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FACULDADE DE MEDICINA ESTÁCIO - FMJ

CURSO DE FISIOTERAPIA

ÂNGELA LIMA DE MORAIS

VIVÊNCIA DE PESSOAS TRANSEXUAIS NA REGIÃO DO CRAJUBAR E


DIFICULDADES PARA ACESSAR O PROCESSO TRANSEXUALIZADOR DO SUS

JUAZEIRO DO NORTE
2020
ÂNGELA LIMA DE MORAIS

VIVÊNCIA DE PESSOAS TRANSEXUAIS NA REGIÃO DO CRAJUBAR E


DIFICULDADES PARA ACESSAR O PROCESSO TRANSEXUALIZADOR DO SUS

Projeto de pesquisa apresentado ao Curso de


Fisioterapia da Faculdade de Medicina Estácio-
FMJ, como requisito para obtenção de nota para
a disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso
I.

Orientador: Prof. Me. Albério Ambrosio


Cavalcante

JUAZEIRO DO NORTE
2020
Dedico esse trabalho a Arthur Gomes
Simões por todo incentivo e apoio na
construção desse projeto, além de toda a
ajuda do emprego dos termos corretos
para que essa pesquisa não gere nenhum
tipo de constrangimento ou ofensa a
qualquer leitor.
RESUMO

Levando em consideração relatos e notícias que vemos no dia-a-dia sobre os desafios


enfrentados pelas pessoas transexuais no Brasil e no mundo e trazendo essa
problemática no contexto dos municípios de Crato, Juazeiro e Barbalha, localizados
no interior do estado do Ceará, surgiu o seguinte questionamento: qual a vivência de
pessoas transexuais como minoria, e quais as dificuldades de acesso aos tratamentos
de hormonioterapias e cirurgias corretivas oferecidos pelo Processo Transexualizador
do Sistema Único de Saúde? A pesquisa tem por objetivo compreender a vivência de
pessoas transexuais e suas dificuldades no acesso ao Processo Transexualizador do
Sistema Único de Saúde. Consiste em um estudo de caráter exploratório e descritivo
com abordagem qualitativa que demonstrou a falta de preparo dos profissionais de
saúde em lidar com as questões específicas da população transexual da região em
que o estudo foi aplicado. Além da dificuldade que as pessoas trans enfrentam quando
decidem entrar no mercado de trabalho, muitas vezes não conseguindo emprego
mesmo com qualificação suficiente para tal. Concluiu-se então que mais debates
sobre gênero e transexualidade deveriam ser promovidos, para preparar melhor os
profissionais desde o início da graduação.

Palavras-chave: Transexualidade; Sistema Único de Saúde; Identidade de Gênero.


ABSTRACT

Taking into account reports and news that we see on a daily basis about the challenges
faced by transsexual people in Brazil and in the world and bringing this problem in the
context of the municipalities of Crato, Juazeiro and Barbalha, located in the interior of
the state of Ceará, emerged the following question: what is the experience of
transgender people as a minority, and what are the difficulties of access to hormone
therapy treatments and corrective surgeries offered by the Transexualizador Process
of the Unified Health System? The research aims to understand the experience of
transsexual people and their difficulties in accessing the Transexualizing Process of
the Unified Health System. It consists of an exploratory and descriptive study with a
qualitative approach that demonstrated the lack of preparation of health professionals
to deal with the specific issues of the transsexual population in the region where the
study was applied. In addition to the difficulty that trans people face when they decide
to enter the labor market, they often do not get a job even with sufficient qualifications
to do so. It was concluded that more debates about gender and transsexuality should
be promoted, to better prepare professionals since the beginning of graduation.

Keywords: Transexuality; Health Unic System; Gender Identity.


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1. INTRODUÇÃO

A identidade de gênero é múltipla, sendo caracterizada por pessoas que não


se identificam com o sexo biológico identificado no nascimento, ou seja, uma
população que não se encaixa nos padrões definidos pela cisheteronormatividade,
sendo expostos à discriminação por isso, desde a primeira infância (BRASIL, 2016).
Supõe-se que essa população começou a ser representada em teatros realizados nas
décadas de 60 e 70 e propagaram-se no início dos anos 80 quando as mulheres trans
brasileiras começaram a apresentar-se na noite parisiense (BRASIL, 2015).
Segundo Spizzirri (2016), não há estudos que datem corretamente e quantifique
essa população, então muitos dados baseiam-se em suposições, diante disso estima-
se que, no mundo, a cada 100.000 pessoas, 4,6 são transexuais. Sendo maior para
mulheres, que se encaixam numa proporção de 6,8:100.000, enquanto entre os
homens observamos 2,6:100.000. O que caracteriza uma relação de 2,6:1.
Nem todos os transexuais possuem divergências com suas genitálias,
especialmente aqueles inclusos na sigla LGB (lésbicas, gays e bissexuais), resultando
em diferentes decisões no que diz respeito às terapias, com alguns optando apenas
pela hormonioterapia, outros pelo conjunto de hormônios e cirurgias e outros ainda
optam por nenhuma terapia de adequação sexual, vivendo satisfeitos com seus
corpos de nascimento (LIMA; CRUZ, 2016).
Para aqueles que buscam as terapias de adequação, temos em nosso
Sistema Único de Saúde (SUS), o processo transexualizador (criado na portaria
1707/2008 e ampliado pela portaria 2803/2013), que promete assistência integral na
transição. Entretanto o funcionamento da portaria depende muito da região em que
ela é aplicada, e em um estudo realizado anteriormente por ROCON et. al (2019), foi
detectado que a região sudeste é a que tem tido mais sucesso na aplicação e adesão
de todas as terapias propostas, e sendo norte e nordeste as regiões com mais
insucesso.
Diante deste quadro e contextualizando os municípios de Crato, Juazeiro e
Barbalha, surgiu o seguinte questionamento: qual a vivência de pessoas transexuais
como minoria, e quais as dificuldades de acesso aos tratamentos de hormonioterapias
e cirurgias corretivas oferecidos pelo Processo Transexualizador do Sistema Único de
Saúde?
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Afinal, presume-se que como uma população extremamente excluída e


marginalizada, sentimentos de angústia, negação e insegurança podem surgir. Além
da perca de contato com familiares ser muito comum e de possuírem mais dificuldades
em ingressar no mercado de trabalho em função da transfobia sofrida ao longo do
processo de transição.
E devido isso, observou-se a possibilidade de realizar uma pesquisa que abranja
essas pessoas, com intenção de trazer para comunidade científica e acadêmica o
contexto social de uma população comumente marginalizada, dando-lhes a
possibilidade de conhecer uma população que encontra-se, atualmente, numa
realidade diferente da de pessoas dentro da cisheteronormatividade com a intenção
de desconstruir preconceitos e dar voz à essas pessoas.
Tendo em vista transfobia como desinformação, a pesquisadora acredita na
relevância do estudo baseado na possibilidade de trazer para profissionais de saúde
da região a realidade dessa população que tem, estatisticamente uma expectativa de
vida menor, que permanece em torno dos 35 anos, e são sujeitas à mais tipos de
violência, esperando que o presente estudo traga compreensão das necessidades
básicas e demandas de dignidade e saúde pública de transexuais e travestis.
Formando assim um pensamento mais capacitado em profissionais da área para
assegurar o amparo à essas pessoas com a noção de suas vivências e
particularidades.
Do exposto, o objetivo do estudo é compreender a vivência de pessoas
transexuais na região do CRAJUBAR e as dificuldades para acessar o processo
transexualizador do SUS.
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2. METODOLOGIA

2.1 Tipo de Estudo

Tendo em vista a elaboração dos objetivos do presente estudo, foi decidido o


desenvolvimento de uma pesquisa exploratória, descritiva de abordagem qualitativa,
levando em consideração que esta abordagem será a mais adequada para conhecer
as vivências da população transexual na região e o acesso ao Processo
Transexualizador do SUS.
De acordo com Piovesan e Temporini (1995), a pesquisa exploratória é
definida como um estudo preliminar com objetivo de conhecer e obter informações de
determinada população com base em suas realidades sociais, geralmente abordando
questões pouco conhecidas.
Dentro da pesquisa descritiva é realizado uma análise, a interpretação e o
registro dos dados estudados sem a interferência do pesquisador, que serve apenas
de ponte entre as informações coletadas e o futuro leitor da pesquisa. (SANTOS;
PARRA FILHO, 2011).
A pesquisa qualitativa define-se pela interpretação de aspectos subjetivos, e
expõe características baseadas no comportamento humano, fornecendo uma
avaliação detalhada sobre as vivências, questionamentos, hábitos, atitudes e
comportamentos do ser humano baseados na questão social de cada um. (MARCONI;
LAKATOS, 2008).

2.2 Local e Período da Pesquisa

Esta pesquisa foi desenvolvida nos municípios de Crato, Juazeiro do Norte e


Barbalha, que são municípios da macrorregião do Cariri, localizados no interior do
estado do Ceará e o local de cada entrevista foi escolhido pelos participantes do
estudo, levando em consideração que deve ser um ambiente em que o sujeito esteja
completamente à vontade, onde foi oferecida também a opção de realizar a entrevista
de forma remota. Foi realizada no período de fevereiro a dezembro de 2020,
compreendendo desde o momento da escolha do tema e redação do projeto de
pesquisa, até a defesa do artigo.
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2.3 Sujeitos da Pesquisa

Foram alocados para fins desta pesquisa, pessoas transexuais residentes em


qualquer um dos três municípios. A quantidade de participantes da pesquisa, foi de 4
pessoas, sendo uma mulher, dois homens e uma pessoa não binária, alguém que não
se enquadra dentro da binariedade de gênero (masculino e feminino). Tendo em vista
que na pesquisa qualitativa, não se avaliam dados numéricos ou quantitativos, e
devido isso, a quantidade foi determinada com base na repetição de ideias, durante a
fase de coleta de dados, caracterizando uma amostragem por saturação.
A amostragem por saturação é alcançada a partir do momento em que as falas
da população em estudo passam a se repetir, a partir deste momento, é estabelecido
um limite e as informações colhidas passam para a fase de interpretação. Esta
ferramenta é utilizada em diversos relatórios de investigações qualitativas em diversas
áreas, inclusive na saúde. (FONTANELLA; RICAS; TURATO, 2008).

2.4 Critérios de Inclusão

Participaram deste estudo, pessoas que se identificam como transexuais, com


idade superior a 18 anos, que residem em um dos três municípios citados
anteriormente, que façam, ou não, qualquer procedimento de adequação de gênero e
que sejam socialmente assumidos.

2.5 Critérios de Exclusão

Foram excluídos do estudo as pessoas que mudaram de cidade ou que


desistiram do processo de transição durante o período do estudo.

2.6 Coleta de Dados

A coleta de dados foi realizada através de convite individual e da técnica


conhecida como snowball que, de acordo com Caravaca-Morera e Padilha (2018), é
um estudo onde cada entrevistado indica alguém que se enquadre dentro dos critérios
de inclusão, no momento do convite, foram explicados os objetivos e como seria
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aplicada a pesquisa; a coleta foi realizada através de entrevistas, gravadas, realizadas


de forma individual, em ambiente silencioso, em que o participante se sentisse à
vontade. Antes de iniciar as entrevistas, foram disponibilizadas as perguntas, com o
intuito de amenizar ou antecipar qualquer dúvida que pudesse acontecer durante a
entrevista. E após a finalização foi indicado o contato de um psicólogo que poderia
oferecer acolhimento adequado caso houvesse ativação de algum gatilho emocional.
Esta abordagem teve como ponto de partida a seguinte pergunta norteadora:
“Como é sua vivência enquanto uma pessoa transexual aqui na região do CRAJUBAR
(Crato, Juazeiro e Barbalha)?”. E a partir desta pergunta central, outras surgiram de
acordo com a fala dos participantes, enquanto foram emitindo palavras chaves,
fazendo com que a pesquisadora estimulasse o sujeito da pesquisa a desenvolver o
assunto. Os dados foram coletados através de entrevista, conduzida pela
pesquisadora e gravadas no gravador de áudio de um celular Samsung J7 Prime.
Abaixo, pode-se verificar um fluxograma ilustrativo das fases da coleta de dados.

Figura 1: Fases da Coleta de Dados

Fase 1 Fase 2 Fase 3 Fase 4

• IDENTIFICAÇÃO • EXPLICAÇÃO • REALIZAÇÃO DA • ELABORAÇÃO


E SELEÇÃO DOS DOS OBJETIVOS ENTREVISTA DAS
SUJEITOS E REALIZAÇÃO CATEGORIAS DE
DO PRÉ-TESTE ANÁLISE
TEMÁTICA

FONTE: dados da pesquisa (2020).

2.7 Análise dos Dados

Após a compilação dos dados, estas informações foram transcritas,


organizadas e codificadas com TM (para transexuais mulheres), TH (para transexuais
homens) e TNB (para transexuais não-binários) seguido de um número para
representar a fala de cada uma das pessoas entrevistadas, com o intuito de garantir
o anonimato dos participantes (TM1, TM2, TH1, TH2, TNB1, TNB2...).
A pesquisa utilizou a técnica de análise temática descrita por Minayo (2014)
como teoria para análise das falas dos participantes, esta teoria apresenta as
seguintes etapas: pré-análise, exploração do material e o tratamento dos resultados
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obtidos e interpretação, onde essas que consistem na descoberta dos sentidos que
compõem uma comunicação, trazendo significado para algo para que possa ser
analisado.
A primeira fase, denominada pré-análise, caracteriza-se como o período de
organização e sistematização das ideias iniciais, de forma a conduzir a um esquema
para realização das atividades subsequentes, existem três atividades a serem
cumpridas durante essa fase: a escolha dos documentos, determinação dos
objetivos da pesquisa e formulação da hipótese.
A fase de exploração de material, chamada de segunda fase, é
essencialmente caracterizada como o período classificatório, com objetivo de
promover a compreensão dos textos, é onde o pesquisador busca encontrar
categorias que são falas ou expressões significativas com o intuito de organizar o
conteúdo das entrevistas.
Na terceira fase, a de tratamento dos resultados obtidos e interpretação, é
onde resultados são exposto à análises estatísticas simples ou à análise fatorial,
permitindo que os dados coletados sejam colocados de maneira a se tornarem
válidos e significativos, é onde ocorre o destaque e a condensação dessas
informações e a partir daí realizadas novas interpretações (MINAYO, 2014).

2.8 Aspectos Legais e Éticos

Essa pesquisa tem como base os preceitos bioéticos da Resolução 466/12,


de 12 de dezembro de 2012, do CONEP que visa: autonomia, não maleficência,
beneficência e justiça. Foi submetido à Plataforma Brasil, para encaminhamento e
análise do Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Medicina Estácio de Juazeiro
do Norte e foi aprovado sob número CAAE: 40459020.0.0000.8074, e todos os
indivíduos tiveram a participação consentida através da assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), logo em seguida deu-se início ao processo
de coleta de dados.
Os dados coletados foram mantidos em sigilo assim como as identidades dos
indivíduos entrevistados, que foram submetidos a todas as aplicações necessárias.
Os participantes foram esclarecidos quanto aos riscos e benefícios da pesquisa, bem
como assentimento através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
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e pós-esclarecido (TCPE), e informados da possibilidade de desistência a qualquer


momento da entrevista, sem nenhum prejuízo ou constrangimento.
Podemos apresentar como riscos desta pesquisa: possibilidade de gerar
algum constrangimento, aborrecimento, cansaço ou surgimento de emoções
indesejadas ao responder as perguntas. No entanto, os objetivos da pesquisa bem
como os seus benefícios serão minuciosamente explicados pela pesquisadora, a fim
de amenizar os riscos. Nos casos em que os procedimentos utilizados no estudo
tragam algum desconforto, a entrevista será cessada imediatamente e serão
realizadas medidas que solucione o problema.
Como benefícios, podemos proporcionar uma autorreflexão por parte dos
profissionais da saúde da região sobre as vivências da população transexual, para
que haja uma maior sensibilização por parte desses profissionais no tratamento dessa
população em questão, além de incentivar a realização de novos estudos sobre o
assunto.
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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Logo no início desta fase da pesquisa, buscou-se conhecer as vivências de


pessoas transexuais residentes na região do CRAJUBAR e como é o acesso à
terapias do SUS. Como é para essas pessoas lidarem com os aspectos emocionais,
e quais as principais repercussões em suas vidas.
A partir da análise dos dados resultantes das entrevistas, que tiveram como
pergunta norteadora: “Para você, como é ser uma pessoa transexual na região do
CRAJUBAR?”, surgiram quatro categorias principais: “família”, “medo de andar
sozinhos na rua”, “mercado de trabalho” e “falta de preparo dos profissionais de
saúde”.
Os entrevistados foram numerados com o objetivo de garantir o anonimato
dos participantes. Sendo os homens transexuais tratados por TH seguido de um
número, a mulheres transexuais por TM seguido de um número e os transexuais não
binários por TNB seguido de um número.

3.1 Categoria de análise “Família”

De início, todos os participantes falaram, primeiramente, de suas famílias,


alguns relatando uma reação positiva desde o início e outros uma relação bem mais
difícil do que a que estamos acostumados a lidar normalmente. Essa mudança de
comportamento familiar depende de vários fatores, incluindo religião. Dois
participantes numerados como TH1 e TNB1 deram a seguinte declaração quando
questionados sobre a família:

“Meu maior medo foi em relação à minha família, se eles


iriam me aceitar, como seria minha relação com eles e isso
que me fez questionar se era realmente aquilo que eu era.
Se valia a pena. Porque se eu me assumisse e depois
percebesse que não era transexual, pioraria mais minha
relação com eles [família]. Mas depois de pensar muito e
realmente me ver como um homem trans e realmente
confirmar pra mim mesmo foi que eu fui falar com minha
família. No início eles não me aceitaram e foi muito difícil,
mas hoje minha relação é muito melhor, eles me aceitaram
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e eu achava que nunca iriam me aceitar, por serem


evangélicos e terem muitos conceitos antigos e
preconceituosos.”
(TH1)

“A minha família, em específico pai e mãe, não sabem. Já


foi e é muito difícil pra eles lidarem com a minha
sexualidade, já foi muito trabalho e um sofrimento muito
grande. Mas em relação à minha outra família, meu
namorado e a mãe dele, foi bem mais de boa. Inclusive
esses dias ele contou pra mãe dele sobre meus pronomes
certos serem no feminino e ela disse que já sabia.”
(TNB1)

Outros entrevistados relataram que desde sempre tiveram apoio familiar, e


que por isso o processo de descoberta e início de transição foi tranquilo.

“Eu não tive problema com preconceito vindo de amigos


pois desde o início do meu processo de transição eu fui
cortando relações com as pessoas que davam indícios de
não aceitar quem eu era, quando a gente começa a
transicionar, esse é o ponto chave para tirar pessoas tóxicas
das nossas vidas. E em questão de família, eu nunca passei
por esse problema porque a minha família sempre me
aceitou muito bem. Eu acho que não sofri tanto, justamente
porque sempre tive minha família.”
(TM1)

“Pra mim, graças a Deus, foi bastante tranquilo. Eu até


imaginei que pra mim iria ser bem pior e não foi o que eu
imaginava que seria. Porque a gente espera essa reação
adversa e acabou sendo tranquilo. Eu comuniquei minha
decisão pra eles e sempre foi bem tranquilo, me ajudaram
bastante tanto financeiramente quanto aquele apoio
emocional.”
(TH2)
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No estudo de Caravaca-Morera e Padilha (2018), os autores retratam


diferentes situações dolorosas, em que muitos entrevistados não recebem apoio dos
familiares, chegando até a ouvir muitos absurdos vindo de amigos e familiares. Em
paralelo, os entrevistados do presente estudo relatam experiências positivas, onde a
família aceitou logo de início ou foi aceitando ao longo do tempo.
Diante dos relatos positivos acerca da aceitação familiar, concluímos que o
apoio familiar é um fator de proteção para as pessoas transexuais, pois impacta direta
e positivamente na saúde mental e física, amenizando sintomas depressivos e
ansiosos, como também diminuindo as chances de uma possível tentativa de suicídio
e autoagressão. Além de evitar com que essas pessoas, em especial as mulheres
transexuais, acabem entrando na prostituição, o que é muito comum nessa população
devido à falta de oportunidades no mercado de trabalho.

3.2 Categoria de análise “Medo de Andar Sozinhos na Rua”

Na fala que se segue, um dos entrevistados fala sobre um de seus maiores


medos:

“A gente ainda tem muito medo de andar na rua, né? Eu


estava até conversando com um amigo esses dias sobre
essa questão, que pra gente ainda é muito complicado. Até
quando você é cisgênero, mas é um homem afeminado ou
uma mulher masculinizada são muitos olhares e muitas
piadas de pessoas, principalmente homens, que andam
pela rua. Meu namorado nem gosta muito que eu saia
sozinha por causa disso.”
(TNB1)

Nota-se pelo depoimento colhido e pelas palavras de Caravaca-Morera e


Padilha (2018) que a agressão praticada nas ruas contra pessoas trans ainda é uma
problemática extremamente presente no dia-a-dia dessas pessoas. A cada 24hs uma
pessoa trans é assassinada no Brasil, e é um número muito alarmante, principalmente
considerando que a expectativa de vida dessa população é, em média, de 35 anos.
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3.3 Categoria de análise “Mercado de Trabalho”

É sabido que o mercado de trabalho é altamente excludente, e em todas as


entrevistas uma das queixas dos participantes é justamente não conseguir emprego,
especialmente aqueles que fogem dos estereótipos de gênero e da norma padrão
cisheteronormativa.

“Eles não recusam diretamente, eles recebem o currículo e


meu currículo é super preparado pro mercado de trabalho,
eu tenho curso profissionalizante, trabalhei um bom tempo
na área, tenho recomendação, mas eu entrego o currículo e
eles falam que vão entrar em contato e nunca entram.
Porque no meu currículo eu sempre coloco uma observação
do meu nome social, já que ainda não mudei meus
documentos.”
(TM1)

“Eu penso muito em relação ao futuro né, porque agora eu


trabalho como trancista, mas eu pretendo cursas filosofia,
eu pretendo ir pra docência, mas caso não seja um
concurso, eu não sei como vai ser, porque é ambiente
escolar, são crianças e adolescentes e teria que lidar
também com a própria gestão do colégio. E a gente fica sem
saber como agir, porque a maioria das mulheres trans e
travestis assumem o papel da prostituição.”
(TNB1)

“Eu trago a questão do mercado de trabalho desde antes da


minha transição, quando eu estava buscando estágios e até
mesmo emprego, por caminhar um pouco fora do padrão de
gênero, eu sentia que eu tinha uma certa dificuldade pra
conseguir. Só não foi tanta, porque eu consegui arrumar um
emprego um pouco antes [da transição] por indicação de um
conhecido da família. Então, querendo ou não, eu já tive
privilégios enquanto a isso. Eu percebi, por exemplo, que no
último ano de ensino médio eu procurei um estágio e eles
me colocaram numa empresa que sabiam que seria mais
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maleável em relação a questão de gênero. Mas a partir do


momento que eu realizei a transição e, como eu busquei
logo a mudança dos meus documentos, eu percebi que essa
certa passabilidade facilitou tudo. Eu não posso dizer que
eu tenho essa dificuldade hoje, porque essa passabilidade
me permite ser visto como um homem cis.”
(TH2)

Almeida e Vasconsellos (2018) produziram um estudo onde empresas e


instituições eram questionadas a respeito de porquê pessoas trans têm dificuldade em
conseguir acesso ao mercado de trabalho na cidade de São Paulo, mas que pode
muito bem ser usado para começar a entender essa dificuldade em todas as cidades
do Brasil.
Uma das entrevistas fala que são quatro desafios principais que essa
população enfrenta nessa busca. Dificuldades essas que vão desde transfobia, até
problemas com os documentos e a preocupação de como vestir com uniforme essas
pessoas e como elas usariam banheiros e vestiários, questionamento esse que não
deveria ser tão difícil de ser respondido. Além da baixa escolaridade, fator que deveria
ser uma preocupação crucial do estado que negligencia essa existência. (ALMEIDA;
VASCONSELLOS, 2018)

3.4 Categoria de análise “Falta de Preparo dos Profissionais de Saúde”

A falta de preparo dos profissionais de saúde foi o principal incomodo causado


na pesquisadora, fator primordial no momento de delimitação do tema da presente
pesquisa.
“Primeiro que a gente tem muita carência de profissionais
de saúde, praticamente não existe. A gente acaba lidando
com alguns endocrinologistas do sistema público e são
pessoas que não sabem lidar com as nossas demandas. As
pessoas não estão aptas, não estão preparadas para
receber as pessoas trans. E eu sou uma mulher trans, preta
e periférica as pessoas não estão prontas para me receber.”
(TM1)
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“Quando eu comecei a transição, uma das preocupações


que eu tinha era de como seria esse processo de
hormonização e em relação ao nome social. Porque a nossa
região encontra-se muito deficiente na capacitação dos
profissionais de saúde, de educação também e diversos
outros profissionais. E isso afeta muito na nossa forma de
se comportar e agir. Eu não cheguei a procurar o SUS, fiz
minha transição pelo plano de saúde desde o início, porque
o SUS tem um processo muito lento e os profissionais não
estão sendo capacitados para atender as pessoas como eu.
Mas mesmo no acesso privado a gente encontra essa
dificuldade, por exemplo, não é todo profissional que vai
saber fazer esse atendimento, que vai conseguir passar o
tratamento adequado, saber fazer a hormonização
adequada, mesmo um profissional dedicado aquela área,
porque as necessidades são diferentes.”
(TH2)

“Por mais que tenha cartaz, tenham cartilhas, posts em rede


social quando você procura o atendimento acaba vendo que
não é tratado da mesma forma. As pessoas acabam sendo
violentas e algumas violências são sutis, coisas básicas
como rir, olhar torto, não usar o nome correto de propósito
e isso acaba prejudicando nosso acesso a saúde, de não
querer ir pra não passar por isso. Eu, por exemplo, fiz minha
primeira prevenção esse ano, com 22 anos, e fui com muito
medo. E por causa disso, eu acho que deveria ser
realizados vários debates desde dentro da universidade,
porque profissionais da saúde vão tratar diversos tipos de
pessoas todos os dias, deveria ter essa preparação. Porque
muitos entram na universidade com uma carga
preconceituosa e ela permanece até o final. E isso não é
desconstruído pelos professores e na hora de atender não
sabe lidar com as pessoas e acabam sendo transfóbicos,
não atendendo bem. E se tivessem conhecimento esse
preconceito poderia não existir mais.”
(TH1)
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Rocon, et. al. (2019) defende que, entre todas as pessoas inclusas dentro da
sigla LGBT, as pessoas trans são as que têm mais dificuldades em acessar
atendimentos dentro do SUS, sendo terapias de transição de gênero ou não. E
acabam sendo alvos fáceis para transfobia por, muitas vezes, não terem a opção de
ir até um serviço particular. Alguns chegando até a não ter uma saúde de qualidade
pois se sentem constrangidos e assustados em buscar um serviço de saúde pública
e acabarem sendo destratados.
Após análise de todas as falas apresentadas na pesquisa, observa-se que o
sistema de saúde pública ainda apresenta falhas, pois muitos dos acessos garantidos
à população por lei não vêm sendo ofertados. Pode-se refletir que mudanças são
necessárias, desde a formação até a vida profissional daqueles que trabalham dentro
do SUS, para garantir acesso à saúde e qualidade de vida para todos.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa iniciou-se com o objetivo de compreender e informar quais são as


vivências de pessoas transexuais na região do CRAJUBAR e quais as principais
dificuldades dessas pessoas em acessar o SUS, a sua principal justificativa baseia-se
no fato da marginalização que essa população sofre em todo o Brasil e quais seriam
os principais obstáculos enfrentados levando em consideração uma região do interior
do Ceará.
Ao longo das entrevistas observou-se, de forma unânime, os relatos de
despreparo dos profissionais da saúde em atender as demandas necessárias para
uma saúde básica, sejam essas demandas referentes à transição de gênero ou até
mesmo em outros tipos de serviços, como atendimentos ginecológicos de prevenção
de doenças.
Outra dificuldade que foi muito pontuada relaciona-se com a entrada no
mercado de trabalho, que acaba sendo extremamente excludente para essa
população, levando muitos a trabalharem de forma autônoma ou até de buscar
sobreviver da prostituição, o que é muito comum no caso de mulheres trans e travestis.
Esse descaso com a população trans que foi observado em cada entrevista,
poderia ser evitado trazendo debates mais inclusivos para dentro das Instituições.
Para que os profissionais saíssem da graduação enxergando que pessoas LGBT’s,
em específico, pessoas trans existem, e que elas precisam ter acesso à uma saúde
gratuita e de qualidade. Afinal, um dos princípios do SUS garante universalidade, e
mesmo assim pessoas trans continuam sendo negligenciadas.
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REFERÊNCIAS

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transpondo barreiras no mercado de trabalho em São Paulo ?. Rev. direito GV ,
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Disponível em: https://www.saude.gov.br/sistema-unico-de-saude. 2018.

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paulo,p- 315-318. 2014.

OLIVEIRA, Itauane de; ROMANINI, Moises. (Re)escrevendo roteiros (in)visíveis: a


trajetória de mulheres transgênero nas políticas públicas de saúde: a trajetória de
22

mulheres transgênero nas políticas públicas de saúde. Saúde e Sociedade, [s.l.], v.


29, n. 1, p. 1-14, 2020. FapUNIFESP (SciELO).

PAIVA, Carlos Henrique Assunção; TEIXEIRA, Luiz Antonio. Reforma sanitária e a


criação do Sistema Único de Saúde: notas sobre contextos e autores. : notas sobre
contextos e autores. História, Ciências, Saúde-manguinhos, [s.l.], v. 21, n. 1, p.
15-36, mar. 2014. FapUNIFESP (SciELO).

PIOVESAN, A.; TEMPORINI, E. R. Pesquisa exploratória: procedimento


metodológico para o estudo de fatores humanos no campo da saúde
pública. Revista Saúde Pública, São Paulo, v. 29, n. 4, p. 318-325, Aug. 1995.

ROCON, Pablo Cardozo et al. Desafios enfrentados por pessoas trans para acessar
o processo transexualizador do Sistema Único de Saúde. Interface - Comunicação,
Saúde, Educação, [s.l.], v. 23, p. 1-14, 2019. FapUNIFESP (SciELO).

SANTOS, João Almeida. PARRA FILHO, Domingos. Metodologia Científica. 2 ed.


São Paulo: Cengage Learning, 2011.

ZERBINATI, João Paulo; BRUNS, Maria Alves de Toledo. A família de crianças


transexuais: o que a literatura científica tem a dizer? Pensando fam., Porto Alegre,
v. 22, n. 2, p. 37-51, dez. 2018.
23

ANEXO A – Parecer CEP

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

DADOS DO PROJETO DE PESQUISA

Título da Pesquisa: VIVÊNCIA DE PESSOAS TRANSEXUAIS NA REGIÃO DO CRAJUBAR E


DIFICULDADES PARA ACESSAR O PROCESSO TRANSEXUALIZADOR DO SUS
Pesquisador: ALBÉRIO AMBRÓSIO CAVALCANTE Área Temática:
Versão: 1
CAAE: 40459020.0.0000.8074
Instituição Proponente:IREP SOCIEDADE DE ENSINO SUPERIOR, MEDIO E FUNDAMENTAL LTDA.
Patrocinador Principal: Financiamento Próprio

DADOS DO PARECER

Número do Parecer: 4.424.132

Apresentação do Projeto:
A pesquisa deseja compreender a vivência de pessoas transexuais e suas dificuldades no acesso ao
Processo Transexualizador do Sistema Único de Saúde. Consiste em uma pesquisa de caráter
exploratório e descritivo com abordagem qualitativa.
Objetivo da Pesquisa:
Objetivo Primário:
Compreender a vivência de pessoas transexuais e suas dificuldades no acesso ao Processo
Transexualizador do Sistema Único de Saúde.
Objetivo Secundário:
Conhecer quais sentimentos são vivenciados pelos transexuais; Conhecer os âmbitos das dificuldades
enfrentadas; Compreender como se dá o processo de iniciação de terapias de redesignação sexual.
Avaliação dos Riscos e Benefícios:
Riscos:
Podemos apresentar como riscos desta pesquisa: possibilidade de gerar algum constrangimento,
aborrecimento, cansaço ou surgimento de
emoções indesejadas ao responder as perguntas. No entanto, os objetivos da pesquisa bem como os
seus benefícios serão minuciosamente
24

Página 01 de

Continuação do Parecer: 4.424.132

explicados pela pesquisadora, a fim de amenizar os riscos. Nos casos em que os procedimentos
utilizados no estudo tragam algum desconforto, a entrevista será cessada imediatamente e serão
realizadas medidas que solucione o problema.

Benefícios:
Como benefícios, podemos proporcionar uma autorreflexão por parte dos profissionais da saúde da
região sobre as vivências da população transexual, para que haja uma maior sensibilização por parte
desses profissionais no tratamento dessa população em questão, além de incentivar a realização de
novos estudos sobre o assunto.
Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:
Projeto de relativa facilidade de execução pois pode apresentar algum risco aos participantes, mas
todas as medidas serão tomadas para minimizar os problemas por ventura ocorridos

Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:


Os termos apresentados estão de acordo com as normas deste
Comitê
Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:
Consideramos o projeto apto a ser iniciado
Considerações Finais a critério do CEP:

Este parecer foi elaborado baseado nos documentos abaixo relacionados:


Tipo Documento Arquivo Postagem Autor Situação
Informações Básicas PB_INFORMAÇÕES_BÁSICAS_DO_P 26/11/2020 Aceito
do Projeto ROJETO_1630884.pdf 09:40:05
Projeto Detalhado / PROJETO_COMPLETO_ANGELA_NO 26/11/2020 ALBÉRIO Aceito
Brochura VO.pdf 09:39:39 AMBRÓSIO
Investigador CAVALCANTE
TCLE / Termos de TCLE_TCC_ANGELA_novo.pdf 26/11/2020 ALBÉRIO Aceito
Assentimento / 09:38:58 AMBRÓSIO
Justificativa de CAVALCANTE
Ausência
Outros TCPE_TCC_ANGELA.pdf 25/11/2020 ALBÉRIO Aceito
15:44:06 AMBRÓSIO
Outros TERMO_USO_DA_VOZ.pdf 25/11/2020 ALBÉRIO Aceito
15:30:49 AMBRÓSIO
25

Outros ANUENCIA_TCC_ANGELA.pdf 25/11/2020 ALBÉRIO Aceito


15:25:59 AMBRÓSIO
Folha de Rosto FOLHA_DE_ROSTO_ANGELA.pdf 25/11/2020 ALBÉRIO Aceito
Página 02 de

Continuação do Parecer: 4.424.132

Folha de Rosto FOLHA_DE_ROSTO_ANGELA.pdf 15:20:52 CAVALCANTE Aceito


Situação do Parecer:
Aprovado
Necessita Apreciação da CONEP:
Não

JUAZEIRO DO NORTE, 26 de Novembro de 2020

Assinado por:
FRANCISCO ANTONIO VIEIRA DOS SANTOS
(Coordenador(a))

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