Você está na página 1de 2

Martinho Lutero foi um teólogo que teve papel fundamental na Reforma Protestante do

século XVI. Ele é conhecido por suas críticas à Igreja Católica Romana e sua defesa da
autoridade da Bíblia sobre a tradição da igreja e a autoridade papal.
A Reforma Protestante foi um movimento religioso do século XVI que contestou a
autoridade da Igreja Católica Romana e procurou reformar e renovar a igreja cristã. Entre as
principais preocupações dos reformadores estava a relação entre a igreja e o Estado, e como
cada um deveria exercer sua autoridade.
Em sua obra “Sobre a autoridade secular”, Lutero discorre sobre o papel da igreja e do
Estado, ele cita diversos trechos da bíblia para afirmar sua tese de que ambos não deveriam se
misturar “Ele está estabelecendo um limite para o poder: este não deve ter domínio sobre a fé
e a Palavra de Deus, mas sobre a prática do mal.” (LUTERO,1995, p. 46 e 47) este é um dos
diversos recortes da obra em que fica claro a ideia de Lutero de que o governo não deve ter
domínio sobre a fé e a igreja não deve ter domínio sobre o governo.
Portanto o seguinte trecho retirado da Bíblia por Lutero de 22 Mateus, 21 "Devolvei ao
imperador o que é do imperador, e a Deus o que é de Deus" (LUTERO,1995, p. 47) foi usado
pelo autor para convencer as pessoas de que deveria haver uma separação entre as coisas da
igreja e do governo. Para ele, o Estado deve exercer sua autoridade em questões terrenas,
como a administração da justiça, a proteção da sociedade e a defesa do país. Já a igreja deve
exercer sua autoridade em questões espirituais, como a pregação da palavra de Deus e a
administração dos sacramentos.
Jean Bodin foi um filósofo, jurista e teórico político francês do século XVI que se destacou
por suas contribuições para a teoria do Estado e do poder político. Bodin foi um dos primeiros
teóricos a desenvolver a ideia do poder absoluto, que se tornou uma das bases teóricas do
absolutismo. Ele escreveu “Os seis livros da república” obra que é considerada uma das
principais obras políticas da época tendo grande valor até os dias de hoje.
Percebe-se que Bodin e Lutero viveram na mesma época, com isso, Bodin teve um papel
na reforma, porém diferente de Lutero, ele era contra e se dedicava a defender a ordem e
autoridade política. Ele acreditava que a sociedade deveria ser governada por um soberano
absoluto, e que qualquer ameaça à autoridade do Estado deveria ser suprimida. Na visão de
Bodin, o protestantismo representava uma ameaça à autoridade do Estado.
No capítulo oito desse livro, o autor discorre sobre a relação entre a soberania e a
autoridade religiosa. “A sabedoria é o poder absoluto e perpétuo de uma república” (BODIN,
2011, p. 195) esse trecho inicia o capítulo de sua obra, para ele o poder absoluto é o poder do
Estado ou do soberano que não está sujeito a qualquer lei ou limitação externa.
O poder absoluto é inerente ao soberano e não pode ser questionado ou desafiado por seus
súditos. Segundo Bodin, o soberano é a única fonte de poder e autoridade dentro de um
Estado e tem o direito de fazer e desfazer leis, decretos e ordens, sem qualquer limitação
externa. “Esse poder é absoluto e soberano pois não tem outra condição que aquelas que a lei
de Deus e da natureza comandam”. (BODIN, 2011, p. 203) Bodin afirma que o poder
soberano deve ser exercido de acordo com as leis divinas e naturais, e não apenas de acordo
com a vontade arbitrária do soberano. Isso significa que, embora o poder soberano seja
absoluto e incontestável, ele deve ser exercido com responsabilidade e de acordo com os
princípios éticos e morais que regem a sociedade.
As ideias de Jean Bodin destacam a importância da soberania como um elemento
fundamental para evitar a anarquia na sociedade. Ele argumentava que essa soberania poderia
ser exercida por um indivíduo, uma maioria ou uma minoria. Além disso, Bodin identificou
três elementos-chave para manter a soberania: a Justiça, que é responsável por estabelecer
ordem na sociedade; a Família, que é a base das sociedades e tem uma estrutura hierárquica
de organização; e os Bens Públicos, que fortalecem os laços entre as famílias. Assim, para
Bodin, é crucial preservar esses três elementos para garantir a manutenção da soberania da
sociedade.

BIBLIOGRAFIA
LUTERO, Martinho. Sobre a autoridade Secular. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
BODIN, Jean. Os seis livros da República. Livro Primeiro. Ícone Editora Ltda, 2011.

Você também pode gostar