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Disciplina: Eclesiologia e Escatologia

Aluno: Israel Victor Teixeira da Silva


Leitura e síntese do artigo: FERREIRA, Franklin. A relação entre a igreja e o estado.
Teologia Brasileira, n. 32, São Paulo, Vida Nova, 2018.

Segundo Franklin Ferreira, Deus é o estabeledor e criador de várias instituições com o


intuito de promover a ordem social. A visão reformada da sociedade não se centraliza no
indivíduo, nem na instituição, mas em Deus sobre todas as esferas da criação, nesse sentido,
toda soberania terrena é subsidiária da soberania de Deus. Entretanto, existem esferas
independentes do Estado que seriam, a família, o indivíduo, e a igreja.
Algumas premissas bíblicas podem guiar o entendimento evangélico nessa direção. E
a primeira delas é a afirmação categórica que existe distinção entre igreja e Estado, e isto, não
significa desconsiderar a autoridade que Deus deu ao Estado, pois o mesmo existe para o
benefício e freio do mal e promover o bem.
A existência do Estado deve ser reconhecida como um dom e uma ordem de Deus. O
governo estabelecido por Deus é mediado pelo povo, que elege seus governantes. Estes são
eleitos para servir ao povo com senso de dever, pois prestam contas a uma autoridade maior,
Deus.
Outra premissa de entendimento da relação do cristão com a política é que rejeitamos
o conceito de soberania absoluta do Estado e o conceito de soberania absoluta do povo. Para
a fé cristã, o poder reside em Deus e em Cristo, que é o Senhor de todo poder e autoridade.
Assim, prestar lealdade absoluta ao Estado é idolatria, pois é Deus quem estabelece o certo
por meio de sua lei, portanto deve-se compartilhar a lei de Deus por meio da mudança das
estruturas sociais.Na mesma medida em que as leis estabelecidas numa nação devem ser
derivadas da lei de Deus, essas leis devem ser aplicadas a todas as pessoas, incluindo os
governantes.
Outro ponto importante sobre esse entendimento é que a fé cristã honra as
autoridades, embora negue ao Estado o direito de intervir em matérias de culto, doutrina e
ética. O respeito à autoridade é necessário, mas jamais ao custo da liberdade de consciência,
pois somente Deus é o único Senhor. Por isso, os cristãos devem opor-se a todo sistema
político totalitário. Nesse sentido, a resistência ao Estado que faça mau uso da autoridade que
lhe foi delegada deve ser entendida como desobediência civil.
O autor do artigo expõe como quarta premissa do entendimento entre a relação do
cristão com a política que nenhuma ideologia é absoluta nem pode ser confundida com o
evangelho, assim, a igreja deve manter vigilância sobre o Estado tendo como missão adorar a
Deus, proclamar sua Palavra e ministrar os sacramentos. Ao proclamar com fidelidade a
Palavra de Deus, a Igreja influencia o Estado, fazendo com que suas leis se conformem com a
vontade de Deus.
Um ponto importante que o autor destaca é que a corrupção da chamada classe
política deve ser interpretada como um reflexo da sociedade, pois a sociedade é corrupta e
isso inclui a igreja.Infelizmente tem-se constatado que o povo de Deus deveria ser um
exemplo de conduta e obediência, mas as ações têm revelado que não somos muito diferentes
da sociedade em geral.
O autor defende que a forma de governo que mais se aproxima do modelo bíblico é a
república, na qual a nação é governada pela lei constitucional e administrada por
representantes eleitos pelo povo. Porque somente Deus concentra em si todo o poder,
devendo haver a divisão e a separação dos poderes executivo, legislativo e judiciário, de
modo que nenhum governo ou ramo do governo monopolize o poder.
Em sua conclusão o autor declara que o Estado não é a solução última (ou penúltima)
para a sociedade, pois o melhor que pode fazer é refrear a injustiça causada pelo pecado. A
salvação somente é encontrada em Deus e em Jesus Cristo. Portanto, o papel da igreja é
proclamar essa salvação como a única solução final para a sociedade.

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