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Notas - Aprendendo Hipnose, por Rob McNeilly, 2016

Learning Hypnosis - A Common Everyday Approach After Erickson


Notas de Mauricio Aguiar, 2021

Os objetivos destas anotações são: (1) Para quem leu o livro - poder
relembrar alguns tópicos do mesmo lendo apenas 15 páginas, ao invés das
132 do original. (2) Para quem não leu - ter uma ideia do tipo de assunto
que o livro aborda e, quem sabe, decidir pela aquisição e leitura do mesmo,
lembrando que ainda não tinha sido traduzido para o português em 2021.

Um livro para ajudar a aprender hipnose segundo uma abordagem simples,


na tradição de Milton H. Erickson.

Segundo o autor, “Este livro é oferecido como um humilde gesto de


agradecimento aos meus professores, especialmente Milton Erickson, bem
como à minha família, próxima ou distante.”

Prefácio de Michael D. Yapko, Ph.D

“O campo da hipnose é muito dividido. (...) É composto por muitas perspectivas teóricas diferentes,
bem como por diversas abordagens práticas.”

“Este novo livro do Dr. Robert McNeilly pode ajudar a tornar mais fácil o aprendizado da hipnose.
O Dr. McNeilly é um clínico altamente experiente e um conhecido instrutor de hipnose, que
desenvolveu suas próprias perspectivas com base no trabalho do falecido psiquiatra e inovador,
Milton H. Erickson.”

“Com este livro, o Dr. McNeilly oferece ao leitor interessado algumas maneiras simples de pensar
sobre como aplicar a hipnose, desenvolver o relacionamento hipnótico, empregar a linguagem
hipnótica e catalizar as mudanças terapêuticas.”

“É necessária uma sabedoria considerável para abordar um tópico complexo como a hipnose e
destilá-lo em seus ingredientes essenciais. No entanto, o Dr. McNeilly faz isto extremamente bem,
ao descrever o poder da compaixão, da permissividade e da linguagem da possibilidade como
pilares da hipnose eficaz.”

“Neste livro, o Dr. McNeilly cria um ambiente que torna possível aos leitores aprender novas
maneiras não apenas para fazer hipnose, mas também serem hipnóticos. A linguagem da
possibilidade permeia os escritos do Dr. McNeilly. É parte da sua filosofia de tratamento, mas
também é uma parte fundamental do seu ser. Ele convida, mas não impõe. Oferece experiência, mas
não diz que você deve fazer as coisas da maneira dele. Conta histórias, mas deixa bem claros os
significados.”

“Michael D. Yapko, Ph.D


Fallbrook, California”
Introdução

“Olá, sejam bem-vindos. Meu nome é Rob McNeilly. Gostaria de dizer algo sobre o contexto que
deu origem a este livro. Primeiramente, gosto da abordagem aqui descrita e notei que as outras
pessoas que a aprenderam também gostaram.”

“Em segundo lugar, noto que todos nos sentimos mais vivos quando contribuímos para algo maior
do que o nosso pequeno ego.”

“Em terceiro lugar, sempre gostei de explorar nosos territórios. Quando adolescente, interessei-me
por yoga, Rosacruzes, a origem do universo, qualquer coisa nos limites do normal. Jay Haley disse
que a hipnose atrai pessoas que estão nas margens da sociedade. Talvez o mais importante seja que
aprendi a amar a liberdade e a expansividade.”

“Algumas informações: formei-me como médico e pratiquei medicina familiar em Melbourne,


Austrália, durante 10 anos.”

“Uma das alegrias que tive foi a fantástica experiência de estar presente e ajudar no nascimento de
centenas de bebês. Foi o ápice da minha prática médica.”

“Minha introdução à hipnose foi através de uma abordagem tradicional, onde aprendi que a hipnose
era uma coisa que demandava muito cuidado, já que era especial e perigosa.”

“Tudo mudou quando tive a grande sorte e privilégio de descobrir Milton Erickson, ao ver o
maravilhoso filme de Herb Lusting, “The Artistry of Milton H Erickson MD”, que o mostra em
ação. Depois disso, vim a conhecê-lo, ser conhecido e passar algum tempo com ele nos últimos
anos de sua vida, aprendendo diretamente com ele.”

“Erickson assumia que as pessoas possuem recursos. Assumia que cada pessoa é uma especialista,
sabe mais sobre si mesma do que é capaz de perceber, mais do que poderíamos jamais saber. ”

“Isto lembra a minha experiência de ajudar as mulheres a terem seus bebês. Eu não precisava ser
um especialista em gravidez. Nunca estive grávido, nunca poderia ficar grávido. Meu trabalho era
fazer o que pudesse para permitir que o processo de dar à luz fosse tão natural e fácil quanto
possível, de modo que o processo natural podesse seguir seu curso.

Isto, então, tornou-se meu trabalho como terapeuta - ajudar o cliente a lembrar que ele ou ela tem a
capacidade necessária, lembrá-los de encontrar uma maneira de se conectarem com aquela
capacidade, reconectando-se às suas experiências preferidas, de modo a poder acessá-las. Meu
trabalho era gerar um estado de expectância e confiança, de leveza, de possibilidade.”

“Há cerca de 35 anos que ofereço workshops presenciais em várias partes do mundo e, mais
recentemente, online, ajudando a compartilhar esta abordagem, minha versão do que Erickson
fazia... minha expressão do que aprendi durante o tempo que passei com aquele homem.”

“Ao escrever este livro, ofereço um guia, de sorte que você, como leitor, possa ter a oportunidade de
avaliar o que pode ser útil, bem como avaliar o que poderia querer explorar, adaptar, ou traduzir.
Quero enfatizar que não estou pretendendo, de maneira alguma, dizer que o conteúdo deste livro é a
forma correta, a melhor forma, ou a única maneira de se fazer alguma coisa. Este material é
oferecido, simplesmente, como a minha observação de minha experiência, de modo que qualquer
um que o leia possa experimentar, usar, adaptar ou mesmo fazer o oposto do que estou sugerindo
aqui.”

“Estou muito grato por ter a oportunidade de compartilhar este trabalho, assim como a você por
gastar o seu tempo em lê-lo, com a possibilidade de acrescentar algo à sua eficácia e satisfação
pessoal.”

Seção 1
Desmistificando a Hipnose - Princípios

“Nas abordagens tradicionais para a hipnose, o hipnotizador, geralmente do sexo masculino, assume
uma posição de comando, no papel de especialista. E, com grande autoridade, diz ao sujeito: ‘Faça
isto agora! Você está com sono! Feche os olhos!’ Esta ideia de um hipnotizador, ou até
hipnoterapeuta, possuidor de uma vontade forte, que vai subjugar o sujeito passivo e mais fraco,
infelizmente, ainda persiste.”

“A hipnose ainda passa uma imagem de alguém ser dominado, perder o controle, desta forma
transmitindo medo. É considerada como um método especial na terapia. Na Austrália, ainda há
companhias de seguro que cobram um prêmio mais alto caso o terapeuta use hipnose,
presumivelmente devido ao perigo adicional que é criado por algo tão poderoso. Na Austrália, até
recentemente, alguns estados tinham restrições quanto a quem pode usar hipnose. Felizmente, tais
restrições estão se tornando redundantes.”

“Freud usou hipnose há muitos anos, tendo desistido da mesma para utilizar a associação livre.
Comparou a hipnose a se apaixonar. Erickson considerava a hipnose uma forma de comunicação
especial entre o terapeuta e o cliente. Tanto Freud quanto Erickson enfatizaram o aspecto relacional,
que aponta para um dos maravilhosos benefícios de se utilizar hipnose.”

O que é, afinal, a hipnose?

“Concluí que, ao invés de procurar definir a hipnose de uma forma rígida, é mais útil dar uma
descrição, de forma que, ao usar o termo, possamos estar de acordo quanto ao que desejamos dizer.
Para mim, pode ser uma solução pensar na hipnose como uma experiência na qual há foco e
absorção, de tal sorte que possamos concordar que se trata de ‘hipnose’.”

“Com base nesta descrição, podemos começar a explorar a hipnose e ver como alguém pode entrar
nesse estado.”

“Podemos começar a explorar, com cada cliente, qual experiência seria útil para ele ou ela, e como
poderiam se beneficiar de ficarem focados e absortos, de modo a poderem se movimentar do
problema em direção à solução.”

O Transe Comum do Dia-a-Dia

“Uma das coisas que aprecio a respeito de Erickson é a sua ligação da hipnose com o transe diário
habitual, no qual podemos estar lendo um livro, assistindo a um filme, ouvindo música ou
caminhando na natureza. Pode haver foco, pode haver absorção. Não chamamos isto de hipnose
(...).”

“Não precisamos ficar preocupados com a questão sobre se alguém pode ser hipnotizado, ou não”.
“Já me perguntaram, várias vezes: ‘Quais são os requisitos para que alguém seja hipnotizado?’ E eu
gosto de responder, ‘A pessoa precisa estar respirando.’”

“Podemos deixar de lado questões tais como ‘Posso ser hipnotizado?’, medidas de hipnotizabilidade
e preocupações com a ‘profundidade’ do transe, já que, nas nossas experiências individuais do
transe diário, o nosso grau de foco e de absorção varia. Podemos estar profundamente absortos na
leitura de um livro fascinante que, se o telefone tocar, colocaremos o livro de lado, responderemos
e, então, retornaremos ao livro, de maneira fácil e natural.”

Convites Fáceis

“No início do meu aprendizado da hipnose, tinha que aprender técnicas de indução rígidas e
específicas.”

“Desde meu aprendizado com Erickson, prefiro convidar alguém a vivenciar alguma coisa e, então,
convidá-la a colocar o foco em algum aspecto daquela experiência e permitir-se ficar, naturalmente,
absorta em alguma parte da mesma.”

“Aí, posso comentar quaisquer mudanças fisiológicas observadas e que desejemos encorajar.”

Continuar Fazendo o Que Estiver Fazendo

“Se pedirmos a um cliente, amigo, ou - se estiver interessado em experimentar - a você mesmo que
continue fazendo o que estiver fazendo, que pode ser: olhar para si próprio, por uma janela, notar
sua própria respiração, ouvir música - seja lá o que for que estiver fazendo e, então, conforme você
continuar a fazer isso, convidá-lo a manter um foco natural e, como consequência, permitir-se ficar
absorto na tarefa, tudo acontecerá fácil e naturalmente.”

“Poderemos então comentar as mudanças ocorridas: a redução na velocidade de sua respiração, a


mudança no ritmo das piscadas de seus olhos, a pele do rosto tornar-se mais lisa, relativa
imobilidade do corpo, etc., comentando tais mudanças e caracterizando-as como naturais.”

Fazer Alguma Coisa da Qual Você Gosta

“Quando fazemos algo de que gostamos, temos todos os nossos recursos à mão, prontos para lidar
com quaisquer tropeços, perturbações ou problemas.”

“Assim, se pedirmos a uma cliente para lembrar ou imaginar que está fazendo algo que gosta de
fazer, ela não somente gostará de fazer o que gosta de fazer, mas também gostará de vivenciar a
experiência. Dessa forma, a maioria das pessoas estará bastante disposta a lembrar ou imaginar algo
que gosta de fazer.”

O Que Está Errado? Ou O Que Está Faltando?

“Como podemos passar de uma abordagem de resolução de problemas para uma de geração de
soluções?”
“A abordagem de resolução de problemas é excelente para lidar com problemas físicos no corpo
humano, com carros, computadores ou qualquer objeto mecânico, encontrando o que está errado,
fazendo um diagnóstico e então realizando o conserto necessário.”

“Milton Erickson disse, ‘Os clientes vêm para a terapia não por causa do passado que não podem
mudar, mas devido a alguma insatisfação com seu presente e um desejo de mudar o futuro’, de
modo que sua abordagem para a psicoterapia não era encontrar informações sobre o passado, de
sorte que a cliente pudesse ser tratada ou curada, mas sim explorar o que poderia ser útil a ela, a fim
de que pudesse se movimentar em direção ao seu futuro desejado.”

“Sobre a abordagem única que Erickson criou, apreciada pelas pessoas que aprenderam com ele:
chamo-a de abordagem orientada à solução. Na abordagem orientada à solução, não estamos muito
interessados em informações sobre causas, mas sim em reunir mais informações sobre de qual
recurso, de qual experiência esta cliente em particular se desconectou, não está fazendo uso ou
poderia aprender.

Na abordagem de resolução de problemas, o processo inteiro é dirigido pela questão, ‘O que está
errado que precisa ser consertado?’ Já na abordagem orientada à solução, o processo é dirigido pela
questão, ‘O que está faltando?’, ou seja, o que é que está faltando que, se a cliente fosse capaz de
encontrar, conectar com isso, acessar isso, aprender isso, então tudo estaria perfeito.”

“Para resumir, a abordagem de resolução de problemas é dirigida pela questão, ‘O que está errado
que precisa ser consertado?’ Envolve categorizar e tratar, enquanto a abordagem orientada à solução
é dirigida pela questão, ‘O que está faltando?’ Do que a cliente se desconectou, que podemos ajudá-
la a se conectar novamente ou aprender, de modo que possa seguir em frente com sua vida, resolver
seus conflitos e conseguir o futuro que deseja?”

Seção 2
Desenhando uma Sessão de Hipnose

“Já vimos como pode ser fácil e respeitoso convidar alguém para uma experiência focada e
absorvente. Sabemos como isto é fácil, quando a experiência é algo que gostamos de fazer. Também
exploramos como aquilo que está faltando para a cliente está presente em algo que ela gosta de
fazer. Isto pode levar a um processo no qual a cliente encontra o recurso que está faltando para o seu
problema, em algo na experiência de que ela gosta.”

“Então, aqui está um formato, não que eu esteja recomendando que você o utilize estritamente, mas
sim um que o convido a praticar, explorar, de modo que possa criar suas próprias variações e gastar
mais tempo em uma parte ou em outra, acrescentar alguns passos, retirar alguns passos e assim criar
a sua própria versão.”

Antes da hipnose
O que gosta?
Qual o problema?
O que está faltando?
Durante a hipnose
Vá para o que gosta - foco, absorção e então comentários
Procure o recurso que está faltando
Aprenda-o
Traga-o para o problema
Após a hipnose
O que está diferente?
Conclua a sessão

Do Que Você Gosta?

“Erickson disse-me, ‘Quando uma cliente vem ver você, ela sempre traz consigo a solução, apenas
não sabe que traz consigo a solução, portanto divirta-se conversando com a cliente, ajudando-a a
encontrar a solução que trouxe consigo e não percebeu que trazia’.”

“Quando iniciamos uma sessão perguntando à cliente, ‘O que você gosta de fazer?’, a cliente
coloca-se em um estado com recursos, simplesmente respondendo a essa questão.”

Do Que Você Gosta Nisso?

“O próximo passo é esclarecer, ‘Do que você gosta, nisso de que você gosta?’ Tanto nós quanto a
cliente podemos descobrir a conexão profunda e única que ela tem com a atividade escolhida.”

“Quando perguntamos a alguém do que gosta naquilo que gosta de fazer, é como abrir uma janela
para a sua alma. Conseguimos dar uma olhada muito íntima na essência dessa pessoa e,
frequentemente, a pessoa obtém o mesmo resultado.”

Qual é o Problema?

“O próximo passo é olhar para o problema. As clientes chegam com problemas e, se falarmos
simplesmente do que gostam, não ficarão satisfeitas. Então podemos perguntar, ‘Qual é o
problema?’”

“Ao invés de perguntar ‘Qual o problema?’, podemos perguntar, ‘Sobre o que poderíamos
conversar aqui que seria útil? Se algo benéfico para você pudesse acontecer aqui hoje, o que seria?’

Qual é o Problema com o Problema?

“Da mesma maneira que perguntar a alguém do que gosta naquilo de que gosta pode ajudar,
perguntar à cliente ‘De que maneira este problema é um problema para você?’ também pode ajudar
muito a esclarecer, para nós e para a cliente, onde precisamos colocar nossa atenção.”

O Que Está Faltando?

“Às vezes, pode ser muito útil perguntar, especificamente, ‘O que está faltando para você? O que
faria tudo ficar OK, se você tivesse acesso a isso?’”

“Se algum milagre acontecesse e, enquanto você estiver dormindo esta noite, o problema fosse
resolvido e, de manhã, você acordasse e não soubesse o que aconteceu, embora o problema tivesse
desaparecido, o que estaria diferente?”

“Podemos perguntar, ‘Se você fosse passar por uma terapia aqui e, ao final da última sessão,
dissesse, ‘Não preciso vir mais aqui’, o que estaria diferente?”
“Agora que ficou mais claro o que está faltando para cada cliente, e sabemos onde procurar por
isso, o cenário está pronto. Estamos prontos para uma hipnose fácil e respeitosa, de modo que a
cliente tenha a oportunidade de permitir que sua solução única apareça, fazendo suas próprias
conexões a partir de suas experiências pessoais.”

“Ao invés de manter um histórico detalhado das sessões, prefiro registrar palavras, frases e
metáforas que cada cliente usa, a fim de me lembrar de incluir esses itens nas conversas. Isso cria
uma experiência, para cada cliente, de que estamos falando sua língua, o que aumenta a qualidade
do relacionamento.”

Durante a Hipnose

Convites para a Hipnose

“Convidamos a pessoa para uma experiência de que goste, e então a convidamos para focar e se
absorver na experiência, de modo que tenhamos o que concordamos chamar de experiência
hipnótica.”

“[durante o transe] Nossos comentários precisam ser observações puras, sem qualquer
interpretação. Se dissermos, ‘Você está confortavelmente imóvel’, isto será uma suposição de nossa
parte. Não sabemos se alguém está confortável, ou não. Tudo o que podemos fazer é comentar o que
somos capazes de observar. Algumas pessoas podem parecer relaxadas, sem estar. É melhor limitar
nossos comentários a fatos simples e observáveis, sem qualquer interpretação, que poderá concordar
ou não com a experiência da pessoa.”

“Então, este processo de convidar alguém para a hipnose, simplesmente convidando a pessoa a
reviver e imaginar algo que gosta de fazer, convidá-la a focar, a se aprofundar e, em seguida,
comentar as mudanças e pedir detalhes sobre elas, pode ser uma maneira elegante e respeitosa para
que a pessoa encontre seu caminho na experiência hipnótica. Isto contrasta com um modo mais
rígido de sugerir que alguém faça isto ou aquilo, de acordo com nossas ideias, especialidade ou
conhecimento profissional.”

Encontrar o Que Está Faltando

“Podemos simplesmente convidar a cliente, focada e absorta em sua experiência, a procurar e


encontrar o que está faltando para ela, aquilo que está procurando, a fim de encontrar o que quer e
que fará diferença em seu futuro.”

Conectar ao Problema o Recurso Que Está Faltando

“Tenho notado que esta conexão pode acontecer de várias maneiras. Às vezes, a conexão pode
acontecer espontaneamente, mesmo antes de fazermos qualquer convite. Outras vezes podemos
fazer a conexão nós mesmos, simplesmente dizendo, ‘Isto é o mesmo que aquilo.’ Podemos
perguntar ao cliente o que, na experiência de fazer o que ele gosta, poderia ser relevante para o
problema, de modo a estabelecer uma conexão. A terceira forma de ajudar a conexão é falar sobre
aprendizagem.”

“Exploramos cinco maneiras diferentes que podem ser úteis para conectar o recurso que está
faltando, os quais podemos encontrar em sua vida e que está conectado ao problema.
1. Pode acontecer espontaneamente – o cliente pode descobrir a conexão praticamente sem ajuda.

2. Podemos criar a conexão a partir de interação verbal com o cliente – mostrar uma analogia, ‘Isto
é o mesmo que aquilo’.

3. Podemos convidar o cliente a fazer a conexão – podemos perguntar ao cliente o que, na


experiência de fazer o que gosta, poderia ajudar no problema, de modo que ele faça a conexão.

4. Podemos convidar para o aprendizado – Muitas vezes, a conexão não acontece espontaneamente.
O cliente pode não encontrar uma maneira de ligar a experiência de fazer o que gosta ao problema.
Neste caso, uma ponte é necessária. Podemos criar uma ponte com uma metáfora, dizendo algo
como, ‘Quando você aprendeu a cozinhar você não se sentia confiante, não se sentia conectada. Era
muito difícil. No entanto, de alguma forma você aprendeu a cozinhar, de modo que agora não é
somente fácil, mas também é algo prazeroso. Da mesma maneira que você aprendeu a cozinhar,
você pode aprender a lidar com esta situação.’

5. Pode acontecer depois – No caso de não acontecer a conexão, pensar que a mesma AINDA não
aconteceu. Convidamos então o cliente a ficar curioso sobre como, quando e onde a conexão poderá
acontecer.

Falando de Histórias

“Histórias, por sua própria natureza, conduzem ao transe. Desde crianças somos fascinados por
histórias mágicas e heróicas.”

“(…) entendi que, se pudesse identificar o que estava faltando para um cliente, qualquer história em
que a mesma coisa estivesse faltando … e fosse encontrada … seria relevante.”

“Para simplificar, achei útil pensar em três tipos de histórias: aprendizados iniciais, histórias de
clientes e histórias de vida.”

“Uma história de Aprendizado Inicial é uma forma de comunicação indireta, na qual um cliente é
convidado a lembrar-se de uma experiência da infância, ou reconhecer que tal experiência pode ter
ocorrido, na qual algo relevante e desejado foi aprendido. Pode ser útil, de forma geral, semear a
ideia do próprio aprendizado, assim ajudando a estabelecer o clima para a aprendizagem na
experiência hipnótica.”

“Perguntar do que a cliente gosta pode ajudar, ao se escolher uma história de aprendizado inicial. Se
ela gostar de caminhar, será seguro perguntar sobre como aprendeu a andar. Se gostar de nadar,
então aprender a nadar será relevante. Esse tipo de pergunta evitará que se converse sobre o
aprendizado de algo que não foi aprendido, ou que esteja associado a um trauma.”

No livro, o autor dá dois exemplos de (problema x o que está faltando x o que gosta x o que falar).
A seguir um resumo dos exemplos, sob a forma de tabela:

Problema O que está faltando O que gosta Sobre o que falar


Ansiedade em uma Confiança, na presença de Ler A experiência de aprender
performance um público crítico as letras e números
Entrar em pânico, quando Sentir-se seguro, em uma Caminhadas no campo A experiência de aprender a
precisa ir ao supermercado experiência estressante andar
Histórias de Clientes

“Possuem o formato ‘Eu tinha um cliente, não diferente de você, que … [descrever o problema do
cliente] … e [descrever a solução]’. Isto ajuda o cliente a sentir-se menos diferente - ‘Não sou o
único’ - e também cria a possibilidade de uma resolução. ‘Se alguém encontrou uma solução, talvez
eu também possa encontrar’.”

Histórias de Vida

“Estas são histórias nas quais o recurso que está faltando é encontrado, mas, ao invés de se
relacionarem a outro cliente, relacionam-se com uma esfera mais ampla – natureza, mitologia, um
filme ou um livro – sendo mais indiretas do que uma história clínica.”

Concluindo a Sessão de Hipnose

“Quando a sessão tiver terminado, tudo que precisamos fazer é permitir que o cliente mude seu
foco, de sorte que, ao invés de focar no que gosta e em suas conexões, possa passar a ter um foco
mais comum, no momento presente.”

“Não precisamos de uma maneira formal para trazer alguém para fora da hipnose, como ocorre nas
técnicas que aprendi no início, que ensinavam a contar de 10 até 1 ou pediam à pessoa para subir
uns degraus, algo assim.”

Após a Hipnose
O que mudou?
Concluir a sessão

Quando alguém sai do transe, queremos saber qual o benefício que a pessoa teve com a sessão.
Assim, ajuda bastante perguntar à cliente, ‘O que está diferente agora, comparando com como você
se sentia antes de começarmos?’ Esta pergunta é diferente de ‘Esta sessão ajudou?’ pois, se fizermos
esta última pergunta, a cliente ficará em uma posição de decidir se a sessão ajudou ou não, enquanto
a pergunta ‘O que está diferente agora?’ traz uma suposição de que algo estará diferente. A cliente,
então, irá procurar essas diferenças.”

“Quando perguntamos ‘O que está diferente?’ algumas pessoas responderão, ‘Nada está diferente.’
É muito importante saber que nada está diferente. Podemos pesquisar, com a cliente, o que faltou
para que houvesse uma diferença, ajudando a estabelecer a direção e foco necessários à próxima
sessão.”

“Ao final da sessão, diga “Muito obrigado.” Há algo na frase ‘muito obrigado’ que cria uma
excelente maneira de criar uma conclusão.”

Desprendendo-se
O Conforto da Validação

“No processo de supervisionar pessoas ao longo dos anos, as perguntas que sempre ajudam a clarear
as coisas para o terapeuta, quando o mesmo fica preso em um ponto, são as questões básicas que
estamos explorando aqui: o que este cliente gosta de fazer e o que está faltando para este cliente?”
“Os clientes ficam presos em um ponto quando não sabem o que está faltando. E os terapeutas
ficam presos em um ponto se não souberem o que está faltando para seus clientes, ou para si
próprios.”

“Validar o sofrimento do cliente, mostrar a ele que achamos seu sofrimento legítimo, pode ser um
maravilhoso primeiro passo na direção de encontrar o que está faltando e provocar algum
movimento onde antes o cliente estava empacado.”

O Alívio da Incorporação

“Minha preferência é conectar a experiência hipnótica à vida comum do dia-a-dia tanto quanto
possível e, para a maioria de nós, isto inclui ruído, preocupações e uma variedade de distrações
potenciais.”

“O que eu fizer é muito menos importante do que como você pode utilizar esta experiência para o
seu próprio benefício e aperfeiçoamento.”

Seção 3
Experienciando a Hipnose

“Quando Erickson falava do transe comum do dia-a-dia e nos convidava a abordar a hipnose como
uma extensão desse transe, isso resultou em um deslocamento na nossa avaliação da hipnose, de
algo estranho, alienígena, altamente técnico, requerendo gerenciamento especializado e útil apenas
a uns poucos indivíduos hipnotizáveis, para a maneira segundo a qual qualquer pessoa pode ficar
focada e absorta em muitas experiências, especialmente experiências que gostem de ter.”

“Todos sabemos que, se estivermos de férias, o tempo poderá passar muito rapidamente. Ao
fazermos algo maçante, o tempo poderá passar muito devagar. Todos já tivemos tal experiência.
Assim sendo, não precisamos tornar isso algo complexo, por exemplo, adotando o nome ‘distorção
temporal’, como se tal experiência fosse exclusiva de um pequeno e seleto grupo. É, ao contrário,
algo que todos nós já experimentamos bastante.”

“Ao lidar com a dor, há dois aspectos problemáticos para nós. Um é a sensação e o outro, quão
aborrecidos ficamos a respeito dela. Em termos médicos, produzir uma dormência, de modo que
não sintamos as sensações, chama-se ‘anestesia’, ou ‘não sentir’. No caso da dor estar lá, mas sem
nos aborrecer, o termo técnico é ‘analgesia’. (…) no curso da nossa experiência do dia-a-dia, há
muitas sensações que não notamos: os pés sobre o chão, os óculos para quem os usa e assim por
diante.”

Conectar-se e Desconectar-se

“Todos os aspectos da hipnose são, simplesmente, uma função de conectar-se a algumas


experiências e desconectar-se de outras.”

“(segundo Erickson) O que experienciamos depende de como dirigimos a nossa atenção.”

“Quando convidamos alguém para a hipnose, podemos perguntar à pessoa o que ela gosta de fazer
e, em seguida, como uma forma de criar uma experiência hipnótica individual, convidá-la a colocar
o foco em alguma parte daquela experiência e nela se absorver. Se alguém gosta de caminhar na
natureza e convidamos a pessoa para vivenciar essa experiência, conforme ela se conectar à
experiência hipnótica de caminhar na natureza, irá se desconectar do cômodo no qual estamos.”

Tempo Elástico

O autor lembra que, aparentemente, o tempo passa mais devagar quando estamos fazendo algo
desagradável e, ao contrário, passa mais rapidamente quando estamos fazendo algo agradável.

“Quando alguém em uma experiência hipnótica fica bastante focado e absorto, meia hora pode
passar, uma hora pode passar e é comum o cliente ficar surpreso com a quantidade de tempo que
passou.”

“É comum, por exemplo, que alguém ache que uma experiência levou apenas cinco ou dez minutos,
quando na verdade uma hora se passou.”

Viagem no Tempo

“Podemos ter um souvenir de uma viagem de feriado quando éramos crianças, ou de apenas
algumas semanas antes. Podemos olhar para o souvenir e ter uma lembrança, ‘Sim, estivemos lá.
Foi isso.’ E, se olharmos para o souvenir e começarmos a focar nele, e ficarmos absortos em onde o
compramos, onde o encontramos, e colocarmos mais características na experiência, então teremos
os ingredientes para uma experiência hipnótica, algo como se estivéssemos novamente lá, daquela
vez em que encontramos o souvenir.”

“Assim, se o cliente chega com algum problema que resultou de algo que aconteceu no passado,
podemos ter a oportunidade de nos engajarmos na experiência que o cliente teve, não para voltar e
descobrir o que realmente aconteceu, porque a memória não funciona assim, mas para ter a
experiência de retornar a um momento anterior à ocorrência do problema e fazer o cliente imaginar
ou lembrar de uma experiência anterior ao problema, de modo que ele possa então reunir alguns
recursos e preparar-se melhor para a situação. Também podemos, já que as memórias são criadas,
‘brincar’ com algumas dessas memórias e, eventualmente, alterá-las.”

“Devemos ser capazes de ajudar alguém a vivenciar um futuro preferido. Isso pode ser muito útil,
como uma extensão do tipo de experiência com a qual estamos todos familiarizados, sem a
necessidade de recorrer a um jargão técnico, mas, ao invés disso, ajudar a alguém a conseguir o que
quer, de um modo simples e usual.
Revisitar o passado também por ser útil, quando existe a sensação de não ter concluído algo, ou
alguma insatisfação, de modo que possamos alterar a respectiva memória para algo melhor.”

Esquecer

“Quando alguém está em uma experiência na qual pode focar e ficar absorto na possibilidade de
esquecer, isto pode ser um maravilhoso recurso - quando o problema é lembrar, como acontece
quando a pessoa tem pensamentos inoportunos, vozes internas intrusivas, ou hábitos deste tipo.
Podemos oferecer a possibilidade de esquecer, que é ‘o que está faltando’ quando a memória está
superativa e, assim, torna-se parte de uma solução, já que há que coisas que é melhor manter
esquecidas. Somos mais especialistas em esquecer do que imaginamos.”
Não Notar

“Erickson dizia que já passamos por uma vida de experiências de não notar sensações. Se alguém
sente dor e dizemos, ‘Ah, você não precisa notar isso’, dificilmente isto ajudará. No entanto, se
iniciarmos uma experiência hipnótica para lembrar a alguém que não precisa notar os sons do
tráfego lá fora, que não precisa ouvir todas as palavras que forem ditas, que há tantas coisas que não
precisam notar, esta pode ser uma forma de, gradativamente, tornar mais fácil para o cliente não
notar sensações potencialmente dolorosas.”

Não Ficar Irritado

“Estava bastante irritado uma noite, quando os vizinhos do lado davam uma festa, com música tão
alta que estava difícil pegar no sono. Tinha que trabalhar no dia seguinte, então irritava-me muito o
fato daquelas pessoas inconvenientes não me deixarem dormir.
É claro que, quanto mais eu me irritava, mas alta a música parecia ficar, até que, em algum ponto,
algo mudou. Compreendi que estava passando um mau pedaço acordado e eles… estavam dando
uma festa! De alguma forma, este reconhecimento acalmou a música em minha experiência, de
modo que a irritação diminuiu e fui capaz de dormir.”

Qual e Quando?

“Qual experiência hipnótica está faltando, que seria parte da solução? Introduzi essas experiências
como experiências comuns, do dia-a-dia, de modo que, com a hipnose, possam estar mais
facilmente disponíveis e, então, serem estendidas, a fim de conceder um alívio que será adaptado às
necessidades de cada um. Isto evita o uso de jargão e coisas estranhas, que apenas aumentariam a
dificuldade para todos.

A questão sobre quando usar cada experiência será respondida pela maravilhosa pergunta ‘O que
está faltando?’ e, se ouvirmos o que o cliente diz, ou se perguntarmos o que especificamente
ajudará, ouviremos o que é relevante em cada situação.

Se alguém quiser se aproximar mais, ou se quiser mais espaço individual, usaremos as experiências
de se conectar e se desconectar, respectivamente.

Se a solução tiver algo a ver com o tempo, exploraremos maneiras de esticar ou estender sua
experiência do tempo.

Se seu problema exigir a solução de algum evento passado, ou a criação de um futuro diferente –
‘brincaremos’ de viagem hipnótica no tempo.

Se a dor for intensa, será útil não notar, ou se o sofrimento for a reclamação principal, então será
útil explorar a opção de ‘não ligar’.

Acredito que estas reflexões sejam úteis ao seu aprendizado, de modo a podermos aumentar nossa
efetividade em aliviar o sofrimento e aumentar nossa satisfação pessoal, ao mesmo tempo.”
Seção 4
Aplicando a Hipnose na Clínica

“Depois de meu tempo com Erickson, vi que prestar atenção a condições específicas tornou-se
irrelevante, ou mesmo problemático. Fica cada vez mais claro que nunca estamos lidando com
ansiedade, depressão, trauma, etc. Estamos sempre em uma conversa com um indivíduo único, que
está preso a uma experiência indesejada e querendo seguir em frente com sua vida.

Conforme exploramos na segunda sessão do livro, esta abordagem facilita uma exploração, com
cada indivíduo, do que está faltando para ele e, então, verificar com ele onde tal recurso poderia
estar disponível em sua experiência, especialmente nas coisas de que gosta. E então, ajudá-lo a
encontrar e se conectar com essa experiência que está faltando no seu problema, conectando-se com
ela, aprendendo com ela, de modo que o resultado possa ser levado para a área-problema e conduzir
à solução.

E, para recapitular, nesta abordagem não estamos interessados em descobrir o que está errado,
diagnosticar ou tratar o problema. Ao invés disso, estamos interessados em conversar com outro ser
humano e explorar, com cada cliente, o que está faltando para ele que, se pudesse acessar, ficaria
bem. Então, tendo explorado com cada um a sua experiência única, ajudaremos o cliente a se
conectar com o recurso encontrado.”

Problemas com Estados de Espírito – Ansiedade e Depressão

“Se alguém chega com um diagnóstico de ansiedade, podemos assumir que, como acontece com
qualquer medo, haverá alguma questão relativa a algum dano ou perda no futuro. A coisa mais útil
que podemos fazer com o cliente é descobrir o que ele quer dizer com ‘ansiedade’. Podemos
descobrir que ele está se sentindo inseguro, cheio de incertezas, com medo e exposto.”

“Quando perguntamos ‘Qual a experiência que você está chamando de depressão?’ algumas pessoas
dirão que estão se sentindo tristes. Outras dirão que estão resignadas. Outras, ainda, falarão em falta
de esperança, desamparo, desvalorização, luto. E, como todas essas experiências são diferentes para
cada pessoa, a obtenção de esclarecimentos fará uma grande diferença no estado de espírito do
cliente, bem como no respeito, velocidade e influência duradoura da nossa terapia.”

“Ao invés de tentar tirar uma pessoa da ansiedade ou depressão por meio de conversa, podemos
explorar com ela a possibilidade de se conectar a algo útil, de modo que o diagnóstico de ansiedade
ou depressão possa ser recolhido aos bastidores e a pessoa possa seguir adiante com sua vida.”

Problemas com Traumas Passados

“Todos nós, seres humanos, tivemos experiências traumáticas no passado, começando com o
nascimento. O trauma é uma parte da vida que não conseguimos evitar.”

“Ao invés de utilizar um protocolo rígido, podemos explorar a situação com cada indivíduo,
moldando nossa abordagem ao mesmo, de modo que juntos possamos esclarecer o que está faltando
para o cliente, o que fará diferença para ele e o que o ajudará, de sorte que possa deixar o passado
no passado, estar presente e viver seu futuro.”
Problemas com Dor

“Ajuda reconhecer que a dor tem dois componentes – a sensação em si e a resposta a ela associada.
Para alguns, o problema está na intensidade da sensação. Para outros, é o aborrecimento a ela
associado que importa mais.”

“Erickson disse que podemos sentar em uma cadeira e não notar a sensação proveniente do assento,
ou do chão. Podemos usar óculos e não notar a sensação em nossas orelhas e no nariz. Lembrou-nos
que todos vivemos uma vida sem notar sensações como essas. Isto nos convida à possibilidade de
não notar sensações que não forem úteis.”

“Joseph Barber afirmou que, em sua experiência, toda dor é mutável. Deu ênfase em ‘toda dor’.
Uma bela possibilidade, que podemos apreciar e aprender a explorar.”

Problemas com Hábitos

“Nesta abordagem, então, estaremos bem menos interessados em aplicar um conjunto de protocolos
para parar de fumar, perder peso, etc., e mais interessados em explorar como cada indivíduo está
vivenciando seu hábito, o que é espeficamente problemático a respeito, o que está faltando para a
pessoa e o que pode ser resolvido.”

Problemas com Obsessões e Compulsões

“Podemos pensar em uma obsessão como um pensamento indesejado ao qual ficamos presos. Uma
compulsão é um comportamento indesejado que nos domina, de modo que não temos controle sobre
ele.”

“Ao invés de tratar OCD (‘Obsessive-Compulsive Disorder’), podemos explorar o que está faltando
a cada indivíduo e ajudá-lo a encontrar e aprender o que for preciso – mais um exemplo de conectar
um ser humano aos seus recursos, ao invés de tratar uma condição.”

Trabalhando com Crianças

“Alguns terapeutas relutam em trabalhar com crianças, supondo que são difíceis ou diferentes.
Entendo que os mesmos princípios se aplicam. Não tendo sido socializadas como os adultos, as
crianças são muito mais abertas, flexíveis e criativas. Na minha experiência, são muito mais fáceis
de se trabalhar.”

Problemas com Relacionamentos

“Somos criaturas de relacionamentos. Nossos relacionamentos são, para nós, a maior fonte de
alegria e de dor.”

“Descobri que, se abordarmos um casal como uma entidade, então qualquer abordagem que
utilizarmos com um indivíduo poderá também ser utilizada. Podemos perguntar a um indivíduo, ou
a um casal, ‘O que vocês gostam de fazer, como um casal?’ ‘Qual o problema que vocês têm, como
um casal, para o qual gostariam de receber ajuda?’ ‘O que está faltando a vocês, como um casal, que
se tivessem tudo estaria bem?’”
Hipnose de Grupo

“Do mesmo jeito que com os casais, podemos abordar um grupo como uma entidade e ajudá-los a
compartilharem uma experiência, que pode ajudar a criar um clima de confiança, abertura e coesão
– para criar, literalmente, um grupo onde havia antes apenas uma reunião de indivíduos.”

“Também ajuda oferecer tantas maneiras de responder quanto for possível, de sorte que ninguém
seja excluído e todos sejam incluídos. ‘Você pode me ouvir, ou as minhas palavras, ou o som da
minha voz, ou deixar sua mente livre para ir onde quiser; pode traduzir qualquer coisa que eu diga
em palavras que tenham significado para você; não sei a melhor maneira de falar com você, já que
a conheço tão pouco, mas você sabe mais do que percebe’, etc.”

Autohipnose

“Quando alguém já experimentou a hipnose, podemos simplesmente pedir à pessoa que lembre da
ocasião e, com um encorajamento mínimo, ajudá-la a encontrar o caminho para uma experiência
hipnótica anterior.”

“Podemos perguntar a uma pessoa como ela prefere entrar na hipnose e convidar esta experiência
a emergir. Então, uma vez que a pessoa esteja em transe, podemos perguntar a ela como poderia
lembrar-se da experiência e, conforme responda, estimular a experiência dizendo, ‘Isso… muito
bem… seus olhos estão …; sua respiração está …; seu rosto está se suavizando ...’ qualquer coisa
que indique um foco e absorção aumentados, e então lembrar que a familiaridade ajuda no
aprendizado de qualquer coisa. ‘Cada vez que você lembrar desta experiência será mais fácil
encontrá-la.’ ”

Aviso Legal

“Tudo o que está escrito aqui teve a intenção de simplificar. Minha experiência na utilização e
ensino da hipnose, nas últimas quatro décadas é que, se conseguirmos um início fácil e fizermos o
que pudermos para tornar o processo tão fácil quanto possível para cada cliente, todos se
beneficiarão. Ao invés de sobrecarga, falta de autoconfiança e um clima de resignação, poderemos
ter um lugar para começar com autoconfiança e um clima de possibilidade.

É claro que nem todo mundo será fácil de lidar, nem todo mundo irá progredir com facilidade. Seria
ingênuo pensar assim.

É por tais razões que não estou recomendando esta abordagem, mas simplesmente convidando você
a explorar e descobrir por si mesmo.”

“Muitos eruditos têm tornado os ensinamentos do Buda complicados e difíceis de entender. No


entanto, o Buda disse coisas muito simples e não se deixou levar pelas palavras. Então, se um
ensinamento for complicado demais, não é o som do Buda.”
- Thich Nhat Hanh
Sobre o autor: Robert McNeilly é médico e foi clínico geral durante 10 anos, conduziu uma prática
de hipnoterapia por 15 anos e, depois de conhecer Milton Erickson nos EUA, começou a ensinar
terapia e hipnose, orientados à solução, para pessoas da área de saúde na Austrália e em outros
países. É autor de 5 livros impressos e de outros, publicados também em formato Kindle.

* * * Fim das Anotações * * *

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