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Vou começar este artigo com um exemplo radical, porém muito possível: imagine uma enfermeira que
sofre de grave problema psiquiátrico e, devido a uma crise que agrava este problema, ela precisa se
afastar de suas funções para se tratar em segurança (sua e dos pacientes).
Ela requer auxílio-doença e o perito entende que ela estará boa em 3 meses (assim, prevendo o futuro
mesmo). Ela é orientada a, caso ainda sinta que está em crise, pedir a prorrogação do auxílio-doença.
Mas, se achar que está bem, pode voltar a trabalhar.
Três meses se passam e a enfermeira acredita estar bem. Mas, como sofre de problemas psiquiátricos,
ela não está bem realmente e não percebe isso. Chegando no trabalho, ela confunde os medicamentos
e acaba causando a morte de um paciente.
Você acha certo uma pessoa avaliar a própria saúde? Eu penso que isso é trabalho de médico…
Sumário
2. Quando surgiu
4. Entendimento do STJ
Caso o segurado entenda ainda estar incapaz, ele deve agendar um Pedido de Prorrogação, quando
então será agendada nova perícia médica. Exatamente como no exemplo que eu dei na introdução
deste artigo… Um verdadeiro absurdo!
[Obs.: para saber mais sobre o benefício de auxílio-doença, leia o artigo “Auxílio-doença: guia completo –
tudo o que você precisa saber!”]
IN 77/2015, Art. 304. O INSS poderá estabelecer, mediante avaliação médico-pericial, o prazo su ciente
para a recuperação da capacidade para o trabalho do segurado.
(…)
2º Caso o prazo xado para a recuperação da capacidade para o seu trabalho ou para a sua
atividade habitual se revele insu ciente, o segurado poderá:
I – nos quinze dias que antecederem a DCB, solicitar a realização de nova perícia médica por meio de
pedido de prorrogação – PP;
II – após a DCB, solicitar pedido de reconsideração – PR, observado o disposto no § 3º do art. 303, até
trinta dias depois do prazo xado, cuja perícia poderá ser realizada pelo mesmo pro ssional responsável
pela avaliação anterior; ou
Decreto 3.048/99, Art. 78 § 1º O INSS poderá estabelecer, mediante avaliação pericial ou com base na
documentação médica do segurado, nos termos do art. 75-A, o prazo que entender su ciente para a
recuperação da capacidade para o trabalho do segurado.
2º Caso o prazo concedido para a recuperação se revele insu ciente, o segurado poderá solicitar a
sua prorrogação, na forma estabelecida pelo INSS.
Lei 8.213/91, Art. 60. O auxílio-doença será devido ao segurado empregado a contar do décimo sexto dia
do afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a contar da data do início da
incapacidade e enquanto ele permanecer incapaz.
9o Na ausência de xação do prazo de que trata o § 8o deste artigo, o benefício cessará após o
prazo de cento e vinte dias, contado da data de concessão ou de reativação do auxílio-doença,
exceto se o segurado requerer a sua prorrogação perante o INSS, na forma do regulamento,
observado o disposto no art. 62 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.457, de 2017)
Como já dito, a alta programada surgiu com a Orientação Interna nº 130/DIRBEN do INSS. Em seguida,
foi adicionada ao Decreto 3.048/99 (através do Decreto 5.844 de 2006).
Por muito tempo, o INSS aplicou a alta programada apenas com base no Decreto e na IN, ou seja, sem
fundamentação legal alguma. Sabemos que, de acordo com a hierarquia das normas, leis são
superiores a decretos e instruções, de forma que a alta programada era considerada ilegal.
Em 7 de julho de 2016, foi feita uma tentativa de legalizar a alta programada através da medida
provisória 739. No entanto, esta MP expirou dia 04/11/2016, pois foi revogada tacitamente, já que não
houve votação pelo Congresso Nacional no prazo constitucional.
Inconformado, o governo apresentou nova medida provisória virtualmente idêntica à esta: a MP 737 de
06/01/2017. Dessa vez, o governo conseguiu converter a medida provisória na Lei 13.457/2017.
Foi esta lei que introduziu a alta programada na Lei 8.213/91, com a redação que reproduzi acima.
Como se vê, os horrores da Reforma da Previdência começaram bem antes da PEC 287/2016…
No entanto, precisamos saber que, de acordo com o art. 62 da Lei 8.213/91 (que trata da reabilitação
pro ssional) é imprescindível que no caso concreto, o INSS promova nova perícia médica, para que o
segurado retorne às suas atividades habituais apenas quando efetivamente constatada a restauração
de sua capacidade laborativa. Caso contrário, deverá passar pelo processo de reabilitação pro ssional.
4) Entendimento do STJ
Apesar de ser totalmente injusta e ilegal, mesmo antes da Lei 13.457/2017, muitos juízes já aceitavam a
alta programada e, inclusive, a traziam a em suas sentenças, criando uma verdadeira “alta programada
judicial”. Precisamos lutar contra isso!
2. Em atenção ao art. 62 da Lei n. 8.213/91, faz-se imprescindível que, no caso concreto, o INSS
promova nova perícia médica, em ordem a que o segurado retorne às atividades habituais apenas
quando efetivamente constatada a restauração de sua capacidade laborativa.
3. No que regulamentou a “alta programada”, o art. 78 do Decreto 3.048/99, à época dos fatos (ano de
2006), desbordou da diretriz traçada no art. 62 da Lei n. 8.213/91.
1. Trata-se na origem de Mandado de Segurança contra ato do Chefe de Agência do INSS que cessou o
benefício de auxílio-doença do ora recorrido com base no sistema de alta programada.
2. O Agravo em Recurso Especial interposto pelo INSS não foi conhecido ante a sua intempestividade.
4. Não se conhece de Recurso Especial em relação à ofensa ao art. 535 do CPC/1973 quando a parte
não aponta, de forma clara, o vício em que teria incorrido o acórdão impugnado. Aplicação, por
analogia, da Súmula 284/STF.
5. O sistema de alta programada estabelecido pelo INSS apresenta como justi cativa principal a
desburocratização do procedimento de concessão de benefícios por incapacidade. Todavia, não é
possível que um sistema previdenciário, cujo pressuposto é a proteção social, se abstenha de
acompanhar a recuperação da capacidade laborativa dos segurados incapazes, atribuindo-lhes o
ônus de um auto exame clínico, a pretexto da diminuição das las de atendimento na autarquia.
6. Cabe ao INSS proporcionar um acompanhamento do segurado incapaz até a sua total capacidade,
reabilitação pro ssional, auxílio-acidente ou aposentadoria por invalidez, não podendo a autarquia
https://blog.juriscorrespondente.com.br/alta-programada-no-inss-tudo-o-que-voce-precisa-saber/#:~:text=A alta programada é uma,será agendada n… 5/11
19/02/2021 Alta Programada no INSS: Tudo o que você precisa saber - Blog do Juris
8. Além disso, a jurisprudência que vem se rmando no âmbito do STJ é no sentido de que não se
pode proceder ao cancelamento automático do benefício previdenciário, ainda que diante de
desídia do segurado em proceder à nova perícia perante o INSS, sem que haja prévio procedimento
administrativo, sob pena de ofensa aos princípios da ampla defesa e do contraditório.
9. Agravo Interno parcialmente conhecido para afastar intempestividade e, no mérito, não provido.
(STJ, AgInt no AGRAVO EM REsp Nº 1.049.440 – MT, Rel. MINISTRO HERMAN BENJAMIN, Data do
julgamento: 27/06/2017)
Vamos esperar que o STJ mantenha este posicionamento e que a alta programada seja extirpada da
legislação o quanto antes. Eu não quero ser tratada por uma enfermeira adoentada. E você?
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FONTES:
MP 739/2016;
MP 767/2017;
Lei 13.457/2017;
Lei 8.213/91;
Decreto 3.048/99;
IN 77/2015;
Santos, Marisa Ferreira dos, Direito previdenciário esquematizado, – 6. ed. – São Paulo: Saraiva, 2016.
Castro, Carlos Alberto Pereira de. Manual de Direito Previdenciário – 19. ed. rev. atual. e ampl. – Rio de
Janeiro: Forense, 2016.
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Com minha alta programada para o dia 10/02, estando eu já curado com atestado medico com alta,
preciso marcar nova perícia ou eu já posso trabalhar no dia 11.
Responder
Marlon Kielek
08/03/2019 09:38
No caso de um pedido por meio do tribunal federal, para uma nova perícia,(fui liberado para voltar ao
trabalho, porém recorrido tribunal federal), tenho um atestado de 180 dias de um especialista em
coluna, caso o perito me libere novamente para as atividades normais, mesmo não tendo condições,
todos esses meses que estou sem receber, desde janeiro até o presente momento, como cará? Não
tenho direito a nada, ou seja todos esses meses sem pgto, como poderei sustentar a minha família?
Fico no aguardo de sua resposta. Atte. Marlon.
Responder
A alta programa da pelo INSS tra de uma decisão estúpida sem realizar nova perícia.e muito cômodo
Hagar para a sociedade que já é vítima do sistema criminoso de tributo.ter que se organizar para cuidar
de doentes que são catado os benefícios sem qualquer base cientí ca isso não pode continuar desta
forma que com certeza não vai dar certo
Responder
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