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SEXOLOGIA FORENSE
SEXOLOGIA FORENSE
1 CONCEITO DE SEXOLOGIA
2 PERÍCIAS
2.1 PERÍCIA DA CONJUNÇÃO CARNAL
Conjunção carnal é o coito vaginal, isto é, a relação de contato do pênis com a vagina, com ou
sem ejaculação. Na mulher que não teve conjunção carnal, o exame do hímen adquire importância.
No caso de vítima virgem, a perícia de coito vaginal se fundamenta no estudo da integridade
himenal. Por outro lado, nos caso de mulheres de vida sexual pregressa ou hímen complacente, a
perícia se baseia na:
Presença de gravidez,
Presença de esperma na cavidade vaginal,
Presença de fosfatase ácida ou de glicoproteína P30 (de procedência do líquido
prostático) ou
Contaminação venérea profunda.
O hímen é a membrana que circunda o orifício de entrada da vagina. É variável em forma e
tamanho e tem uma abertura única (o óstio himenal), que pode existir em número maior ou até
mesmo não existir.
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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
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Sua borda pode ser regular, irregular ou picotada, nesse último caso assemelhando-se a
rupturas incompletas (sinônimo de entalhe), devendo o legista fazer a diferenciação:
RUPTURA ENTALHE
Se estendem até as borda (Completos) Não se estendem até as bordas (incompletos)
As bordas se coaptam (se encaixam) As bordas não se coaptam
As bordas apresentam cicatriz As bordas são do mesmo tecido do hímen
Sob luz ultravioleta, apresenta-se pálida Apresenta-se mais vermelha
São assimétricos São geralmente simétricos
Ângulo em forma de V Ângulo arredondado
Se as rupturas são recentes, podem apresentar retalhos sangrantes, com hiperemia, edema,
equimose. Não sendo recentes, as bordas já foram cicatrizadas (reepitalizadas), com coloração rósea,
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primeiramente, e esbranquiçada depois. Lógico que não ocorre a reunião dos retalhos himenais, mas
tão somente a cicatrização das suas bordas. A consolidação da rotura leva de 3 a 30 dias.
Estando a mulher em posição ginecológica, ao se dividir o hímen em quadrantes, tem-se dois
superiores e dois inferiores. Quando a relação se der na posição tradicional, a ruptura ocorrerá nos
quadrantes inferiores.
A elasticidade do hímen também é variável, oferecendo maior ou menor resistência à
penetração do pênis.
#ATENÇÃO - NEM SEMPRE O HÍMEN SE ROMPE COM A CONJUNÇÃO CARNAL. O hímen pode ter uma
elasticidade tal que não se rompa com a penetração do pênis. Quando isso ocorre, o hímen é
chamado complacente. Para fins periciais, não fornece subsídios para o diagnóstico da virgindade.
Himens não complacentes também podem não romper, por exemplo quando estiver muito lubrificada,
ou o pênis for muito pequeno. Outras vezes, a presença de muitos entalhes aumenta o orifício e não
há ruptura com a penetração.
Após um parto, as rupturas aumentam, restando apenas fragmentos de hímen, os quais são
chamados de CARÚNCULAS MIRTIFORMES. Logo, as carúnculas mirtiformes indicam que a vítima já
pariu.
#CAIUEMPROVA – Foi considerada INCORRETA a seguinte alternativa: A verificação da presença de
hímen íntegro e complacente em jovem vítima de suposto abuso sexual é suficiente para que o perito
médico legista conclua que não houve conjunção carnal.
Existem duas classes de sinais que a perícia procura identificar para constatar a ocorrência de
conjunção carnal: Os sinais que indicam possibilidade, e os sinais de certeza, que levam ao diagnóstico.
Sinais de possibilidade (duvidosos, que não levam ao diagnóstico):
Lesões nos lábios menores e maiores da vulva
Equimoses, pontos hemorrágicos, escoriações
Presença de pelos, dor
Manchas de sêmen na roupa etc.
Sinais que caracterizam a conjunção carnal (sinais certos)
• Ruptura (já vimos que é diferente de entalhe) do hímen, no caso de mulher virgem,
caracterizada por:
o Sangramento evidente nos 3 primeiros dias
o Secreção na região das rupturas: duram de 6 a 12 dias
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o Equimoses locais: duram até 6 dias
o Cicatrizam em aproximadamente 20 dias
o Lembrar que a não ruptura não dá certeza de que não houve conjunção carnal,
como vimos.
• Presença de espermatozoide no fundo do saco vaginal: CONFIRMA A CONJUNÇÃO,
INDEPENDENTEMENTE DE HAVER RUPTURA HIMENAL. Gera diagnóstico de
conjunção carnal, pouco importando o tipo de hímen.
• Presença de doenças venéreas: Apenas algumas doenças venéreas, no fundo da
vagina, que só se reproduzem por contato (ex.: cancro sifilítico, cancróides,
granulomas e condilomas presentes no fundo da vagina).
• Gravidez: Confirmatório, mesmo com hímen integro.
• Presença de fosfatase ácida: presença, na vagina, de enzima que só existe no líquido
espermático, MESMO NOS VASECTOMIZADOS (já caiu em prova). Para boa parte da
doutrina, a presença de fosfatase ácida não é confirmatória, porque essa enzima está
presente também em alguns órgãos, tecidos e secreções, em baixas concentrações (6
a 20 u.K.A/mL). A próstata produz altas taxas de fosfatase ácida nos valores de 400 a
8000u.K.A/mL. Assim, o achado de alto teor dessa enzima no conteúdo vaginal
(ACIMA DE 300UK) indica (É INDÍCIO, DIFERENTE DA P30 QUE É CONSTATAÇÃO) que
houve ejaculação intravaginal.
• Presença de glicoproteína P30 - é confirmatório de conjunção carnal.
PRESENÇA DE FOSFATASE ÁCIDA GLICOPROTEÍNA P30/PSA
Orientação Certeza
#CAIUEMPROVA - São sinais doutrinários em Medicina Legal de que houve conjunção carnal com uma
mulher, que evidenciava hímen não complacente roto, EXCETO: A) presença de entalhes no hímen. B)
gravidez. C) presença de esperma na vagina ou canal vaginal. D) presença de fosfatase ácida acima de
300 U.K./mLno canal vaginal. E) presença de glicoproteína P30 no canal vaginal.
Gabarito: Letra A.
Ato libidinoso é todo ato praticado com a finalidade de satisfazer com ou sem ejaculação o
apetite sexual. Pode ser coito anal, oral, apalpadas...
O coito oral é chamado também de felação (já caiu em prova). É preciso realizar o exame da
secreção bucal o mais precocemente possível. As lesões são raras, dificultando a constatação, tanto
nos lábios como na cavidade bucal. O diagnóstico de certeza é feito através de provas biológicas que
identifiquem o sêmen na boca e das possíveis manifestações tardias de doenças sexualmente
transmissíveis na mucosa bucal. Pode-se também realizar a pesquisa de glicoproteína P30 ou PSA na
secreção oral.
O orifício anal é diferente do vaginal, permanece fechado por conta da ação do esfíncter anal.
O esfíncter é composto tanto por músculos cuja contração não controlamos (esfíncter interno), como
músculos que controlamos (esfíncter externo). Quando relaxado, o orifício anal assume seu diâmetro
original. Por outro lado, se contraído, faz com que a pele da região anal fique pregueada.
Quando ocorre o coito anal é possível perceber sinais dele resultantes, como:
• Lesões anais e perianais (períneo é a região entre o ânus e a vagina). São expressas por
equimoses, escoriações...
• FÍSTULA RETOVAGINAL – ruptura dos tecidos entre o reto e a vagina
• As linhas de força da pele do ânus estão dispostas no sentido radiado, fazendo com
que qualquer lesão nesse local assuma a forma de fenda ou triângulo (chamada de
RÁGADE).
o Se mais recentes – radiadas e sangrantes
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o Se mais antigas – triangulares e esbranquiçadas
#ATENÇÃO - Sinal de Winston Johnston - ocorre com a cópula anal mediante violência. É uma rotura
triangular que tem a base na borda do ânus e o vértice no períneo anal.
• A existência de doença venérea na região anal não indica necessariamente que
houve coito anal, pois pode decorrer de secreção que escorreu da vagina. Já no
homem, é sinal mais confiável de que houve relação anal.
• #ATENÇÃO - Também pode-se chegar ao diagnóstico do coito anal pela comprovação
da fosfatase ácida e da glicoproteína P30 ou PSA, que se mostram em forma de
traços na secreção retal, mesmo quando os autores são vasectomizados.
#ATENÇÃO - Importância para o direito - Lembrar que a gravidez constitui agravante de pena!!!
Também de suma importância para direito, podendo esclarecer crimes como aborto,
infanticídio (o puerpério), sonegação e substituição de recém-nascidos, atribuição de parto alheio ou
próprio...
O parto se divide em 3 fases: dilatação, expulsão e dequitação. Para o direito, começa com a
dilatação (já será homicídio ou infanticídio, NÃO MAIS ABORTO).
• Vulva inchada
• Lesões vaginais e perineais, se parto vaginal
• Mamas (hipertrofia dos tubérculos de MONTGOMERY) turgidas, com aureola
pigmentada e secreção de colostro nos 2 primeiros dias,
• Leite a partir do 3 dia, encerrando-se ao 20º, caso não haja amamentação
• Flacidez e relaxamento do abdômen, com pigmentação da linha alba
• Estrias gravídicas
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• Carúnculas mirtiformes – São os restos do hímen, se parto vaginal
• Colo do útero semiaberto
• Lóquio – Secreção que escoa dos genitais
o Sangnolento – até o 3º dia
o Serosangnolento – 4 a 8 dias
o Desaparecimento – a partir do 12º dia
#CAIUEMPROVA - Retalhos de hímen roto pelo parto vaginal, os quais se retraem constituindo
verdadeiros tubérculos em sua implantação, correspondem a carúnculas mirtiformes.
• Pigmentação da aréola
• Pigmentação da linha alba
• Carúnculas mirtiformes
• Cicatrizes do períneo
• Orifício do colo do útero em fenda. NA MULHER QUE NÃO PARIU (NULIPARA) OU
QUE FEZ CESÁRIA, O COLO DO ÚTERO É CIRCULAR.
Precisamos ficar atentos para um recente julgado do STF sobre o assunto. Vejamos:
Meios abortivos:
• Tóxicos: de origem vegetal ou mineral. Agem causando intoxicação da gestante
podendo causar o aborto e até a morte da gestante.
• Mecânicos:
o Diretos: usados na cavidade vaginal (duchas alternadas), no colo do útero
(dilatadores mecânicos), na cavidade uterina (curetagem, etc).
o Indiretos: mais raros, representado pelos traumatismos abdominais.
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#ATENÇÃO - Quanto à utilização da "pílula do dia seguinte": Se a vida começasse com a fecundação,
seria aborto. No entanto, para o direito, a vida começa com a nidação (quando o óvulo fecundado se
prende à parede do útero). Logo, a pílula não caracteriza o aborto. A fecundação ocorre na trompa. O
ÓVULO FECUNDADO CAMINHA NA DIREÇÃO DO ÚTERO E SE FIXA (NIDAÇÃO). A "PÍLULA DO DIA
SEGUINTE" NÃO DEIXA O ÓVULO SE FIXAR. PARA OS QUE ENTENDEM QUE A VIDA COMEÇA COM A
NIDAÇÃO (MAIORIA), A "PÍLULA DO DIA SEGUINTE" NÃO É UM MEIO ABORTIVO.
Art. 123, do Código Penal. Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto
ou logo após.
• Durante o parto - período que vai desde a rotura das membranas até a expulsão do
feto da placenta
• Logo após o parto, sob a influência do estado puerperal - tem um sentido mais
psicológico do que cronológico. É um estado e não um tempo definido. O estado
puerperal é justificado pelo trauma psicológico e pelas condições do processo
fisiológico do parto (angústia, inflamação, dores, sangramento e extenuação), cujo
resultado traria o estado confusional capaz de levar a mãe ao gesto criminoso.
Logo, devemos diferenciar, de início, puerpério de estado puerperal. Puerpério é o período
que se inicia com a expulsão do feto e eliminação da placenta, estendendo-se por 6 a 8 semanas. Já
estado puerperal é um período mais um estado psicológico do que um período cronológico. É uma
alteração temporária da puérpera anteriormente sadia, que diminui sua capacidade de entendimento
e libera seus instintos.
Como as alterações psíquicas do estado puerperal não mais existem por ocasião da perícia
psiquiátrica, em decorrência do seu caráter fugidio, torna-se difícil o diagnóstico diante de uma mulher
que se encontra dentro dos padrões da normalidade mental. Vejamos que perícias podem ser
realizadas:
O infante nascido apresenta cordão umbilical úmido, brilhante e da cor azulada, podendo
estar ligado ou não à placenta.
Para a comprovação do nascimento com vida, ou seja, de que o ser humano respirou, utiliza-
se obrigatoriamente um conjunto de provas denominadas docimasias, além das provas ocasionais
(presença de corpo estranho nas vias respiratórias, presença de substancias alimentares no tubo
digestivo...)
Pessoal, eu sei que parece muito. Coloquei todas para o material ficar completo. Mas,
realizando questões, vocês poderão ver as que caem mais. Por exemplo, as de Galeno, de Icard, de
Breslau e de Mirto são bastante recorrentes em provas.
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3 SEXUALIDADE ANÔMALA E CRIMINOSA (PARAFILIAS)
Sexualidade anômala é uma modificação do instinto sexual. Vamos ver as que caem em
provas:
ONANISMO Impulso obsessivo em ficar excitando os órgãos genitais
PEDOFILIA É a predileção sexual por crianças.
ANAFRODISIA Diminuição do apetite sexual do homem.
FRIGIDEZ Diminuição do libido na mulher.
EROTISMO OU AFRODISIA É o apetite sexual acentuado.
SATIRÍASE Ereção quase contínua, com ejaculações repedidas
PRIAPISMO Ereção sem desejo
AUTO-EROTISMO É a manifestação da sexualidade que, para a satisfação sexual, não
depende de parceiro nem de masturbação, depende apenas da
imaginação
EROTOMANIA É a fixação maníaca de alta morbidez, em que o indivíduo se fixa
em alguém fora do campo de seu relacionamento (amor
platônico)
MIXOSCOPIA (VOYEURISMO) Consiste no prazer em presenciar a relação sexual de terceiros. JÁ
CAIU EM PROVA!
FETICHISMO Desejo por objeto ou parte do corpo.
PIGMONIALISMO O indivíduo enamora pela sua criação (desenhos e estátuas).
(ICONOLAGNIA/ICONOMANIA)
FROTTEURISMO Esfregar o órgão sexual em outras pessoas. Se esfregar no
ônibus, por exemplo. JÁ CAIU EM PROVA.
RIPAROFILIA Atração por mulheres grávidas, menstruadas ou sujas. JÁ CAIU
EM PROVA.
NINFOMANIA Desejo exaltado da mulher
EXIBICIONISMO Prazer em exibir os órgãos
NARCISISMO Admiração pelo próprio corpo
LUBRICIDADE SENIL Atração de idosos, muitas vezes impotentes, por pessoas muito
mais jovens.
CRONOINVERSÃO Amor pelo sexo oposto com grande diferença de idade
GERONTOFILIA Atração de jovens por idosos
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EDIPISMO Atração do filho pela mãe
ELETRISMO Atração da filha pelo pai
SADISMO Excitação ao causar maus tratos
MASOQUISMO Satisfação sexual ao sofrer dor e humilhação
NECROFILIA Relação sexual com cadáveres
BESTIALISMO OU ZOOFILIA Satisfação sexual com animais
DONJUANISMO Prazer na conquista
COPROLALIA Desejo sexual de ouvir ou ler dizeres eróticos ou obscenos antes
da prática sexual, sem os quais não consegue se excitar
DOLISMO Atração sexual por bonecos e manequins
4 BIBLIOGRAFIA