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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...

VARA CRIMINAL DA
COMARCA DE ...

Autos sob n°...,

JAMES HOWLETT, já qualificado nos autos em epígrafe, às folhas de n°..., vem,


respeitosamente perante Vossa Excelência, através de seu advogado constituído nos autos,
conforme procuração anexa, interpor tempestivamente

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

com fundamento no artigo 581 , IV do Código de Processo Penal, em face de decisão de


pronuncia proferida em folhas de n°.... dos autos deste processo.

Requer a Vossa Excelência pelo recebimento do presente recurso, uma vez que
encontram-se presentes todos os requisitos de admissibilidade.

Requer ainda que, após colhidas as contrarrazões do Ministério Público, se for o


entendimento de Vossa Excelência, que se proceda ao Juízo de Retratação nos termos do
artigo 589 do Código de Processo Penal.

Caso se mantenha inalterada a decisão, que sejam os autos remetidos ao Egrégio


Tribunal de Justiça do Estado de .... para julgamento.

Termos em que,

Pede deferimento.

Local..., 13 de Outubro de 2020

Advogado...,OAB...
RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

RECORRENTE: JAMES HOWLETT

RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE...

Autos sob n° ...

Egrégio Tribunal De Justiça,

Colenda Câmara,

Trata-se de recurso em sentido estrito interposto contra a decisão de pronúncia


proferida pelo juízo a quo, contra o réu em que lhe imputou o crime do artigo 121, §2º,
incisos VII do Código Penal.

I – DOS FATOS

II – DO DIREITO

II.1 – IRRETROATIVIDADE DA LEI

Preliminarmente, tem-se que na época do suposto ocorrido ainda não constava no


Código Penal a qualificadora pela qual foi o réu condenado, tal qualificadora aduz o
seguinte:

Art. 121. Matar alguém:

[...]

§ 2º Se o homicídio é cometido:

VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da


Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional
de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou
contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro
grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)"

Desta forma, como se pode observar ao final do texto legal, a qualificadora do artigo
121, §2º, inciso VII, só foi inserida ao Código Penal no ano de 2015 com o advento da Lei n°
13.142 e o fato tratado nos presentes autos ocorreu em 2009, portanto, neste caso, é ilícita
a aplicação de lei que não existia ao tempo do acontecimento.
Assim sendo, deve ser considerada a irretroatividade da lei, tendo em vista que só
pode retroagir lei que venha a beneficiar o réu, o que não se obtém com a aplicação da
presente qualificadora, portanto, não há o que se falar em fato criminoso.

Deste modo, se a Colenda Turma não entender por aceitar a tese sustentada de que
o acusado não praticou o ato delitivo que lhe foi imputado, faz-se necessária a
desclassificação da qualificadora, nos termos acima expostos

II.2 – PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA - EXCESSO DE PRAZO.

Ocorre ainda, nobres julgadores, que houve um excesso quanto ao prazo para
recebimento da denúncia.

O suposto fato ocorreu em 18 de maio de 2009, entretanto, só em 25 de junho de


2019 que houve o recebimento da denuncia, ou seja, após o trancurso de mais de 10 anos
que o Juízo de primeira instância recebeu a exordial acusatória.

Diante disso, tem-se que houve um excesso de prazo para ocorrer o acolhimento da
denúncia, devendo, assim, ser dada como prescrita a pretensão punitiva da presente
demanda.

III – DO MÉRITO

III.1 – INSUFICIÊNCIA DE PROVAS

No caso em tela, não há provas suficientes para apoiar a condenação do réu pela
suposta prática do crime de homicídio qualificado, conforme será demonstrado a seguir.

Cumpre ressaltar a forma ilícita pela qual se deu o reconhecimento do acusado na


fase do inquérito policial, tendo em vista que os agentes presentes no momento do
acontecimento não conseguiram visualizar o rosto do acusado, apenas se basearam na
placa do carro.

Além disso, a acusação se baseia somente em provas testemunhais, não


apresentando nada para complementar tais alegações e, segundo entendimento doutrinário
e jurisprudencial, esse tipo de prova apresenta fragilidade para que possa haver a
condenação de um acusado.

O art. 41 do Código de Processo Penal é eficiente ao elucidar que para a


procedência da denúncia faz-se necessário o indício de autoria e a materialidade do crime, o
que não se obteve com as provas trazidas aos autos, já que pelo simples reconhecimento
da propriedade do veículo não se deve pressupor que o verdadeiro dono é o que estava
dirigindo.

Desta forma, nobres julgadores, esse reconhecimento não deve ser tido como
instrumento para comprovação do ato ilícito, já que o acusado e sua esposa foram
assaltados pelo verdadeiro agente causador do homicídio, conforme demonstrado pelo
registro de Boletim de Ocorrência às 18h15min do dia 18 de maio de 2009, sendo
impossível ao acusado estar em dois lugares ao mesmo tempo.

Além disso, não há nos autos nenhuma prova pericial sobre a questão da coleta de
vestígios, indo à oposição do transcrito no artigo 158 do Código de Processo Penal, ficando
mais uma vez evidente que o embasamento da decisão foi somente em provas orais.

Diante dos fatos apresentas, faz-se necessária a absolvição sumária nos termos do
art. 386, VII, do Código de Processo Penal, tendo em vista a insuficiência de meios
probatórios para sustentar as alegações da acusação.

IV – REQUERIMENTOS

Ante todo o exposto, requer o acusado que:

a) seja decretada a extinção da punibilidade do requente, em decorrência de não


haver a qualificadora ao tempo em se deu a prática ilícita;

b) ocorra a decretação de extinção de punibilidade do acusado, após manifestação


do Ministério Público, em vista de ter ocorrido a prescrição da pretensão punitiva;

Caso não seja esse o entendimento deste colegiado, requer ainda que:

c) seja o réu absolvido sumariamente, nos termos do art. 415, incisos II e IV e do art.
386, inciso VII, do Código de Processo Penal, pela insuficiência de provas que indiquem ser
ele o responsável pelo ilícito penal.

Termos em que,

Pede deferimento.

Local..., 13 de Outubro de 2020

Advogado...,OAB...

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