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Musicoterapia como estratégia de intervenção psicológica com crianças: uma revisão da literatura 228

MUSICOTERAPIA COMO ESTRATÉGIA DE


INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA COM CRIANÇAS:
UMA REVISÃO DA LITERATURA
MUSIC THERAPY AS A PSYCHOLOGICAL INTERVENTION STRATEGY WITH
CHILDREN: A LITERATURE REVIEW

Alexandre Gonzaga dos Anjos1, Carolina Daniel Montanhaur2, Érico Bruno


Viana Campos3, Ana Luiza Ribeiro Pereira Dias Piovezana4, Joana Santos
Montalvão5, Carmen Maria Bueno Neme6

RESUMO
Esse estudo teve por objetivo levantar e avaliar, na produção nacional e internacional, como a musicoterapia
tem sido utilizada em intervenções psicológicas com crianças. Foram analisados, após a aplicação dos crité-
rios de inclusão e exclusão, 11 artigos finais na íntegra, publicados entre 2011 e 2016, indexados nas bases
Pubmed e BVS. As categorias de análise foram divididas em características gerais dos artigos, características
dos participantes e das intervenções realizadas. Pela análise dos resultados, pôde-se verificar a eficácia da
musicoterapia como intervenção, demonstrando ganhos tanto nos aspectos da saúde da criança quanto nos
aspectos musicoterapêuticos. Pôde-se evidenciar o valor da música e o seu papel como recurso terapêutico
em crianças, demonstrando-se que esta é uma modalidade alternativa de intervenção e que deve ser ampla-
mente difundida, principalmente no Brasil.
Palavras-chave: Psicologia; Musicoterapia; Intervenção; Criança.

ABSTRACT
This study aimed at assessing and evaluating the national and international production such as music therapy
has been used in psychological interventions with children. They were analyzed, after the application of the
criteria for inclusion and exclusion, 11 final full articles published between 2011 and 2016, indexed in Pubmed
and BVS bases. The categories were divided into general characteristics of articles, characteristics of partici-
pants and interventions. By analyzing the results, it was possible to verify the effectiveness of music therapy as
an intervention showing gains in both aspects of child health as the music therapeutics aspects. It is possible to
highlight the value of music and its role as a therapeutic resource in children proving to be an alternative mode
of intervention and should be widespread, especially in Brazil.
Keywords: Psychology; Music Therapy; Intervention; Child.

1
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) – Bauru; a.gonzaga@hotmail.com
2
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) – Bauru; carol.montanhaur@gmail.com
3
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) – Bauru; ebcampos@fc.unesp.br
4
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) – Bauru; analuiza_dias@yahoo.com.br
5
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) – Bauru; joana_mbj@hotmail.com
6
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) – Bauru; cmneme@gmail.com

Gerais: Revista Interinstitucional de Psicologia, 10 (2), jul-dez, 2017, 228 - 238


A. G. Anjos, C. D. Montanhaur, E. B. V. Campos, A. L. R. P. D. Piovezana, J. S. Montalvão e 229
C. M. B. Neme

A investigação dos efeitos terapêuticos da do século passado, recorreu ao uso de abordagens


música, bem como sua utilização com objetivos psicológicas como referenciais teóricos e explica-
curativos e preventivos, é milenar. São encontrados tivos de seus mecanismos e processos, tais como
e descritos em vários documentos históricos de di- Psicanálise, Humanismo e Behaviorismo. Embora
ferentes culturas, tais como egípcia e grega, sendo, sua essência venha se desvelando no século XXI
nesta última, especialmente apreciados por filóso- paralelamente à busca de um referencial teórico
fos tais como Pitágoras, Platão e Aristóteles. O in- próprio, postula-se que a musicoterapia é uma área
teresse persistiu e, no século XVIII, apareceram os de interseção de várias áreas de conhecimento que
primeiros artigos sobre o efeito da música no trata- se relacionam ao ser humano e à música, num en-
mento de inúmeras doenças e suas influências sobre contro que abarca arte, ciência e saúde, o que leva
a mente humana (Côrte & Neto, 2009; Hatem, Lira à integração e à partilha de conceitos (Piazetta,
& Matos, 2006; Oliveira & Gomes, 2014). 2007). Tal característica contribui significativamen-
Na modernidade, a psicologia experimen- te para que problemas de ordem conceitual sejam
tal surge no século XIX, fazendo da música um dos recorrentes dentro dessa área do conhecimento e
seus objetos de estudo de grande vigor. Estímulos para que se torne trabalhosa uma definição satis-
sonoros foram e ainda são utilizados em inúmeros fatória de Musicoterapia, fazendo desta tarefa um
experimentos desta ciência e, atualmente, existe verdadeiro desafio (Côrte & Neto, 2009; Oliveira
grande empenho de psicólogos na compreensão & Gomes, 2014; Piazetta, 2007).
dos mecanismos inerentes ao aprendizado musical Dentro de tal contexto foi concebido o
e seus efeitos cognitivos e mesmo fisiológicos no conceito de musicoterapia pela Comissão de Prá-
sistema nervoso em praticantes de música (Avila, tica Clínica da Federação Mundial de Musicotera-
2009; Machado & Borloti, 2009; Rodrigues, Lou- pia, que consiste em uma intervenção que utiliza
reiro e Caramelli, 2013). a música e seus elementos, por uma pessoa qua-
No entanto, fala-se efetivamente em mu- lificada, para promoção de aprendizagem, aquisi-
sicoterapia – que, importante frisar, já nasce dis- ção de novas habilidades, a fim de proporcionar
tinta da psicologia – a partir do final dos anos melhor qualidade de vida. Pode ser aplicada como
1940. Nesse período, ocorre o regresso de gran- prevenção, reabilitação ou tratamento (Federação
de contingente de soldados norte-americanos dos Mundial de Musicoterapia, 1996).
campos de batalha à sua pátria, com ferimentos Segundo Zanini (2009), esta definição
na cabeça e lesões cerebrais traumáticas, criando buscou ser a mais genérica possível, de modo que
um espaço oportuno para a utilização e divulga- não privilegiasse área, técnica, método ou funda-
ção da musicoterapia, que se inicia, pioneiramente, mentação. Embora Côrte e Neto (2009) apontem
por meio da Enfermagem. Os anos 1950 marcam para a pluralidade de definições e o ponto de vista
o fomento à formação do profissional em cursos que se deseja aplicar a determinado objeto de estu-
superiores, a ampliação da musicoterapia junto do é fator decisivo para a adoção de uma ou outra
à medicina e o reconhecimento da profissão de definição de musicoterapia, as referências aqui tra-
musicoterapeuta, nos EUA. A partir dessa data, balhadas parecem corroborar a ou se fundamentar
constata-se um movimento semelhante no mundo na definição supracitada.
ocidental, sendo que o Brasil conta com profis- Bruscia (2000) apresenta a musicoterapia
sionais da área já na década de 1960, quando ela como a utilização dos sons e elementos para fa-
permanece como campo profícuo para investiga- cilitar e promover ganhos terapêuticos. Seus pro-
ção e aplicação (Cunha & Volpi, 2008; Oliveira & cedimentos e métodos variam conforme a linha,
Gomes, 2014). abordagem, objetivos de terapia e necessidades
Como disciplina, a musicoterapia se dá do indivíduo ou grupo atendido. As experiências
no encontro de várias outras ciências, como Fi- musicais utilizadas variam entre audição, recriação,
losofia, Antropologia, Música e até, inicialmente, improvisação e composição, que podem ser aplica-
se referenciou no paradigma biomédico. Ao longo das juntas ou separadamente.

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A musicoterapia é um tipo de intervenção Observa-se que a musicoterapia é uma


que visa à prevenção, ao desenvolvimento ou à intervenção que, atentando-se para as devidas
restauração de funções e potenciais do indivíduo, a adequações, pode ser aplicada a diversos públi-
partir do processo musicoterapêutico (Treurnicht cos, com diversas faixas etárias. Dentre as possí-
et al., 2011). O paciente se manifesta neste proces- veis faixas etárias de intervenção está a infância,
so por meio da música, dos sons, da voz, do corpo período fortemente caracterizado pelo brincar e
e dos instrumentos musicais (Porter et al., 2012). pela presença do lúdico em boa parte do cotidia-
O musicoterapeuta poderá intervir de for- no. Diversos estudos, principalmente na psicologia
ma direta ou indireta (Kim, Wigram e Gold, 2008). de visão histórica e social, apontam que o brincar
Na forma direta, o terapeuta definirá as atividades é um importante processo psicológico, capaz de
da sessão e os momentos dessas atividades. Na proporcionar aprendizado e, por consequência,
forma indireta, o musicoterapeuta aguarda a ini- desenvolvimento. Dentre os elementos que abar-
ciativa do paciente para, então, definir suas ações e cam o brincar estão as atividades acompanhadas
intervenções. É possível utilizar essas duas formas de objetos ou não, dirigidas ou não e também que
de condução do processo em momentos diferen- envolvem o uso da música, interpretação e ou-
tes de uma mesma sessão (Kim et al., 2008). tros elementos provenientes das ciências artísticas
As atividades mais utilizadas em musico- (Borba, 2005).
terapia incluem cantar, tocar instrumentos musi- Considerando as intervenções psicoló-
cais, compor, improvisar com a voz ou com os ins-
gicas que utilizam desses elementos do brincar,
trumentos, ouvir música e realizar jogos musicais
como é o caso da musicoterapia, as brincadeiras
(Mossler et al., 2011; Treurnicht et al., 2011).
terão a função de diversão estendidas a situações
Entre as principais problemáticas atendi-
que possibilitem a expressão de sentimentos,
das em musicoterapia estão a necessidade de orga-
aprendizado de novos comportamentos (Motta
nização e estabelecimento de limites; o desenvol-
& Enumo, 2010). O valor terapêutico do brincar
vimento de habilidades perceptivas e cognitivas; o
pode ser demonstrado pelos benefícios propor-
estímulo de habilidades sensório-motoras; o au-
cionados às crianças que se encontram em situa-
mento da atenção e da orientação, a diminuição
ção de ansiedade, medo, principalmente quando
da dor em pacientes hospitalares e a estimulação
associadas a doenças como a distração do medo,
precoce (Robb & Carpenter, 2009; Schmid & Os-
preocupação, estresse, formação e manutenção do
termann, 2010; Treurnicht et al., 2011).
Assim, destaca-se a musicoterapia não só vínculo terapêutico (Brown, 2001).
como uma ciência, mas também como profissão Estudos demonstram a eficácia de música
específica. Neste sentido, Franzoni et al (2016) fa- como forma de intervenção em diversos campos,
zem questão de apontar que musicoterapia é uma como a da saúde, como forma de auxílio no pro-
técnica terapêutica de uso privativo do musico- cesso de enfrentamento da criança à hospitaliza-
terapeuta, atividade que requer formação e regu- ção e seus desdobramentos (Hartiling et al., 2013,
lamentação específica; enquanto que a utilização Hatem et al., 2006; O’Callaghan et al., 2011,). O
da música por outros profissionais da saúde deve uso de atividades lúdicas em locais de saúde, so-
ser nomeada tão somente de intervenção musical. bretudo na pediatria, vai ao encontro da propos-
Não obstante tal distinção enquanto profissão e ta atual da atuação humanizada nos ambientes de
ciência, bem como o empenho da musicoterapia saúde, em que se busca atentar para os cuidados
em se desvencilhar dos referenciais da psicologia, que concernem à doença, à cura e ao tratamento,
mas reiterando sua interdisciplinaridade como ca- mas também às demandas psicológicas do pacien-
racterística estrutural, como supracitado, e acredi- te e da família (Crepaldi et al., 2006).
tando que tais aspectos sejam em muito semelhan- A musicoterapia vem sendo também apli-
tes ao contexto da psicologia, surgiu a necessidade cada à área da educação, na medida em que oferece
de produções recentes que tivessem como caráter elementos do cotidiano da criança, jogos e brinca-
fundamental a intersecção entre as áreas. deiras, com a finalidade de auxílio na aprendizagem

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C. M. B. Neme

(Geretsegger et al., 2012; Lanovaz et al., 2011; Wan da ciência psicológica publicados entre janeiro de
et al., 2011; Vaiouli et al., 2015). O uso e o ensino da 2011 e junho de 2016, nos idiomas inglês, portu-
música e outras formas de expressão artística é uma guês e espanhol, na categoria artigo e em sua forma
determinação da atual Lei de Diretrizes e Bases da completa de livre acesso, com crianças (adotou-se,
Educação Nacional (Lei 9394/96), demonstrando o nesta revisão, o critério estabelecido pelo Estatuto
incessante movimento de trazer a arte ao encontro da Criança e do Adolescente (Brasil, 1990): criança
a criança e as possibilidades de aprendizagem que como a pessoa até os 12 anos de idade) e também
pode proporcionar (Brasil, 1996). artigos que envolvessem a interação entre pais, res-
Devido à grande gama de possibilidades ponsáveis, professores e a criança.
que o uso da música permite, quando relacionada Foram adotados como critério de exclu-
à intervenção psicológica na criança e à relevância são estudos de revisão, capítulo de livro, tese e
científica e social, pode-se enfatizar a necessidade dissertação; estudos com crianças e adolescentes;
de estudos de revisão, de reaplicação e criação de estudos que envolviam a intervenção com crianças
novas formas de intervenção, contribuindo para o e adultos; artigos que não apresentassem interven-
crescimento da área. Assim, objetiva-se, com este ção; artigos sobre validação de instrumentos e es-
estudo, levantar e avaliar, na produção nacional e tudos teóricos.
internacional, como a musicoterapia tem sido uti- A coleta dos dados foi dividida em qua-
lizada em intervenções psicológicas com crianças, tro etapas. Primeiramente, foi realizada uma busca
identificando os principais contextos de aplica- nas duas bases de dados, articulando os descritores
ção, os modelos de intervenção mais frequentes previamente selecionados, já realizando a primeira
combinados à musicoterapia, bem como verificar exclusão dos artigos que não atendiam os critérios
os efeitos relatados das intervenções psicológicas de ano de publicação, idioma, participantes, so-
aliadas à musicoterapia. mente artigos em psicologia e disponíveis na ínte-
gra. Na segunda etapa, foram excluídos os artigos
Método de revisão teórica que envolviam intervenções que
Trata-se de um trabalho de revisão de li- mesclavam criança e adolescente e criança e adul-
teratura, com caráter exploratório, visando a ca- to, que fossem da psicologia e que novamente não
racterizar o estado atual dos estudos publicados, se encaixavam nos critérios de exclusão utilizados
utilizando, em diferentes contextos, intervenções na primeira etapa. Na terceira etapa, foram excluí-
psicológicas aliadas à musicoterapia com crianças. dos os artigos repetidos encontrados nas duas ba-
A busca bibliográfica realizada e teve ses. Na quarta etapa, os artigos foram analisados
abrangência nacional e internacional, sendo sis- na íntegra e verificados com detalhes, em relação
tematicamente realizada nas bases de dados BVS à idade dos participantes, excluindo artigos que
– Biblioteca Virtual em Saúde e também na Pub- envolvessem crianças com mais de 12 anos.
Med. Foram selecionados, de acordo com o DeCS Após a análise criteriosa dos artigos na
– Descritores em Ciências da Saúde, os seguintes íntegra, a fim de encontrar informações sobre as
descritores: musicoterapia, music therapy, interven- intervenções encontradas na literatura que fazem
ção, intervention, criança, child, psicologia e psychology. uso da musicoterapia, realizou-se uma categoriza-
Com o intuito de conhecer a produção na ção das características em três aspectos diferentes.
área e verificar como a musicoterapia está sendo Em primeiro lugar, aspectos gerais dos artigos que
articulada à psicologia, os descritores foram utiliza- identificavam informações como número de au-
dos de forma combinada, sendo “musicoterapia” e tores, país dos autores, idioma do artigo, ano de
“intervenção”, “musicoterapia” e “criança”, “mu- publicação, abordagem teórica e em qual área do
sicoterapia” e “psicologia” e seus descritores em conhecimento. Em seguida, aspectos sobre as ca-
inglês. Também foi utilizada a combinação com- racterísticas que identificavam idade e número de
pleta “musicoterapia” e “intervenção” e “criança” e participantes. Por fim, aspectos da intervenção,
“psicologia”. Os critérios de inclusão foram artigos verificando sua modalidade, as técnicas utilizadas,

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instrumentos ou materiais utilizados, tempo de in- Após a aplicação dos critérios de inclusão
tervenção e os resultados obtidos. e exclusão, foi possível verificar a diminuição ex-
pressiva dos artigos encontrados incialmente. Isso
Resultados e discussão se deve ao fato de os estudos na área não envol-
A primeira etapa de coleta de dados se- verem pesquisas com crianças, sendo o principal
lecionou artigos utilizando os critérios de ano de público-alvo adolescentes, jovens adultos e prin-
publicação, área psicológica, artigos disponíveis na cipalmente adultos. Além disso, os estudos eram
íntegra, fornecendo o total de 129 artigos, sendo principalmente das áreas médica, enfermagem e
50 encontrados na base BVS e 79 encontrados na fonoaudiologia.
base PubMed. Para a segunda etapa, verificou-se o Após essas quatro fases de coleta e seleção
resumo dos artigos pré-selecionados e foram revi- dos artigos, iniciou-se a classificação e categoriza-
sados os critérios anteriormente utilizados. Desta ção, a fim de verificar as características gerais e de
forma, pode-se obter um total final de 14 artigos intervenção desses trabalhos realizados.
na base BVS e 22 artigos na base PubMed. Nes- Dos 11 artigos que restaram, as publica-
ta segunda etapa, foram excluídos os artigos cuja ções se concentravam principalmente no ano de
amostra era de adolescentes, artigos de revisão de 2011, em 36,4% dos trabalhos (n=4); com 27,3%
literatura e aqueles que não abrangiam a psicolo- em 2014 (n=3); 18,2% em 2013 (n=2); e 2012 e
gia. Dos 14 artigos encontrados na BVS, 1 (7,1%) 2015 com apenas um artigo publicado em cada
utilizou os termos “musicoterapia”, “interven- ano, demonstrando que os textos estão bem distri-
ção”, “criança” e “psicologia”. Já para os termos buídos ao longo dos anos. Entretanto são poucos
“musicoterapia” e “intervenção” foram encontra- os artigos publicados nessa temática, o que indica
dos dois artigos (14,3%); para os termos “musi- baixa produção sobre o assunto, apesar dea sua re-
coterapia” e “criança” foram três artigos (21,4%); levância e impacto.
e para os termos “musicoterapia” e “psicologia” No que se relaciona aos autores, obteve-se
foram encontrados oito artigos (57,1%). Entretan- prevalência de americanos, com 35,7% (n=5), em
to, na base Pubmed, dos 22 artigos apenas 9,0% seguida de australianos, dinamarqueses e canaden-
(n=2) utilizavam os termos music therapy, interven- ses, com 14,3% cada (n=2). Com menor incidên-
tion, child e psychology. Para os termos music therapy e cia, autores noruegueses, brasileiros e austríacos,
intervention 27,3% (n=6); com os termos music thera- com 7,1% cada (n=1). Pode-se notar que a produ-
py e child, 36,4% dos trabalhos (n=8); e com music ção se concentra no meio internacional, principal-
therapy e psychology, 27,3% dos trabalhos (n=6). mente sob domínio de pesquisadores dos Estados
Na terceira etapa de coleta e seleção dos Unidos. Nessa busca, foi possível encontrar ape-
artigos, foram verificadas algumas repetições nas nas um artigo brasileiro.
bases BVS e Pubmed. Com isso, restaram 12 arti- Dos 11 artigos analisados, 10 eram na lín-
gos, sendo dois repetidos na base BVS e 9, sendo gua inglesa, sendo somente um na língua portu-
13 repetidos, na base PubMed. Em seguida, esses guesa. Mesmo utilizando como critério de inclusão
21 artigos foram revisados e foram encontrados artigos da língua espanhola, nenhum artigo foi en-
2 artigos repetidos, quando comparadas as duas contrado. Verifica-se que a língua inglesa é a mais
bases. Com isso, foram totalizados 19 artigos das utilizada para as publicações dessa temática, corro-
duas bases pesquisadas. borando o fato de ser uma temática predominan-
Na quarta etapa, os artigos foram detalha- temente estudada por autores internacionais, além
damente analisados, a fim de verificar com cautela da escassez de estudos no âmbito nacional.
qual a faixa etária dos participantes dos estudos, Além disso, verificou-se a prevalência de
pois aqueles em que a amostra fosse constituída estudos que envolvem de três a quatro autores,
por crianças maiores de 12 anos seriam excluídos. com 54,5% (n=6); em seguida de cinco ou mais
Realizando-se essa seleção, restaram 11 artigos que autores, com 36,4% (n=4); e um artigo composto
atendiam a todos os critérios de inclusão. por dois autores. Não foi encontrado artigo com

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C. M. B. Neme

apenas um autor. Esses dados sugerem parcerias cadas com autismo, com 45,5% (n=5); em seguida
entre pesquisadores, sendo da mesma área ou com crianças com desenvolvimento típico, mas
não, pois a temática da musicoterapia permite a em alguma situação de risco, como hospitalização
intersecção de saberes, a fim de ampliar o uso dela ou negligência, com 27,35% (n=3); estudos com
como intervenção infantil. bebês prematuros, com 18,3% (n=2); e por fim
Verificou-se que são predominantes estu- um estudo com bebês diagnosticados com alguma
dos com crianças de 5 a 7 anos, com 36,8% (n=7); deficiência congênita ou adquirida ao nascer.
em seguida, estudos com crianças de 3 a 5 anos, O resultado encontrado corrobora estu-
com 21,0% (n=4); crianças de 0 a 3 anos (n=3) e dos na área que propõem o uso da musicotera-
crianças de 7 a 9 anos (n=3), com 15,8%; e por fim pia com crianças diagnosticadas com autismo. A
crianças entre 9 e 12 anos, 10,5% (n=2). Em rela- musicoterapia aparece nesse contexto como uma
ção à interação entre música e desenvolvimento in- possível e eficiente forma de tratamento para esta
fantil, não há consenso na literatura científica sobre população. Esta modalidade de intervenção é jus-
uma trajetória de desenvolvimento musical comum tificada por promover a melhora de habilidades
aos seres humanos, isto é, se este desenvolvimento como atenção conjunta, imitação, reciprocidade,
percorre etapas escalonadas ou se se dá de modo troca de papéis, todos associados ao desenvolvi-
contínuo, nem se existem marcadores temporais mento da linguagem e de competências sociais,
específicos do desenvolvimento, como ocorre em que são as principais áreas afetadas pelo autismo
outras áreas, como a motora ou a da linguagem. (Geretsegger et al., 2012; Kim, 2006; Wigram &
Kenney (2008) considera que, quando en- Elefant, 2008). O sucesso das técnicas musicote-
tre oito e dezoito meses, o bebê realiza as primeiras rapêuticas no tratamento de crianças com autismo
tentativas de sincronizar o movimento a estímulos é atribuído principalmente ao grande interesse e à
musicais ouvidos. Tal habilidade será dominada atenção que a maioria desses indivíduos demons-
próxima aos três anos. Até os cinco anos de idade, a tra por música (Molnar-Szakacs & Heaton, 2012).
criança já teria desenvolvidas as habilidades de pal- Além disso Geretsegger et al. (2012) e Mariano e
mear e sincronizar seu andar com o tempo da mú- Fiamenghi Jr (2011) identificam que a musicotera-
sica. Para Gfeller (2008), próximo aos dois ou três pia é uma área de grande relevância quando aplica-
anos de idade, a criança já seria capaz de sincronizar da a intervenções na comunicação entre mãe-bebê
ritmicamente e manter a pulsação por curtos perí- e que deve ser mais explorada.
odos de tempo. Somente aos quatro anos de idade Quanto ao delineamento de pesquisa, dos
esta habilidade já estaria estabilizada em função do artigos analisados, 63,6% eram estudos quantita-
desenvolvimento motor amplo e fino. tivos (n=7), sendo 27,3% artigos de caráter quali-
No que se refere ao tamanho da amostra,
tativo (n=3) e apenas um de caráter quantitativo e
houve a prevalência de estudos de sujeito único
qualitativo (9,1%), o que indica predomínio de me-
e de amostras menores de 10 participantes, com
todologias quantitativas, mesmo que os trabalhos
36,4% (n=4); seguida por estudos com 10 a 40
na área priorizem poucos participantes (menos de
participantes, em 27,3% (n=3); estudos com mais
10) ou sujeito único.
de 100 participantes, com 18,2% (n=2); e por fim
Das intervenções propostas, 72,7% (n=8)
estudos entre 50 e 100, com 18,2% (n=2). A confi-
foram realizadas por profissionais especializados e
guração dos estudos com musicoterapia e crianças
com formação em musicoterapia, embora 27,3%
tem demonstrado a preferência por amostras me-
(n=3) dos estudos não informassem se o trabalho
nores, possibilitando um olhar mais atento a possí-
foi realizado por um musicoterapeuta, demostran-
veis mudanças por meio da intervenção proposta.
do a importância da formação e da correta aplica-
Também pode ser considerado o fato de este tipo
ção dos conceitos para o sucesso das intervenções.
de intervenção ser uma proposta de tratamento al-
No que concerne ao tempo de tratamento,
ternativo para contextos diversos.
houve a prevalência de 33,3% (n= 5) em estudos
Nos trabalhos encontrados, houve predo-
minância de intervenções com crianças diagnosti- com duração de até 3 meses. Em seguida, inter-

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venções de 3 a 6 meses, em 20,0% (n=3) dos estu- a capacidade de reprodução rítmica e melódica.
dos, intervenções de 12 ou mais meses em 13,3% Exemplificando essas atividades, podemos encon-
(n=2), intervenções de 6 a 9 meses (n=1) e de 9 a trar o canto de músicas de saudação e despedida,
12 meses (n=1) em 6,7% dos estudos. Entretanto, percepção e reprodução de ritmos demonstrados
em 3 dos artigos não constavam informações so- pelo musicoterapeuta. Esses procedimentos, em
bre o tempo de intervenção. sua maioria, eram realizados pela apresentação de
Somando-se ao tempo da intervenção, no canções (gravadas ou cantadas ao vivo) (Lanovaz
que concerne ao número de sessões utilizadas nos et al., 2011; Wan et al., 2011).
estudos, foram majoritariamente 20 ou mais ses- Em contrapartida, 45,5% dos estudos
sões, em 26,7% deles (n=4); seguido por de 1 a 4 combinavam o procedimento com atividades pre-
sessões, em 20,0% (n=3); 5 a 9 sessões, em 13,3% viamente estruturadas e programadas com ativida-
(n=2); e um estudo que utilizou de 10 a 14 sessões. des de improvisação, que objetivavam avaliar a cria-
Entretanto 33,3% dos estudos (n=5) não informa- tividade, o relacionamento da criança com a música
vam o número de sessões utilizadas para aplicar as e os instrumentos musicais, o conhecimento prévio
intervenções programadas. de ritmos e canções. Essas atividades eram acompa-
Pode-se constatar a predominância de in- nhadas pela introdução de objetos e instrumentos
tervenções na modalidade individual em 36,4% musicais às crianças ou era exigida expressão em
dos estudos (n=4) e também, em 36,4% (n=4), a canto ou contando histórias, quando o objetivo era
aplicação das intervenções nas díades formadas avaliar o efeito da voz da mãe nos recém-nascidos.
entre mãe-bebê (em 3 estudos) e um estudo in- Pode-se exemplificar essas atividades com a ativida-
terventivo na díade mãe-criança. Além disso, foi de de disposição dos instrumentos na sala e a possi-
possível identificar estudos que utilizaram a mo- bilidade de as crianças escolherem os instrumentos,
dalidade combinada, em que ocorreria atendimen- além da atividade de contar de histórias com fanto-
to de forma individual à criança e aos familiares, ches (Geretsegger et al., 2012; Mariano & Fiamen-
sendo 18,2% dos estudos (n=2), e um estudo que ghi Jr, 2011; Vaiouli et al., 2015).
combinava o atendimento à criança e aos profes- Alguns desses estudos utilizaram a técnica
sores, sendo 9,0%. As formas de intervenção in- de musicoterapia improvisacional, bastante recorren-
dividual são as comumente utilizadas na psicolo- te na estimulação de crianças com autismo (Wigram
gia desde seus primórdios, entretanto observa-se & Gold, 2006, Thompson, Ferran e Gold, 2013). Na
atualmente a aquisição de uma forma de pensar musicoterapia improvisacional, o musicoterapeuta
a atuação, direcionado os objetivos das interven- espelha, sustenta, reforça, provoca ou complemen-
ções nas relações, sendo centrada na família, nas ta a expressão sonora da criança, sempre visando a
pessoas do convívio do cliente (Dunst & Trivette, envolvê-la no fazer musical coativo e estabelecer con-
2009), principalmente quando o foco é no desen- tato e comunicação (Ghetsegger et al., 2012).
volvimento de habilidades sociais e na melhora da Há pesquisas comprovando a eficácia da
interação entre criança e cuidadores (Thompson utilização da improvisação musical como recurso
et al., 2013). terapêutico para crianças com autismo e a maioria
Em relação ao tipo de intervenção realiza- delas ressalta melhoras na comunicação e na aten-
da, pode-se classificar em três possíveis formas de ção social das crianças estudadas (Gattino et al.,
atuação, em que a atividade era totalmente estru- 2012; Kim, Wigram e Gold, 2009).
turada, sendo necessário cumprir etapas do proce- A fim de obter os dados, 36,8% dos traba-
dimento e as avaliações seriam feitas pela realiza- lhos utilizaram a observação dos comportamentos
ção ou não da atividade proposta. Nessa categoria das crianças e dos cuidadores, da interação entre
foram enquadrados 45,5% dos estudos (n=5). criança e musicoterapeuta e da interação entre
Nesses procedimentos, os principais critérios de cuidador e bebê como técnica de coleta. 31,6%
aprendizagem observados eram memória, aten- dos trabalhos obtiveram seus dados por meio de
ção, capacidade de receber e reproduzir ordens e escalas, inventários que objetivavam principal-

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mente confirmar certos diagnósticos (como o tempo em que delimita sua especificidade enquanto
do autismo, utilizando a Childhood autism rating profissão. Nesse sentido, apresenta-se como um es-
scale - CARS), verificar a presença de sintomas de paço profícuo aos pesquisadores, permitindo traba-
psicopatologias (como depressão ou estresse) e lhos de cunho conceitual e teórico-metodológico.
qualificar a relação entre pais e filhos (como o The Como limitação deste estudo, o curto pe-
Social Responsiveness Scale - SRS-PS) (Thomp- ríodo de abrangência (estudos dos últimos 5 anos)
son, Mcferran & Gold, 2013; Wan et al., 2011). apresentou-se insuficiente, contribuindo para a
Além disso, em 21,0% dos estudos foi uti- baixa expressividade de estudos na área. Além
lizada a entrevista como técnica de coleta e tam- disso, a busca foi realizada em apenas duas bases
bém 10,5% com avaliação de sinais vitais, desti- de dados, o que também minimiza o volume de
nados especificamente a bebês. Vale ressaltar que trabalhos obtidos. Portanto, sugere-se uma revisão
dos 11 estudos, somente 45,5% (n=5) utilizaram a com período maior de abrangência e que inclua
combinação de técnicas de coleta dos dados obti- outras bases de dados, possibilitando o acesso e
dos das pesquisas analisadas nessa revisão. a análise de um número maior de artigos sobre a
As intervenções foram analisadas seguindo temática. Acrescida a isso, a análise dos estudos
como critério a melhora do paciente em diversos indicou a falta de informações importantes refe-
aspectos, divididos aqui em sociais, psicológicos rentes à quantidade de sessões ou ao tempo total
e comportamentais. Considera-se como aspectos de intervenção, aspectos procedimentais sumários
sociais a melhora da interação que as crianças es- para a maior clareza da eficácia deste tipo de inter-
tabeleciam com os pais, professores ou a melhora venção, dificultando inclusive a replicabilidade e a
da interação entre a díade cuidador-criança. Como comparação com outras modalidades terapêuticas.
aspecto psicológico, considera-se como melhora a Estudos futuros com maior controle ex-
diminuição ou o desaparecimento de sintomas de perimental e que possibilitem explorar e estratificar
psicopatologias, diminuição da sensação de dor, au- outras variáveis envolvidas na eficácia das interven-
mento de sentimentos positivos pela criança. Por ções e que englobem maior número de participan-
fim, entende-se, neste trabalho de revisão, a melho- tes poderão enriquecer ainda mais a dimensão da
ra em aspectos comportamentais aquelas em habili- eficácia e também fomentar metanálises capazes de
dades sociais, melhora ou a aquisição de linguagem, aumentar a robustez das conclusões.
habilidade de vocalizar palavras conhecidas ou não, No que se refere aos efeitos das interven-
o comportamento de permitir a realização de pro- ções realizadas, pôde-se verificar a aplicabilidade
cedimentos invasivos quando se trata de crianças dos conceitos da musicoterapia à aprendizagem de
hospitalizadas, e o aumento do comportamento de habilidades musicais, como reprodução de ritmo,
sucção por bebês prematuros. melodia, identificar e tocar diferentes instrumen-
Houve prevalência de ganhos no aspecto tos, improvisação, entre outras. Além dessas ha-
comportamental em 50,0% dos estudos (n=10), bilidades, as crianças participantes das atividades,
para 25,0% de melhora em aspectos psicológicos estruturadas ou não, apresentavam ganhos em
(n=5) e 20,0% de melhora em aspectos sociais atenção, memória e criatividade.
(n=4), sendo que apenas em um artigo não consta- A improvisação e outras atividades musi-
va a informação sobre melhoria após a intervenção cais, além de impulsionarem a criatividade das crian-
realizada. Importante ressaltar que dos 11 artigos ças observadas, também possibilitaram o desenvol-
trabalhados, 3 garantiram melhoras nos aspectos vimento de habilidades sociais e de comunicação.
social, psicológico e comportamental. Além dessas habilidades, pode-se perce-
ber a aplicabilidade da musicoterapia como recur-
Considerações finais so terapêutico, atuando em aspectos tidos como
A musicoterapia, embora estabeleça rela- psicológicos, como a minimização dos efeitos dos
ções intrínsecas com outras áreas, busca se estru- sintomas de psicopatologias, diminuição da dor e
turar num referencial teórico próprio, ao mesmo melhor aceitação aos procedimentos mais invasi-

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Musicoterapia como estratégia de intervenção psicológica com crianças: uma revisão da literatura 236

vos. Portanto pode-se notificar a aplicabilidade e a Científica/FAP, 3, 85-97.


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Recebido em: 08/07/2016

Aceito em: 02/08/2017

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