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Idade Media 1
Idade Media 1
Durante a Baixa Idade Média, que teve início depois do ano 1000, verifica-se na
Europa um crescimento demográfico muito acentuado e um renascimento do comércio, à
medida que inovações técnicas e agrícolas permitem uma maior produtividade de solos
e colheitas. É durante este período que se iniciam e consolidam as duas estruturas
sociais que dominam a Europa até ao Renascimento: o senhorialismo – a organização
de camponeses em aldeias que pagam renda e prestam vassalagem a um nobre – e o
feudalismo — uma estrutura política em que cavaleiros e outros nobres de estatuto
inferior prestam serviço militar aos seus senhores, recebendo como compensação uma
propriedade senhorial e o direito a cobrar impostos em determinado território. As
Cruzadas, anunciadas pela primeira vez em 1095, representam a tentativa da
cristandade em recuperar dos muçulmanos o domínio sobre a Terra Santa, tendo
chegado a estabelecer alguns estados cristãos no Médio Oriente. A vida cultural foi
dominada pela escolástica, uma filosofia que procurou unir a fé à razão, e pela
fundação das primeiras universidades. A obra de Tomás de Aquino, a pintura de
Giotto, a poesia de Dante e Chaucer, as viagens de Marco Polo e a edificação das
imponentes catedrais góticas estão entre as mais destacadas façanhas deste período.
Os dois últimos séculos da Baixa Idade Média ficaram marcados por várias guerras,
adversidades e catástrofes. A população foi dizimada por sucessivas carestias e
pestes; só a peste negra foi responsável pela morte de um terço da população
europeia entre 1347 e 1350. O Grande Cisma do Ocidente no seio da Igreja teve
consequências profundas na sociedade e foi um dos fatores que estiveram na origem
de inúmeras guerras entre estados. Assistiu-se também a diversas guerras civis e
revoltas populares dentro dos próprios reinos. O progresso cultural e tecnológico
transformou por completo a sociedade europeia, concluindo a Idade Média e dando
início à Idade Moderna.
Desde o Renascimento a Idade Média tem sido repetidamente condenada como uma era de
obscurantismo, tirania, violência, declínio econômico, degeneração moral e confusão
política. A partir do Romantismo, no século XIX, o período passou a ser reavaliado
e muitos dos seus aspectos têm sido revalorizados, mas nem sempre com um juízo
crítico imparcial e objetivo, persistindo muitos dos estereótipos e preconceitos
que caracterizaram a historiografia ao longo dos séculos precedentes, e que ainda
definem em larga medida a visão sobre a Idade Média na cultura popular. Leituras
distorcidas e falseadas de seus valores, costumes e tradições também têm sido
usadas para legitimar ideologias messiânicas, pseudocientíficas, reacionárias e
extremistas de natureza política, étnica, religiosa, social e cultural. Apesar
dessas distorções, os assuntos medievais têm atraído uma legião de simpatizantes
entre o público leigo, têm dado inspiração para romances, filmes, documentários e
outras produções, o acervo de arte e arquitetura medieval se tornou uma importante
atração turística em muitos países, e o tema já produziu uma vasta bibliografia
acadêmica, que não cessa de crescer.