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A economia mundial ingressa em 2020 em sua maior crise dos últimos 100 anos. A
planetarização da epidemia da Covid-19 representa o fim da globalização neoliberal e a
transição a um novo período de caos sistêmico, que já se anunciava desde a eleição de
Donald Trump, e o giro dos Estados Unidos de um imperialismo informal para outro,
unilateral. A globalização neoliberal, que se arrastava desde os anos 2010 com a fraca
recuperação dos Estados Unidos e da União Europeia, o baixo dinamismo do comércio
internacional, dos fluxos internacionais de capital e a crise do liberalismo político, sofre
uma contundente derrota ideológica com a reivindicação, que se torna dominante na
opinião pública, de políticas de intervenção estatal para manter empregos e salários dos
trabalhadores e a liquidez e o patrimônio do setor produtivo.
A crise da Covid-19 atinge uma economia vulnerável dirigida por grupos que resistem
em flexibilizar as políticas de recessão estrutural. As tentativas fracassadas de Bolsonaro
de minimizar os riscos humanos da pandemia, impedir a restrição à circulação de pessoas
e colocar a atividade econômica acima da vida humana têm desgastado sua popularidade,
que, entretanto, permanece sustentada por cerca de 30% dos eleitores. As políticas
anticrise que montam a 10% do PIB têm se orientado para garantir a rentabilidade e
patrimônio do setor financeiro e empresarial. Elas encontram no PL 10/2020, que permite
a intervenção sem limites do Banco Central no mercado secundário de capitais, financeiro
e de pagamentos, sua principal expressão. Ao mesmo tempo, o governo permite aos
empresários demitirem ou “negociarem” a suspensão de contratos de trabalho e cortes de
salário/jornada em até 70%, propondo-se a compensar os trabalhadores,
proporcionalmente, com o valor do seguro desemprego, cujo máximo é de
aproximadamente 340 dólares. Aos trabalhadores informais se oferece um auxílio de 112
dólares, que representa 57% do salário mínimo.
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