e as pessoas são, normalmente,
insatisfeitas com a própria imagem exteriorizada.

Bettega (2011) analisa a aplicação do visagismo como meio para harmonização


da imagem pessoal de mulheres com distorção de sua imagem corporal. A autora
entende a beleza enquanto meio cultural e destaca a beleza ideal que vem sendo
imposta pela mídia, o que faz com que as mulheres busquem soluções imediatas e
que nem sempre representam sua essência.

A autora atribui a distorção da autoimagem aos padrões de estética corporal


impostos na sociedade contemporânea, pois estes induzem as pessoas a insatisfação
com sua imagem e que isto vem sendo incentivado pelos meios de comunicação para
gerar consumo e compra de produtos adequados a esses padrões de beleza tido
como os aceitos. Os efeitos dessa busca sem critérios próprios acarretam falta de
autoconfiança, angústia e sofrimento.

Propõe assim que o visagismo constitui uma análise investiga e multidisciplinar,


que envolve estruturas físicas, estilo de vida e beleza individual. Desta forma a
imagem pode ser adequada ao estilo de vida, interesses, de forma personalizada e
permite a identificação de que cada pessoa possui sua beleza a partir de atributos que
vão além do padrão de imagem socialmente proposto.
28

Bettega e Emiliano (2017) analisam o visagismo na área da estética e da


imagem pessoal. Os autores acreditam que a beleza é única, intrínseca ao indivíduo
e que se associa a valores individuais, características físicas e valores da sociedade
onde emerge. Para os autores:

Um dos maiores desafios, quando se começa a trabalhar com o conceito do


Visagismo, é não olhar os aspectos estéticos em primeiro lugar, mas sim a
pessoa por trás do rosto. O que pode ser esteticamente agradável talvez não
faça bem a ela. É preciso descobrir o que cada pessoa deseja expressar de
si mesma depois, pensar em como criar uma imagem bonita.

Jonaitis e Emiliano (2012) argumentam que a imagem pessoal expressa as


mensagens que as pessoas desejam transmitir, portanto, o visagista deve se
preocupar não somente em criar uma imagem bela, mas deve considerar em sua
análise a identidade, a linguagem visual que se pretende estabelecer conforme o meio
escolhido.

O profissional de visagismo precisa desenvolver olhar atento para identificar


facilmente algumas características das pessoas, assim produzir a imagem pessoal
compatível com expressão de uma imagem que irá refletir no alcance de objetivos
pessoais e garantindo maiores benefícios nas relações interpessoais.

O papel do visagista é proporcionar ao cliente valorização de sua imagem


pessoal a partir de seus atributos, sem padronização, mas respeitando e valorizando
o que cada pessoa tem de melhor e que poderá ser expresso na sua identidade.

Para Porfirio (2013, p.2), o profissional de estética precisa conhecer um pouco


do contexto dos temperamentos humanos para ser capaz de criar, moldar ou
reestruturar a linguagem visual de uma pessoa:

O esteticista não irá avaliar psicologicamente seu cliente, até porque esse
processo não faz parte da área desse profissional. Mas acredita-se que com
as informações contidas nesse trabalho, o mesmo poderá usar como
ferramenta a "linguagem visual" para identificar o temperamento da pessoa a
quem vai prestar serviços.
29

3.2 Produção internacional

Durantes os meses de busca não foi encontrada nenhuma produção acadêmica


internacional com o tema visagisme.

a) visagisme

O visagismo como tema de pesquisas acadêmicas no nível de mestrado e


doutorado é relativamente recente, especialmente se comparada a outras áreas da
produção científica. O propósito foi mapear e discutir as pesquisas acadêmicas
internacionais, com o tema central ligado ao visagismo. Ao final, foi selecionada 1
pesquisa, conforme exposto no Quadro 4:

Quadro 4 - Resumo dos estudos internacionais relacionados


INSTITUIÇÃO 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 TOTAL

Google
Scholar

SCIELO 1 1

TOTAL 1
Fonte: Elaborado pelo autor.

A literatura internacional identificada é de Borza et al. “Automatic Skin Tone


Extraction for Visagism Applications”.

Os autores analisam um sistema de classificação de tons de pele em três cores


de pele: escuro, médio e leve. O sistema proposto é desenvolvido como um módulo
de análise automática em um sistema de visagismo óptico onde o tom da pele é
analisado em um software de teste virtual de óculos a partir de um dispositivo móvel
com uma câmera. O sistema propõe apenas quadros estéticos e funcionais para o
usuário, baseado em algumas características faciais com ênfase tom de pele.

Para os autores, na sociedade moderna, a aparência física é um aspecto


essencial e as pessoas têm hábito de recorrer a várias dicas de moda para melhorar
sua aparência. E nesse âmbito que surgiu o visagismo, cujo objetivo principal é
30

trabalhar a perfeita harmonia entre personalidade e aparência, usando alguns truques


(forma e cor de óculos, penteado, maquilagem etc.) para atenuar ou, ao contrário,
destacar algumas características do rosto.

3.3 Resumo do Capítulo

O ponto em comum dos trabalhos pesquisados e que todos os compreendem,


o visagismo enquanto um conjunto de técnicas que visam adequar a imagem pessoal,
a beleza e a estética com base nas características físicas, biológicas, mas
principalmente, partindo da análise da identidade, o que leva em consideração
profissão, estilo de vida, dentre outros fatores que devem ser analisados para definir
a identidade de uma pessoa.

Todos trabalham a estética e a beleza de uma pessoa a partir da perspectiva


da imagem pessoal embasada pelos traços da personalidade, atribuem a esse
fenômeno uma perspectiva cultural e enveredam pela discussão sobre a pessoa que
está interagindo com o profissional de visagismo.
31

4 ABORDAGENS TEÓRICAS DO VISAGISMO

Este capítulo fundamenta o conceito de visagismo e suas técnicas aplicadas à


beleza da face humana, iniciando pela fisiognomonia e continuando sobre a
associação do visagismo com a sequência de Fibonacci, o homem vitruviano e a razão
áurea e, a morfopsicologia, e pôr fim a máscara de Marquardt que analisa a simetria
do rosto e os padrões de beleza criada por um grande cirurgião plástico, que possibilita
encontrar a simetria e harmonia no rosto humano.

4.1 Fisiognomonia

Guimarães (2016) explica que a fisiognomonia é uma ciência que surgiu na


Antiguidade e que consiste no estudo da personalidade a partir dos traços da cabeça
e do rosto e esclarece que a contribuição desta teoria é a busca pela relação entre a
parte externa do corpo e os adjetivos morais da alma, de forma que se procurava a
compreensão do interior, abstrato e psicológico pelo estudo do externo e visível, o
rosto, pois adotava-se a perspectiva de que o rosto manifesta elementos internos de
uma pessoa.

Guimarães (2016, p.87) complementa:

Assim, o rosto seria a superfície que deixa ver, que torna visível
materialmente, uma série de estados de paixão e emoção que movem o ser
humano e que são, por princípio, abstratos. A fisiognomonia prega também
que, examinando o rosto, pode-se ter acesso também a elementos
biográficos do sujeito e sua localização dentro da escala social, dimensão
mediada igualmente por elementos culturais que adornam a face humana
(maquiagem, adereços, etc.).

Araujo et al. (2010) propõem, assim, uma forma de investigar os conceitos do


visagismo aliado à fisiognomonia como forma de superar a insatisfação pessoal e
propor um meio profissional mais consistente com a constituição da identidade
individual, indo além da mera análise estética, para abarcar a anatomia, a teoria das
proporções simétricas e formatos geométricos, teoria dos temperamentos pessoais e
teoria das cores.
32

Destaca-se a proposta de Araujo et al. (2010) de aplicação de um instrumento


de anamnese, que pode contribuir para uma investigação mais completa de cada
pessoa antes de realizar uma adequação e/ ou modificação em sua estética facial.

Nos quadros 5 e 6 é possível observar os critérios que podem ser analisados


pela junção dos conceitos de visagismo e fisiognomonia, o que as autoras acreditam
que podem ser adotados em conjunto para ampliar as chances de sucesso na busca
da realização pessoal de uma pessoa que busca construir ou reestruturar o seu eu
pessoal e/ ou profissional.

O instrumento proposto pelos autores mostra-se relevante para condensar ou


organizar as informações e métricas de análise derivadas das teorias do visagismo
enquanto critérios válidos para a mensuração dos parâmetros que são utilizadas a
construção da imagem que se pretende, em conformidade com a identidade.
33

Quadro 5 - Ficha de Anamnese de Fisiognomonia e Visagismo na Estética Facial

Fonte: Araujo et al. (2010, p.18)


34

Quadro 6 - Ficha de Anamnese de Fisiognomonia e Visagismo na Estética Facial - continuação

Fonte: Araujo et al. (2010, p.19)

4.2 Progênie do belo matemático

Manuais de retórica, obras de fisiognomonia, livros de civilidade lembram que


o rosto está no centro das percepções de si, da sensibilidade ao outro, trata-se de um
privilégio antigo, em que normas sociais, religiosas, políticas e éticas contribuíram
como parte indispensável na interação dos homens.
35

O rosto é a metáfora da alma, historicamente esse preceito foi rechaçado pela


idealização que era na cabeça que se habitava a alma.

[...] é essa parte que se chama como justa razão espelho da alma, seu
atalho, um quadro de acesso direto onde todas as cores primitivas e
traços vivos a compõem são representados e onde se leem
claramente os vícios e virtudes de que é possuída ou que a possui
(COURTINE, 2007, p.55).

Está aí tomada a importância da face, que constitui o traço sensível desse


processo. O rosto é ao mesmo tempo o lugar mais íntimo e mais exterior do sujeito,
aquele que traduz mais diretamente e de maneira mais complexa a interioridade
psicológica e aquele sobre o qual recaem as mais pesadas restrições públicas. São
os rostos que se observa antes de tudo, são os olhares que se procura captar para
decifrar o indivíduo (COURTINE, 2007, p. 244).

O ensaio do sagrado e intenção de estabelecer proporções belas, levam as


civilizações antigas ao número de ouro, chamado também de número sagrado. Tal
número permanece um grande mistério para o mundo da matemática. Sua primeira
aparição foi dada por volta de 300 a.C. por Euclides de Alexandria. Os gregos e os
romanos tinham um conceito muito mais amplo e compreendia além do traçado
antropométrico, o conjunto visual.

Segundo Livio (2007), o número de ouro também é conhecido como razão


áurea, divina proporção, razão de ouro, dentre outros codinomes. É um número
irracional, muitas vezes considerado especial e onipresente. Esse número é
representado como Phi (Φ), que em português lê-se FI, em homenagem ao grande
escultor grego Phideas, que usou a razão áurea em suas obras.

Para caracterizar numericamente o ɸ, imagina-se a seguinte situação: dois


pontos A e B, em lados extremos de uma reta. Um ponto qualquer C divide o segmento
AB em uma razão áurea, quando C pertence ao segmento AB e 𝐴𝐶 𝐶𝐵 = ɸ =
1,61803398..., conforme demonstrado na Figura 1.
36

Figura 1 - Razão áurea na reta

Fonte: Produzido pelo autor.

Hoje, pode-se calcular a razão áurea com mais exatidão; rechaçando essa
ideia Livio (2007) afirma que M. Berg, no ano de 1966, que ao usar um computador
International Business Machines (IBM) 1401, calculou o ɸ com 4.599 casas decimais,
e o resultado foi revelado no jornal The Fibonacci Quarterly. Além disso, a razão áurea
já foi calculada com 10 milhões de casas decimais em dezembro de 1996.

Pondera-se, ainda, que na construção das pirâmides de Gizé exista a razão


áurea, como também o templo de Parthenon (Figura 2), possui a razão áurea no
retângulo no seu frontão triangular, estando em plena sincronia com um retângulo
áureo, não somente em sua fachada como em toda sua construção.

Figura 2 – Parthenon e suas medidas de ouro

Fonte: Pioto (2015).

Segundo Biembengut (1996), vários polígonos áureos podem ser construídos


obedecendo a “lei da divina proporção”, como por exemplo: triângulo, retângulo,
37

pentágono, decágono. O retângulo áureo está presente também nas obras gregas de:
Leonardo da Vinci, Salvador Dali, entre outros.

Desde a Antiguidade Clássica, a proporção do corpo humano é estudada com


os minuciosos detalhes. Prova disso é que Leonardo da Vinci (1452-1519) criou um
desenho icônico chamado de Homem Vitruviano (Figura 3), inspirado no trabalho do
arquiteto Marcus Vitruvius Pollio, I A.C., em que rege o equilíbrio dos corpos, a
harmonia das formas e dos movimentos e a perfeição através das proporções do
corpo humano.

Figura 3 – Homem Vitruviano

Fonte: Pioto (2015).

Essa obra é inspirada na razão áurea ou divina proporção, estando presente


na orelha, no umbigo, na face e até mesmo nos pés:

[...] a perna inteira dividida pelo tamanho do joelho ao chão; o braço inteiro
dividido pela medida do cotovelo ao dedo; a medida da cintura até a cabeça,
dividido pelo tamanho do tórax; a altura do crânio dividida pelo tamanho da
mandíbula até o alto da cabeça; o tamanho da base do queixo pela base do
nariz ... tudo isso resulta em Phi. Além disso o umbigo divide o corpo adulto
em média e extrema razão; a linha dos ombros divide a distância que vai do
umbigo até o alto da cabeça, em média e extrema razão; o comprimento do
rosto é dividido em média e extrema razão pela linha dos olhos. (TROJACK e
CARVALHO, 2006, p.2)

As combinações das posições de pernas e braços formam quatro diferentes


posturas, produzindo um círculo e um quadrado ao mesmo tempo. O Círculo mostra
a movimentação do homem, e o quadrado mostra o alinhamento do corpo em relação
às pernas e aos braços. Ademais, a obra traz, também, o triângulo equilátero formado
pela posição das pernas, fato esse que torna visível o quanto o ser humano e a sua
38

essência são perfeitos matematicamente. Como já citado anteriormente, a razão


áurea pode ser vista não somente no homem Vitruviano.

Segundo Biembengut (1996), essa medida está presente em todo lugar, no


corpo humano, na natureza, na música e nas espirais formadas através da sequência
de Fibonacci. Segundo Livio (2007, p.111), com as palavras: “Os nove números
indianos são: 9 8 7 6 5 4 3 2 1. Com esses nove números, e com o signo ... qualquer
número pode ser escrito [...]”. Leonardo de Pisa, conhecido como Leonardo Fibonacci,
deu origem ao seu primeiro livro, Liber abaci (livro do ábaco), publicado no ano de
1202.

Fibonacci interessou-se pelos nove números da Índia, após suas viagens que
serviram como grande experiência e conhecimento, culminando na publicação do
livro, que explicava o uso dos numerais indo-arábicos e sua aplicabilidade no
comércio. Mostrava detalhadamente a transformação dos números romanos para
indoarábicos, evidenciando a existência de uma nova matemática. O Liber Abaci,
tornou Fibonacci muito conhecido na época, dando-lhe uma fama que chegou até o
Imperador romano Frederico II, e este, por sua vez, que patrocinava a matemática e
as ciências, convocou Fibonacci a comparecer no reino por volta de 1220.

Biembengut (1996) relata que Fibonacci é considerado o matemático mais


criativo e original da época medieval, visto que sanou um problema sobre coelhos que
deu origem à sua famosa sequência, conhecida como Sequência de Fibonacci.
Fibonacci foi incitado a resolver um problema com coelhos: “Um fazendeiro tem um
casal de filhotes de coelhos. Os coelhos levam dois meses para chegar à maturidade
e dão à luz outro casal a cada mês. Quantos casais de coelhos haverá dali um ano?”
(FLOOD e WILSON, 2013, p.55). Ao fim de 12 meses (um ano), Fibonacci concluiu
que: No mês 0, início de sua observação, há apenas um par de coelhos. No mês 1,
mesmo com o acasalamento, ainda não deram à luz (existindo somente um par de
coelhos). No mês 2, a fêmea deu à luz a um par de coelhos, existindo a partir daí dois
pares de coelhos. No mês 3, após três meses, o primeiro par de coelhos dá à luz a
um novo par de coelhos, totalizando três pares. No mês 4, o primeiro par dá à luz a
mais um par de coelho, o segundo casal dá à luz a outro par de coelhos, totalizando,
assim, cinco pares de coelhos. O número dos pares de coelhos de cada mês é a soma
39

dos pares existentes nos dois meses anteriores a este, como representada na forma
geral: Fn = Fn-1 + Fn-2, n natural, chamada de sucessão de Fibonacci. Os números
de pares adultos, seguem uma sequência: 1, 1, 2, 3, 5, 8, ..., como observamos na
Figura 4, os pares de coelhos seguem exatamente essa sequência.

Figura 4 – Sequência de Fibonacci

Fonte: https://www.mascotaplanet.com/blog/fibonacci-y-la-reproduccion-de-los-conejos-n128 (Acesso


em 10 abril. 2019)

Ao analisar a sequência de Fibonacci mais atentamente, pode-se notar que a


razão entre dois números sucessivos 1/1, 2/1, 3/2, 5/3, 8/5, 13/8, 21/13... tendem a
aproximar se cada vez mais da razão áurea. Segundo Flood e Wilson (2013), essa
sequência tem propriedades agradáveis e extraordinárias, originando um retângulo
com a soma de seu quadrado, e formando, assim, um espiral que, por sua vez, é
semelhante a uma infinidade de elementos da Natureza, como nas sementes dos
girassóis, nas flores, e até mesmo no corpo humano. Como pode-se observar na
espiral de Fibonacci, ilustrada na Figura 5.
40

Figura 5 – Espiral de Fibonacci

Fonte: http://tudosobrerugas.com.br/regra-de-ouro-de-fibonacci-para-avaliacao-da-face-do-paciente/
(Acesso em: 10 abril. 2019)

Biembengut (1996), descreve sobre o quanto as pessoas se preocupam com a


beleza e com a maneira que a sociedade as vê. Frente a isso, estabelecer uma medida
é uma forma interessante de se fazer comparações, e essas formas de comparação
e medidas da beleza humana serão tratados no próximo tópico.

4.3 História do visagismo

O visagismo que conhecemos hoje, é fruto de inúmeras ideias e experiências


de diversas pessoas ao longo da evolução humana, as quais contribuíram para que o
visagismo se tornasse um método pleno na sua aplicabilidade.

Elencamos Aristóteles e sua fisiognomonia reflexiva, Pitágoras, filósofo e


matemático grego, que resolvia o as questões de geometricidade. Empédocles
também filósofo e médico que sustentou a ideia de que no mundo todas as coisas
seriam constituídas pelos quatro elementos: água, ar, fogo e terra. Phideas, escultor
e empregador da razão áurea. Hipócrates, pai da medicina o qual defendia que o ser
humano é constituído pelos fluidos corporais da fleuma (fleumático), da bílis negra
(melancólico), da bílis amarela (colérico) e do sangue (sanguíneo). Isaac Newton,
cientista e físico foi o primeiro a observar o fenômeno dispersão da luz. Goethe,
escritor e pintor conceituou a expressão das cores de acordo com o temperamento.
Wilhelm Ostwald, pai da física-química, e criador da nova teoria das cores e sua
normatização. Rudolf Steiner, fundador da Antroposofia, e afirmava que cada
41

temperamento humano necessita do equilíbrio para ser saudável. Carl G. Jung,


médico psiquiatra fundador da psicologia analítica contribui com seu profundo estudo
de arquétipos humanos. Max Factor, maquiador e grande pioneiro nos conceitos de
simetria facial através da sua invenção batizada de calibrador da beleza. Fernand
Aubry, maquiador e cabeleireiro criou o termo visagismo em, 1937. Suzanne Caygill,
artista plástica e estilista codifica o método para análise de tons de pele e coloração
pessoal batizado de método sazonal. Howard Gardner, neurocientista e psicólogo com
a teoria das inteligências múltiplas. Na atualidade Jean Claude Juillard e Philip
Hallawell são os principais nomes do visagismo (TRINDADE et al., 2017).

4.4 Visagismo

O visagismo foi elaborado ao longo da história e, de forma inconsciente, as


pessoas utilizavam os recursos disponíveis para se arrumar, seus gostos pessoais na
busca de adequar-se aos eventos.

Hallawell (2004) diz que Fernand Aubry (1907 – 1976), um cabeleireiro e


maquiador famoso, criou um conceito para a palavra Visagismo, derivada da palavra
francesa visage, que significa rosto, tendo afirmado que o Visagismo é a arte de criar
uma imagem pessoal única e que o visagista é o escultor do rosto humano. O termo
Visagismo é designado por técnicas especializadas em alterar formas, estética e
design, a fim de tornar mais belo o que não se enquadra nos padrões de beleza.
Podendo até mesmo modificar a aparência da pessoa em si, apurando uma simetria
que torna se mais aceitável perante a sociedade.

Segundo Hallawell (2004), Aubry costumava dizer que não existe mulher sem
beleza, somente belezas que ainda não foram reveladas. Após verificar o tipo físico,
profissão, alguns traços de personalidades, gostos pessoais, ele conseguia definir e
atender as necessidades dos seus clientes que buscavam um visual adequado a eles,
deixando-os com uma imagem harmônica e simétrica.

Segundo Hallawell (2004), o mundo está em uma constante mudança,


especialmente na área da beleza, visto que as pessoas preferem uma personalização
42

do que já existe e não mais uma padronização, justamente por terem como alicerce
que cada pessoa é única, buscando, então, a harmonização e a estética adequada
em si mesma.
O Visagismo foi constituído por duas fases, a primeira delas é ajudar a pessoa
a descobrir e definir o que ela quer expressar pela sua imagem criando assim
a sua identidade visual. E a segunda parte é saber transformar essa intenção
numa imagem adequada com harmonia e estética tendo como base o
conhecimento da linguagem visual, sabendo o que as linhas, as cores e a
formas expressam, para poder traduzir uma intenção abstrata. (HALLAWELL,
2016).

A linguagem visual procura estudar as linhas, cores e formas, através destas,


consegue aguçar os sistemas cerebrais que produzem as emoções. Quando uma
determinada pessoa olha uma imagem qualquer, sem que ela perceba, é apoderada
por sensações e emoções, antes mesmo de pensar ou conceituar sobre o que está
vendo. Esse conceito também é aplicado a face humana, é possível observar todos
os aspectos da imagem pessoal: cabelo, maquiagem, dentes e o formato do rosto. De
acordo com Hallawell (2004, p.22-23), a linguagem visual é formada por dez
fundamentos, que são de grande importância para o trabalho de um visagista:

1. Saber como a luz funciona e como manipular os efeitos de luz e


sombra para criar volume.
2. Saber como funciona a cor.
3. Saber como funciona a perspectiva tonal e como trabalhar esse
conceito nos planos do rosto e da cabeça.
4. Saber como o olho é direcionado numa imagem pelas linhas e
formas e como funcionam os conceitos de estrutura e ritmo.
5. Saber como perceber as proporções do rosto.
6. Saber como empregar eixos na observação do rosto.
7. Conhecer os fundamentos da composição e da proporção áurea. 8.
Conhecer os fundamentos de textura.
9. Saber como perceber os espaços.
10. Conhecer os princípios da perspectiva linear. (HALLAWELL, 2004,
p. 23)

Essa linguagem teve início no século VI a.C, pelos antigos gregos que
buscaram na matemática e na ciência criar imagens que fossem proporcionais. Tendo
em vista que a ligação da matemática com a arte era perfeita geometricamente, esses
estudos foram se aperfeiçoando gradualmente com o passar dos anos, através de
grandes artistas na área.

A proporção áurea tem grande importância na estética [...]. De maior


importância para o visagista, a cabeça humana e o rosto também têm
proporções próximas da áurea. Na pintura, para facilitar o uso da
proporção áurea, costuma-se dividir a área da tela em três partes
43

iguais, [...] porque os segmentos áureos dividem a área do retângulo


áureo em três partes aproximadamente iguais [...]. Isso se chama
regra dos terços. (HALLAWELL, 2004, p. 32).

A razão áurea utilizada na face humana estuda três terços importantes (Figura
6) a área da testa, a área entre a testa e a base do nariz e a área entre a base do nariz
e o queixo, podendo, então, ser aplicada essa proporção a outras áreas do rosto, que
são relacionadas ao ‘intelecto’, ‘emoção’ e ‘intuição’, respectivamente. A região
superior, o intelecto ou terço racional corresponde a distância entre o topo do couro
cabeludo até a sobrancelha e está ligada a intelectualidade ativa, imaginação,
agilidade de pensamento e curiosidade. O terço médio, o emocional diz respeito ao
sentir, e situa-se entre a base da sobrancelha até a base do nariz. Finalizando com o
terço intuitivo que vai da base do nariz até a base do queixo tem forte ligação com o
processo instintivo, determinação (TRINDADE et al., 2017). A preocupação do
Visagismo é manter o equilíbrio entre essas três áreas do rosto com base no
conhecimento dos pontos áureos, predominando a harmonia do mesmo.

Figura 6 – Rosto dividido nas três áreas básicas

Fonte: Hallawell (2004, p. 36).


44

Hoje, a imagem pessoal tem importância na vida profissional e social, pois uma
postura adequada, por exemplo, auxilia na divulgação da imagem que se quer
transmitir. De acordo com Jonaitis e Emiliano (2017, p.2) “As técnicas e os conceitos
do visagismo ajudam a revelar na imagem pessoal as qualidades de uma pessoa, com
harmonia e estética. Por qualidades, entendem-se não só as físicas, mas, também,
as da personalidade”, expondo, então, a sua identidade completa.

4.5 Máscara Phi

A Máscara Phi, também denominada Máscara Marquardt, consiste numa


combinação de sequências matemáticas relacionadas a razão áurea, desenvolvida
pelo cirurgião plástico Steven Marquardt, que produziu uma máscara para quem
busca a beleza perfeita. Vale ressaltar que o campo de aplicação do visagismo não
se limita apenas à moda, estética e beleza, mas também a simetria (TRINDADE et al.,
2017).

A sociedade persegue um padrão de beleza que se enquadre no que se torna


belo e agradável aos seus olhos, usando e criando diversos padrões para isso. De
acordo com Souza, Sousa e Monte (2015), Marquardt ficou conhecido mundialmente
por desenvolver uma pesquisa que deu origem a Máscara Phi, baseada em
sequências matemáticas que compreendem o arquétipo da beleza, com o foco central
de demonstrar às pessoas os padrões necessários para que a ideal beleza seja
conseguida.

Segundo Cassanelli (2012), tal máscara ficou oficialmente conhecida como


máscara de Phi, a qual foi confeccionada através pela razão áurea – o número 1,618
cuja nomenclatura Phi deve-se a Phideas, escultor grego que utilizou na concepção
do Pathernon, com proporções perfeitas segundo a matemática. A sobreposição da
máscara digital ao rosto estudado, determina assim as regiões a serem diminuídas ou
aumentadas de acordo com cada rosto.
45

Segundo Almeida (2017, p. 19), “a máscara foi confeccionada a partir da


conjunção de pentágonos áureos de vários tamanhos, ajustando as medidas faciais.
(Figura 7).

Figura 7 – Máscara de Marquardt

Fonte: http://www.fashionfrisson.com/mascara-da-beleza-real/ (Acesso em 10 abril. 2019)

Essa máscara mantém a mesma razão da proporção divina, tendo relação com
tudo a tudo que pode ser encontrado na natureza, sendo assim, pode se associar as
proporções do rosto com a espiral de Fibonacci (figura 5), citada anteriormente,
levando em consideração as três áreas de abrangência do visagismo (Figura 8).

Figura 8 – Espiral aplicada ao rosto humano

Fonte: https://ar.pinterest.com/pin/165014773824441631/?lp=true (Acesso em 10 abril. 2019)


46

Cassanelli (2012) diz que, apesar de Platão (348 - 347 a.C.) afirmar que ‘a
beleza está nos olhos de quem vê’, existem características através das quais o
formato dos rostos pode tornar-se atrativo e belo, se considerarmos algumas
mudanças. Desse modo, Marquardt criou, também, a fórmula da beleza (Figura 9):

Figura 9 – Desenho do rosto com as proporções

Fonte: Hallawell (2004, p. 166)

1. Altura da testa = altura do nariz (y);


2. Altura do nariz = 1/3 inferior rosto;
3. Largura do nariz = largura dos olhos;
4. Distância interocular = largura do nariz (x);
5. Distância entre os olhos = largura dos olhos;
6. Largura da boca = 1,5 x largura do nariz;
7. Largura da face = 4 x largura do nariz.
47

Para o Visagismo, a beleza facial é formada por dois elementos importantes: a


simetria e a harmonia. A máscara de Marquardt dispõem os dois elementos, levando
em consideração a interpretação do rosto perfeito, podendo ser ajustado para que se
torne mais belo e atraente. A Figura 10 mostra a máscara aplicada nos rostos das
atrizes Marilyn Monroe e Angelina Jolie.

Figura 10 – Máscara aplicada em atrizes de cinema

Fonte: http://www.clinicasarabia.es/la-cara-nuestra-tarjeta-de-visita/ (Acesso em: 14 abril 2019)

A figura 10 explora a aplicação da Máscara Marquardt nos rostos de Marilyn


Monroe e Angelina Jolie mostrando a simetria perfeita da face de ambas. O visagismo
preocupa-se, também, com a geometria da face humana, buscando identificar seus
formatos e associá-los com as formas geométricas estudadas na matemática, o que
será exposto no próximo tópico.

4.5 A geometria facial

Estudar o rosto e seus formatos é estudar a identidade do indivíduo, assim um


profissional de estética poderá criar uma imagem pessoal que ressalte os pontos
48

fortes do cliente, ao mesmo tempo que poderá camuflar os pontos fracos usando
maquiagem, corte e cor de cabelo (DUARTE, 2010).

Para identificar o formato do rosto, nota-se sua geometria e avalia-se suas


linhas. O visagista Philip Hallawell (2004) classifica os formatos de rostos como oval,
redondo, quadrado, retangular, hexagonal de base reta, hexagonal de lateral reta,
triangular, triangular invertido e losangular. A área mais importante para decifrar o
formato do rosto é do alto da maçã do rosto até a mandíbula, não esquecendo, a altura
e largura da testa, alcançando assim o formato do rosto baseado na estrutura óssea.

Para reconhecer o formato do rosto, Hallawell (2004) os definiu na seguinte


forma: • Rosto oval: tem a testa arredondada, não muito larga, as linhas das maçãs
do rosto e do queixo são levemente arredondadas. • Rosto redondo: tem a testa e
queixo pequenos, sem possuir ângulos definidos. • Rosto retangular: tem a testa e o
maxilar levemente alongados, tornando-se parecidos com um retângulo. • Rosto
triangular invertido: tem a testa larga e o maxilar estreito. As maçãs do rosto não são
muito salientes, as têmporas são pouco profundas e o queixo é pontudo. • Rosto
triangular: tem a testa pequena e estreita, sua mandíbula é larga e quadrada sendo
que as maçãs do rosto são bem salientes. • Rosto hexagonal de lateral reta: tem a
testa no formato de trapézio, as maçãs do rosto são elevadas, queixo profundo e
angular. • Rosto hexagonal de base reta: tem a testa em forma de trapézio, o queixo
de quadrado e não pontudo. As maçãs do rosto são acentuadas e a mandíbula é
angular. • Rosto losangular: tem a testa pouco larga, as maçãs do rosto são salientes
e o queixo pequeno. • Rosto quadrado: tem a testa no formato de retângulo, tem pouca
saliência nas maçãs do rosto e destaca-se por seus ângulos retos. A Figura 11, ilustra
os formatos.
49

Figura 11 – Formatos de rosto

Fonte: http://www.amandamore.com.br/os-9-formatos-de-rosto/ (Acesso em: 14 abril 2019)

Afirma ainda que é preciso ter conhecimento da estrutura da face e suas partes,
como nariz, olhos, boca e queixo para atingir o resultado esperado que valorize os
pontos fortes e forme uma imagem pessoal de acordo com o gosto do cliente.
De acordo com as classificações de Hallawell (2004), o nariz é definido pelo
osso nasal, porém as partes da ponta e das laterais são compostas por cartilagens,
seu formato é de uma pirâmide com base triangular, com ângulos aproximados de 30°
a 60° (Figura 12).

Figura 12 – Formato do nariz

Fonte: Hallawell (2004, p. 94)

Os olhos são estruturados por um globo ocular, “o nível de saliência dos olhos
é determinado pela projeção do osso frontal, pela altura do osso nasal e pelo
rebaixamento do arco zigomático” (HALLAWELL, 2004, p. 95). Pensando
50

geometricamente, pode-se dizer que tem um formato de triângulos que se cruzam


entre círculos (Figura 13).

Figura 13 – Formato dos olhos

Fonte: Hallawell (2004, p.95)

Segundo Hallawell (2004, p. 95), a boca é constituída pelos lábios, onde a parte
superior pode ser interpretada como dois triângulos sobrepostos, sendo projetada
para fora um pouco mais que a parte inferior, e esta, por sua vez, tem uma curvatura
maior e com um formato semelhante a um trapézio (Figura 14).

Figura 14 – Desenho Geométrico da Boca

Fonte: Hallawell (2004, p.95)

O queixo é constituído por tecidos moles sobre a mandíbula e seu contorno é


estabelecido pelo formato do maxilar, este cresce ao longo dos anos, tornando-se
mais longo. Na geometria, equipara-se a uma esfera sobre um trapézio aberto (Figura
15).
51

Figura 15 – Formato do queixo

Fonte: Hallawell (2004, p. 95)

4.6 Morfopsicologia, história e conceito

Nossa aparência externa exerce papel fundamental nas interações sociais da


vida cotidiana. Desta forma cuidar de nossa aparência nos concede ajustar e nos
proteger, bem como comunicar disposição emocional (aversão ou simpatia) e
referências sociais (ou seja, status, valores). Todavia, algumas partes ou
peculiaridades discretas do corpo parecem ser mais expostas do que outras em
contribuir para a imagem global. Por exemplo, autores apontam que a atratividade
facial é favorita e representa um dos principais fatores que influenciam a autoestima
global (DAYAN, 2011).

Em especial, o estudo do significado da morfopsicologia tem por objetivo


alcançar a harmonia facial através da estética. O mapa do rosto sofre várias mudanças
progressivas durante a vida, indicando uma reação individual aos eventos da vida e
ao caráter maduro. A influência das patologias não só acelera, mas também acentuam
profundamente essas mudanças morfológicas, causando uma percepção equivocada
da morfopsicologia e da estética. (STEINER, 2007).

Investigar essa influência através dos quatro temperamentos e seus fluidos


corporais era para Hipócrates o pai da medicina a explicação do equilíbrio e da
harmonia. Na medicina grega, cerca de 2.500 anos atrás, acreditava-se que, para
manter a saúde, as pessoas precisavam de um equilíbrio uniforme dos quatro fluidos
corporais: sangue, fleuma, bile amarela e bile negra. Esses quatro fluidos corporais
52

foram ligados (de maneiras astutas por padrões modernos) a certos órgãos e doenças
e também representaram os Quatro Temperamentos ou Quatro Humores (de
personalidade) à medida que eles se tornaram conhecidos. "(MONTGOMERY, 2002).

Hipócrates sugere que existem quatro tipos fundamentais de personalidade,


sanguíneos (prazerosos e sociáveis), coléricos (ambiciosos e líderes), melancólicos
(analíticos e artísticos) e fleumáticos (relaxados e pensativos). Todos nós possuímos
qualidades de todos os 4 temperamentos. Diferentes qualidades são desenvolvidas
através de diversos estágios da vida. A infância destaca o temperamento sanguíneo,
o adulto destaca o colérico, a paternidade destaca o fleumático, a idade mais
avançada destaca o melancólico. Todavia, a grande maioria de nós tem nossas
potências em um ou dois temperamentos principais, mas ninguém é 100% um único
temperamento (MONTGOMERY, 2002).

A análise da face tem relação com a personalidade, trazendo em si uma


dimensão de investigação ampla, que tem origem na teoria de Hipócrates e Galeno
dos tipos de personalidade a partir da correlação com elementos da natureza – terra,
fogo, ar e água –, e por humores (fleuma, bile negra, bile amarela e sangue) que são
dominantes no organismo humano.

A partir da associação entre eles elementos, Hipócrates classificou os seres


humanos pela distribuição em quatro tipos de personalidade diferentes: melancólico,
colérico, fleumático e sanguíneo.

Esta classificação perdura até os dias atuais, sendo considera como um critério
para analisar a personalidade humana e sua expressão, embora ainda não haja
consenso na literatura sobre tal teoria e como esta mostra-se incompleta para explicar
a composição da mente, o que requer evolução contínua de estudos e publicações.

Para Paula (2019), esta teoria é uma tentativa de transpor os aspectos


emocionais e subjetivos das pessoas para aspectos morfológicos, fisionômicos,
metoposcópicos, biótipos grafopsicológicos e outros tipos de análises antropométricas
de crânio e face, dos membros e suas dimensões, adotando critérios estatísticos
complexos.
53

Lahaye (1983) tomou como base a teoria de Hipócrates para analisar os


temperamentos espirituais, adotando como base os temperamentos de personagens
bíblicos de Pedro, Abraão, Moisés e Paulo como tentativa de uma classificação e
interação entre os tipos.

Porém, de forma distinta de Hipócrates, Lahaye (1983) entende que pode ser
percebido mais de um temperamento em cada pessoa, pois todos estão presentes em
maior ou menor grau e que influenciam mais ou menos na personalidade. Assim, o
autor adota estilos dos tipos, dentre eles jovial, enérgico, desanimado e fleumático.
Percebe-se que há uma tentativa de aproximação com Hipócrates a partir desse
critério.

Lessa (1954) já havia feito a analogia aos tipos de personalidade de Hipócrates


a comparar características dos tipos sanguíneos em relação a estrutura de adaptação
da vida, considerando os componentes dos ritmos biológicos.

Seus estudos condensam eugenia, miscigenação e antropologia, culminando


numa teoria que explica os tipos de constituição de ritmos biológicos associados com
características por tipo sanguíneo.

Para Lessa (1954) o tipo sanguíneo A corresponde um predomínio de


harmonia, o tipo sanguíneo B a um predomínio rítmico, ao tipo sanguíneo O um
predomínio melódico e ao tipo sanguíneo AB que pode ser considerado uma mescla
dos tipos A e B sendo classificado como harmônico/ rítmico.

Biachi (1995) entende o estudo da constituição do homem com base na política


e cultura e considera que o estudo da constituição deve levar em conta não somente
a estrutura corporal, mas os tipos psíquicos e comportamentais. Para o autor, a
constituição de uma pessoa é o complexo de caracteres físicos e psíquicos que lhe
pertencem, em um momento definido de sua vida.
54

Desta forma, a constituição é mutável ao longo da vida, pois coincide com o


estado atual de uma pessoa e os estímulos vindos de dentro ou de fora podem
modificar esses fatores inteiros, em equilíbrio uns com os outros.
Bianchi (1995) estudou os quatro tipos de constituição de Hipócrates sob o
ponto de vista da saúde e das terapêuticas mais adequadas a cada tipo, comparando
cada tipo a uma estação do ano: fleumático-inverno; colérico-verão; melancólico-
primavera; e sanguíneo-outono.

Bianchi (1995) também atribuiu compositores e músicos aos tipos de


temperamentos de Hipócrates quanto ao humor: fleumático-Mozart; colérico-Bach;
melancólico-Beethoven; sanguíneo-Handel.

Calegari e Gemignani (2006) analisam a personalidade a partir do aspecto


psíquico, adotando a perspectiva de Carl Gustav Jung para explicar determinados
comportamentos, suas congruências e divergências, considerando que o
comportamento humano é preditível e classificável. Os autores fazem um recorte
desta análise Jungiana para evidenciar os temperamentos na carreira, utilizando as
fundações da personalidade de Jung.

Temperamento é uma predisposição inata da mente, ou seja, um conjunto de


inclinações naturais, relacionadas sobretudo com os processos mentais de
percepção (visão de mundo) e de análise e tomada de decisão, em que
inteligências, interesses (aspirações) e valores são determinantes para
apontar a direção (CALEGARI, GEMIGNANI, 2006 p. 19).

A contribuição de Calegari e Gemignani (2016, p.30) é a compreensão de que


cada pessoa é única no universo, dadas as suas características psíquicas, que são
trabalhadas por Jung a partir dos arquétipos, definidos pelos autores: “Os arquétipos
são núcleos de energia em estado virtual que podem ser ativados pelo dinamismo
incessante da psique”.

Amorim (2016) associou aos quatro temperamentos humanos, adotando a


abordagem dos quatro elementos uma série de aspectos que podem ser identificados
no comportamento de uma pessoa, tais como música, cores, comidas, linguística,
fases de vida, emoções (raiva, medo, alegria e tristeza), afinidades com reino da
natureza, etnia e nacionalidade, dentre outras características que ele distingue como
55

forma de trabalhar a complexidade da análise dos temperamentos. Sua distinção


percorre também os diversos campos da vida das pessoas, como o
autoconhecimento, a relação pessoal, profissional e amorosa.
O autor investiga a proporção do quatro na distribuição dos elementos
analisados como forma de adequar a abordagem de Hipócrates, fazendo uso das
teorias complementares que foram explanadas anteriormente, como Biachi, Lessa,
Calegari e Gemignani e vai ampliando o debate para enriquecer de detalhes a análise
dos temperamentos humanos.

Amorim (2016) define os temperamentos enquanto perspectivas. A psicológica


é o fator individual que predomina e determina o caráter, índole, gênio e maneira de
ser. Já no campo da Teosofia, constitui as disposições orgânicas que define o
comportamento frente as fases da vida e o humor que permeia os conjuntos biológicos
e físicos que definem cada pessoa. O autor correlaciona os diferentes aspectos para
analisar de forma mais complexa e profunda de como os temperamentos humanos
determinam os comportamentos ao longo da vida e do cotidiano.

A análise de Amorim (2016) considera as glândulas endócrinas e sua relação


com os tipos de temperamento e conforme explica o funcionamento destas, relaciona
os temperamentos humanos aos sete pecados capitais e as sete virtudes capitais.
Destaca ainda que a relação entre o funcionamento do corpo a partir das glândulas
pode resultar em doze tipos de temperamentos, uma vez que há relação entre os tipos
e eles podem se modificar ao longo da vida.
56

5 RESULTADOS DA ANÁLISE DE APLICATIVOS DE ESTÉTICA, BELEZA E


VISAGISMO EM AMBIENTE VIRTUAL

A tendência crescente do uso de tecnologias e de melhorias no design digital


na telefonia móvel é justificada no Brasil como um dos mercados em expansão de
softwares para smartphones. Assim, percebe-se o consumo de aplicativos
relacionados com estética e beleza, sendo um mercado promissor para o visagismo
facial.

De acordo com Gois (2017), com a origem dos dispositivos inteligentes, que se
deu em 1999, foram criados os sistemas operacionais para dar suporte as novas
aplicações. Assim surgiu o Java, que oferecia portabilidade e padronização para uso
em aplicativos. Contudo, em 2007, a Apple Inc. criou o primeiro smartphone, adotando
a linguagem IOS como sistema operacional móvel e logo em sequência, o grupo
Google criou o sistema Android e assim, surgiram outros dispositivos compatíveis com
tais linguagens.

Porém, ainda conforme o autor, a grande evolução veio com a criação do


HTML5, que permitiu aos desenvolvedores de software (os criadores dos aplicativos
móveis, os chamados apps) a padronização da linguagem para a expansão do uso
dos smartphones. Assim, ocorreu a partir de 2013, com o conceito de native-feeling
mobile apps, que significa aplicativos móveis com tecnologias web, o que foi a
expansão na criação de apps para diversas finalidades e com ampla de serviços via
web.

A partir disto surgiram diversos aplicativos, e com a possibilidade da expansão


de ferramentas dos apps nos dispositivos móveis, o setor de estética e beleza
aproveitou e passou a ofertar diversos modelos com variadas funções para as
pessoas que querem mudar e/ ou ajustar sua imagem no mundo virtual.
57

Assim, para fomentar a proposta de um novo aplicativo de visagismo, foram


escolhidos três aplicativos de estética e beleza que apresentam recursos das teorias
de visagismo facial: o Make up, da empresa Modiface, desenvolvedora de produtos e
soluções com realidade aumentada; O Golden ratio face, desenvolvida para analisar
a razão áurea do rosto; e o Sunface, idealizado por recurso de fotoenvelhecimento
por um médico alemão que se preocupa com os efeitos da exposição do rosto ao sol
sobre o envelhecimento.

O intuito é a análise da interface, das ferramentas e proposta de cada aplicativo


para que seja possível a aplicação do visagismo facial mantendo a intencionalidade
da representação que o cliente quer e/ ou precisa, como um recurso artístico mas
também como um meio de projetar a imagem em mundo virtual com maior qualidade
e expansão das ferramentas para modelar o rosto.

Os três aplicativos possuem interface digital criativa, com grande interatividade


com os usuários, porém com pouca explicação sobre modos de uso dos recursos dos
aplicativos. Embora alguns recursos sejam autoexplicativos, nem todos os usuários
possuem grande conhecimento para uso dos aplicativos.

5.1 Golden Ratio Face

O aplicativo Golden Ratio Face realiza uma análise da simetria facial, a


estrutura facial e a razão áurea para calcular a beleza da pessoa, onde são mostrados
os critérios da Máscara de Phi, considerada como o arquétipo da beleza, a partir da
proporção da espiral de Fibonacci, além de outros recursos de geometria facial.

Assim, o aplicativo consegue avaliar a simetria das características faciais e


estrutura facial, evidenciando como as pessoas são belas ou feias de rosto a partir da
definição dos formatos de rosto, a partir da simetria entre as linhas da cabeça,
distância e simetria de nariz, olhos e boca (Figura 16).
58

Figura 16 – Explicação de como é feita a análise da razão áurea

Fonte: App Golden ratio face (2019)

Após a explanação do que é analisado para identificar a razão áurea, o


aplicativo oferece as opções que podem ser selecionadas (Figura 17), contudo na
versão gratuita, apenas a análise principal da razão áurea é fornecida.
59

Figura 17 – Funções do App Golden ratio face

Fonte: App Golden ratio face (2019)

Dentre os recursos que este aplicativo apresenta, destacam-se:

Leitura de rosto: a leitura facial identifica cada característica facial - como


olhos estreitos, nariz grande, queixo comprido, sobrancelhas grossas etc. - tem um
significado psicológico;

Análise de beleza facial: Pontuação de atração facial: Para determinar a


pontuação de atração de rosto, o aplicativo visualiza em proporções geométricas de
características faciais, como os olhos, nariz, lábios, e a distância entre os mesmos.
Quando a análise do rosto estiver concluída, o usuário poderá observar quais recursos
do rosto determinam sua pontuação de beleza.

Comparação de faces: este recurso investiga a probabilidade de que duas


faces pertençam a uma mesma pessoa e atribui uma pontuação de confiança e
limiares para avaliar a similaridade.
60

Máscara de razão áurea: a máscara de razão áurea é uma proporção científica


ou matemática das proporções do rosto que pode ser uma ferramenta útil para definir
uma melhor forma de aplicar maquiagem, contemplando para fornecer a simetria ideal
e a proporção para o rosto.

Dicas de beleza: um dos recursos é a oferta de dicas de beleza com sugestões


para uso e consumo de produtos disponíveis na natureza, com ênfase em ervas
medicinais e ingredientes naturais, como frutas, legumes, ervas e especiarias, dada a
importância terapêutica.

Apesar de oferecer uma ampla variedade de recursos que são relacionados


com o visagismo, o aplicativo foi considerado racista por alguns usuários brasileiros,
pois alegam que de acordo com a etnia branca, o padrão de beleza é considerado
melhor do que de pessoas negras, conforme evidenciam na divulgação de
comparação dos padrões (Figura 18).

Figura 18 - Padrões de beleza calculados pelo Golden ratio face

Fonte: https://androidappsapk.co/detail-grface-pro-golden-ratio-face/

A crítica que se faz a esse aplicativo é que, embora ele explore a razão áurea
e determine a simetria, ele não propõe a alteração ou adequação, apenas mostra o
enquadramento do rosto a um padrão predefinido, o que o torna útil para o visagismo
facial, porém incompleto para a representação que o visagista precisa.
61

5.2 Makeup mini

O aplicativo make-up mini é de propriedade da empresa modiface, que oferece


produtos e soluções com realidade aumentada para grandes marcas de beleza e
estética e desenvolve aplicativos para trabalhar aspectos relacionados com as marcas
que a contrata.
Este aplicativo trabalha com a teoria da geometria facial e suas proporções,
especificamente analisando como recursos os olhos, boca, sobrancelhas e pele
(Figura 19).

Figura 19 – Interface do aplicativo Makeup mini

Fonte: App Makeup mini (2019)

O aplicativo propõe uma análise das proporções geométricas enquanto recurso


acessório (Figura 20).
62

Figura 20 – Análise das proporções geometria facial

Fonte: App Makeup mini (2019)

Os recursos principais do Makeup mini são relativos a uma reformulação dos


padrões da face a partir da aplicação de efeitos de maquiagem para os olhos, boca e
textura/ brilho da face (Figura 21).

A finalidade é analisar o estado da arte da face a partir do jogo de cores utilizado


com ampla diversidade de tonalidades de base, corretivo e iluminador e blush para a
face; batom, gloss labial e contorno labial para a boca; e para os olhos existem as
opções de sombras, máscaras para cílios, delineadores e contorno para sobrancelhas
(Figura 22).
63

Figura 21 – Maquiagem para os olhos

Fonte: App Makeup mini (2019)

Figura 22 – Maquiagem para rosto e boca

Fonte: App Makeup mini (2019)


64

A finalidade da criação deste aplicativo de beleza é evidenciar cores e produtos


das marcas clientes da Modiface, pois a partir do critério de escolha no aplicativo,
podem ser sugeridos produtos e cores. Assim, a tecnologia e o design digital do
aplicativo, assim como dos demais produtos da Modiface, são direcionados a uma
visualização personalizada dos produtos pelos clientes.

A crítica que se faz a este aplicativo é sua limitação a seus patrocinadores,


embora sua finalidade seja exatamente de oferecer visualização aos produtos
patrocinados, o recurso poderia ser ampliado para ampliar a gama de opções aos
clientes, de forma que estes possam escolher a marca que mais valoriza sua face e
sua expressão.

A ferramenta é simplificada e parecida com outros aplicativos que não foram


analisados nesta pesquisa por não apresentarem os critérios de inclusão escolhidos,
contudo, atualmente, com a maior qualidade das câmeras dos smartphones que são
utilizados para o uso do aplicativo, ele passa a se tornar obsoleto enquanto análise de
adequação dos adornos ao rosto.

5.3 Sunface

O aplicativo Sunface analisa os efeitos do sol sobre o rosto. A partir da


tecnologia de fotoenvelhecimento, o aplicativo aplicará rugas, manchas solares e
outros sinais de envelhecimento relacionados à aparência para mostrar como o rosto
ficará sem protetor solar no futuro - a partir de cinco anos até 25 anos (Figura 23). O
contrário também é possível, que mostra o rosto sorridente sem os sinais do sol.
65

Figura 23 – Efeitos do sol no rosto

Fonte: https://play.google.com/store/apps/details?id=com.agt.sunface&hl=pt_BR

O diferencial deste aplicativo é sua motivação: um grupo de pesquisadores


alemães, liderados por Brinker, decidiram que um aplicativo, de uso fácil, que
mostrasse a aparência futura das pessoas poderia ser eficaz para a procura de
proteção solar pelos usuários, e optaram por realizar um estudo na sala de espera de
uma clínica de saúde. Disponibilizaram um iPad com um aplicativo de envelhecimento
facial – com capacidade de aproximação da aparência futura com base na exposição
aos raios ultravioleta (UV) (BRINKER et al., 2017).

De acordo com Brinker et al. (2018a; 2018b) e Brohm (2018), a preocupação


dos médicos é com o aumento da incidência de melanoma (câncer de pele) pela
exposição à radiação ultravioleta.

A aplicação de um estudo de campo foi realizada com classes do ensino


secundário no sudeste do Brasil. Estudantes de medicina utilizaram o aplicativo
Sunface e incentivaram a produção de selfies tridimensionais (3D) alteradas dos
66

alunos reagindo ao toque nos tablets por meio de um projetor na frente de toda a série,
acompanhados de uma breve discussão sobre os meios de proteção contra raios UV.

A relevância do uso deste aplicativo é a preocupação dos criadores com a


saúde humana, e eles adotaram o critério da estética e beleza para evidenciar um
problema que afeta a população como um todo, que é a exposição aos raios UV que
pode ocasionar um câncer de pele. O Sunface atua de forma socialmente responsável
ao identificar o que pode ocorrer com a pele de uma pessoa sem a devida proteção
solar.

O Sunface possui como recurso o mapeamento do rosto e, a partir deste,


desenha as rugas e marcas de expressão, e também, reconhece o tom da pele,
podendo ser aplicado a peles de todas as tonalidades e etnias (Figura 24).

Figura 24 – Ação do Sunface com fotoenvelhecimento

Fonte: https://play.google.com/store/apps/details?id=com.agt.sunface&hl=pt_BR
67

6 PROPOSTA DE CRIAÇÃO DE UM NOVO APLICATIVO DE VISAGISMO

Após a análise dos aplicativos, suas finalidades e recursos, percebe-se que é


fragmentado o uso dessas ferramentas de forma consistente com a teoria do
visagismo. Sugere-se, portanto, a criação de um aplicativo específico de visagismo,
porém este não seria gratuito, mas de interesse de quem realmente quer e/ ou precisa
realizar mudanças ou construir sua imagem.

O diferencial deste aplicativo seria a combinação de diferentes ferramentas


utilizadas nos demais aplicativos, contudo com a intencionalidade de criação da
representação para o cliente, a partir de uma análise completa do visagismo facial não
apenas a partir das simetrias, proporções ou razão áurea, mas como uma forma de
explorar o interior e a personalidade do cliente para a adequação externa.

O ponto inicial seria a realização de anamnese, como aponta Araujo (2010) em


sua pesquisa. Todavia, o início do processo do visagismo possui raízes nas teorias
dos temperamentos humanos, uma vez que estas contribuem não somente para
definir características e tipologias de seres humanos, mas, pela condição de analisar
aspectos biológicos e físicos nas pessoas, atuam de forma a analisar com maior
profundidade as tendências para cada um.

Assim, pode ser proposto um questionário amplo com perguntas e também um


contato virtual com um assistente que pudesse auxiliar na participação do usuário na
pesquisa.

Tal instrumento, contribuiria sobremaneira para que haja expansão do conceito


e prática do visagismo enquanto uma ferramenta não somente de estética e beleza,
como vem sendo conhecida, mas como uma teoria e prática de constituição da
identidade pela personalização dos recursos que podem ser utilizados em meio virtual
e gerar resultados no ambiente coletivo.

Mas faz-se necessário analisar o aspecto do design digital, para que seja
possível a criação de um aplicativo com maior quantidade de opções, de recursos e
68

abordagem mais complexa e aprofundada, o que tornará a análise do visagismo mais


consistente com os objetivos da teoria.

Joorabchi et al. (2013) analisaram os desafios reais enfrentados pelos


desenvolvedores de aplicativos móveis e evidenciaram que as plataformas móveis
estão se movendo em direção a fragmentação no lugar da unificação, o que faz com
que o processo de desenvolvimento não possa alavancar informações e
conhecimento de uma plataforma para outra plataforma. Assim, criar um design de
interface do usuário reutilizável para o aplicativo é um trade-off entre consistência e
adesão a cada plataforma.

Os autores também mostraram que os desenvolvedores de aplicativos


precisam de melhores ferramentas de análise para medir e monitorar seus aplicativos
e sua mobilidade. Também, a maioria dos desenvolvedores acredita que as
ferramentas de teste atuais são insuficientes e não confiáveis e não suportam
recursos importantes para testes em dispositivos móveis, como mobilidade (por
exemplo, mudar de rede conectividade), serviços de localização, sensores, o que
limita o uso de recursos reais e diversidade de entradas. Contudo, é um desafio e está
em fase de evolução o design digital de aplicativos para dispositivos móveis, como
smartfones.

Kochhar et al. (2015) os aplicativos para Smartphone ganharam popularidade


nos últimos anos. Milhões de aplicativos para smartphone (apps) são disponíveis em
diferentes lojas de aplicativos que oferece aos usuários uma infinidade de opções para
escolher, no entanto, aumenta a preocupação dos testes realizados nos aplicativos,
se estão adequadamente realizados antes de serem liberados para uso, o que garante
a segurança e a funcionalidade.

Hamari et al. (2015) enfatizaram que atualmente as pessoas buscam


aplicativos especialmente que as levam para o mundo social virtual e que o uso
contínuo dos jogos, aliado a sensação de empoderamento vem criando crenças
positivas sobra a aquisição de aplicativos e jogos digitais.
69

Zhai et al. (2016) analisam a questão do improviso e de atuação entre dois ou


mais membros nos jogos, buscando compreender melhor a interação em tempo real,
o que permite que pessoas interajam no uso de aplicativos e jogos, criando uma
interface mais atrativa para esta promoção.

Elias et al. (2017) analisaram os fenômenos que estão relacionados com as


políticas relacionadas a beleza na sociedade contemporânea. Suas contribuições
recaem sobre a mudança na aparência, motivada sobretudo nas mulheres cujo foco
contínuo na aparência foi tipificado pelo neoliberalismo, com ar ativo, empreendedor,
auto-otimista, que domina a permanência cada vez maior das mulheres no ambiente
do trabalho e dos negócios e estas diferentes formas de trabalho relacionam-se com
a apresentação do eu, ou seja, estão intrinsecamente relacionadas a nova identidade
da mulher, uma vez que os estudos relacionados a beleza são mais direcionados a
este público.

Elias e Gill (2017) investigaram os aplicativos de beleza, uma vez que estão
transformando a arena da aparência política e criam uma arquitetura teórica para
compreendê-los criticamente. Tal formato apresenta estrutura feminista-foucaultiana.

Além disso, os autores reforçam que os aplicativos de beleza oferecem uma


tecnologia de gênero que reúne as modalidades de automonitoramento digital e pós-
feminista, com subjetividade para produzir olhar normativo até então sem precedentes
sobre as mulheres, que é marcado pela intensificação, extensificação e
psicologização de vigilância sobre este público.

6.1 Funcionalidade do Aplicativo

A oferta de serviços de visagismo facial é direcionada a qualquer pessoa que


precise e/ ou queira modificar, adequar ou realizar uma representação da face. O
diferencial é a análise ampla não somente dos aspectos externos da face, mas dos
elementos internos da pessoa que refletem no exterior.
70

Assim, a utilização do aplicativo inicia a partir do download do software pelo


cliente e instalação em seu dispositivo móvel que poderá ser smartphone ou tablet. O
download será cobrado para aquisição do aplicativo e em sequência o cliente poderá
optar pelos serviços à disposição (Figura 25).

Figura 25 – Protótipo do aplicativo

Fonte: Elaborado pelo autor.

Após o processo de download e instalação do aplicativo no smartphone ou


tablet, abrirá a tela inicial, que permitirá ao cliente efetuar seu cadastro. Essa tela
71

inicial será aberta toda vez que o cliente entrar no aplicativo, e este deverá inserir o
login e a senha, que serão cadastrados no primeiro acesso, para entrar no sistema e
poder usufruir dos serviços de visagismo facial.

Ao efetuar login, abrirá uma tela onde serão oferecidos os serviços: análise de
personalidade, análise emocional (esta análise será a partir da fisiognomonia) e por
fim análise do rosto com as ferramentas de proporções, razão áurea, foto
envelhecimento, assim como ajuste de maquiagem e cabelo (Figura 26).

Figura 26 – Protótipo do aplicativo

Fonte: Elaborado pelo autor


72

Caso opte pelas análises de personalidade e emocional, o cliente disporá de


questionários para realização da anamnese da fisiognomonia.

Em seguida, se houver dúvidas será encaminhado a uma tela onde haverá um


profissional para atendê-lo e realizar o diagnóstico, esclarecendo dúvidas, explanando
sobre as análises e identificando a intencionalidade da mudança, adequação ou
representação (Figura 27).

Figura 27 – Protótipo do aplicativo

Fonte: Elaborado pelo auto


73

O aplicativo também apresentará um ícone de busca onde o cliente poderá


colocar o que o que ele está procurando, assim o cliente selecionará o serviço em que
deseja Figura 28).

Figura 28 – Protótipo do aplicativo

Fonte: Elaborado pelo autor


74

Na tela de serviços, aparecerão ícones que permitirão o uso rápido para


alteração e/ ou adequação de cabelo e maquiagem, busca de produtos e marcas que
disponibilizarão tabela de cores e produtos para maquiagem do rosto e mudança de
cor ou textura do cabelo (Figura 29).

Figura 29 – Protótipo do aplicativo

Fonte: Elaborado pelo autor


75

O cliente poderá optar por comprar produtos das marcas oferecidas, a partir de
uma parceria entre o desenvolvedor e as marcas de estética e beleza.
Poderá optar por qual ferramenta ele se sinta mais à vontade em cada momento
de acesso.

Também terá um ícone onde o cliente poderá fazer sugestões, reclamações,


denúncias, elogios, histórico ou itens aleatórios que não ficaria na base de pesquisa
inicial, podendo agregar valor ao aplicativo.

O pagamento de serviços e/ ou produtos ocorrerá via cartão de crédito ou


débito, e a compra será efetuada no aplicativo.

Por fim, o usuário será direcionado a caixa de mensagens no próprio aplicativo


para descrever como foi sua experiência em uma consultoria virtual, também contribuir
para a melhora do aplicativo em futuras atualizações avaliando e pontuando o visual,
a estética e a interação com o aplicativo. Visto que para Elias e Gill (2017) os
aplicativos de beleza seguem a natureza transformadora na aparência, motivada pela
valorização imagética coorporativa e política.

Ainda que os autores sustentam que os aplicativos de beleza dispõem de uma


tecnologia transformadora e segmentada para clientes políticos e coorporativos nosso
aplicativo não seguirá essa contextura. O aplicativo abrira o loque para a sociedade
e todas as pessoas que tenham vontade de passar pelo processo de consultoria facial
visagista pelo simples motivo de entender as informações de sua imagem e o que ela
expressa de modo responsivo, sem preconceitos, sem gênero, visando apenas o bem
estar de cada indivíduo que usufruir do nosso serviço.
76

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebe-se que o visagismo vem sendo adotado enquanto recursos de estética


facial, contudo, sua finalidade de constituição da identidade individual nem sempre foi
considerada como aspecto principal desta teoria.

Alguns recursos são adotados como forma de melhorar a imagem em âmbito


pessoal e/ ou profissional. Com o fenômeno da globalização e evolução das
tecnologias de informação, a inserção no contexto digital e virtual, as ferramentas e
seus recursos para o campo das representações ganharam um ambiente de
abrangência ampla para explorar a evolução do ser humano. Nesse interim, os
aplicativos de estética e beleza expandiram e se proliferaram no ambiente virtual
coletivo, consolidando uma abertura cultural e social inimagináveis.

Com estes recursos à disposição da população em geral, e muitos deles de uso


gratuito, fomentam o uso de técnicas que enquanto conceitos são desconhecidos da
maior parte das pessoas. Destaca-se o visagismo enquanto conceito e ciência que
abrange uma variedade de técnicas que envolvem estética e beleza facial, mas que
adota critérios de análise mais complexos do que os que são comercializados com tal
nomenclatura, o que indica a necessidade de aprofundar os estudos científicos sobre
o tema e sua consistência, uma vez que representa a expressão de uma sociedade e
vem sendo adotada em meio virtual mais continuamente.

Os recursos do visagismo adotados no ambiente virtual são amplos, com oferta


de aplicativos e homepages diversos com finalidades específicas. Os que mais se
destacam e são procurados pelos usuários são os aplicativos de estética e beleza que
modificam detalhes na face, todavia, estes são insuficientes para atender a finalidade
principal do conceito de visagismo: a criação da identidade.

A investigação de três aplicativos mostra que as análises de estética facial são


parciais, evidenciando a necessidade de evolução do design digital de aplicativos que
podem ser complementados para fornecer resultados mais precisos no que tange a
busca das pessoas por modificações não apenas momentâneas como um jogo lúdico
de representação e expressão facial.
77

A análise dos aplicativos de estética favorecem olhar mais aprofundado às


necessidades de definir o “eu”, o que resulta numa constituição humana mais
verdadeira, o que pode favorecer as relações interpessoais e melhorar a qualidade de
vida das pessoas.

Assim, a criação de um aplicativo específico de visagismo, que adote os


parâmetros comuns de estética facial, mas que seja alinhado com a anatomia, o
estudo geométrico, de personalidade, ou seja, que adote o máximo de detalhamento
na constituição da imagem em meio virtual, poderá contribuir para a produção da
identidade individual, o que se aproximará mais da intencionalidade do uso imagético
no projeto de vida da pessoa.

Mais do que um modismo ou processo de jogos em ambiente virtual, o


aplicativo de visagismo facial poderá contribuir para o surgimento de um movimento
em que as pessoas podem se constituir no eu ao adotar um aplicativo que cuidará não
apenas da imagem da face com critérios superficiais, mas oferecer um suporte social
as pessoas pela personalização da análise.

Infere-se que essa busca pelo projeto imagético em ambiente virtual é uma
reconfiguração da sociedade, que utiliza meios tecnológicos com design digital de
forma a abordar a realidade conforme a cultura e a sociedade predizem, ou seja, é a
expressão social e cultural global, dada a amplitude da exposição imagética no meio
virtual.

A evolução e desenvolvimento contínuos de novas tecnologias é um fenômeno


que atende as necessidades de exposição, mas também de constituição identitária
das pessoas em todo planeta, e conforme as teorias estudadas como base, a
identidade pode ser modificada, assim como os temperamentos humanos, o que
sustenta as demais modificações estéticas.

O estudo dos temperamentos humanos contribui para analisar as expressões


faciais e também constituem uma contribuição à análise do visagismo, por
identificarem aspectos físicos, biológicos e psíquicos que correspondem as
78

características da face e que auxiliam na constituição de mudanças que abarcam o


contexto humano e social da pessoa e de sua identidade.

Esta pesquisa valida a proposta de criação de um aplicativo de visagismo facial


que contemple uma análise interior da pessoa antes de identificar simetrias e
adequação da face, o que irá permitir a pessoa escolher se quer se adequar,
transformar ou representar.

Assim, os recursos relacionados ao emocional e a personalidade ganham


destaque para proporcionar uma análise mais completa da pessoa, que aprofunda os
critérios utilizados até o momento nos aplicativos disponíveis, que são apenas
relacionados a estética e beleza, enquanto o app de visagismo facial constitui uma
análise mais completa da expressão facial para compor a estética do rosto e auxilie
as pessoas a descobrir ou definir sua identidade no ambiente virtual.

Portanto, investir em um aplicativo específico de visagismo facial, que


contemple a contribuição de conceitos como tipologias de temperamento humano,
morfopsicologia, fisiognomonia, por exemplo, associando a análise comportamental,
psíquica e física, poderá formar uma nova sociedade, onde as pessoas poderão, de
forma ampla, se conhecer e aprender a se expressar de forma mais objetiva, mais
concisa e clara.
79

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