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MÓDULO 3

CRIMES CONTRA AS RELAÇÕES


DE CONSUMO - LEI Nº 8.137/1990
2020 © Secretaria Nacional do Consumidor
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio,
salvo com autorização por escrito da Secretaria Nacional do Consumidor.
Esplanada dos Ministérios, Bloco “T”, Palácio da Justiça Raymundo Faoro, Edifício Sede, 5º andar, Sala 542 –
Brasília, DF, CEP 70.964-900.

Curso Crimes contra as relações de consumo

Edição
Ministério da Justiça e Segurança Pública
Secretaria Nacional do Consumidor
Escola Nacional de Defesa do Consumidor

Autoria
Este curso tem como subsídio a obra “Crimes contra as relações de Consumo”, de Marco Antonio Zanellato e Edgar
Moreira da Silva.O texto foi revisado por José Augusto Peres.

Dado a relevância do tema, os autores cederam o texto da obra para este curso. O texto foi adaptado para a
educação a distância.

EQUIPE TÉCNICA DO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA - MJ

Ministro de Estado da Justiça


André Luiz de Almeida Mendonça

Secretária Nacional do Consumidor


Juliana Oliveira Domingues

Escola Nacional de Defesa do Consumidor - ENDC

Coordenação
Andiara Maria Braga Maranhão

Supervisão
Ana Cláudia Sant’Ana Menezes
Marcus Iahn de Souza

EQUIPE TÉCNICA DA FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA - FUB

Coordenação Apoio ao Núcleo Pedagógico Ilustração e Animação


Prof. Dr. Ugo Silva Dias Danielle Xabregas Pamplona Nogueira Cristiano Silva Gomes
Laryssa Rosa da Silva Slavov Cristiano Alves de Oliveira
Pesquisadores Sêniores Natália Rodrigues Faria
Daniel Benevides da Costa Nayara Gomes Lima Diagramação
Daniel Guerreiro e Silva Simone Lucas de Oliveira Aguiar Israel Silvino Batista Neto
Patrícia Fernandes Faria
Coordenação Pedagógica Núcleo de Pesquisas Sanny Caroline Saraiva de Sousa
Janaína Angelina Teixeira Danielle Xabregas Pamplona Nogueira
Janaína Angelina Teixeira Gestão Moodle
Gestão Pedagógica do Curso Gabriel Tormin Alves José Wilson da Costa
Janaína Angelina Teixeira Moisés Silva de Sousa
Revisão
Designer Instrucional Angélica Magalhães Neves
Janaína Angelina Teixeira
Angélica Magalhães Neves
CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 3

Apresentação do Módulo 3
Olá! Animado(a) para continuar nosso percurso de aprendizagem?

No módulo anterior, você aprendeu a objetividade jurídica, o


sujeito passivo, a classificação do tipo de ilícito e do tipo de culpa
dos crimes descritos no Código de Defesa do Consumidor, Lei n.
8.078/90. Agora você irá realizar uma análise de alguns crimes
contra as relações de consumo previstos na Lei n. 8.137/90.

Vamos lá?

Objetivos de aprendizagem do Módulo 3


Ao final deste módulo espera-se que você seja capaz de:

identificar os crimes contra as relações de consumo na Lei


n.8.137/90, que trata dos crimes contra a ordem tributária,
econômica e as relações de consumo;

reconhecer os tipos penais que não foram revogados pela


Lei n. 8.137/90;

conhecer as jurisprudências sobre crimes contra as relações


de consumo previstos na Lei n. 8.137/90.

Não se esqueça de realizar a atividade de estudo proposta ao final do


módulo. Ela não irá compor sua nota, mas irá ajudá-lo muito na retenção
do conteúdo.

Lembre-se de que esse curso diz respeito à tutela penal do consumidor, por
isso não faremos a análise de todos os crimes definidos na Lei n. 8.137/90.
Nos limitaremos a examinar aqueles que foram construídos a partir de
dispositivos da Lei n. 1.521, de 26 de dezembro de 1951 (que tratou e
crimes contra a Economia Popular) e outros que, embora não tenham
derivado diretamente de tal diploma, violam, direta ou indiretamente, as
relações de consumo.

Vamos juntos?

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 3

Fique atento!
Instruções de navegação do módulo 3:

1. Ao longo das explicações, você irá ver o ícone

Clique nele para conhecer algumas jurisprudências sobre os crimes


contra as relações de consumo. Você será remetido a uma imagem
interativa. Para cada artigo serão apresentadas as jurisprudências
correspondentes.

Vamos, juntos, analisar alguns crimes contra as relações de consumo?

3.1. Você sabia que não fornecer


nota fiscal aos clientes é crime?
Artigo 1º, inciso V, da Lei 8.137/90: Negar ou deixar de
fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento
equivalente, relativa a venda de mercadoria ou
prestação de serviço, efetivamente realizada, ou
fornecê-la em desacordo com a legislação.

Exemplo do Artigo 1º, inciso V, da Lei 8.137/90:

Saiba mais
A infração, do exemplo acima, lesa o fisco e gera uma situação de perigo à economia popular ou aos
consumidores, coletiva ou individualmente considerados, pela probabilidade de dano potencial a
seus interesses patrimoniais.

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 3

Francisco, o exemplo anterior afeta apenas a ordem


tributária?

Não, Maria. É importante destacar que a infração


apresentada no exemplo ofende a ordem tributária e
a economia popular ou, numa linguagem moderna, as
relações de consumo, pois a nota fiscal ou o documento
equivalente (como o recibo dado pelo prestador de
serviço - médico, dentista, etc), é uma garantia para o
consumidor. Por meio da nota fiscal é possível comprovar
o negócio jurídico realizado e, também, o preço pago ou
contratado. Sem ela, o fornecedor poderá dizer que não
vendeu o produto ou que não foi contratado para prestar
o serviço, na hipótese de o negócio ter sido contratado
verbalmente, sem contrato por escrito, como é comum
acontecer. Assim, não existindo a nota, impossível ou
difícil se torna comprovar que a mercadoria foi vendida
ou o serviço foi prestado.

Vamos juntos?

Saiba mais
Esse tipo penal preencheu uma lacuna da Lei n.º 4279, de 14.07.65, que, embora disciplinando os
crimes de sonegação fiscal, não pune a conduta daquele que nega ou deixa de fornecer nota fiscal
ou documento equivalente, relativa à venda ou prestação de serviço.

Fique atento!
O elemento material do crime em exame coincide com o seu momento
consumativo: é a omissão (“deixar”) ou a ação (“negar...”). É uma infração
que lesa o fisco e gera uma situação de perigo à economia popular
ou aos consumidores coletiva ou individualmente considerados, pela
probabilidade de dano potencial a seus interesses patrimoniais.

A nota fiscal é, portanto, peça importantíssima na proteção das relações


de consumo. O seu não fornecimento caracteriza, também, crime contra
as relações de consumo, embora não definido legalmente com esse
nome.

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 3

3.2. Você conhece a famosa “venda


casada”?
Artigo 36, inciso XVIII, da Lei 12.529/11: subordinar a
venda de um bem à aquisição de outro ou à utilização
de um serviço, ou subordinar a prestação de um serviço
à utilização de outro ou à aquisição de um bem.

Essa descrição estava prevista no art. 5, inciso II da Lei 8.137/90,


que foi revogado pela Lei 12.529 de 2011. E passou a constar no art.
36, inciso XVIII da Lei de 2011, como apresentado anteriormente.

Mesmo assim, consideramos importante manter aqui nesse estudo,


pois esse crime também é tipificado no art. 39, inciso I, do CDC, como
uma prática abusiva.

Condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço,


bem como, sem justa causa, a limites quantitativos.

Exemplo do Artigo 36, inciso XVIII, da Lei 12.529/11:

Saiba mais
Acesse o link a seguir para ter acesso ao documento sobre venda casada:
https://www.anatel.gov.br/Portal/verificaDocumentos/documento.asp?numeroPublicacao=34803
7&filtro=1&documentoPath=348037.pdf

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 3

Quer saber mais sobre as práticas abusivas?

Dica!
Fique atento ao calendário da ENDC e faça o curso “Práticas abusivas”.
Acesse o nosso site e veja o calendário dos cursos ofertados
pela ENDC: https://www.defesadoconsumidor.gov.br/escola
nacional/cursos/cursos-endc

3.3. Você sabia que transgressão de tabelas oficiais de gêneros,


mercadorias ou serviços configura crime contra a economia
popular?
Com a revogação integral do art. 6º da Lei nº 8.137/90 pela
Lei nº 12.529/2011, encontra-se em plena vigência o art. 2º,
inciso VI, da Lei nº 1.521/51, com sua redação original:

Transgredir tabelas oficiais de gêneros e mercadorias, ou de


serviços essenciais, bem como expor à venda ou oferecer
ao público ou vender tais gêneros, mercadorias ou serviços,
por preço superior ao tabelado, assim como não manter
afixadas, em lugar visível e de fácil leitura, as tabelas de preços
aprovadas pelos órgãos competentes.

Vamos voltar ao tempo e relembrar uma época em que o tabelamento era


muito comum?

Exemplo do Artigo 2º, inciso VI, da Lei 1.521/51:

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 3

Fique atento!
O dispositivo penal em estudo é um caso típico das chamadas leis penais
em branco, uma vez que, para a sua execução, depende das tabelas oficiais
de preços, ou dos preços fixados por órgão ou entidade governamental,
por exemplo.

3.4. Sabia que favorecer ou


preferir, sem justa causa, um
consumidor é crime?
Artigo 7º, inciso I, da Lei n. 8.137/90: favorecer
ou preferir, sem justa causa, comprador ou
freguês, ressalvados os sistemas de entrega ao
consumo por intermédio de distribuidores ou
revendedores.

Veja que esse dispositivo identifica-se com a norma do art. 2º, inciso II, da
Lei n. 1.521/51:

“Favorecer ou preferir comprador ou freguês em detrimento de outro,


ressalvados os sistemas de entrega ao consumo por intermédio de
distribuidores ou revendedores”.

Como pode-se observar, as diferenças existentes nas redações desses tipos


são apenas duas: a nova legislação acrescentou a expressão “sem justa
causa” e excluiu a expressão “em detrimento do outro”. Vejamos a seguir!

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 3

O art. 7º, inciso I, da Lei n. 8.137/90, dada a sua amplitude


de redação, abrange não somente os estabelecimentos
industriais, mas também quaisquer outros, ou, na
linguagem do Código de Defesa do Consumidor o
fornecedor que pratica a ação típica.

Na vigência da Lei n. 8.137/90, esse crime passou a ser


formal ou crime de perigo abstrato, bastando, a preferência
ou favorecimento do consumidor, para que seja posto em
risco os interesses de outros consumidores. Veja na Dica
abaixo, para ficar mais por dentro do assunto!

Dica!
O art. 2º, inciso II, da Lei n. 1.521/51 é mais um dispositivo da Lei de Economia Popular que foi
revogado pela Lei 8.137/90.

3.5. Sabia que vender ou expor à venda


mercadoria cuja embalagem, tipo,
especificação, peso ou composição
esteja em desacordo com as prescrições
legais, ou que não correspondam
à respectiva classificação oficial
também é crime?
Artigo 7º, inciso II, da Lei n. 8.137/90: vender ou expor à venda
mercadoria cuja embalagem, tipo, especificação, peso ou
composição esteja em desacordo com as prescrições legais,
ou que não corresponda à respectiva classificação oficial.

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 3

Francisco, sabia que esse dispositivo revogou o art. 2º,


inciso III, da Lei n. 1.521/51, que era menos abrangente
e só se referia à mercadoria ou ao produto alimentício?

Sim, Maria! E hoje com o novo dispositivo, também


é apenada a conduta de quem vende produtos cujos
tipo, embalagem e especificação estejam em desacordo
com as prescrições legais, ou que não correspondem às
respectivas classificações.

Quanto a esse crime, veja o que o doutrinador Elias de Oliveira ensina:

O inciso III pune não o ‘fabrico’ fraudulento, mas o ato de vender ou expor à venda a
mercadoria que houver sido fraudada. A fraude de fabricação será apenada de acordo
com a legislação comum, conforme o caso. Se, todavia, o fraudador for o próprio autor
da venda ou da exposição à venda, o seu crime contra a economia popular não muda de
tipicidade, nem o exime de responder, em concurso material de delitos, pela infração de
fabrico fraudulento de substância alimentícia, ou como estiver previsto no direito penal
comum.

OLIVEIRA, Elias de. Crimes contra a economia popular e o juri tradicional. Rio de Janeiro: Freitas Bastos,
1951, p. 56

Saiba mais
A fraude de fabricação encontra tipificação penal no artigo 7º, IV, letra “a”, da Lei n. 8.137/90, ou
no artigo 2º, inciso IX, da Lei n. 1.521/51, à medida que pode tal fraude ser entendida como um
processo fraudulento desenvolvido com a finalidade de obtenção de ganhos ilícitos, em detrimento
de indeterminado número de pessoas, como ocorre, por exemplo, com as máquinas de vídeo-poker
fraudadas.

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 3

• FALTA DE ESPECIFICAÇÃO EM EMBALAGEM DE PRODUTO PRONTO PARA CONSUMO

CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - Artigo 7º, II, da Lei 8137/90 - Falta de especificação
em embalagem de produto pronto para consumo.

Ementa: Não sendo caso de produtos previamente embalados pelo fabricante, e colocados à venda
pelo comerciante, mas sim de produtos para pronto, exatamente como uma refeição oferecida por
qualquer restaurante ou estabelecimento especializado no preparo de refeições ligeiras, a falta
de especificações em sua embalagem, que é utilizada pelo comerciante apenas como um modo
de servir o produto para pronto consumo não caracteriza o crime descrito pelo artigo 7, II, da Lei
8137/90. Ademais, os produtos e mercadorias que foram e são reacondicionados pelo comerciante
não apresentam em si qualquer índice de risco ao consumidor. Na exposição de o conteúdo do
reacondicionamento apresentar risco ou perigo, aí sim, haveria a obrigação de informar corretamente
o consumidor acerca dessa circunstância.

RT 739/628 - maio/1997

• AGENTE FLAGRADO EXPONDO À VENDA MERCADORIA EM DESACORDO COM AS PRESCRIÇÕES


LEGAIS

CRIMES CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - Agente flagrado expondo à venda mercadoria em


desacordo com as prescrições legais - Configuração:

Ementa: Para fins de tipificação do delito previsto no artigo 7º, II, da Lei 8137/90, é irrelevante o
fato de a carne moída apreendida e periciada apresentar-se própria para o consumo, pois a punição
refere-se ao local de exposição da carne e não a sua qualidade.

RJTACRIM - SP - 22/115 - abril, maio, junho/1994

• AGENTE QUE EXPÕE À VENDA MATERIAL DE INFORMÁTICA SEM INFORMAÇÕES EM PORTUGUÊS

Crime contra relação de consumo – Art. 7º, II, da Lei 8.137/90 – Agente que expõe à venda material
de informática sem informações em português – Atipicidade da conduta pelo fato do tipo não
poder ser incluído no rol do art. 61 da Lei 8.078/90 – Inocorrência – Trancamento da ação penal por
inexistência de justa causa – Impossibilidade.

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 3

Ementa: Impossível o trancamento, por inexistência de justa causa, de ação penal instaurada contra
Comerciante que expõe à venda material de informática sem informações em português, sob
a alegação de ser atípica referida conduta por não poder ser incluído o tipo do art. 7º, II, da Lei
8.137/90 entre os previstos pelo art. 61, da Lei 8.078/90, uma vez que esta norma inclui entre os
crimes contra as relações de consumo os delitos previstos no Código Penal e nas Leis Especiais, como
no caso em exame.

Ac. da 15ª Câm. do TACRIM-SP, HC 303.680/7, rel. Fernando Matallo, j. 17.04.1997, v.u., apud
RJTACrim, SP, nº 35, julho, agosto, setembro de 1997, pág. 360.

3.6. Você sabia que constitui crime fraudar preços por meio de
alterações no produto?
Artigo 7º, inciso IV, letra a, da Lei n. 8.137/90: alteração, sem modificação essencial ou de qualidade,
de elementos tais como denominação, sinal externo, marca, embalagem, especificação técnica,
descrição, volume, peso, pintura ou acabamento de bem ou serviço.

A consumação dessa infração coincide com o ato inicial da alteração


fraudulenta do produto. Assim, esse é um crime de perigo de dano efetivo
à economia popular ou aos consumidores difusamente considerados. O
sujeito ativo dessa infração é, normalmente, o fornecedor-produtor.

Ah, na próxima tela você verá um exemplo de quais informações o


fornecedor deve informar no produto!

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 3

Saiba mais
Essa figura criminal foi criada para punir a chamada “maquiagem” de produtos, feita com o objetivo
de burlar o congelamento de preços. Ocorreu largamente na vigência de planos econômicos que,
no passado, foram implantados com o objetivo de estancar a inflação e estabilizar a economia. Veja
agora a portaria da Senacon, de 2002, que tratou da alteração quantitativa de produtos embalados
e a informação para o consumidor.

Veja o exemplo!

Veja só!

Dica!
O momento consumativo dessa infração coincide com o ato inicial da
alteração fraudulenta do produto. É um crime de perigo de dano efetivo
à economia popular ou aos consumidores difusamente considerados. O
sujeito ativo dessa infração é, normalmente, o fornecedor-produtor.

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 3

3.7. Sonegar ou recusar-se a vender é


crime!
Artigo 7º, inciso VI, da Lei n. 8.137/90: sonegar insumos ou
bens, recusando-se a vendê-los a quem pretenda comprá-
los nas condições publicamente ofertadas, ou retê-los para
o fim de especulação.

A materialidade desse delito consiste em sonegar ou recusar a venda de insumos ou bens, ou retê-los.

Vamos entender o que significa cada um destes conceitos? Veja nas cartas, a seguir.

Dizer que a coisa não existe em poder do sonegador ou não está a seu
alcance ou disponibilidade.

Elias de Oliveira

Opor-se à disponibilidade da coisa que existe e se acha na posse do


recusante, que assim a subtrai de sua destinação comercial.

Elias de Oliveira

Observem que não é preciso que o produto seja essencial ao


consumo do povo, basta que se destine ao comércio, atacadista
ou varejista. Por outro lado, não é necessário que o comprador
esteja em condições de adquirir o produto ou o insumo a pronto
pagamento, basta que ele queira fazer a aquisição nas condições
publicamente ofertadas.

O outro núcleo do tipo objetivo, expresso pelo verbo reter, significa


conservar, manter em seu Poder o produto ou insumo, para o fim
de especulação. Essa finalidade é o elemento subjetivo do injusto,
conhecida, como dolo específico. A especulação referida no inciso
estudado não é, evidentemente, a normal, lícita, própria da essência
do comércio, mas, sim, a ilícita, fraudulenta feita para a obtenção de
lucros exorbitantes, em detrimento dos consumidores.

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 3

Francisco, soube também que a noção de especulação é vaga, não se


pode determinar, precisamente, em que momento ela se torna lícita. Não
há, a respeito, uma distinção conceitual. Mas, afinal o que pode ser feito
para evitar que a sanção penal recaia sobre comerciantes honestos?

A respeito do questionamento feito por Maria, podemos destacar que


para evitar que a sanção penal recaia sobre comerciantes honestos,
dispõe o juiz de arbítrio, baseado na experiência da vida, de que ele,
também, participa diretamente. Desde que o julgador se compenetre de
sua profunda missão seletora, não haverá perigo de reprimir atos lícitos.
No caso concreto, surgirão, inconfundivelmente, da prova os traços
característicos do espírito de ganância antissocial ou do espírito comercial
permitido e até estimulado.

• AGENTE QUE, NA QUALIDADE DE PROPRIETÁRIO, GERENTE OU PREPOSTO DE UM POSTO DE


GASOLINA, RECUSA-SE A VENDER COMBUSTÍVEL, À VISTA DE IMINENTE AUMENTO DE SEU PREÇO

CRIMES CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - Agente que, na qualidade de proprietário, gerente


ou preposto de um posto de gasolina, recusa-se a vender combustível, à vista de iminente aumento
de seu preço - Caracterização:

Ementa: Incorre nas sanções do artigo 7º, VI, da Lei 8137/90 o agente que, na qualidade de
proprietário, gerente ou preposto de um posto de gasolina, recusa-se a vender combustível a uma
ou mais pessoas que pretendem adquiri-lo, à vista de iminente aumento de preços de combustíveis,
visando a interrupção de vendas naquele instante a obtenção de maiores ganhos ou menores
prejuízos.

RJTACRIM - SP - 22/118 - abril, maio, junho/1994

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 3

3.8. Induzir o consumidor ou o usuário


ao erro é crime!
Artigo 7º, inciso VII, da Lei n. 8.137/90: induzir o consumidor
ou usuário a erro, por via de indicação ou afirmação falsa ou
enganosa sobre a natureza, qualidade do bem ou serviço,
utilizando-se de qualquer meio, inclusive a veiculação ou
divulgação publicitária.

Exemplo do Artigo 7º, inciso VII, da Lei n. 8.137/90:

Fique alerta!

Acesse as telas interativas do curso, ouça o Podcast e fique por dentro


deste tipo de crime.

Saiba mais
• Esse tipo penal pune o agente que, na oferta não-publicitária ou na publicitária, divulgada em
meios de comunicação de massa, chamados de veículos ou suporte, induz o consumidor a erro,
mediante a afirmação falsa ou enganosa sobre a natureza, qualidade de bem (produto) ou serviço.

• Trata-se de crime material ou de resultado de dano efetivo, que se verifica com a indução do
consumidor a erro.

Francisco, quer dizer então, que diferentemente dos crimes de perigo


abstrato do Código de Defesa do Consumidor, essa infração penal só se
consuma com a verificação do resultado descrito no ilícito típico, qual seja,
a indução do consumidor ao erro, somente sobre a natureza ou qualidade
do produto ou serviço?

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 3

Isso mesmo, Maria! Vejo que está super antenada com o assunto! Esse
ilícito pode ser denominado crime de indução, cujo objetivo é induzir
o consumidor a erro em oferta (publicitária ou não-publicitária) de
produtos e serviços.

Fique atento!

No crime de indução do consumidor a erro em oferta (publicitária e não


publicitária) de produtos e serviços, o sujeito ativo é o fornecedor que
realiza a oferta, podendo ser o fabricante, o importador ou o comerciante
(aquele que somente vende o produto ou presta o serviço).

Quando a oferta é publicitária, além do fornecedor anunciante, também


podem responder pelo crime o responsável pela agência de publicidade e
pelo veículo de comunicação (ou suporte).

Para este ilícito, aplicam-se as considerações a respeito dos sujeitos ativos


do crime de publicidade enganosa ou abusiva do artigo 67, do CDC.

Dica!
Quer saber mais sobre oferta e publicidade no CDC? Fique atento ao
calendário da ENDC e faça o curso Oferta e Publicidade!

Acesse o link e conheça o calendário de cursos: https://www.defesadocon


sumidor.gov.br/escolanacional/cursos/cursos-endc

3.9. Você sabia que vender, ter


a intenção de venda ou entregar
matéria-prima ou mercadoria em
condições impróprias para consumo
é crime?
Artigo 7º, inciso IX, da Lei n. 8.137/90: vender, ter em
depósito para vender ou expor à venda ou, de qualquer
forma, entregar matéria-prima ou mercadoria, em
condições impróprias ao consumo.

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 3

Esse é um caso típico das chamadas “leis penais em branco”, uma vez
que estabelece uma proibição genérica que se completa por definição
de outra lei: proíbe que se venda, ou que se tenha em depósito para
vender ou expor à venda, ou que se entregue de qualquer modo, matéria-
prima ou mercadoria em condições impróprias ao consumo, sem definir
o que são essas condições impróprias. Todavia, há um completivo desse
dispositivo. Vamos conhecer?

Acesse as telas interativas do curso, ouça o Podcast e fique por dentro


deste tipo de crime.

Modalidades vender e ter em depósito para vender ou expor


a venda
Na modalidade de vender, é crime instantâneo, de natureza mista: ao mesmo tempo,
é crime material (ou de dano), porque lesa efetivamente interesses patrimoniais do
consumidor (dano concreto real), em face da entrega de produtos em condições
impróprias; é também, em alguns casos, crime formal (ou de perigo concreto) porquanto
gera perigo concreto de dano à saúde do consumidor adquirente do produto com vício
de qualidade (por exemplo, um produto alimentício deteriorado, nocivo à saúde).

Já na modalidade de ter em depósito para vender ou expor a venda, é delito formal (ou
de perigo abstrato), pela probabilidade de dano efetivo ou perigo de dano a número
indeterminado de pessoas (consumidores difusamente considerados).

Exemplo do Artigo 7º, inciso IX, da Lei n. 8.137/90:

Saiba mais
Para fechar a análise das figuras criminais da Lei n.8.137/90, importante dizer que os fatos tipificados
nos incisos II, II e IX do artigo 7°, também são punidos a título de culpa, com a pena privativa de
liberdade reduzida de um terça, e a de multa à quinta parte, conforme parágrafo único deste artigo.

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 3

• EMBALAGENS EM DESACORDO COM AS PRESCRIÇÕES LEGAIS

CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO – Defesa do consumidor – Embalagens em desacordo


com as prescrições legais – Firma revendedora – Atipicidade.

Ementa: (...) Em 2 de Dezembro de 1996, no estabelecimento comercial da (...), agentes policiais


encontraram nove caixas contendo máquinas e equipamentos para a confecção de roupas, de
procedência estrangeira e sem instruções para sua utilização em idioma nacional. Em virtude de
tal descoberta, prenderam em flagrante a suplicante, acusando-a de expor à venda mercadorias
embaladas em desacordo com as prescrições legais porquanto o “Código de Proteção ao Consumidor”
exigiria o dever de prestar aquelas informações em linguagem didática e em língua portuguesa
(artigos 31 e 50, parágrafo único), consoante iria posteriormente, observar a autoridade policial (Cf.
informações de folhas 25 a 28 e auto de prisão em flagrante de folhas 60 a 63). A firma comercial da
qual a paciente é a principal dirigente visa a revenda de valores a outros negociantes, consoante se
verifica da leitura da 1ª cláusula do contrato social (folhas 31) e se confirma pela própria natureza do
que foi apreendido. De tal sorte, na sua atividade, não atinge diretamente o consumidor, definido
pelo artigo 2º da Lei 8.078/90, de 11 de setembro de 1990 como ‘toda pessoa física ou jurídica
que adquire ou utiliza produtos ou serviços como destinatário final’. Por conseguinte, na qualidade
de sua mandatária, (...) realmente não poderia ser acusada do cometimento de qualquer infração
penal. Somente ao consumidor o legislador assegura o direito à informação adequada e clara
sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características,
composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem (Código de Defesa do
Consumidor, artigo 6°, III).

Ac. da 13° Câmara do TACrimSP – m.v. – HC 303.764/2 – Rel. Juiz Roberto Mortari – j 29.04.97 – DJ
SP II 29.07.97, p.09 – ementa IOB, por transcrição parcial – apud Boletim do IOB 3-13518, setembro
de 1997, p.331

• MERCADORIA IMPRÓPRIA AO USO E AO CONSUMO

CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO – Alimento impróprio ao uso e consumo – Prazo de


validade vencido – Tipicidade.

Ementa: Alimento impróprio ao uso e consumo. O simples fato de um produto encontrar-se com
o prazo de validade vencido, ainda que apresente seus caracteres físico-químico e organoléptico
normais, por si só, já o enquadra como impróprio ao uso e consumo, como está previsto no art. 18,

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 3

§ 6°, inciso I da Lei 8.078/90. Apelo desprovido.

Ac. un. da 4ª Câm. do TACr RJ – Ac. 51.441 – Rel. Juíz Flávio Nunes Magalhães – j. 10.08.94 – ementa
oficial - apud Boletim do IOB, JULHO DE 1995, 3-11021, P. 219.

• CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO – Fornecedor – Natureza, característica, qualidade


do produto – Ausência – Tipicidade; venda de mercadoria imprópria ao consumo – Vendedor não-
fabricante – Responsabilidade.

Ementa: Pratica o delito contra o consumidor o fornecedor que se omite em explicar natureza,
característica e qualidade do produto. Essa conduta formal tipifica o crime omissivo puro e de ação
múltipla do caput do artigo 66 da Lei 8.078, de 11.9.1990. É crime vender mercadoria em condições
impróprias ao consumo, a teor do disposto no inc. IX do artigo 7° da Lei 8.137, de 27.12.1990. Não
escusa o agente a circunstância de não ele haver fabricado o produto. O que o inciso pune não
é a fabricação fraudulenta, mas o ato de vender ou expor à venda mercadoria que houver sido
fraudada em sua embalagem, tipo, especificação, peso ou composição (Alberto Silva Franco, “Leis
Penais Especiais e sua Interpretação Jurisprudencial”). A punição do fraudador atende também à
necessidade de reforçar a cidadania, pois, ‘as questões relativas à responsabilidade por vício atingem
a todos indistintamente; aos mais pobres, em especial’ (Paulo Luiz Netto Lobo, “Responsabilidade
pelo vício do produto e do serviço”).

Ac. un. da 11ª Câm. do TACr SP – Ac. 1.047.641-6 – Rel. Juiz Renato Nalini – j. 31.03.97, p27 – apud
IOB, maio de 1997, 3-13173 p.176.

CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - Crime formal - Venda de mercadorias impróprias ao


consumo - Prazo de validade vencido - Perícia - Comprovação da nocividade - Desnecessidade.

Ementa: Venda de mercadoria em condições impróprias ao consumo - delito do art. 7º, inc. IX da Lei
8.137, de 27.12.1990 - Prazo de validade vencido - Circunstâncias que, por si só, basta à configuração
do crime, dispensável perícia para comprovar a efetiva nocividade do produto - Condenação
mantida. O art. 7º, inc. IX, da Lei 8.137, de 27.12.1990, ao contrário do que ocorria como art. 279
do CP, expressamente revogado pelo art.23 da mesma Lei, define um crime formal e consubstancia
norma penal em branco no que toca à definição das “condições impróprias ao consumo”. E, nessa
condição, é complementado pelo art. 18, § 6º, inc. I, da Lei 8.078, de 11.09.1990 (Código de Defesa
do Consumidor), no ponto que expressamente considera “impróprios ao uso e consumo”:

“I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos”.

Ac, da 2ª Câm. do TACrimSP – Ap. 986.761-2 – rel. Juíz Érix Ferreira – j. 30.11.1995 – v.u. - apud
Revista de Direito do Consumidor n.19 - julho/setembro - 1996 - p. 272.

CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - Exposição à venda de produtos alimentícios impróprios


ao consumo - Existência de perigo concreto - Desnecessidade - Local de exibição dos produtos
apreendidos - Irrelevância - Configuração - Ocorrência.

Ementa: O delito do artigo 7º, IX, da Lei 8137/90, é formal e de mero perigo presumido, sem a
necessidade de constatação da existência de perigo concreto, bastando à sua configuração, a
comprovação de vender ou expor à venda, ou, de qualquer forma, entregar a matéria prima ou

20
CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 3

mercadoria, em condições impróprias ao consumo, sendo irrelevante o local de exibição dos


produtos apreendidos.

RJTACRIM - SP - 30/104 - março/1996.

• PRODUTO EXPOSTO À VENDA OU MANTIDO EM DEPÓSITO COM PRAZO DE VALIDADE VENCIDO

CRIME CONTRA O CONSUMIDOR - Produto exposto à venda com prazo de validade vencido - Violação
do artigo 7º, IX, da Lei 8137/90, c/c o artigo 18, parágrafo 6, I, da Lei 8078/90 - Não comprovação da
impropriedade material ou real da mercadoria - Irrelevância - crime de perigo abstrato.

Ementa: A conduta do comerciante que expõe à venda produto com o prazo de validade vencido
é suficiente para a caracterização do crime previsto no artigo 7, IX, da Lei 8137/90, c/c o artigo 18,
parágrafo 6, I, da Lei 8078/90, sendo irrelevante que após a apreensão da mercadoria se constate,
através de análise laboratorial, que a mesma ainda era própria para o consumo, visto que o delito em
apreço é de perigo abstrato, aperfeiçoando-se com a mera transgressão da norma incriminadora,
independente de comprovação da impropriedade material ou real do produto.

RT 730/566 - agosto/1996

CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - Produto exposto à venda ou mantido em depósito


com prazo de validade vencido - Prova pericial - Desnecessidade - Inteligência do artigo 7, IX, da Lei
8137/90 - Voto vencido.

Ementa: Se as mercadorias expostas à venda ou mantidas em depósito apresentarem prazo de


validade vencido, é dispensável a realização da perícia para a configuração do delito previsto no
artigo 7, IX, da Lei 8137/90.

Ementa Oficial do Voto Vencido: Para a atribuição de responsabilidade penal pela prática do
crime contra as relações de consumo previsto no artigo 7, IX, da Lei 8137/90, é indispensável que
os medicamentos apreendidos sejam submetidos a exame pericial, para a contestação de serem
impróprios ao consumo e que se comprove sua distinção comercial.

RT 731/630 - setembro/96

CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - Comerciante que expõe à venda produto com prazo
de validade vencido - Violação do artigo 7º, IX, da Lei 8137/90 c/c o artigo 18, parágrafo 6, da Lei
8078/90 - Caracterização - Não comprovação da impropriedade material ou real da mercadoria -
Irrelevância:

Ementa: A conduta do comerciante que expõe à venda produto com prazo de validade vencido é
suficiente para a caracterização do crime previsto no artigo 7, IX, da Lei 8137/90, c/c o artigo 18,
parágrafo 6, I, da Lei 8078/90, sendo irrelevante que após a apreensão da mercadoria se constate,
através de análise laboratorial, que a mesma ainda era própria para o consumo, visto que o delito
em apreço é de perigo abstrato, aperfeiçoando-se com a mera transgressão da norma incriminadora,
independentemente de comprovação da impropriedade material ou real do produto.

RJDTACRIM - SP - 30/110 - abril, maio, junho/1996

21
CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 3

• AGENTE QUE VENDE DETERMINADA DROGA EM LUGAR DE OUTRA, TRANSFERINDO O LÍQUIDO DE


UM FRASCO PARA OUTRO

CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - Agente que vende determinada droga em lugar
de outra, transferindo o líquido de um frasco para outro - Caracterização - Exercício ilegal da arte
farmacêutica - Inocorrência:

Ementa: Incorre nas sanções do artigo 7º, IX, da Lei 8137/90, o agente que, no interior de uma
drogaria, vende determinado remédio em lugar de outro, impróprio para o consumo, transferindo
o líquido de um frasco para o outro, não se podendo falar em prática do artigo 282 do C.P., pois a
venda de medicamentos nos balcões de farmácias não corresponde ao exercício de ato privativo de
farmacêutico, tendo-se presente a industrialização dos produtos do gênero.

RJTACRIM - SP - 22/120 - abril, maio, junho/1994

• AGENTE QUE ADMITE VÍNCULO COM ESTABELECIMENTO COMERCIAL ONDE OCORRA O DELITO

CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - Agente que admite vínculo com estabelecimento
comercial onde ocorra o delito - Legitimação para figurar no pólo passivo - Ocorrência.

Ementa: Conhecimento do fornecimento irregular de mercadoria sem providências para sua correção
- Configuração - Ausência do réu no estabelecimento no momento do recebimento - Irrelevância:

O agente que admite vínculo com estabelecimento comercial, onde ocorra delito previsto na Lei
8137/90, é pessoa legítima para figurar no pólo passivo de ação penal, sendo irrelevante o fato de
não ser sócio ou empregado do mesmo.

Incorre nas penas do artigo 7º da Lei 8137/90, o agente que, sabendo do fornecimento irregular de
mercadoria sem data de fabricação e validade, não providencia a sua correção, sendo irrelevante
a ausência do réu no estabelecimento no momento de recebimento ou mesmo da colocação dos
produtos nos locais próprios à venda, máxime se é encarregado do comércio quando da apreensão.

RJTACRIM - SP - 26/56 - junho/1995.

3.9. Crimes contra a Economia Popular


Análise de alguns tipos que não foram revogados pela Lei n. 8.137/90.

22
CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 3

Olá, agora vamos analisar alguns tipos de crimes contra a economia


popular que não foram revogados pela Lei n. 8.137/90?

Maria, vale lembrar que, conforme ressaltamos na abertura deste módulo,


não analisaremos todos os crimes da Lei n. 8.137/90 que continuam em
vigor, mas somente aqueles que, por ocorrerem com certa frequência,
despertam maior interesse prático. Vamos ver quais são?

A respeito disso, veja o que o doutrinador Elias Oliveira ensina:

A economia popular é um termo que resulta do complexo de interesses econômicos


domésticos, familiares e individuais, capaz de atingir um número indefinido de indivíduos
na vida em sociedade. Veja o que esse autor diz sobre a economia popular:

“A essa abstração jurídica – que se não compõe de bens materiais corporificados, mas
de ideais interesses econômicos coletivos que a quase todos pertencem, como membros
da coletividade social –, o Estado moderno dá foros de personalidade sui generis, como
sujeito passivo de infrações, e concede proteção legal, punindo penalmente os que a
lesam”.

OLIVEIRA, Elias de. Crimes contra a economia popular e o juri tradicional. Rio de Janeiro: Freitas Bastos,
1951, p. 9

Sabia que obter ou tentar obter ganhos ilícitos em detrimento de outros


é um crime?

Veja só o que diz o artigo 2º, inciso IX, da Lei n. 1.521/51: obter ou tentar
obter ganhos ilícitos em detrimento do povo ou de número indeterminado
de pessoas mediante especulações ou processos fraudulentos (“bola de
neve”, “cadeias”, “pichardismo” e quaisquer outros equivalentes).

23
CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 3

O crime previsto no art. 2º, inciso IX, da Lei n. 1.521/51 pune, as “burlas
contra a bolsa do povo para ganhos ilícitos” (Elias de Oliveira). De acordo
com Elias de Oliveira, a referida infração é uma modalidade de crime de
estelionato, previsto no art. 171 do Código Penal.

Quando configura estelionato?


Acesse as telas interativas do curso e realize a atividade!

A atividade foi para que você pudesse compreender as


diferenças. Caso tenha ficado alguma dúvida, veja o infográfico
a seguir:

Veja o Infográfico acerca do tipo penal estudado.

Dica!
A especulação como meio de obtenção de ganhos ilícitos deve ser entendida
como aquela praticada com o emprego de manobras fraudulentas. É a
chamada especulação ilícita, fraudulenta, que se destina à captação do
dinheiro do povo, de sorte a ofender a economia popular. As especulações
previstas nesse crime, por se prestarem à obtenção de ganhos ilícitos, são,
sempre, de natureza fraudulenta, razão por que são punidas penalmente.

ROBERTO LYRA. Crimes contra a economia popular. Rio de Janeiro: Livraria Jacinto, 1940,
pp. 100-101.

24
CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 3

Exemplo do Artigo 2º, inciso IX, da Lei n. 1.521/51:


Agora você irá conhecer um exemplo do crime referente ao artigo 2º, inciso IX, da Lei n. 1.521/51.

Já ouviu falar em Pirâmide Financeira? Clique no vídeo ao lado e conheça mais um crime contra a
economia popular.

Sua navegação será por meio de um vídeo interativo. Sempre que precisar pausar, execute o
comando solicitado. A respeito disso, veja o que o doutrinador Elias Oliveira ensina:

Vídeo
Acesse as telas interativas do curso e confira o vídeo.

Vamos conhecer mais alguns exemplos de crimes contra a economia


popular?

Exemplo do Artigo 2º, inciso IX, da Lei n. 1.521/51:

25
CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 3

• AGENTE QUE DESEMPENHA A ATIVIDADE DE CAMBISTA

Crime contra a economia popular - Agente que desempenha a atividade de cambista - Compra de
entradas para espetáculo musical e revenda por preço bem superior do valor da aquisição - Crime
caracterizado - Condenação mantida - Inteligência do artigo 2º, IX, da Lei 1521/51.

Ementa: - Pratica crime contra a economia popular o cambista que vende entradas para determinado
espetáculo por preço superior ao real, pouco importando que as vítimas diretas tenham ciência
do verdadeiro valor dos ingressos, vez que nos crimes contra a economia popular, a proteção
legal não é dada a um ou alguns indivíduos, eventualmente considerados sujeitos passivos, mas a
todos os membros de uma coletividade, igualmente expostos ao dano ou ao perigo de sofrerem as
consequências da ação do criminoso.

RT - 726/693 - abril/1996.

• ADMISSÃO DE VENDEDORES DE PLANO DE SAÚDE À VENDA DE PRODUTOS, SEM CONTRATÁ-LOS

Crime contra a economia popular - Agente que condiciona a admissão de vendedores de plano de
saúde à venda de produtos, sem contratá-los. Conduta que tipifica, em tese, o delito do artigo 2º,
IX, da Lei 1521/51.

Ementa: Tipifica, em tese, o crime do artigo 2º, IX, da Lei 1521/51 a conduta de alguém que na
condição de sócio de empresa da assistência médica, publica em jornal anúncio de empregos de
“assistente”, que, na realidade, desempenharia atribuições de vendedor de títulos ou planos de
saúde, sendo que, quando os candidatos se aposentassem, condicionava-lhes a contratação a uma
venda de planos e, quando a exigência era cumprida, exigia que novos planos fossem vendidos sem
efetuar a contratação dos empregados.

RJTACRIM - SP - 22/110 - abril, maio, junho/1994

PIRÂMIDE FINANCEIRA: CRIME CONTRA A ECONOMIA POPULAR. LAVAGEM DE DINHEIRO

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA FEDERAL X JUSTIÇA ESTADUAL. INQUÉRITO


POLICIAL. PIRÂMIDE FINANCEIRA: CRIME CONTRA A ECONOMIA POPULAR. LAVAGEM DE DINHEIRO.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL (ART. 2º, III, “A” E “B”, DA LEI 9.613/1998).

26
CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 3

1. As operações denominadas de “pirâmide financeira”, sob o disfarce de “marketing multinível”,


caracterizam-se por oferecer a seus associados uma perspectiva de lucros, remuneração e benefícios
futuros irreais, cujo pagamento depende do ingresso de novos investidores ou de aquisição de
produtos para uso próprio, em vez de vendas para consumidores que não são participantes do
esquema.

2. Nesse sentido, a captação de recursos decorrente de “pirâmide financeira” não se enquadra no


conceito de “atividade financeira”, para fins da incidência da Lei n. 7.492/1986, amoldando-se mais
ao delito previsto no art. 2º, IX, da Lei 1.521/1951 (crime contra a economia popular). Precedentes.

3. A jurisprudência desta Corte tem se orientado no sentido de que compete à Justiça Comum
Estadual julgar os crimes contra a economia popular, na esteira do enunciado da Sumula n. 498 da
Suprema Corte, que dispõe: “Compete à Justiça dos Estados, em ambas as instâncias, o processo e
o julgamento dos crimes contra a economia popular”.

Precedentes.

4. O delito conhecido como “lavagem de dinheiro” e tipificado no art. 1º da Lei 9.613/1998, somente
será da competência federal quando praticado contra o sistema financeiro e a ordem econômico-
financeira, ou em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, ou de suas entidades
autárquicas ou empresas públicas (art. 2º, III, “a”, da Lei 9.613/1998) ou quando a infração penal
antecedente for de competência da Justiça Federal (art. 2º, III, “b”, da Lei 9.613/1998).

5. Não tendo sido coletados, até o momento, dados que sinalizem que a suposta “lavagem de
dinheiro” foi praticada em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, ou mesmo que o
delito seja conexo com qualquer outro crime de competência da Justiça Federal, é de se reconhecer
a competência da Justiça Estadual para dar continuidade às investigações.

6. A possibilidade de descoberta de outras provas e/ou evidências, no decorrer das investigações,


levando a conclusões diferentes, demonstra não ser possível firmar peremptoriamente a competência
definitiva para julgamento do presente inquérito policial. Isso não obstante, tendo em conta que a
definição do Juízo competente em tais hipóteses se dá em razão dos indícios coletados até então,
revela-se a competência da Justiça Estadual para condução do Inquérito Policial.

7. Conflito conhecido, para declarar a competência do Juízo de Direito do Foro Central Criminal
Barra Funda - DIPO 4 - São Paulo/SP, o suscitado.

(CC 146.153/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
11/05/2016, DJe 17/05/2016)

CRIAÇÃO DE SITE NA INTERNET PARA COMERCIALIZAR MERCADORIAS QUE JAMAIS SERIAM


ENTREGUES

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUÍZES ESTADUAIS DE COMARCAS DE ESTADOS DIFERENTES.


INQUÉRITO POLICIAL. ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA.

CRIAÇÃO DE SITE NA INTERNET PARA COMERCIALIZAR MERCADORIAS QUE JAMAIS SERIAM


ENTREGUES: CONDUTA QUE SE AMOLDA MAIS AO CRIME CONTRA A ECONOMIA POPULAR DO QUE

27
CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 3

AO ESTELIONATO. CONEXÃO TELEOLÓGICA E INSTRUMENTAL ENTRE OS DELITOS. COMPETÊNCIA


DEFINIDA PELO LOCAL DA INFRAÇÃO QUE TEM A PENA MAIS GRAVE (ART. 78, II, “A”, CPP).

1. A criação de site na internet por quadrilha, sob o falso pretexto de vender mercadorias, mas sem
a intenção de entregá-las, amolda-se mais ao crime contra a economia popular, previsto no art.
2º, inciso IX, da Lei n. 1.521/1951, do que ao estelionato (art. 171, caput, CP), dado que a conduta
não tem por objetivo enganar vítima(s) determinada(s), mas, sim, um número indeterminado de
pessoas, vendendo para qualquer um que acesse o site.

2. Nos termos do art. 2º, IX, da Lei n. 1.521/1951, constitui crime contra a economia popular
“obter ou tentar obter ganhos ilícitos em detrimento do povo ou de número indeterminado de
pessoas mediante especulações ou processos fraudulentos (“bola de neve’, ‘cadeias’, ‘pichardismo’
e quaisquer outros equivalentes)”.

3. Verificada estreita conexão teleológica (art. 76, II, CPP) e probatória (art. 76, III, CPP) entre a
associação criminosa e o crime contra a economia popular, no caso concreto, a definição da
competência segue a regra posta no art. 78, II, “a”, do CPP (local da infração à qual foi cominada a
pena mais grave).

4. Dado que o crime de associação criminosa possui pena mais grave (reclusão de 1 a 3 anos) do
que a atribuída ao crime contra a economia popular (detenção de 6 meses a 2 anos e multa) e a
associação criminosa consumou-se em Goiânia, pois seis dos sete investigados residiam naquela
cidade, é forçoso reconhecer a competência do Juízo estadual de Goiânia para conduzir o inquérito
policial.

5. Conflito conhecido, para declarar a competência do Juízo de Direito da 8ª Vara Criminal de


Goiânia/GO, o suscitado.

(CC 133.534/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
28/10/2015, DJe 06/11/2015)

Sabia que fraudar pesos e medidas é um crime?

Vejamos o que diz o artigo 2º, inciso XI, da Lei n. 1.521/51: fraudar pesos
ou medidas padronizados em lei ou regulamentos; possuí-los ou detê-
los, para efeitos de comércio, sabendo estarem fraudados.

28
CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 3

FRAUDAR PESOS OU MEDIDAS PADRONIZADAS EM LEI OU REGULAMENTO:

Consuma-se com o ato fraudulento de alterar, por meio de falsidade material, aparelhos
ou instrumentos de pesar e medir. A fraude pode assumir, no âmbito jurídico-penal, formas
variadas no sentido de modificar a capacidade legal das medidas e pesos padronizados,
constituindo a falsidade uma probabilidade concreta de dano à economia popular pelas
lesões a que fica sujeita.

POSSUÍ-LOS OU DETÊ-LOS, PARA EFEITOS DE COMÉRCIO, SABENDO ESTAREM


FRAUDADOS:

Tem seu momento consumativo no ato ou fato da posse ou detenção para efeitos de
comércio.

Olá, vamos entender melhor a diferença entre fraudar pesos ou


medidas padronizadas em lei ou regulamento e possuí-los ou detê-los
para comercialização, mesmo tendo ciência sobre a fraude?

O elemento subjetivo é, em ambos, a vontade consciente. O elemento


material é, respectivamente, a ação de fraudar ou o ato de possuir ou deter
medidas e pesos sabendo-os viciados.

Fique atento!
Pode haver uma confusão na conduta ilícita do comerciante que pesa ou
mede mercadorias de forma fraudulenta, enganando o comprador, com o
crime enquadrável no art. 171 do Código Penal.

A lei, quando fala em fraudar pesos padronizados, está se referindo ao peso adotado legalmente
como unidade de medida a que se referiu a Conferência Internacional do Metro (20 de maio de
1875), e não ao “peso” de expressão popular usada para designar a resultante da operação de pesar.

Por exemplo , o comerciante que coloca pedaço de ferro sob o prato da balança, com o fim de
fraudar os pesos das mercadorias.

Lembre-se de que fraudar pesos e medidas não se confunde com o ato, também fraudulento, de
pesar a menos com o intuito de ganho determinado e ilícito, caso em que os pesos e medidas estão
de acordo com os padrões legais.

29
CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 3

Exemplo do Artigo 2º, inciso XI, da Lei n. 1.521/51:

Jurisprudências
Acesse as telas interativas do curso e confira todas
as jurisprudências apresentadas no curso!

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Saiba mais
Quer saber mais sobre Pirâmides Financeiras? Clique no link abaixo e
acesse o Boletim de Proteção do Consumidor/Investidor CVM/Senacon:
Marketing Multinível e Pirâmides Financeiras.

Acesse: https://www.defesadoconsumidor.gov.br/images/Boletim_Prote%C
3%A7%C3%A3o_ao_Consumidor-investidor/Boletim_CVM_06.pdf

30
CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 3

Para relembrar

Encerramos aqui o terceiro módulo do curso e esperamos que você tenha conseguido identificar
os crimes contra as relações de consumo da Lei n. 8.137/90, bem como reconhecer os tipos
penais que não foram revogados pela Lei n. 8.137/90 que tratam dos crimes contra a economia
popular.

Você concluiu o conteúdo do curso! Parabéns! Se quiser retomar os conteúdos para estudos,
fique à vontade!

Avaliação de Aprendizagem
Acesse às telas interativas do curso para realizar a avaliação de aprendizagem.

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CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO - MÓDULO 3

Bibliografia
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