Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INTRODUÇÃO
b) Logo no final do FEL 3, antes da execução, fazemos uma nova “rodada”, com
dois objetivos:
b2) Levantar novos riscos, porque nessa época, muito mais se sabe sobre o
Projeto e, portanto é mais fácil identificar os riscos. Nessa fase já é mais
difícil medidas que evitem com toda efetividade os riscos. Mas quase
sempre é possível tomar ações para mitigar os riscos.
.
Referimo-nos à tendência natural do ser humano de ocupar-se com tarefas
urgentes e/ou prazerosas, procrastinando as coisas importantes que não são urgentes.
Como resultado desse comportamento, as pessoas não executam tarefas importantes. A
falta de execução de coisas importantes leva a um torrencial de urgências e perdas de
toda ordem. É o caso da Análise de Risco. Não é urgente, mas se não for feita teremos
problemas urgentes mais adiante.
Segundo o PMBOK, existem quatro estratégias para os riscos negativos: prevenir
(ou evitar), transferir, mitigar e aceitar.
Prevenir (ou evitar) – tem como objetivo eliminar a causa raiz do risco,
implementando ações para levar a probabilidade do risco a zero;
FORMA “ARTESANAL”
Mesmo sem nunca ter ouvido falar em P.M.I e consequentemente em
gerenciamento de riscos, quando eu gerenciava Paradas, eu percebi que algo precisava
ser feito antecipadamente para, de alguma forma, fazer frente às inúmeras circunstâncias
e ocorrências que geralmente impactavam as mesmas.
Assim, criamos um grupo informal, para o qual convidamos, além da Manutenção,
pessoal de Operação, de Inspeção, de Investimentos e Suprimentos. E mesmo sem saber
que o estávamos utilizando, fazíamos um autêntico “Brainstorming”, ou “Toró de palpite”,
como poderia ser traduzido aqui no meu interior do Estado de São Paulo.
Perguntávamos: - “O que pode acontecer de errado?” E o pessoal ia elencando
coisas, e das coisas elencadas íamos chegando às de maior impacto e probabilidade
(mesmo sem utilizar pesos ou mesmo utilizar essas palavras), e planejando ações (depois
realizadas) para não deixar nossa parada atrasar. Estávamos mais preocupados com o
Prazo. Como sabemos, em uma Parada, atrasos normalmente conduzem a aumento de
custos. Muitas vezes, os atrasos também acarretam perda na qualidade e segurança; por
estarmos atrasados às vezes perdemos com relação à qualidade e segurança.
As reuniões assim feitas geravam uma ata do tipo da Tabela 6.1 abaixo:
• Controle de emissão e realização de RI’s - Recomendar
no detalhamento dos planos, medidas para evitar atrasos. Verri
Tabela 6.1 – Ata decorrente de uma análise qualitativa de riscos de atrasar a parada
A primeira reunião deve ser apenas para levantar os riscos identificados pelos
participantes, através de uma sessão de “Brainstorming”. Deverão então, “levar para
casa” (para seus respectivos departamentos) a tarefa de cada um com o apoio de
profissionais de sua área, analisar a lista do que foi produzido junto com seus colegas,
complementando-a se for o caso e chegando a um consenso quanto à probabilidade e o
impacto de cada risco identificado.
Posteriormente, é feita nova reunião entre os representantes das áreas,
coordenada pelo Gerente do Projeto. Nesta segunda reunião, eu sugiro que seja utilizado
o método da votação múltipla para alcançar mais rápido o consenso. Então, se escolhe
quais os riscos vão ser aceitos, quais serão evitados ou prevenidos e quais serão
mitigados.
E, o mais importante, que todos os riscos escolhidos para serem mitigados ou
evitados, tenham o correspondente Plano de Ações para isto. Mais: Que sejam
designadas pessoas para acompanharem a execução dos Planos.
• Baixíssimo – B1
• Baixo – B2
• Médio inferior – M
• Médio superior – M2
• Alto – A1
• Altíssimo – A2
Estas pessoas, novamente vão fazer “Brainstorming” para listar novos possíveis
riscos para o Projeto. Vamos supor, apenas para fins de aprendizado do método, que os
riscos listados tenham sido os seguintes:
• Ameaça de Bomba
• Falta de qualidade da mão de obra
• Vendas de mercadorias na área
• Baixa produtividade
• Quebras constantes de máquina de carga
• Excesso de chuva
• Carga horária em desacordo com a Lei (DRT)
• Brigas e/ou arruaças
• Relação Produção x Planejamento Inadequado
• Tráfico de drogas
• Acidentes com caminhões
• Falta de alimentação no horário extra
Então, para “Impacto”, não resta dúvida que o consenso do grupo é “A2 –
Altíssimo”.
Probabilidade: 4 classificaram como Baixa – 20% a 40%
3 classificaram como Média – 40 a 60%
2 classificaram como Alta – 60 a 80%
3 classificaram como Muito baixa – 0% a 20%
Votação múltipla – tiramos os itens que tem menos votos (se fosse mais de um
com poucos também sairia) e votamos de novo. Suponhamos que a nova votação foi:
Votação múltipla – tire novamente o que tem menos votos. Nova votação:
No exemplo hipotético:
• Ameaça de bomba
• Falta ou inadequação de EPI’s
• Quebra constante de máquinas de carga
• Brigas e/ou arruaças
• Venda de mercadorias na área
• Falta de cobertura nos pontos de risco
• Excesso de chuva
• Relação Planejamento x Produção da Obra Inadequada
Ações:
Pessoal Próprio:
• “Treinograma” – Executar
• Certificação ABRAMAN/SENAI
• Simular “a quente” trabalhos mais complexos
• Estimular melhora da escolaridade
• Reunião prévia com explicação dos trabalhos
• Implantar o “5S”
Pessoal Contratado:
Tabela 6.2: Plano para mitigar a falta de qualidade de mão de obra baixa
Ações:
Excesso de chuva
Evitar (mostrado na tabela 6.5)
Como sei das dificuldades de se estabelecer uma cultura de uma técnica nova,
proponho que inicialmente concentremos nossas análises na dimensão PRAZO.
Como vimos no capítulo 4 – GERENCIAMENTO DO TEMPO (PRAZO), quando
estimamos um prazo, na verdade estamos em um ponto qualquer da figura 4.21 do
capítulo mencionado. Para facilitar a leitura, vamos repeti-la neste capítulo.
Figur
a 6.2 – Repetição da figura 4.21 – Função Densidade de Probabilidade - Prazo
Distribuição triangular
Notem que o “triângulo” da figura tem o lado da direita maior que o lado da
esquerda. Isto porque, como já afirmamos anteriormente, os eventos imprevistos que
ocorrem em um projeto são mais no sentido de aumentar o prazo que diminuí-lo.
Quando somamos uma porção de prazos que tem uma distribuição triangular, pela
teoria do limite central, obtemos uma curva “normal”, bastante conhecida de todos,
conforme figura 6.4:
O sigma (σ) ou desvio padrão é uma número que teoricamente somaria todos os
“desvios” em relação à média (sendo cada um elevado ao quadrado para neutralizar o
fato que teremos números negativos) e depois tiraria a média dessa soma e finalmente
extrairíamos a raiz quadrada.
O entendimento prático é o que interessa mais. Assim um valor de σ (sigma) de
valor baixo significa que a distribuição é mais “apertada”, com as ocorrências distribuídas
mais próximas da média, como a curva da figura 6.5 abaixo:
Figura 6.5 – Curva normal (com aproximação) cujo desvio padrão é baixo
Por outro lado, um σ (sigma) de valor alto significa que a distribuição é mais “larga”,
com a distribuição das ocorrências mais afastadas da média, como o da figura 6.6:
Figura 6.6 – Curva normal cujo desvio padrão é alto
Como vemos, neste exemplo a curva seria bastante “apertada”, e o sigma (σ)
adotado no exemplo seria igual a 10,8.
Suponhamos agora que eu queira saber qual a probabilidade de terminar esta
Obra, cujo tempo médio da realização é 400 dias, em até 420 dias (chamamos esse valor
de “y”).
K=y–x
K = 420 – 400 = 20
Segundo passo: Dividir o valor “K” encontrado pelo desvio padrão – (σ = 10,8 como
foi atribuído dois parágrafos acima).
X=K
σ
X = 20 = 1,85
10,8
Primeiro passo: Vou na tabela 6.7. e verifico que a probabilidade mais próxima de
0,85 é um x = 1,04 que corresponderia a um Φ(x) = 0,8508
K=Xx T
K = 1,04 x 10,8
K = 11,2
Y=X+K
Y ≈ 400 + 11
Y ≈ 411 dias
Vamos Calcular:
Vamos supor ainda que a distribuição seja triangular para facilitar o entendimento.
Utilizando as fórmulas dessa distribuição (triangular) temos:
Atividade 1: X1= O + MP + P
3
X1= 1,67
σ 1 = 0,31
Atividade 2:
X2= 28,67
σ2 = 2,32
Atividade 3:
X3= 2,67
σ3 = 0,72
Variança (O) = T1 + T2 + T3
Variança (O) = 0,10 + 5,39 + 0,51
To = 6,0
σ o = √6,0
σ o = 2,45
Ko = 34-33,0
Ko = 1,0
X = Ko = 1,0 = 0,41
σ o 2,45
Da tabela 6.7
Ø (x) = 0,6591
P ≈ 65,9%
K = X x σp
K = 1,04 x 2,45 = 2,55
Prazo = 33 + 2,55
Prazo ≈ 35 meses e ½
CASO REAL
Notem que o Técnico de Operação foi o mais pessimista, enquanto que o Gerente
de Projeto foi o mais otimista. A mim me pareceu lógico; o Gerente de Projeto tem que ser
otimista, enquanto o Técnico de Operação, acostumado a receber Unidades cheias de
problemas, tem a tendência de ser pessimista.
Já o Gerente de Instrumentação sabe que, dependendo da qualidade da
montagem e do tipo de problema encontrado, o prazo pode ter uma grande variação,
tanto para mais quanto para menos.
K = X. σ b
K = 1,29 x 3,89 ≈ 5,02
Prazo ≈ 29 + 4
Prazo ≈ 34 dias
Este foi o prazo fornecido para a Sede da Empresa, promessa do Gerente Geral (Sponsor) para as
áreas de Negócio da Companhia.
P = (30 + 28 + 39) / 3 = 29
σ p = 3,89
Este prazo foi colocado como prazo máximo a ser seguido por toda a equipe. Todos os controles
referiam-se a este prazo.
No dia 03 de outubro de 2010, 33 dias após dados os prazos acima, foi realizado o 1º “switch”,
desviando a produção de um tambor de coque para outro, caracterizando o início da produção de Unidade
de Coque da Replan.
Devido aos inúmeros problemas (normal em uma situação de partida), o prazo desafio lançado 30
dias atrás não foi alcançado, mas o prazo passado à Direção da empresa foi adiantado em 1 dia.
A análise quantitativa de risco havia nos ajudado a vencer, com sucesso, a última etapa desse
Projeto.
Então, uma vez estabelecido pela Alta Administração qual o risco que
estão dispostos a assumir, chega-se ao prazo previsto para o Projeto.
Temos ainda uma distancia muito grande a percorrer; A Análise de Risco
Probabilístico está apenas “engatinhando” no Brasil. Mas na minha opinião, não dá para
deixar que a definição do risco a assumir seja dado pela “gordura” do planejamento,
“espremido” depois pela alta administração, com critérios quase que puramente
subjetivos.
É preciso colocar engenharia nesta questão, tornando ainda mais profissional a
Gestão de Projetos em nosso País.
www.verriveritatis.com.br