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21/09/2018 A TRAVESSIA

ESPECIAIS

Às 10h do dia 2 de novembro de 2011, feriado de Finados, Daurélio Braga da Cunha, então
com 53 anos, e dois filhos, Ataídes, 28, e Leonardo, 14, entraram em um barco em Itapuã,
Viamão, e seguiram em direção a Palmares do Sul. Era uma viagem habitual para o
pescador, que, desde a infância, conhece os traiçoeiros bancos de areia da Lagoa dos
Patos. Perto das 15h, entre os pontais da Deserta e do Anastácio, a embarcação bateu em
um obstáculo na água. O casco de madeira se rompeu, e o barco começou a afundar. Era
o início de 15 horas de angústia para pai e filhos, que ficaram à deriva. Só foram
resgatados na manhã seguinte porque, antes de o celular submergir nas águas
barrentas, Ataídes fez um rápido telefonema para a mulher, passando as coordenadas do
GPS do local do naufrágio.

— Estávamos juntos. Um passava confiança para o outro — lembra Daurélio, que mora na
margem do Riacho Palmares. A traição da lagoa faz o pescador admirar ainda mais a
história que todo estudante do município do Litoral Norte decora desde os primeiros
anos na escola. Próximo do local onde Daurélio e os filhos lutaram por sobrevivência, o
corsário italiano Giuseppe Garibaldi começara, em 1839, a despistar a frota imperial no
seu encalço desde a saída dos barcos Seival e Farroupilha de Camaquã. — Foi uma
proeza. Hoje, temos GPS, mas, na época, tinha de subir no mastro do barco para ver onde
era possível passar. Foi muito corajoso — elogia Daurélio.
http://especiais.zh.clicrbs.com.br/especiais/seival-garibaldi/?_ga=2.225537946.1065407492.1505057500-1313005176.1497552181 1/1

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