Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Catarina
Náufragos &
Conquistadores
Tero
“De tudo muito abundante, a
terra é mais do que boa, quem
disser o contrário mente”.
(Francisco Dias Velho, 1682)
Histórias de S. Catarina
Náufragos
&
Conquistadores
1.Histórias em quadrinhos
2.Santa catarina – História, 1516–1542.
3.Brasil – História
Apresentação
E sta obra reúne cinco histórias ocorridas entre 1516 e 1542 em Santa Catarina, na Ilha e
arredores, ou ligadas a essa região. Nessa época remota, S. Catarina era principalmente,
a Ilha e estreita faixa litorânea, de Laguna a São Francisco. Ponto de parada obrigatório para
navios que demandavam a região do Prata, para abastecimento de água e alimentos frescos, a
Ilha foi cenário de elevado número de naufrágios. As aventuras e desventuras dos náufragos
encontram-se registradas em livros de bordo dos navios que por aqui passaram. Alguns dos
visitantes também deixaram registros pessoais de sua passagem por essas terras, como Alvar
Nuñes Cabeça de Vaca, Governador do Paraguai que esteve na Ilha em 1541 e Hans Staden,
alemão, artilheiro de um navio da expedição de Diego Sanábria, em 1549. Esses livros, e outros
que constam da bibliografia apresentada na última página deste trabalho, foram fonte das
informações históricas nele contidas.
7
U ma simples frase como : “ A
nau alçou velas e seguiu rumo
ao Prata”, para ser ilustrada, exige o
conhecimento particular da forma de uma
Nau, que não é, como pensam alguns,
apenas sinônimo de navio, mas um
tipo específico de embarcação. De modo
semelhante, trajes, armas e utensílios devem
ser cuidadosamente pesquisados para
retratarem de modo fidedigno a época na
qual os eventos transcorrem. Na bibliografia
listamos também as obras ilustradas
sobre história que nos deram subsídios
iconográficos. Alguns dos personagens
citados têm sua figura representada em
ilustrações antigas, como Cabeça de Vaca,
Sebastião Caboto, Martim Afonso e os reis
portugueses, servindo como boas referências
para o ilustrador. De outros, porém, nada
se sabe, como é o caso de Aleixo Garcia e
seus companheiro, capitães e tripulantes
de navios visitantes. Nesses casos, a
criatividade do desenhista deve resolver o
problema.
8
indivíduos desse grupo Guarani, estão
em livros publicados por visitantes
europeus, como Hans Staden. Nesses
livros os indígenas brasileiros,
assemelham-se mais a europeus nus,
com adereços de penas, do que com o
tipo físico dos ameríndios.
9
Uma caravela espanhola A SAGA DE ALEIXO GARCIA
naufraga em meio à
tempestade ao procurar
abrigo em um ponto da Rápido!
costa Sul do Brasil. O navio não vai
agüentar muito
tempo!
11
Em nome de Deus e da Entre 270 e 280 de latitude Sul
Santa Virgem! Aonde encontra-se a ilha chamada Juru -
nós viemos parar? Miry por seus primitivos habitantes,
os Kariyó (Carijó).
A história preservou
apenas os nomes
de nove deles: Aleixo
Garcia, Henrique
Montes (um jovem
de dezoito anos),
Francisco Pacheco
(mulato), e Gonçalo
Costa, estes,
portugueses a serviço
de Castela; e os
espanhóis: Melchior
Ramirez, Francisco
Fernandez, Francisco
Chavez, Duarte Perez e
Aleixo Ledesma.
Alerta
companheiros!
Selvagens
armados!
13
Trazendo ainda na Atenção, não reajam! Eles
memória a terrível são muitos, e se quisessem,
cena da morte já teriam nos atingido com
de Solís e seus suas flechas!
companheiros,
assados e devorados
pelos Charrua,
Os marinheiros
alarmam-se com
a visão do grupo
selvagem armado,
com atitude
ameaçadora,
parecendo dispostos
para o ataque.
Muita calma agora, Logo alguns dos
eles baixaram nativos deixam o
as armas!
bando e aproximam-se,
falando e gesticulando
animadamente.
Vencidos os momentos
iniciais de alarme e
susto, os europeus
percebem na atitude
dos nativos curiosidade
e receio, mais do que
ameaça.
14
Os náufragos foram bem recebidos
pelos nativos, os Carijó. Componentes
do grupo Tupi-Guarani, à época
habitavam todo o litoral catarinense,
bem como a Ilha. Viviam em cabanas de
pau-a-pique, cobertas com palha ou
casca de árvores, cercadas por fileiras
de troncos, formando uma paliçada.
Produziam aguardente de
mandioca e licor de caju,
utilizados em festas, quando
se adornavam com coloridas
penas de aves, praticando
suas danças e rituais
religiosos.
15
O algodão fiado servia também para o fabrico
de redes, essenciais em seu modo de vida. As mulheres
Fabricavam também instrumentos de pedras usavam colares
e madeira, vasilhames de cerâmica, cestos de ossos e
de palha e bambu, e todos os apetrechos conchas, com
necessários para caça e pesca. adereços
coloridos nos
cabelos.
Os homens
usavam os
cabelos soltos,
adornados às
vezes com
coroas de penas.
Sabiam retirar o
veneno da mandioca
brava, deixando-a
de molho por alguns
dias, prensando-a
depois através de
uma peneira,
sendo então
disposta
para secar.
O futuro de Portugal
está no comércio com
as Índias, não em uma
terra cheia de florestas e Limitavam-se a extrair das
selvagens nus. matas o pau-brasil, sem
estabelecer povoações fixas.
Era sua missão combater o contrabando de pau-brasil, praticado pelos franceses.
A primeira povoação
brasileira só foi fundada em Este é um momento
histórico, aqui tem
1532 por Martim Afonso de início a colonização
Souza: São Vicente. do Brasil!
Será Os indígenas
possível?... sul-americanos
“El Dorado”? contavam a história
do “El Dorado”, rei
poderoso e rico, o
qual, numa cerimônia
anual, cobria seu
corpo com ouro em
pó e depois banhava-
se nas águas de um
lago sagrado.
18
Aleixo Garcia reúne seus companheiros e expõe seus Mas como? Somos
planos: uma expedição em busca do “El Dorado”! Isso é poucos, não temos mais
loucura! munição para as pistolas e
arcabuzes, estás louco!
Essa é a nossa
oportunidade! Acharemos
ouro, prata e nos
tornaremos ricos senhores,
com a graça de El Rey!
É verdade, eu já viajei
até lá. Nossos parentes já
lutaram com aquele povo e
conseguiram muita riqueza de
suas aldeias de pedra. Lá chegando,
podemos recrutar guerreiros
guarani e saquear o que for
possível! Vamos ficar ricos!
19
Cinco dos seus companheiros concordam Vamos
em participar da aventura. todos virar
Eu concordo Fidalgos! Podem
Aleixo está com Garcia! contar comigo!
certo!
Companheiros, é
a nossa grande
oportunidade!
Quando
tivermos sucesso
mandaremos
notícias.
Boa
sorte!
20
Da praia de Barra Velha, seguiram até O Peabiru era uma longa trilha ligando o
Corupá, tomando a antiga trilha do “Peabiru”. Atlântico aos Andes, cruzando o Brasil,
Paraguai, Bolívia e Peru. Tinha pouco menos
de dois metros de largura e era coberto por
gramíneas em longos trechos.
Começam a ouvir um
contínuo ruído, que os
deixa apreensivos.
O Grupo sobe o rio Paraguai até próximo da Em seu trajeto, o grupo foi crescendo com adeptos
atual Corumbá, dali rumando para oeste. das aldeias guaranis e seus aliados (Mbayaes,
Chanés, etc.)
23
OS INCAS Na época, a palavra “Inca” Em sua língua, o país era
No início do século XVI, no era o título dado ao chamado Tahuantisuyu
Imperador e aos nobres, País das quatro paredes, e
qual transcorre nossa história, os significando “chefe”. o Imperador governava da
povos habitantes da região ocupada capital, Cuzco.
pela cordilheira dos Andes viviam há
vários séculos sob dominação do
Império Inca, que se estendia desde o
Equador até a Argentina.
25
Na Bolívia, os guerreiros Encontraram resistência em A notícia da invasão logo alcançou
de Garcia atacaram várias Presto e Tarabuco. o governo central, que do Norte
povoações Incas. enviou um contingente de soldados
armados, comandados pelo general
Yasca.
Confrontado por forças superiores, Aleixo comanda então a retirada de seus guerreiros.
Vamos recuar,
estamos em AAHH!
desvantagem! ë o fim
para
mim!
Garcia é um grande
chefe, lutou muito
bem!
Vão em paz,
amigos, vocês
são grandes
guerreiros!
Entre os sobreviventes do ataque estava O pequeno grupo Carijó consegue voltar ao litoral
Francisco Pacheco, e uns poucos Carijó. catarinense, trazendo objetos de ouro e prata.
27
Existem relatos também da passagem de Francisco Chaves e um menino, filho de Garcia teriam
Aleixo Ledesma por território argentino, também sobrevivido à emboscada.
carregando despojos.
O menino ficou com seus parentes guarani Anos mais tarde, em São Vicente, contava
da região, enquanto Chaves alcançou o litoral histórias sobre ouro e prata existentes nos
paulista em 1526. Andes e conseguiu convencer Martim Afonso
a financiar uma expedição em busca de tais
riquezas.
29
Agradecemos Nós viemos na O navio deixa o local onde estava, chamado
por nos receber expedição de João “Porto de Don Rodrigo”, em homenagem ao
capitão. Eu sou Dias de Solís.
capitão e ruma para o “Porto de Patos”.
Melchior Ramirez
e meu amigo é Nossa caravela
Henrique Montes. naufragou na
viagem de volta.
Diferentes autores localizam o Porto de Por intermédio dos náufragos, os Carijó concordam
Don Rodrigo em locais diversos: Pântano em abastecer o navio.
do Sul, Pinheira e Garopaba.
30
Sabendo da existência de crianças, filhas Montes e Ramirez contam ao capitão a aventura de
dos náufragos com mulheres Carijó, D. Aleixo Garcia
Rodrigo envia à terra o capelão do navio
para batizá-los.
Apenas Francisco
Pacheco voltou, trazendo
objetos de ouro e prata.
O Barco
afundou!
Ajudem!
Socorro,
não sei
nadar!
O Contramestre,
Sebastián
de Vilareal
decide ficar em
terra, com 8
companheiros,
preferindo viver
com os Carijó, ... e ninguém sabe por
a enfrentar as quais perigos esse navio
incertezas do mar. ainda vai passar!
No navio, o capitão manda rezar Alguns dos tripulantes queriam se amotinar.
uma missa com os tripulantes
restantes.
Vamos matar o
capitão e ficar em terra,
com o Contramestre!
Todos devem
jurar lealdade ao Francisco, convença
rei e permanecer os descontentes,
a bordo. faça-os respeitarem
o juramento.
32
Procure fazê-los Francisco D’Avila. Dirige-se aos líderes Miguel Ginovéz, Morelo e
voltar à razão, afinal, Castrillo .
todos estão a
serviço do rei da
Espanha!
Motim é um crime
muito grave! Vocês serão
pendurados na verga do
primeiro navio que os
encontrar!
33
A EXPEDIÇÃO DE Era comandada pelo veneziano Sebastião
SEBASTIÃO CABOTO Caboto, Piloto Mor da Espanha.
Vamos procurar um bom
porto, com boa água
e madeira para
construir um batel.
Montes conta a
aventura de Aleixo
Garcia, estimulando
a cobiça dos
... e eles se apoderaram espanhóis.
de muito ouro e prata!
Estive há algum
Se entrarem pelo rio de Solís,
tempo no Rio de Solís, Lá existem
(O Prata) podem alcançar outro
como intérprete para uma
grande rio (Paraná), e por ele
Armada portuguesa.
riquezas fabulosas:
chegar a uma terra onde poderão uma serra toda
encher os navios de ouro e prata. Ele se refere à expedição de Cristóvão
Jacques de 1522. de prata.
35
Orientado pelos náufragos, Caboto entra Ao dobrar uma ponta de terra para entrar na boca
pela barra Sul, até a boca do “rio dos Patos” do rio que formava o porto Ocorre o inesperado.
(Massiambú?). Era 28 de outubro.
Cuidado,
vai
bater!
36
As duas naus remanescentes entram em uma Existem indícios de que este ancoradouro era
enseada da Ilha, que foi chamado “Porto da Galera”. localizado na Tapera do Ribeirão.
37
Em novembro daquele ano, na capela
de madeira foi rezada a primeira missa
em terras catarinenses. A capela não tinha espaço suficiente
para abrigar os tripulantes das três
naus e os curiosos Carijó.
Caboto manda prender Rojas por Henrique Montes e Melchior Não há referências a Francisco
insubordinação e segue com seus Ramirez entraram no navio Pacheco, provavelmente ausente
planos. Em 7 de fevereiro a galera com suas famílias, além de nessa ocasião.
e o batel estavam prontos. desertores do San Gabriel.
39
Caboto mandou um barco buscar três Eram eles Francisco de Rojas, o capitão que se insurgira
dos seus oficiais, presos por sua contra Caboto; o piloto Miguel de Rodas, responsável pelo
ordem no outro navio. naufrágio da Capitânia e o tenente Martin Mendéz.
O Sr. Comandante
requer vossas
presenças.
Para surpresa dos prisioneiros, o barco dirigiu-se para
a praia, desterrando-os junto aos Carijó com seus
pertences, barris de bolachas, vinho, armas e pólvora.
Isso é uma
afronta ! O sr.
Caboto há de
pagar caro!
Eles vão
receber o que
Fique de olho
merecem! nesses rebeldes, Na
volta eu passo aqui
para levá-los.
No dia 15
de fevereiro
seguiu então
a expedição
para o Rio
de Solís:
duas naus,
uma galera
chamada
“Santa
Catalina”
alçaram velas
e rumaram
para o Sul.
40
Três anos depois a expedição de Tinham vivido muitas aventuras Muitos foram os confrontos
Caboto retorna à Ilha de Santa no “Rio de la Plata”. Percorreram com nativos da região,
Catarina. rios, construíram fortes em resultante na morte de vários
suas margens, sempre em busca europeus.
das minas de prata.
Seu retorno ocorreu no início de 1530. No Porto de Patos encontraram Durango, o qual relata o
ocorrido com os degredados.
Os três não
estão mais
aqui!
Por algum tempo viveram no continente. Certo dia, Martim Mendéz e Miguel de Rodas
desentenderam-se com Francisco Rojas e decidiram cruzar a baia e voltar para a Ilha. 41
Juntaram seus pertences e uma noite decidiram cruzar a
baia na companhia de três índios.
Explorando a região do Prata, Martim afonso mede No regresso, passam pelo Porto de Patos, onde recolhem
latitudes e longitudes, concluindo, desapontado, alguns náufragos castelhanos. Em 20 de janeiro de 1532
estar fora dos domínios portugueses. instalam-se em São Vicente.
Estamos
além da
linha de
Tordesilhas.
Em 1534 D.João III de Portugal dividiu o Brasil em faixas Martim Afonso recebeu a capitania de São Vicente e
de terras chamadas capitanias. seu Irmão, Pero Lopes de Souza ficou com as terras
Precisamos correspondentes ao litoral catarinense .
assegurar
nosso domínio
sobre as terras
do Brasil.
44
Por essa época, a Espanha reuniu uma A esquadra parte de Sanlúcar de Barrameda em 24 de
poderosa frota de 15 naus e 1500 homens, agosto de 1535. Seu objetivo: iniciar a colonização
sob o comando de D. Pedro de das terras banhadas pelo Rio da Prata.
Mendoza.
Desta vez El
Dorado não há de
nos escapar!
45
Mas os espanhóis não
foram bem recebidos.
Em contínuos
confrontos, os índios
acabaram cercando o
povoado por terra. Um
muro de terra batida
circundava casebres
cobertos de palha.
A vigilância era
constante para impedir
ataques indígenas.
Impedidos de
entrar na mata
em busca de
alimentos,
os espanhóis
enfrentam
fome e doença.
O capitão Gonçalo Mendoza foi Vinha com ele Gonçalo Costa, como intérprete, para
enviado então com a nau Santa auxiliar no contato com os Carijó.
Sorte nossa
Catalina ao Porto de Patos, em os Carijó serem
busca de provisões. amistosos. Se
fossem como
Os índios da Ilha os Charrua,
sempre nos trataram estaríamos
com amizade, suas perdidos!
roças de mandioca
e milho serão nossa
salvação Em poucos dias
estaremos de volta,
meu comandante! Os pacíficos Carijó aceitam comerciar com os espanhóis.
Trouxemos muitos
presentes: facas,
machados, anzóis e
outras coisas bonitas.
O Navio regressa carregado de mantimentos, levando
também alguns náufragos remanescentes da região.
46
O assédio dos índios ao povoado de Buenos Aires Doenças e fome causavam tantas mortes quanto as
tornou a situação de seus defensores cada vez setas dos indígenas.
mais crítica.
Após muitas lutas e mortes o povoado foi abandonado aos cuidados de pequeno grupo de
homens, enquanto Pedro de Mendoza subia o rio Paraná com seus comandados.
47
Em agosto de 1537
Juan Salazar de
Espinoza funda
no rio Paraguai o
Puerto de Nuestra
Señora de la
Asunción, atual
Assunção, capital
do Paraguai.
Nesse povoado ficam os espanhóis trazidos da Ilha de Santa Catarina com suas famílias.
O Comandante Geral, Pedro de Mendoza morre na viajem, sendo seu corpo lançado ao mar.
Mendoza, doente, retorna à Espanha
com duas naus e 150 homens, com um
pedido de socorro. Gonçalo Costa o
acompanha.
Eu tenho
certeza que sua
missão entre os
nativos da Ilha terá
sucesso.
48
A nau Marañona
é arrastada por
tempestades e
procura abrigo no
porto da Ilha de
S. Catarina. Seus
200 tripulantes
desembarcam para
os necessários
reparos.
Se eu não
assumir como
Adelantado, El Rey me
concederá o usufruto
desta ilha por 12 anos!
Depois de muitos
contratempos,
Alvar e quatro
companheiros
remanescentes
acabaram por
alcançar o México,
de onde ele
retorna à
Espanha em 1537.
50
O português Gonçalo Costa
vinha novamente, agora como
capitão de uma das naus, Piloto Em 18 de abril, ignorando o rei de Portugal, Cabeça de
Mor e intérprete do Adelantado. Vaca toma posse da Ilha, formalmente,
Em nome de
El Rey da
Espanha.
51
Surge então um antigo habitante da Ilha, Durango,
desertor do galeão San Gabriel. Ele conta a Alvar a aventura de Aleixo Garcia.
D. Alvar, um ... E ele foi por terra até o E daqueles que foram
morador desta povo do El Dorado e lá se com Garcia, existe
apossou de muito
terra solicita ouro e prata! ainda algum nesta
região, que possa
uma audiência.
ensinar o caminho?
52
Cerca de três meses depois, por razões desconhecidas, Não existe certeza quanto a localização desse
o comandante decide mudar-se para o continente porto, se na baia de São José, ou da Palhoça.
fronteiro à Ilha, em local batizado com o nome de
“Puerto de Vera”.
Quero todos
preparados,
mudaremos
amanhã.
Tudo estará
pronto, senhor.
Os barcos, que enfrentaram com sucesso a Os outros dois navios recolhem os tripulantes das
travessia do Atlântico, afundam com toda sua caravelas afundadas. Todos são salvos.
carga na Baia Sul.
53
Gonçalo Costa reclama da mudança, O auxílio dos Carijó na construção do Gonçalo era também responsável
pois ficaram distantes das aldeias
novo acampamento era prestado de pelo abastecimento. Percorria as
Carijó que os abasteciam.
má vontade, pois eles não estavam aldeias indígenas para comprar
Sr. Governador, habituados a esse tipo de trabalho. mantimentos.
precisamos
presentear
os índios para
obter
sua ajuda.
Verifique o que
podemos dispor,
capitão. Essa será sua
responsabilidade.
Em maio, antes da mudança, chegara um batel com 9 fugitivos de A colônia é um O povo morre de
Buenos Aires. verdadeiro doença e fome, e os
inferno! selvagens cercaram
o povoado!
54
15 soldados e 5 índios (três carregadores e dois guias) comandados por Pedro de Orantes,
seguiram para o Norte. Missão: encontrar o caminho seguido por Aleixo Garcia.
55
Era 18 de outubro de 1541 quando uma das naus saiu do Porto Vera com destino à foz do
rio Itapocu levando a expedição. Os espanhóis deixaram vários presentes para os nativos em
agradecimento por sua ajuda.
56
O grupo levado por Alvar parte da praia de Barra
Velha em 2 de novembro, Gonçalo Costa entre eles.
Enfrentam calor, mosquitos, Os contratempos tornam a
serpentes venenosas e feras viagem difícil e lenta.
selvagens.
Se me contassem,
eu não acreditaria! Durou 130 dias a longa, cansativa e perigosa
viagem, deixando 3 mortos no caminho. Em 11 de
março de 1542 chegam finalmente a Asunción.
Tudo aconteceu
como está
descrito no livro!
57
As naus que seguiram para Buenos Aires, encontram-na deserta. Depois de vários
contratempos, chegam à Asunción em dezembro de 1542.
A fuga dos Carijó para o Os europeus não podiam Assim, existem histórias de terríveis
continente, tentando escapar mais contar com as roças de ocorrências de fome sofridas por
dos escravistas e seu receio de mandioca e milho dos nativos, expedições espanholas naufragadas
manter contato com os navios na região,
europeus que aportavam na nem com suas habilidades na
região criou problemas para os caça e pesca.
visitantes.
Onde estão
Um barco está esses amistosos
chegando! Fujam Carijó?
para a mata!
Somente em meados do
século XVII tem início a
ocupação da Ilha e arredores
por portugueses, em ações
que levarão à definitiva
colonização do litoral
catarinense. Mas, essas já
são outras histórias, e serão
contadas oportunamente, em
outras publicações.
58
BIBLIOGRAFIA
Porém, não seguiu carreira no campo das artes: graduou-se em Física e fez
mestrado em Físico-Química na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Lecionou em colégios da Capital e depois, por 26 anos, atuou no Departamento
de Física da UFSC. Aposentado, decidiu retomar seu antigo interesse, contando
histórias de Santa Catarina com a técnica da arte sequencial- “história em
quadrinhos”.
Além da presente obra, “Histórias de S. Catarina- Naufrágos e Conquistadores”,
publicou: “Jerônimo Coelho, Esboço Biográfico”, e dois volumes de “A Saga do
Contestado”. O terceiro e último volume dessa série aguarda publicação. Para o
futuro, tem definido um projeto de contar outras histórias de Santa Catarina,
abrangendo o período de meados do século XVI até início do século XX, utilizando
em todos a técnica do traço a nanquim (bico de pena) e cor em aquarela.