Você está na página 1de 8

Notas - Apenas Faça Um Bom Trabalho, por Rob McNeilly, 2017

Just Do Good Work - A Simple Guide Towards The Evolution of Us Psychotherapists after Erickson
Notas de Mauricio Aguiar, 2020

Os objetivos destas anotações são: (1) Para quem leu o livro - poder
relembrar alguns tópicos do mesmo lendo apenas 8 páginas, ao invés
das 86 do original. (2) Para quem não leu - ter uma ideia do tipo de
assunto que o livro aborda e, quem sabe, decidir pela aquisição e leitura
do mesmo, lembrando que ainda não foi traduzido para o português
(escrevo em novembro de 2020).

Este livro é “um guia simples para a evolução de nós psicoterapeutas,


na linha de Erickson”. Segundo o autor, “Este livro é oferecido como
um humilde gesto de agradecimento aos meus professores,
especialmente Milton Erickson, bem como à minha família, próxima ou
distante. É meu sincero desejo que o mesmo possa contribuir para a
recuperação do sagrado no nosso trabalho, de modo que possamos
novamente honrar o mistério do qual somos todos parte.”

Aviso Legal

“Este livro não é baseado em ciência, estatística ou evidências. Não há técnicas, recomendações, ou
sugestões.
É o resultado da minha experiência em enfatizar a importância do nosso estado de expectância,
além de uma persistência firme em ouvir cada pessoa como um indivíduo, respeitando sua
legitimidade, para criar um contexto onde a cura pode acontecer naturalmente e com um mínimo de
sofrimento.

Tornar o impossível possível,


o possível fácil,
e o fácil elegante.
Moshe Feldenkrais

Na mente do principiante há
muitas possibilidades,
mas na do especialista há poucas.
Shunryu Suzuki

Muitos eruditos tornaram os ensinamentos


do Buda complicados e difíceis de entender.
Mas o Buda disse coisas muito simples
e não ficou preso a palavras.
Assim, se um ensinamento for muito complicado,
não é o som do Buda.
Thich Nhat Hanh

Prefácio de Scott D. Miller, Ph.D

“Tinha 24 anos quando comecei a pós-graduação em psicologia. Era uma época animada e eu
estava preparado para assimilar o conteúdo, a fim de ajudar as pessoas que sofriam dificuldades
mentais, emocionais e comportamentais.”
“Finalmente, tive a sorte de conseguir uma posição com uma equipe de pensadores talentosos,
trabalhando juntos para desenvolver seu próprio método de tratamento. O nome, não importa.
Finalmente tinha o que havia buscado por muito tempo: orientação e clareza.”

“(...) finalmente dominei o método. Podia executá-lo até dormindo. Não importava a pessoa ou o
problema, estava confiante de que poderia ajudar. Sabia o que fazer.”

“(...) convidamos dois pesquisadores de fora da nossa agência para contatar nossos clientes e avaliar
a eficácia do modelo que havíamos desenvolvido.”

“(...) Ao serem questionados sobre as eventuais más notícias, continuaram, ‘[seu método não é]
mais eficaz do que os outros métodos desenvolvidos nos últimos cem anos.”

“Isto serviu para minar minha velha crença de que a cura era questão de descobrir o método correto
para o problema a ser resolvido.”

“Décadas de pesquisas subsequentes confirmaram minha desilusão, ao mesmo tempo


documentando que o melhor prognóstico do resultado do tratamento é o envolvimento do cliente.
Dito de outra forma, o que fizermos que facilite a participação aumentará a probabilidade de um
resultado positivo. Aqui a chave é estar com as pessoas de tal modo que queiram ser quem elas são,
com você.”

“Ao invés de diagnosticar problemas e aplicar protocolos, aprender a ‘apenas fazer um bom
trabalho’ - conforme aconselha Rob McNeilly - requer planejamento e reflexão cuidadosos e
contínuos”.

“Scott D. Miller, Ph.D


Diretor do International Center for Clinical Excellence”

A Versão Curta

“Aceite cada cliente como um legítimo outro. Isto não requer aprovação ou acordo, mas
simplesmente reconhecer que, neste momento, eles são quem são.

Ouça cada cliente, para saber o que querem.


Isto não requer que concordemos com o que querem. Simplesmente explore, com eles, possíveis
oportunidades de aprendizado.

Mantenha uma atitude pessoal de expectância1.


Isto não exige que você seja otimista, ou que espere um resultado positivo, mas consiste
simplesmente em estar aberto para a possibilidade de, a qualquer momento, sem nenhum motivo
especial, uma coisa útil acontecer.

Quando tiver dúvidas, pergunte.”

Um Pouco de Contexto

Quando encontrei Milton Erickson pela primeira vez, já na última parte de sua vida, eu era um
entusiasta, convertido à “Igreja de Erickson”. Ele era o caminho, a verdade e a vida. Mais de um

1 “Expectância”: O autor define melhor este termo ao longo do texto. Trata-se de um estado de expectativa neutra,
onde esperamos algo acontecer, sem que seja, necessariamente, uma coisa boa ou ruim.
terço de século depois, continuei a ser inspirado pelo que aprendi durante meu tempo com ele, tendo
também reconhecido que Erickson era um ser humano, com limitações humanas, o que apenas
aumenta minha gratidão pelas coisas para as quais ele apontava. Confúcio disse, ‘Quando o homem
sábio aponta para a lua, o idiota olha para o dedo.”

“Ao invés da obsessão contemporânea com explicar e quantificar, ele nos convidava a utilizar uma
abordagem prática - baseada em observar e reagir. Isto evita a disputa entre diferentes teorias e
honra a natureza única de cada indivíduo.
Este livro foi inspirado por Erickson e convida a uma abordagem simples e radicalmente diferente
para a terapia e aprendizado - por meio da experiência direta através da observação, desenvolvendo
a eficácia pelo aumento da nossa sensibilidade, ao invés de demandar teorias e técnicas.”

“Milton Erickson continua a ser a fonte principal da minha exploração. Outras influências são
Martin Heidegger e sua ‘clareira’ [onde alguma coisa ou ideia pode aparecer, ou ser revelada],
Fernando Flores e sua ‘sensibilidade’, bem como meu aprendizado pessoal com Fernando Flores,
Humberto Maturana, Julio Olalla, Rafael Echeverria, indiretamente com Werner Erhard, assim
como as perspectivas do Zen e dos estóicos, o humor de Nasrudin e a bênção atemporal de Lao
Tzu.”

“Milton Erickson nos convidava a ‘apenas fazer um bom trabalho’, daí o título do livro, mas, como
era típico dele, não nos dava passos específicos sobre como alcançar isto. Dava-nos uma pista,
quando dizia que as três habilidades mais importantes que precisávamos adquirir eram observar,
observar e observar.”

“Impressiona-me como os aprendizados mais importantes sobre a terapia não vieram da própria
terapia, mas de campos aparentemente não relacionados, aí incluindo música, dança, programas de
desenvolvimento pessoal e jardinagem.”

Seção 1 - Fundamentos

A Dádiva da Expectância

“Todos os problemas ocorrem em um estado de espírito de resignação. Os clientes não aparecem


dizendo que têm um problema e que sabem que, a qualquer momento, o mesmo irá desaparecer!
Sempre sabem e dizem que não vêem nenhuma saída do dilema, nenhuma possibilidade de resolvê-
lo. Este estado de espírito resignado é um componente fundamental de qualquer problema.

O que está faltando a eles é a possibilidade de uma solução, embora dizer isto ao cliente vá
aumentar a sensação de estar empacado, significando que não apenas a pessoa tem um defeito, já
que tem o problema, mas também que é ‘burra’, já que não consegue ver algo que é óbvio para nós.
A única maneira de uma possibilidade tornar-se disponível, visível e assim, acessível, é se
pudermos eliciar um estado de espírito diferente - um de possibilidade, de expectância.”

“Um estado de expectância não significa ser otimista. Não é sobre pensamento positivo. Ambos os
itens anteriores são expressões de expectativas - esperamos que algo bom vá acontecer. Em um
estado de espírito de expectância, estamos antecipando a possibilidade de algo bom acontecer, não a
realidade disto, de modo que, se nada bom acontecer, poderemos estar em paz e não desapontados.”

“A expectância, para mim, é uma atitude aberta, onde não assumimos ou requeremos um resultado
específico. Ao invés disto, estamos abertos a uma ampla gama de possibilidades.”
“Penso em expectativas como alguma coisa bastante específica, que se refere a algum evento
futuro.”

“As expectativas são uma causa universal de sofrimento. Os estóicos, como Sêneca, lembram-nos
que, se quiermos ser felizes, devemos baixar nossas expectativas. Eu acrescentaria que, se
quisermos aumentar nossa satisfação, devemos aumentar nossa expectância.”

“Alguns pais, professores e especialistas em medicina utilizam sua autoridade para emitir um
rótulo, diagnóstico ou prognóstico, sem assumir a responsabilidade pelas limitações cruéis que tais
pronunciamentos podem causar.”

“Todos podemos aprender. Podemos ser cuidadosos a respeito de quaisquer limitações que
possamos criar não intencionalmente, assim como explorar maneiras de ajudar a remover tais
limitações e gerar mais possibilidades.

Em algumas abordagens terapêuticas, o terapeuta tem expectativas a respeito do cliente, baseadas


em uma teoria terapêutica específica. Se o cliente não alcança tais expectativas, fala-se em
resistência, ganho secundário, ou diz-se que o cliente ‘não está pronto’.

Depois de meu tempo com Erickson, vim a apreciar o maravilhoso presente que nossa expectância
pode oferecer a um cliente empacado.”

“Há uma pequena palavra com grandes possibilidades - ‘AINDA’. A frase ‘Não melhorei’ torna-se
‘Você não melhorou... ainda.’ Que transformação! Que destilação de expectância!”

“Note, toda vez que você estiver em um estado de expectância - ansioso para ver sua cara metade,
filhos, família, seu cão, uma xícara de café - e esteja suavemente consciente disso. Quanto mais
você notar isso, mais familiar vai se tornar e mais fácil será acessar este estado.”

“Ao experienciar o estado de expectância, dê alguma atenção ao seu corpo.”

“Novamente, quanto mais familiarizado você estiver com o seu corpo no estado de expectância,
mais fácil será encontrá-lo quando quiser.”

“Qual será o primeiro sinal de que a solução está acontecendo?”

“Erickson falou de um homem, em um hospital psiquiátrico, que só dizia, ‘Eu não deveria estar
aqui.’ Erickson respondia, bem com pedia à equipe do hospital que respondesse ao homem com
‘Mas você está aqui!’ O homem finalmente ouviu a resposta e disse, ‘Oh, meu Deus! O que preciso
fazer para sair daqui?’ Ele precisava chegar ‘aqui’ antes que houvesse qualquer possibilidade de sair
‘daqui’.”

“Alguns possíveis ‘como’ para explorar:

Note e seja responsável por quaisquer julgamentos que fizer.

Ponha esses julgamentos de lado por um momento, sem abrir mão deles.

Imagine que você é a outra pessoa, olhando por seus olhos, com a história e experiências dela.”
Validando

“Podemos sentir agonia quando vemos alguém sofrendo e incapaz de chegar a uma solução. Estão
sofrendo e nós estamos em agonia. É natural querer aliviar o sofrimento deles, de modo que haja
alívio para nossa agonia. É tentador e compreensível, mas não ajuda. Se tentarmos, a outra pessoa
sofrerá mais - o sofrimento original persistirá e haverá, ainda, a experiência adicional de ser mal
compreendido, trivializado, desrespeitado.”

“A Terapia Focada em Solução foi criticada, há alguns anos, por ser excessivamente focada em
encontrar uma solução, recebendo o apelido ‘Terapia Forçada em Solução’, onde vamos forçar que
você encontre uma solução, queira ou não!”

“Embora vá contra a intuição, a validação do empacamento e do sofrimento de alguém pode ser um


primeiro passo necessário para criar a possibilidade de solução. Pode ser milagroso.”

“Embora isto possa parecer estranho e oposto ao espírito otimista da criação de possibilidades,
provê uma base sólida para que quaisquer possibilidades possam emergir. A preocupação de que, ao
reconhecer o sofrimento, possamos torná-lo pior, é inválida - de acordo com a minha experiência e
de outros com quem mantenho contato. Muito pelo contrário.”

Seção 2
Criando o Relacionamento Terapêutico

Conectando

“Porque nós somos, eu sou.” - ditado Xhosa [língua bantu nguni, um dos idiomas oficiais da África
do Sul].

“Conectar-se com um outro ser humano, planta ou paisagem não é uma experiência intelectual. É
algo sagrado - uma experiência da alma. Quando nos conectamos, sentimos a emoção de sermos
tocados ou movidos e isso pode nos trazer lágrimas. Isso não é trivial. É uma experiência humana
fundamental.”

“Muito do nosso sofrimento emocional ocidental é uma função da falta de conexões. Trancamo-nos
atrás de altos muros para excluir os outros. Lutamos e vamos à guerra por estar desconectados dos
outros.”

“Alguns possíveis ‘como’ para explorar:

“Quando você está com um cliente, ouvindo-o, imagine-se na situação dele - o que ele percebe com
a visão, olfato, seus sentimentos, conforme os descreve.

Alinhe sua respiração, o piscar dos olhos e a postura corporal com os do cliente.”

Aprendendo a Aprender

“Erickson disse, ‘Toda a nossa vida estamos aprendendo,’ ‘Todos os problemas são limitações
aprendidas’ e nas Técnicas Avançadas de Haley, ‘No processo de viver, o preço da sobrevivência é a
eterna vigilância e a disposição para aprender. Quão mais cedo a gente se tornar consciente da
realidade e nos ajustarmos a ela, mais rápido será o processo de ajuste e mais feliz a experiência de
viver.’
Qualquer abordagem para a solução de problemas requer que coloquemos o foco no que está errado
e precisa ser consertado. Por outro lado, uma abordagem baseada na solução assume que o que está
faltando a cada cliente é uma conexão com algum recurso do qual se desconectaram, esqueceram,
ou ainda não aprenderam.

Esta abordagem transforma o relacionamento terapêutico, de um relacionamento onde o terapeuta


especializado possui o conhecimento e o poder, para um onde o cliente e o terapeuta podem
trabalhar juntos, como dois seres humanos, para facilitar a conexão com o recurso ou o aprendizado,
o que auxilia a experiência de cura.

O aprendizado cria todas as nossas respostas, e assim, todas as nossas experiências, tanto as
problemáticas quanto as satisfatórias. O aprendizado também pode criar um futuro diferente, um
que seja o preferido.

O aprendizado implica em um processo. Muitas vezes, nós e nossos clientes esperamos uma
resolução de problema instantânea e permanente.

Quando aprendemos alguma habilidade, passamos por um início, cometemos erros, corrigimos os
mesmos, melhoramos e, embora alguns aprendizados aconteçam imediatamente e sejam
permanentes, outros vem e vão. Alcançamos alguma competência e a perdemos, precisando revisar,
praticar mais, ser pacientes...”

Como Aprendemos?

“Todo mundo possui seu próprio estilo de aprendizado. Alguns gostam de ler, outros de ouvir,
outros de observar, ou de pular diretamente no lado profundo do aprendizado, fazendo.”

“Não existe nada mais assustador do que alguém que é confiante e incompetente.”

“Erickson disse, ‘Você sempre pode acreditar totalmente que seu cliente possui todos os recursos
necessários à solução de seu problema’, convidando-nos a aprender a ter confiança na habilidade do
cliente, ao invés de ficarmos obcecados com a nossa.”

“Como você aprende? Não apenas na terapia, mas nas outras áreas também. Como você aprendeu a
andar, quando era criança? Como você aprendeu a ler e escrever, a andar de bicicleta, nadar, dirigir
um automóvel? Você gosta de ler, assistir a demonstrações, participar de workshops...? Quais
métodos tem sido mais úteis ao seu aprendizado? Quais outros você estaria interessado em
explorar?”

A Gentil Arte de Ouvir

“Ouvir e ser ouvido não tem a ver com a capacidade de escutar ou compreender. É uma experiência
que toca a nossa alma, onde existe aceitação e legitimidade, em um profundo nível humano. Através
do ato de ouvir, criamos conexões entre seres humanos.”

“Erickson sabia, instintivamente, a importância de ouvir, quando dizia que as três habilidades mais
importantes para fazermos um bom trabalho são... ‘Observar; observar; e... observar.’”

“Walt Whitman escreveu, ‘Sou grande, contenho multidões.’ Terentius, o escritor romano, escreveu:
‘Sou humano: nada do que é humano é estranho a mim’. Acho isto estressante, às vezes... e também
muito útil.”
Tornando-se Flexível

“Heinz von Foerster, físico e filósofo, austríaco de nascimento e radicado nos EUA, disse que seu
imperativo ético era sempre agir para aumentar as opções. Observou que o primeiro ato de um
ditador é diminuir as opções.”

Restaurando a Confiança Adulta

“Fernando Flores escreveu um livro maravilhoso com Robert Solomon - ‘Construindo Confiança’
(‘Building Trust’). São raros os livros a respeito dessa experiência crucial, sendo este uma jóia.

Os autores distinguem a confiança ingênua, que leva à posterior e inevitável traição, da confiança
adulta, onde ousamos confiar na outra pessoa, ao mesmo tempo assumindo a responsabilidade pelas
consequências da traição. Também nos convidam a ter a opção de liderar confiando no outro, como
uma expressão da confiança adulta, ao inveś de colocar a ênfase na nossa própria confiabilidade.”

Desenvolvimento Pessoal para Terapeutas

“Notei que uma abordagem voltada à solução e centrada no cliente tem a possibilidade de evitar
muitos pontos cegos que podemos ter como terapeutas, devido à utilização de perguntas feitas ao
cliente, que são orientadas para os recursos natos do mesmo e para o seu futuro preferido. O
processo baseia-se mais na experiência do cliente do que na orientação e interpretação do
terapeuta.”

Obtendo Feedback
“Estatísticas são como biquínis. O que revelam é fascinante, mas o que escondem é vital.”
- Paul Watzlawick

“Medir, ou não medir...”

“Acontece que nós somos a última pessoa a saber se estamos fazendo um bom trabalho, ou não. É
como odor corporal - você não sabe e seus amigos não contam para você. É óbvio que o cliente é o
árbitro final aqui. Se o cliente diz que você o ajudou, é verdade. Se ele diz que não ajudou, também
é verdade.”

Seção 3
Algumas Fontes para Maior Exploração

“Quantos terapeutas Ericksonianos são necessários para trocar uma lâmpada? São necessários
dezenove. Um para trocar a lâmpada e dezoito para explicar como Erickson teria feito isso.”

“MILTON ERICKSON contou-me, pessoalmente, que eu deveria ‘apenas fazer um bom trabalho’
(daí o título deste livro), ao invés de tentar entender sua abordagem. Fiquei aliviado ao ouvir isto, e
também perplexo sobre como fazê-lo.

Erickson disse que, quando um cliente vem ver você, ele também traz a solução consigo, embora
não saiba disso. Então, passe um tempo agradável com seu cliente, ajudando-o a encontrar a solução
que ele trouxe e não sabe que trouxe.”
“E... ele também mencionou que alguns aprendizados podem ocorrer diretamente no inconsciente.
Por exemplo, em uma aula de história, se alguém cria uma perturbação, a aula para. O professor lida
com o distúrbio e então a aula continua. Ao final da aula, todo o mundo acha que a lição foi sobre
história, mas todos aprenderam algo sobre respeitar os outros, prestar atenção ao professor e colocar
o foco na lição.”

“MARTIN HEIDEGGER escreveu sobre ‘a clareira’ como uma experiência onde podemos ficar tão
conectados ao nosso ambiente - à natureza, a um livro, a um filme... ou a um cliente - de sorte que
nos misturamos e desaparecemos na totalidade, nos conectando a um nível profundo e perdendo
nossa autoconsciência. Nossos julgamentos também desaparecem, de modo que podemos ser um só
com o que estiver presente e nos vemos em um espaço sagrado, profundamente curativo.”

“Rafael Echeverria, um filósofo chileno, descreveu a ‘clareira’ de Heidegger como uma conexão
total sem observador, e o espaço do ‘nada’ como uma total desconexão, com nada presente exceto o
observador.”

“TIMOTHY GALLWEY escreveu ‘O Jogo Interior do Tênis’ em 1974. Quando o li pela primeira
vez, lembrou-me a abordagem de Erickson. Na introdução, Gallwey escreve, ‘Há um processo
muito mais natural e eficiente do que imaginamos, para aprender a fazer quase qualquer coisa. É
parecido com o processo que usamos, mas logo esquecemos, para aprender a andar e falar. Utiliza
as capacidades intuitivas da mente... Tudo que se precisa é desaprender os hábitos que interferem e,
então, apenas deixar que aconteça.’”

Lao Tzu

“Se eu fosse parar em uma ilha deserta e me fosse permitido levar um livro, eu escolheria o Tao Te
Ching. Se me permitissem levar dois livros, levaria duas cópias do Tao. O espírito dessa poesia
atemporal tem sido uma fonte confiável de paz e inspiração para mim, ao longo dos últimos 40
anos. O texto fala de dilemas humanos perenes, sendo apreciado por todas as culturas.”

Zen

“Para mim, a simplicidade do Zen é a sua mais bela contribuição e, ao mesmo tempo, a mais
desafiadora. Nós, seres humanos, gostamos de complicar as experiências e transformá-las em
problemas, enquanto o Zen oferece um caminho de volta para a fonte simples e limpa, para o ‘bloco
de madeira não esculpido’ do taoísmo.”

Sobre o autor: Robert McNeilly é médico e foi clínico geral durante 10 anos, conduziu uma prática
de hipnoterapia por 15 anos e, depois de conhecer Milton Erickson nos EUA, começou a ensinar
aconselhamento e hipnose, orientados a solução, para pessoas da área de saúde na Austrália e em
outros países. É autor de 5 livros impressos e de outros, publicados também em formato Kindle.

* * * Fim das Anotações * * *

Você também pode gostar