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Introdução
Por Que Espiritualidade em Terapia?
“Os participantes do workshop começaram a perguntar, ‘Quando é que você vai escrever
um livro sobre isto?’ Eu respondia que geralmente escrevo o livro quando o workshop
para de mudar, quando tenho clareza a respeito do que devo dizer. Este momento
chegou.”
“Como chegamos a ficar tão distantes do trabalho e cura da alma, enfatizando apenas o
trabalho com a mente, emoções, pensamentos e assim por diante? Embora seja
possível encontrar alguns pioneiros e defensores ao longo dos anos, tais como Frankl,
Jung e Assagioli, que enfatizaram a importância da espiritualidade para a saúde mental,
por que a terapia geralmente desprezou ou desestimulou o uso da espiritualidade, ou de
métodos espirituais, por tanto tempo? Na minha opinião, há diversas origens possíveis
para esta situação.
A primeira é a hostilidade ou desprezo de Freud em relação à religião. Seu pai era muito
religioso, tendo Freud rejeitado essa sensibilidade em sua vida. Expressou opiniões de
que a religião constituía um mecanismo de defesa e uma neurose. Escreveu que as
ideias religiosas ‘são ilusões, satisfação dos desejos mais antigos, mais fortes e mais
urgentes da espécie humana’, e que a religião é ‘a neurose obsessiva e universal da
humanidade’ (1927/1961, pp. 30,43)”.
“Outra barreira para trazer a espiritualidade para a terapia é a falta de uma definição
clara, prática, de espiritualidade.”
“Neste livro, vamos nos limitar ao tópico da espiritualidade, para sermos inclusivos e
evitarmos dificuldades doutrinárias. A espiritualidade é um senso de que há algo maior
acontecendo na vida. (...) A religião, por outro lado, envolve crenças e práticas
específicas.”
“Há muitas pesquisas sobre a correlação entre práticas religiosas, sensibilidade religiosa
e espiritual com vários aspectos da saúde mental e comportamental, embora algum
cuidado precise ser tomado com essas pesquisas. (...) A melhor fonte de informações
sobre pesquisas nessa área está no volume compilado por Koenig, McCullough e Larson
(2001). Outro volume bastante completo é o de Levin (2001).
A referida pesquisa é longa demais para ser coberta neste pequeno volume, dizendo
respeito, principalmente, à religião. No entanto, poderia resumí-la assim: ter
sensibilidade, crenças ou práticas religiosas/espirituais tem, em geral, correlação com
efeitos preventivos ou positivos sobre uma ampla variadade de problemas mentais,
comportamentais, emocionais e de relacionamentos. Isso inclui depressão, ansiedade,
doença mental grave, abuso e dependência de drogas e álcool, estabilidade matrimonial
e delinquência. Note que escrevi ‘em geral’. Há exceções.”
Espiritualidade: Os Três Cs
“Desta forma, aqui está minha definição simples de espiritualidade. Possui três
componentes que, na minha opinião, compreendem quase tudo o que a abordagem
religiosa e a espiritual possuem em comum. (...) Esses três componentes, que chamo os
3Cs, são:
“O resto deste livro será uma expansão destas três ideias básicas, com algumas
questões laterais incluídas para enriquecer a jornada.”
Capítulo 1
Sete Caminhos para a Conexão
Apenas se conecte.
- E.M. Forster
“Aqui está uma lista de sete caminhos possíveis para ajudar as pessoas a se
conectarem a alguma coisa maior e além de si próprias.”
Os Sete Caminhos
“Esta é a conexão com o nível interior mais profundo, envolvendo manter uma conexão
consigo mesmo além do que é racional, lógico ou mesmo emocional. Muitas pessoas
descobrem que meditar, manter um diário (‘journal’) ou simplesmente passar tempo
sozinha as ajuda a encontrar esta conexão.”
“Esta conexão pode vir através da dança, sexo, esportes, yoga, comer comidas de boa
qualidade e assim por diante. Ver o Michael Jordan no ar, prestes a fazer uma cesta no
basquete, ou ver outros grandes atletas em ação, pode mostrar o que é o espiritual
através do corpo - eles parecem fazer coisas que estão além das habilidades normais do
ser humano e que parecem transcendentes.”
“Esta conexão refere-se a relacionamentos íntimos ‘um para um’, que o filósofo Martin
Buber (1971) denominava relacionamento Eu-Você. Este caminho nem sempre se refere
ao relacionamento com outra pessoa; pode, também, acontecer com um animal.”
Uma cliente de O’Hanlon, com tendência suicida, disse a ele que a única coisa que a
mantinha viva era a conexão com seu cão.
4. Conexão à Comunidade
Este caminho é sobre estar na natureza e no ambiente físico, notando sua presença.
‘Acredito em Deus, apenas escrevo seu nome como Natureza’, disse Frank Lloyd Wright
(Harris, 2005). Também se pode sentir este tipo de conexão por meio de um profundo
entendimento e apreciação das leis da natureza, como na física e na matemática.”
“Qualquer que seja a palavra que se use para a percepção de que existe um ser ou
inteligência maior do que nós participando da vida, tal conexão pode acontecer por meio
de preces, conversa, meditação, leitura dos trabalhos sagrados da religião preferida e
assim por diante.”
Estabelecendo a Conexão
Rituais
“Joseph Campbell (1988) tornou a frase ‘Siga sua bênção’ famosa. Sugeriu que, se as
pessoas seguissem o que as fascina e pode satisfazer suas almas, terminariam por
encontrar soluções para seu trabalho e suas vidas. A palavra ‘bênção’ (‘bliss’) relaciona-
se, na origem, à palavra ‘ferida’ (‘wound’). Em francês, ‘ferida’ é ‘blessure’; assim sendo,
gostaria de recomendar um outro caminho para ajudar os clientes a encontrarem seus
destinos e o trabalho de suas vidas: deveriam seguir suas feridas.”
O Contexto Maior
- “Você acha que sua vida ou este incidente é parte de algum significado maior, ao qual
você não tem acesso neste momento?
- Como você acha que isto se encaixa no contexto maior da sua vida?”
“Uma variação do tema do contexto maior é a ideia segundo a qual a vida atual da
pessoa, incluindo erros e problemas, pode constituir o antecedente necessário que a
levará a algum outro lugar.”
Lições Aprendidas
Segundo O’Hanlon, o terapeuta deve ter cuidado com a ideia de que o sofrimento gera
sabedoria e importantes lições aprendidas. Embora seja verdade, pode parecer
‘conversa fiada’ e indicar que o terapeuta está invalidando o sofrimento do cliente.
A Próxima Vida Será Melhor
“Muitos clientes encontram consolo nesta história: o sofrimento nesta vida é tolerável, ou
até bom, porque levará a uma vida melhor após a morte ou na próxima encarnação.”
“Quando temos problemas, as coisas muitas vezes parecem estar indo de mal a pior. Às
vezes, o único caminho à frente baseia-se na fé. Ter fé significa adentrar o desconhecido
sem nenhuma garantia de que as coisas irão se resolver”.
“Algumas vezes, sugiro que meus clientes escrevam a si próprios uma carta a partir do
futuro, depois que tudo já estiver resolvido, como uma maneira de eliciar e se conectar
com a fé.”
Capítulo 2
Caminhos para a Compaixão
“(...) outros efeitos distorcivos surgem através do trauma, quando alguns aspectos da
nossa experiência física ou sensorial separam-se da nossa identidade percebida.”
“Tenho me referido a esse processo como os 3D: Dissociar, Denegar e Desvalorizar.
Não apenas nos separamos da experiência, como a removemos do nosso senso de
identidade e, algumas vezes, decidimos que o referido aspecto é ruim, vergonhoso ou
inválido.
O triste efeito deste processo é que o aspecto de nós que não foi integrado adquire vida
própria, parecendo operar independentemente da nossa vontade ou controle. Duas
coisas acontecem frequentemente, como resultado disso (chamo tais defeitos inibição e
invasão). Uma é que o nosso acesso a essa experiência diminui, isto é, adquirimos uma
falta de sensibilidade nessa área. Ficamos incapazes de lembrar uma parte da nossa
infância ou do início da nossa vida; ficamos incapazes de chorar; ou não sentimos
alegria (inibição). O outro efeito é que, de vez em quando, nos sentimos
sobrecarregados ou invadidos por este aspecto não possuído por nós. Não conseguimos
esquecer o passado, que nos invade na forma de flashbacks, ou desenvolvemos
comportamento automático ou compulsivo (...) (invasão). O poeta David Whyte (1989-96)
escreveu: ‘Parece haver alguma ligação entre os lugares que denegamos dentro de nós
e a chave do lugar para onde precisamos ir.”
“Outro poeta, Robert Frost, escreveu: ‘Algo que estávamos retendo fez-nos fracos, até
descobrirmos que éramos nós próprios’ (Executive Speaker, 2005).”
De acordo com a Análise Transacional, alguma parte das nossas vidas é guiada por
injunções - restrições ou compulsões inconscientes que residem em nossas crenças
mais profundas sobre nós mesmos e sobre nossas vidas.”
“Essas injunções possuem duas formas: (a) o que alguém deve fazer ou ser; e (b) o que
alguém não deveria fazer ou ser.
Desafiar tais injunções antigas adquire uma forma simples: dar à pessoa um de dois
tipos de permissão. O primeiro tipo é a permissão para. Isto consiste em comunicar aos
clientes que está tudo bem se eles tiverem certas experiências ou sentimentos. (...) O
segundo tipo de permissão é a permissão para não. ‘Você não precisa ser perfeito’, ‘Não
é necessário agradar os outros o tempo todo’ ou ‘Você não precisa lembrar de tudo para
seguir em frente’.”
“Há uma forma de inclusão mais complexa, que envolve juntar aspectos do cliente
aparentemente opostos, de sorte que tais aspectos possam coexistir. Alguns exemplos
podem indicar a coexistência de tais opostos:
- Isso foi terrivelmente gentil de sua parte.
- A separação traz uma doce tristeza.
- Tive férias trabalhosas.
Meu antigo mentor e professor, Milton Erickson, utilizava expressões como essas em
sua hipnose e terapia. Ele achava que, se o terapeuta não trouxesse à tona os dois
lados da ambivalência do paciente, o mesmo seria compelido a trazer para a ação o lado
não explicitado ou reconhecido. ‘Se você não disse o ‘não’, o paciente dirá’, Erickson
costumava dizer.”
“Somos preguiçosos ou diligentes, nossa mente racional nos diz. Mas a verdade pode
ser que somos tanto diligentes quanto preguiçosos; tanto cuidadosos quanto
negligentes. Podemos estar protegidos e vulneráveis ao mesmo tempo, ansiosos e
calmos.”
Desenvolvendo a Compaixão
“Quando pensamos que os outros são maus, ou julgamos suas intenções duramente,
não estamos sentindo compaixão.”
Problema: Injunções
“Determine as injunções que podem ter dominado seus clientes. Tais injunções são
conclusões que os clientes obtiveram sobre si mesmos, ideias que outras pessoas
sugeriram a eles, ou coisas que os outros disseram ser verdadeiras.”
Auto-Desvalorização
“1. Dê aos cliente permissão para e permissão para não ter a experiência ou ser algo.
“Lloyd Shearer aconselhou: ‘Seja gentil com os jovens, compassivo com os idosos,
solidário com os que estão lutando e tolerante com os fracos e errados. Em algum ponto
de sua vida, você terá sido todos esses’.”
Perdão
“Uma motivação das vítimas para perdoar aqueles que as tenham prejudicado pode ser
a obtenção de alívio da amargura e estresse.”
“(...) estudos ou avaliações têm notado que o ato de perdoar parece reduzir a depressão
e a ansiedade; leva a pessoa a lidar melhor com o estresse, a conseguir maior
proximidade em relação aos outros e a um aumento do bem-estar físico.”
“Algumas vezes, quando nossos clientes estão sofrendo, a ajuda mais espiritual que
podemos lhes dar é simplesmente testemunhar seu sofrimento com compaixão.”
“Simone Weil, que dedicou sua vida a aliviar o sofrimento, disse, ‘A capacidade de dar
atenção a um sofredor é uma coisa rara e difícil; é quase um milagre; é um milagre’
(1991).”
“Uma das maneiras que usamos para não ouvir é simplificar ou generalizar os
sentimentos ou situações das pessoas.”
“Chamo este tipo de atenção Escuta Profunda, no qual você simplesmente está ouvindo
a pessoa que está sofrendo.”
“A Escuta Profunda permite que as pessoas contem suas histórias de maneira tão
confusa, irracional, complicada ou desesperada quanto tiverem que ser.”
Uma pergunta importante:
“Em quais ocasiões você tem procurado mudar os sentimentos ou atitudes dos clientes,
quando seria melhor apenas ouvir demonstrando solidariedade?”
“Em resumo, às vezes a coisa mais espiritual que podemos fazer para os clientes que
estão sofrendo é permanecer conectado a eles, não desistir, ser um ouvinte e uma
presença humana amorosa e compassiva. Às vezes conseguimos ensiná-los a
desempenhar a mesma função para si próprios. Às vezes, isso é suficiente.”
Capítulo 3
Caminhos para a Contribuição
A questão mais persistente e urgente da vida é: o que você está fazendo pelos outros?
- Dr. Martin Luther King, Jr.
“Quando os clientes chegam à terapia, estão muito preocupados consigos mesmos. (...)
Esta atenção a si próprio, reforçada pelo terapeuta, pode, às vezes, ser
contraproducente. (...)
Estava aconselhando um adolescente, enviado a mim por seus pais e pelo psicólogo da
escola, porque ele se metia em brigas na escola. Quando o vi pela primeira vez, ele
estava sendo suspenso por brigar quase toda semana. Durante várias semanas não
consegui nenhum progresso, até que conversei com ele sobre um outro caso.
‘Estou tratando um garoto de uma outra escola, que está com um problema semelhante
ao seu. Está se metendo em brigas toda hora. Você teria algum conselho que eu possa
dar a ele, já que lida com este problema há bastante tempo?’
‘Com certeza’, ele respondeu. ‘A primeira coisa a fazer é contar até dez antes de bater
em alguém.’
‘OK’, respondi. ‘Mas o que fazer se ele disser que não consegue?’
‘Diga a ele para pensar nas consequências e isso ajudará. Se ele não contar até dez, irá
para a sala do diretor; seus pais irão advertí-lo, ele terá que frequentar terapia, enquanto
o que ele preferiria fazer é estar com seus amigos’.
Dei o conselho ao outro cliente, mas o que me supreendeu foi que o cliente que forneceu
o conselho começou a melhorar.”
“Direi agora algumas palavras, em homenagem a W.H. Alden: ‘Estamos aqui na terra
para ajudar os outros; o que os outros estão fazendo aqui na terra, eu não sei.’”
Capítulo 4
Avaliação da Espiritualidade
“Talvez, para alguns de nossos clientes, as questão espirituais não sejam relevantes;
para outros, podem ser as principais ou cruciais. Para a maioria, suspeito, são
importantes, porém não cruciais. A seguir, algumas perguntas que podem ser feitas aos
clientes, para avaliar suas experiências e recursos espirituais. Eu não usaria todas,
apenas algumas. Se houver uma mina de ouro para explorar, vá mais fundo. Se não
houver, passe para outras áreas.
Histórico/Background Espiritual
Obter informações sobre o passado dos clientes pode eliciar recursos que ajudarão a
descobrir e compreender traumas relacionados à religião ou espiritualidade. A seguir,
algumas perguntas para inspirar a coleta das informações (não é necessário ou
aconselhável fazer todas as perguntas, nem fazê-las diretamente, mas sim levantar as
informações em uma conversa natural):
1) O que você faz, ou onde vai para “recarregar as baterias”, quando tem necessidade e
oportunidade?
2) Que tipos de atividades artísticas você aprecia (fazer ou simplesmente presenciar)?
3) Como você se conecta a outras pessoas?
4) Como você se conecta a algo maior do que você?
5) Você acha que possui um propósito para estar vivo? Caso positivo, qual é?
6) Há alguma prática espiritual ou religiosa que você executa regularmente?
7) Há alguma figura ou atividade religiosa/espiritual que poderia ser útil para você na
situação atual?
8) Qual papel, se houver algum, desempenha a religião/espiritualidade em sua vida
atualmente?
9) Qual seria, na sua opinião, o ingrediente mais importante para uma vida espiritual?
10) Se você tivesse que escolher o local mais sagrado que já viu, qual seria?
11) Na sua opinião, qual a melhor parte ou aspecto da religião?
12) Qual você acha que é a pior parte ou aspecto da religião?
13) Descreva o momento ou atividade que faz você se sentir mais espiritual.
14) Qual a pessoa mais espiritual que você conhece?
15) Se tivesse que escolher a coisa que mais fala à sua alma, o que seria?
Um Exemplo
Um cliente de Bill O’ Hanlon, que tinha problemas com drogas, tomou como modelo um
amigo que:
- Lia durante uma hora, todos os dias
- Fazia uma coisa pequena que ajudasse alguém, todos os dias
- Estava sempre calmo
- Falava sempre suavemente
- Praticava a humildade
Isso trouxe melhora para o cliente.
“Às vezes pergunto aos meus clientes que são adeptos de crenças e práticas religiosas,
nas situações apropriadas, o que sua religião ensina sobre certo e errado, e se estão
sendo congruentes com essas crenças.”
Ritual
“Muitas vezes, as pessoas que buscam a nossa ajuda na terapia trazem consigo
traumas e vergonha, associados à sua criação religiosa. Isto os afasta da religião, ou os
leva a uma experiência rígida ou vergonhosa da religião em sua vida presente.”
“As questões seguintes podem não ser apropriadas para todos os clientes. Tenha
cuidado em não utilizar tais questões com pessoas que não estejam interessadas em
examiná-las.”
“Muitos clientes foram magoados ou feridos de várias maneiras pela religião. Foram
envergonhados por alguém, em nome de Deus ou da religião. Ou, talvez, foram vítimas
de abuso físico ou sexual, vindo de alguém agindo em nome de Deus, da religião, ou de
uma figura religiosa.”
“Na ‘transferência religiosa’, uma pessoa transfere uma experiência vivida com uma
figura terrena para seu conceito de Deus. Devido ao fato de Deus ser frequentemente
visto como uma figura masculina no mundo ocidental, esta transferência muitas vezes
tem a ver com a relação da pessoa com seu pai, mas é claro que também pode ocorrer
com a mãe, ou em outro relacionamento significativo. A seguir, algumas perguntas
simples que os terapeutas podem fazer a seus clientes, para investigar este tipo de
transferência religiosa:
- Com quem este Deus se parece, ou quem ele a faz lembrar?
- Como é este Deus no qual você não acredita?”
“A seguir, uma lista de considerações e perguntas que os terapeutas podem usar para
desafiar as premissas religiosas de um cliente:
- Identifique uma ou mais das suas premissas sobre Deus ou religião.
- De onde você acha que tais premissas vieram?
- Você acha que a sua premissa sobre Deus ou religião é verdadeira ou exata, ou a
mesma está distorcida?
- Pense em uma coisa que você poderia fazer para desafiar tal premissa, ou algo que
uma pessoa com uma premissa igual à sua nunca faria. Experimente fazer isso.
- Pense em uma outra pessoa que você admira ou ama, como modelo para o tipo de
Deus ou religião que você gostaria que existisse no mundo. Como seria este Deus ou
religião?”
Capítulo 6
Espiritualidade Orientada à Solução
Algumas vezes sinto pena de mim mesmo e, durante todo esse tempo, minha alma está
sendo conduzida por enormes ventos soprando nos céus.
- Ditado Ojibway
Denomino este método espiritualidade orientada à solução, já que tudo que o terapeuta
está fazendo é lembrar ou evocar uma experiência espiritual para o cliente. Este recurso
evocado pode ser, então, utilizado para ajudar a resolver o problema. Não é necessário
saber muito sobre como o problema surgiu, ou fornecer muitas instruções sobre como
utilizar o recurso, já que isso é quase óbvio para o cliente. Para conhecer mais sobre o
método, ver Berland (1998).”
O Pequeno Eu e o Grande Eu
“Vejo os clientes como capazes, saudáveis e com muitas possibilidades que não
aparecem no meio de seus problemas.
Quando o cliente chega ao consultório do terapeuta, está frequentemente tão
desmoralizado pelos problemas e seus efeitos, que esqueceu seus recursos e ficou
‘pequeno’.”
“Meu amigo e colega Stephen Gilligan (1997) tem um jeito engraçado de colocar isto. Diz
que os clientes estão em um ‘transe de sintoma’, no qual foram convencidos, pelo
sintoma, que as coisas não têm jeito e que não possuem o poder de mudar suas
situações. Muitas vezes, sem querer, convidam o terapeuta a entrar no mesmo tipo de
transe.”
“Espero que este livro tenha ilustrado alguns métodos úteis para evocar e implementar a
liberdade do sofrimento e de padrões que não funcionam. Que você seja capaz de
encontrar muitos caminhos para a espiritualidade na sua vida e nas de seus clientes.”
Referências
Berland, W. (1998). Out of the box for life. New York: HarperCollins.
Campbell, J. with Moyers, B. (1988). The power of myth. New York: Doubleday.
Freud (1927/1961). The future of an illusion. New York: W.W. Norton & Company.
Gilligan, S. (1997). The courage to love. New York: W.W. Norton & Company.
Jung, Carl G. (1955). Modern man in search of a soul. New York: Harvest/HBJ.
Levin, J. (2001). God, faith, and health: Exploring the spirituality-healing connection. New
York: Wiley.
O’Hanlon, B. A guide to inclusive therapy. New York: W.W. Norton & Company.
Smith, H. (2001). Letters from the heart. Spirituality and Health, spring.
Weil, S. (1991). Waiting for God. San Bernardino, CA: Borgo Press.