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Simone Goyard
1. INTRODUÇÃO
2. INTERPRETAÇÃO
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Jean Bordin, considera a conceituação de soberania incompreensível, em virtude de seus
autores medievais, em que a soberania se dividia entre as vertentes cristãs ou imperialistas.
A partir deste momento, Goyard realiza uma linha temporal sobre a ideia de soberania.
A segunda parte do capítulo, “O arquétipo naturalista da soberania sobe a Nave Repú-
blica”, inicia contando sobre a França durante 1559 e 1562, que marcava a contra reforma
francesa. A autora estabelece em sua obra dois elementos: a fragmentação da Europa
em Estados nacionais, desmembrando a República Christiana, na qual a centralização
do poder está na igreja, e na vontade preexistente da criação de, como abordados pela
autora, corpos intermediários, tal qual o senado e o parlamento. Há a ressalva que na
República, a soberania assume um valor criteriológico. Para Bodin assume um o prin-
cípio de independência e de onicompetênica do Estado moderno, o autor não se indaga
sobre a soberania divina e espiritual, e sim, faz uma análise sobre a soberania política,
característica da ordem jurídica. Outro ponto, é que o autor analisa o governo de uma
sociedade política, seja ela uma monarquia, aristocracia ou democracia.
Bodin apresenta a soberania na república na seguinte forma: “Eles pensavam que a
autoridade soberana era definida pela criação dos magistrados e pelo poder de castigar e
de recompensar; mas, como essas penas e esses favores provêm comumente da decisão e
da autoridade dos magistrados, deduzir-se daí que estes participam, junto com o príncipe,
do exercício da soberania, o que é absurdo” (GOYARD, 2002.p 124.apud BODIN). A
república enumera os atributos essenciais para a soberania, sendo estes nomear altos
cargos dentro da política, legislar, julgar quem tem direito a vida e a morte, este último,
podemos relacionar com o conceito de necropolítica proposto por Archille Mbambé, na
qual o Estado e aquele que é soberando pode controla a vida da nação e determinar a
vida e a morte.
Bodin relaciona o poder dos príncipes e dos magistrados, ao dizer que o magistrado
é escolhido pelo príncipe para assumir e representar o poder, porém, foram lhe recebidos
tal soberania por um certo tempo e de forma parcial, de modo que o único soberano é o
príncipe. Logo após, faz o questionamento sobre o papel do senado na política soberana,
o autor indaga sobre a relação do senado e o príncipe, afirma que há uma soberania
compartilhada, tendo o senado aquele que determina as normas do magistrado. Portanto,
a república necessita de forma, e tal forma é dada pela soberania, seja ela do príncipe,
magistrados ou senado.
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“A soberania é em primeiro lugar potência de comando” (GOYARD, 2002.p 130), dessa
forma, seja o príncipe ou magistrados se curvam perante a lei do Estado que assume o
papel de soberania, além disso é importante denotar que o ato de comandar não há
limitações no tempo, sendo esta, presente desde as primeiras civilizações.
Tomando como exemplo uma república e trazendo o pensamento de Bodin para o
cenário atual, a soberania de um chefe de Estado possui limitações dependendo em que
nação se insere, uma vez que a soberania é dita em lei. A Constituição Brasileira estabelece
que o povo é titular do poder soberano e o exercício desse poder se tanto diretamente
quanto por representantes escolhidos por eleições, nesse sentindo, surge o questionamento
de quem é verdadeiramente soberano: o povo ou os representantes? Esta indagação se
dar muitas vezes por ações dos representantes que desagradam o povo e nada é feito para
reverter a situação, por isso, Bodin sinaliza que a soberania monopoliza toda autoridade
na República, e que a potência absoluta consiste principalmente em dar leis aos súditos
(povo) sem consentimento dos mesmos.
Goyard citará Rousseau em seu livro para explicar a soberania do “povo como corpo”,
Segundo o filósofo, a soberania está ligada com o contrato social, isto é, um pacto con-
vencional na qual os cidadãos abrem mão de seus direitos individuais e consentem com o
poder em uma autoridade na qual depositam confiança. A partir do momento que o povo
transfere a soberania para apenas um representante, este, passa a exercer sua vontade,
pelo qual, também é a vontade do povo, uma vez que o contrato social o permitiu ser o
representante.
Para Rousseau, a soberania em sua unidade indivisível não pode ser representada
porque a vontade não representa o povo, caso uma lei seja implementada sem a ratificação
do povo, a lei é nula. Dessa forma, a ideia atual de soberania estaria falha pois não
implica a vontade geral. Simone Goyard – Fabre cita no capítulo a Democracia, na qual
considerada o exercício do poder por parte do povo, entretanto, será que após a escolha de
um representante o povo continua exercendo o poder? Rousseau não contende em favor
de nenhum regime, apenas indica como o contrato social, afeta e pode afetar nossas vidas,
tal qual cidadãos de um Estado.
Diferentemente de Rousseau, Sieyès surge com a ideia de que o povo só pode agir a
partir de um representante e julga que os eleitos sejam independentes dos eleitores e apenas
recebam seus poderes da constituição. Em um ponto, Rousseaus e Sieyès concordam: a
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soberania pertence ao povo, o que os difere é o primeiro aprova uma atuação do povo e
o segundo diz que o representante do povo não precisa estar ligado com o povo, uma vez
que ele já foi escolhido pelos mesmos pra os representar e por esta razão, o representante
deverá agir em prol do povo.
“O povo, enquanto Estado, é o Espírito na sua racionalidade substancial e na sua
realidade imediata; logo, é a potência absoluta da terra” (GOYARD, 2002p. 186. apud
HEGEL). A partir da leitura sobre a visão de Rousseau e Sieyès, pode-se concluir que a
soberania pertence ao povo, na qual a liberdade vem deles e por eles. Mesmo através de
seus representantes ele não poderá negar as vontades de uma nação.
No direito político moderno as divindades, religião ou potência da natureza não pos-
suem valor, as representações do direito são construídas pela razão humana. A procura
racionalização do Poder e a emergência da soberania estatal são sinais do amadurecimento
da consciência política, o Estado é uma organização centralizadora nas leis. Hobbes pon-
dera que o povo é o conjunto de cidadão, sendo cada um dos quais reconhecido como
portador da dignidade política. Cidadania e soberania caminham lado a lado, sendo re-
tratadas como um par de ideias que devem ser debatidas em conjunto.
A questão da soberania do povo modifica as perspectivas jurídico-política, o poder
começa a vir “de baixo”, se apoiando a um mecanismo de opinião forte e mais abundante e o
governo não responde exclusivamente a sua vontade, ele se reporta a exigência dos direitos
do homem e do cidadão, estes sendo os únicos capazes de, dentro do Estado, ter um papel
ativo na definição de suas próprias regras, o que é central no passo de soberania e liberdade
individual, representado pelas leis e constituições. A filosofia do direito político levou
em consideração a emancipação do Poder do Estado, cujo a reformulação é humanista, e
também considera o novo conceito de soberania, pelo qual tem-se a capacidade legisladora
do povo ou de seus representantes, como afirma Sieyès.
A escritora também aborda sobre o humanismo dentro do direito político moderno,
ressalva que existe constante tensões e conflitos que remodela e transforma os conceitos de
soberania, poder, parlamentarismo e cidadania. O direito é marcado por um reformismo
contínuo onde apenas o direito é capaz de mudar a si próprio, onde o Estado assume uma
função importante nessa mudança, em contrapartida a evolução do direito humanitário é
multifacetado e nem sempre representa o caminho para a liberdade e respeitos dos direitos
humanos.
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3. CONCLUSÃO
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aplicado na modernidade política, ao mesmo tempo que nos lembra da importância de
debater sobre o direito humanitário, com a finalidade de chegar em um ponto em que as
transformações políticas de liberdade estarão de acordo com as questões sociais políticas.