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Direitos Fundamentais aulas teóricas escritas por Joana, Mariana, Nocas e Yuliya
19 de Fevereiro de 2020
Natureza da disciplina -> tende a ser confundida com uma disciplina de direitos humanos
Relações entre estados num estado de direito que têm que viver com estados autocráticos
Muitas vezes direitos humanos estão em causa
A vinculação que estes direitos humanos têm não tem comparação com aquilo que num estado de
direito são direitos fundamentais
O que têm os juizes para resolver casos?? - no caso do homem que morreu e da mulher que queria
ter filhos dele - não dava para resolver à luz da lei
Porque apesar da lei - temos direitos fundamentais —>> constituir família, desenvolvimento da
personalidade
Por um lado temos uma lei muito precisa que diz que não é possível engravidar de alguém que ja
tenha morrido
Mas antes uma pessoa sozinha podia engravidar de um dador anónimo
De que forma se podem aceitar desigualdades deste tipo ?
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Fundamentais -
1- histórico
-> nenhum direito fundamental pode ser violado pois esta consagrado numa norma constitucional
e não é fácil saber quando é que um direito foi violado
Artigo 24/2- em caso alguém haverá pena de morte - não há dificuldades aqui de interpretação
->> foi colocado porque o número 1 por si só não permitia resolver problemas
Lei sobre a eutanásia - ambos os lados falam sobre a dignidade da pessoa humana
Os direitos fundamentais variam de estado para estado
Em Portugal o direito à saúde é um direito fundamental
Nos Estados Unidos não
Direitos sociais
Direitos fundamentais e justiça constitucional
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Estado de direito liberal para o estado de direito social - a concepção como são vistos os direitos
fundamentais evolui substancialmente assim como as concepções sobre separação de poderes
Estado de direito liberal - facto de que quando se fala em direitos fundamentais do estado de
direito liberal não são de todas as pessoas mas sim os cidadãos que são uma minoria limitada no
conjunto da população
Direitos de participação política - só eram titulares os homens que sabiam ler e escrever e os
proprietários - ou seja era uma minoria - 3 porcento/4 porcento da população e isto modifica tudo
Os cidadãos da época são uma minoria ultra minoritária, não havia pluralismo, sendo que a
concepção dos direitos fundamentais era marcada pela burguesia que tb tinha como consequência
que o direito fundamental mais importante era o direito de propriedade que permitia o acesso a
todos os outros direitos.
Concepção muito marcada pelo individualismo - do homem individualmente considerado, sendo
que os direitos colectivos eram olhados com desconfiança.
Relevava quem contratava um para um.
Se houvesse colectivo- como por exemplo o direito de associação que era olhado com
desconfiança- perdia se os direitos individuais.
Direitos==>>
Individuais
Marcados pela concepção de propriedade
Direitos negativos - limitação à ação do estado - o estado tinha o dever de não se meter com a
vida dos privados, relações entre privados que se resolviam livremente —> oposto dos direitos
positivos - que exigem intervenção do estado
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Direito à saúde, ao trabalho - não eram vistos no estado liberal porque ao havia esta necessidade
social.
Porque é que não havia estes direitos - porque a camada de cidadãos alvo não precisava deles -
era não necessária como mal vista - pois adoptar estes direitos significava que o estado tinha que
gastar - eram os impostos que iam ser utilizados para esses fins e que se entendia que deviam ser
usados para proteger a propriedade
Muda no séc. XX após 1a Guerra Mundial – há crises mundiais nos anos 20 (económicas e
políticas)
• Os cidadãos, deixados por si só, sem intervenção do Estado, leva a crises e pode levar a conflitos
com o Estado de Direito (que se tenta regenerar).
o Numa linha de continuidade, usando os mesmos direitos mas com a ideia de que para a garantia
dos direitos da população (que aumenta, dado alargar-se o conceito de cidadão) têm de mudar a
conceção de Direitos Fundamentais.
Estado Democrático e Social de Direito
Experiências políticas do pós-1a Guerra Mundial traduzem uma comum intenção de superar os
pressupostos e as realizações do Estado liberal.
• Há uma intenção de estadualização da sociedade e recíproca socialização do Estado, dando
sentido a um novo Estado “Social” – o impacto da 1a Guerra Mundial estimula uma alteração
radical na forma de conceber as relações entre Estado e Sociedade.
Dever de promoção - o estado tem que promover o acesso a todos os cidadãos a todos os direitos
- como por exemplo o direito político, direito à saudade, educação
Características:
1. Conceito de quem é cidadão aumenta
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2. Propriedade é Direito Fundamental essencial mas já sem caráter absoluto- perda relativa
• Estado pode intervir e limitar a propriedade
4. Surgem os Direitos Sociais (apesar de não ter sido assim em todas as constituições- nem todas
as constituições europeias são assim)
• Estado passa a ser enquadrado como entidade a que cidadãos recorrem e que tem obrigações de
agir.
• Direitos Sociais começam a ser considerados e mesmo não tendo propriedade têm de aceder a
certos bens (saúde e etc.), pelo que o Estado tem de ajudá-los a aceder a certos bens.
• Nova geração de direitos.
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O juiz era apenas a boca que pronúncia as palavras da lei, um juiz que se reconhecesse a isso e
dissesse a constituição não me permite fazer isto era absurdo.
Em Portugal o que aconteceu é que nós vivemos em ditadura, havendo constituição que não era
norma jurídica.
Quando passamos a ter constituição já foi a nova constituição europeia
⁃ temos direitos fundamentais para poder evoca-lós contra a maioria democrática- quem
precisa de direitos fundamentais é o indivíduo isolado que tem que os evocar contra a
maioria
Temos que ter uma instituição que proteja os diretos fundamentais -> o poder judicial.
Atenção que o poder judicial tb deve poder ser controlável socialmente
Só a partir dos anos 60/70 e que os direitos fundamentais foram respeitados nos estado unidos -
desigualdade racial.
Aula teórica de 26 de fevereiro de 2020 da Inês -> conceitos pressupostos numa teoria de
direitos fundamentais
que pode afetar outros direitos fundamentais- Ou nós temos uma teoria adequada dos problemas
de direitos fundamentais ou deixamos para o juiz que decida - Não havendo respostas
inequívocas- vai chegar ao TC e haverá diferentes opiniões
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Teórica 26/02/2020
As garantias jurídicas dos direitos fundamentais, apesar da sua força, são limitadas. É preciso
saber quando é que uma limitação é admissível e quando é que é inconstitucional. Temos de
determinar se naquela pessoa em concreto, há alguma limitação admissível ou uma violação. Na
maior parte dos casos a constituição não dá resposta clara a isto.
Exemplo: caso do corona vírus, levanta-se a duvida se é possível determinar quarentenas ou caso
fosse descoberta uma vacina, o governo pretendia determinar uma vacinação obrigatória, poderia
faze-lo ou não? problema de direitos fundamentais, está em causa a liberdade das pessoas, a
integridade física ou psíquica… tudo isto são problemas de direitos fundamentais, no sentido em
que os particulares podem invocar estes direitos, contudo o estado invoca por sua vez o direito de
proteger a saúde.
Neste caso, o juiz vai à CRP buscar a resposta. Quando chega à constituição, no art 25º diz-se que
a integridade física é inviolável. Poderá então o estado determinar uma vacinação obrigatória
neste caso? Ou por exemplo, no artigo 27º direito à liberdade e segurança a única exceção no caso
que nos interessa, é no nº3 no caso de internamento devido a problema psíquico .Se o estado
avançar com estas limitações, é legitimo ou não? Trata-se de um problema de direitos
fundamentais. Isto significa que ou temos uma teoria especifica que aplicamos nestes casos
sempre que eles surjam, ou deixamos a cada juiz a decisão.
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• Normas constitucionais de direitos fundamentais / estrutura: todas tem uma estrutura típica,
que envolve de um aldo os titulares dos direitos e do outro lado, o destinatário obrigado pela
relação. Em principio, todas as pessoas são titulares de direitos fundamentais incluindo as pessoas
coletivas s enão contrariar a sua natureza.
os direitos fundamentais são contra quem? O destinatário é quem? Estão os poderes públicos, o
Estado.
Mais discutível, é a duvida de saber se também os outros particulares são destinatários dos direitos
fundamentais. Aparentemente a CRP resolve o problema no art 18ºn1 ‘’entidades privadas’’, a
norma parece clara mas não é assim tao clara. A CRP é a única que diz isto. Se só a nossa CRP
diz sito, quem está errado? Portugal ou os outros países? Temos de indagar por que é que a CRP
diz isto das entidades privadas e as outras constituições, não dizem.
Do outro lado, temos o direito, bem protegido. Todas as normas de direitos fundamentais, tem
esta estrutura típica.
art 38º CRP: há aqui algum direito que exija que o estado crie uma empresa? Dificilmente se diria
que há um direito subjetivo de uma pessoa a exigir isto, todas as normas, impõem deveres mas só
sabemos se há inconstitucionalidade ou não, se apurarmos se o Estado está a violar os deveres
que lhe cabem. Da existência destes deveres, decorrem sempre vantagens para os particulares. Se
o estado tem deveres, o cumprimento dos mesmos vão beneficiar os particulares.
Dimensão subjetiva e objetiva: vantagens para os próprios interesses que resultam da norma de
direito constitucional para os particulares, do cumprimento dos deveres. Não há sempre um
direito subjetivo, ele só existe quando a partir da norma, é possível ao particular exigir
judicialmente o cumprimento do dever que o Estado tem, o que obriga a que a norma seja
tao determina que permita ao poder judicial ver se o estado está a observar ou não o dever
que resulta daquela norma.
Do cumprimento da realização desse valor, resultam benefícios para os particulares (subjetivo);
…
Distinção que surgiu na época em que na Europa a CRP não era aplicada como norma
jurídica, logo os direitos da Constituição valiam na medida em que o legislador os
aplicasse. Eram todas classificações fora do tempo, apos a segunda guerra importa é
averiguar o conteúdo da norma. Se a constituição consagra determinado direito
fundamental, ele é diretamente aplicável pelos tribunais. Esta distinção não tem
importância.
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• Normas programáticas: legislador devia realiza-los mas naos seriam aplicados pelos tribunais
enquanto o legislador não os aplicasse
Distinção importante:
• Norma e enunciado normativo: o que lemos destes artigos da constituição são enunciados
normativos, são um texto. Mas o nosso problema, não é o enunciado mas sim qual a norma que
retiramos do enunciado e só o conseguimos fazer através do enunciado. A noma é o comando que
diz o que o Estado pode e não pode fazer.
Exemplo: art 65ºn1 CRP é necessário interpretar este enunciado numa perspetiva jurídica,
para extrair qual é o dever que se retira do mesmo.
• Dentro das normas, normas regra e normas principio: art 24º , nestes dois enunciados há uma
diferença de natureza entre o n1 e n2. Será isto compatível com a vacinação obrigatória a nível
excecional? Admitimos a possibilidade de a integridade física ser comprimida em situações
extremas. Apesar de o enunciado aparentemente consagrar o direito À vida em termo absolutos e
inequívocos, nem sempre é assim.
Art 41ºn1 CRP ‘’liberdade de culto inviolável’’ e art 25º ‘’vida humana inviolável’’ este
enunciado não significa mais do que uma afirmação da importância máxima da vida humana,
assim como da importância máxima da liberdade de religião.
Entre direito a vida e direito de liberdade de religião, deve prevalecer a liberdade de
religião em Portugal. Todos os direitos so invioláveis, a duvida surge em saber quando
foi violado. Contudo podem ser limitados mas nem em todas as afetações, há
violações do direito e nesse sentido todos os direitos são invioláveis. Normas com
enunciados deste tipo, delas não podemos tirar uma natureza absoluta, fica sujeito a uma
decisão de caso concreto. Este tipo de normas são normas principio. Numa norma
principio a constituição não fez ainda todas as ponderações que há afazer. A CRP consagra
o direito mas deixa a norma suficientemente aberta para os poderes públicos, poderem
fazer ponderações de caso concreto, e nesse sentido temos as normas principio.
art 24º ‘’em caso algum haverá pena de morte’’: pode o legislador passar aa dizer que num
determinado caso pode haver? Não, porque CRP não deixa margem de ponderação. Este
tipo de normas, são normas regra.
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Conceito Formal: aquelas garantias jurídicas consideradas como tal que vêm nos textos
constitucionais.
• Nos Estados de Direito que têm constituição em sentido formal há sempre uma parte quanto aos
Direitos Fundamentais.
Mas,
Art. 16o/1 CRP – além dos Direitos Fundamentais considerados na Constituição, temos uma
Cláusula Aberta de Direitos Fundamentais que abre o elenco de Direitos Fundamentais a outros,
que, apesar de não estarem na CRP, podem também ser considerados Direitos Fundamentais.
Esta distinção não é muito importante na CRP pois o elenco de Direitos Fundamentais na
Constituição é tão vasto e detalhado que todos os Direitos Fundamentais já estão patentes na CRP.
➢ JRN: em última análise, haverá sempre Direitos já nos textos constitucionais que cobrem todas
as possibilidades.
➢ Ex: direito ao desenvolvimento da personalidade (art. 26o CRP) é identificado como uma
liberdade geral de ação que é tão extenso e onde pode caber quase tudo.
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protegido – o que é permitido ou proibido em concreto (e pode ser somente aferido com a
interação de várias normas).
De um único Enunciado Normativo podemos inferir várias Normas.
➢ O que é decisivo é saber quais as normas que se retiram dos enunciados normativos
Ex: art. 24o CRP – vida humana é inviolável
➢ Daqui retiram-se várias normas: Estado não pode atentar contra a nossa vida; Estado está
obrigado a proteger a nossa vida de agressões de outros particulares; Estado está obrigado a
proteger a nossa vida de nós próprios (?); Estado tem obrigação de nos ajudar quando a vida
humana está em perigo
o De um único enunciado normativo não se retira uma norma que corresponde exatamente ao
enunciado, mas retira-se um conjunto de normas jurídicas que podem ser invocadas em Tribunal.
o Daí os enunciados das várias constituições variarem bastante.
Os Enunciados normativos podem ser muito diferentes, mas o que é importante é a Norma. ➢ O
Enunciado Normativo só é importante quando ele influencia a dedução da Norma.
o Quando desse enunciado só se pode retirar uma norma e apenas uma única norma.
15 Pode aplicar-se a qualquer outro Direito Fundamental. Qualquer violação de um Direito
Fundamental é uma inconsticional.
17
o Ex: art. 24o/2 CRP – só significa que em caso algum haverá pena de morte; só há uma norma
que se retira deste enunciado normativo.
Há normas de Direitos Fundamentais com diferente natureza16.
Ex: Qual o enunciado normativo que diz respeito ao Direito Fundamental ao Ensino?
➢ Há inúmeros enunciados de onde se pode retirar o Direito Fundamental ao Ensino.
Esta dicotomia entre Enunciado e Norma surge da necessidade de interpretação dos textos
jurídicos.
➢ Os textos jurídicos surgem para serem interpretados.
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Caso- artigo 27- ninguém pode ser total ou parcialmente provado da liberdade
27/3- privação da liberdade - caso de sentença judicial condenatoria
Excepções - alinea h)- é possível haver internamento compulsivo nesta situação
Pode se perante a difusão do coronavirus o estado determinar o internamento compulsivo das
pessoas.
Pode ou não o estado no caso em que existam pessoas afetadas determinar o seu internamento?
Fundamentação do que está no artigo - não é um caso da alinea H) logo não pode
artigo 27- temos uma norma regra - não pode haver mais discussão sobre isto
Direito fundamental como um todo - direito à saúde, vida - muito geral sendo que integra muitas
faculdades
E cada uma das faculdades que o entrega - direito a não condenar ninguém à morte, proteger
as pessoas de ofensas, direito a um rendimento mínimo, dever de respeito
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Quais os direitos que não estando enunciados tem uma natureza análoga aos do título II?
Artigo 18/3- >>as leis restritivas de direitos liberdades e garantias não podem diminuir a extensão
e o alcance desse conteúdo
Não se pode nunca afetar o conteúdo essencial de um direito
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Podemos admitir a limitação de um direito fundamental mas nunca afetar o seu conteúdo essencial
Aula teórica de 4 de Março de 2020 -> crítica da doutrina tradicional sobre o sistema
constitucional de direitos fundamentais
Artigo 17- direitos fundamentais com uma natureza análoga dos direitos liberdades e garantias
Surgindo um problema de direitos fundamentais em Portugal temos que ver qual é a sua categoria
- ver se é direito liberdade e garantia - título II- aqui se for aplica se este regime
Se não estiver temos que ver se tem uma natureza análoga ? Se tiver aplicamos todo o regime ou
só em parte
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Artigo 18/2- a lei só pode restringir direitos liberdades e garantias nos casos expressamente
previstos na constituição
A CRP diz que se pode restringir o direito à liberdade? Não
Logo segundo a doutrina tradicional não é possível fazer nada em relação à saúde pública - artigo
64
Direito à saúde é um direito fundamental com o mesmo valor que o direito à liberdade - em
Portugal isto não é assim
Porque o direito à saúde é de segunda classe! Está no segundo capítulo - isto está errado pois não
se pode fazer distinções entre direitos fundamentais e dizer dizer que uns valem mais que outros
- que é o caso dos direitos liberdades e garantias
Caso da greve dos enfermeiros - os enfermeiros podem ir a tribunal os doentes não porque o
direito à saúde é menor
Isto diz que o direito à greve é mais importante que o direito à saúde - não é!
Direitos liberdades e garantias segundo os constitucionalistas antigos são mais importantes que
direitos sociais
Meter num título ou noutro título não altera a natureza de um direito não devem ter proteção
privilegiada
Direitos de natureza análoga do título III que permitem aplicar o regime dos direitos do título II
Como é que se sabe se um direito é análogo?
Precisaríamos de um critério de analogia o problema é que o título II enuncia direitos muito
diversos pois é difícil dizer
Quais os critérios?
Nenhum deles funciona
Havia um critério que dizia que havia direitos com dimensão positiva e negativa
Mas isto não funciona porque todos têm uma dimensão negativa e positiva
Não existe uma característica análoga
Ou sejam os direitos foram postos nas categorias ao calhas
Havia um critério - os direitos do título segundo tem um conteúdo mais determinado do que os
enunciados no título III
Antes isto podia servir como um critério mas agora não
Veja se o direito ao casamento - o seu conteúdo é menos determinado - só sabemos o seu conteúdo
lendo o CC
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Mesma coisa com o direito à saúde - antes era difícil saber o que se podia exigir do estado agora
já sabemos.
Quando uma pessoa está desempregada isso afeta o desenvolvimento da personalidade - todos os
interesses protegidos são susceptíveis de ser afetados
Sendo um direito liberdade e garantia podemos dizer que esse direito afeta o livre
desenvolvimento pessoal e isso faz desaparecer as diferenças
Grande parte destas confusões surgem porque Não se distingue um direito como um todo e as
faculdades que o integram
Direitos de liberdade e direitos sociais - é possível fazer quando se distingue os direitos como um
todo
Temos o direito à vida e temos múltiplos conteúdos - direitos e faculdades com natureza
diferenciada
Não é possível quando todos os conflitos fazem sugerir faculdades de direitos
Se fosse possível construir uma hierarquia esta disciplina não tinha dificuldade
Aula teórica de 9 de Março de 2020 -> explicação da origem histórica do sistema de direitos
fundamentais da Constituição portuguesa
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Porque é que o regime constitucional de direitos fundamentais é único —>> artigo 18/2 segunda
parte
Restrições devem ser limitadas ao necessário para proteger os bens - princípio da proibição do
excesso
Isto aplica se a todos os direitos fundamentais - quer sejam direitos liberdades e garantias quer
sejam sociais - JRN
Artigo 19/1 - pode suspender em caso de necessidade ou urgência
Isto faz parte do regime de quaisquer direitos fundamentais
Como é que se explica que alguns constitucionalistas digam que não se aplica aos direitos sociais?
1976- todos os partidos políticos apresentaram projectos de constituição
A nossa constituição não tem o mesmo elenco de direitos fundamentais
PPD/ PCP- consagravam os direitos pessoais, direitos sociais e direitos políticos - direitos
liberdades e garantias
PS- direitos liberdades e garantias e depois categoria ao lado - direitos económicos sociais e
culturais mas não dizia que eram direitos fundamentais
CDS- direitos fundamentais - direitos de participação política, direitos sociais - estavam
espalhados como princípios jurídicos na constituição
A que ganhou foi a do PS mas com diferença sendo que chamou a tudo isso direitos fundamentais.
Direitos liberdades e garantias- título II
DESC- título III
Título I- regime sobre direitos (foi buscado do PPD) que tinha sido copiado da constituição alemã
Artigo 18 e 19- que tem o essencial do regime foram retirados do projecto do PPD- quando se
dizia direitos fundamentais dizia DLG
Artigo 18/1 queria dizer Direitos Fundamentais.
O artigo 18 e 19 quer dizer Direitos Fundamentais apesar de dizer DLG porque se enxertou na
constituição sem ver o contexto.
O contexto em que estava a ser aprovada a CRP era diferente do nosso contexto agora, isto foi
tudo aprovado no verão quente em ambiente de turbulência
Constituição aprovada em 76
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No dia antes se isto ser aprovado repararam que isto não fazia sentido - solução de última hora -
artigo 17
O regime dos DLG enunciados no título II aplica se a estes a direitos fundamentais dos
trabalhadores, demais liberdades e direitos de natureza análoga
Este artigo levanta problemas que nunca mais acabam - revisão de 82- cortou se a fórmula e ficou
assim
Mas o que são direitos de natureza análoga e os que não forem de natureza análoga quais é que
se aplicam ?
Serviço nacional de saúde estava na constituição que era gratuito mas paga-se
TC acórdão de 89- Direito de segunda
Gratuito é uma coisa para o cidadão comum para os juristas pagar não é a mesma coisa
O que a CRP impunha era que não se pagava o custo geral
Revisão de 89- alterou o artigo 64 - tendencialmente gratuito
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Não foi afetado a retribuição porque o artigo 59 não diz o quantum de retribuição de que forma é
que não se suprimiu mas apenas reduziu o quantum
Ao mesmo tempo que o Tc dizia isto vai fiscalizar estas leis tendo como parâmetro aplicar
princípios e diz que algumas medidas são inconstitucionais
Faz uma fiscalização em que deixa passar umas leis outras não
Aula teórica dada por Skype de 11 de Março de 2020 -> as objecções à consideração dos
direitos sociais como direitos fundamentais
No direito negativo o estado exige-se que não faça nada. O estado se quiser pode respeitar todos
ao mesmo tempo e mesma hora basta que não faça nada.
E quanto aos direitos positivos?- já não é assim porque por mais boa vontade que haja é impossível
dar satisfação aos mesmos direitos fundamentais ao mesmo tempo. Isto significa que quando se
vai ver que há inconstitucionalidade é mais fácil ver no caso dos direitos negativos que positivos,
porque diz que não consegue fazer todos os direitos positivos ao mesmo tempo. No caso dos
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direitos negativos o estado consegue não agredir direitos desde que queira. A única coisa que
precisa de fazer é não agredir.
Um direito positivo é mais fraco que um direito negativo- é fácil dizer que um ato é nulo porque
violou um direito fundamental- ou seja o juiz rapidamente decide a questão jurídica.
No caso da inconstitucionalidade dos direitos positivos é sempre necessário praticar o ato.
Por esta razão no caso dos direitos negativos é mais fácil realizar a decisão do TC. Também por
esta razão os direitos negativos são mais fortes.
Direitos negativos o juiz pode levar para casa e analisar, no caso dos direitos positivos a omissão
é sempre mais difícil de apreciar.
No caso dos direitos positivos ele não vê ele tem algo que não existe para apreciar. Uma omissão
é difícil de apreciar. O estado numa omissão o estado pode sempre fazer mais ou menos. O estado
pode sempre fazer mais. O juiz movimenta se aqui com mais dificuldade. Direitos negativos são
mais fortes que direitos negativos. Os direitos sociais por serem direitos positivos não podem vir
a ser considerados direitos fundamentais. Questão é que num direito social temos uma dimensão
negativa e tb positiva. Digo —>> o governo não pode cortar a minha pensão - estou a evocar um
direito social como direito negativo. A liberdade de religião é direito negativo ou positivo? Se o
estado não fizer nada para proteger a minha liberdade de religião digo - dimensão positiva. Em
qualquer direito existe uma dimensão positiva e uma dimensão negativa. Todos os direitos são
direitos negativos e positivos. Houve no estado social uma dimensão negativa. Agora surge
menos possibilidade para evocar os direitos na sua dimensão negativa porque já temos direitos
muito consolidados. Não há razão nenhuma para não aceitar a natureza jus fundamental dos
direitos fundamentais.
Terceira objeção —->> por natureza os direitos sociais são de direitos de conteúdo indeterminado
e os direitos e liberdade de conteúdo determinado
Isto quer dizer que se a CRP não diz mais nada nos conseguimos dizer qual o conteúdo jurídico
daquele direito fundamental. O operador jurídico quanto aos direitos sociais não é assim - todos
teem direito à saúde mas se a CRP não disser mais nada uma pessoa não sabe. Se na norma
constitucional eu não consigo apurar o conteúdo de um direito esse conteúdo vai ter que Ser
determinado. Isto impossibilitaria os direitos sociais de serem fundamentais porque o conteúdo
deste direito tem que ser explicado por lei ordinária- aqui é fácilmente alterável pois está nas mãos
do legislador.
No caso dos direitos sociais é o próprio legislador que densifica o seu conteúdo pois cria o
conteúdo e pode mudar o seu conteúdo facilmente. O mesmo já não se passa nos direitos
fundamentais pois a CRP não é fácil de alterar ou seja o governo em
Funções dispõe do conteúdo do direito.
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JRN - durante toda uma fase isto foi assim. Nos direitos sociais era necessário esperar que o
legislador o criasse. E depois de o legislador o criar? O direito não está nas mãos do legislador
porque o direito é constitucional e conseguimos saber qual é o conteúdo do direito que está na
constituição. Não é uma liberalidade do legislador. Aquilo que o legislador fez foi realizar o
direito, não fica impedido de alterar o conteúdo mas quando o altera está a mexer num direito
fundamental.
Ex- se o legislador diz que vamos agora pagar Taxas moderadoras mais altas está a actuar num
domínio de um direito fundamental e não pode mexer.
Direito à greve - os juizes têm, se o legislador o fizesse teria afetado o seu direito fundamental.
Se mexe na lei está a mexer no direito fundamental.
Não há separação entre norma constitucional e norma ordinária—>> os direitos sociais depois de
determinados pela lei são tão determinados ou mais que qualquer outro direito
Aula teórica de 16 de Março de 2020 -> direitos sociais e reserva do financeiramente possível
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Assim os direitos sociais estão à disposição da maioria parlamentar - logo não são direitos
fundamentais
Contra esta ideia - é verdade que existem custos, mas estes são próprios de qualquer direito
fundamental- em qualquer estado essa prática redunda em custos
Todos os direitos têm custos - direito de propriedade que já não é um direito social - tem custos
tb - o estado investe em segurança, em proteção, em burocracia, tem um sistema de registo da
propriedade
Direito de propriedade não é um direito social mas tem custos
Democracia - eleições têm custos, a organização tem custos
Direitos políticos como o direito de voto têm custos
Atenção que num estado ditatorial é mais fácil realizar problemas como o que temos agora com
o coronavirus.
Ex. Investigação policial numa democracia não se pode usar a tortura
Num estado ditatorial é mais fácil.
Num estado democrático temos mais gastos para garantiar os direitos individuais
O que se gasta com os direitos fundamentais não é muito diferente do que se gasta com os direitos
sociais - todos os direitos envolvem custos financeiros
Sem custos elevados os direitos fundamentais não seriam priveligados num estado de direito.
Questão da nossa disciplina - Temos uma agressão de um direito fundamental houve ou não uma
violação de um direito?
Aí já temos que reconhecer que há diferenças entre direitos fundamentais - para uns o apuramento
financeiro é mais difícil que outros - há direitos que independentemente do custo podemos
determinar as dificuldades
Ex. Da tortura - torturamos um detido, o detido prova que confessou sobre tortura - podemos
apurar se a prova é nula, basta comprovação previa que houve tortura.
Se o estado disser- fizemos isso porque não tínhamos dinheiro para apurar como deve ser. Aqui
o argumento financeiro é irrelevante. Se se comprova que houve tortura é nula a prova e ponto.
Estado quer expropriar um cidadão - como estamos numa crise não se da indemnização - artigo
102 CRP
Para o juiz este argumento é irrelevante, se o estado não tinha dinheiro não podia expropriar.
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Recursos à sempre mas não há sempre dinheiro para tudo - quem é que deve definir isso?
O argumento financeiro releva - por exemplo- um cidadão de Moçambique não pode exigir um
rendimento mínimo da mesma maneira que um alemão pode exigir. Os estados têm diferentes
disponibilidades financeiras.
Todos os direitos têm custos, é a mesma o argumento financeiro em todos os direitos? Não
Podemos reconhecer de que facto há especificidades de direitos sociais que dificultam essa
categorizacao.
Mas não há uma diferença estanque
Direito à saúde - em certas situações o argumento releva noutras não- caso presente - o estado
determinar uma quarentena é fazer uma lei, o custo financeiro não é significativo.
Estado não pode dizer nós não pusemos a quarentena porque não tínhamos dinheiro.
Da mesma forma podemos ter um direito de liberdade com grande relevância financeira - neste
caso actual fechar as fronteiras tem consequências económicas relevantes.
Nem sempre a questão financeira releva - ex. Direito à integridade física das pessoas - assaltos -
aqui o argumento financeiro não é relevante
Reserva do possível - falado pelo tribunal alemão primeira vez (sendo que o estudante evocava a
liberdade de escolha de profissão)- reserva do possível - o que é que é possível ao cidadão exigir
do estado.
Deve ou não o argumento financeiro relevar?
Há situações em que sim o juiz tem que ver se o argumento financeiro é relevante, mas isso tanto
afeta direitos sociais como direitos e liberdades.
Os deveres associados a esses direitos dependem da reserva do financeiramente possível.
Período da jurisprudência da crise —>> o argumento para o estado fazer cortes era um argumento
financeiro - era um argumento real possível de evocar.
Argumento era irrelevante ou não?
O argumento financeiro pode ser justificação para a restrição de direitos fundamentais.
O estado tem que dar um fundamentado para restringir direitos.
Os direitos fundamentais podem ser restringidos desde que haja um fundamento.
Todos os princípios estruturantes servem para controlar restrinções.
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1- natureza da norma jurídica que consagra o direito fundamental em causa - partimos do comando
normativo que está na CRP - as normas têm diferentes naturezas
2- qual o dever estatal que estão envolvidos no caso (temos do outro lado o estado que tem deveres
de natureza diferente- qual o dever em causa)
Quando temos uma regra - apurando o sentido do enunciado se é uma regra não há mais
ponderações a fazer - pena de morte em caso algum - apenas nos cabe aplicar a decisão.
Mas maior parte dos casos as normas têm a natureza de princípios - artigo 27 da CRP - liberdade
pessoal - os cidadãos têm liberdade- depois a lei enumera os casos em que pode haver isso -
enumeração taxativa - apuramos o sentido normativo com carácter absoluto
Todavia pode haver quem diga - a CRP diz isso mas há quem diga que pode haver pexceções não
enumeradas
JRN- temos que levar a CRP a sério só se pode privar a liberdade das pessoas nestes casos -
todavia se virmos isto como regra temos um problema: pois numa situação como a desta não se
podia privar a liberdade
Se interpreto estas disposições como uma regra não posso dizer isso
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Já numa outra interpretação - o artigo 27 é um princípio - logo pode haver outras excepções posso
introduzir exceções não previstas no artigo 27.
Se considerarmos como uma regra só se pode fazer quarentena se mudar a CRP, uma atitude mais
simplicista - isto é um princípio, todavia isto é um perigo pois a CRP fica algo que se pode
manipular ao sabor do intérprete.
Todas as provas optidas perante tortura são nulas - o que é que significa tortura?- em certas
situações académicas poderá ser justificável mas isso não impede a validade jurídica absoluta de
um enunciado jurídico.
Muitas vez o enunciado da CRP da nos indicações para a decisão de um caso concreto - muitas
vezes o enunciado diz quando se pode restringir - artigo 270 CRP
Segundo factor de diferenciação - natureza do dever estatal - situação atual - os deveres do estado
agora são muito nítidos. Todavia o primeiro dever do estado é respeitar os direitos fundamentais
das pessoas. Século XX e XXI- dever do estado proteger os direitos fundamentais - contra
agressões de outros particulares, como contra fenómenos naturais (incêndios, epidemias) - o
estado é responsável por proteger os direitos fundamentais das pessoas - é verdade que agora o
estado tem o dever de respeitar a liberdade pessoal de cada um tb tem o dever de proteger cada
um - temos um conflito de deveres do estado.
Deveres do estado que são de tal forma prementes que ou viola um direito ou outro - pode
restringir direitos neste caso.
Problema é que não havendo a certeza que uma pessoa está infectada o estado obriga à quarentena.
Quanto aos deveres de proteção e promoção para além da reserva de ponderação temos outros
deveres.
Agora para o nosso governo a estratégia é recorrer aos meios de compressão de forma
proporcional - o governo tem uma certa estratégia, mas podemos muitos de nós discordar, os
juizes tb podem. Cada poder público tem opiniões diferenciadas.
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Dever de promoção - este dever para além da reserva de ponderação e politicamente adequado,
tem a reserva do economicamente possível. Quem deve ter a decisão sobre opções fundamentais.
⁃ esta alegação tanto pode ser colocada do ponto de vista da dimensão negativa como positiva
⁃ Mas por exemplo o estado aprova uma lei que considera legal a eutanásia - aqui alguém
considera que o estado está a violar o direito à vida - aqui já se evoca na sua dimensão
negativa - o estado não devia ter aprovado esta lei. Aqui o direito à vida surge como direito
negativo.
⁃ Por aqui se vê que um direito negativo ou positivo não equivale a dever de respeitar,
proteger e promover
Ex. Quando o CC dizia que não podia haver pessoas do mesmo sexo a casar podia deixar se que
o estado estava a evocar o direito ao casamento e o dever de respeitar
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Condicionamento do exercício a um direito fundamental - domínio mais fluido que nos leva a
outras distinções conceptuais. Aqui seria uma limitação da possibilidade de exercer um direito
sem afetar o seu conteúdo.
JRN- todavia temos problemas em ver onde termina a regulamentação e começa a conformação
Ex. Direito fundamental de manifestação
Pode se fazer uma manifestação sem informar autoridades? CRP não responde a isto, existe uma
lei sobre este exercício.
Problema na regulação - legislador diz - tem que informar as autoridades antes da manifestação
com 15 dias de antecedência - esta regulamentação é possível? Há aqui uma restrição?
Não não é uma restrição porque o direito fundamental não foi afetado, temos uma intenção
meramente de regulamentação.
O problema é quando se entram nestas distinções não há fronteiras estritas.
Bastava somar um dia sucessivamente ou seja 16 dias, 17,20, 30 dias. Quando é que passa a ser
uma restrição?
Não é possível dizer que como são só 48 horas é um regulamentação não restrição se for mais é.
Qual é o critério?
Se afetar o exercício de um direito fundamental é uma restrição
Ex. Manifestação que só podia ser na hora, exigia uma resposta imediata.
A nossa lei que fala que é preciso 48 horas é uma restrição
Ambas as figuras são próximas: (atenção que a suspensão é uma restrição com uma
particularidade que é ser temporária)
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Estado de emergência - calamidade pública (alguns são restringidos, outros podem ser depois
suspensos)- temos aqui restrições sérias
Estado de sítio - já é mais grave
Declarar isto compete ao PR, mas depois no plano do conteúdo temos restrições a direitos
fundamentais, sendo que o PR restringe esse direito e da a possibilidade do governo o fazer
futuramente se quiser.
Atenção que ninguém está habituado a esta figura porque nunca houve antes uma situação assim.
Qual a forma que deve ter um ato que vai restringir direitos fundamentais? É por uma lei, mas
nesta semana o governo aprovou um decreto simples - isto aqui não pode acontecer, mas julgo
(JRN) que o governo quis fugir a que a decisão vá ser discutida pela AR.
Quando este decreto chegou a Belém o PR promulgou o decreto, mas um decreto simples não
exige promulgação mas sim assinatura simples - estamos num domínio muito instável porque
ninguém sabe muito sobre isto logo é natural que hajam confusões.
Temos que apreciar na nossa cadeira esta situações. Portanto estamos perante restrições a direitos
fundamentais que por virem do PR deixa praticamente incontestado estas restrições, mas não é
bem assim, porque pode haver controlo judicial. Outra coisa é o direito de resistência ter sido
suspenso, isto é duvidoso que possa acontecer, todavia mesmo que se admita os atos do governo
estão sujeitos a controlo jurisdicional não podendo violar o princípio da proporcionalidade.
Atenção que há um direito que não foi suspenso—>> artigo 26- desenvolvimento da
personalidade
Ou seja toda atuação do estado tem que respeitar este princípio
Aula teórica de 25 de Março de 2020 -> tipos e fundamentação das restrições a direitos
fundamentais
Hoje vamos ver tipos de restrições que podem surgir em diferentes planos
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2- Isso é diferente das intervenções restritivas. Que são uma afetação desvantajosa com carácter
pontual concreto
Ex. Norma em que se diz em que condições se podem fazer manifestações - 48 horas de
antecedência
Autoridades vêm que há uma manifestação que foi sem esse tempo podem atuar- afetam
concretamente o direito fundamental dessas pessoas que se estavam a manifestar sem 48 horas de
aviso de antecedência.
Ex. Norma que diz que a pratica de um ato passa a ser um crime. Antes não havia esta restrição.
Quando o legislador aprova desde que passa a estar em vigor se a certa altura uma pessoa é
acusada de maus tratos dos animais essa pessoa é punida.
Explicando—>>
Restrição - alteração da norma fundamental.
Intervenção restritiva - a norma permanece a mesma é o direito fundamental do próprio que é
afetado - tem um sentido individual e concreto
3- afetações omissivas - um direito fundamental é restringido em sentido lato, foi afetado o direito
porque não foram devidamente garantidas as possibilidades de acesso aquele bem. Faltou uma
lei, um ato administrativo etc.
São afetações por omissão porque falta um ato
Estas distinções são importantes para se ver os requisitos a que cada uma destas restrições estão
sujeitas.
—->> Em matéria de princípios há diferenças
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Direitos Fundamentais aulas teóricas escritas por Joana, Mariana, Nocas e Yuliya
Intervenção restritiva é controlada (ex. Uma pessoa não fica em quarentena a polícia pode dar
ordem de voltar para casa- essa ordem é uma intervenção restritiva, pode ser apreciada para ver
se observa o princípio da proporcionalidade).- atenção que aqui é individual concreta
Afetação omissiva- governo não cuida do direito as pessoas - princípio que se vê - proporção do
défice
Ou seja para casa uma destas modalidades há controlos diferentes.
“A lei só pode restringir os direitos, liberdades e garantias nos casos expressamente previstos na
Constituição, devendo as restrições limitar-se ao necessário para salvaguardar outros direitos ou
interesses constitucionalmente protegidos.”
Artigo 44.º
Direito de deslocação e de emigração
1. A todos os cidadãos é garantido o direito de se deslocarem e fixarem livremente em qualquer
parte do território nacional.
2. A todos é garantido o direito de emigrar ou de sair do território nacional e o direito de regressar.
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É expressamente autorizada pela CRP quando ela o diz - artigo 270 CRP
Artigo 270.º
Restrições ao exercício de direitos
A lei pode estabelecer, na estrita medida das exigências próprias das respetivas funções, restrições
ao exercício dos direitos de expressão, reunião, manifestação, associação e petição coletiva e à
capacidade eleitoral passiva por militares e agentes militarizados dos quadros permanentes em
serviço efetivo, bem como por agentes dos serviços e das forças de segurança e, no caso destas, a
não admissão do direito à greve, mesmo quando reconhecido o direito de associação sindical.
Ou seja estes direitos estão consagrados no artigo deles não diz nada mas mais à frente a CRP
autoriza a lei a restringir.
Artigo 45.º
Direito de reunião e de manifestação
1. Os cidadãos têm o direito de se reunir, pacificamente e sem armas, mesmo em lugares abertos
ao público, sem necessidade de qualquer autorização.
2. A todos os cidadãos é reconhecido o direito de manifestação.
—>> pacificamente e sem armas - não pode haver reuniões violentas a CRP está a restringir
Umas vezes a CRP introduz logo a restrição, outras prevê que possa ser restringido outras não diz
nada. O facto de não dizer nada não que dizer que não se possa restringir.
1 fase - avaliar a justificação para a restrição. Se a CRP já restringe não é preciso ver a justificação,
porque a CRP já resolveu o problema.
Já quando a CRP não diz nada é mais complicado.
Errado portanto o artigo 18/2 não é o facto de estarem previstas que se exclui a sua restrição.
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Podemos ter aqui um paralelo entre a declaração do estado de emergência em que o PR restringiu
logo coisas, mas outras autorizou o Governo o que não significa que não possa haver mais
restrições. Nós temos um domínio aberto, sendo que se justificarem restrições elas podem ocorrer.
Temos um problema:
Direitos fundamentais- estão consagrados na CRP- plano superior
Restrições - são feitas em normas ordinárias - plano inferior
Se a CRP autoriza ainda se compreende. Mas quando não autoriza como é que se compreende
isto. Sabemos que a CRP prevalece sobre normas ordinárias. Mas é isto possível?
Onde é que fica a força normativa da CRP?
Há várias teorias:
1- teoria externa
2-teoria interna
3- teoria dos direitos fundamentais como princípios
4- teoria dos direitos fundamentais como trunfos dotados de uma reserva emanante de ponderação
(JRN)
Teoria externa
Faz se uma distinção entre conteúdo do direito fundamental e os seus limites. De um lado o direito
fundamental tem um certo conteúdo e sobre esse direito fundamental vão incidir limites vindos
de fora. Separação entre conteúdo e limites.
Jurista tem que verificar se estas limitações são legítimas, tendo que ver qual é a justificação
destes limites. Isso aceita se porque a própria CRP por vezes autoriza limites logo já tinham
cobertura. E nas que a CRP não previa ——>> aqui são restrições implicitamente autorizadas,
elas são possíveis quando há normas, princípios e direitos constitucionais que estão em colisão e
justificam essa restrição. Existe uma restrição implicitamente autorizada que surge para proteger
bens em colisão com ele.
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Distingue entre primeiro âmbito que o direito tinha é âmbito afetivo que é ónus resta depois das
restrições previstas
Teoria Interna
Oposta à externa, esta separação entre conteúdo e limites não pode existir porque o direito
fundamental já tem os seus próprios limites e esses tanto são os referidos como os emanantes do
direito fundamental
A minha liberdade tem um conteúdo com limite de respeitar os direitos dos outros. Não restrições
mas sim concretizações de limites emanentes. O limite já lá estava o legislador não cria nada de
novo apenas declara aquilo que já lá estava.
Aula teórica de 30 de Março de 2020 -> fundamentação das restrições a direitos fundamentais
1- Teoria externa
Temos a separação entre conteúdo de um direito e limite a esse direito expressamente autorizados
na constituição ou quando não os autoriza expressamente recorre a ideia das restrições
implicitamente autorizadas- choque de bens institucionais é então como se implicitamente a
constituição tivesse autorizado. Partindo daquela separação de conteúdo e limites orienta-nos para
o controlo de constitucionalidade dos limites- o que é uma vantagem desta teoria e uma
preocupação que deve estar sempre presente em problemas de direitos fundamentais. Apesar do
carater deficitário na formulação logica.
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Surgem quando por exemplo o direito de deslocação tem que ser limitado
Aqui não se tem verdadeiramente uma restrição de um direito fundamental o que se tem é apenas
a necessidade de evidenciar o limite imanente do direito de deslocação. Ou seja estamos a dizer
quais são os limites concretos que aquele direito fundamental tem naquela situação concreta.
A Lei é uma necessidade de expressar aquilo que esta oculto ou não esta perfeitamente visível.
->> Esta teoria resolve a dificuldade de saber como e que uma norma constitucional pode ser
restringida por normas ordinárias
Resolve-o dizendo que o que acontece e que o poder constituinte acolheu os direitos fundamentais
e que os acolheu com conteúdo jurídico que é intrinsecamente limitado por varos outros valores
logo não há aqui uma afetação da norma constitucional pelo legislador há apenas uma revelação
daquilo que la esta intrinsecamente.
Tanto quanto possível – tanto quanto as condições fácticas (matérias e contextuais que aquele
direito se desenvolve) como as condições jurídicas (da existência de outros valores jurídicos de
outros direitos fundamentais.) É obvio que quando se parte desta ideia significa que na prática a
sua realização matéria vai natural e eventualmente chocar com a realização também expansiva de
outros direitos fundamentais.
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De que forma se resolve os problemas quando choca com a realização de outro direito
fundamental?
Temos que fazer a ponderação dos dois direitos- figura que ainda não tínhamos encontrado nas
outras teorias. Acaba por ser o instrumento chave desta teoria. É necessário ponderar para ver
qual deve prevalecer.
Problema que aqui surge é que não se consegue colher da constituição critérios para esta
ponderação.
A vantagem que esta teoria tem foi que criticou radicalmente a teoria interna no sentido o que
esta teoria tinha oculto os conflitos que necessariamente vigoram nos domínios dos direitos
fundamentais- que não há vantagem em não se evidencia o conflito – tem se ali dois direitos que
buscam uma expansão que chocam naquela situação concreta e há necessidade de resolver esse
conflito que só é capaz de ser resolvido se em primeiro lugar se evidenciar tal conflito.
Vai ser resolvido através da ponderação entre os dois bens. A Constituição nada nos ajuda a fazer
esta ponderação, mas cada pessoa fará a sua ponderação de forma diferente- por exemplo situação
atual uns irão prevalecer a liberdade pessoal outros o direito a saúde.
O problema é que esta ponderação não tem critérios objetivos que permitam chegar a conclusão
correta adequada- há aqui muita decisão do próprio! Tendo este inconveniente grave esta teoria.
Não pode ser assim – quando se faz um controlo da restrição de um direito fundamental é para
saber se ela esta ou não conforme a constituição não conforme as posições pessoais daquele juiz.
JRN- A Teoria mais adequada será a que conseguir agrupar as vantagens destas teorias sem cair
nas inconveniências apresentas pelas teorias. O que é possível através da teoria dos direitos
fundamentais como trunfos.
A ideia aqui é de que os direitos fundamentais são garantias jurídicas fortes constitucionais mas
que quando foram para a constituição foi porque simultaneamente se reconhece que ainda assim
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são suscetíveis de serem limitáveis quando houver também necessidade de garantir a proteção de
outros bens jurídicos que tenham tanto ou mais relevância ou peso.
É uma fundamentação que atende a ideia presente da existência de uma limitação intrínseca?
Não, porque isso esconde o conflito e uma limitação que se admite como pressuposto mas depois
se tem todo interesse em separar o limite ( a restrição) que incide sobre o direito fundamental.
Não, porque nenhuma constituição consegue prever com previsibilidade o que vai acontecer daqui
a 20/30 anos.
Na resolução de casos práticos sobre o princípio da igualdade nunca podemos partir da ideia que
definições são puramente taxativas.
É sempre importante ter em conta os juízos de ponderação para resolução de casos de direitos
fundamentais e não se pode ter a pretensão de encontrar critérios matemáticos e objetivos (ex.
dizer se uma categoria é suspeita ou não e resolver o caso da forma x ou y).
De facto, sabemos que ao longo da história que houve certas categorias que foram discriminadas,
e hoje situações essas inadmissíveis.
EX. idade da pessoa pode funcionar como fator suspeito em determinadas situações em concreto;
pode não ser um fator ou critério racional a ter em conta no caso em concreto.
ex. na crise de saúde atual o fator da idade é um fator racionalmente invocável relativamente ao
dever especial de segurança e resguardo em casa. o fator da idade tem influência na contração do
vírus. por isso, discriminações em função da idade podem ser admissíveis.
Já existem outras situações que não permitirão a discriminação de pessoas em razão da idade.
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Na situação presente do COVID-19 a idade, por exemplo, pode constituir uma categoria suspeita
relativamente a certas questões e não relativamente a outras questões.
Posição do prof. Jorge Reis Novais sobre o controlo da razoabilidade no âmbito do princípio
da proibição do excesso:
Tradicionalmente o princípio da proporcionalidade ou da proibição do excesso relaciona-se com
comportamentos excessivos, que são imputados a este princípio.
A base é sempre a mesma.
No relacionamento entre o Estado e os cidadãos, o Estado não pode ir alem do que é necessário e
adequado no seu comportamento.
Este excesso e adequação podem ter diversos fundamentos.
Pode ser um ir além que se analise em termos de comparação (ex. de custos).
Aí faz-se um juízo de típico de proporcionalidade.
Averigua-se em que medida é que o benefício que se procura com a medida compensa o sacrifico
que se impõe.
Na proporcionalidade há sempre esta comparação colocando-se de um lado os benefícios e
objetivos a alcançar, e do outro lado os sacrifícios que se impõem.
Isto só é operativo em situações de alternativas, de acordo com o prof. Regente.
Não é um critério operativo se não houverem situações alternativas.
O juízo de proporcionalidade tem a ver com ponderações.
ex. situação atual; restrições á liberdade de circulação para alcançar benefícios no domínio e plano
da saúde; saber se as medidas são proporcionais tem a ver com este juízo de comparação.
Mas onde entra a razoabilidade? E o que é que a razoabilidade tem de diferente?
Na proposta da teoria do prof. Regente há diferença.
imaginemos uma situação presente:
ex. uma pessoa tem mais de 70 anos; tem problemas de natureza física que aconselham que a
pessoa ande regularmente e faça por exemplo um passeio diário de meia hora, senão podem haver
consequências graves na sua saúde física ou psicológica (ex. pessoa idosa que toda a vida teve
essa possibilidade de sair de casa e ir passear); quando olhamos para esta situação podemos
admitir que em geral quando se olha para as limitações à liberdade de circulação podem não ser
desproporcionadas em relação ao benefício da proteção da saúde que se pretende alcançar; mas
olhando para a pessoa deste exemplo no caso em concreto, pode ser uma pessoa idosa que mora
numa zona praticamente deserta sem muitas pessoas a viver à sua volta; pessoa que acorda todos
os dias às 6h da manha e não encontra ninguém no seu passeio matinal; com as disposições
atualmente em vigor a GNR poderia encontrar essa pessoa no seu passeio matinal (não sendo
permitido) e aplicaria uma coima a essa pessoa.
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Ao analisar a proporcionalidade desta medida, está tudo bem. Não parece que a medida seja
excessiva em geral e em concreto tendo em conta a situação do estado de emergência. A exceção
no plano concreto levaria a um descontrolo. Admite-se que a medida seja geral e deva ser
respeitada por todos.
Mas quando o juiz analisa aquele caso vê a situação em concreto, tem de perguntar se é razoável
impor um sacrifício na saúde física ou psicológica desta pessoa quando no caso em concreto
aquele passeio não iria prejudicar ninguém e colocar em risco a saúde da pessoa idosa.
Aplicar a coima seria desrazoável à luz dos critérios de convivência num Estado de Direito.
Juízo de razoabilidade – olha-se para a pessoa do afetado e pergunta-se e é desrazoável a forma
como se coloca a pessoa afetada.
Por exemplo, em Portugal as pessoas podem aceder atualmente aos hospitais ao SNS e apenas se
exige a apresentação do cartão do utente; mesmo não apresentando esse cartão pede-se que façam
a prova posteriormente.
Se a pessoa não tiver o cartão consigo dá-se um prazo à pessoa para apresentar o cartão de utente
do SNS ou provar que o requereu, para não pagar.
Esta é a situação dada pelo prof. no Manual.
Imagine-se que uma pessoa é vítima numa operação caríssima e vai ao SNS e é tratada e operada.
E quando se pede o cartão à pessoa a pessoa não o tem.
E a pessoa é informada que tem de o apresentar.
A pessoa não apresenta o cartão ou prova de que o requereu e o hospital cobraria a dívida no
montante de milhares de euros, colocando a pessoa em dívida para o resto da vida
independentemente da culpa da pessoa e da proporcionalidade da lei…
Seria esta solução razoável.
Não seria razoável.
A pessoa ficaria em dívida para o resto da dívida. A aplicação da lei aos casos concretos não é
desproporcionada. No entanto, apesar de não haver desproporcionalidade seria desrazoável exigir
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ao utente do SNS este pedido de pagamento de 200 mil euros (por ex.) só por não apresentar de
um cartão.
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Neste sentido, a reserva do financeiramente possível não atuaria. Exigências de dignidade são de
tal ordem que a última palavra passa para o juiz.
Se estiver em causa a dignidade da pessoa humana, a última palavra é do juiz.
Mas essas exigências são financeiramente incondicionais? Não estarão também condicionadas?
A exigência em causa é a mesma em diferentes países? Ou é diferente.
É diferente.
Uma coisa é um cidadão ter um direito fundamental para uma existência condigna na Alemanha
tendo em conta as condições financeiras que a Alemanha tem. O mesmo não acontece em
Moçambique.
A dignidade da pessoa humana é a mesma e o juiz deve ter a última palavra sobre a prevalência
deste direito.
Mas a exigência em causa não é alheia às circunstâncias de facto e atuais em cada país.
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Por isso, o Governo, na realidade, poderia legislar esta matéria através da sua competência
própria.
Se concluirmos que não existe esta reserva, então a competência própria do Governo poderia
legislar.
Mas deveria tê-lo feito por decreto-lei, e não o fez.
A inconstitucionalidade deriva daí, no entender do prof. Reis Novais. Não há
inconstitucionalidade por violação do art.19º/2 CRP, mas sim porque o Governo deveria ter
legislado por decreto-lei através da sua competência legislativa própria, e não o fez.
Com a suspensão do direito fundamental em causa, há uma suspensão temporária que faz com
que esse direito não produza efeitos jurídicos como direito fundamental. E assim, qualquer órgão
legislativo (AR ou Governo) pode legislar sobre esse direito suspenso.
O Governo, à partida, poderia legislar sobre os direitos suspensos.
Já se o direito não foi suspenso, como por exemplo, o do art.27º CRP, então toda a matéria deste
direito está reservada à competência da AR e o Governo não pode legislar sobre este direito e
sobre esta matéria.
Outra questão:
Direito de liberdade e direito de deslocação.
Ex. quando se estabelecem barreiras para deslocação a pessoas a ir para os Açores, estabelecendo-
se essa barreira que impede residentes dos Açores ou da Madeira a voltar aos Açores ou Madeira,
o que está em causa é o direito de deslocação.
Sendo este direito suspenso pelo PR em âmbito de estado de emergência, esta limitação foi
estabelecida.
Estabelecer esta barreira seria uma afetação do direito de deslocação.
Mas não é isso que pode estar em causa.
Quando a pessoa chega aos Açores, sendo residente, por exemplo, nos Açores, o que se passa é
que depois se estabelece que a pessoa tem de ficar confinada num quarto de hotel ou em casa.
Qual o direito fundamental a ser afetado?
Aí afeta-se o direito de liberdade.
Obriga-se a confinação de uma pessoa a um espaço.
E não foi suspenso o art.27º CRP.
Daí ser inconstitucional essa medida.
O direito fundamental do art.27º CRP não foi suspenso, e tal não permitiria obrigar uma pessoa a
ficar confinada a um quarto de hotel ou em casa durante 15 dias, obrigatoriamente.
E só não seria esta medida inconstitucional em que situação?
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Imaginemos que a pessoa em causa se sabia que estava infetada. Quando a pessoa chega a um
sitio e há obrigação de confinamento, aqui sabendo-se que a pessoa está afetada e doente e que
pode transmitir a infeção a todas as pessoas com quem contacta, o problema é que os poderes
públicos e o Estado têm o dever de respeitar o direito à liberdade das pessoas nos termos do art.27º
CRP. O direito à liberdade, em geral, é um direito limitável, nos termos do art.27º/1 CRP. Há
limitações lógicas à liberdade, e todos os direitos fundamentais podem ser restringidos. Certas
limitações são válidas e mesmo necessárias em alguns casos. Todos os direitos fundamentais
podem ser limitados.
E a privação total e parcial da liberdade?
Essa pode ser limitada?
Aí entram os nºs 2 e 3 do art.27º CRP.
Esta restrição à liberdade é extrema, e ocorre por exemplo, em casos de prisão domiciliária.
A CRP diz expressamente que privação total ou parcial de liberdade só pode ocorrer nos termos
dos nºs 2 e 3 do art.27º CRP.
E apenas essas.
E não pode haver mais.
O TC num acórdão fundamental neste domínio – 479/94 do TC – diz o seguinte: “as restrições ao
direito à liberdade que se traduzam na privação total ou parcial não podem ser outras que não as
ali expressamente previstas (nºs 2 e 3 do art.27º CRP)”.
Durante muito tempo ninguém colocou esta situação em causa e era claro que apenas esta
situações legitimavam a restrição ao direito à liberdade.
Princípio constitucional das medidas privativas da liberdade.
Há reserva de constituição quanto aos casos e circunstâncias em que pode haver privação à
liberdade, de acordo com vários autores. Aí a lei não pode intrometer-se no que a CRP referiu.
Estes autores que defendem esta posição são o prof. Marcelo Rebelo de Sousa e prof. Mello
Alexandrino.
E não tinham dúvidas sobre o art.27º CRP.
Curiosamente parece que ambos mudaram de opinião no âmbito deste estado de emergência…
O PR Marcelo Rebelo de Sousa permitiu esta restrição ao direito à liberdade mesmo não estando
em causa uma situação do art.27º CRP e não havendo suspensão deste direito.
Na última aula falou-se na privação ao art.62º CRP e a clara obrigação de indemnização nos
termos do nº2 do art.62º CRP. Restrição e expropriação nestes termos sem pagamento de
indemnização não pode ocorrer.
Continuando o exemplo:
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Pessoa chega aos Açores. Autoridades açorianas sabem que a pessoa está infetada. Estas
autoridades, os poderes públicos, têm o dever de respeitar o direito do art.27º CRP. Segundo o
art.27º CRP não podem internar compulsivamente essa pessoa e confinar a pessoa a um espaço
restrito temporariamente.
Mas além desse dever de respeito dos poderes públicos, estes também têm um dever de proteção
dos direitos fundamentais. E relativamente ao direito à saúde ou proteção à saúde (art.64º CRP)
os poderes públicos têm um dever de proteger os restantes cidadãos e impedir que haja infetação.
Assim, apesar da não suspensão do direito à liberdade nos termos do art.27º CRP, e apesar de essa
suspensão não ocorrer, tal não anula o dever de proteção dos poderes públicos face aos cidadãos
que podem estar infetados.
Então, é possível à Administração nestas situações, estando em causa um conflito de deveres
inevitável, poder colocar a pessoa num espaço confinado para proteger a saúde de terceiros.
O problema advém de o Estado estar a fazer isto não só relativamente a pessoas infetadas, mas
também a pessoas que não estão doentes!
A maioria das pessoas confinadas a um espaço não estão infetadas.
Aí o Estado não tem necessidade de proteger o direito à saúde das pessoas não infetadas. Quanto
muito pode-se estar a colocar em causa a própria saúde das pessoas se saírem de casa, mas isso é
decisão de cada um.
Há que distinguir as situações.
Então para que foi necessário decretar o estado de emergência se já existiam essas leis?
Era necessário decretar estado de emergência para suspender o direito à liberdade, por exemplo,
mas não para limitar o direito à deslocação, que já era passível de ser limitado através de leis
anteriormente aprovadas pela AR.
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Outra questão:
Divergências entre a equipa de Direitos Fundamentais.
O prof. Pedro Moniz Lopes defende uma opinião sobre direitos fundamentais em geral que é
muito influenciada, à partida, pela teoria dos direitos fundamentais como princípios de Alexy.
Segundo essa teoria tudo redonda na ponderação entre bens. Todas as questões que vemos sobre
inconstitucionalidades, para esta teoria de Alexy, tal não constitui problema. à partida tudo está
contido nos direitos fundamentais e estes opõem-se entre si, tendo de se fazer ponderação de bens,
e possivelmente prevalecendo um ou outro direito. Daí o prof. concluir que o PR não podia ter
deixado a suspensão tão em aberto como deixou, suspendendo e permitindo depois as autoridades
públicas decidir. Para o prof. o PR não poderia ter feito isto, havendo violação do art.111º/2 CRP.
O prof. Reis Novais não defende que tenha ocorrido violação do art.111º/2 CRP, tendo o PR feito
tudo o que era exigível ao PR pela constituição.
Para o prof. Pedro Lopes houve uma delegação normativa para o Governo por parte do PR, e
houve violação dos nºs dos arts.110º e 111º CRP.
Depois o prof. defende que atendendo ao outro valor em causa (dever de proteção da saúde) nessa
altura ponderando os valores, um dos direitos fundamentais pode ter mais peso e prevalecendo
não leva a inconstitucionalidade.
O prof. Reis Novais não considera sustentável esta teoria da ponderação.
(REVISTA E-PÚBLICA – VIDEO DO PROF. PEDRO LOPES SOBRE O ESTADO DE
EMERGÊNCIA – O PROF. LOPES NÃO DEFENDE TER OCORRIDO VIOLAÇÃO DO
ART.111º/2 CRP.)
A especificação da suspensão através do art.19º/5 CRP exige a referência da suspensão de direitos
fundamentais. O PR determinou a suspensão dos direitos exceto o direito de resistência e direito
à greve, ficando, os demais suspensos com determinação em decreto de execução por definir. O
decreto habilitou ao Governo mobilidade para adotar as condutas mais adequadas. O que o prof.
defende é que se fazendo uma leitura de primeira vista então poderia dizer-se que o decreto está
a delegar normativamente para o Governo, enviando a substância do decreto para decreto de
execução a cargo do Governo.
Neste caso estando em causa decreto presidencial e decreto de execução governamental, prima
facie poder-se-ia defender a violação do art.111º/2 CRP.
É necessário haver habilitação para delegar as competências fixadas constitucionalmente. Caso
contrário não há autorização para habilitar.
As normas constitucionais de competência fixam a competência originária. Ou a constituição
permite delegação dessa competência ou definição para outro órgão de soberania, ou tem de ser
quem tem o poder originário a exercer.
O que o prof. entende é o seguinte:
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A norma de competência é do art.134º b) CRP e não o art.111º/2 CRP. Esta norma regula as
condições de delegação da competência. É uma norma que regula o exercício da competência
(norma regulativa) e não norma de competência.
Teoria da derrotabilidade é defendida pelo prof. Assistente e não a teoria dos direitos
fundamentais como princípios.
Então aí não só a norma do art.111º/2 CRP vai entrar em conflito com a própria separação de
poderes (separação de poderes é norma que tem dois comandos – a divisão de poderes, não
podendo haver confluência de poder no mesmo centro decisório, proibindo-se a concentração de
poderes; e através da razão moderna tem-se a ver com a alocação de poderes, devendo o poder
ser desempenhado pelo órgão instrutoriamente mais apto).
Qual a razão válida para o PR delegar para o Governo?
O Governo tem mais agilidade decisória e procedimento diferente do PR.
O Governo tem a melhor posição em termos de separação de poderes; retira-se que é o Governo
que deve definir nos casos concretos quando é que os direitos fundamentais devem ser
restringidos.
É uma pandemia imutável, mudando de focos.
E isso significa que para o próprio princípio da proporcionalidade exija-se a modificação das
medidas tomadas.
E exige-se a proteção dinâmica dos direitos fundamentais, o que não seria possível de alcançar se
o decreto presidencial fosse definitivo com a suspensão dos direitos. O Governo ficava sem
margem para adequar as circunstâncias.
O PR ainda definiu muito genericamente as condições de suspensão dos direitos fundamentais,
enviou com boas razões constitucionais a competência para o Governo depois desempenhar e
definir a suspensão dos direitos fundamentais em causa.
O Governo tem agilidade de ação muito maior.
As grandes decisões devem ser tomadas pelos órgãos mais democraticamente legitimados, que
devem definir as grandes linhas e questões politicamente controversas.
O prof. entende que o art.111º/2 CRP não é a única norma a entrar em conflito neste caso.
E entende não ter havido violação do art.111º/2 CRP.
O receio do prof. Pedro Lopes é que a de haver uma leitura tendencial de cair em cima das decisões
do PR sem apresentar uma solução alternativa.
E não parece que houvesse uma alternativa melhor relativamente ao decreto presidencial do PR…
(Apontamentos retirados da Aula prática nº 14).
Parte-se da ideia que todas as normas constitucionais são derrotáveis de acordo com essa teoria
seguida pelo prof. Pedo Lopes. Ex. pena de morte; depende se é proibida; poderia justificar-se
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num caso limite que se for tão pesada e tão forte a exigência de cedência desta proibição, seria
permitida constitucionalmente a pena de morte.
No entender do prof. Reis Novais esta teoria é insustentável e faz ruir a supremacia da CRP face
aos poderes constituintes.
Se houver outros bens que permitam que os poderes constituintes derroguem uma norma
constitucional tal não teria problema nenhum nesses casos limites.
O que conta seria o peso dos bens e a ponderação.
Mas não é um subjetivismo extremo?
As pessoas que seguem essa posição já ouviram falar da fórmula do peso.
De facto, os defensores desta teoria, como o problema é tão subjetivo, tentam descobrir uma
fórmula “científica” (científica sem aspas para os defensores) que permita a pesagem dos dois
bens. Na fórmula do peso, alguns autores desta teoria, chegam a uma complexidade enorme na
fórmula do peso através de uma fórmula matemática (exagerada).
O prof. Pedro Lopes é mais moderado e não complica excessivamente a fórmula do peso.
No entender do prof. Reis Novais essa fórmula não funciona. Problemas jurídicos não se resolvem
matematicamente.
O prof. Fidalgo de Freitas também não está de acordo com o caráter rígido do art.27º CRP,
podendo haver modelação. Ao contrário do que dizia o TC e defende o prof. Reis Novais e
antigamente o prof. Marcelo Rebelo de Sousa, poderia haver flexibilidade neste art.27º CRP.
De qualquer das formas, não é pelo art.27º CRP que não se deve proteger o direito à saúde, como
no exemplo dado das pessoas infetadas. O problema surge relativamente às pessoas que não estão
infetadas.
Quando há conflito de deveres não se pode dar preponderância absoluta ao direito à saúde, em
prejuízo de outros direitos, só por não se saber se alguém está infetada. Se se souber que a pessoa
está infetada, aí sim dá-se prevalência ao direito à saúde. Mas o funcionamento da sociedade
tornar-se-ia inviável se fosse dada prevalência ao direito à saúde em todos os casos e em
contradição com outros direitos fundamentais, se não se souber se uma pessoa está afetada.
Se tivesse ocorrido suspensão do direito à liberdade através da declaração do estado de
emergência, o problema era mais resolúvel. Daí a necessidade do estado de emergência! A
necessidade em causa existia para suspender o direito à liberdade, especialmente.
Enquanto não haja revisão do art.27º CRP, a suspensão deste direito só poderia ocorrer através da
declaração do estado de emergência.
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Outra questão:
Temos estado a falar de inconstitucionalidades orgânicas e dúvidas que se levantam.
Independentemente da suspensão dos direitos fundamentais, as autoridades públicas podem fazer
tudo? Não há limites ao que as autoridades públicas podem fazer?
Não é essa a situação.
Tem que haver limites.
De qualquer das formas, mesmo não existindo os problemas de inconstitucionalidade, toda a
atividade do Estado está subordinada ao respeito dos direitos fundamentais e aos princípios
estruturantes.
Mesmo com a suspensão dos direitos fundamentais em causa, as medidas restritivas devem ser
sujeitas a um controlo de proporcionalidade, de proibição do excesso, etc.
Aí a dificuldade é: o bem que está em causa a proteger; o direito à vida e o direito à saúde; é tão
pesado que ao fazer-se um juízo de proporcionalidade (partindo do pressuposto que não há
inconstitucionalidades orgânicas) as autoridades públicas podem agir de forma excessiva nas suas
medidas. o bem em causa (vida e saúde) é tão importante que quando se faz juízo de proibição do
excesso no domínio de proporcionalidade (benefício e sacrifico) o benefício é tão elevado e
necessário de proteger que praticamente o controlo de proporcionalidade não produz efeitos.
Prevalece sempre a não desproporcionalidade.
Dado o bem em causa, e estando em causa uma ameaça séria.
Não há defesa das pessoas reagirem a medidas excessivas?
Aí há um peso maior do controlo da razoabilidade.
No plano da proporcionalidade, no caso concreto, a defesa ao bem (vida e saúde) é tão premente
que não há desproporcionalidade das medidas tomadas.
Mas no plano da desrazoabilidade a situação é diferente e o controlo tem maior peso. ex. pessoa
vai à Madeira porque um irmão está em fase terminal da doença e a pessoa viaja para se despedir
desse irmão; mas depois a pessoa fica confinada 14 dias num quarto e não lhe é permitido
despedir-se do irmão; não seria razoável para aquela pessoa, em qualquer Estado de Direito,
impor-se esse sacrifico e colocar a pessoa nessa situação. a deslocação só fez sentido para a
despedida do irmão por parte da pessoa.
Aqui o controlo da razoabilidade ganha maior peso.
E também o controlo da igualdade.
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Uma das questões mais duvidosas deste regime é a divisão arbitrária entre pessoas com mais e
menos de 70 anos. Pessoas com menos de 70 anos podem sair de casa e passear durante um curto
espaço de tempo. Uma pessoa com mais de 70 anos não o pode fazer.
Isto viola o princípio da igualdade.
Não há razão para esta distinção arbitrária.
O Governo tenta proteger a vida da pessoa com mais de 70 anos. mas o dever de proteção da vida
pelo Governo existe tanto para as pessoas com mais como para as pessoas com menos de 70 anos.
E a não suspensão do direito à liberdade ainda dificulta mais a situação.
Os princípios de Estado de Direito vinculam sempre as autoridades públicas. O que pode não
vincular são os limites aos limites (ex. reserva de lei parlamentar).
Mas os princípios estruturantes e toda a atividade estatal está sujeita a esses princípios.
Aula teórica de 15 de Abril de 2020 -> fases de controlo da constitucionalidade das restrições
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na teoria dos direitos fundamentais concebidos como trunfos com uma reserva geral imanente de
ponderação
Síntese - segundo a posição de RN vamos ver agora o controlo das restrições - temos um direito
não consagrado de forma absoluta que pode ter afectações. Qual a razão que a fundamenta? Em
que medida essa restrição respeita os parâmetros constitucionais - temos um controlo em
diferentes fases.
Atenção que temos primeiro que tudo ver se temos um problema de direitos fundamentais- qual
o conteúdo protegido? O que é que protege ou deixa de proteger?
Se aquilo que era a ser afetado está fora da proteção constitucional não temos um problema de
constitucionalidade.
Teorias:
JRN- a nossa posição é a ampliativa, já a restritiva é própria dos defensores da teoria interna,
porque para eles o fundamental era ver os contornos do direito fundamental, se está da fora não é
direito fundamental. Esta determinação não se coaduna com os objectivos de um controlo maior
3- De prima facie para esta posição tudo o que se relacione com direito fundamental está contigo
num direito fundamental - teoria radicalmente ampliativa
JRN- se um site se dedicar à produção das fake News, isso é um exercício de um direito
fundamental de prima facie, depois vou ver os conteúdos que se opõe. Esta posição vem dos que
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vêm os direitos fundamentais como princípios e chega a absurdos de dizer que pode haver um
direito fundamental de prima facie a violar uma pessoa que vem do direito ao desenvolvimento
livre da personalidade. É óbvio que no final isto depois vai ser diferente.
Atenção que dizer isto é contraditório com a própria ideia de direitos fundamentais!
Porque na ponderação é tudo muito subjectivo não se pode concentrar tudo na ponderação, não
pode estar tudo contido num direito fundamental.
Posição intermédia - é esta que está bem para o JRN. Não vamos incluir tudo como direito
fundamental.
Há certo tipo de comportamentos que não podem ser protegidos pelos direitos fundamentais-
como é o caso das Fake News.
Se uma pessoa produz uma notícia sabendo que é falsa isto é errado.
Porque é que o direito fundamental foi restringido? Justificação da afetação negativa. Há situações
em que este problema não se coloca quando a própria CRP já resolveu
Ex. Artigo 45
1. Os cidadãos têm o direito de se reunir, pacificamente e sem armas, mesmo em lugares abertos
ao público, sem necessidade de qualquer autorização.
2. A todos os cidadãos é reconhecido o direito de manifestação.
Temos aqui uma limitação - não pode ter armas e tem que ser pacífico
Se uma lei ordinária vem concretizar isto não há problemas difíceis
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A lei pode estabelecer, na estrita medida das exigências próprias das respectivas funções,
restrições ao exercício dos direitos de expressão, reunião, manifestação, associação e petição
colectiva e à capacidade eleitoral passiva por militares e agentes militarizados dos quadros
permanentes em serviço efectivo, bem como por agentes dos serviços e das forças de segurança
e, no caso destas, a não admissão do direito à greve, mesmo quando reconhecido o direito de
associação sindical.
A lei pode restringir, ou seja a CRP ainda não restringe mas diz podem haver restrições. A CRP
autoriza o legislador na estrita medida das exigências próprias das funções.
E quando alguém diz - isso é inconstitucional ou não? Uma questão já ficamos a saber logo - o
legislador podia porque fomos autorizados. Se a CRP autoriza então podemos restringir. - aqui
temos uma restrição expressamente autorizada
Fica o controlo da constitucionalidade resolvido? Não porque esta é apenas uma primeira fase.
Mas o facto de ter autorizado não significa que esteja até ao fim tudo bem, o legislador pode ter
ido longe demais. Isto apenas resolve o problema da justificação não o problema todo.
18/2- A lei só pode restringir os direitos, liberdades e garantias nos casos expressamente
previstos na Constituição.
Estranho todo este debate quando efetivamente o artigo diz isto - tem que estar expressamente
previsto na CRP.
Mas este artigo é muito mais complicado que parece, é muito impossível levar este artigo a sério.
Não é possível este sentido normativo.
Este artigo vem da CRP de 1911- antes restrições significa algo igual à suspensão. Tanto estado
de sítio ou emergência só quando estivessem expressamente previstos.
Este artigo não pode ser levando pelo seu sentido literal por várias razões:
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1- pressupõe que em 1976 sabia o legislador que em 2020 havia estes problemas
2- tb acontece que muitas vezes colidem dois direitos fundamentais que não tem previsão de
restrição na CRP (colisão entre direito à vida e liberdade de consciência e de religião- o caso da
testemunha de Jeová- algum deles vai ter que ceder se ninguém pode ceder nós temos do 18/2
então não há solução para o problema)
Ex. Artigo 45
1. Os cidadãos têm o direito de se reunir, pacificamente e sem armas, mesmo em lugares abertos
ao público, sem necessidade de qualquer autorização.
2. A todos os cidadãos é reconhecido o direito de manifestação.
1- liberdade de reunião
2- liberdade de manifestação
Mas o direito de manifestação não tem aqui uma restrição, ou seja posso fazer uma manifestação
com armas.
Ou seja o direito de manifestação era superior. Isto não faz sentido, apenas calhou assim.
Aqui temos a liberdade geral de ação - pintar o cabelo de verde, tocar trombone as 4 da manhã.
Este é um direito muito extenso abrange tudo acaba por ser um direito muito fraco.
Mas se levarmos o 18/2 à letra este é o direito mais forte, porque não tem restrição. Logo tudo é
possível.
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Ficava tb sem sentido o artigo 24 (direito à vida) em normalmente no número 2 se diz que não
pode haver pena de morte. Este número dois não necessário porque não podia ser nunca o direito
à vida limitado.
Artigo 16
Não são só direitos fundamentais os que estão na CRP, podem estar nas leis
Por esta lógica os direitos que estão na lei ordinária seria mais fortes do que os que estão
restringidos na CRP porque não podem ser limitados.
Estado de emergência
Distinção de restrição e suspensão- suspensão o exercício do direito não se pode fazer por um
tempo limitada enquanto restrição e parcelares.
A suspensão se verificaria em situações de estado de sítio- suspensão total de direito.
No entanto no estado de emergência é um estado que se tem prolongado no tempo, os problemas
jurídicos que temos são os mesmo que temos de uma restrição e suspensão- a clara distinção
desapareceu.
Artigo 111 CRP n 2 – nenhum órgão de soberania pode delegar os seus poderes noutros órgãos
sem ser nos casos expressamente previstos na lei
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Artigo 105 alínea b CRP- há uma competência legislativa, mas essa competência pertence a AR
e não ao governo. O governo nem fez um pedido autorização a AR- 2 problema suscita se poderia
ter sido o governo a restringir os direitos fundamentais.
Governo fez isto através de um decreto simples- 3 questão e se o governo poderia ter feito isto
sem ser através de um decreto lei.
Poderia o PR ter feito assim? JRN- se tem poder de suspender e delegou esse poder noutro órgão
havia uma inconstitucionalidade. Mas será que delegou seus poderes- não me parece porque os
poderes estão em causa e de suspensão que esta limitado- ele tem que especificar quais são os
direitos que esta a suspender e o PR fez isto ele não delegou este poder, ele o que fez foi suspender
os direitos para uns deixou essa abertura ( suspendeu esse direito e faz uma densificação mínima
e depois autoridades publicas deve decidir em que termos vão restringir) artigo 119 n4 CRP -os
próprios órgão de soberania só podem suspender na estrita medida no necessário. O PR não vai
já agora restringir no máximo estes direitos.
Moniz Lopes- haveria aqui uma violação do artigo 111 n 2 CRP, haveria ali uma delegação de
poderes .
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Se o que o governo faz e restringir direitos fundamentais e mesmo quando não há uma autorização
expressamente autorizada os direitos fundamentais no geral podem ser restringidos pergunta que
se faz e se era necessário decretar estado de emergência?
Direita deslocação – já temos leis que autorizam autoridades saúde limitar o direito de deslocação
a decretar quarentenas , cercas sanitárias.
Perante uma situação tao grave quanto esta haveria justificação para esta restrição.
Se PR só suspendeu o direito deslocação porque PR teria que decretar estado emergência se não
era necessário. JRN: meu entender precisava de declarar – artigo 27 ( todos tem direito liberdade
e a segurança)-quando diz isto pode haver restrição ,é tal norma princípio. Mas o n 2 diz ninguém
pode ser total ou parcialmente privado da liberdade – messas situações não consta da exceção ,
confinamento nem internamento compulsivamente em estabelecimentos de saúde.
JRN: meu ver o n 2 e 3 artigo 27 só podem ser restringidos no caso de revisão constitucional ou
com decretamento do estado de emergência.
Artigo 102- direito a propriedade.
N 2 do artigo 102- requisição e expropriação só podem ser feitas nos casos previstos na lei e com
pagamento de indemnização. A indemnização tem carater absoluto para a CRP.
Quem o decreta?
É uma das competências do Presidente da República que, no entanto, não age sozinho. A
declaração depende de audição do Governo, de acordo com a Constituição, e ainda de autorização
da Assembleia da República. “É uma lei de autorização do Parlamento para o Presidente da
República”, explica Otero. Depois de todo este processo toma forma de “decreto do Presidente
da República” que ainda tem de passar pelo primeiro-ministro para a assinar.
Críticas de JRN
Análise de Jorge Reis Novais, na manhã de 19 de Março de 2020, com base no projecto de decreto
presidencial que consta aqui.
1. Um erro grave de enquadramento
A primeira nota incide sobre uma deficiência grave e surpreendente na enumeração que o decreto
presidencial faz dos direitos fundamentais que ficam parcialmente suspensos. Sucede que dessa
enumeração não consta o direito à liberdade pessoal (art. 27º da Constituição), quando eram,
afinal, a rigidez e taxatividade presentes nos enunciados constitucionais que consagram este
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Não continua toda essa matéria reservada à Assembleia da República, já que, mesmo em estado
de emergência, se mantém em vigor, como vimos, a repartição constitucional de competências?
A nosso ver o Governo pode legislar e por uma razão muito simples. A Constituição reserva a
competência para legislar sobre “direitos, liberdades e garantias” à Assembleia da República,
mas, naturalmente, sobre os direitos, liberdades e garantias que estejam em vigor. Ora,
precisamente, na parte em que foram suspensos através do decreto presidencial, os referidos
direitos não estão em vigor, pelo que quando o Governo eventualmente legislar sobre esses
domínios dentro do espaço que lhe foi delimitado pela suspensão, não está a legislar sobre
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decreto se refere exclusivamente à “liberdade de culto, na sua dimensão colectiva”, mas há uma
dúvida que pode ser levantada. Segundo o art. 19º, nº 6, da Constituição, há alguns direitos que,
mesmo em situação de estado de sítio e estado de emergência, em caso algum podem ser
suspensos. Entre eles encontra-se a liberdade de consciência e de religião. Nesses termos, a dúvida
será a de saber se a possibilidade, aberta pelo decreto presidencial, de introduzir limitações à
liberdade de culto na sua dimensão colectiva viola ou não o sentido da garantia constitucional que
preserva a liberdade de religião de suspensões durante o estado de emergência.
A nosso ver, não viola, mas, para não deixar quaisquer dúvidas residuais a propósito, em vez de
ter autonomizado a suspensão à liberdade de culto, o decreto presidencial deveria
preferencialmente ter integrado essa possibilidade na suspensão do direito de reunião e de
manifestação também constante do decreto presidencial.
Ou seja, para o efeito —prevenção do contágio em ajuntamentos de pessoas em situação de grande
proximidade— as reuniões ou manifestações de carácter religioso não apresentam autonomia
relativamente a quaisquer outros ajuntamentos de pessoas, sejam eles de carácter político,
cultural, desportivo, lúdico ou qualquer outro. O que importa aí é o facto objectivo e
potencialmente perigoso da congregação objectiva de pessoas em espaços delimitados, fechados
ou abertos, e não o fim para que se congregam. Não é, portanto, a liberdade de religião —o seu
conteúdo— que está a ser potencialmente limitado, mas sim o modo, a forma ou o lugar da reunião
ou da manifestação.
Não sendo fácil apurar um sentido normativo de uma composição tão linguisticamente estranha,
aquele que parece mais plausível será o de que se pretende com esta norma sanar as eventuais
inconstitucionalidades ou ilegalidades de medidas legislativas e administrativas que só pudessem
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ter sido emitidas com base e no quadro da declaração do estado de emergência e que realmente
tivessem sido ou venham a ser emitidas na inexistência ou fora desse quadro.
Porém, se é de facto isso —e não se vê que mais possa ser—, o mínimo que se pode dizer é que
esta norma é inconstitucional. Precisamente, a declaração do estado de emergência visa conferir
cobertura constitucional às medidas legislativas e administrativas que venham a ser emitidas
durante a sua vigência e de acordo com os seus limites e só a essas. Sanação retroactiva ou
prospectiva de inconstitucionalidades e de ilegalidades não existe e muito menos seria
competência do Presidente da República, sob pena de violação ostensiva do princípio
constitucional da separação de poderes.
Direitos como trunfos - que podem ceder perante direitos que apresentem um peso superior -
admite a possibilidade de restrições
Como é que se faz quando a CRP está em silêncio sobre a situação in casu.
Como é que se lida perante o silêncio da CRP?
Teorias mais generalizadas - quando a CRP não diz nada elas são legítimas quando a intenção do
legislador foi a de restringir para proteger outros valores constitucionais. Estavam todos os bens
ao mesmo nível e aí coloca se a possibilidade dos poderes públicos restringirem mas só para
proteger bens a nível constitucional - artigo 18/2 CRP
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Devem as restrições limitar se ao necessário - aparentemente tb a CRP parece adoptar essa teoria
segundo a qual as restrições seriam legítimas só quando outro direito fundamental estiver a ser
atingido.
Se o bem em causa não estiver consagrado na CRP pode ou não servir para justificar a restrição?
JRN - em princípio não, mas isto é errado porque parte do princípio que em 86 o legislador
colocou no texto todos os bens que em 2020 iam ter que ser restringidos.
Mas podia o legislador saber os bens que em 2020 damos importância máxima? Óbvio que não!
Antes os interesses dos animais não tinham esta importância- logo seria tempos atrás mais tarde
inconstitucional (a proteção dos animais não é um valor constitucional é infra constitucional).
Isto faz com que a teoria dominante diga - vamos procurar nos vários artigos da CRP se há algo
de uma forma permita sustentar que a proteção dos animais é um esforço constitucional. Mas não
há!
Existe outra teoria que diz - os animais das pessoas são propriedade sua
A propriedade é um bem constitucional
Logo se o animal é meu temos que o proteger porque é um direito constitucional
Nos casos de utilizações de animais para a indústria de cosméticos estamos a restringir o direito
da livre iniciativa económica
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O legislador de 76 não podia saber os bens que hoje damos mais importância. Não sentido partir
é de uma posição formalista senão vamos ter argumentos parvos e acabar a dizer que todos os
bens são constitucionais.
É difícil conseguir identificar à partida tb todos os bens que podem sofrer uma restrição
É mais lógico começar por identificar razões que permitem restringir direitos fundamentais
No exercício destes direitos e no gozo destas liberdades ninguém está sujeito senão às limitações
estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a promover o reconhecimento e o respeito dos
direitos e liberdades dos outros e a fim de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem
pública e do bem-estar numa sociedade democrática.
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Segunda Razão - os argumentos que se utilizam para justificar a restrição têm que ser partilhados
pela generalidade das pessoas - têm que ser argumentos de razão pública
Se não for vai contra o princípio do estado de direito
Têm que ser razões que toda a gente racionalmente possa aceitar.
Há partida à certas categorias que são suspeitas de diferenciarem as pessoas em função de
características não controláveis pelas pessoas.
Idade - categoria quase suspeita - à luz do princípio da dignidade da pessoa humana não há pesos
de dignidade diferentes.
Não existe uma total proibição de restrição mas tem que ser fundada em motivos justificados
(susceptibilidade de que outras razões façam sentido para justificar a restrição)
Razão de conteúdo - alguém não pode fazer uma manifestação porque as razões para a fazer não
são legítimas
Razão neutral - não pode porque vai meter em causa o sossego (porque é junto a um hospital)
->> muitas vezes o poder público não diz a razão verdadeira. Por vezes por detrás à uma razão
real
Ex. Há muitos anos atrás a SJTP quis fazer uma manifestação que atravessava a ponte 25 de abril,
o governo não deixou porque a manifestação metia em causa a segurança das pessoas e
estabilidade da ponto - era uma razão de conteúdo e neutral.
Mas esta não era a razão real havia algo por detrás.
Aula de 29 de Abril de 2020 -> a fase de controlo da observância dos limites aos limites
Primeira fase - estamos perante uma situação em que alguém tem vírus convive com outras
pessoas livremente sabendo da elevada probabilidade de estar a comtaminar os outros -
dificilmente pode dizer que estava no cumprimento do seu direito fundamental - aquilo já não era
um problema de direitos fundamentais uma vez que é um ilícito criminal
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Segunda fase - não nos permite resolver os casos difíceis - o problema fica resolvido na segunda
fase - ex. Norma a que atribuímos a natureza de regra e não há dúvida que esse ato está proibido
não é necessário ir ver controlos ulteriores. Ex. Artigo 62- expropriações só mediante lei e com
indemnização - desde logo a norma constitucional é clara.
—>> Problema a natureza da norma é de tal norma que não há lugar a ponderações
Terceira fase - observância dos princípios - fase mais importante - nesta fase da justificação
conferíamos ao poder judicial que fizesse o controlo - aqui só se elimina as justificações
claramente inadmissíveis.
Esta fase acaba por ser a fase decisiva, o poder judicial é que detém todo o poder nesta fase- ele
é que tem a última palavra. Nas duas outras fases havendo dúvidas não se elimina o problema
como de direitos fundamentais. Em caso de dúvida não se elimina o problema- >>> não se pede
mais contenção ao poder judicial - fase mais exigente
Para além desta observância genérica - podemos tb identificar certos limites a esta atuação pública
restritiva.
Os direitos fundamentais estão sujeitos a ser limitados mas não são discricionários
Os direitos fundamentais têm limites aos seus limites — limites aos limites dos direitos
fundamentais
Artigo 18 CRP - as leis restritivas de direitos fundamentais têm que observar este princípio
E as intervenções restritivas? Decorre que em estado de direito tb têm que observar os princípios
estruturantes.
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Princípio da dignidade da pessoa humana só chega as constituições com o sentido após a segunda
guerra mundial. A dignidade da pessoa humana é fundamento de todos os outros princípios
estruturantes.
O estado tem que respeitar a dignidade da pessoa humana.
Deste princípio derivam todos os outros princípios
Fundamento e limite aos limites dos direitos fundamentais- princípio em torno do qual tudo gira
Art.13 CRP
1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.
O que é significa em termos jurídicos dignidade da pessoa humana? Temos que dizer qual é o seu
conteúdo.
Prostituição - vai ser uma profissão aquilo que é uma actividade indigna? Para os que se dedicam
à actividade dizem que não é indigna.
Temos grandes diferenças sobre o que é uma vida digna
Temos um problema - quando a CRP diz que a república assenta já dignidade da psssia humana
isso significa que uma actividade como a prostituição é indigna ou não?
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Maternidade de substituição- o estado não pode reconhecer isto - porque viola a dignidade da
pessoa humana.
Diferença nítida de planos - cada um tem a sua concepção, mas qual é a a sua consagração? - está
no artigo 1 da CRP
Ideia de que a determinação do conteúdo deve ser feita em ordem a permitir que todos nós nos
consigamos identificar com este princípio.
Temos tb grandes divergências sobre este princípio
JRN - os critérios deviam ser consensuais onde todos nos reconhecemos. Mas todos mesmo?
Dentro de uma ideia de razoabilidade- reconhecendo no outro alguém com igual dignidade.
Todos de acordo dentro de uma pluralismo razoável!
É mais fácil determinar o conteúdo pela negativa do que pela positiva. É mais fácil dizer o que
viola ou não a dignidade da pessoa humana.
RESUMINDO->
1-Determinação contida restritiva,
2- tendencialmente consensual dos critérios da violação pela negativa do princípio
Última aula início da análise do princípio da dignidade humana – como estudaram nas aulas
prática não me vou focar mais só se tiver tempo
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Fase Controlo da constitucionalidade das restrições aos direitos fundamentais - limites aos limites
dos direitos fundamentais saber se respeita ou não
Equivalência princípios estruturantes de Estado de Direito e os chamados limites aos limites, uma
vez que quando a justificação da restrição é admissível ela tem sempre de respeitar os princípios
que a Constituição consagra.
Nº3 consideração de alguns limites aos limites que não estão diretamente ligados aos princípios
– concentração de limites aos limites que vão para além do que resultava da observância dos
princípios.
Proibição de leis restritivas individuais e concretas – ex. que dá para discutir esta questão – AR
aprovou uma lei segundo a qual ficava proibido a acumulação de mandatos de autarca e deputado
ao parlamento europeu – até ai não havia legislação neste ponto – esta lei é uma lei restritiva
(direito de participação politica) – sim, - é geral e abstrata? Quando olhamos para a lei parece que
sim, todas as pessoas que queiram candidatar-se aos dois lugares não o podem fazer, de partida
aplica-se a todas as categorias de pessoas que se encontrarem naquela situação concreta, no
entanto, quando na altura nós olhávamos para o panorama de Portugal, era que no pais todo só
havia uma pessoa que preenchia aqueles prossupostos – deputado FERNANDO GOMES era
autarca do Porto – à partida uma lei geral e abstrata aplicava-se só a uma pessoa – como é obvio
a AR ao legislar tinha consciência disso – chamada Lei fotografia dirigida a uma pessoa que se
encontrar em tal situação concreta.
O que define uma norma/ lei geral e abstrata?
O facto de nós não conseguirmos enumerar à partida o número de pessoas para as quais a lei vai
ser aplicada, se formos capazes de enumerar – isto não é uma lei geral.
Se não for possível fazer a enumeração então é geral.
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Este limite ao limite art.18/3 foi uma tentativa do legislar de restringir a criação de leis deste tipo
– princípio em causa Igualdade. TC concluiu que havia violação do princípio da proteção da
confiança – disse que a lei só se aplica para o futuro.
Ex: situação atual generalidade e abstração da lei, lei restritivas não violam estes limites, pois não
podemos enumerar as pessoas às quais se vais aplicar é dirigida a todos.
3º limite - não podem diminuir o conteúdo essencial da CRP – surge na Alemanha – podendo nós
admitir restrições aos direitos fundamentais pelo menos temos de ter como garantido que pelo
menos o seu núcleo essencial não é tocado. Relação entre um direito CRP e apoiado pela norma
CRP e afetado por uma norma ordinária. Ideia de razoabilidade.
Havendo um Âmbito amplo de proteção de um direito fundamental haverá uma barreira que não
se pode ultrapassar que é o conteúdo essencial.
EX: o CPA prevê – nulidade por ofensa aos direitos fundamentais essenciais do lesado.
Então a dificuldade surge quanto temos de saber o que está contido no conteúdo essencial de um
direito fundamental e o que não está.
Afetar um direito é possível, restringir também, mas qual o conteúdo que não se pode reduzir?
Os direitos fundamentais por natureza já são os direitos essenciais, pois caso contrário não
estavam na CRP, então desta forma o que temos de fazer é: do direito essencial retirar ainda o
essencialíssimo se o podemos dizer desta maneira.
Temos grande dificuldade de o fazer.
Ex. direito de manifestação – qual é o núcleo essencial, o que não pode ser tocado, onde está a
fronteira.
Então aí a fronteira é tal que se desenvolveram na Alemanha, várias teorias:
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• Absoluta – o que vamos incluir no núcleo (círculo e dentro do circulo exemplo do prof)
– recorre ao princípio da dignidade humana – obviar que a lesão daquele núcleo é tão
grave que afeta o conteúdo da DH.
• Problema 1) para isso tínhamos de saber o que é a dignidade da pessoa humana, ou seja,
é permitido que determinada restrição entre no direito protegido (cor azul do circulo)
mas essa restrição nunca pode penetrar no conteúdo essencial do direto (laranja), o que
a teoria absoluta utiliza para argumentar que não pode entrar na zona laranja é o P da
dignidade, mas para isso tínhamos se saber previamente o que é o conteúdo da dignidade;
2) se a zona é de tal gravidade que afeta a dignidade humana então é esse direito que se
vai invocar para declara a inconstitucional e não o direito afetado, atendendo que a
dignidade é mais grave;
Na prática esta teoria perde relevância.
Direito Fundamental
• Relativa – a zona laranja já não é absoluta tudo é relativo, ou seja, temos só uma bolinha,
tudo é relativo em função da justificação que temos para o restringir, da fundamentação
que temos para o limitar; então o que temos de analisar aqui já não é o princípio da
dignidade é o princípio da proibição do excesso.
• Há transposição da fronteira do conteúdo essencial quando uma limitação não é
suficientemente justificada, fundamentada e necessária;
• Esta teoria não acrescenta nada do que vem do princípio da proibição do excesso.
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Para a Nossa constituição faz mais sentido a teoria absoluta promete mais, se não tivermos em
conta as deficiências apontadas acima.
Outros autores – violação autónoma do conteúdo essencial – quando após a restrição aquele
direito deixa de ter sentido útil, então se perdeu o conteúdo essencial significa que foi afetado –
o direito deixou de ser útil.
Perde o sentido útil para quem? Para a ordem jurídica em conjunto? Para todas as pessoas no seu
conjunto? Ou para um individuo em concreto?
É muito difícil saber o conteúdo essencial e mesmo sabendo é muito difícil autonomiza-lo em
relação aos restantes princípios estruturais.
O conteúdo essencial, porém, é muito utilizado nos tribunais constitucionais – mas quando?
Quando o TC se pronuncia pela não inconstitucionalidade, na logica: - é verdade que há uma
limitação e restrição do direito, mas não afetou o conteúdo essencial, mas nunca há preocupação
de dizer o que é o conteúdo essencial, isso não encontramos nas decisões do TC.
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que estamos perante uma restrição simplesmente esta lei se é verdade que afeta o direto
fundamental em causa não chega a violar o seu conteúdo essencial. Logo diz se que como não faz
isso não temos inconstitucionalidade. Não há inconstitucionalidade porque se bem que temos uma
restrição ela não vai tão longe que chegue a afetar o conteúdo essencial, mas sem que se tenha
predeterminado o que é isto de afetar o conteúdo essencial de um direito fundamental.
Tentativa de conclusão - que sentido se deve atribuir a esta garantia do conteúdo essencial?
JRN - na maior parte dos casos podemos dizer que há violação do conteúdo essencial quando se
pode dizer que não há dúvidas que esse direito foi violado. Ou seja a lesão é tão óbvia que se diz
que o direito fundamental foi atingido no seu núcleo essencial.
Ex. AR faz uma lei segundo a qual era proibida uma certa religião por se considerar que era uma
religião errada
Viola o artigo 31 da CRP claramente
Temos uma violação do artigo 31 ostentativa (viola o conteúdo essencial do direito à liberdade de
religião).
Há outros limites aos limites que não estão no artigo 18 da CRP. Como é o caso da:
Reserva de lei
A reserva de lei como limite aos limites dos direitos fundamentais
Artigo 165 b) CRP só pode a AR legislar sobre matéria de direitos liberdades e garantias
O que é uma reserva de lei?
2- o que é que deve caber à lei parlamentar - o que deve caber ao parlamento ou que pode ser
tratado por outros atos legislativos
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é in casu agora ver uma questão de inconstitucionalidade material. As questões já são diferentes
quando nos interrogamos se a forma dos atos desenvolvidas ou os órgãos que tomaram estas
funções são competentes ou não.
Todas estas questões este princípio responde por isso é importante ver como é que este princípio
surgiu.
História do princípio
Nos primórdios do estado liberal após as revoluções liberais dos finais do século XVIII. Este
princípio surge na altura como um conceito de luta política - luta pela burguesa pelo controlo do
aparelho de estado (lutava-se contra o estado absoluto). Este princípio insere se na luta política
e funciona como um conceito de luta política.
Porquê?
Porque tem muita a ver com separação de poderes. No fundo a forma como a divisão de poderes
tinha muito a ver com a existência das chamadas monarquias dualistas (porque havia dualismo de
poder entre poder executivo e legislativo (vindo do parlamento).
Foi neste disputa que o princípio da reserva de lei tinha muito a ver com isto, na medida em que
a burguesa da altura sustentava que a atuação do executivo sobre tudo o que dissesse respeito em
intervenções na liberdade e propriedade dos cidadãos. A burguesa dizia que aqui a administração
devia estar condicionada pelo parlamento.
Domínio tributário e domínio penal forma os primeiros domínio onde se dizia que tinha que podia
haver intervenções na propriedade.
O princípio foi evoluindo no sentido em que se entende que a reserva de lei foi entendida como a
racionalização e vão desenvolvendo se no século XX com uma natureza mais ambiciosa. O
estado social agora assume funções diversas sendo que o estado não tinha só o dever de respeito
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mas tb de: proteção e promoção. Isso significa que a reserva de lei passou de ter uma natureza
restritiva para ter um domínio total de lei.
Evolução
Depois mais tarde verifica se que a reserva total corria risco no sentido de levar à paralisação do
próprio estado, podia haver o não cumprimento adequado das novas funções do estado. Passou se
agora para uma ideia de retrocesso de reserva total. Agora o que deve ser precedido de lei deve
ser apenas o essencial - teoria da essencialidade
A nossa CRP procura dar alguma certeza dentro dos enunciados constitucionais - artigo 18 (leis
restritivas de direitos fundamentais) artigo 165 e 164- Matérias reservadas à AR, artigo 266-
princípio da legalidade, 272- medidas de polícia.
Em todos estes artigos há esta tentativa de clarificação.
A doutrina em geral diz que a CRP resolve estas dúvidas, mas podemos nos levantar algumas já
algumas dúvidas.
- nestes artigos o que se fala é sobre legislar sobre direitos liberdades e garantias, isso está claro.
Mas não nos diz se pode ou não o governo aprovar um regulamento sobre direitos
fundamentais. Aqui a CRP já não responde, aquilo que a doutrina faz é tirar a conclusão de
que tudo que diga respeito a direitos fundamentais está sujeito a reserva de lei. Mas atenção
que não é esta a ideia que a CRP deixa.
- Problema e se não houver lei. Pode o Governo intervir ou tem que esperar que haja lei para
depois intervir?
A doutrina tradicional diz—> tem que esperar só pode intervir se houver LEI prévia.
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Na situação actual não temos nenhuma lei que regule a possibilidade de ficarem em casa as
pessoas contaminadas. Mas sabemos que se essas pessoas não ficarem em casa correm um grande
risco de contaminarem outras pessoas. Mas se não houver lei?
Se os poderes públicos estão vinculados à necessidade de protegerem direitos fundamentais
decorre da CRP que têm que atuar nesse sentido e intervir no domínio dos direitos fundamentais
das pessoas infectadas.
Pode haver necessidade de intervir mesmo quando não há lei previa! Porque a administração está
obrigada a proteger os direitos fundamentais. Logo podemos intervir sem precedência de lei.
Ou seja admitimos regulamentos em casos de exceção mesmo não havendo lei previa.
A Teoria da essencialidade é a melhor solução para JRN - porque nos permite maior margem de
manobra, mas só esta teoria não chega, nós temos que responder a algumas questões:
Porque aquilo que se dizia em termos históricos hoje pode não ter aplicação. Hoje a legitimidade
do Governo é tb uma legitimidade democrática.
Aula teórica de fundamentais, de 11 de Maio de 2020 -> reserva de lei e reserva de lei
parlamentar
RESERVA DE LEI
Base legal
É muito difícil deixar definido aquilo que está sujeito a reserva de lei- por um lado certo tipo de
atos tem de ser praticado com forma de lei, mas falamos também de reserva de lei parlamentar.
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Apesar das várias tentativas da CRP para resolver problemas de reserva de lei, mesmo assim há
grande espaço de incerteza (ex. no período que estamos a atravessar se tem discutido se o governo
tem ou não competência para aprovar reservas a direitos fundamentais; e se a forma que o ato do
governo recorre é ou não a mais adequada- ex. quando foi decretado o estado de emergência e se
esperava que o governo aprovasse DL, o governo fez um decreto simples o que dá origem a várias
dúvidas- se devia ser ou não um ato legislativo e se o governo não carecia de autorização
legislativa). Isto não esta tudo decidido na Constituição? Está indiciado mas não decidido. – O
art. 165, al. b CRP diz que compete à AR legislar sobre direitos, liberdades e garantias- podia-se
pensar que então é à AR que competia. Mas não é assim necessariamente, o que a CRP não define
a regulamentação de direitos liberdades e garantias- ou seja pode ou não o governo fazer
regulamentos nesse domínio? O parlamento quando recebeu este decreto promulgou-o- o PR
promulga os DL- e depois saiu uma retificação a dizer que afinal foi assinatura e não promulgação.
Por outro lado, conhecemos a distinção entre normas restritivas (á norma de direito fundamental)
e as intervenções restritivas (intervenções pontuais e concretas num direito fundamental). Temos
dúvidas se aquilo que o governo fez é uma intervenção restritiva ou norma restritiva, pois para
haver intervenção restritiva tem de existir uma lei que habilita essa mesma intervenção, e no nosso
caso não temos propriamente uma lei, mas temos o decreto presidencial.
Normalmente quando há uma intervenção restritiva , há por trás uma norma restritiva que habilita,
mas por outras vezes não há, e mesmo admitindo que não havia, podemos admitir que a
intervenção restritiva é necessária (exemplo: temos uma pessoa que temos a certeza que está
infetada e se entrar em contacto social com outras pessoas, coloca-as em risco- podemos não ter
nenhuma lei que diga que naquelas situações se possa impor o confinamento dessa pessoa, no
entanto as autoridades policiais vêm-se mediante o dilema de: para não admitirem uma
intervenção no direito fundamental dessa pessoa- através do seu contacto social – pusesse em
risco a vida de outras pessoas, e nesse sentido as autoridades policiais estavam nesse dilema: ou
violam um direito ou se não fizerem nada violam um direito à saúde e à vida- situação excecional
em que se admitimos que possa haver intervenção restritiva mesmo sem haver norma restritiva
por de trás. Isto tudo para dizer que não podemos ter a ilusão (qualquer constituição) nos esclarece
todas essas dúvidas.
Justificações
Temos de cooperar no que é reserva de lei, para resolver os casos concretos de reserva de lei:
mais do que focar no texto da CRP, é saber o que justifica este princípio da necessidade da reserva
de lei? O que justifica a reserva de lei? Duas justificações:
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a) Deve existir uma divisão entre criação de norma (órgão que cira a lei) e aplicação da norma
(órgão que aplica) por várias razões
aa) razões de segurança jurídica, porque os cidadãos precisam de saber o que as autoridades
publicas podem fazer, onde podem intervir ou não na sua liberdade , e estabelecidas na norma
jurídica primeiramente – Quando se fala em norma pode ser qualquer norma: ato legislativo, ato
regulamentar
ab) razões de igualdade, pois quando alguém está a fazer uma norma sem saber a quem a mesma
vai ser aplicada, uma eventual tentação de favorecimento é mais difícil- se não existisse essa
separação, haveria uma tendência para favorecer um e não outro
ac) Razões de controlo judicial porque todas as agressões devem ser suscetíveis de controlo, que
fica muito mais certo, quando primeiro temos uma definição dos critérios e depois a sua
verificação no caso concreto , em que o juiz vai verificar se se respeitaram
2.Razões democráticas:
aa)Aconselham que este tipo de norma revista uma forma solene (privilegiada), a forma de ato
legislativo- mas parlamentar ou governamental?
ab) A reserva de lei parlamentar está ligada a questões de legitimidade e era perfeitamente nítido
na origem do Estado de Direito liberal quando havia uma diferença entre segurança do povo e
responsabilidade democrática . Havia um dualismo em que os executivos eram ainda executivos
monárquicos, havia este dualismo que monarquias limitadas em que a legitimidade democrática
do parlamento não era acompanhada por igual de igual legitimidade democrática do executivo,
e portanto estas duas razões de legitimidade estavam diretamente relacionadas às duas exigências:
reserva de lei (serem os representantes do povo que faziam a lei e era o executivo que a aplicava,
e esta lei era necessariamente parlamentar, porque não se dava competência legislativa ao
governo, aos executivos- hoje como sabemos não é assim pois os executivos têm também
competência legislativa em grande parte porque atenuaram as diferenças de legitimidade, a
legitimidade do parlamento confrontada com a legitimidade do executivo
ac) isso é particularmente nítido nos sistemas presidencialistas em que o executivo é também
eleito- nós temos um parlamento eleito, um congresso eleito, e legitimidade democrática plena
mas o executivo também, executivos também são eleitos-
ad)mas mesmo sem sistemas parlamentares ou semipresidenciais também podemos dizer que as
situações não são idênticas ao que se passava nos primórdios do Estado de direito liberal, porquê?
Porque por um lado as constituições consagram competências legislativas aos governos e no nosso
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caso o governo tem competência legislativa própria e por outro lado em termo de legitimidade,
toda a legitimidade vinda da CRP é democrática o que se traduz no facto dos governos (que de
sistema parlamentar ou semipresidencial) saírem dos parlamentos, se formarem com base na
eleição parlamentar, responderem perante os parlamentos, podendo ser por eles destituídos, de
forma que as duas legitimidades ficam imbricadas- o governo e o parlamento têm ambos
legitimidade democrática.
ae)Se quisermos falar na legitimidade democrática podemos até discordar quem tem mais
legitimidade democrática, porquê? Porque hoje, em praticamente todos os Estados (mesmo
quando o governo é parlamentar ou semipresidencial) as eleições são cada vez mais eleições de
1ºs ministros, de governos, e portanto quando as pessoas que participam na eleição (eleitores) a
maioria da preocupação é saber quando participam, e a razão de votarem é saber qual a próxima
constituição do governo, saber quem vai ser o próximo ministro, e portanto as eleições
parlamentares são mais a escolha de um 1º ministro do que de um parlamentar concreto.
ba)Por exemplo: uma coisa é ser o governo a decidir sozinho as medidas restritivas (governo
reúne-se em conselho de ministros e toma aquela medida). Nós sabemos que a lógica é que os
apoiantes que estão no governo estarão de acordo tenderam a apoiar a medida, mas quem é de
outros partidos, vê aquela decisão com mais distanciação. E portanto se o governo vem tomar
uma medida tão importante sozinho não terá a mesma capacidade de integração que terá uma
decisão onde participem todas as forças políticas que resulte de uma lei parlamentar ou
autorização parlamentar.
bb) Portanto não é só uma questão de legitimidade democrática que aconselha que as decisões
mais importantes , essenciais, voltando assim à teoria da essencialidade, segundo a qual, aquilo
que é essencial, deve ser discutido por lei parlamentar. A dúvida é saber o que é essencial ou não.
bc) Por exemplo, uma das críticas que se faz ao governo na atual situação de calamidade, é o facto
de, ao tomar estas decisões por decreto regulamentar ou decreto lei não autorização, na verdade
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é o governo que assume estas decisões sozinho. Quando vai ao parlamento, a possibilidade de
pluralismo é muito maior. É obvio que se perde em termos de eficácia, de resposta imediata.
bd) A decisão parlamentar tem uma vantagem que não tem a vantagem governamental, que é a
transparência/ publicidade, porque antes da decisão já se sabe o que vai ser aprovado, dúvidas e
propostas.
Concluindo:
1.a principal ideia é que as questões mais importantes devem ser decididas por ato legislativo e
quanto possível por ato legislativo que tenha a força que lhe dá a lei parlamentar (a decisão
parlamentar) e no fundo é isto que a CRP quer dizer quando reserva à AR da legislação de direitos
liberdades, garantias (que à luz da teoria da essencialidade, engloba todos os direitos
fundamentais).
2.Mas temos de fazer uma distinção entre intervenção e restrição restritiva, podemos admitir
intervenções restritivas sem uma prévia decisão parlamentar, como nos casos de emergência
3.Outros fatores que nos auxiliam- há uma nota que nos permite diferenciar, quando a CRP diz o
que esta reservado ao parlamento, à AR, faz uma diferença, entre o que é a reserva absoluta e a
reserva relativa , então se a CRP faz esta diferença então permite privilegiar em termos absolutos
ao parlamento, as decisões em algumas matérias, logo a admissibilidade de regulamentos ou DL
sem terem sido autorizados nas matérias de reserva absoluta deve ser vista como estando
praticamente excluída , porque a própria CRP distinguiu
4.Segundo a teoria da essencialidade devem ter sido em conta dois outros fatores:
a)Saber o que está em causa, gravidade da lesão da lei restritiva no direito fundamental. Em função
da maior ou menos gravidade, isso deve refletir nas situações de reserva de lei. Se é uma questão
de pormenor, então aí não avançamos com o mesmo tipo de exigências quando as questões
essenciais estão a ser exigidas
b) Saber se o conteúdo da medida aprovada tem um conteúdo consensual (todos estão de acordo)
ou medida controversa, pois há questões controversas por natureza. Esse tipo de questões não é o
mesmo que decidir algo que toda a gente está de acordo (exemplo que hoje fosse levada à AR,
pelo governo, uma decisão que é controversa, é necessário que seja tomada por ato legislativo e
tenha a intervenção prévia do parlamento ou intervenção posterior/ prévia, porque em Portugal
esta questão de intervenção posterior põem-se em termos de autorização legislativa, e também
quando o governo aprova por DL que pode ser chamado à apreciação parlamentar. Pelo contrário,
se o governo aprova sem ser por ato legislativo, então o parlamento já não tem possibilidade de
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chamar. Daí ser uma dessas razões do governo escolher atuar através de regulamento, é para evitar
o controlo parlamentar, mas se questão é controversa não o deveria ter feito.
NOVA MATÉRIA:
1.Mas isto não é assim em todas as CRP, aliás só a CRP é que diz, com uma ligeira exceção, que
se compreende pela própria influencia portuguesa, da Constituição Cabo- Verdiana e Angolana,
pois fora destas tuas só a Constituição Portuguesa é que diz que as normas constituições relativas
a direitos fundamentais, vinculam as entidades privadas
2.O que está referido é uma ideia à partida imediata- Se estamos a falar de uma CRP, essa
constituição deve aplicar-se a toda a gente , mas não é assim, e é esse facto que leva a que só
encontremos isto na constituição portuguesa e não nas outras constituições
Aula teórica de fundamentais de 13 maio 2020 -> aplicabilidade dos direitos fundamentais nas
relações entre particulares
Eficácia horizontal dos direitos fundamentais ou eficácia dos direitos fundamentais perante
terceiros
Não se tem dúvidas nenhumas que quando se tem direitos fundamentais na constituição os
poderes públicos estão vinculados a esses direitos – nesse sentido, há aqui uma relação vertical
entre os poderes públicos, Estado e cidadãos e a constituição. A constituição não foi feita se não
para garantir os direitos fundamentais perante os poderes públicos.
A dúvida é tal como os direitos fundamentais vinculam os poderes públicos também terão uma
eficácia horizontal- também vincularão os outros participantes? Se tenho um direito fundamental
um outro particular está vinculado por ele- posso exigir algo a esse particular em nome desse
direito fundamental, mesmo que a lei nada diga ?
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Direitos Fundamentais aulas teóricas escritas por Joana, Mariana, Nocas e Yuliya
Imagina situação em que a lei proíbe o fumo nos recintos fechados- não há dúvida que essa lei
vincula todos os particulares envolvidos , problema é se saiba se outro particular em nome do seu
direito a saúde tem um direito contra o outro particular a que este não fume ali?
Se tenho um direito na CRP que é o direito a saúde então ela não vincula de uma forma geral,
eficácia horizontal, não produz também efeitos em relação aos outros particulares? E esta a
discussão!
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Direitos Fundamentais aulas teóricas escritas por Joana, Mariana, Nocas e Yuliya
Uma favorecida pelos constitucionalistas- não subverter tudo a constituição já tinha provado
desde logo na América que poderia funcionar como limite aos poderes públicos e era isso que se
pretendia na europa mas não vamos agora generalizar a aplicação da constituição a qualquer
conflito qualquer que seja a sua natureza, porque isso poe em causa todo o modelo ate ai vigente-
que è o modelo segundo o qual entre os particulares aplica se a lei que vigora.
Uma outra tese defendida pelos juslaboralistas- sentindo necessidade de impor os novos
princípios no domínio das relações de trabalho, diziam que enquanto estes novos princípios não
estiverem a ser traduzidos aplica-se a CRP os direitos fundamentais e princípios constitucionais
nas relações também entre privados- faz se uma aplicação direita e imediata dos princípios
constitucionais.
Quando a CRP de 1976 è aprovada alguns constitucionalistas estavam a par desta discussão alemã
Esta discussão tinha dado como resultado na Alemanha que a medida que o legislador foi
consagrando os novos princípios a própria discussão perdia razão de ser, no sentido que a medida
que legislador alemão iria reformulando, fazendo novas leis, introduzindo ou reintroduzindo os
princípios constitucionais esta discussão deu como resultado que de facto se mantia se a estrutura
tradicional. Eficácia da CRP na ordem jurídica através do legislador- forma indireta, mediata.
Em Portugal - ideia que aflorava na discussão constituinte era de que se o que estava em causa
era saber se a CRP tinha de ser aplicada de uma forma geral ou limitada apenas ao Estado então
a ideia è que è mais favorável aos direitos fundamentais, que ela vigore em todas as áreas , em
todo o tipo de relações.
Artigo 18 n 1 CRP – procura traduzir esta ideia quando dizer que os preceitos relativos a direitos
liberdades e garantias, tem uma aplicabilidade direta, vincula os poderes públicos e privadas. Ou
seja, a afirmação da CRP em que estes preceitos vinculam todos.
Recorrendo aquele caso de duas pessoas na paragem de autocarro e uma não quer que ele fume
porque perturba sua saúde e outro não quiser deixar fumar- o que deve juiz aplicar? Deve aplicar
a lei que proíbe fumo apenas dentro de espaços púbicos ou aplicar CRP e dando prevalência ao
direito a saúde- funcionando como limitação do direito a liberdade do outro fumador.
Gomes Canotilho, vital moreira- os direitos fundamentais valiam nas relações privadas
exatamente da mesma maneira como valiam nas relações entre individuo e Estado
O que significaria se tiver uma empresa e quiser admitir um licenciado em direito filho de um
amigo meu posso o fazer? Com isso não estou a violar a igualdade das outras pessoas? E obvio
que sim esta se a fazer uma discriminação – mas na minha vida privada não posso fazer essa
diferenciação?
Aplicar direitamente os direitos fundamentais nas relações particulares aumento liberdade ou
estou a diminuir restringir a liberdade?
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Direitos Fundamentais aulas teóricas escritas por Joana, Mariana, Nocas e Yuliya
Esta se ver que favorece uns direitos fundamentais contra outros direitos fundamentais.
Contradição na forma como a CRP trata problema- segundo o que foi impressão primeira deste
18 n 1 os princípios constitucionais deviam ser aplicado de forma genérica , para entidades
publicas e particulares e obviamente havendo contradição entre as normas civis e constituías estas
ultimas prevalecem , os juízes não foram treinados para este tipo logica- ou seja um tribunal
família esta treinado para prevalecer o que esta previsto no CC não a constituição o só raramente
recorre a esta, mas se dizer que a constituição também se aplica nestes problemas então juiz e
obrigado a reformular toda a sua forma de atuação. Se os juízes continuarem a aplicar as normas
do CC em vez dos princípios constitucionais ? normal aí seria havendo uma justiça constitucional,
havendo um tribunal constitucional então este que lhes possa dar orientação ou impor essa
orientação.
Há um conflito entre particulares e um deles entende que a atuação de outro agride o seu direito
fundamental – de acordo com a nova logica constitucional poderia invocar o direito fundamental
contra a agressão do outro particular. Se os juízes comuns não lhes derem razão , não tutelando o
direito fundamental então poderia ir para o TC. Como o TC só aprecia constitucionalidade de
normas não de atos então isso significa que o TC fica afastado destes conflitos- particulares não
fazem normas podem agredir direitos uns dos outros, mas agridem através de atuações. Ou seja,
há aqui uma intensão de fazer aplicar as normas constitucionais mesmo contra juízes comuns,
mas depois da se aos juízes comuns a última palavra sobre o tema , há uma contradição!
Quando um caso conflito entre dois particulares esta ser decidido num tribunal , este da razão a
uma das partes há um deles que se considera ofendido no seu direito fundamental – este pode
recorrer nos EUA para os tribunais superiores que examinarão a decisão do tribunal de instancia
e apreciarão se este violou ou não o direito fundamental daquele particular- porque tribunal 1
instancia e Estado , poder publico.
Em Portugal mesmo conflito isto não poder chegar ao TC – porque só poderia ir se invoca se a
inconstitucionalidade de uma norma jurídica que não é caso , o que se queixa e de uma agressão
do outro particular.
-Tese diversa que aquela posição que ficou dominante na Alemanha- direitos fundamentais
vigoram primariamente nas relações entre poderes públicos e indivíduos, mas como poderes
públicos tem obrigação de na sua atuação respeitar os direitos fundamentais , então desde o
legislador há uma obrigação em traduzir os princípios constitucionais na legislação ordinária , o
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que significa que os juízes continuam a aplicar lei e è sobretudo a lei devem aplicar mas esta lei
deve ser uma lei em conformidade aos direitos fundamentais.- tese de uma eficácia indireta dos
direitos fundamentais na relação entre particulares.
- Outra tese ( RN)- tese dos deveres de proteção – estado tem não apenas uma obrigação respeitar
mas também de os proteger , o que significa que todos os poderes do Estado não apenas legislador
( também o juiz , administração) esta obrigado a proteger os direitos fundamenais em todas as
relações de forma a que os poderes públicos tendo esta obrigação proteger, não devem deixar
desprotegido um titular perante agressões de outros particulares- não há aplicabilidade direta mas
essa possibilidade existe através do exercício do dever proteção que diferentes poderes públicos
tem.
Aula teórica de dia 18 maio de 2020 -> direitos fundamentais nas relações entre particulares
Continuidade do tema da aplicabilidade dos direitos fundamentais nas relações entre particulares
Apesar desta convicção inicial, originaria que a CRP teria enverdado por este caminho
imediatamente se percebeu quando se desenvolveu alguma discussão doutrinaria sobre o tema,
que nem todos os autores aderiam a esta tese- da aplicabilidade direta e imediata da aplicabilidade
dos direitos fundamentais nas relações entre particulares.
E até se pode dizer que porventura durante muitos anos a posição maioritária não era esta!
Havia alguns autores(Gomes Canotilho e Vital Moreira) que logo na primeira CRP anotada
diziam expressamente que os direitos fundamentais vinculavam as entidades privadas e faziam
no da mesma maneira que vinculavam as entidades publicas. Mas estes próprios autores na 2
edição da CRP anotada já suavizaram esta posição dizendo que vincula em princípio da mesma
maneira que vincula as entidades publicas. Já não haveria aqui uma convicção tao forte.
Toda esta discussão porque, ao contrário daquela convicção inicial de que a CRP teria adotada
uma das teses na realidade mesmo tomando por base a letra da CRP realidade não foi assim. O
que se diz no artigo 18 n 1 CRP é que os preceitos relativos a direitos , liberdades e garantias
vinculam as entidades publicas privadas, mas de que maneira?? De forma direta? Indireta? Não
fica claro! Entidades privadas significa todos os particulares ?? são todos os direitos fundamentais
ou apenas direitos liberdades e garantias?? O que alimentou a discussão dos anos seguintes sobre
qual seria a posição dogmática mais adequada neste domínio.
Acaba por remeter para mesma discussão que é para tomar posição naquela controvérsia.
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tese da irrelevância dos direitos fundamentais nas relações entre privados- que vigorou
muitos anos nos EUA e ainda vigora , que é a que a constituição não se aplica a entidades privadas,
CRP limita os poderes públicos sendo para isso que ela foi feita , os particulares não estão
vinculados pelas normas constitucionais, pelos direitos fundamentais. Os direitos fundamentais
são garantias jurídicas que protegem os cidadãos das invasões dos poderes públicos. Entre os
particulares vigora a autonomia privada.
Em rigor não é assim , em rigor não podemos falar em irrelevância. Desde logo porque nos EUA
se faz uma diferença entre as ações dos particulares – quando falamos em relações entre
particulares , de ações dos particulares, de eventuais agressões de particulares aos direitos
fundamentais de outros há que distinguir entre que particulares estamos a falar porque há algumas
entidades privadas que quando atuam no relacionamento com outros estão como que “ vestidos”
de funções publicas, como que assumindo um papel Estatal ou pelo menos análogo ou
equivalente.
Esta teoria faz esta distinção- os direitos fundamentais não vinculam as entidades privadas não
ser que a entidade privada em causa esteja numa posição de state action, que atua de uma forma
estatal, revestida de poderes públicos. Então nessa altura o outro particular pode invocar contra
ele os mesmos direitos que poderia invocar para um poder publico.
Se o estado auxilia financeiramente um particular e por causa desse auxílio lhe exige um
determinado comportamento no relacionamento entre outro particular então aí há uma state
action. Não e simplesmente uma ação de autonomia privada há algo de Estatal que da aos outros
particulares o direito de invocarem sobre essa entidade privada direitos fundamentais.
. Não há uma verdadeira irrelevância absoluta dos direitos fundamentais entre os particulares nos
EUA porque quando os particulares se relacionam entre si eles não estão vinculados pelos direitos
fundamentais que estão na CRP mas a partir do momento em que há conflitos, choques entre eles
e esses conflitos vão ser resolvidos por órgãos estatais( tribunais) , poderes públicos então nessa
altura surge aqui imediatamente uma intervenção estatal – quando decide num ou noutro sentido
um dos particulares fica descontente com aquela decisão podendo invocar direitos fundamentais.
Caso que diz bem como é errada a ideia de que não há qualquer validade dos direitos fundamentais
nas relações entre particulares nos EUA: numa certa zona urbana em que os seus habitantes
tinham um nível social económico mais elevando, entre eles fizeram um pacto um acordo ,
convenção segundo a qual entre eles se comprometeram a no caso de venderem as habitações não
o venderem a pessoas de raça negra. Este pacto e um pacto valido a luz da constituição dos EUA?
A partir do momento em que se reconhece que a igualdade proíbe a discriminação racial um pacto
deste não e inconstitucional?
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De acordo com a teoria da state action este pacto não é inconstitucional no sentido que os
particulares não estão vinculados pela constituição. O princípio da igualdade vincula os poderes
públicos, não os particulares. O problema foi o seguinte que alguém daquele grupo quis vender a
casa e não encontrando comprado de raça branca , acabou vendendo a casa a alguém de raça
negra. Quando os outros levaram caso a tribunal no sentido de exigirem o cumprimento do acordo
, o problema com que se defronta aquele tribunal è que enquanto poder publico esta vinculado
pelo principio da igualdade o que significa que o tribunal esta vedado a aplicar um contrato
contrario ao principio da igualdade- faze lo seria violar o principio da igualdade. O STJ decidiu
exatamente desta maneira.
O que significa que na prática, os direitos fundamentais acabam por ter relevância nas relações
entra particulares na medida em que quando o Estado é chamado este esta vinculado aos
princípios constitucionais.
Tese da relevância direta ou imediata- normas constitucionais vinculam todas as entidades. E
vinculam da mesma maneira? Se tenho um direito fundamental este meu direito garantido na CRP
protege me contra agressões do âmbito protegido pelo direito e que hoje em dia as agressões
potenciais aos direitos fundamentais das pessoas tanto podem provir de entidades publicas como
entidades privadas.
Não se pode distinguir ameaças potencias em direitos fundamentais consoante a sua origem, o
importante é que o direito fundamental precisa de ser protegido contra qualquer agressão , da
mesma maneira independentemente da origem da ameaça. Juiz deve aplicar direitos fundamentais
numa relação entre particulares exatamente da mesma maneira como a aplica na relação entre o
Estado e um particular. Quando se é titular de um direito fundamental isso da me o direito
subjetivo a exigir o cumprimento daquele direito relativamente a qualquer outro- eficácia geral e
imediata.
Levanta inúmeros problemas – então qual é o papel do legislador aqui? Nos temos aqueles direitos
na CRP , depois o legislador vai nos CC , códigos laborais traduzir estes direitos fundamentais ,
princípios constitucionais na legislação que se aplica dia a dia, na resolução dos conflitos entre
particulares ,e portanto se o legislador faz isso e faz isso como uma obrigação e há portanto esta
relação entre CRP e lei ordinária, se a lei ordinária não é inconstitucional è a lei que rege a relação
entre particulares ou deve ser a CRP? É que para a tese da aplicabilidade direta
independentemente do que diga a lei eu tenho um direito fundamental contra outro particular e
posso recorrer a norma CRP para sustentar esse meu direito.
Para a tese da aplicabilidade indireta ou mediata não e assim! Primeiro aplica se a lei, havendo
dúvidas várias interpretações possíveis daquela lei então aí se ela não for inconstitucional ou
pudermos fazer dela uma interpretação conforme a CRP continuamos a aplicar a lei. Os direitos
fundamentais valem através desta tradução que lhes dá o legislador.
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Mas pode levantar se problemas – por vezes a lei não nos resolve o problema, não há uma
especifica previsão legal que nos permita resolver o conflito entre os particulares. Nessas
situações não podemos ir aos direitos fundamentais previstos na CRP? Não! Segundo a tese da
aplicação mediata. A CRP tem o seu valor, que é ver se a lei é constitucional ou não, se a lei não
resolve direta especificamente um determinado conflito então recorre se as clausulas gerais
daquele ramo de direito para resolver o problema.
Não poderá haver situações em que simplesmente as clausulas gerais não nos permitam resolver
problema e temos ali lado CRP ,os princípios, direitos fundamentais e poe se a duvida saber que
no caso em que não se consegue resolver um conflito não pode se recorrer a CRP?? Aí que entra
a tese do chamado deveres de proteção.
Tese dos deveres de proteção – os poderes estatais tem vários deveres, não só respeitar os
direitos fundamentais, mas também promover, e de proteger o direito fundamental de agressões
externas a esse direito fundamental. Que podem provir dos poderes públicos, entidades privadas,
catástrofes naturais …
Este dever de proteção tem muito a ver com aquele principio da proibição do défice- pode se ter
duvidas sobre o que o Estado esta obrigado, mas há um mínimo de proteção de deve ser sempre
garantido – ex: estado não estaria a cumprir a garantia mínima de proteção se possibilita se que
uma pessoa infetada pudesse circular livremente. Já não há uma exigência de mínimo por exemplo
obrigando a uma pessoa que não esta infetada obrigar a ficar numa quarentena – aí estamos
perante uma pessoa que tinha um teste negativos não estava infetada e o poder publico o tinha
posto confinado num quarto de hotel , polícia a porta com argumento da proteção a suade dos
outros cidadãos.
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Em termos praticas há uma zona de convergência relativa entre todas as teses- as relações entre
privados devem ser regidas pela lei ordinária , em princípio havendo lei ordinária o juiz aplica a
lei.
Só há convergência entre as várias teorias porque a teoria da aplicabilidade direta aqui “ esquece”
os seus pressupostos porque se levasse a serio os seus pressupostos aquilo
que verdadeiramente aplicaria era sempre a CRP- se tenho um direito legal e constitucional
obviamente o direito constitucional é mais forte que o legal, pelo que estando num conflito apelo
a “ arma mais forte” se quero vencer invocando o meu direito fundamental.
Para a tese da aplicabilidade direta- não havendo lei aplicamos os direitos fundamentais da CRP
e resolve se o problema através da ponderação entre os direitos fundamentais.
Teoria dos deveres de proteção- recorre a CRP para garantir proteção daqueles particulares se eles
ficarem sem mínimo de proteção.
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Dia 20/05/2020 -> tutela judicial dos direitos fundamentais na ordem jurídica portuguesa
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É possível recorrer para os tribunais comuns administrativos, mas se eles não nos derem
razão não podemos ir para o TC – e isto só acontece em Portugal o que é extremamente
lamentável, ou seja, um ato Administrativo não é sujeito ao TC.
Podem recorrer ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos invocando violações do
Estado português sobre os seus direitos fundamentais, mas não podem recorrer ao TC PT.
Dizem alguns colegas meus que nós continuamos protegidos pois os tribunais podem nos
proteger, mas o problema é e se não protegerem?? Para que é que criamos então o TC?
É que se confiamos em absoluto nos tribunais comuns para nos protegerem, então não
precisávamos de um TC.
Agora quando criamos um TC e ele não nos protege para quê.
Como nós sabemos um direito fundamental tanto pode ser infringido tanto por ação como
por omissão, se se omite o mínimo de proteção há inconstitucionalidade e estes casos não
chegam ao TC.
Então temos este absurdo que nem tenho palavras primeiro dizemos que os direitos
fundamentais valem tanto para particulares como para autoridades públicas, e depois isto
nem chega a ir para o TC para nos proteger.
A tutela devia ser plena é isso que caracteriza um Estado de Direito.
O TC faz muito hoje como muitos outros tribunais, mas não quando estão em causa
direitos fundamentais da constituição.
O TC devia ter um papel decisivo nestes casos? JRN diz que sim.
Porquê?
A aplicação dos direitos fundamentais é muito complexa porque os enunciados
normativos dos direitos fundamentais são enunciados vagos.
A vida humana é inviolável, a integridade é inviolável etc. mas o que é que dali resulta
em termos concretos? Em situações de restrição em situações de conflito?
As normas constitucionais são muito complexas, porque salvo aquelas que são
inequívocas e concretas que garantem em termos absolutos, e mesmo nessa à pessoas que
dizem que não como o art.27/2 e 3 quando a CRP é clara e diz quais é que são as situações
aparece alguém sempre a dizer que não que se pode mesmo assim fazer isto e isto sem
sentido nenhum, ou todas as normas são derrogáveis, há sempre alguém que defende essas
posições mesmo quando a lei é claríssima e inequívoca. E acora imagine-se nas situações
em que não são inequívocas.
Desta forma acaba por ser importante haver uma uniformização, haver uma indicação
sobre o que está ou não protegido, o que está ou não garantido, onde é que há ou não
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violações, porque se não houver essa orientação é relativamente caótico quando um juiz
se confronta perante um problema é relativamente caótico saber o que pode fazer ou não,
a questão da jurisprudência constitucional seria e é importantíssima, no fundo a CRP
aquilo que o TC diz que ela é. Isto pode parecer uma valoração negativa no sentido de
desvalorizar a CRP, mas em grande medida é assim sobre tudo quando lidamos com
formulas destas.
O problema é que o nosso TC não diz, e não diz não porque o não queira não diz porque
não pode.
E então precisamente na área em que era preciso haver uma indicação/ uniformização de
jurisprudência haver um mínimo de segurança jurídica, saber o que se pode ou não fazer,
tudo isto fica fora do poder do TC o fazer.
Neste domínio é preciso saber quem tem a última palavra pois é esta que dá a orientação.
O nosso problema é que não há uma última palavra, há várias últimas palavras no domínio
dos direitos fundamentais.
Ex. conflito entre particulares me que haja direitos fundamentais envolvidos de quem é a
última palavra na nossa ordem jurídica?
R: Em última análise do STJ. As normas constitucionais são relativamente vagas.
Ex. mas se o conflito for entre um particular e um órgão público relativamente a um
mesmo direito fundamental, e se o particular teve de ir para os tribunais administrativos,
nessa altura quem tem a última palavra é STA.
O direito fundamental (nos dois casos) pode ser o mesmo, mas o STJ dá uma orientação
o STA outra.
E se for uma norma que está em causa? Se for uma lei que trate daquele Dto fundamental?
Legislador o tenha feito? Última palavra é de quem?
R: TC dá a orientação quanto à norma para os outros tribunais reformularem a sua
decisão.
NORMA – TC
ATO sobre o mesmo DFund – STJ ou STA – podem ter opiniões diferentes (ex. direito
de liberdade de empresa) – último recurso Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, que
acaba também por ter uma palavra sobre esta questão, porque este direito fundamental
tanto esta na CRP como esta na Convenção dos Direitos do Homem – só aí é que este
tribunal dá alguma orientação, porque ele não decide a questão concreta ele decide é a
responsabilidade do Estado Português no cumprimento da Convenção então arbitra ou
não uma indemnização mas tudo o resto fica na nossa ordem jurídica.
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Estamos perante mais uma instância que intervém sobre direitos fundamentais e que no
fundo dialoga com os Tribunais comuns, porque o recurso foi para o TEDH por causa de
uma decisão dum T nacional e aí os tribunais comuns podem dialogar com o TEDH com
o TC à margem.
Dispersão total da última palavra que deveria ser decisiva.
Visão catastrófica sobre o assunto.
Porque que é que o nosso sistema teve de ser assim? Porque que é que PT é assim? Porque
que é que não temos o mesmo sistema que Espanha? Alemanha, outros países Europeus?
R: não há razão nenhuma para PT não o ter, não há razão nenhuma para ter conservado
este sistema deste 1976 até agora, mas se for preciso dizer uma previsão eu diria que este
sistema vai continuar assim sem alteração e como vão ter de atuar dentro deste sistema
então convém conhece-lo bem!
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