Questão 1 - De acordo com o acórdão do STJ enviado, responda:
a) – Do que se trata o caso concreto (qual era a controvérsia)?
b) – Segundo o acórdão, quais são os requisitos necessários
para a configuração da supressio?
c) – Qual foi a solução jurídica dada ao caso concreto? Em sua
opinião, ela foi correta? Requer resposta. Texto Multilinha. O caso concreto trata-se de uma ação ajuizada pela Havan Lojas de Departamento contra Alvear Participações S/A. Uma ação de declaratória de inexistência de débito, de locação sobre reajuste anual do valor locatício, previsão contratual não exigida pela locatária por 5 anos, haveria uma pretensão de cobrança pela locatária, impossibilidade, que vai gerar uma conduta omissiva pela locadora, incidência do instituto supressio. Em suas razões recursais, Alvear Participações S/A, defende a inaplicabilidade da supressio no tocante aos reajustes anuais previstos no contrato de locação, que, por equívoco, não foram cobrados pelo locador durante o período de 5 (cinco) anos, conforme uma parte do recurso do réu ela cita: Acrescenta que “se há perda do direito, supressão, redução do conteúdo obrigacional, há extinção da obrigação sobre a qual incide a supressio! Por isso, quaisquer valores decorrentes da obrigação em questão não inexigíveis, passados e futuros” (fl.785 e-STJ).” Para se configura o supressio segundo o acórdão exige 3 (três) requisitos: A) Inércia do titular do direito subjetivo; B) Decurso de tempo capaz de gerar a expectativa de que esse direito não mais seria exercido; C) Deslealdade em decorrência de seu exercício posterior, com reflexos no equilíbrio da relação contratual. O Tribunal entendeu que a atitude da locadora Alvear Participações S.A., não pode ser interpretada como desinteresse do direito de exigir a atualização dos aluguéis ao logo de todo contrato, mas somente da quantia anterior à notificação. Nesse cenário, suprimir o direito do locador de pleitear os pretéritos, inclusive em decorrência do efeito liberatório da própria quitação, e permitir a atualização dos aluguéis após a notificação extrajudicial é a medida que mais se coaduna com a boa-fé objetiva. Conforme REsp 1.323.404/GO citado no relatório, Com efeito, o princípio da boa-fé objetiva “torna inviável a pretensão da recorrente, de exigir retroativamente valores a título da diferença, que sempre foram dispensados, frustrando uma expectativa legítima, construída e mantida ao longo de todo a relação contratual pela recorrida” Na minha opinião a decisão do acórdão foi a mais correta em relação ao caso concreto, tendo em vista, que a locadora não reivindicou o seu Direito de reajuste do aluguel, a locatária continuou pagando o aluguel, gerando um acordo de boa-fé e uma expectativa de que não mais se mostrava sujeito ao cumprimento da obrigação, em razão da inércia da locadora não se deve cobrar os valores dos juros retroativos dos alugueis já pagos, mas sim após a empresa locatária ser notificada do reajuste do aluguel, a partir da notificação cria-se a obrigação da locatária de pagar os alugueis futuros reajustados.
Questão 2. De acordo com o acórdão do TJMG enviado,
responda:
1 – Do que se trata o caso concreto (qual era a controvérsia)?
2 – Segundo o acórdão, como e por que se deu a aplicação do
duty to mitigate the loss?
3 – Qual foi a solução jurídica dada ao caso concreto (não
precisa responder se a sua resposta foi abrangida na pergunta anterior). Requer resposta. Texto Multilinha.
O caso concreto trata-se de uma ação ajuizada pela empresa de locação
de veículos Lokaming Rent A Car contra a empresa Ford Motor Company Brasil LTDA, a empresa autora adquiriu um veículo da ré e que o mesmo era para locação comercial. Aproximadamente um ano após a aquisição do produto, ainda no prazo de garantia, o automóvel apresentou defeito de fabricação não sanado no prazo de 30 (trinta) dias, o que viola o art. 18 do Código de Defesa do Consumidor. Na percepção da Ré, pelos próprios termos da inicial, restringe-se lide às regras ordinárias do Código Civil, quando muito no prazo da parte demandante menciona serve de referência para que se possa inferir eventual demora no conserto, mas em hipótese alguma se presta como critério rígido de julgamento.
Segundo o acórdão, A autora aduz, como causa de pedir remota
indenização pelo atraso de aproximadamente 60 dias para o conserto do veículo em litígio, mas em verdade o veículo levou 31 dias para ser reparado, fato alegado em contestação e roborado pela autora no recurso. Tal prazo, por si só, não induz prática de qualquer ilícito contratual.
Em momento algum, houve recusa da Ré em prestar serviço de
manutenção e reparo do veículo. E o prazo de conserto circunscreveu-se à esfera da razoabilidade, haja vista a complexidade do procedimento técnico, eis que o defeito se deu no motor do automóvel. Pelo fato de o veículo ter apresentado defeito durante o prazo de garantia não opera a responsabilidade civil da Ré. Vale dizer que os serviços foram prestados sem imposição de qualquer custo à autora, conforme obrigações avençadas entre as partes.
Houvesse conserto extemporâneo, ainda assim não se poderia atrelar tal
fato específico à perda de um cliente antigo da Autora por culpa da Ré.
A teoria do Duty to mitigate the loss também é consectária da boa-fé
objetiva e deve ser observada pelas partes. Trata-se do dever que se impõe ao credor de atuar para minimizar o próprio prejuízo. O tema repercutiu na III Jornada de Direito Civil, na qual foi aprovado o Enunciado nº.169: “O princípio da boa-fé objetiva deve levar o credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo”.
Partindo-se de uma interpretação da demanda conforme tal teoria, é
contrária à boa-fé a conduta da Autora que deixa de adotar as cautelas de praxe consistentes em providenciar novo veículo a cliente antigo, com quem travara duradoura relação jurídica comercial desde o ano de 2007. E isso independentemente do prazo de reparo estipulado pela Ré.
À luz da boa-fé, deveria a Autora mitigar o dano derivado da suposta mora
da Ré. É dizer: deveria a Autora preservar seu próprio patrimônio, tendo em vista que tal obrigação já lhe cabia desde o início, considerando que os expedientes necessários para tanto não dependiam de qualquer ação da Ré.
Assim, conforme as regras de experiência comum quanto ao que
ordinariamente acontece (art. 375 do CPC), se algum dano se possa afirmar, seja institucional, seja material por lucro cessante, certo é que tal fato não é decorrente de qualquer ação atribuível à Ré, mas sim à desídia própria da Autora.