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Os portugueses.
INÊS DE CASTRO Através dos versos “a culpa que não tinha” e “A quem
pera perdê-la não fez erro”, Inês afirma ser inocente e
Trata-se do episódio de Inês de Castro- “caso triste, e dino refere-se aos filhos que ficarão órfãos de mãe.
de memória”- que aconteceu em Portugal, após D. Afonso
IV ter regressado da Batalha do Salado. Como alternativa à sua condenação à morte Inês sugere o
exílio, “Na Cítia fria ou lá na Líbia ardente”.
Este episódio na estrutura interna d’Os Lusíadas está
situado na Narração e no Plano da História de Portugal. Tal como uma relíquia é algo valioso, também os filhos o
são para os pais, pelo que Inês salienta o facto de D. Pedro
O poeta dirige-se ao “Amor”, porque este foi o causador ser o pai daquelas crianças, procurando desta forma
da morte de Inês de Castro; pelo que, embora seja “puro”, demover o rei da sua decisão.
também é cruel (“força crua”), “fero”, “áspero” e “tirano”.
D. Afonso IV sensibilizou-se e comoveu-se de tal forma
O verso “O nome que no peito escrito tinhas”- evidencia o com o discurso de Inês, que queria perdoá-la, todavia, o
amor entre D. Pedro e D. Inês de Castro. povo e o destino não o permitiram.
Inês de Castro vive “em sossego” nos “saudosos campos A apóstrofe “ó peitos carniceiros” evidencia a indignação
do Mondego”, partilhando com os “montes” e as do poeta perante a selvajaria dos algozes, assim como a
“ervinhas” o amor por D. Pedro e recordando os momentos interrogação “Feros vos amostrais e cavaleiros?” procura
que ali passou com o seu príncipe. salientar a repulsa por tal ato.
Expressões que prenunciam a tragédia iminente: Inês de Castro é comparada a Policena, que foi de igual
modo executada cruelmente.
“Naquele engano da alma, ledo e cego,/ Que a
fortuna não deixa durar muito” (estância 120); As apóstrofes à Natureza- “ó Sol”, “ó côncavos vales”- e a
“De noite, em doces sonhos que mentiam,/ De dia sua personificação- “que pudestes/ A voz extrema ouvir da
em pensamentos que voavam” (estância 121); boca fria”- conferem maior emotividade ao episódio
“Eram tudo memórias de alegria” (estância 121). relatado.
Há pessoas que vão despedir-se dos amigos e/ou familiares Ao longo do discurso de Adamastor (estância 43-48)
e outras que se encontram no porto apenas por curiosidade. recorre a formas verbais no futuro do indicativo e
conjuntivo:
Eles sentem-se “saudosos na vista e descontentes”, pois
têm a noção de que os seus entes queridos podem não Futuro do indicativo: terão, farei, acabará, etc…
regressar da viagem, daí “A desesperação e frio medo” de Futuro do conjuntivo: fizerem, fizer, abrandarem
os perder.
Adamastor prenuncia acontecimentos futuros, neste caso,
As apóstrofes, nas estâncias 90 e 91, “ó filho” e “ó doce e naufrágios e predições de toda a sorte que irão acontecer
amado esposo” correspondem, respetivamente, à mãe e à por sua causa.
esposa, estas simbolizam todas as outras aí presentes.
Manuel de Sousa Sepúlveda e a família sobrevirão a um
As interrogações que dirigem aos seus interlocutores naufrágio naquele local, indo dar a uma praia; todavia, os
evidenciam o sofrimento e a angústia da situação vivida, filhos morrerão à fome e a esposa será despedida pelos
procurando as “mães” e as “esposas” demover os seus nativos; posteriormente, o casal acabará por sucumbir
interlocutores de partirem. (morrer) na floresta.
A personificação dos montes- “Os montes de mais perto Vasco da Gama interpela Adamastor sobre a sua
respondiam,/ Quási movidos de alta piedade;”- e a identidade, cuja lembrança parece causar sofrimento ao
hipérbole das lágrimas- “A branca areia as lágrimas gigante.
banhavam,/ Que em multidão com elas se igualavam.”-
atestam a comoção da Natureza face ao sofrimento No início, Adamastor apresenta-se aterrador; enquanto que
presenciado. na estância 60 se afasta “cum medonho coro”, causado
pelo relato da sua triste história de amor não
Para evitar maior tormento ou, até que alguém desistisse correspondido.
da viagem, Vasco da Gama decide embarcar sem as
despedidas habituais. Quando o Adamastor desaparece Vasco da Gama ergue as
mãos ao céu, rogando a Deus que os desastres marítimos
ADAMASTOR profetizados pelo gigante não se concretizem.