Você está na página 1de 4

Nome: Ana Laura Silva Amaral

Matrícula: 008845

Questão 1 - De acordo com o acórdão do STJ enviado, responda:

a) – Do que se trata o caso concreto (qual era a controvérsia)?

b) – Segundo o acórdão, quais são os requisitos necessários


para a configuração da supressio?

c) – Qual foi a solução jurídica dada ao caso concreto? Em sua


opinião, ela foi correta? Requer resposta. Texto Multilinha.
O caso concreto trata-se de uma ação ajuizada pela Havan Lojas de
Departamento contra Alvear Participações S/A. Uma ação de declaratória de
inexistência de débito, de locação sobre reajuste anual do valor locatício,
previsão contratual não exigida pela locatária por 5 anos, haveria uma pretensão
de cobrança pela locatária, impossibilidade, que vai gerar uma conduta omissiva
pela locadora, incidência do instituto supressio.
Em suas razões recursais, Alvear Participações S/A, defende a
inaplicabilidade da supressio no tocante aos reajustes anuais previstos no
contrato de locação, que, por equívoco, não foram cobrados pelo locador durante
o período de 5 (cinco) anos, conforme uma parte do recurso do réu ela cita:
Acrescenta que “se há perda do direito, supressão, redução do conteúdo
obrigacional, há extinção da obrigação sobre a qual incide a supressio! Por
isso, quaisquer valores decorrentes da obrigação em questão não
inexigíveis, passados e futuros” (fl.785 e-STJ).”
Para se configura o supressio segundo o acórdão exige 3 (três) requisitos:
A) Inércia do titular do direito subjetivo; B) Decurso de tempo capaz de gerar a
expectativa de que esse direito não mais seria exercido; C) Deslealdade em
decorrência de seu exercício posterior, com reflexos no equilíbrio da relação
contratual.
O Tribunal entendeu que a atitude da locadora Alvear Participações S.A.,
não pode ser interpretada como desinteresse do direito de exigir a atualização
dos aluguéis ao logo de todo contrato, mas somente da quantia anterior à
notificação.
Nesse cenário, suprimir o direito do locador de pleitear os pretéritos,
inclusive em decorrência do efeito liberatório da própria quitação, e permitir a
atualização dos aluguéis após a notificação extrajudicial é a medida que mais se
coaduna com a boa-fé objetiva.
Conforme REsp 1.323.404/GO citado no relatório, Com efeito, o princípio
da boa-fé objetiva “torna inviável a pretensão da recorrente, de exigir
retroativamente valores a título da diferença, que sempre foram
dispensados, frustrando uma expectativa legítima, construída e mantida ao
longo de todo a relação contratual pela recorrida”
Na minha opinião a decisão do acórdão foi a mais correta em relação ao
caso concreto, tendo em vista, que a locadora não reivindicou o seu Direito de
reajuste do aluguel, a locatária continuou pagando o aluguel, gerando um acordo
de boa-fé e uma expectativa de que não mais se mostrava sujeito ao
cumprimento da obrigação, em razão da inércia da locadora não se deve cobrar
os valores dos juros retroativos dos alugueis já pagos, mas sim após a empresa
locatária ser notificada do reajuste do aluguel, a partir da notificação cria-se a
obrigação da locatária de pagar os alugueis futuros reajustados.

Questão 2. De acordo com o acórdão do TJMG enviado,


responda:

1 – Do que se trata o caso concreto (qual era a controvérsia)?

2 – Segundo o acórdão, como e por que se deu a aplicação do


duty to mitigate the loss?

3 – Qual foi a solução jurídica dada ao caso concreto (não


precisa responder se a sua resposta foi abrangida na pergunta
anterior). Requer resposta. Texto Multilinha.

O caso concreto trata-se de uma ação ajuizada pela empresa de locação


de veículos Lokaming Rent A Car contra a empresa Ford Motor Company Brasil
LTDA, a empresa autora adquiriu um veículo da ré e que o mesmo era para
locação comercial. Aproximadamente um ano após a aquisição do produto,
ainda no prazo de garantia, o automóvel apresentou defeito de fabricação não
sanado no prazo de 30 (trinta) dias, o que viola o art. 18 do Código de Defesa do
Consumidor. Na percepção da Ré, pelos próprios termos da inicial, restringe-se
lide às regras ordinárias do Código Civil, quando muito no prazo da parte
demandante menciona serve de referência para que se possa inferir eventual
demora no conserto, mas em hipótese alguma se presta como critério rígido de
julgamento.

Segundo o acórdão, A autora aduz, como causa de pedir remota


indenização pelo atraso de aproximadamente 60 dias para o conserto do veículo
em litígio, mas em verdade o veículo levou 31 dias para ser reparado, fato
alegado em contestação e roborado pela autora no recurso. Tal prazo, por si só,
não induz prática de qualquer ilícito contratual.

Em momento algum, houve recusa da Ré em prestar serviço de


manutenção e reparo do veículo. E o prazo de conserto circunscreveu-se à
esfera da razoabilidade, haja vista a complexidade do procedimento técnico, eis
que o defeito se deu no motor do automóvel. Pelo fato de o veículo ter
apresentado defeito durante o prazo de garantia não opera a responsabilidade
civil da Ré. Vale dizer que os serviços foram prestados sem imposição de
qualquer custo à autora, conforme obrigações avençadas entre as partes.

Houvesse conserto extemporâneo, ainda assim não se poderia atrelar tal


fato específico à perda de um cliente antigo da Autora por culpa da Ré.

A teoria do Duty to mitigate the loss também é consectária da boa-fé


objetiva e deve ser observada pelas partes. Trata-se do dever que se impõe ao
credor de atuar para minimizar o próprio prejuízo. O tema repercutiu na III
Jornada de Direito Civil, na qual foi aprovado o Enunciado nº.169: “O princípio
da boa-fé objetiva deve levar o credor a evitar o agravamento do próprio
prejuízo”.

Partindo-se de uma interpretação da demanda conforme tal teoria, é


contrária à boa-fé a conduta da Autora que deixa de adotar as cautelas de praxe
consistentes em providenciar novo veículo a cliente antigo, com quem travara
duradoura relação jurídica comercial desde o ano de 2007. E isso
independentemente do prazo de reparo estipulado pela Ré.

À luz da boa-fé, deveria a Autora mitigar o dano derivado da suposta mora


da Ré. É dizer: deveria a Autora preservar seu próprio patrimônio, tendo em vista
que tal obrigação já lhe cabia desde o início, considerando que os expedientes
necessários para tanto não dependiam de qualquer ação da Ré.

Assim, conforme as regras de experiência comum quanto ao que


ordinariamente acontece (art. 375 do CPC), se algum dano se possa afirmar,
seja institucional, seja material por lucro cessante, certo é que tal fato não é
decorrente de qualquer ação atribuível à Ré, mas sim à desídia própria da
Autora.

Você também pode gostar