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ANALISE DO TIPO PENAL DO CRIME DE ESTUPRO E O

ESTUPRO DE VUNERÁVEL

Victória Roberta Vieira de Morais1

Adilsen Claudia Martinez2

RESUMO

Palavras-chave:

ABSTRACT

Key words:

1
Graduanda pela Faculdade de Direito do Centro Universitário Braz Cubas
2
Mestrado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil (2002).
Professor Associado I da Sociedade Civil de Educação Braz Cubas.
Sumário

Introdução 1
Resumo 1.1
A análise do tipo penal de estupro 2
A vulnerabilidade dos menores de 14 anos 2.1
A vulnerabilidade absoluta e relativa 2.3
O discernimento quanto aos menores 2.5
Estupro de vulnerável como crime hediondo 3
A Classificação do crime hediondo 3.1
A posição do STF em caso de estupro de vulnerável e o crime hediondo 3.2
Como se considera a vulnerabilidade presumida dos menores de 14 anos e a sua ausência de
discernimento? Quando essas forem vítimas de estupro? 4
Considerações finais 5
Referência bibliográfica 6

1. INTRODUÇÃO
2. A ANALISE DO TIPO PENAL DO CRIME DE ESTUPRO
Afinal, o que é o crime de estupro?

Podemos conceituar como conjunção carnal, mediante violência ou grave


ameaça que consiste no fato de “constranger alguém mediante violência ou
grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir com que se
pratique outro ato libidinoso” (Art 213, caput, Código Penal).

A análise do crime de estupro deriva de quatro elementos que integram esse


delito, são eles: a) o constrangimento que o agente provoca na vitima
decorrente de violência fisíca ou da grave ameaça; b) que seja dirigido a
qualquer pessoa, tanto importa o sexo (feminino ou masculino); c) para ter o
ato de conjunção carnal; d) ou, para fazer com que a vítima pratique ou permita
com que com ela se pratique ato libidinoso.

Em concordância com, Grego; Rogerio:

A conjunção carnal também é considerada um ato libidinoso, isto é, aquele em


que o agente aflora a sua libido, razão pela qual a parte final constante do
caput do art. 213 do Código Penal se utiliza da expressão outro ato libidinoso, o
mesmo artigo ainda considera como estupro o constrangimento levado a efeito
pelo agente no sentido de fazer com que a vítima, seja do sexo feminino, ou
mesmo do sexo masculino, pratique ou permita que com ela se pratique, outro
ato libidinoso.

Na expressão outro ato libidinoso estão contidos todos os atos de natureza


sexual, que não a conjunção carnal, que tenham por finalidade satisfazer a
libido do agente.

Importante esclarecer, que o objeto material do crime de estupro é a vítima e


sua liberdade sexual e do vulnerável é a liberdade sexual.

Nos mesmos pensamentos, Nucci; Guilherme:

O objeto material do crime de estupro é a vítima, a pessoa que passa pelo

constrangimento. O objeto do crime de estupro é liberdade sexual. As pessoas


têm a
plena liberdade e direito de dispor do seu próprio corpo. O objeto material do
crime

de estupro de vulnerável, e tem como objeto jurídico também a liberdade


sexual,

pois os dois crimes tratam-se dos crimes contra a dignidade sexual. (NUCCI,
2009)

2.1 A VULNERABILIDADE DOS MENORES DE 14 ANOS

A vulnerabilidade decorre daquele que não pode vir a oferecer uma resistência
contra o ato libidinoso, ou seja, a pessoa não tem discernimento psicológico
para entender o caráter libidinoso do ato sexual, abragendo assim, todos os
motivos que retiram a capicidade de resistir ao ato.

A diginidade sexual do vulnerável é o bem jurídico tutelado, é o bem protegido.

O agente vulnerável, por não conseguir responder por sí, está ligado a uma
pessoa (responsável) para ali tomar certo tipos de decisões, pois ainda é
caracterizados como um absolutamente incapaz.

Ainda, na mesma linha, é irrelevante que o agente vulnerável já tenha uma


experiência sexual ou o seu próprio consentimento, vemos abaixo:

O STJ pacificou o entendimento:

Para a caracterização do crime de estupro de vulnerável previsto no art. 217-A,


caput, do Código Penal, basta que o agente tenha conjunção carnal ou pratique
qualquer ato libidinoso com pessoa menor de 14 anos. O consentimento da
vítima, sua eventual experiência sexual anterior ou a existência de
relacionamento amoroso entre o agente e a vítima não afastam a ocorrência do
crime. (STJ. REsp 1480881/PI, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 26/08/2015, DJe 10/09/2015)

Em consonância com a súmula 593 do STJ:


“O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou
prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual
consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior
ou existência de relacionamento amoroso com o agente.”

Para a concretização objetiva, basta que o agente infrator tenha conhecimento


que a vítima é menor de 14 anos de idade e decida manter a conjunção carnal
ou qualquer outro ato libidinoso.

Um ponto importante a abranger é que a configuração do tipo estupro de


vulnerável prescinde da elementar violência de fato ou presumida, bastando
que o agente mantenha a conjunção carnal ou pratique outro ato libidinoso com
o vulnerável.

2.2 VUNERABILIDADE ABSOLUTA X RELATIVA

A vulnerabilidade absoluta é aquela que não admite prova em contrário, ou


seja, aquela que são presumidamente vulneravéis e, sendo assim, quem
praticar qualquer ato sexual com o agente vulnerável incorrerá em estupro de
vulnerável, indepentende da manifestação de vontade do agente vulnerável e
também são aqueles menores de quatorze anos

Ja a vulnerabilidade relativa é aquela que se admite a pova em contrario e são


aqueles menores de dezoito anos e maior de quatorze anos.

Guilherme Nucci aprofunda um pouco mais no estudo quanto a vulnerabilidade,


se posiciona a favor que a vulnerabilidade poderá ser relativizada não apenas
para ajustar a pena do sujeito do crime como também tornar a conduto atípica,
dado que “a lei não poderá, jamais, modificar a realidade e muito menos afastar
a aplicação do princípio da intervenção mínima e seu correlato princípio da
ofensividade.”

Uma curiosade na posição crítica de Nucci, é que ele aponta que o legislador
confundiu-se com próprio Estatuto da Criança e do Adolescente, informando
que não acomppanhou a evolução dos comportamos na sociedade,
entendendo que, o maior de doze anos capaz de consentir em realção aos
seus atos sexuais, sendo válida a proteção absoluta e inviolável do menor de
doze anos, considerando ainda criança aos olhos da lei.

3. A CLASSIFICAÇÃO DO CRIME HEDIONDO

A lei 8.072/90 regulamentou o inciso XLIII, artigo 5 da constituição federal, que


além de trazer u, rol taxativo dos crimes considerados de natureza hedionda
pelo legislador, trouxe também aqueles que seriam considerados
assemelhados aqueles.

É todos aquele que se encaixa no rol do artigo 1 da lei mencionada,


consumados ou tentados.

Os crimes dessa natureza veda a concessão de anistia, graça e indulto.

A anistia ocorre quando o Estado desiste de punir certos fatos tidos como
criminosos (art. 48, VIII - CF.)

Graça é o benefício individual concedido ao infrator.

Indulto, por sua vez, também é o benefício dado ao criminoso, porém, de forma
coletiva e trata-se de ato exclusivo do Presidente da República (art. 84, XII -
CF)

Vale ressaltar que quem pratica crime hediondo recebe tratamento diferente de
quem pratica crime comum, é possível perceber que as consequências de
quem pratica um crime hediondo são mais graves do que quem pratica um
crime comum.

3. ESTUPRO COMO CRIME HEDIONDO

Todo estupro é considerado como crime hediondo?

Tanto o estupro quando o atentado violento ao pudor (que não abrange nosso
trabalho), na sua forma qualificada (quando resulta em morte ou lesão corporal
grave) são crimes hediondos, ninguém discute.
Não há dúvida que o crime de estupro, com violência real, é crime hediondo
(por defender bens jurídico importantíssimos: Liberdade sexual.

Cabe ressaltar aqui a determinação contida no inciso XLIII, do art. 5 da


Constituição Federal, que diz: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia


a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.”

Verificamos por força da lei 8.072/90, são crimes hediondos: Com as


modificações trazidas pela Lei no 8.930, de 6 de setembro de 1994, o estupro
passou a ser previsto, respectivamente, pelos incisos V do art. 1o da Lei n
8.072/90, dizendo, verbis:

Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no


Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, consumados
ou tentados:
(…)
V – estupro (art. 213 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo
único);

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