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ENSAIO

SOBRE ,\S CO~STRUCÇÕES XA \'AES 1:\DIGENAS


\
DO BRASIL
>
t
o seu contexto parte da nossa lzistoria patria. Não o
1 De tudo quanto ha produzido o engenho do
homem, nada se compara em grandeza de con-
cepção e de execução com o navio, e por isso é
julgamos sem erros, nem lacu1tas; mas fizemos o que a Construcção Naval com justa razão considerada
podemos na occasiâo com os escassos elementos de uma de suas obras mais admiraveis e uteis por
que dispmz!tamos. qualquer face, que se encare o navio, grande ou
Que este ensaio m;reça a attellçâo do leitor, e pequeno, primitivo ou da actualidade, em relação
seja motivo para escrever-se obra completa sobre o ás suas épocas.
assumpto é o que em verdade mais almejamos. É eliâ. desde a sua origem uma industria
'• natural de todos os povos, que habitaram as costas
Rio de janeiro-1888.
e margens de lagos e rios, e inclispensavel por
causa da necessidade de proverem-se de alimentos,
e de transporte aos povos visinhos, por incen-
AXT0.:\10 ALVES CAMARA. tivo da troca de mercadorias, ou desejo das em-
prezas para além de seus horizontes, ou ainda
pelo ardor das luctas, tudo isto alterado pelas
circumstancias especiaes da localidade -força e
direcção dos ventos reinantes, profundidade do
mar, ou dos rios, presença de escolhos, distancias
a navegar~ caract<'r emfim, e índole dos povos,



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é ronceiro, é ar)lente o que chega-se bem de- physionomia mais particular e toda orio-inal con-
~ b '

pressa á linha do vento, se não cede com facili~ servanclo-se a tradição de suas épocas anteriores.
dade á impressão do vento é duro de borda, affo- Assim,, uma \ista marítima ela cidade da
ga-se na vaga se não fluctua com presteza pelo Bahia sem apresentar o forte de S. Marcello, um
empucho do mar, arfa como um cysne, tem esque~ ' panorama de qualquer das cidades, villas, ou po-
leto, ossada, bochechas, costado, é garboso, ele- voações sem um barco, uma lancha, ou uma ba-
gante, lindo, ou feio, e tantos outros epithetos leeira, ou canôa mesmo, não teria característico
muito conhecidos. valor local, e perderia todo o tom original, sua
Assim tambem a Inglaterra, prototypo de propria physionomia.
força naval, em sua linguagem faz excepção de O que é fóra de duvida é que o barco e seus
suas regras dando animalidade e sexo ao navio, congeneres são typos da navegação indígena da
considerando femea o do commercio, e macho o Bahia, e ,quemquer, que tivesse sob os olhos uma
de guerra man o.f war. paisagem marítima em que houvesse um barco
Não nos parece fóra de proposito o termo-nos navegando, ou fundeado, ou encalhado na praia,
estendido n'essas considerações e elevado até ao sem conhecei-a teria a certeza de estar observando
navio em geral, tratando de construcções indí- um panorama da província da Bahia, o que não
genas, e portanto pequenas ; porque esses typos acontece com outras embarcações, que pertencem
serviram para guiar o homem ao aperfeiçoamento a diversas províncias.
e factura dos grandes vasos, e speci1na ha que Da mesma sorte seria representar a cidade
navegaram, e f!Índa navegam grandes trechos da do Recife sem seu quebra-mar natural, e forte do
nossa costa, e alguns na Bahia representaram Picão com o pharol, e a jangada fóra, ou mesmo
papel bem importante nas luctas da Independencia, uma barcaça, ou canôa de embono; a do Rio sem
sendo que até foram armados com artilheria, e suas altiplanuras, quebradas e picos, ilhas, forta-
por isso considerados canhoneiras de guerra, e lezas, e sem a falúa, que nacionalisou-se, ou um
commandados por distinctos officiaes de nossa ~arco da roça, perú; a de Belem sem uma igarité
Armada. a margem do rio, ou uma montaria com o indo-
lente índio; a de Maceió sem seu coqueiral da
De todos os portos elo Brasil, os do rio Ama- Pajussara, pharol e uma jangada, ou barcaça.
zonas e o da Bahia são os que apresentam uma Bahia com seus 'barcos, lanchas, savetros, ba-

• •

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pletamente modiJcados e até esquecidos, como nos


parece já estar a origem de taes construcções; e Jangadas
assim fazendo procuramos concorrer com algnm
esfor~o para o conhecimento de uma parte de nossa ',
A jangada representa naturalmente um dos pri-
historia patria, e attrahir ?- attenção publica para meiros tentamens do homem para se arriscar sobre
um assumpto tão importante e curioso ainda des- o elemento aquôso; grande differença pois não deve
curado no Brasil ; pois no Museu Nacional, e até haver entre sua construcção no Brasil e nas outra5
no de Marinha, quasi nada ha do que é do nosso partes do mundo, onde ainda é empregada.
paiz, o que realmente deve causar estranhesa ao A origem da palavra ja1Zg·ada deve ser asia-
v1s1tante, que procural-os para estudos a res- tica, entretanto Paulino Nogueira em seu Voca-
1
peito, especialmente o de Marinha, que, em nossa bu/ario indígena em uso na provÍ1tcÍa do Ceará ( )
opinião devia possuir completa collecção ele todos apresenta diversas citações e argumentos discutindo
os typos, e com as suas variantes. essa asserção, e affirma ser ella oriunda do tupi
É, pois, com pezar nosso, que não tem esta 1ían-ig-âra, considerada essa embarcação do Ceará,
memoria o necessario desenvolvimento, nem re- do feitio e prestimo por elle descriptos, de que
presenta de uma maneira mais fiel, e em outra os Portuguezes por onomatopeia, e pela propria
escala, os typos figurados, e nem apparecem as natureza da ideia fizeram jangada.
linhas e planos particulares de cada um, e muito O que é fóra de duvida é que esse meio de
felizes nos julgaremos se algum dia o podermos transporte com páos unidos é conhecido da mais
fazer assim, ou que vejamos feita por outro com remota antiguidade; a fôrma e meios de locomoção
as precisas habilitações, que por certo não tem é que têm variado com as épocas e os povos.
o autor. Poderíamos apresentar trechos de obras an-
tigas com relação á existencia das jangadas ; vamos
apenas transcrever a estrophe LIV do Canto III
de Durão (2) referindo-se ao diluvio

D (!) Revista Trimensal do Ceará- Anno r_o 4.o Trimestre- r887.


e pg. 317 a 322 .
.,.. . (") Caramurú, de Sant" Rita Durão. z.• ed. Lisboa Imprensa
"'acwnal, r836, pg. 93 . '
\.

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uma. embarcação completamente primitiva, e sem


sobre os quaes as rolam, e levam a logar além apphcação alguma ela industria m~derna.
das mais altas marés. Seu preço varia ele 6o;p;oo a IOO$ooo com-
As jangadas, trabalhando constantemente• pletamente promptas.
duram um anno proximamente; não só porque D'ellas ha no Rio Vermelho e em Itapuan.
estragam-se no encalhe e desencalhe, como porque _üs. pes,cadores dos portos de Sant' Anna e
embebem muita agua, e enxarcam, perdendo a le- Manqmta n aquella localidade fazem uma romaria
vesa. Alguns usam de certa em certa época des- n'ellas, partindo de um para outro porto, co~
encavilhal-as, e pôr os páos em pé para seccar; musica
. . no mar, e se encontrando seguem a as-
porém nem sempre muito adiantam com esse sistir uma festa muito concorrida, que mandam
processo. celebrar
• em um dos domino-os<:::> do mez, cl e F eve-
Os cabos usados nas jangadas, tanto para reiro na capella ele Sant' Anna.
amuras e escotas como para amarras, são feitos Elias. têm merect·d o versos mais com relação
,
de embira vermelha, que é a casca de uma arvore a pesca~ta, em que se empregam, elo que com
do mesmo nome. referencta a si mesmas.
As linhas de pescana são feitas puramente
Rema, rem~ ja~gadeiro, (1)
de algodão, que clles colhem e fiam. q:IC ·' mare va1 de vasante;
Para resistirem á acção destruidora da agua do ~·~o ha n;nto, nem ha vt:las,
I r a parares um instante.
mar, mettem-as cm cosimento de entrecasco ele
aroeira, que o rcdusem á pasta pela acção do
calor. Empregam-as na pesca, e em seguida es- , d': construcção das jangadas no norte da Bahia
e t crente. Elias são formadas ele seis páos elo
ticam-as, c esfregam a referida pasta de maneira
:~smo nome unidos por compridas cavilhas ele ma-
a engaiar, ou cobrir a cocha elas linhas, c nesse
eira, tres ou nuatro..
·1 chamadas tonzos, que os
estado tornam-se ellas impermeavcis, com grande
atravessam.
resistencia, e poder de duração para os seus
Tem um b~nco á prôa, onde colloca-se 0
misteres.
Do que fica dito nota-se seguramente a falta umco, outro a meio, e outro á ré,
do emprego ele ferro c ele roldanas, e, a não ser ,f,,
o panno, que empregam, que é ele algodão; mas
t·taparica.
0
(')
acto,
0 .lha
scena I."
'
hr,lj'<ll<kllri, c r
IÍ"urach '
,
· ·
; 1 amo medtto de Agrario de Menezes
' cm rcnt•• a uma pC•jUCna Jmvoaç.·to da ilha de

n:io fabricaJ.os actualmente pelos pescadores, seria



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e entre estes uma armação com forquilha, a que encalha, e na pôpa outros dous inclinados para
tambem chama~ aracambuz, e que se destina ao fóra, que são chamados caçador'!s.
mesmo fim que os das outras. A enora elo banco do mastro é igual á gros-
Este aracambuz é formado de dous pedaços sura delle na parte superior; mas por baixo é
de caibro infincados nos bordos, e de um mats muito maior e elliptica.
arosso e alto no centro com forquilha na parte A carlinga é uma forte taboa com um furo
b
superior, atravessando uma taboa, que é escorada no centro, c uns cinco a oito de cada lado em
entre aquelles, c os dous pés do banco de /:O'Z/trJzo, linhas parallelas, e obliquas á direcção dos páos
e por um outro atravessado um pouco abaixo da jangada, formando eliagonaes, os quaes servem
dos dous pés extremos, e amarrado nos tres. ele carlinga, cada um por sua vez, conforme a
Al;i penduram como nas jangadas ela Bahia, força e direcção dos ventos em relação á ma-
anzóes, bicheiros, cuia de molhar a vela, a qui- reação do panno. Assim são conhecidos o furo do
mano-a que é uma medida de madeira em que terra], o da viração, elo largo, da bolina, etc.
b '
poem a farinha, semelhante ás cafuletas das ba- A abertura feita entre os meios, por onde
leeiras da Bahia, e a pinambaba, ou tapinambaba, passa a esparrela, ou bolina, (~ guarnecida de cor-
grande aducha feita com as linhas ele pescaria tiça pregada n~s páos com tornosinhos de madeira
colhidas em uma crusêta de madeira. para não gastai-os, e para apertar a taboa da
A nomenclatura geral tambcm t' um pouco bolina, que, conforme a força do vento e rumo,
que seguem em relação a elle, abaixam, suspen-
differente.
dem, ou a tiram quando andam á pôpa. Tambem
Assim pois chamam-se mimburas os páos
a poem vertical, ou inclinada.
exteriores da jangada, e que são mais finos do
A maneira de collocal-a em posição conve-
que os outros, e encavilhados nos bordos, de sorte
niente, assim como o pé elo mastro em uma elas
que fiquem as faces superiores no mesmo plano.
diversas carlingas, de que dispoem, constitue
Correspondem aos papús. maior habilidade dos jangadeiros de Alagoas,
Os bordos são os páos mais grossos da jan- P rnambuco, e Ceará, elo que precisam ter os da
gada. Tem em geral 0,7 metros de circumferencia. Bahia por causa do systema de velas, que é dif-
A jangada na prôa têm um torJZo infincado ferente.
no bordo para os jangadeiros segurarem-a, quando A vela {~ triangular entralhada em corda



20 ~1

ue ella na.o esteja


ba1ha a barlave~to, a menos q commumente no transporte de passa-
com o Yet1to da pôpa. ~ bastam
Para a manobra d estas embarcaçoes o formadas de jangadas communs,
t e moço, a
clous homens, .o I)a trão, ou mes re, quaes addiccionam páos, de um e outro lado,
q ue denominam coringa. 11 le\·am fixam, amarrando-os a travessões avante e
Ouanclo vão á pescana · cle aau 1as , -
b que por sua vez são amarrados ás jangadas.
~ a que chamam
de11tro Oll tra J. anaada
b
pequena,
T
.
servtço Debaixo d'essa denominação ha cm Fernando
bote, onde sahe um homem para auxt tar o Noronha, e em differentes pontos do interior
do lançamento da rêde. 1 1 mada Brasil grandes jangadas sem vela, que só
l >ara
c <
fundearem, usam de uma pec ra c 1a ,
1 or paos para o transporte de cargas.
, 1iaada a uma corda, e apertac a p
tauassu b esa a uma Tratando do Rio das Balsas assim se expnme
com pon ta s., que serve ele ancora, .pr . Marques, em seo Diccionario historico geo-
b' a que chamam polia.
corda de em tra, . m6 8 m7 sendo da província do Maranhão, com relação
O comprimento vana de 6, a , '
emprego d'estas embarcações:
a laraura de I,m2 a I,mS· . . d ava-
n
Os ·
preços são mUito vana\rets. ·. Po e-se
.. «A largura d'estc rio é maior do que a do Itapicurú
cima de Caxias, e tão considcravel o seu fimdo, que na
·anaada de IO metros ele compnm_ento secca não tocam no seu leito as compridas varas das
liar uma J b • • méclta de lZ-c'-~'11<1<0 ou jangadas, que o na\·egam.
sobre I,6 de largura, prompta a vtapr, em • No verão é muito trabalhosa e quasi impossível a nave-
em semelhantes embarcações, por ser o seu leito tão
150$000 a 2oo$ooo. 1.9-ntuo·so, que o torna cheio de cachoeiras.
. 1as ve1ozes,.
. cujos. .bordos « Fm um ·tal Vicente Diogo o primeiro que tentou na-
Paquetes são pngac
este rio, embarcando uma carga de couros n'uma fio-
A I metro de circumfercncta. de balsas.
tem 0,9 a bordos de « Perdendo tudo por mau go\-erno, de tal rai\·a se possuiu
Janl:-adas do alto são as qu: têm seu filho, (jlle o rapaz com medo fugiu para as mattas
I • I a I .3 metros de circumferencta.
que se soubesse noticias d'elle.
« Aterrados todos com esta catastrophe, ninguem mais
.
Ha as grandes pnga das, a que dão o nome tentar tal n~vegação, continuando o algodão, os couros,
.,.,.,.,.~~·v a ser conduzido por terra para o porto do Rio.
de balsas. Setembro de 1815 o l\fajor Francisco de Paula Ri-
das outras, além das dimensões, em descer por ellc embarcado em balsas.
D ·a
tuerem cl . metro Para vencer doze leguas desde a fazenda ./{~lfll Branca
terem um estrado suspenso do fun o n:eto da Vargi11lza, gastou tres dias, passou por mais de qua-
caxoei~as, em alguma~ d'ellas quasi naufragado, cncon-.
.
proxunamen t e, e coberto de esteiras. Empregam- Ilhas, onde quas1 que se perdeu arrastado pela vio-
30 31

se entregarem á pescaria mesquinha, de que não tinham ne- velas' só sãf im pellidas por
nhuma pratica! Note'lle mais, que no contracto, feito com todas
as formalidades no Ceará, o Sr. Amancio era obrigado a lhes
dar passagem quando não quizessem continuar, e nenhum o.
procurou para tal fim. · · se-
'' Só parece, que mão occulta, guiada por animo mal inten-
cionado, fez frustrar esta empreza tão util, e assim murchar as
viçosas esperanças de seu auctor, o que na verdade é muito
para sentir. »
Os índios Pamarys, ou Paumarys, quasi icthyo-
phagos, vivem nas lagoas das cabeceiras do rio Marcoy e)em sua viagem de Tabatinga
Purús durante as cheias do rio, dentro de grandes c~nta que na despedida da cidade da
balsas, que na língua geral são denominadas Yta- •Rto Negro, hoje Manáos, alguns nego-
pábas e)e durante as vasantes as abandonam, vteram trazei-o a bordo d a em b arcaçao N

e embarcam-se em ubás, e tambem em pequenas de transportar ao Para', em uma'


[I. d
jangadas em que percorrem as margerls dos rios. en etta a de folhagem.
por q~e são formadas estas jangadas
em dtver~os rios do Brasil, e até
portos as balsas de madeira, movidas
... -·n:· vu pela correnteza dos nos,
. e sempre
As canôas em geral têm doi,IS mastros com
A prôa é f~ita do tronc·o, e a pôpa por con- velas triangulares, as maiores, porém, têm tres.
seguinte da parte superior do páo ; motivo pelo
. qual a prôa é sempre méJ!.is larga do que a
pôpa. ""
São em geral defeituosas no ~entro por causa
do órosio ela madeira. ·t.

Quando a cangalha prolonga-s~e até á prôa


da canôa, esta muda de denominaçãt'-1go, e passa a
chamar-se b'acttssú. trin\-..
· CA:\Ô.\ - Bahia
Ha ainda outro nome, que tomam as canôas,
o de batelão, quando são curtas, e com muita As velas são chamadas; a de vante mezena
boca e pontal relativamente. de prôa, a do centro vela g·rande, e a de ré me-
zena de ré.
A canôa é movida por meio ele pás,
Os dous bancos de vante, por onde passam
remos. Para ser ella movida a remos empregam
de ré é vo-
uns pedaços de madeira com a parte inferior con-
cava, que encaixa na borda da canôa, e é .atra-
Divide-se o espaço entre o bico de prôa e o
vessada por cavilhasr. a que chama'm chttmaceiras,
-~.......... do , mastro grande· em quatro partes, e nas
em que verticalmente são fincados tornos, que
tres inter11Jedias abrem-se furos para as diversas
servem de toletes. . ·
{iosições da amura da vela grande, conforme a
Nas bacussús as chumaceiras são fixas na 'n.;'lareação. Quando andam á bolina, amuram-a no
borda falsa. ·ro furo, ao largo no segundo, e á pôpa no
Na pôpa da canôa estão fixas duas femea~ logar este a sotavento, onde trabalha
de leme, em que encaixam os respectivos macho a escota da mezena de prôa.
leme este cuja porta é larga, e ex~ede o fundo d A mezena de prôa amura no bico de prôa no
embarcação, procurando sua curvatura. A cana do centro, e a de ré tambem a meio da embarcação,
leme é comprida, e vai até o mastro da m.ezella ficando 9Ó a barlavento a da vela grande. A ~-
* a pôpa, junto ao qual está o timoneiro.
.)

.)
38 39

zcna de ré tem duas amuras fixas ás bordas rrrande de dimensCH.:s cxtraordinar~as, e o traquete
h
em buracos, que mantém o respectivo punho a rectanguhr, que é o facto, que as Jiffcrença elas
meto. outras, e têm grande velocidade.
O mastro bo-rancle é um pouco inclinado para { Quando anelam á bolina com vento fresco,
vante, os outros dous são verticaes. os tripolantes collocam-se em pé na borda de
As velas são triangulares, sem nses, e cosi- barlavento agarrados em cabos com balso, a que
das nas vergas. chamam brandacs, tixos ao mastro grande, c: asstm
Os mastros são páos roliços, que passam vão ellcs se affastando da vertical para fóra at(:
pelas énoras dos bancos, e descançam nas carlin- ficarem horisontalmente, á proporção que o .,·ento
uas no fundo da canôa, e têm furos na parte
b
refresca, facto muito singuhr na bahia dt· Todos
superior por onde passam as adriças; sendo os Santos, e digno de attenção para os que na-
quanto ao comprimento, o maior o grande, de- veo·am
b
á vela em embarcaçõ ~s miuJas, por ser o
pois o de prôa, e depois o de ré, e assim as vento muito variavel em força e direcção. Tam-
repectivas vergas. Ha vergas grandes, que exce- bem costumam arriar a amura, ou caro ela vela;
dem em cumprimento ao das respectivas canôas. mas não a escota.
A madeira empregada é geralmente a pinda- Para esta ;..;ymnastica continua (~ preciso muita
hyba branca, que é muito leve e flexível. attenção e muita lig-eireza. Ella tem por fim pro-
Os cabos empregados para aclriças são feitos duzir o mesmo effeito das embarcações duplas elos
de embira: mas para o mastro grande, são d , indígenas da Ou·ania.
côco, ou manilha. De todas as ernharcaçõE:s deste typo na costa
Canôas ha, que navegam cm rio, em que a do Brazil são esta"> as, que têm mais superficie
mezena de prôa é quadrangular e rectangular \ velica, e que mais affrontam o mar e o tempo, e
como os traquetes dos barcos da Bahia, a que ( até perdem a terra de vista.
chamam burntsquete, c quasi sempre são tintas Nos rios elo interior, onde não é· forte a acção
em cosimento de casca ele mangue, ou de aroeira, dos ventos, ha canôas, qtw são adornadas com
pelo que tomam uma côr ele rôxo-terra. um passara, ou outra figura na pri\a, e tem ca-
Ha outras canôas chamadas do alto em San- marim envidraçado na pôpa. remadas a p{ts, e
tarém e outros pontos da costa, compradoras, no servem para transporte ele passa:-;eiros e famílias
rio de S. Francisco c outros, que usam a vela de ricos senhores ele engenho. Dão uma idéa um
40

ponco fraca elos navios de recreio da ant!guidade, 41


como o celebre navio pavão, o moderno cisne, e
mats cm baixo, or;de fixa-se a alça,
outros. perder, outro
Na prôa das canôas do alto ha em algumas
( que passa por cima da
borda, e atraca por clen-
I
gaviêtes semelhantes aos das lanchas de navios tro, como já dissemos.
ele vela, com pernadas fixas em um barrôte por f Quando andam á
pôpa a tiram, ao largo,

ante avante, e com uma roldana para facilitar o


' fixam-a no buraco de
ré da canôa, á. bolina no
t · n1 u'1to ponteiro, no
suspender a poita, com que fundeam. segun d o, e , q uan
' d o o ven o e
A poita é foqnada de um páo com dous tercetro. 7 e 22m quanto
furos, que são atravessados por duas cavilhas, que Suas dimensões variam entre
. m 66 lm 2 de bôca, c omA a
apertam uma pedra, e cruzani as ex,tremiclades. ao compnmento, o , a •
Nesse cruzamento amarram um cabo, que lnôas, 0 ,7 de pontal.
111

Seu preço varia de Iooif,ooo a soo$


000 ·
prende tambem na pedra, e em pequena distancia ·nu i 1ôa ele pesca-
fazem um nó de azelha, onde é fixa a amarra. O desenho representa uma cal
Espadda, ou bolilla, é uma .taboa, que se fixa canôa do alto, navegando á bolina.
.I de
na; Ou
á borda por sotavento para substituir o pé de
gam Foi com estas embarcações, que se attacou, e
caverna, que a canôa não tem, e fazel-a barla-
· d g de Junho de
ventear. Elias têm em geral de 2 a 2,5 metros de tomou de assalto na nmte e 2 .
· · t eza que unha
comprimento, e om,S de largura. Sempre são 1822 uma escuna-canhonetra por ugu - ,

feitas de madeira muito pezada. Sua fórma é fundeado por ordem do general 1\'la~cira :m fren:e
rectangular, sendo a parte superior curva, e é da villa, poucO depois cidade, de Cacho.ctra no no
grossa no centro, afinando para as extremidades, ~ Paraguassú, para inspeccion~r o ~novunet:to de
que terminam em roda quasi cm aresta. Tem embarque de mercadorias, e tmpe~tr o movtmento
uma alça na parte superior, que prendem em um popu la r em favor da independencta. . .
Em virtude do ataque da retenda escuna,
torno movei encavilhado por dentro em furos da
borda de sotavento, correspondentes aos em que fazendo fogo de bala e metralha no· povo inerme
~ s do r'to e sobretudo da ameaça de arrazar
trabalha a amura da vela grande. e canoa '
A bolina tem dous furos, um a villa, trahindo assim a sua palavra de honra o
de conservar-se neutro em re-
43
42

dores, que com urna das rnãos_mantérn a parte


de assalto á meip.-noite depois de quatro horas
superior d'ellas na posição conveniente.
de renhido combate, rendendo-se á descripção o
commandante e 26 homens da tripolação. Em geral é a pescaria feita por duas, ou mais
Essa victoria, que firmou o primeiro impulso canôas em numero par, que levam, cada qual,
á causa da Independencia da Bahia, ainda o povo
uma quartelada àa rêde das dimensões citadas.
da cidade de Cachoeira festeja no dia 25 de Junho, Observa-se o mais rigoroso silencio a bordo
em que commemora a referida acclamação, o qual d'ellas, e até o remar é (' maneira a não pro-
foi por Lei Provincial n.o 43 de I 3 de Março de duzir o menor ruído, pois. . mais ligeiro som as
1 g~ , considerado de gala naquella cidade, e ainda
7
dispersaria.
fiaura um dos canhões da dita escuna, que faz Com estas precauções seguem vagarosamente
procurando surprehendel-as em cardumes, corno
r:go de espaço em espaço durante todo o dia ..
Elias são em geral empregadas na pescana, geralmente andam. Ellas denunciam-se, quando
e a das tainhas merece especial menção por ser está lisa a superficie do mar, por um ligeiro ma-
uma das mais curiosas, e na qual é preciso desen- rulhar e opacidade em fórma circular no centro
volver muita sagacidade, por serem ellas muito do cardume, o que sendo reconhecido pelos pes-
tímidas e vivas. cadores, instinctivamente principia o trabalho do
cerco.
Para empregam rêdes de dous sys-
45
44

Á noite rara vez se a faz.,, e nas melhores


cardume elas tainl1as, que, quando reconhecem a circumstancias de tempo e mar, e quando não ha
rêde, a percorrem toda em roda procurando a phosphorescencia, que aliás é phenomeno ·pouco
fuga, a qual não sendo encontrada, tentam salvar- commum no porto da Bahia, empregam o sys-
se saltando por cima do obstaculo, que se lhes tema de abalo, que as faz emmalhar, por ellas não
apresenta. verem a rêde, c pouco saltarem em noite escura.
Todos os canoeiros têm suas invocações, e
o seu dia ele festa no anno; c cm geral não ha
povoação nas ilhas do interior, ou enseadas mesmo,
morte
a que pertença um certo grupo ele canôas, ou de
'saveiros, e etn qúc haja um capataz, que não faça
vez· no anno a sua romaria, como chamam.
50 51

n'uc!d da, •lUtr•-,, Es'1 v1ctoril t ll'W i sc·mpr•' nwtivn de muito Por 11111 .: 011tro hdo
1·arnJiJ, '· • \ a n•' J:. I t·nno: •,,• \ f·Jn no mar salgadn ;
T 1 •

Chewulo~. cm krn o Chet> vi~:lct'dur manda dar 'inho <t Hm•s v:to J.u~r.:n<lo cb c Ífhclt :1 \'Íd,
tnpol<tC~to, e cllc de garrafJ em pur:ho, lambem bel1e, e atlr.t Outros J'~lhs '" ':'l." LOm .dc:gria,
o rc .tn den iro d:1 (" 110a, b•rfti,a ,-t'lll l'ÚIIio, r o mo dizem. Le, .: E ru dl',igu:t! orckm
dh f,mde:ttl:t dnr~mte tn". di,h com 11ma h:mdeird ~zul tçc~da C(Jn,istC' :1 t(:rmostfr.l na cJ,·s"rdem.
como pruv.t d~· h.,vu ven<icl•J :1 rq,.1t.1. ( l. 1•f,bn·s JWS• adot·c; em SJ.Vt) ros.
K c;a pmfi:t ele ser Cl····e, tão differente dos outro;: log.ne~, Em C•lll(i,H 1i,c:;q ros.
é •'m u~ml .• l '"rque :1 <itspez.t S<'111J·re • orrc i'"r <onta rios mo F:l7.t'111 c "m l.ll1tfJ .lha!•'
nclorec; do lugar, ·~u·: ,l'Jxiliam os. ~- :ttJ:,ftl. lhh i ~o m1nto a no tr,lhtlho maritim(> reg:tlo:
va1d tde. Hl!tH ,h redes cstcnd,•m,
En~ rt" u•. I·" 1rt0~, e•J-ead.ts e l(lgare•,, qth' f.t t.em f>·.tt~ n,, E v.1rio~ pC') xC's pl•r pequcno~ prenJ<:m;
111:~1", ( rlllht'Ct'lYIO:; u:; ')("f.,;tlinb.:'i. COrrt C:h ÍD\U(;.tç·(·H;)l; e dii.h: (Jilc' att: nos pr) xcs c lltn 'erdade pur.r
S··r peqttC'no no :'llunclo he clt-svcntm,t ·
B.urct (S:tnt' .\ ntonio ). - S:wt' .\n1 <~n i o dd Barr.t ~? d~·
Outms no anzol fi;rclus
l<cvercir0. Tem dOS mi·;ero,., jW\'Xt'S enganados,
Cambôa - .'w~ .a ~en hora da Boa V iagem- Di,1 dt• C':u· Que ::empre da \ÍI i.;ca cnbiçosos
nav.1L Perdem a propria Yid:t por golosos.
Pcdr,•ir~''- Sant' Antonio da D.rrra- Domillf'O de Pa·:choa.
It; 1•agipe- Bom Je~cb Ja PL"dr:1 -em l\lonberr:tt, 6 de
Jmeiro. Na pro\'lncta do Rio de Janeiro o processo
:-i. Thomé dt 1';1 ripE- o m~'mo- 21 d~· lk1.embro. da construcção apresenta algumas pequenas diffE"-
lll'~t ck :\fart>- l'lossa SL"nhor:t d:ts -.r,.,-,_,s.
renças.
I: i1a c1,1~ Frad< , · '0nt,' d<? N,1!S:t Senl1nr;r de G;wdelupL")
- Ect:1, t· Santa Ur&lit.t. Derrubado o páo, o falquejam com machado,
Ilha ,]e l\Ldre Dt'os-l\Ltdre Deo!< de Pir~juya.
So I>ar~ - S:.to IJom i ngo,. dando-lhe a. fôrma dE' um parallf'lipipedo, e depois
Ilha de li<l[ .arica ( Vilh), l\Lmguin h o, Porto do·; :-;antos, a·'Ll~qco brnto. Viram-o, desbastam por dentro
Mercez, Jtburú,- S::mt'Antonio dos Vall:tS'Jllt'S, l' ~os,a Se
nhora tia l:'enh:1; Barras d, l'enh~, do Gil r do Po1e- ~os::a
com machado, (' em seguida com enchó goiva, c
Senhor:t eh Conceição na .egund.Htir:t de Carn:n<~l, c ~o; a furam em diversos logares para marcarem a es-
SL•nhor.' cb Pcnh:1 11:1 terÇ't ,eguintt>; fbrr:t Gr:tnde ---·~o~ ..1
Senhor:tdaConc.:iç~;o -~de' f'cvtruro; Ar:ttuha, Caix:t Prt'?<l~,
pPssura da cmbarcaçáo, e a esses furos, que ser-
S<tnt' ,\mar" do Catú, e P0nt: (~ro· -;,1- S.1nt' \ntl:L d<l Cat:1; vem de bitola, dão o nome de balisas.
l:hi,Jcú-Sáo Gc•n~,,lo; P:r~Jtl)l·-\Ltdrc Deo~. dt· PiraJ•n·a;
e Ent arn.1ç.'ro -- ;:-.., '"'·' Sen h. 1r,• d,, f:n, un tç:ln. Quando qurn:m augmentar-lhe a boca, sus-
1\ o bello po<'ma eh~ Botelho ele Olin'ira dedi- pendem-a do chão, a enchem cl'ag-ua, e accenclem
cado á ilha ela l\bré (1) ha o seguintr· cunoso fogo ele cavacos, que o alimentam a pouco e
trecho, que merece ser lE·mbraclo: pouco au~ reconhecerem que está nas climcn.:;ões
desejadas, para o que auxiliam com pontaletes.
f'.l \i1hic• do P~rrJ:1~·.o-por Mar.<•tl Eo1elLo ol'!>lrvum. Li'>óH. (l!l
'\1igucl '\1.11" ·C.ll. 17u5 iJIT. 12S. Deixam-as cheias d'agua por alguns dias para

• •
• •
52

não se deformaretll. Este processo não é muito


seguido; porque em geral a embarcação depois
de algum tempo tende a tomar a sua fórma pri-
mitiva.

C.l:\"c).\-1\.iu <fc janeiro

As canôas ele rios têm a prôa muito lan-


çada para com mais facilidade encalharem nas
margens, as das outras, porém, aproximam-se mais
da vertical.

Canôas bordadas, ou de ''OJ:a são as que têm


um supplemcnto ele madeira em toda a borda da
pôpa á prôa, a que denominam bordadura, sendo
qtJe a parte de vante e de ré tomam o nome de
.soóreprôa e .soórt'jâpa.

Essa bordadura é assentada éom meio fio na


borda, de maneira que abre sempre a borda para
cima, e depois encavilhada com madeira. f: ge-
ralmente feita de cajueiro, ou de figueira.
Elias t<'m hancada a <'ante com enora para
o mastro,
casco. a qual é sempre fixa na borda do

Para que sejam nessas canôas empregados os


remos de voga, applicam-!!Jes as remadeú-as, que
82 83

força, razão porcrue se faz de propo~ito de entreca~ca de ca~­ gam um dormente nos cabeços dos. braços, e entre
tanha-pirer~l ou rle..,embira preta, com malha dt palmo de
largura. (h Cu miz ou Tapagens, devem ser forte~ para e! !es esse dormente e o fakame enfiam as varas para
o~ não quebrar ú força de seus rcpellõt<;. " (' J armação. Em vez de tres ripas parallelas, como
no caso acima, empregam cinco, e mais, amarradas
Chamam-se toldas nas embarcações, que es-
tamos descrevendo, coberturas ele palha em fórma por baixo.
Nas outras embarcações grandes, que têm
ele telhado, ou abauladas, debaixo das quaes abri-
duas toldas, uma d'ellas. a de vante, é cm fórma
gam-se os passageiros e cargas. Elias são conhe-
cidas pelos indígenas sob a denominação de Pa- de telhado, e sua construcção differe um pouco
da da outra.
uacanca.
Entre o dormente e a borda enfiam caibros
Nas pequenas montarias, que só têm o casco,
pregam por dentro na borda, de um e outro lado, grossos de uma determinada altura, que fiquem
um dormente com furos quadrados, de distancia acima ela borda em condição de servirem de toletcs
em distancia, do tamanho necessario, e correspon- para os remos trabalhados por homens trepados
dente á cobertura, "que querem fazer. na tolda.
N'estes furos introduzem varas, e as curvam Nos centros das cavernas, que correspondem
nas extremidades, passando uma pela outra das aos extremos da tolda, que tem de se fazer, abrem
furos, onde introduzem as pontas dos pés direitos.
I
homologas, e amarram com cipó.
Em cima os fixam na posição vertical com
Feito isto, passam uma ripa no ponto culmi-
cipós á cumieira, de onde partem as do vigamento
nante d'cstes arcos, e amarram-a a elles, e assim
da tolda, que é amarrada aos caibros da borda.
outras duas parallelas, que tudo juncto fórma a
armaçào da tolda. Actualmente empregam estas cobt:rturas de
Depois cobrem com a palha de: diversas pal-
meiras da mesma maneira, que se faz nas casas
chamadas de palha, e forram de novamente por
fóra com talos de palmeira para o vento
descobrir.
lGARETf:- Rio Amazonu.s
Nas montarias, que tem cavername,
e) J.1etROlLI. sobre o Pdxt l)ir~ urucú,-- Rodrit:;,u..:-. Ferreira,
acl('Semelhantes a estas ha outra~ embarcações
d.l H:l>. :\ac. 17&7. ' hecidas pelo nome ele igm·dés.

...
qtre se determine que estas embarca-
a ·sua existencia no fim do seculo
um facto historico citado nas
Pernambuco. em que figuraram duas
com denominação de barcas, o que
nos póde autorisar a affirmar que
que nos occupamos, visto como
se encontra em outros do porto

d'estas embarcações acha-se


do no S. Francisco,
~:~~~P~~ne a falta de nosso conhê-
j~íf11llcle2:a dos remos d:;tS barcas corresponde â ~-'"'u...
bem como a das varas. As
grossas do que aquellas que se usam no
e têm o comprimento de 30 a 35 palmos.
do rio superior ás cachoeiras de Paulo Alfonso-..
de velas, pelo motivo que allegam de fortis-
f•' 'irenllia.vat~ que .na maior parte das estações do anno
atravez do rio e com refegas extremamente violentas,
navegantes vulgarmente denominadas redemoinhos, ou
vento_- de maneira que estes empurram as embarcações,
e facilmente, para fóra do canal navegavel contra os
nas margens do rio, ou sobre os bancos d'arêa; por
estou persuadido que falta totalmente aos bar-
pratica e aptidão no uso e manejo proveitoso de
parte baixa do rio, entre Piranhas e o mar, são as:
usadas, particularmente na subida, sendo
!llv·euneJine favorecida a navegação pelos ventos fortíssimos
NO. que do maf para terra diariamente $0pram,
da manhã em diante. N'esta parte do rio cos-
navegantes cortar uma arvore, que com seu tronco
amarram por cordas ou cepos á sua embarcação, de
que descendo o rio, arraste ·nas suas aguas, e serve
nem perigo a guiar a embarcação pelo
profundo, ou thalweg do rio, durante dia e noite,
que o pessoal empregado no serviço d'ellas vai-se
mesmo dormir.
parte do rio superior âs cachoeiras, usam âs vezes
em falta de velas, sendo-lhes o vento favoravel
que navegam as suas embarcações rio acima
de lençóes, pannos, esteiras, ou couros
sopra favoravelmente, qtjos substitutos
anwrar a uma especie de mastro.
das barcas não se contam
numero de rapaduras que
carr~ 12,ooo rD.paduras at''tnrl~:
~~l'l:.pt:~ia. de 4 a 5 libras, ou levam 2,5oo hitJ:t'r,o:"
135

exteriormente é..~s encollamentos,


e cavername, e arremata-se á prôa e á pôpa com
curvos, ou de empeno; a que chamam ca-

Na tbld~, na -prôa e pôpa, ha um pequeno


que circumda uma grande escotilha, a que
sepultura, que é por onde ella recebe a

Esta sepultura eleva-se em geral de um me-


acima da borda, para abrigar a carga do mar,
de taboas e encerados para na.o ex-
á intemperie.
a borda d'estas embarcações, de um e outro
quando na.o tem boca sufficiente, adaptam-se
BARCACINHA-Alagoas e Pernambuco vigas, ou antenas de páo de jangada, ou
madeira leve, afim de diminuir os balan-
A maneira de constrJiil-as pode-se augmentar-lhes a estabilidade.
seguinte: tambem de taboas de bolina, como as
Collocam-se dous páos concavos á semelhança
e jangadas já descriptas.
duas bandas de canôa, que em g«:;ral sáo
pequenas barcaças, ou canôas de embono
d'ellas tirados, aos quaes da.o o nome de encotla-
são conhec_idas pelo nome de der-
mmtos, com as concavidades voltadas, -uma para
e distantes entre si a quantidade, que de-
<,:$.,•oS.t=~i:un: dar á boca da embarcação. E' por assim
a fórma da ossada, que é determinada pela
d'esses encollamentos. Collocam em seus os casos o da prôa é collocado em
a roda de prôa, e o cadaste, e d' estes ·m{ t'.W.4-\o1U1ft.~'• e a vela é muito menor do
topo$ dos encollamentos, marcam os ar- da mesma fórma. Chamam-lhe
Ar,mada d' esta fórma toda a
141

. que emprega todos qs systemas

Saveiros uma, ou duas velas, o mastro de vante


pre collocado em uma bancada no bico de
Sob esta denominação de ·saveiro são conhe- verga é mais comprida do que a em-
cidas na província da Bahiá! algumas embarcações
de transporte de passageiros e trafego do porto,
e com pouca propriedade algumas maiores de
carga, como no Rio são as puramente de carga.
Os . menores substituem os botes dos portos
do Brazil, cuja construcção é européa, e não pre-
cisam ser descriptos n'estas paginas.
O saveiro é uma embarcação, cuja construcçao SA\'EIRO DO C.\ES- Bahia
assemelha-se muito á dos escaleres. Tem, ..,.,,,.~n-~
do trafego do porto, ou do cáes chamados,
em relação ás dimensõe~, muito mais boca e ......... v .. ,
mastro com um furo em cima, por onde
pontal, e em geral são quasi de fundo de
adriça da vela, que é triangular, e com
Os bancos dos mastros e o. da pôpa,
taes, que vem cassar o punho da
assentam as bancadas de ré, são fixos, os ou
ou quatro decímetros do painel da
intermedios são volantes, e descançam nos
empregam velas de espich.a, mas
mentes, ou serre/as, entre os braços das ca
Quanto á construcção propriamente quasi velas como as des-
cifra n'isto sua descripção, e o formato d'elles é em que a mezena, que é a de ré, é
geral o mesmo; varia p,orém muito de taman em um furo, que tem no carro
pois que os ha desde os de transporte de pa
geiros até aos de carga de 20 a 2 5 toneladas navegam até perderem a
deslocamento. nas pescarias chamadas de sondar,
O mesmo acontece quanto ao velame, se um e dous dias fóra, o que é de
gundo o fim a que se destina, e é, por assim d' de boca aberta.
191
190
Araçanga* _ Cacête curto, que usam los jangadeiros para
pequena part~ a mais alta, devida á distancia e con- matarem 0 peixe já ferrado no anz01, quando chega perto
vexidade da Terra. da jangada para poderem collocal-o sobre ella sem pe-
Alar- puxar. rig,o (Ceará).
Alheta - Pôpa da embarcação no fim do costado. Arfar- Suspender 0 navio a prôa na vaga, no balanço de
pôpa a prôa.
Almeida- Parte concava da pôpa do navio.
Arganéos -peça<> de ferro em fórma circular, ou triangular
Aluamento- Curvatura na parte inferior das velas redondas, . fixas no navio, que servem para nelles se engatarem
para não roçarem no estai, que fica por baixo. talhos.
Alvarenga-Embarcação de carga e descarga, dos navios Armadores- Especie de fôrma para a prôa das barcaças
(Pernambuco e Bahia). No Rio chamam saveiros. (Alagôas e Pernambuco).
Amurar- alar a amarra da vela. Arqueação- Determinação da capacidade de qualquer em-
Amuras- Cabos que servem para firmar os punhos de barla- barcação em relação ao volume e ao pezo da carga.
vento das velas latinas, e das redondas apenas os papa- Arrufados*- Applica-se este termo ás embarcações, que têm
figos. - Saliencias da prôa do navio, ou .~ochechas. a prôa muito levantada.
Amura terça*- Manobra que fazem os balêeiros, quando Atapú* -Buzio, em que sopram os jangadeiros, para chama-
precisam virar de bordo por d'avante com ligeireza na rem a attenção da população do logar, a que aportam, para
perseguição de uma balêa. Consiste em passar a escota a compra do peixe (Ceará).
para vante, e à amura para ré, afim de não arriarem a
vela para cambar. (Bahia.)
Atracar- Encostar a um navio, caes, praia, etc.
Atravessar- Parar o navio por meio da combinação 'da
Ancora- peça de ferro de diversas fórmas, com o fim de posição das velas, de maneira a destruirem o effeito do
manter o navio preso a uma determinada posição. vento.
Andorinhas- Cabos pendentes das vergas e dos páos de Bacussú*- Canôa grande, cuja cangalha, ou supplemento
serviola, em cujas extremidades estão passados sapa acima da borda, prolonga-se de ré a vante (Balua).
tilhos. Balêeiras*- Embarcações de duas prôas empregadas ?a
Angareira*- Pequena rêde rectangular de malhas miudas pesca da balêa, armadas com um grande redondo (Bah1a)
com as cabeceiras cosidas em pequenas varas, em que e empregadas na pequena cabotagem armadas com velas
seguram os canoeiros, e fixam no fundo da canôa, para de espicha (Santa Catharina).
nella baterem as tainhas, quando saltam por cima da rêde, Balisa*- Di versos furos feitos no casco bruto das canô~s
que as cerca, e cahirem dentro da canôa (Bahia). para conhecerem a grossura, e cavarem igualmente (Rw
Ante a ré- pmüção pelo lado da pôpa de qualquer objecto. de Janeiro).
Ante a vante- posição pelo lado da prôa de qualquer ob- Balsas* -Grandes jangadas proprias para. carga (de ma-
jecto. deira)- Juncção de grandes páos por meiO de cordas com
o fim de transportai-as rio abaixo, ou dentro de um
Anteparas- Paredes das divisões internas dos navios. porto, guiadas por dous ou mais homens com v~ras.
Apparelho- Conjuncto de cabos fixos e moveis, que servem Balso - Seio, ou bolso feito em um cabo por meiO de ?m
para segurança da mastreação, e sua manobra. láes de guia, afim de manter um hon~em nelle mettldo
Aracambuz*- Cruzeta feita de páos encavilhados nos bordos em segurança para fazer qualquer serviço pendurado.
da jangada, onde descança a verga de mezma (Bahia). Bancada- Bancos fixos nas embarcações pequenas, onde
Armação de páos infincados nos da jangada, com um no assentam-se os marinheiros para remar.
centro com forquilha, onde penduram os utensílios da Bancos*- Bancadas.
pesca. (Alagôas, Pernambuco e Ceará.)

I
194 195

- * jangadinha, que levam os pescadores dentro da jangada para fóra, e servem para amarrar-se a escota da vela. (Ala-
grande, quando ,yão á pescaria das agulhas (Pernambuco) gôas, Pernambuco e Ceará). )
-mineiro, vide barco mineiro. Caçar - Alar as escotas das velas.
Bracear- Mover as vergas n'um, ou n'outro sentido no Caahimbos * - Páos curvos, que servem para formar a prôa
plano horizontal. " e popa das canôas de embono e barcacinhas. (Alagôas e
Bracear a panejar- Bracear até a vela ficar no plano do Pernambuco).
vento de sorte que elle bata. Caçoilos - Pequenas bolas de madeira, com um furo por
Braços- Cabos que dão movimento ás vergas no plano ho- onde passa um cabo, c~1~mado zarro d_a boca dll: caran-
rizontal. gueija; servem para fac1htar a sua sub1da e descida no
- Prolongamentos das cavernas, que a ellas se encavilham mastro.
para formarem o todo. Cadaste - Parte da embarcação collocada na pôpa em se-
guimento á quilha, onde pregam o taboado do costado,
Brandáes- Cabos que aguentam os mastros no sentido e ferragens do leme.
transversal ao navio. São fixos ao costado.
Cadernal - Apparelho como o moitão, tendo, porém, mais
- * Cabos fixos no tope do mastro grande das canôas, e com
de um gome e roldana.
balso na outra extremidade, em que se mettem os canoei-
ros para se aguentarem, e affastarem o corpo da canôa, Cafulêta * .-- Vasilha de madeira de fórma tronconica, que
até ficarem horizontaes afim d' ellas não virarem (Bahia ). serve de medida de farinha para ração diaria dos baleei-
Brosio *-Parte fraca, ou arruinada de um páo (Bahia). ros (Bahia).
Buraçanga * - Vide Araçanga. Cahir - (á ré) - Recuar para o lado da pôpa . .Mastro ca-
Burrinhas * -Jangadas pequenas, que só uzam uma vela lzido - inclinado.
quadrangular, e pescam junto á costa (Bahia). Calado - Altura comprehendida entre a parte inferior da
Burriquete *-Vela triangular içada na pôpa das garoupei- quilha e a linha d'agua.
ras, e que serve para ellas aproarem ao vento, quando Calafetar - Introduzir estopa nas juntas das taboas, e co-
estão na pesca das garoupas (Bahia). Outros chamam brir depois com breu.
burrusquete.
Calar- (o leme), collocal-o em seu Jogar, mettendo os ma-
Burrusquete *-Vela rectangular içada no mastro de vantc
de certas canôas (Bahia). chos nas respectivas femeas.
Cabeços_*-:__ Dous páos fixos na quilha dos barcos na pôpa, Camarote * - Tolda de palha, madeira ou couro, feita na
e. sahentes do convés, que servem para amarrarem as es- pôpa das barcas (Rio S. Francisco).
pias, quando fundeam a quatro ferros (Bahia). Cambão *- Retenida, ou braço do traquete dos barco~, que
Cabos de laborar, ou de manobra- são os que têm uma serve para cambai-o, quando viram de bordo (Bahm).
extremidade firme, e servem para a manobra das vergas Cambichos * - Pequenas forquilhas cravadas nos papús das
e das velas. jangadas, tendo o vertice para cima. Serve:n para se
Cabotagem - Navegação feita na costa com a terra a vista, fixar nelles a amura e a escota das velas (Bah1a).
ou de cabos a cabos.
Cambotas da garra * - As ultimas cavernas de pôpa dos
Cabrestos * - Voltas de linha passadas nos extremos do barcos (Bahia).
banco do mastro para cavilhas atravessadas nos páos das
jangadas, afim de o reforçarem (Ceará). Cangalha * - Parte supplementar, de madei~a, fixa e enca-
vilhada na pôpa e borda das canôas (Bah1a).
Caçadores * - Toletes encavilhados em uma travessa de ma-
deira fixa nos páos da jangada na popa. São inclinados Canhamo - Especie de linho de que se fazem os cabos.
196 197

Canôa * - Nome generico dado ás embarcações feitas de Casco - Corpo do navio.-* - Funqo das embarcações do
um tronco cavado."" Amazonas. São feitos ao fogo, e depois encavernados,
bordada, ou de voga * Canôa que tem um supple· fechados á prôa e á pôpa, e augmentados para cima.
mento de madeira em toda a borda de ré avante para Castànhas - Peças de madeira, ou de ferro, com abas, por
tornai-a mais alta, e poder ser movida a remos (Rio de onde são pregadas, tendo uma abertura, em que se mette
Janeiro). qualquer objecto, que ~e quer fixar.
coberta * - Grande canôa encavernada, com mastros Cava da zinga * -Abertura elliptica feita em um supple-
fixos, e toldas de palha (Amazonia). mento de madeira, fixa na travessa da pôpa da jangada,
de embono * - Grande canôa, feita de muitos páos e quando é de cinco páos (Ceará).
com cavernas, na qual servem de forma as duas bandas de Cavernas -- Peças de madeira curva fixas á quilha da em-
uma canôa, serradas pela quilha, e armada com duas velas barcação, as quaes representam a sua ossada, ou es-
triangulares. Tem no costado de um e outro lado páos queleto.
de jangada, ou outra madeira leve, para aguentai-a me-
lhor no mar, e são esses os embonos, de que tiram ellas Cavilhas - Tornos de madeira, ou de metal, que atraves-
o nome (Pernambuco). sam duas ou mais peças de uma embarcação para li-
gal-as.
grande * - Grandes embarcações do rio Guahiba, com
um mastro e mastaréo no centro, e duas velas rodondas Cevadeira- Vela quadrada antigamente usada por baixo do
semelhando um traquete e um velacho (Rio Grande do Sul). gurupés em uma verga do mesmo nome.
de guerra * - Canôas grandes (Matto Grosso). Chabocar *-Desbastar um tronco de arvore para dar-lhe
a fórma grosseira de canôa (Bahia).
do alto * - Canôa grande, que sahe muito fóra do porto
(Bahia). Chaleira*- Pequeno assoalho na pôpa das baleeiras (Bahia).
Carangueijas -Vergas em que se envergam as velas latinas Chassos- Peças de construcção naval collocadas entre os
quadrangulares. vá os.
Carlinga - Madeira encavilhada na sobrequilha, com uma Chefe do anno *-Juiz, ou principal dos canoeiros, durante
abertura, onde entra a mecha do mastro. Na baleeira um anno, o qual é eleito na vespera da festa, ou romaria,
chama-se pia. que elles costumam fazer (Bahia).
Caro * - Amura das velas das -canôas, lanchas e barcos. Chicotear*- Acção de vibrar uma linha n'agoa, quando
(Bahia). muito têza.
Carregar - Alar as carregadeiras, com o fim de abafarem o Chumaceira- Peça de madeira fixada sobre a tabica, ou
panno. alcatrate dos escaleres, que é atravessada pelas forquetas,
ou toletes dos remos.
- * Acção da balêa mergulhar, apresentando a cauda fóra
d'agua (Bahia). * - Pedaços de madeira encaixados, e encavilhados na
borda das canôas, onde infincam os toletes para os remos.
Carregadeiras - Cabos, que servem para fazer as velas
latinas encolherem-se, e unirem-se ás suas vergas, e Chumbada*- Pedaço de chumbo, ou outro qualquer corpo
mastros. pezado, que se amarra junto ao anzol, para ir ao fundo.
Carro da pôpa Armação da pôpa da embarcação, for- Clara - (do leme) abertura por onde passa a cabeça do
mada nos navios de cadaste, gio, cambotas, coral, man· leme.
cos, etc. Cintado- É a parte do costado da embarcação mais saliente,
Casa da bolina * -Rasgo feito em uma taboa encavilhada e formada pelas taboas mais grossas pregadas de pôpa a
aos páos da jangada, para passar a taboa da bolina e não prôa, chamadas cintas.
gastar os mesmos páos (Ceará). Coberta*- Vide Canôa coberta.
200 201

Esparrela *-Vide bolina . quilha e salientes do convés, que servem de abitas para

Espeques*- Os tres páos encavilhados nos das jangadas, as amarras (Bahia).
)

que formam o aracambuz (Ceará). Fundear - Largar ancora no fundo para segurar a embar-
Espicha- Vara que se mette no ilho! do peno! d~ uma rnção.
vela em uma das extremidades, ficando a outra em um Fundo de prato- (Navio de -) E' aquelle cujas cavernas
estropo do mastro, afim de destender a vela, que toma a na quilha estão no mesmo plano, ou formam um angulo
fórma quadrangular, dispensando assim a carangueija, obtuso.
Estais- Cabos que aguentam os mastros e mastaréos de ré Fuzil - Haste de ferro encavilhada na extremidade inferior
para vante. no costado, e na outra tendo uma bigota, onde fixam os
ovens, ou brandáes dos mastros.
Estaleiro- Lugar onde se constroe qualquer embarcação.
Galha * - Ala da balêa (Bahia).
Esteira do navio -Rasto deixado no mar pela pôpa da
embarcação em movimento. Gambarras * - Grandes canôas empregadas na conducção
de gado da ilha Marajó. Têm dous mastros e gurupés, e
Estibordo- Vide Boreste. velas latinas quadrangulares (Pará).
Estropo- Pedaço de cabo com as extremidades cosidas em Ganhar barlavento - Collocar-se a barlavento.
cujo seio, ou curvatura, se colloca qualqner objecto para
ser abarcado por elle, e se poder içar.- da verga, é o que Garoupeira * -Embarcação empregada principalmente na
está passado na verga para se fixar a adriça. pesca da garoupa, entre Bahia e Rio de Janetro. Tem um
mastro avante do meio com um redondo, e outro na
Fabricar-- Concertar, ou reparar. pôpa com uma vela triangular. Uzam algumas uma bu-
Faina - Qualquer trabalho de bordo, manobra, suspender, jarrona.
fundear, etc. Gaviête - Grande peça de madeira fixa na pôpa das em-
Falcão- (ter. ant.) Canhão de tres pollegadas de diametro, barcações, tendo na extremidade superior um rodete por
que jogava bailas de libra e meia. Devia seu nome ao onde passa a amarra, para se suspender a ancora.
facto de ser muito destructivo. Gios - Peças de madeira fixas no cadaste, e que servem para
Falcame *-Taboas sobrepostas ao casco das embarcações e apoio das cambotas, e travamento da ossada da embarca-
n'elle pregadas, e nas cavernas (Amazonia). ' ção na pôpa.
Fateixa- Haste de ferro tendo em uma extremidade uma Goiçama * - Linha fina, sem anzol, para a pesca das agu-
argolla, e na outra quatro braços curvos com unhas. lhas (Ceará).
Femea de governo~- Pequenos calços de madeira pre- Gongo * - Especie de croque uzado nas barcas do Alto
gados nas extremtdades dos páos da jangada, onde tra- S. Francisco, que servem para agarrarem-se aos galhos
balha o leme (Ceará). das arvores nas margens.
Femea do leme - Ferragem fixa no cadaste, ou no proprio Gorne - Abertura feita nos moitões, cadernaes, amuradas,
leme, e em que gyra o respectivo macho. mastros e mastaréos, em que se introduzem as roldanas,
Ferrar o panno- Colhei-o, e unil-o á verga. para correr o cabo.
Folgar --:- Arriar qualquer cabo que está tezo. Governaduras - Machos e femeas do leme.
Forra de rizes- Percintas, ou tiras cosidas na vela para for- Guardadores *- Caixões em fórma triangular, fixos nas
talecerem a, e onde se abrem ilhozes para receberem os amuradas da baleeira a prôa, que servem para n'elles se
nzes. guardarem as lanças (Bahia).
Frades *- Duas cavernas da prôa dos barcos, fixadas na Guarda lanças * - Vide Guardadores.

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Pique e boca- (Adriça de-) Cabos, que içam a boca da ca- Redondo- Vela rectangular.
rangueija, e o wes, ou penal. Remadeiras * - Chumaceiras de madeir."\, encaixadas e enca-
Pirajás ou Parajás * - Agoaceiros da costa da Bahia, ifUe vilhadas na borda da canôa, e atravessadas por um tolete
se succedem com pequenos intervallos, principalmente no (Rio de Janeiro;.
inverno, e que trazem vento forte, mas de pouca tluração. Repic~r- Suspender mais o peno!, ou extremidade das ca-
Piuba * - Páo de jangada (Ceará). rangueijas.
Plumas- Cabos passados do alto de um mastro; ou páo Retranca- Verga horisantal, tendo uma extremidade apoiada
qualquer a bordo, para mantel o em uma posição conve- no mastro, e na outra é cassada uma vela latina.
niente. Risar- Amarrar parte do panno na verga com rises afim de
Poita *-Corda de embira empregada como amarra nas jan- diminuir-lhe a superficie.
gadas de Alagôas, Pernambuco e Ceará.- Pedra atracada Roda de prôa- Prolongamento da quilha de parte inferior
por páos com pontas, que serve de ancora ás jangadas e da prôa para cima.
canôas da Bahia.
Rodella * - Chapuzes, ou taboas, que pregam na prôa e pôpa
Pontal- Altura da face superior da caverna mestra na dos cascos (Amazonas).
linha da quilha á face inferior do vao da coberta.
Sapatilhas- Aros de metal, em roda dos. quaes adapta-se o
Pôpa- Parte posterior da embarcação, opposta á prôa. cabo para não ser estragado pelo gato, ou outro cabo.
fechada, pôpa que termina em ~ngulo. Saveiro *-Embarcação de pesca e de transporte de passa-
- cortada, pôpa formada de taboado plano e perpendicular geiros, e de carga (Bahia). Embarcações puramente de
á quilha. carga, as quaes não usam velas (Rio de Janeiro).
Porão- Espaço comprchendido entre a sobrequilha c a co- Sepultura*- Escotilha das canôas de embono, e barca-
berta. cinhas, por onde recebem a carga (Aiagôas e Pernam-
Punhos das velas- Pontos de união das tralhas, ou lados buco).
das velas; ou vertices dos angulos formados pelas tralhas. Serra boca*- Cabo que se passa em roda dos queixos da
Pranchas*- Embarcações feitas das duas bandas de uma balêa, para apertai-os, e não entrar ag~a pela boca.
canôa, entre as quaes se colloca uma, ou mais taboa,;, e (Bahia).
encaverna-se o todo (Rio de Janeiro). Serrêtas *-Dormentes dos barcos, saveiros, c mais embar-
cações. (Bahia ).
Quarta-Angulo do rumo igual a' 11" e 45'· E' a trigcsima
segunda parte da circumfercncia da rosa dos ventos. Sobre pôpa *-Bordadura de ré da canôa, ou a parte da
pôpa do supplemento de madeira fixo na borda da canôa
Querenar * - Encalhar (Rio de Janeiro).
outro ·

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