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AULA 15- INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA (1) - Professor João Felipe

1- A atividade industrial anterior à industrialização

Têxteis centenárias enfrentam desafios para manter negócios


Considerado um dos maiores parques da indústria têxtil brasileira, o setor vive um período de desafios em Santa
Catarina. O fechamento de empresas como a centenária Fábrica de Tecidos Carlos Renaux se contrapõe à
expansão de outras, como a Döhler, que chegou aos 132 anos comemorando um crescimento de 14% em relação
ao primeiro semestre de 2012.
A atividade é uma das mais importantes da economia catarinense, com marcas tradicionais como Karsten e
Teka. Conforme dados da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), há cerca de 1900 fábricas no estado,
que empregam 58.989 trabalhadores.(…)
Outras duas centenárias do setor – a Buettner, de 1898, e a Schlösser, de 1911 – passam por processo de
recuperação judicial e enfrentam desafios para se manter no mercado.
Instalada no ano de 1881 em Joinville, no Norte do estado, a Döhler vai na contramão da crise do setor e pega
carona no crescimento da economia brasileira. Com três mil funcionários, a empresa dobrou de tamanho nos últimos
cinco anos. "Produzimos em média 1,4 mil toneladas atualmente. Em 2008, a produção era de 750 toneladas.
Crescemos 14% em relação ao primeiro semestre de 2012", diz o diretor comercial, Carlos Alexandre Döhler.
http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2013/09/texteis-centenarias-enfrentam-desafios-para-manter-
negocios.html 12-09-2013

2- A cafeicultura paulista e a indústria

A crise do Complexo Rural e o surgimento do novo complexo cafeeiro paulista- simultâneo ao processo de
substituição de importações- significaram o desenvolvimento do mercado de trabalho e a constituição do mercado
interno. Foi um longo processo que ganhou impulso a partir de 1850, acelerou-se após a grande crise de 1929 com
a orientação clara da economia no sentido de industrialização e se consolidou nos anos 50 com a internalização do
setor industrial produtor de bens de capital e insumos básico (D1). A partir daí completa-se o processo geral de
industrialização e se inicia o processo específico de industrialização da agricultura, qual seja, o de montagem do D1
agrícola e o do proletariado rural, que responderão pelo fornecimento de capital e força de trabalho,
respectivamente, para a nova dinâmica da acumulação de capital no campo. O novo centro dinâmico da economia-
a indústria e a vida urbana- impõe suas demandas ao setor agrícola e passa a condicionar suas transformações,
que vão conduzindo ao domínio dos complexos agroindustriais.(...)

É em São Paulo, particularmente no Oeste do estado, a partir de 1870, que encontraremos um novo regime de
trabalho- o colonato- a partir da incorporação das unidades familiares de imigrantes. O novo sistema, que foi
denominado de complexo cafeeiro paulista por Wilson Cano, não era nem monocultor nem latifundiário. O colono,
que era um trabalhador assalariado temporário (na época da colheita), produzia parte da sua subsistência na roça
familiar ao mesmo tempo que gerava excedentes de produtos alimentícios comercializáveis na própria região. Dessa
maneira, o complexo cafeeiro, ao contrário do complexo rural, criou um amplo mercado para bens-salário e permitiu
que fosse ampliada substancialmente a divisão social do trabalho. (...)

Mais importante que isso foi a demanda urbana que o complexo cafeeiro engendrou, como bem mostra
Cano. As necessidades comerciais e financeiras para a comercialização e a expansão das atividades agrícolas, a
necessidade crescente de novos meios de transporte com o deslocamento da produção de café do Oeste, bem
como a necessidade de novas máquinas e novos equipamentos (de beneficiamento, por exemplo) e de outros
insumos (sacos d juta, por exemplo) fizeram com que o complexo cafeeiro engendrasse fora da fazenda de café
atividades complementares como os bancos, as estradas de ferro, as fábricas têxteis, etc, atividades que foram, em
grande medida, financiadas pelos excedentes acumulados pelos próprios fazendeiros de café.

(Graziano da Silva, José- A nova dinâmica da agricultura brasileira)


3- A concentração espacial da indústria no Brasil
A industrialização do Brasil tomou corpo a partir dos anos 1930, com a interligação de mercados regionais até
então bastante isolados uns dos outros em um mercado nacional protegido da concorrência externa. Deu-se um
processo de concentração industrial que abafou aos poucos o parque industrial preexistente em diversas partes do
país. Estabeleceu-se, com isso, um esquema de divisão do trabalho centralizado no eixo Rio-São Paulo,
mas que se inclinou cada vez mais para São Paulo. Sabe-se que a primazia paulista derivou de condições
excepcionais de crescimento ligadas ao “complexo cafeeiro” (Cano, 1990).
( ITINERÁRIOS DO CAPITAL E SEU IMPACTO NO CENÁRIO INTER-REGIONAL -Otávio Soares Dulci)
1-(IRB 1997) . Há décadas, o Estado de São Paulo responde por cerca de 45% do valor da transformação industrial
gerado no Brasil, o que expressa o grande nível de concentração da atividade no território nacional. Sabe-se, também,
que a produção de café foi a grande responsável pelo povoamento e estruturação territorial dessa unidade da
Federação. Relacione os dois fatos.

2-(TPS 2005) Quanto à dinâmica da industrialização brasileira, julgue (C ou E) os itens subseqüentes.


( )A expansão da indústria brasileira, em diferentes estados do país, dá-se em estreita relação com a concentração
demográfica.
( )Transporte e estrutura agrária têm sido obstáculos à circulação de mercadorias e, portanto, empecilhos ao
desenvolvimento industrial de certas áreas do país.
( )As indústrias mais desenvolvidas do país localizam-se em áreas onde houve implantação de ferrovias e de estradas
de rodagem.
( ) Os estados que mais se destacaram na acumulação industrial na década de 60 do século XX foram Rio de Janeiro
e São Paulo; os produtos eram daí exportados para a região Sul e para o eixo Norte-Nordeste.

3-Quanto à distribuição espacial da indústria brasileira, considere as seguintes afirmações:


I. A política de substituição das importações no pós-guerra possibilitou a formação de parques industriais integrados
e distribuídos espacialmente, em função das especialidades produtivas de cada região industrial.
II. Nas últimas décadas, teve início um processo de dispersão do parque industrial, sendo a construção de usinas
hidrelétricas na região Nordeste um fator que contribuiu para esse processo.
III. O desenvolvimento e a modernização da infra-estrutura de produção e energia, de transportes de comunicações
e de informatização no interior do país viabilizaram a descentralização do parque industrial e criaram as condições de
especialização produtiva, através da integração regional.
Está(ão) correta(s)
a) apenas I. b) apenas I e II. c) apenas III. d) apenas II e III. e) I, II e III.

4-(Ação Afirmativa 2006-2007)


RETRATO DO GIGANTISMO
indicadores sociais e econômicos cidade de São Paulo Brasil
população (milhões) 11 178
área (mil km2) 1,51 8.514
expectativa de vida 65 anos 65,4
mortalidade infantil (por mil nascidos vivos) 15,1 38
renda per capita (US$) 9.000 3.037
IDH 0,841 0,747
saneamento básico (%) 96 33
analfabetismo (% das pessoas com 15 anos ou mais) 4,89 14,7
PIB (R$ em 2002) 255 bilhões 1,5 trilhão
IBGE. Prefeitura do Município de São Paulo, Fundação Seade.
In: Conjuntura Econômica. Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, jan./2004, v. 58, p. 34 (com adaptações).
Tendo como referência a tabela acima, julgue os itens que se seguem, relativos aos processos sociais e econômicos
ocorridos no Brasil no decurso de sua industrialização, bem como a suas conseqüências.
( ) O Sudeste é uma região onde se nota uma concentração espacial da atividade industrial do país, exibindo também
indicadores socioeconômicos melhores que os de outras regiões brasileiras.
( ) Concomitantemente ao processo de industrialização brasileiro e de aumento e diversificação da produção,
verificou-se a concentração de renda no país.
( ) O desenvolvimento industrial brasileiro está relacionado à inserção do país no contexto do capitalismo
internacional, como demonstra o aumento das exportações e das importações brasileiras desde a industrialização do
país.
( ) Região de fraco desempenho econômico, em razão de seus condicionantes naturais, sobretudo climáticos, o
Nordeste tem-se mantido, até o presente momento, à margem do desenvolvimento industrial brasileiro.

5-(Ação Afirmativa 2008) Os dados do Censo de 2000 não confirmaram a idéia do Centro-Sul brasileiro rico, mas
apontam para uma disparidade intraregional, bem como macrorregional, quando se compara essa região ao Norte e
Nordeste brasileiros. Acerca dessas disparidades socioeconômicas, julgue os itens que se seguem.
( ) O processo de industrialização no Brasil promoveu a diminuição das disparidades socioeconômicas interregionais.
( ) A atual dinâmica econômica do país, apesar do crescimento do produto interno bruto (PIB) de outras regiões,
revela uma concentração no Centro-Sul.
( ) O Norte e o Nordeste brasileiros são áreas agrícolas, estagnadas economicamente, com baixo índice de renda per
capita.

6-(Ação Afirmativa 2008) A economia brasileira tem como uma de suas características básicas o elevado grau de
internacionalização de seu sistema produtivo. Desde o início do processo de industrialização, mais particularmente a
partir de meados da década de 50, as filiais de empresas estrangeiras estabeleceram liderança em vários setores
industriais. Mais recentemente, os investimentos estrangeiros verificados na década passada
aumentaram ainda mais o grau de internacionalização do sistema produtivo brasileiro.
A. A. et al. Castro. (Org). In: Brasil em desenvolvimento I, Economia, tecnologia e competitividade. Rio de janeiro:
Civilização Brasileira, 2005, p. 295 (com adaptações).
Tendo o texto acima como referência inicial, julgue os itens seguintes.
( ) O aumento da integração do mercado interno foi promovido pela industrialização em substituição às importações
vividas anteriormente pelo país.
( ) Em cifras e volumes, a maior parte das exportações brasileiras ocorre com países da América do Sul devido às
barreiras alfandegárias impostas por países de outros continentes.
( ) Nos últimos anos, se assistiu no país a um aumento do protecionismo comercial como forma de incentivar a
modernização econômica, para facilitar a competitividade dos produtos brasileiros no mercado externo.

GABARITO
2- C C C E
3-D
4- C C C E
5- E C E
6- C E E

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