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Acesso Por Corda - Normas e

Legislação ABRAMAN
Engenharia de Manutenção
Universidade Federal de Goiás (UFG)
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USO DO ACESSO POR CORDA - NORMAS E LEGISLAÇÃO

Raimundo de Oliveira Sampaio Filho1

RESUMO

O acesso por corda é uma técnica da engenharia de acesso, aplicada para


serviços onde envolva risco de queda e/ou acesso difícil, utilizada no Brasil
há pelo menos 19 anos, não se limitando a um segmento de mercado ou
determinado tipo de especialidade.

O uso do acesso por corda, seus procedimentos e práticas é um item


importante a ser discutido, principalmente em face da diversidade dos
segmentos e especialidades que a utilizam. As práticas de segurança,
normas e legislação, o papel das contratantes, contratadas, organismos de
treinamento, certificadores e do próprio profissional de acesso por corda,
serão o foco de análise deste trabalho.

1. INTRODUÇÃO

A Técnica de Acesso Por Corda, também conhecida como Alpinismo ou


Escalada Industrial, utilizada no mundo a pelo menos 30 anos,
principalmente Europa e Estados Unidos, vem crescendo no Brasil e
conquistando sucesso, por proporcionar segurança, redução de tempo e
menor custo para execução dos serviços. É empregada, na indústria
energética, telecomunicações, óleo e gás, siderúrgica, construção civil,
petroquímica, propaganda, serviços urbanos, fazendo uso dela, caldeireiros,
inspetores, engenheiros, médicos, biólogos, geógrafos, eletricistas,
pedreiros, isoladores, arquitetos, pintores, etc.

É uma técnica de trabalho em altura, bem diferenciada das demais, pois o


profissional utiliza cordas como meio de acesso, e desloca-se por elas com
auxílio de equipamentos específicos. Por se tratar de uma atividade que
depende muito da habilidade do profissional que está executando, foi
necessário elaborar normas que estabelecessem regras e orientações para
os profissionais e empresas que utilizam este método, e uma sistemática
para qualificação e certificação para o profissional de acesso por corda.

As práticas de segurança, normas e legislação, o papel das contratantes,


contratadas, organismos de treinamento, certificadores e do próprio
profissional de acesso por corda, serão o foco de análise deste trabalho.

1
Técnico de Inspeção de Equipamentos – BRASKEM – UNIB-BA
E
Profissional de Acesso por Corda N3

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2. HISTÓRICO

No final dos anos 70 as técnicas de escalada e alpinismo foram utilizadas


na França como auxílio para estabilização de encostas. Neste mesmo
período estas técnicas foram utilizadas no Reino Unido para inspeção
externa de prédios que apresentavam problemas de desprendimento de
trechos da fachada.

A técnica de acesso por corda, como conhecemos hoje, começou a


desenvolver-se nos meados dos anos 80, não pelas técnicas de escalada
ou alpinismo como muitos acreditam, mas baseada em um sistema
desenvolvido pela espeleologia2 (final da década de 60). Porém, para torná-
lo adequado aos trabalhos em altura, foi adicionada uma segunda corda de
segurança de modo como nível de redundância.

Em 1987, com o apoio do governo britânico através do Health and Safety


Executive (HSE), seis empresas do Reino Unido juntaram-se para criar a
Rope Access Trade Association (IRATA). Sete anos depois (1994), era
publicada a norma britânica de métodos de acesso por corda para a
indústria.

Com a crescente utilização deste método em outros países, a partir de 1990


o mesmo aconteceu na Austrália, França, Alemanha, Nova Zelândia,
Noruega, África do Sul e do E.U.A, foram criadas organizações para
padronizar o Acesso por Corda.

No Brasil a técnica passou a ser utilizada a partir de 1994. No início da


década de 2000, a Petrobrás passou a exigir certificação de acesso por
corda para todos os profissionais que fossem utilizar este método dentro
das plataformas petrolíferas, e como não existiam normas ou certificação
brasileira para esta atividade, começou-se a utilizar a certificação
estrangeira IRATA, devido a influencia de plataformas inglesas na bacia de
Campos.

Como aconteceu nos outros países, o Brasil precisou elaborar suas próprias
normas e certificação, e nos anos de 2007 e 2008 foram homologadas as
duas normas de acesso por corda ABNT NBR-15475 e ABNT NBR-15595.

3. PRÁTICAS DE SEGURANÇA DO ACESSO POR CORDA

a) As atividades de acesso por corda só podem ser executadas por


profissionais que possuam certificação. No Brasil a certificação deve
estar em conformidade com a norma ABNT NBR-15475.

b) A equipe mínima de acesso por corda é composta por dois profissionais.

c) Para cada trabalho de acesso por corda é elaborado um plano de


execução de serviço, contemplando os itens relativos à ancoragem, a

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Ciência ou esporte que tem por objeto o estudo ou a exploração das cavidades naturais do
solo (cavernas, grutas)

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quantidade de cordas, aos tipos de manobras, ao plano de resgate e
autorresgate, as atividades por especialidade e todos os riscos em
potencial. Este plano irá auxiliar na elaboração da Análise de Risco
(Exemplo na Fig-1).

Fig-1 Exemplo de Formulário de Plano de Serviço de Acesso por Corda

d) Todos os equipamentos de acesso por corda possuem identificações


para que possa permitir rastreabilidade. Todos são inspecionados
periodicamente, e o resultado das inspeções registradas em ficha
individual.

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e) As cordas utilizadas nos serviços de acesso por corda possuem
identificação e uma ficha de controle de uso, estando a sua vida útil
limitada em 1 ano, a partir do seu primeiro uso.

Fig-2 Exemplo de formulário de controle de uso da Corda

f) Para cada serviço de acesso por corda é elaborada uma Análise de


Risco, e nesta, são identificados os perigos e aspectos envolvidos na
atividade ou trabalho, fornecendo uma visão ampla das interfaces com o

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trabalho a ser executado. O tipo de supervisão a ser utilizada é definido
durante a elaboração da análise de risco.

g) Cada profissional utiliza duas cordas em sistemas de ancoragem


independentes e/ou individuais de modo que, em caso de falha de uma,
o profissional não sofra uma queda.

Fig-3 Ancoragens independentes

h) Antes de iniciar a atividade, o profissional de acesso por corda verifica o


local de trabalho, para assegurar-se de que os riscos em potencial foram
identificados e estão comtemplados na análise de risco.

i) O Profissional de Acesso também é qualificado e capacitado nas


especialidades que irá desenvolver (pintor, caldeireiro, isolador,
pedreiro, soldador, engenheiro, inspetor de ensaios e/ou equipamentos,
etc.).

j) Todos os equipamentos de acesso por corda são inspecionados


diariamente pelos profissionais de acesso, antes, durante e após a
jornada de trabalho.

k) Os equipamentos ou sistemas de descida são auto-blocantes3.

l) Todos os pontos de ancoragem são inspecionados previamente para


certificação da integridade dos mesmos. A área onde as ancoragens são
montadas é protegida.

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Se o profissional perder o controle, eles param automaticamente sem o uso das mãos

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4. NORMAS E LEGISLAÇÃO

A tabela a seguir relaciona as normas técnicas e legislação aplicadas na


atividade de acesso por corda em vários países.

DOCUMENTO DESCRIÇÃO TIPO PAÍS


Condições e Meio Ambiente de Trabalho na
NR-34
Indústria da Construção e Reparação Naval Legislação
NR-35 Trabalho em Altura Legislação
Brasil
ABNT NBR 15475 Acesso por corda - Certificação de Pessoas Norma
Acesso por corda - Procedimento para
ABNT NBR 15595
Aplicação do Método Norma
Segurança em Trabalhos Verticais (I):
NPT-682
equipamentos Legislação
Segurança em Trabalhos Verticais (II):
NPT-683 Espanha
técnicas de instalação Legislação
Segurança em Trabalhos Verticais (III):
NPT-684
técnicas de operação Legislação
CAL-OSHA
Utilização de Equipamentos de Acesso por
Subcapítulo 7
Corda EUA
§3270.1 Legislação
ASTM E2505-07 Norma de Acesso por corda na Indústria Norma
Código de Prática para uso do método de
BS 7985
acesso por corda para fins industriais Norma Inglaterra
Sistema de Acesso por Corda Industrial -
AS/NZS 4488.1 Especificações Norma
Sistema de Acesso por Corda Industrial - Nova Zelândia
AS/NZS 4488.2 Seleção uso e manutenção Norma /Austrália
Sistemas de acesso por corda - princípios
ISO-22846-1
fundamentais para sistema de trabalho Norma
Internacional
Sistemas de acesso por corda - código de
ISO-22846-2
práticas Norma
ABNT NBR 14628 Equipamento Trava-queda retrátil Norma
ABNT NBR 14629 Equipamento Absorvedor de energia Norma
ABNT NBR 15834 Equipamento Talabarte de segurança Norma
Brasil
ABNT NBR 15837 Equipamento - Conectores Norma
Equipamento Cordas de alma e capa de
ABNT NBR 15986 baixo coeficiente de alongamento para
acesso por cordas Norma
Equipamento de proteção individual para
proteção contra quedas em altura -
ISO-16024 Internacional
Sistemas Horizontais Flexíveis de Corda de
Salvamento Norma
EN-12481 Equipamentos de Acesso por Corda Norma
EN-567 Equipamentos Bloqueadores Norma Comunidade
EN-341 Dispositivos de descensão Norma Europeia
Dispositivos antiquedas deslizante em linha
EN-353-2
flexível Norma

TABELA -1

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Algumas considerações sobre as normas e a legislação

a) No Brasil, as Normas Regulamentadoras, também conhecidas como NR,


regulamentam e fornecem orientações sobre procedimentos obrigatórios
relacionados à segurança e medicina do trabalho. Essas normas são
citadas no Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT). Foram aprovadas pela Portaria N.° 3.214, 8 de junho de 1978,
são de observância obrigatória por todas as empresas brasileiras
regidas pela CLT e são periodicamente revisadas pelo Ministério do
Trabalho e Emprego. São elaboradas e modificadas por comissões
tripartites específicas compostas por representantes do governo,
empregadores e empregados.

b) As normas ABNT NBR são de caráter voluntário, e fundamentada no


consenso da sociedade. Torna-se obrigatória quando essa condição é
estabelecida pelo poder público.

c) A NR-34 é uma norma regulamentador para a Indústria Naval, e


determina que nos serviços de acesso por corda, a equipe de
trabalhadores deve ser certificada em conformidade com norma técnica
nacional ou, na sua ausência, com normas internacionais. Vale ressaltar
que atualmente, esta é a única NR que oficializa o acesso por corda no
Brasil.

Para atender este quesito da NR-34 as empresas devem seguir as


normas ABNT-NBR-15475 e 15595, que tratam especificamente do
acesso por corda.

d) A NR-34 também determina que a empresa responsável pelo serviço


deva ser certificada em conformidade com norma técnica nacional ou,
na sua ausência, com normas internacionais.

Este é um quesito que atualmente as empresas não conseguem


cumprir, visto não existir norma nacional, estrangeira ou internacional
que certifique empresas de acesso por corda.

e) A norma nº 35 (NR-35) regulamenta o trabalho em altura, uma das


principais causas de acidentes do trabalho no Brasil. Segundo pesquisas
40% dos acidentes de trabalho no Brasil são acidentes em desnível.
Esta norma estabelece os requisitos mínimos e as medidas de proteção
para a atividade em altura, como o planejamento, a organização e a
execução, com o objetivo de garantir a segurança e a saúde dos
trabalhadores envolvidos direta ou indiretamente com a atividade.
Devido à diversidade de tipos de acesso, indústrias e especialidades
que trabalham em altura, serão elaborados anexos específicos para
tratar destes assuntos. O acesso por corda terá um anexo exclusivo.

f) A análise de risco dentro das NR-35, 34 e NBR de acesso é considerada


de grande importância para execução dos serviços. Só na NR-35 a
palavra é repetida por 10 vezes. Vale lembrar que os princípios e
metodologias da análise de risco consistem em proceder-se uma revisão
geral dos aspectos de segurança de forma padronizada, descrevendo

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todos os riscos e fazendo sua caracterização, para que medidas e
controles de prevenção possam ser aplicados. Portanto é necessária a
utilização de boas práticas e ferramentas consagradas para elaboração
da análise de risco.

g) As normas brasileiras de acesso por corda, ABNT NBR-15475 e 15595,


tiveram como base para a sua criação, as normas estrangeiras e as
boas práticas já utilizadas pelas empresas e profissionais de acesso por
corda do Brasil.

h) As normas de acesso por corda não se aplicam às atividades de esporte


de montanha, turismo de aventura e de serviços de emergência
destinados a salvamento e resgate de pessoas que não pertençam à
própria equipe de acesso por corda.

i) As normas brasileiras de acesso por corda, assim como outras normas


estrangeiras diferenciam o tipo de serviço e os níveis de certificação
para os profissionais de acesso.

j) Tipos de serviço, conforme ABNT NBR-15475


 Trabalhos Verticais Simples em acesso por corda :são aqueles
onde é possível realizar o resgate de uma vítima, baixando a mesma
diretamente até o solo ou a um patamar adequado, e o desvio ao
longo da corda não deve exceder à 20 graus. Sem empregar nós e
fracionamentos ao longo da corda.

 Trabalhos Complexos em acesso por corda: são aqueles onde


não se enquadram na definição de trabalhos verticais simples.
Exemplos: tirolesa, progressão guiada, trabalhos sobre água, resgate
avançados, espaços confinados, fracionamento, etc.

k) Níveis dos profissionais conforme ABNT NBR-15475


 Nível 1: profissional com qualificação básica, possui habilidades para
trabalhar com segurança dentro de uma variedade de sistemas
empregados em Acesso por Corda, sob a supervisão de um Nível 2
ou Nível 3.

 Nível 2: Profissional com qualificação intermediária, que além das


habilidades do Nível 1, deve possuir habilidades necessárias para
planejar e supervisionar somente trabalhos verticais simples de
acesso por corda em ambientes urbanos, e trabalhos complexos sob
a supervisão remota ou direta de um profissional nível 3.

 Nível 3: profissional com qualificação avançada, que além das


habilidades do Nível-1 e 2, deve possuir habilidades para planejar e
supervisionar trabalhos complexos (exemplos: tirolesa, escalada
guiada, resgastes avançados, trabalhos sobre água, espaços
confinados, etc.) em ambientes urbanos ou industriais (estaleiros,
refinarias, plantas petroquímicas, estações de energia).

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5. CONSIDERAÇÕES GERAIS

Os pontos fortes que tem levado a expansão do uso da técnica de acesso por
corda, quando comparado com outros tipos de acesso, são a segurança,
redução de custo, otimização de tempo, diminuição do risco de queda devido
ao menor número de pessoas e material envolvido, além de permitir acesso a
locais anteriormente impossíveis pelos métodos convencionais, considerados
difíceis e onerosos.

Ambiente confinado Plataforma de Petróleo Inspeção em


Tubulações

Chaminés Aerogerador Navios

Figura-4 - Fotos de algumas aplicações da técnica de acesso por corda.

5.1. Certificadoras e Organismos de Treinamentos

No mundo a maioria das empresas de acesso por corda tem se organizado


por associações, com a finalidade de regularizar e fortalecer a atividade,
bem como uniformizar as práticas de trabalho. As próprias associações
elaboram seus códigos de práticas de trabalho, os quais servem para o
treinamento e certificação dos profissionais. Quando o país possui uma
norma de acesso por corda, geralmente elas foram elaboradas com base
nestes guias de prática. A tabela-2 a seguir, informa as associações de
empresas de acesso por corda existente hoje no mundo.

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Associações de Acesso por Corda no Mundo

Sigla Descrição Origem


ANEAC Associação Nacional de Empresas de Acesso por Corda Brasil
ABEAC Associação Brasileira de Empresas de Acesso por Corda Brasil
Asociacion Nacional de Empresas de Trabjos Verticales y em
ANETVA Altura Espanha
ARAA Australian Rope Access Association Austrália
Fach- und Interessenverband für seilun terstützte Arbeitstechniken
FISAT e.V e.V. Alemanha
IRAANZ Industrial Rope Access Association of New Zealand Nova Zelândia
IRATA Industrial Rope Access and Trade Association País de Gales
IWH Institute For Work At Height África do Sul
SNETAC Syndicat National des Entreprises de Travaux d'Accès Difficiles França
SOFT Norway Industrial Rope Access Association Noruega
SPRAT Society of Professional Rope Access Technicians EUA

TABELA-2

As associações de acesso por corda, bem como as certificadoras e


organismos de treinamento, devem ter o papel de fomentar e desenvolver
um método seguro de acesso por corda, dar apoio às empresas associadas
e possibilitar que os profissionais de acesso trabalhem de forma segura.

Deve ser também papel das associações e certificadoras, controlar


estatisticamente os incidentes e acidentes relacionados à atividade,
analisando-os tecnicamente, com o objetivo de melhorar práticas e orientar
as empresas e os profissionais sobre ações corretivas a serem
implementadas.

ANEAC e a ABENDI são as duas certificadoras de profissionais de acesso


por corda, em conformidade com a ABNT NBR-15475.

5.2. Empresas Contratantes, Contratadas, Profissional de Acesso

As empresas que contratam os serviços de acesso por corda devem


sempre optar por empresas que tenham experiência comprovada na
atividade, e preferencialmente pertença a alguma associação de empresas.
Verificar e conferir se os profissionais são certificados, e se a certificação
está valida. Verificar se os equipamentos utilizados são identificados,
controlados e estão com a inspeção periódica no prazo. Se a empresa
possui procedimentos para realização da atividade de acesso por corda, e
procedimentos específicos para as atividades a fins.

Como a técnica de acesso por corda é muito utilizada também no meio


urbano, muitas vezes as empresas contratantes, que pode ser um pequeno
condomínio, desconhecem sobre a atividade, podendo levar a sérios
problemas no futuro.

Muitos síndicos e administradoras de condomínios desconhecem a


legislação, no que se refere a serviços prestados e a responsabilidade civil.

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Caso haja um acidente, além da perda que pode ocorrer, o síndico e todos
os moradores serão acionados civilmente.

Na figura-5 a seguir, o operário a esquerda está limpando vidraça suportado


apenas por uma corda, utilizando cinto de alpinismo, e equipamentos não
adequados para o serviço. Esta é uma das muitas situações que são
encontradas no dia a dia. O procedimento correto que deveria ter sido
utilizado é mostrado ao lado direito: duas cordas, em ancoragens
independentes, cinto de segurança tipo paraquedista, aparelhos para
descensão, e os EPI´s (capacete, farda, bota, luva).

Figura-5

As empresas contratadas devem manter seus profissionais com as


certificações válidas, acompanhar o desenvolvimento técnico dos mesmos.
Elaborar procedimentos específicos para cada atividade que irão
desenvolver. Possuir e executar o plano de treinamento. Alimentar a
associação com os dados sobre incidentes e acidentes de suas equipes.
Possuir procedimento de acesso por corda atualizado. Só atribuir ao
profissional à tarefa apropriada a seu nível de treinamento de acesso por
corda e na atividade que irá executar.

Os profissionais de acesso por corda devem conhecer as normas de acesso


por corda do país em que estão. Devem conhecer os códigos de prática das
associações/certificadoras a qual estão certificados. Devem conhecer as
normas regulamentadoras pertinentes a sua atividade. Devem executar as
tarefas apenas para o seu nível de treinamento. Devem executar os
trabalhos de forma segura. Realizar inspeção nos seus equipamentos, e
nos equipamentos dos companheiros da equipe.

6. CONCLUSÃO
Com a crescente utilização do acesso por corda no Brasil, foi uma tendência
natural como nos outros países, a criação de normas nacionais, visto a
necessidade de estabelecer requisitos de segurança, qualidade, desempenho,
padronizar formas, adequando a nossa legislação.

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Vale ressaltar que as NR e normas técnicas que tratam sobre o acesso por
corda não pretendem, nem conseguiriam, tratar de todos os aspectos de
segurança onde a atividade será aplicada. Como esta é uma atividade de
trabalho em altura, e pesquisas tem mostrado que no Brasil o índice de
acidente em desnível representa 40% dos acidentes de trabalho, é de
fundamental importância o papel das associações, certificadoras e empresas
que utilizam esta atividade, pois devem fomentar, desenvolver e aprimorar o
método de acesso por corda, para possibilitar que os profissionais trabalhem
de forma segura.

É bem evidente nas NR-34, 35 e NBR-15475 e 15595 a importância da análise


de risco como elemento preponderante. Portanto faz-se necessário a utilização
de boas práticas e ferramentas consagradas para elaboração destas análises.

Embora tenha decorrido mais de 13 anos até iniciarem a elaboração de normas


para o acesso por corda, à comunidade técnica e o governo tem se mostrado
sensíveis para esta atividade.

Os profissionais que executam o acesso por corda devem ser certificados em


conformidade com o estabelecido pelo ato normativo ABNT NBR-15475. A
ANEAC e a ABENDI são as duas certificadoras que atendem esta NBR.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

a) NBR-15475 - Acesso por corda – Qualificação e Certificação de pessoas


b) NBR-15595 – Acesso por corda - Procedimento para aplicação do
método
c) BS 7985 Code of Practice for the use of rope access methods for
industrial purposes
d) ASTM E2505 - 07 Standard Practice for Industrial Rope Access
e) NPT-682 Seguridad en trabajos verticales (I): equipos
f) NPT-683 Seguridad en trabajos verticales (II): técnicas de instalación
g) NPT-684 Seguridad en trabajos verticales (III): técnicas operativas
h) Norma de segurança australiana AS1891
i) Manual de Técnicas en Trabajos Verticales - ANETVA
j) Safe Practices For Rope Access Work - Society of Professional Rope
Access Technicians (SPRAT)
k) Requisitos Gerais da IRATA
l) Requisitos Gerais da ARAA
m) Requisitos Gerais da FISAT
n) LEI Nº 4.150, de 21 de novembro de 1962
o) Adalberto Mohai Szabó Júnior, “Manual de Segurança, Higiene e
Medicina do Trabalho”, 4a edição-2012, Editora RIDIEEL
p) GRINSP-2004 – Alpinismo Industrial – Raimundo Sampaio
q) COTEQ-248 (2005) – O Alpinismo Industrial na Inspeção de
Equipamentos –Raimundo Sampaio
r) COTEQ-256 (2007) – Acesso por Corda no SPIE – Raimundo Sampaio
s) III Seminário de Manutenção – ABRAMAN (2007) – Acesso por Corda
na Manutenção e Confiabilidade – Raimundo Sampaio
t) COTEQ-131 (2009)- Principais Pontos das Normas Brasileiras de
Acesso por Corda – Raimundo Sampaio

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u) I ECONTEC (2009) – Acesso por Corda no Brasil e na Inspeção de
Equipamentos – Raimundo Sampaio
v) COTEQ-006 (2011) – Avaliação de Integridade em Fornos Utilizando a
Técnica de Acesso por Corda – Raimundo Sampaio.
w) Encontro de Níveis 3 – ABENDI (2011) – Certificação Brasileira de
Acesso por Corda – Raimundo Sampaio
x) III ECONTEC (2011) – Acesso por Corda em Fornos e em outros
Equipamentos Elevados – Raimundo Sampaio
y) 3º Encontro de Brigada da Área Delta – Paranapanema (2011) –
Raimundo Sampaio

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