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“Moda é arquitetura, é só uma questão de proporção” (Coco Chanel)

Na década de 1950, Coco Chanel, uma das estilistas mais talentosas de todos os tempos,
admitiu ao mundo que buscava inspiração para as suas criações também em obras
arquitetônicas, como nas de Le Corbusier.  Assim como ela, Yves Saint Laurent utilizou
princípios da Bauhaus. Isso ficou evidente em peças de formas puras e linhas retas.

Dez anos mais tarde essa fusão ficou ainda mais intensa, com o surgimento de novos
comportamentos e conceitos de design. Oscar Niemeyer, por exemplo, se inspirou inúmeras
vezes nas proporções do corpo feminino.  E no final do século, as tendências de traços e cores
passaram a ser empregadas, ao mesmo tempo, tanto no vestir quanto no morar. É o
chamado lifestyle, quando há fortes semelhanças entre as peças de roupas que as pessoas
vestem e os ambientes em que convivem.  Ou seja, uma expressão de sua personalidade.

Vestidos de Coco Chanel e Yves Saint Laurent. (imagens extraídas de Decor e Designer e Kate
Davies Designs)

+ Moda versus Arquitetura


Existe um forte diálogo entre todas as artes, mas entre a moda e a arquitetura a conexão é
ainda maior. Ambas possuem uma ampla interação criativa, voltada para as questões pessoais,
políticas, religiosas e culturais. Em comum, o objetivo da proteção, contra o calor e o frio, e a
expressão de um discurso, convergindo na sua individualidade. Portanto, vestir e habitar, duas
das necessidades mais básicas para o ser humano, aliadas à estética.
Exemplos da relação moda e arquitetura. (imagens extraídas de Arq Portal SC)
Exemplos da relação moda e arquitetura. (imagens extraídas de IG)

E moda e arquitetura conversam em muito mais questões.  Elas estão sempre em busca de
novas referências, visões, abordagens e experimentações para resolver as questões que
tratam da forma e da estrutura. Apesar de terem espaço de tempo, processos de construção,
escalas e suportes diferentes, o trabalho de cada uma será norteado, ao seu modo, em
proporções, ritmos, equilíbrios e harmonia, renovando-se constantemente.

Veja nesse vídeo, logo abaixo, como se comportam estudantes de arquitetura da University of
Southern California quando são desafiados a construírem uma peça de vestuário!

+ Moda versus Decoração

As tendências lançadas no mundo fashion também inspiram os designers de interiores. Uma


estratégia lançada em um desfile de grife acaba por refletir-se na decoração dos lares e vice-e-
versa. Afinal, compor ambientes é um exercício, assim como montar um look. Cores, texturas,
materiais, volumes, estampas, padronagens e mais, que são adaptados em uma e utilizados
pela outra.
Coleção 2014 da Forever 21.(imagens extraídas de Tendere)
Coisas vistas nas passarelas são constantemente aplicadas na decoração. Pode-se seguir a
tendência da estação ou adaptar estilos em objetos decorativos. Algo que se tornou bem
comum é estilistas assinando coleções exclusivas para interiores, revelando um lado
multifacetado desses criativos. E a moda vem, justamente, para isso, reforçar a busca pelo
novo.

No exterior, marcas como Moschino, Armani, Versace e Zara tem coleções também para a
casa, incluindo luminárias, cadeiras, almofadas e mais. No Brasil, lojas como a Tok&Stok
mantém parceria com estilistas como Ronaldo Fraga, Alexandre Herchcovitch e Amir Slama.
Outras empresas, como a DellAnno, de móveis planejados, trabalham com a ideia
do lifestyle no processo de concepção das peças, buscando, com ajuda de designers
consultores, traduzir esse conceito de vestir às casas.
Decorações inspirados em Alexandre Herchcovitch e Gloria Coelho. (imagens extraídas
de Almoço de Sexta)

Coleção moda e decoração 2010 de House of Hackney. (imagens extraídas de Har Decor)

+ Afirmação de uma marca


Muitos arquitetos buscam na moda a inspiração para criações mais fluidas, flexíveis,
dinâmicas, assim como os tecidos são para as roupas. Só que muitas vezes é a sua arquitetura
que permite a afirmação da própria marca. Essa parceria entre os dois campos artísticos tem
proporcionado a criação de espaços de vendas incríveis. Um exemplo é a Prada, que contratou
Rem Koolhaas para projetar sua primeira loja em Nova York.
Prada Epicenter New York, de Rem Koolhaas. (imagem extraída de OMA Office)
Lojas de Prada, em Omotosando, Tokyo; e Louis Vuitton em Tokyo, Japão. (imagens extraídas
de Archinect em Pinterest e Renata Bojikian Canedo Colim em Pinterest)

A apresentação dos produtos também é outro ponto de muita participação dos arquitetos.
Empresas como Bulgari, Fendi, Versace, Diesel e Zara são responsáveis por grandes
construções de arquitetura, incluindo vitrines, interiores, lojas, hotéis e galerias. E alguns dos
seus estilistas utilizam, justamente, conceitos empregados em obras edificadas na concepção
de design de moda, como Gareth Pugh e Iris van Herpen. E outros ainda atravessaram
fronteiras, seguindo para a criação de peças decorativas ou, até mesmo, trabalhando
diretamente com arquitetura, como Issey Miyake, Hussein Chalayan, Nicolas Ghesquière
e Viktor & Rolf.
Sandália Melissa inspirada nas obras de Zaha Hadid. (imagens extraídas de Melissa)

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