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Pesquisa
Social: teoria, método e criatividade. 30. ed. Petrópolis: RJ: Vozes, 2011. p. 79-108.
Esse estudo do material não precisa abranger a totalidade das falas e expressões dos interlocutores
porque, em geral, a dimensão sociocultural das opiniões e representações de um grupo que tem as
mesmas características costuma ter muitos pontos em comum ao mesmo tempo que apresentam
singularidades próprias da biografia de cada interlocutor.
Assim, ao analisarmos e interpretarmos informações geradas por uma pesquisa qualitativa, devemos
caminhar tanto na direção do que é homogêneo quanto no que se diferencia dentro de um mesmo
meio social.
Wolcott (1994), diferencia análise de interpretação e as distingue do termo descrição. Segundo esse
autor, na descrição as opiniões dos informantes são apresentadas da maneira mais fiel possível, como
se os dados falassem por si próprios; na análise o propósito é ir além do descrito, fazendo uma
decomposição dos dados e buscando as relações entre as partes que foram decompostas e, por
último, na interpretação – que pode ser feita após a análise ou após a descrição – buscam-se sentidos
das falas e das ações para se chegar a uma compreensão ou explicação que vão além do descrito
analisado. Na pesquisa qualitativa a interpretação assume um foco central, uma vez que “ é o ponto
de partida (porque se inicia com as próprias interpretações dos atores) e é o ponto de chegada
(porque é a interpretação das interpretações) ” (GOMES et al., 2005)
Dois aspectos importantes devem ser considerados. O primeiro deles diz respeitos a ideia de que
tanto a análise quanto a interpretação ocorrem ao longo de todo o processo. Já o segundo se refere ao
fato de que, em pesquisa qualitativa, ás vezes, ao chegarmos na fase final, descobrimos que
necessitamos retornar ás partes das fases anteriores. Assim se as informações coletadas não são
suficientes para produzir os dados a partir das questões da pesquisa, devemos voltar ao trabalho de
campo para buscar mais informações pontuais e específicas. Ou, se não conseguimos produzir uma
interpretação dos dados com referências teóricas já trabalhadas na fase exploratória, pois as
novidades surgidas em campo exigem outras análises, devemos acrescentar leituras para produzir
uma cuidadosa compreensão e interpretação.
Não há fronteiras nítidas entre coleta das informações, início do processo de análise e a
interpretação. O importante é fazer uma avaliação verificando: a) revela qualidade; b) e é suficiente
para a análise.
Como afirma Bauer (2002), “No divisor quantidade/qualidade das ciências sociais, a análise de
conteúdo é uma técnica híbrida que pode mediar a discussão sobre virtudes e métodos” (p.190).
A autora menciona a análise do conteúdo como um conjunto de técnicas, indicando que há várias
maneiras para análise. Destacamos:
a) Análise de avaliação de avaliação ou análise representacional: mede as atitudes do locutor quanto
aos objetos de que fala, levando em conta que a linguagem representa e reflete quem a utiliza.
b) Análise expressão: trabalha com indicadores para atingir a inferência formal.
c) Análise de enunciação: usada para analisar entrevista abertas.
d) Análise temática: o conceito central é o tema.
Procedimentos metodológicos
Dentre os procedimentos metodológicos destaca-se:
Categorização: “uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por
diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento segundo o gênero (analogia), com critérios
previamente definidos. As categorias são rubricas ou classe, as quais reúnem um grupo de
elementos (unidades de registro) sob título genérico” (BARDIN, 19979, p.117)
Inferência: dedução lógica de algo do conteúdo que está sendo analisado.
Descrição:
Interpretação: procura-se ir além do material. Uma discussão mais ampla.
4. Bases do método
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A primeira questão que pode surgir frente ao título desta proposta de interpretação é por que método
e não técnica. Conforme Bruyne et al. (1991) o método está para além da técnica. Segundo os
autores, um método envolve quatro polos: a) epistemológico (a dimensão crítica que avalia se uma
produção é ou não científica, a partir de um modelo de ciência, promovendo ruptura entre os objetos
científicos e o sendo comum); (b) teórico (conceitos e princípios que orientam a interpretação) ;(c)
morfológico (regras de estruturação do objeto de investigação); (d) técnico (controle da coleta de
dados e a confrontação entre os dados com a teoria que os suscitou). Ainda para os autores
mencionados, a “interação dialética desses diferentes polos constitui o conjunto de práticas
metodológicas”.
6.Exemplo de interpretação de
sentidos________________________________________________
Primeira Etapa: leitura compreensiva, visando a impregnação dos depoimentos; visão de conjunto;
e apreensão das particularidades do material da pesquisa original.
Segunda Etapa: Baseando-se na estrutura de análise montada por temáticas, recortar trechos de
depoimentos e neles identificamos as ideias explícitas e implícitas. Ver pg. 103
Terceira Etapa: busca de sentidos mais amplos que articulam modelos subjacentes às ideias.
7. Considerações finais_____________________________________________________________
O resumo realizado pelos autores pode fazer com que as propostas para trabalhar com dados de
pesquisa qualitativas sejam vistas como parecidas.
A Análise de conteúdo, aqui apresentada, é uma adaptação da técnica original, que vai além dos
conteúdos manifestos, aportando um referencial interpretativo.
Para um maior domínio da Análise de conteúdo destacamos os textos de Bardin (1979) e Bauer
(2002) e para o Método de Interpretação de Sentidos, os textos de Minayo (2006) e Gomes et al.
(2005)