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Utilização de Hipnose na Psoríase

Tradução e adaptação: Mauricio Aguiar

1) Erickson Trata um Caso de Psoríase


Fonte: Rosen, S., My Voice Will Go With You: The Teaching Tales of Milton H. Erickson. New York, NY: Norton &
Company (1982), p. 154-155.

Uma jovem mulher disse: “Tenho tentado, por meses, reunir coragem para vir vê-lo. Deve ter
notado que uso gola alta e mangas longas, mesmo estando no verão. Na noite passada, quando vi
toda a caspa que estava sobre a minha cama, pensei: ‘Tenho que consultar um psiquiatra. Como
tenho psoríase, nada pior pode acontecer comigo.’.
Eu [Milton H. Erickson] disse: “Então você acha que tem psoríase.”
E ela disse: “Eu odiaria ficar nua. Você olharia para o meu corpo, meus braços, meu pescoço. Eu
soltaria caspa por todo o lugar.”
Eu disse: “Deixe-me ver a psoríase. Isso não vai me matar e você não morrerá.”
Ela me mostrou. Olhei cuidadosamente e disse: “Você não tem mais do que um terço da psoríase
que acha que tem.”
Ela disse: “Eu vim pedir a sua ajuda porque você é médico. E agora, você está me dizendo que
tenho menos de um terço de toda aquela psoríase e eu posso ver quanto tenho, e você a diminui para
um terço.”
Eu disse: “É verdade. Você tem muitas emoções. Você tem um pouquinho de psoríase e muitas
emoções. Você está viva, tem emoções; um pouquinho de psoríase e um monte de emoções. Um
monte de emoções nos seus braços, no seu corpo, que você chama de ‘psoríase’. Então você não
pode ter mais de um terço do que você pensa que tem.”
Ela disse: “Quanto devo a você?”
Eu disse a ela.
Ela disse: “Você fazer seu cheque e nunca mais o verei.”
Duas semanas depois, ela me ligou e disse: “Posso marcar uma consulta com você?”
Eu disse: “Sim.”
Ela disse: “Quero pedir desculpas. Quero vê-lo novamente.”
Eu disse: “Não é necessário pedir desculpas porque fiz o diagnóstico correto e não desejo receber
desculpas.”
Ela disse: “Acho que você tem razão. Eu deveria pedir desculpas. Deveria estar grata por você ter
feito o diagnóstico correto. Não tenho mais caspa, olhe meus braços. Ainda há algumas manchas,
mas é só isso. E o resto do meu corpo, também. Fiquei brava com você durante duas semanas.”

Quando Erickson diz à jovem mulher, “Você tem um pouquinho de psoríase e muitas emoções”, ele
está igualando a psoríase às emoções, sugerindo que quanto mais emoções, menos psoríase e
quanto mais psoríase, menos emoções. Ele então dá a ela a oportunidade de dirigir suas emoções a
ele. Quando ela ficou brava com ele e assim permaneceu por duas semanas, sua psoríase diminuiu.
Ele teve um monte de emoções e um pouquinho de psoríase.
Assim, Erickson prepara seus pacientes para encontrar um novo quadro de referência, desafiando-
os, confundindo-os, ou provocando emoções desagradáveis. A resignificação é realizada em
harmonia com o padrão mental e crenças da pessoa. (…) Ele relaciona-se com a atitude
antagonista e tendência competitiva da paciente de psoríase, desafiando-a. Ela compreende que
estava brava. Confirma que Erickson tinha razão e ela, um monte de emoções. Ao nível
inconsciente a conexão foi feita, de que ele deve ter razão quanto à outra metade de sua afirmação
– isto é, ela tem somente um terço da psoríase que acreditava ter. Seu corpo passa então a
demonstrar isto a ela, perdendo a maior parte da irritação da pele.
2) Hipnose e Psoríase
Fonte: Elkins, Gary R. (ed.), Handbook of Medical and Psychological Hypnosis, New York, NY: Springer Publishing
Company, LLC (2017), p. 411-412.

O estresse é frequentemente um fator no início, exacerbação e agravamento da psoríase. Existe


demonstração de que a hipnose e a sugestão têm um efeito positivo sobre a psoríase. Tausk e
Whitmore (1999) executaram um pequeno estudo, randomizado e duplo cego (“double blind”),
utilizando a hipnose como terapia auxiliar na psoríase, com melhora significativa em indivíduos
altamente hipnotizáveis. A hipnose pode ser útil como terapia auxiliar na psoríase resistente,
especialmente quando fatores emocionais forem significativos no aparecimento da mesma.

Referência

Tausk, F., & Whitmore, S. E. (1999). A pilot study of hypnosis in the treatment of patients with
psoriasis. Psychotherapy and Psychosomatics, 68 (4), 221-225. doi:12336.

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