Você está na página 1de 3

04/03/2021 Teste de Leitura

Teste de Leitura
Nome:

Lê o texto com atenção.


É Natal?

Dantes o Natal era uma coisa como um presépio vivo cheio de musgo e coisas
pequeninas
como ovelhas de loiça pintadas à mão. Era o tempo de adivinhar o que estaria dentro
daqueles tantos embrulhos em cima dos armários altos onde não chegávamos nunca.
Era o tempo do frenesim de contar os dias e ver a meia grossa de lã pendurada na lareira
e imaginar como raio iria o Pai Natal colocar todas as nossas prendas ali dentro. Era o tempo
de espreitar de vez em quando a chaminé cheia de fuligem e pensar como é que as barbas do
Pai Natal se mantinham imaculadas de neve apesar daquela travessia difícil e como poderia
a barriga rechonchuda caber naquele funil tão estreitinho e escuro que era o caminho entre o
céu e a nossa sala…
Natal era quando os crescidos falavam com meias palavras para não percebermos que
estavam a falar dos nossos presentes, era quando os tios-avós e restante família apareciam
vindos do nada e se juntavam à volta da canja de galinha servida em chávenas com duas –
duas! – asas e quando os passarinhos de plumas a fingir saíam dos armários cheios de louça
antiga para vir decorar a mesa grande.
Natal era quando a minha avó embrulhava dezenas de lâmpadas em papel celofane às
cores e os empregados do meu avô – coitados – iam pendurá-las na grande ameixoeira que
fazia de abeto nórdico a fingir, para termos no jardim a árvore colorida e iluminada da Leiria
provinciana daquele tempo.
Natal era a certeza de o tempo ser infinito, de termos eternamente tudo e todos à nossa
volta e de tudo ser bom e quentinho no inverno que rugia lá fora.
Depois crescemos.
Sabemos então que nada é infinito, nem todos permanecem à nossa volta, nem tudo nos
acompanha.
Mas, damos connosco a repetir rituais, a jurar a pés juntos que o Pai Natal virá, a pendurar
as mesmas meias grossas de lã na chaminé, a esconder presentes nos roupeiros, a lembrar
com saudades a canja da consoada, a tecer o maravilhoso do Natal dentro dos corações das
crianças, a ver o espírito da época adoçar gente rabugenta, uma espécie de delicadeza e se
faz favores e Boas Festas a descer como um manto invisível por sobre o mundo.
E o mundo continua terrível, mau, difícil, com todas as atrocidades que o tornam sem
sentido.
Mas, por breves momentos, é Natal, e desejamos do fundo de nós que haja mais dias assim,
dias em que estejamos juntos, vivos, próximos, iluminados e de coração cheio.
É, pois, Natal sim senhor.
Sempre que pudermos, no resto do tempo, no resto dos dias, nas pequenas grandes coisas
que tornam a vida dos outros um pouco melhor – uma pequena atenção, um grande abraço,
uma mensagem, um pouco de nós – somos também o Natal dos outros e isso, sim, é para
levar o resto do ano na lembrança.

Alexandra Azambuja, https://www.jornaldeleiria.pt/opiniao/e-natal (texto com supressões)


https://docs.google.com/forms/d/1PW9wp4EFBz2GLrD7hJGvrZ5Ryzf80zSommjorW5Otvg/edit 1/3
04/03/2021 Teste de Leitura
j , p j p p ( p )
VOCABULÁRIO: 1 frenesim: entusiasmo, excitação; 2 imaculada: limpa; 3 atrocidades:
crueldades.

*Obrigatório

1. 1. Assinala as afirmações verdadeiras, tendo em conta a opinião da jornalista 4 pontos


relativamente à imagem que tinha do Natal, quando era pequena. *

Marque todas que se aplicam.

O Natal era associado ao presépio e aos embrulhos escondidos


O Natal era apenas o tempo dos presépios vivos e cheios de musgo.
O Natal era o tempo da família se unir para cumprir tradições.
O Natal era o tempo do aconchego, da família que estava sempre presente.
O Natal servia apenas para se preocupar com as prendas que não caberiam na meia
pendurada na chaminé.

2. 2. Para cada item (2.1. a 2.3.), escolhe a opção que completa corretamente as 4 pontos
afirmações que se seguem. 2.1. Ao ficar adulta, a autora do texto reconhece
que *

Marcar apenas uma oval.

o Natal não tem tanta importância.

as coisas e as pessoas têm um fim, não ficam sempre connosco.

as coisas e as pessoas permanecem sempre connosco.

nada muda em relação ao que achamos da vida.

https://docs.google.com/forms/d/1PW9wp4EFBz2GLrD7hJGvrZ5Ryzf80zSommjorW5Otvg/edit 2/3
04/03/2021 Teste de Leitura

3. 2.2. Em relação às suas crenças da infância, a autora do texto acredita que * 4 pontos

Marcar apenas uma oval.

todas mudam quando se torna adulto.

são completamente diferentes quando se é adulto.

não têm importância quando crescemos.

se mantêm apesar de termos crescido.

Opção 5

4. 2.3. A palavra “Mas”, usada na linha 31, pode ser associada à ideia de * 4 pontos

Marcar apenas uma oval.

(A) consequência.

(B) conclusão.

(C) causa.

(D) contraste.

5. 3. Refere a que se refere o pronome pessoal na expressão "... e os 4 pontos


empregados do meu avô – coitados – iam pendurá-las na grande ameixoeira
..." (4º parágrafo)- usa apenas letras minúsculas. *

Este conteúdo não foi criado nem aprovado pelo Google.

 Formulários

https://docs.google.com/forms/d/1PW9wp4EFBz2GLrD7hJGvrZ5Ryzf80zSommjorW5Otvg/edit 3/3

Você também pode gostar